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Capítulo 7 Ritmos do Nordeste .............................................................

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As habilidades a serem desen-
volvidas neste grupo são: Atividades 25, 26 e 27
• Conhecer as origens de algu-
mas danças e ritmos popula- Ritmos do Nordeste
res no Nordeste do Brasil.
• Conhecer os instrumentos A cultura da Região Nordeste do Brasil é muito diversa, apresentando
utilizados na execução des-
sas danças. características e influências de várias culturas, principalmente dos indígenas,
• Reconhecer a dança como
expressão cultural de um
africanos e europeus. Costumes, tradições, crenças e ritmos, por exemplo,
grupo. variam muito de um estado para outro.
• Reconhecer a importância
do ritmo no desenvolvimen- A capoeira, o coco, o frevo, o forró, o xote, entre outros, são
to humano. manifestações da cultura nordestina que sempre são acompanhadas por
• Improvisar a composição de
movimentos com um ritmo seus ritmos característicos. Agora, vamos conhecer algumas delas.
do Nordeste.
Destacar os movimentos das
pessoas durante a execução
dos ritmos para os alunos per- Saiba mais
ceberem que, na maioria, são
movimentos realizados em
grupos.
O berimbau é um instru- A palavra “ritmo” veio do latim rhythmus e significa movimento
mento de percussão indis- ou sucessão regular. Na dança, muitas vezes é o ritmo que diferencia
pensável em toda roda
de capoeira, da qual ele é um estilo do outro. Na música, é o padrão rítmico que define um
considerado o instrumento-
-símbolo. De origem africana,
gênero ou um toque.
é composto de um arco, um
pedaço de arame e uma ca-
baça. Para produzir som com
o berimbau, são usados um
dobrão (moeda de cobre), ou
uma pedra, e uma baqueta.
O atabaque, feito de madeira
e aros que sustentam o cou-
ro, é outro instrumento de
percussão presente nas rodas
de capoeira. É tocado com as
mãos e dita o ritmo na capoeira
angola.
O caxixi tem origem dupla, ou
seja, nasceu por influência dos
indígenas brasileiros e dos afri-
canos. Consiste em um cesto
com sementes e é tocado com
o berimbau.
O pandeiro é um instrumento
musical de percussão de
origem asiática, trazido para
o Brasil pelos colonizadores
portugueses. Constitui-se
em uma pele esticada em
um aro, em cujos interva-
los existem duplas de metal.
O pandeiro pode ser tocado
com a palma da mão e os de-
dos. Nas rodas de capoeira,
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tem presença certa.

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Capoeira O reco-reco também é um
instrumento de percussão
utilizado nas rodas de ca-
É uma expressão cultural que mistura dança, luta, música e brincadeira. poeira. Antigamente, ele
Foi desenvolvida por africanos escravizados que foram trazidos ao Brasil no era feito com o fruto da ca-
baceira, com vários cortes,
período da colonização, e como sua prática era proibida pelos senhores de não muito profundos, um
engenho, os escravos adaptavam a movimentação e os golpes às músicas ao lado do outro, onde era
esfregada a baqueta. Hoje,
africanas, para que assim parecesse apenas uma dança e pudessem praticar é feito de gomo de bambu,
madeira ou cano de metal
sem sofrer punições. coberto por duas ou três
Apesar de difundida com maior intensidade no Nordeste do Brasil, a molas de aço levemente es-
ticadas, as quais produzem
capoeira é praticada em todo o país. Em 2014, recebeu da Unesco o título o som quando friccionadas
de patrimônio cultural imaterial da humanidade. Na capoeira, berimbau, por um palito, que faz o
papel da baqueta. Seu som
caxixi, atabaque, pandeiro, reco-reco e agogô são os instrumentos mais peculiar é frequentemente
utilizados para marcar o ritmo. combinado com o do agogô
na capoeira angola.
O agogô é de origem
africana. Seu som metálico
contrapõe-se ao do berim-
bau e ao do atabaque. É
o próprio corpo do instru-
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mento que vibra para pro-


duzir som, sem necessidade
de alguma tensão. Utiliza-se
uma baqueta para bater nos
cones e produzir sons dife-
rentes.
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Nesta demonstração de capoeira, podemos observar


a utilização do atabaque e do berimbau.

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Grupo

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Na dança do coco, o som ca-


racterístico vem dos seguintes
Coco
instrumentos: ganzá, surdo,
pandeiro e triângulo. O ganzá Com influências africana e indígena,
é um tipo de chocalho, com é uma dança de roda acompanhada
formato cilíndrico, geralmen-
te feito com um tubo de metal de cantoria e executada em pares, fileira
ou de plástico. Ele é classifica-
do como idiofone, executado
ou círculos durante festas populares,
por agitação. Há controvérsia principalmente no sertão nordestino.
quanto à origem do ganzá: al-
guns pesquisadores afirmam O nome dessa dança remete ao som que Triângulo
que é de origem africana; marca seu ritmo.
outros asseguram que é uma
variação do maracá (instru- As canções têm letras simples,
mento do tipo chocalho, de acompanhadas por sons de instrumentos
origem indígena).
O triângulo é um instrumento de percussão, como ganzá, surdo,
musical de percussão feito de
metal. É idiofônico, ou seja,
pandeiro e triângulo. Entretanto o que
a vibração sonora é obtida marca mesmo seu ritmo são as batidas dos
com os movimentos do pró-
prio corpo do instrumento. tamancos dos dançarinos. Muitas vezes,
Um bastão bate no triângulo essa dança realiza-se também com o som
em sincronia com a mão que
o segura, determinando um de palmas ritmadas.
som aberto (com maior sus- Ganzá
tentação) ou fechado.

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Apresentação de coco

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Frevo O trombone pode emitir
sons cromaticamente, com
muitas possibilidades
É um ritmo musical e uma dança musicais, devido a seu
com origem no estado de Pernambuco, mecanismo de vara des-
lizante.
especialmente no Recife. Nesse ritmo, O trompete é um dos
há a mistura da marcha, do maxixe, instrumentos musicais
mais antigos. É harmô-
do dobrado e da polca, e sua dança nico e de reforço rítmi-
co. Apresenta um tubo
reflete a influência da capoeira. comprido e estreito que
O frevo foi declarado patrimônio cultural transforma em som a
pressão do ar, garantida
imaterial da humanidade pela Unesco pela ação dos lábios.
no ano de 2012. A tuba existe em vários
tamanhos, sendo usados
Os passos realizados nessa dança pistões para controlar o
aparentam ser simples, mas são bastante comprimento do tubo e,
Dançarino de frevo consequentemente, a altura
complexos, incluindo gingados, malabarismos e do som.
A flauta é formada por um
rodopios. Os dançarinos de frevo, que manipulam uma sombrinha colorida tubo com orifícios em seu
enquanto dançam, praticam, além de toda a técnica, bastante improvisação. corpo e um bocal em uma
das extremidades. O som é
No frevo, os instrumentos de sopro, como trombone, trompete, emitido a partir do fluxo de
tuba e flauta, são fundamentais. ar dirigido a uma aresta, que
vibra com a passagem dele.
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Banda de frevo

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Grupo

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O zabumba é um instru-
mento de percussão tam-
Xote
bém conhecido como bum-
bo. De tamanho médio ou É uma dança versátil, com
grande, tem formato cilín- variações rítmicas encontradas
drico, com membranas nos
dois lados. Com o uso de desde o Extremo Sul do Brasil até
baquetas, é tocada normal-
mente na vertical ou incli-
o Nordeste do país. De tradição
nada, pendurada por uma alemã, foi difundida pelos grandes
alça no ombro de quem a
toca. Seu som grave marca fazendeiros, no século XIX, e os Zabumba
o tempo forte da música e escravizados africanos adaptaram-
é característico de muitos
outros ritmos nordestinos. -na a seu gingado. Trata-se de uma
O acordeão, ou acordeom,
produz seu som quando o
dança de pares.
ar passa entre duas palhe- O xote nordestino é um dos
tas, que vibram de modo ritmos que compõem o forró e os
mais grave ou mais agudo
de acordo com a distância instrumentos mais utilizados são
entre elas. Quanto mais se
força o ar para passar pelas acordeão, triângulo e zabumba. Em
palhetas, mais intenso é o nosso país, o compositor e cantor
som. O ar é proveniente do
fole, que é aberto ou fecha- Luiz Gonzaga imortalizou esse ritmo.
do – isso do lado esquerdo
do acordeão. No lado direi-
to, o instrumento pode ter
botões ou teclado. Acordeão

PÁGINA 240: ZAPTIK/ISTOCK, NAHARIYANI/ISTOCK


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O xote caracteriza-se também por uma dança folclórica


apresentada em algumas festas juninas do Nordeste.

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Ritmos do Nordeste
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Comentar que, em razão da
Para explorar diversidade cultural da Re-
gião Nordeste, apenas alguns
ritmos foram abordados. Há
Quer saber um pouco mais sobre os ritmos do Nordeste? Então, muitos outros ritmos de ori-
navegue nessa rica cultura por meio do link disponível em: gem nordestina que merecem
ser conhecidos.
Quando expresso pelo cor-
<http://coc.pear.sn/9sLrCRM>. Acesso em: maio 2018. po, o ritmo contribui para a
formação básica do aluno,
sua criatividade e a educa-
ção de movimentos. Auxilia
Em todos esses ritmos estudados, além da música, a movimentação ainda no desenvolvimento
do corpo é muito importante. Em alguns casos, o movimento corporal, harmônico das funções
motoras, por meio de
além de ser necessário para o desenvolvimento da dança, produz o movimentos corporais no
som e marca o ritmo da coreografia. A sequência de gestos, passos e espaço e no tempo, esta-
belecendo-se, assim, uma
movimentos corporais, acompanhada pelo ritmo musical, constitui a dança. via de mão dupla: o ritmo
A expressão rítmica do corpo pode ser desenvolvida com mais facilidade favorece o desenvolvimen-
to motor, e os movimentos
se as atividades físicas básicas forem iniciadas na infância. Atividades que executados nesse desen-
envolvem movimentação corporal devem ser praticadas com frequência. volvimento favorecem o
A dança é uma maneira bem divertida de fazer isso, não é mesmo? aprimoramento do próprio
ritmo.
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Exercícios de Aplicação

Diversão à vista
A confecção do balan- Agora, vamos criar uma dança com um dos ritmos do Nordeste!
gandã pode ser desen-
volvida com o professor
de Arte. 1. Confeccione seu balangandã como acessório para a dança que você
e os colegas criarão.
Material necessário
• Fitas de cetim, papel crepom ou papel laminado
• Folha de papel A4
• Barbante
• Tesoura sem ponta

Como fazer
1. Dobre a folha de papel várias vezes até que ela fique igual à figura
que você vê a seguir.

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Ritmos do Nordeste
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2. Corte as fitas no tamanho


aproximado de 1,3 m e posicione
o centro delas dentro desse
“envelope” de papel. Suas pontas
não precisam ficar simétricas.
Depois, dobre o papel ao meio,
no sentido contrário ao que você
fez anteriormente.

3. Enrole o barbante em volta do papel de


maneira que una suas extremidades.
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Grupo

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Escolher um dos ritmos 2. Vimos que podemos movimentar o corpo por meio da dança. Agora,
do Nordeste. Pela varia-
ção de ritmos, sugerimos vamos vivenciar um dos ritmos do Nordeste, improvisando movimentos
trabalhar com a capoei- corporais, usando o balangandã que você confeccionou e os balões.
ra, o frevo ou o xote. A
escolha deve ser feita Material necessário
de acordo com a baga-
gem cultural dos alunos. • Balões • Balangandã
Nessa faixa etária, pode
ser difícil para eles dan- Como brincar
çarem em pares, por isso
é recomendado o uso de
1. Encha um balão e aguarde o sinal do professor. Ele reproduzirá
objetos como o balão e um ritmo do Nordeste e, quando emitir um comando, você e os
o balangandã nas dife-
rentes movimentações
colegas deverão jogar o balão para cima, fazendo movimentos
da coreografia. Evitar aleatórios ao ritmo da música.
cobrar dos alunos movi-
mentos semelhantes aos
do ritmo escolhido, pois
o objetivo não é esse. A
proposta é aproximá-los
da cultura nordestina
mediante improvisação.
Realizar o exercício em
local amplo.

No item 2, se achar con-


veniente, orientar os
alunos a formar trios,
em vez de duplas, para
a realizar deste exercício
e disponibilizar apenas
um balão para o grupo, a
fim de tornar o exercício
mais cooperativo.

Após essas duas vivên-


cias (dançar segurando 2. Depois, forme uma dupla com um colega para continuar os
um balão e, depois, o movimentos rítmicos. De costas um para o outro e segurando
balangandã), distribuir
os alunos em pequenos
um balão cada, novamente façam movimentos aleatórios ao
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grupos e propor a eles sinal do professor.
que desenvolvam uma
coreografia ao som de
3. Agora, é o momento de usar o balangandã que você confeccionou.
algum ritmo apresen- Quando o professor reproduzir a música, explore todo o
tado (coreografia de ambiente, girando em várias direções, sempre ao ritmo da música
no máximo 1 minuto),
utilizando os balões e e movimentando também o balangandã.
os balangandãs. Eles 4. Ao final da aula, em roda, converse com os colegas e o professor
devem apresentar a
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coreografia criada uns


sobre como foi desenvolver uma coreografia usando os dois
aos outros. elementos: o balão e o balangandã.

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Exercícios Propostos

Ative a memória

3. Identifique o ritmo do Nordeste vivenciado em aula, descreva a coreografia criada e


relate aquilo de que mais gostou ao desenvolvê-la.

Resposta pessoal.
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Olho vivo

4. Procure, no quadro de letras, nomes de instrumentos musicais.


No total, são sete.

F R B H A T A B A Q U E

L Õ E N Q U Ê P V S Ó L

A E R S D T E F N S C O

U G I V A C O R D E Ã O

T H M Ç B U Í D E I J L

A H B Ã T R O M P E T E

A M A Á D I M Õ F R J L

 D U R T Q à P G U I Ç

A C I X U N H Z A B F Í

T R I Â N G U L O V X M

A Ú N M T Z A B U M B A

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