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ProtocolodeGestaodoCREAS 2011
ProtocolodeGestaodoCREAS 2011
Prefeito
LUCIANO DUCCI
Presidente
MARRY SALETE DAL-PRÁ DUCCI
Superintendência
MARIA DE LOURDES CORRES PEREZ SAN ROMAN
2
Fundação de Ação Social
PROTOCOLO
DE
GESTÃO DO CREAS
Volume I
Curitiba, 2011
3
ELABORAÇÃO
COLABORAÇÃO
Creas Boqueirão
Creas CIC
Creas Matriz
Creas Pinheirinho
5
Creas Portão
ARTE E DIAGRAMAÇÃO
6
“... existe a trajetória,
Em matéria de viver,
Clarice Lispector
7
8
INTRODUÇÃO
Entretanto, o termo “seguridade social” não foi adotado pelos profissionais, sendo
rotineiramente usado o termo “proteção social”. A proteção social, missão de todas as
políticas públicas num projeto de Estado de direito, embora dever do Estado é também um
dever da família e da comunidade. Assim, devemos apostar no empoderamento das
famílias. Com esta proposta, pretende-se romper com o assistencialismo que não
reconhece o direito, mas sim reforça as práticas filantrópicas e de caráter eventual e
fragmentado.
1
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
2
BRASIL. Lei 8.742, de 7 de dezembro de 1993. LOAS: Lei Orgânica da Assistência Social - Legislação Suplementar.
3
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 130, de 15 de julho de 2005. Norma
Operacional Básica NOB/SUAS. Brasília, 2005.
4
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 145, de 15 de outubro de 2004 (DOU
28/10/2004). Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004.
9
conteúdos e definições da Política Nacional de Assistência Social, norteando o
funcionamento do SUAS.
5
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 269, de 13 de dezembro de 2006 (DOU
26/12/2006). Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS). Brasília, 2006.
6
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 109, de 11 de novembro de 2009. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009.
10
11
CENTRO DE REFERÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
CREAS
7
MDS. Brasília, [2011]. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/protecaoespecial/creas>. Acesso em:
30 jun. 2011
8
BARATTA, Tereza Cristina Barwick et al. (org). Capacitação para Implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM/Unicarioca, 2008. p. 343.
12
1. OBJETIVOS DO CREAS
13
2.1. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR
Conforme previsto na PNAS, as intervenções dos Creas devem ter seu foco na
família, incluindo nos atendimentos o maior número possível de seus membros. É
necessário compreender que as políticas focalizadas no indivíduo, nem sempre são
capazes de construir resultados positivos e qualitativos de enfrentamento das situações de
violência e risco social.
14
Além da atuação com foco na família e no fortalecimento de vínculos deste grupo,
é imprescindível o fortalecimento de vínculos comunitários. Consiste no desenvolvimento
de ações que priorize as relações comunitárias de troca e de solidariedade, fortalecendo os
vínculos entre as diversas famílias do território. Esta ação pode ser construída em
articulação com o Centro de Referência de Assistência Social - Cras.
O Creas precisa ser visto como um espaço onde, por meio de trabalho conjunto
(profissional, família e comunidade) oportuniza-se que o núcleo familiar desenvolva o
controle de sua própria situação, criando condições de pensar em ações e estratégicas que
propiciarão a proteção de seus membros. Desta forma, a família é visualizada como
detentora de saberes, informações e capacidades que estão envoltas pela crise vivenciada,
que a coloca em situação de risco naquele momento. Esta matéria consta do volume II
deste Protocolo de Gestão do Creas - Metodologia para o Trabalho com Famílias e
Indivíduos.
2.2. TERRITORIALIDADE
15
2.3. ARTICULAÇÃO DA REDE E ATUAÇÃO INTERSETORIAL
Rede pode ser definida como uma teia de vínculos, relações e ações entre
indivíduos e organizações e se constitui como um somatório de ações simultâneas e
diferenciadas, nas quais em geral muitos participam, empreendem, colaboram e exercem
sua cidadania.
9
BOURGUIGNON, Jussara Ayres. Concepção de rede intersetorial, [S.I.], 2001. Disponível em:
<http://www.uepg.br/nupes/intersetor.htm>. Acesso em: 19 jan. 2011
10
FIGUEIREDO, Maria do Amparo Caetano de. A Experiência do Trabalho em Rede e da Cartilha "Educação de
Qualidade na perspectiva Garantia de Direitos: O Potencial do Trabalho em Rede. [S.I.]. 2011. 22 slides: color.
Disponível em: <http://www.google.com.br/#hl=pt-
BR&source=hp&q=A+Experi%C3%AAncia++do+Trabalho+em+Rede+e+da+Cartilha+%22Educa%C3%A7%C3%A3o+de+
Qualidade+na+perspectiva+Garantia+de+Direitos:+O+Potencial+do+Trabalho+em+Rede%E2%80%9D&oq=A+Experi%
C3%AAncia++do+Trabalho+em+Rede+e+da+Cartilha+%22Educa%C3%A7%C3%A3o+de+Qualidade+na+perspectiva+G
arantia+de+Direitos:+O+Potencial+do+Trabalho+em+Rede%E2%80%9D&aq=f&aqi=&aql=&gs_sm=e&gs_upl=2862l28
62l0l1l1l0l0l0l0l0l0ll0&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.&fp=e0d27c4403437871&biw=1024&bih=629> Acesso em: 01 jul 2011
16
agentes envolvidos. As intervenções das redes territoriais são formadas em um
determinado território, isto é, contexto, de confluência dos agentes e parceiros.
Assim, uma das atribuições do Creas, junto às famílias e indivíduos com direitos
violados em decorrência de situações de violência, é a intervenção articulada em rede,
11
GUARÁ, Isa Maria F. Rosa (Coord.). Redes de Proteção Social. Disponível em:
http://www.fazendohistoria.org.br/downloads/4_rede_de_protecao_social.pdf. Acesso em: 30 set 2011.
12
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 13 – 14
17
principalmente no que se refere ao Sistema de Garantia de Direitos, visando “...ao combate
à violência, à melhoria na qualidade do atendimento e ao desenvolvimento de estratégias
de prevenção.”13
13
FUNDAÇÃO ABRINQ. O Fim da Omissão: A implantação de pólos de prevenção à violência doméstica. São Paulo,
2004. p. 62.
14
BARATTA, Tereza Cristina Barwick et al. (org). Capacitação para Implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM/Unicarioca, 2008. p. 353.
18
2.4. AÇÕES DE PREVENÇÃO TERCIÁRIA
15
FERRARI, Dalka C. A.; VECINA, Tereza C. C. (Orgs). O Fim do Silêncio na Violência Familiar: Teoria e Prática. São
Paulo: Ágora, 2002. p. 80.
19
As ações de prevenção, por meio do atendimento psicossocial, objetivam
desenvolver “... a consciência de direitos e responsabilidades, para que os cidadãos
possam exercer a cidadania e serem agentes transformadores de sua própria realidade,
especialmente em relação à violência e suas múltiplas expressões.”16 Devem ainda
estimular a participação das famílias e das comunidades no questionamento das situações
que vivenciam, sensibilizá-los quanto a necessidade de rever valores, resgatar e fortalecer
vínculos, bem como instrumentalizar famílias e profissionais para serem multiplicadores da
cultura da não violência.
16
FUNDAÇÃO ABRINQ. O Fim da Omissão: A implantação de pólos de prevenção à violência doméstica. São Paulo,
2004. p. 37.
20
21
PÚBLICO ALVO
17
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 145, de 15 de outubro de 2004 (DOU
28/10/2004). Política Nacional de Assistência Social. Brasília, 2004. p. 19.
18
Ibid. p. 38.
19
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 109, de 11 de novembro de 2009. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009. p. 19 – 20.
22
Todos os serviços executados pelos Creas são direcionados ao atendimento de
famílias e indivíduos que vivenciam situações de violência que os colocam em risco. Tendo
em vista a complexidade das situações decorrentes dos conflitos e crises instalados, faz-se
necessário detalhar as naturezas de atendimento, conforme o público alvo definido para os
Creas:
1. Crianças e adolescentes submetidos à violação de direitos, em decorrência de
abuso ou exploração sexual, exploração do trabalho infantil, abandono, negligência,
violência física, psicológica e fetal;
2. Mulheres em situação de violação de direitos em decorrência de violência
sexual, física ou psicológica;
3. Idosos submetidos à violação de direitos em decorrência de violência física,
psicológica e negligência/abandono;
4. Adultos que vivenciam situações de preconceito em decorrência do “grupo
racial/étnico” a que pertencem ou pela sua orientação sexual, e por serem vítimas de
violência doméstica/intrafamiliar;
5. Adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto de
liberdade assistida e/ou de prestação de serviços à comunidade;
6. Famílias do PETI em descumprimento de condicionalidades: quando esgotadas
as intervenções de Proteção Social Básica por meio do Cras e a violação de direitos vier
associada às situações de violência, como a negligência extrema;
7. Pessoas em situação/trajetória de rua;
8. Famílias com idosos em Centro Dia por período temporário de
aproximadamente três meses e enquanto existir a possibilidade de reincidência das
situações de violência.
9. Famílias com usuários de substâncias psicoativas que vivenciam situações de
violência. Estas famílias são público alvo dos Creas quando o uso de substâncias
psicoativas por um ou mais de seus membros decorrer ou resultar em situações de
violência aos usuários ou a toda família.
23
24
SERVIÇOS REFERENCIADOS NO CREAS
1. ACOLHIMENTO SOCIAL
25
de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso,
exigindo portanto, tratamento médico imediato”20
20
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução CFN nº 1451, 10 de março de 1995. [S.I.], 1995.
21
BRASIL. Ministério da Saúde. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. Disponível em:
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/sus_3edicao_completo.pdf>. Acesso em: 06 fev. 2012
22
VASCONCELOS, Flávia Nery; VASCONCELOS, Érico Marcos de; DUARTE, Sebastião Junior Henrique. O acolhimento
na perspectiva das Equipes de Saúde Bucal inseridas na Estratégia Saúde da Família: uma revisão bibliográfica da
literatura brasileira. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva. Disponível em:
http://www.tempusactas.unb.br/index.php/tempus/article/viewFile/1047/956. Acesso em 06 fev. 2012.
26
acolhimento social deve ser fonte de informações qualitativas e quantitativas capazes de
desvelar e sistematizar as demandas das famílias, subsidiando tomada de decisão em
relação à implantação e implementação de ações e intervenções de Proteção Social
Especial de Média Complexidade nos territórios.
23
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 109, de 11 de novembro de 2009. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009. p. 22.
27
O serviço especializado em abordagem social deve estar atento às demandas de
articulação com o sistema de garantia de direitos e outros órgãos, quando se tratar de
exploração sexual e outras formas de exploração do trabalho infantil, além da necessidade
de inclusão das famílias no Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI. As
abordagens que visam à identificação de situação de exploração sexual e trabalho infantil
devem ser realizadas por técnicos e educadores sociais, tendo em vista as demandas
apresentadas que exigem intervenções especializadas, podendo contar com a participação
de profissionais de outras políticas públicas ou do sistema de garantia de direitos.
24
POLÍTICA NACIONAL PARA INCLUSÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. Brasília: maio de 2008.
Disponível em: < http://www.recife.pe.gov.br/noticias/arquivos/2297.pdf>. Acesso em: 5 out 2011. p. 3.
25
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Secretaria Nacional de Renda e Cidadania.
Manual do Entrevistador: Cadastro Único para Programas Sociais. 2. Ed. Brasília: MDS/SENARC, 2010. P. 123.
28
No que se refere ao atendimento a esta população, o serviço especializado de
abordagem social deve realizar os seguintes procedimentos:
Atendimento social em caráter emergencial e acompanhamento do retorno
familiar, quando possível;
Orientação e encaminhamento aos serviços socioassistenciais e às demais
políticas públicas, bem como ao Conselho Tutelar ou ao Sistema de Garantia de Direitos –
SGD;
Quando da identificação de população de rua sem referências familiares,
encaminhamento ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de
Rua – Central de Resgate Social. Quando se tratar de criança e adolescente, estes devem
ser encaminhados para o Centro de Convivência Criança quer Futuro.
A referida Tipificação descreve este serviço como sendo “... de apoio, orientação
e acompanhamento a famílias com um ou mais de seus membros em situação de ameaça
ou violação de direitos. Compreende atenções e orientações direcionadas para a promoção
de direitos, a preservação e o fortalecimento de vínculos familiares, comunitários e sociais
e para o fortalecimento da função protetiva das famílias...”26
26
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 109, de 11 de novembro de 2009. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2009. p. 19.
29
demandas do usuário, viabilizando a realização das intervenções pertinentes aos serviços
da Política Nacional de Assistência Social (2004). O atendimento dos Creas deve estar
voltado, “... além da atenção emergencial, para a redução de danos sofridos pelos sujeitos,
visto que a mudança de condições subjetivas [...] geram, mantém ou facilitam a
dinâmica...”27 da violência.
27
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Assistência Social. Cadernos de Assistência Social: Serviço de Combate ao
Abuso e Exploração Sexual – SECABEXS. Rio de Janeiro, 2008. v. 16. p. 46.
28
COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE. Resolução CIT Nº 7, de 10 de setembro de 2009. Protocolo de Gestão
Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS). [S.I.], 2009. p. 20.
30
O “... acompanhamento psicossocial tem como objetivo, ainda, proporcionar uma
reflexão e avaliação permanente acerca das metas, objetivos e compromissos pactuados
no Plano de Intervenção Familiar29(nota de rodapé é nossa)”30.
29
Este Plano é objeto de atenção de outro item deste Protocolo, e o modelo adotado, assim como os demais
formulários e documentos utilizados pelos Creas no atendimento e encaminhamentos realizados com as famílias,
estão anexos em outro volume (
30
PLANO INTEGRADO DE CAPACITAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS PARA A ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PAPÉIS E
COMPETÊNCIAS. [S.I.]: [20--]. Disponível em:
http://portalsocial.sedsdh.pe.gov.br/sigas/Arquivos/capacitacao/meta%2006/CREAS%20-
%20PAPEIS%20E%20COMPETENCIA.pdf. Acesso em: 5 out 2011.
31
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência,
Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo. Conselho Federal de Psicologia.
Brasília: CFP, 2009. p. 52.
31
A metodologia de intervenção com famílias e indivíduos (volume II deste
Protocolo) assumida pelos Creas, propõe que todas as naturezas de violação de direitos
em decorrência de violências vivenciadas sejam atendidas através do PAEFI, pelas
equipes de referência já citadas. A intervenção com as famílias e indivíduos é realizada de
forma integrada pela equipe de cada microterritório, realizando discussão de casos com
toda a equipe do Creas, sempre que necessário. É preciso articular o atendimento
interdisciplinar e intersetorial, com o objetivo de garantir às famílias a eficácia e eficiência
dos atendimentos adequados.
ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL
32
BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social. Metodologia de
Trabalho Social com Família na Assistência Social. Belo Horizonte: SMAAS, 2007. p. 108.
33
BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social. Metodologia de
Trabalho Social com Família na Assistência Social. Belo Horizonte: SMAAS, 2007. p. 126.
34
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Assistência Social. Cadernos de Assistência Social: Serviço de Combate ao
Abuso e Exploração Sexual – SECABEXS. Rio de Janeiro, 2008. v. 16. p. 47.
32
No Creas, o atendimento psicossocial configura-se com um conjunto de
atividades e ações psicossocioeducativas de apoio, de caráter especializado e
de cunho transformador que possibilitam mudanças de comportamento ou de
atitude, visando à superação da situação de violência vivenciada.
Atendimento em Grupo
35
BELO HORIZONTE. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social. Metodologia de
Trabalho Social com Família na Assistência Social. Belo Horizonte: SMAAS, 2007. p. 131.
34
Circularidade da Metodologia do Serviço de Proteção e Atendimento
Especializado a Famílias e Indivíduos
Entrevista
Visita Estudo de
domiciliar caso
(análise,
diagnóstico
psicossocial)
Indivíduos
e/ou
Articulação Famílias
com a Rede vítimas de
de Serviços violência
Plano de
intervenção
(familiar/
individual)
Atendimento
individual
Atendimento
em grupo
Orientação Jurídico-Social
35
intervenção apresentam demanda para este serviço, visando romper o ciclo da violência e
receber orientações e encaminhamentos acerca de seus direitos.
36
Decreto 6.481/12 junho de 2008-trata das piores formas de trabalho infantil; Resolução
nº113, de 19 de abril de 2006 do CONANDA e Normativas Internacionais);
Direito da Família – em casos de tutela, guarda de crianças e adolescentes,
reconhecimento de paternidade e maternidade, separação, divórcio, regulação de
alimentos e visitas, interdição. Este procedimento será disponibilizado somente para o
público alvo do Creas. (Código Civil) e de forma incidental;
Direito da Pessoa Idosa – defesa dos direitos da pessoa idosa,
principalmente nos casos de violência familiar ou doméstica (Lei nº10.741/2003 – Estatuto
do Idoso; Constituição Federal de 1988 - BPC);
Direito da Pessoa com Deficiência – defesa e proteção de crianças,
adolescentes e adultos com deficiência (Estatuto da Criança e do Adolescente;
Constituição Federal de 1988; Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência; A Proteção das Pessoas com Deficiência no Código Civil; Leis e Decretos
referente ao tema);
Proteção aos Direitos Humanos – voltado a população em situação de rua
(Constituição Federal de 1988);
Deve ainda contribuir com a defesa e resgate dos direitos violados, na prevenção
do agravamento da situação, na potencialização dos recursos dos indivíduos e famílias, no
fortalecimento dos vínculos comunitários e das redes sociais de apoio e nos
encaminhamentos para a responsabilização dos autores de violência.
38
Comunicação à autoridade competente das situações de violação de direitos
identificados ao longo do atendimento, que possam colocar em risco a integridade física e
psíquica do vitimizado, para aplicação de medidas pertinentes.
Encaminhamento das situações de abuso e exploração sexual, de acordo
com análise técnica, ao serviço especializado de atendimento a crianças e adolescentes
vítimas de violência sexual - Creas Cristo Rei.
36
BARATTA, Tereza Cristina Barwick et al. (org). Capacitação para Implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM/Unicarioca, 2008. p. 360.
37
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil no SUAS: orientações técnicas. Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010.
Reimpresso em maio de 2011. p. 56.
39
Conforme descrito nas Orientações Técnicas Gestão do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil no SUAS, o Creas, por meio do PAEFI:
Ainda durante o acompanhamento pelo PAEFI, deverá ser realizada pelo Cras a
inclusão das crianças e adolescentes no SCFV, a partir do contrarreferenciamento feito
Creas. O Cras, por sua vez, deverá encaminhar para o Creas, mensalmente e em data
preestabelecida, a freqüência das crianças e adolescentes no SCFV, para inserção dos
dados no SISPETI – Sistema de Controle e Acompanhamento da Frequência no Serviço
Socioeducativo do PETI, pelo setor competente.
38
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil no SUAS: orientações técnicas. Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010.
Reimpresso em maio de 2011. p. 56.
39
Ibid. p. 120.
40
O PAEFI deverá pactuar o Plano de Intervenção - PIF com a família, utilizando o
formulário específico adotado pelos Creas. O PIF deverá prever ações de orientação e
acompanhamento que permitam que a família retome sua função protetiva, realizando o
imediato afastamento das crianças e adolescentes do trabalho e o cumprimento das
demais condicionalidades do PETI.
41
§5º Se ocorrer o afastamento da criança ou adolescente do convívio
familiar, o CREAS [...] em parceria com o serviço de acolhimento, dará
continuidade ao acompanhamento da família tendo em vista a reintegração ao
convívio familiar, comunicando periodicamente ao Conselho Tutelar e, por meio
de relatórios, à autoridade judiciária.
§6º O Gestor Municipal [...] do Programa Bolsa Família – PBF deverá
registrar no Sistema de Condicionalidades (SICON) o motivo de descumprimento
quando se tratar de criança ou adolescente afastado do convívio familiar e for
aplicada medida protetiva [...] ou quando se tratar de adolescente e for aplicada
medida socioeducativa...
§7º Reinserida a criança ou o adolescente no convívio familiar e
sanada a necessidade de acompanhamento pelo CREAS [...] e profissionais do
serviço de acolhimento, a família continuará o acompanhamento no CRAS [...]
40
por pelo menos 6 meses.
40
COMISSÃO INTERGESTORES TRIPARTITE. Resolução CIT Nº 7, de 10 de setembro de 2009. Protocolo de Gestão
Integrada de Serviços, Benefícios e Transferências de Renda no âmbito do Sistema Único de Assistência Social
(SUAS). [S.I.], 2009. p. 22-24.
42
Programa Bolsa Família, do Governo Federal. Estas famílias continuarão sendo
acompanhadas pelo PAEFI até a superação dos fatores geradores do descumprimento das
condicionalidades, quando serão contrarreferenciadas ao Cras para continuidade do
acompanhamento.
43
Fluxo de Atendimento às famílias com crianças e adolescentes em situação
de trabalho infantil, e famílias que apresentam dificuldades no cumprimento das
condicionalidades do PETI
44
4. SERVIÇO DE PROTEÇÃO SOCIAL A ADOLESCENTES EM
CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA (LA) E
DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE (PSC)
41
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília-DF: CONANDA, 2006.
p. 23.
42
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas sobre o Serviço de
Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): versão preliminar, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social,
2012. p. 38.
45
Sobremaneira, as intervenções do Serviço de Proteção Social a Adolescentes em
Cumprimento de LA ou PSC, além de estarem condicionadas à formação da cidadania e
não ao caráter sancionatório, devem considerar as demandas sociais, psicológicas e
pedagógicas destes, possibilitando a inclusão social e o pleno desenvolvimento. Para tal,
as demais políticas públicas, tais como saúde, educação entre outras, devem ser
acionadas, propiciando o acesso a direitos e a oportunidades de superação da situação
vivenciada.
Considera-se que:
... será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada para o
fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o
caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses,
podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra
44
medida, ouvido o orientador, o Ministério Público e o defensor.
43
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas sobre o Serviço de
Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): versão preliminar, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social,
2012. p. 39.
44
Ibid. Art. 118.
46
A aplicação desta medida tem como objetivo:
45
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília-DF: CONANDA, 2006.
p. 49.
46
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 117.
47
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília-DF: CONANDA, 2006.
p. 48.
47
ou governamentais, de acordo com o perfil do socioeducando e o ambiente no
qual a medida será cumprida. [...] Se o Ministério Público impugnar o
credenciamento, ou a autoridade judiciária considerá-lo inadequado, instaurará
incidente de impugnação, com a aplicação subsidiária do procedimento de
48
apuração de irregularidade...
48
BRASIL. Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE). Art. 14.
48
confiança, credibilidade e segurança, que são essenciais para a construção de vínculos”.49
Ainda no que se refere a acolhida, o mesmo documento complementa dizendo que “... a
atenção a esta dimensão não se refere apenas ao momento inicial de chegada do(a)
adolescente e sua família ao Serviço, deve estar presente no cotidiano do trabalho a ser
desenvolvido.”50
49
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas sobre o Serviço de
Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): versão preliminar, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social,
2012. p. 73.
50
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Orientações Técnicas sobre o Serviço de
Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de
Prestação de Serviços à Comunidade (PSC): versão preliminar, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social,
2012. p. 73.
49
Outros procedimentos também são necessários neste encontro, tais como:
preenchimento do cadastro de atendimento social, encaminhamentos para aquisição de
documentação pessoal e inserção na rede formal de ensino, quando necessário. É
importante salientar os encaminhamentos para a Proteção Social Básica, para a inserção
no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Demais encaminhamentos
também podem ser realizados, como tratamento à dependência química, atendimento
psicológico ou psiquiátrico, profissionalização, entre outros, de acordo com a necessidade.
51
Conforme previsto na Lei Nº 12.594/2012 (Capítulo IV)
52
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília-DF: CONANDA, 2006.
p. 60.
53
BRASIL. Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE). Art. 52, 54.
50
O plano deve prever as medidas socioassistenciais e psicossociais necessárias
ao atendimento do adolescente, mencionando inclusive as propostas e programas
realizados para integração da família ou dos referenciais parentais do adolescente no
acompanhamento da medida.
54
BRASIL. Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
(SINASE). Art. 41, 42.
51
O acompanhamento sistemático realizado pela equipe do Serviço de Proteção
Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa de LA e de PSC,
registrado no PIA, permite mensurar o desenvolvimento pessoal e social do adolescente,
possibilitando ao mesmo a compreensão do processo de transformação da sua história de
vida.
A equipe de referência do Serviço também pode lançar mão de outras formas de
monitoramento, tais como contatos sistemáticos com a escola, com o local onde o
adolescente está realizando a prestação de serviço, entre outros.
55
BRASIL. Presidência da República. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos Direitos da
Criança e do Adolescente. Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. Brasília-DF: CONANDA, 2006.
p. 55.
52
A intersetorialidade se faz presente em todo o processo de
atendimento às famílias, o qual ocorre com a utilização de estratégias de
atendimento individual e a grupos de familiares ou de multifamílias.
53
atendimento. Diante de insucesso, os procedimentos legais e adequados junto a Vara da
Infância e da Juventude – Adolescentes em Conflito com a Lei devem ser adotados, tais
como encaminhamento de relatório com sugestão de busca e apreensão ou de condução
coercitiva.
54
A seguir encontra-se o fluxo de atendimento deste serviço.
55
56
INSTRUMENTAL TÉCNICO
56
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 9.
57
Ibid. p. 48.
58
Ibid. p. 48.
59
Ibid. p. 48.
60
Ibid. p. 58.
57
A linguagem é o mais importante instrumento dos profissionais das áreas de
relações humanas e sociais, tanto verbalmente quanto por escrito. Porém é
imprescindível lembrar que, segundo a mesma autora, o “... instrumental técnico não deve
ser um fim em si mesmo. No caso dos profissionais das áreas de humanas, os
instrumentos a serem utilizados no processo [...] são variados, e não necessariamente de
determinada profissão.”61
61
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 47.
62
Ibid. p. 19.
63
Ibid. p. 48.
58
a expressão do usuário e sua família. A entrevista pode ser semi-estruturada ou
estruturada, a partir de um roteiro ou instrumental pré-definido. Deve ter como objetivo a
anamnese psicológica e social, base para o estudo de caso e elaboração de Plano de
Intervenção Familiar, sendo este instrumental objeto de análise logo a seguir.
64
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 51.
65
Ibid. p. 53.
59
Acontecem periodicamente e de maneira sistemática.
66
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 54.
60
social, familiar, comunitário do sujeito; deve fornecer elementos necessários ao
entendimento da realidade que se apresenta, bem como possibilidade de intervenção ou de
encaminhamentos para a rede de proteção social.
É importante salientar que os profissionais dos Creas não têm sob sua
responsabilidade a emissão de parecer técnico, laudo, psicodiagnóstico ou qualquer outro
instrumento que vá além de relatório técnico de atendimento, tendo em vista não ser de
competência do Creas a realização de investigações relativas às situações de violência
vivenciadas pelas famílias, principalmente no que se refere à responsabilização dos
agressores. Ressalta-se que a emissão de laudos periciais é de competência das equipes
do sistema de defesa e responsabilização.
67
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 61.
61
Notificação obrigatória e compulsória: O sistema de notificação das
situações de suspeita ou confirmação de violência, é uma eficaz maneira de combater a
cultura do silêncio que, via de regra, envolve este fenômeno.
A notificação obrigatória é a informação e registro das situações de suspeita ou
confirmação de violência contra crianças e adolescentes, mediante fluxo de
encaminhamento da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para Violência. A notificação obrigatória não é apenas uma denúncia, mas um instrumento
que incluí a criança ou adolescente e sua família na Rede de Proteção.
62
informatizado, verificando se a família e/ou indivíduo, já estão cadastrados no CADU e
possuem NIS. Caso já exista o cadastro, é verificada a necessidade de atualização de
informações; caso não exista cadastro, é dado início ao procedimento, inclusive com
inclusão da população em situação de rua no V7. A efetivação dos cadastros é de
responsabilidade do educador social, seja do acolhimento social ou dos territórios. Quando
em visitas domiciliares, deve-se sempre ter em mãos o formulário em papel para
atualização de dados no sistema. No caso de crianças e adolescentes em situação de
trabalho infantil, é de responsabilidade do Creas a inclusão das famílias no PETI,
assinalando o “campo 10” , assim como o desligamento ou bloqueio também é próprio da
equipe do Creas.
68
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência,
Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo. Conselho Federal de Psicologia.
Brasília: CFP, 2009. p. 57.
63
ação conjunta e continuada. No caso de crianças e adolescentes vítimas de violência, deve
ser avaliada a necessidade de inclusão do caso na rede local, para que a intervenção
aconteça de forma intersetorial. É importante lembrar, da relevância de reconhecer-se
enquanto parte de uma rede de proteção que deve ser conhecida por quem realiza o
atendimento ou recebe o encaminhamento. Além disso, os profissionais das diferentes
áreas (psicólogo, assistente social, advogado, pedagogo, educadores sociais) não podem
atuar isoladamente, os casos devem ser discutidos com a equipe e esta deve ter acesso
aos procedimentos adotados de acordo com o sigilo e conduta ética das profissões,
lembrando que algumas ações são privativas a determinadas profissões. No que se refere
aos adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto, a atuação
deve acontecer de acordo com procedimentos definidos em conjunto com a 3ª Vara da
Infância e da Juventude - Adolescentes em Conflito com a Lei. Para o atendimento
psicossocial à população em situação de risco, os profissionais devem avaliar a
possibilidade e necessidade, do atendimento ser levado até onde se encontra o sujeito,
podendo se dar em espaços disponíveis no território, contando principalmente com
equipamento do Cras. “O mais relevante nessa perspectiva é a formação de vínculos, a
possibilidade de interagir...”69 com a família e o indivíduo, também é importante lembrar,
que o atendimento psicossocial implica na capacidade não só operacional e técnica da
equipe, em conduzir os casos, mas se faz necessário o conhecimento de como o fenômeno
da violência se expressa e se manifesta na família.
69
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência,
Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo. Conselho Federal de Psicologia.
Brasília: CFP, 2009. p. 53.
64
O conjunto das relações familiares é o campo de atuação dos profissionais do
Creas, porém a percepção deste campo será diferente se o foco é o trabalho
infantil, violência contra crianças e adolescentes, violência contra a mulher,
violência contra o idoso, ou seja, dependendo do foco, o conjunto de relações é
trabalhado de maneira diferente.
65
violação de direitos, atuando de forma integrada ao Cras para atendimentos na área de
Proteção Social Básica.
66
incluindo em atendimento jurídico social e realizando o acompanhamento das famílias por
meio de desligamento progressivo ou de reencontros combinados.
70
BARATTA, Tereza Cristina Barwick et al. (org). Capacitação para Implementação do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS e do Programa Bolsa Família – PBF. Rio de Janeiro: IBAM/Unicarioca, 2008. p. 347.
67
A referência compreende o trânsito do nível menor para o de maior
complexidade, ou o encaminhamento, feito pelo Cras ao Creas, ou a qualquer serviço
socioassistencial ou para outra política setorial no seu território de abrangência.
68
69
RECURSOS HUMANOS
Os profissionais que atuam no Creas devem ter competências que vão além da
formação acadêmica, como a experiência em atendimento individual e em grupo, ter
interesse e conhecimento da temática da violência, ter uma visão emancipatória de sujeito,
além de competências pessoais como sensibilidade, disponibilidade e compromisso com o
usuário da Assistência Social, principalmente o público alvo do Creas, que trazem com eles
questões complexas devido a vivências de violência, o que os coloca em risco. “Diante do
exposto, parece ganhar importância a competência profissional, a qual envolve não só
71
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 269, de 13 de dezembro de 2006 (DOU
26/12/2006). Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS). Brasília, 2006. p. 19.
72
Ibid. p. 15.
70
componentes teórico-metodológicos e ético-políticos norteadores da profissão, como
também aspectos técnico-operativos que permeiam sua operacionalização.”73
A mesma autora afirma que o “... profissional que atua num espaço para
atendimento ao usuário não pode esquecer que seu objetivo é prestar serviço à população
que ali chega, cujos direitos são garantidos constitucionalmente...”74, não podendo se
tornar tarefeiro, burocrático e imediatista que não reflete a sua atuação, seja pelas
demandas excessivas ou pela urgência nos atendimentos.
Os profissionais com formação de nível superior têm sua prática orientada pelo
código de ética de cada profissão além de outras legislações pertinentes aos princípios de
direitos humanos. Estas mesmas legislações, tais como leis, convenções internacionais,
orientam a atuação de profissionais que não possuem código de ética, como os
educadores sociais dentre outros.
Refletir sobre a postura ética dos profissionais que atuam no Creas é trazer à tona
a competência de trabalhar em equipe, buscando sempre a intersetorialidade. Os
profissionais, assim como as diferentes áreas de atuação, devem ser complementares,
nunca concorrentes.
73
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 18.
74
MAGALHÃES, Selma Marques. Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres. 2. Ed. São Paulo: Veras, 2006.
p. 86.
71
1. EQUIPE PARA O ACOLHIMENTO SOCIAL
O acolhimento social deve ter como equipe: 01 educador social para a recepção e
triagem, 01 assistente social e 01 psicólogo para o atendimento emergencial, orientações e
encaminhamentos e 02 educadores sociais para o serviço especializado em abordagem
social.
3.1. COORDENADOR
73
Estabelecer fluxo de informações entre profissionais de sua equipe de
trabalho e desses com os demais serviços da rede;
Acompanhar e avaliar os procedimentos para a garantia de referência e
contrarreferência com o Cras;
Definir, em conjunto com a equipe, o fluxo de atendimento das famílias e
indivíduos com direitos violados em decorrência de situações de violência (acolhimento,
intervenção, desligamento);
Padronizar, em conjunto com a equipe, procedimentos internos de execução
dos serviços;
Avaliar sistematicamente, com a equipe, a eficácia, eficiência e os impactos
dos serviços especializados executados nos Creas, para a superação da situação de
violência;
Realizar reuniões periódicas com os profissionais para discussão de casos,
acompanhamento das atividades desenvolvidas, dos serviços ofertados e
encaminhamentos realizados;
Manter atualizada, em conjunto com a equipe, a inclusão das informações
referente aos atendimentos em sistema de informações;
Manter, em conjunto com a equipe, os prontuários de atendimento referentes
à população alvo, atualizados e organizados;
Acompanhar a tramitação da documentação (relatório, parecer, ofícios),
relativos à sua área de atuação, realizando orientações e encaminhamentos necessários
de acordo com fluxo;
Promover e participar de reuniões periódicas com representantes da rede
prestadora de serviços, visando contribuir com o órgão gestor na articulação e avaliação
dos serviços e acompanhamento dos encaminhamentos efetuados;
Participar de comissões, fóruns, comitês, rede locais de defesa e promoção
de direitos;
Viabilizar e incentivar a discussão teórica, junto a equipe de trabalho, visando
implementação de ações e serviços disponibilizados na unidade de atendimento;
Responsabilizar-se pela organização administrativa da unidade,
documentação padrão e recursos humanos;
Garantir a articulação da equipe, na elaboração e definição de plano de
atendimento especializado com famílias público alvo do Creas;
74
Apoiar e/ou promover, em conjunto com a equipe, campanha e eventos de
mobilização de combate a situações de violações de direitos no território de abrangência do
Creas;
Garantir o trabalho interdisciplinar, definindo atribuições dos profissionais,
possibilitando a complementaridade das ações em benefício da população atendida;
Assumir o desafio, em conjunto com a equipe, de produção de material teórico
e informativo para a ação com as famílias e indivíduos;
Acompanhar todas as ações desenvolvidas no Creas, garantindo o
cumprimento das metas previstas no Plano de Governo;
Garantir a participação de todos os profissionais que compõem a equipe nas
reuniões para consultoria técnica e “Cuidando do Cuidador”.
75
Prestar orientações individual e/ou familiar, dentro de sua área de
competência;
Realizar o acompanhamento dos indivíduos e famílias atendidas,
promovendo o suporte a elas; potencializando-as em sua capacidade de proteção e
favorecendo a reparação da situação de violência vivida;
Realizar estudos socioeconômicos das famílias atendidas visando o
encaminhamento para acesso a benefícios e serviços disponíveis;
Realizar levantamento de serviços ou recursos disponíveis na comunidade
para possível utilização pelos indivíduos e famílias atendidas;
Realizar encaminhamentos que se fizerem necessários para garantir a
proteção integral dos indivíduos e famílias atendidas;
Monitorar os encaminhamentos realizados, avaliando sua efetividade;
Facilitar o acesso dos indivíduos e famílias a rede social de apoio, buscando
a inclusão e o alcance da cidadania;
Registrar os atendimentos e intervenções realizadas em formulário próprio,
conforme modelo adotado pelo Creas;
Atuar no Serviço Especializado em Abordagem Social, quando necessário;
Realizar ações visando à articulação com a Rede de Proteção Social;
Elaborar relatórios informativos acerca dos atendimentos prestados sempre
que necessário ou solicitado;
Participar da construção do Plano de Intervenção Individual ou Familiar,
juntamente com os demais profissionais e com a família ou indivíduo;
Participar de reuniões técnicas, de equipe ou Rede de Proteção Social,
sempre que necessário ou convocado, contribuindo nas discussões;
Realizar o acompanhamento de instituições socioassistencias à luz da
legislação pertinente, tendo em vista a qualificação dos serviços prestados, emitindo
relatórios sempre que houver necessidade ou for solicitado;
Compartilhar as informações relevantes e necessárias com os demais
profissionais da equipe interdisciplinar, resguardando o caráter sigiloso do trabalho sem
deixar de qualificar o serviço prestado;
Atuar em conjunto com a equipe visando ao planejamento e
operacionalidade dos atendimentos em grupo;
Assessorar tecnicamente em assuntos de sua competência;
76
Contribuir para o desenvolvimento do Serviço Social como campo científico
de conhecimento e de prática na Assistência Social, principalmente no Creas, podendo
resultar em produções teóricas relevantes a área de atuação.
Realizar atendimentos emergenciais, procedendo ao acompanhamento para
os encaminhamentos necessários;
Orientar as equipes do serviço especializado em abordagem social quanto
ao atendimento e encaminhamento do usuário;
Incluir informações relativas aos atendimentos em sistema informatizado;
Elaborar relatório informativo sobre os atendimentos sempre que solicitado;
Realizar visitas domiciliares e institucionais sempre que houver necessidade;
Manter organizados os prontuários das famílias e indivíduos e arquivos;
Participar de forma efetiva de reuniões de consultoria técnica e “cuidando do
cuidador”;
Executar outras atividades pertinentes a sua área de atuação.
3.3. PSICÓLOGO
80
Prestar orientação técnica na área de direito à equipe, sempre que houver
demanda, balizando a equipe quanto aos limites e opções legais a cada um e a todos os
profissionais que a compõe;
Participar de reuniões da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em
Situação de Risco para a Violência e da Rede de Atenção à Mulher em Situação de
Violência, sempre que for detectada necessidade de orientação na área de Direito,
prioritariamente nas discussões de casos graves;
Participar de forma efetiva das reuniões de consultoria técnica e “cuidando
do cuidador;
Realizar outras atividades pertinentes a sua área de formação.
81
82
CAPACITAÇÃO CONTINUADA
1. CONSULTORIA TÉCNICA
75
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – CNAS. Resolução Nº 269, de 13 de dezembro de 2006 (DOU
26/12/2006). Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS). Brasília, 2006. p. 17.
83
A consultoria técnica proporciona também o estudo e discussão de casos no
intuito do direcionamento das ações para a superação das situações de violação de
direitos, o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a inserção das famílias e
indivíduos na comunidade. Portanto, a equipe de profissionais, além das competências e
atribuições privativas inerentes à formação, deve dispor de conhecimentos específicos e
especializados, com o objetivo de assegurar abordagem qualificada e humanizada,
assim como garantir a efetividade das ações desenvolvidas.
2. CUIDANDO DO CUIDADOR
84
Em horários e dias pré-agendados, o especialista contratado para este fim
desloca-se a cada um dos Creas. O trabalho com as equipes tem duração de 02 horas.
Periodicamente, é realizada avaliação do trabalho desenvolvido, o que é acompanhado
pela Diretoria de Proteção Social Especial.
85
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto Lei, N. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Art.133, 217
– A a 218 – B
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Art. 7º, III.
86
Brasília, DF: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010. Reimpresso em
maio de 2011. p. 20, 56, 120.
87
FERRARI, Dalka C. A.; VECINA, Tereza C. C. (Orgs). O Fim do Silêncio na Violência
Familiar: Teoria e Prática. São Paulo: Ágora, 2002. p. 78, 80.
GUARÁ, Isa Maria F. Rosa (Coord.). Redes de Proteção Social. Disponível em:
http://www.fazendohistoria.org.br/downloads/4_rede_de_protecao_social.pdf. Acesso em:
30 set 2011.
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de
Textos. Curitiba: [s.n.], [entre 2009 e 2011].
88
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Assistência Social. Cadernos de
Assistência Social: Serviço de Combate ao Abuso e Exploração Sexual – SECABEXS.
Rio de Janeiro, 2008. v. 16. p. 46, 47.
89
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ARRUDA, Silvani, et al. Cuidar sem violência, todo mundo pode! Guia Prático para
Famílias e Comunidades. Rio de Janeiro: Instituto PROMUNDO, CIESPI – Centro
Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância, 2003. 108 p.
CARVALHO, Maria Cristina Neiva de. Textos não publicados. Curitiba, 2011.
MOURA, Ana Cristina Amaral Marcondes de, et al. Reconstrução de Vidas: Como
prevenir e enfrentar a violência doméstica, o abuso e a exploração sexual de crianças e
adolescentes. São Paulo, 2008. 96 p.
90
ROSA, Elisa Zaneratto, et al. Psicologia Ciência e Profissão: Diálogos. [S.I.]: Gráfica
BarbaraBela, 2010. N 7.
91
APÊNDICE
Tipos de Violência:
76
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 32.
77
Ibid.
78
FERRARI, Dalka C. A.; VECINA, Tereza C. C. (Orgs). O Fim do Silêncio na Violência Familiar: Teoria e Prática. São
Paulo: Ágora, 2002. p. 78.
79
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 32.
80
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de Textos. Curitiba: [s.n.], [entre 2009
e 2011].
92
geralmente, [ocorre] contra aquela pessoa que se encontra em desvantagem física e
emocional.”81
VIOLÊNCIA FETAL: é “... a violência praticada pela gestante contra o feto [...]
ainda quando a gestante sofre alguma forma de violência física por outra pessoa, através de
pontapés, socos na barriga e outras formas de agressões inclusive, a negligência”. 84 Estas
situações devem ser acompanhadas de forma articulada com os serviços de saúde e, em
alguns casos, com o poder judiciário, a luz de legislações pertinentes, como Estatuto da
Criança e do Adolescente e Lei Maria da Penha.
Natureza da Violência:
81
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de Textos. Curitiba: [s.n.], [entre 2009
e 2011].
82
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 32.
83
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 33.
84
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 33.
93
Abuso sexual é “...a utilização do corpo de uma criança ou adolescente, por um
adulto ou adolescente, para a prática de qualquer ato de natureza sexual, sem
consentimento da vítima que é coagida física, emocional e psicologicamente.”85 Ressalta-se
que em ocorrências desse tipo a criança é sempre VÍTIMA e não poderá ser transformada
em “RÉ”. Segundo o Código Penal Brasileiro, o abuso sexual é dos crimes sexuais
praticados contra vulneráveis86.
85
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de Textos. Curitiba: [s.n.], [entre 2009
e 2011].
86
BRASIL. Decreto Lei, N. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Art. 217 – A a 218 – A
87
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Art. 7º, III.
88
Ibid. Art. 218 – B
89
KOSHIMA, Karin (org). Criança é coisa séria! Cartilha de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e
Adolescentes. [S.I.]: Sol Meliá Hotels & Resorts, [20--]. p. 8.
94
adolescentes e “... são considerados exploradores os produtores (fotógrafos, videomakers),
os intermediários (aliciadores e pessoas de apoio), os difusores (anunciantes,
comerciantes, publicitários)e os colecionadores ou consumidores do produto final”.90
90
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de Textos. Curitiba: [s.n. ], [entre
2009 e 2011].
91
Ibid.
92
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Gestão do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil no SUAS: Orientações Técnicas. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Assistência Social, 2010.
Reimpresso em maio de 2011. p. 20
93
BRASIL. Decreto Lei, N. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Art.133.
95
NEGLIGÊNCIA: Considera-se negligência toda forma de omissão, ou seja, o não-
provimento das necessidades e cuidados básicos para o desenvolvimento físico, emocional
e social da criança e do adolescente. Beserra relata que “... os pais negligentes são adultos
que não se ocupam de seus filhos e que apresentam deficiências importantes em suas
funções parentais.”94 Na mesma publicação, segundo Azevedo & Guerra, “... tais falhas só
podem ser consideradas abusivas quando não são devidas a carências de recursos
socioeconômicos...”95 Para atendimento no Creas, considera-se público alvo as crianças e
adolescentes vítimas de graves situações de negligência que coloquem em risco a sua
vida. Da mesma forma, idosos vítimas de situações graves de omissão de seus cuidadores
ou familiares em termos de provimento às suas necessidades básicas: negação de
alimentos, cuidados higiênicos, habitabilidade, isolamento e falta de comunicação,
colocando-os em situação de risco.
94
BESERRA et al. Negligência contra a criança: um olhar do profissional de saúde, Recife, 2002. p. 63. Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/03_1492_M.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011
95
BESERRA et al. Negligência contra a criança: um olhar do profissional de saúde, Recife, 2002. p. 63. Disponível em:
<http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/03_1492_M.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011
96
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 34.
97
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Art. 7º, I.
96
punições humilhantes e utilização da criança ou do adolescente para atender às
necessidades psíquicas de outrem”98.
98
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 34.
99
BRASIL. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Art. 7º, II.
100
MOTTI, Antônio José Ângelo (coord). Capacitação das Redes Locais: Caderno de Textos. Curitiba: [s.n ], [entre
2009 e 2011].
101
Ibid.
97
98
PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA
Prefeito
LUCIANO DUCCI
Presidente
Superintendência
MARIA DE LOURDES CORRES PEREZ SAN ROMAN
99
Fundação de Ação Social
PROTOCOLO
DE
GESTÃO DO CREAS
e Indivíduos no Creas
Volume II
Curitiba, 2011
100
ELABORAÇÃO
CONSULTORIA TÉCNICA
COLABORAÇÃO
ARTE E DIAGRAMAÇÃO
101
102
INTRODUÇÃO
Ressalta-se aqui:
102
CURITIBA. Prefeitura Municipal. Protocolo da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco
para a Violência. Curitiba, 2008. p. 32.
103
Ibid.
104
FUNDAÇÃO ABRINQ. O Fim da Omissão: A implantação de pólos de prevenção à violência doméstica. São Paulo,
2004.
104
Para que a metodologia construída possa atender o objetivo do trabalho do
Creas, é necessário que esta promova o reconhecimento da dimensão funcional, ou seja,
dos papéis e funções dos membros da família; responsabilidades, cuidados básicos,
dentre outros fatores que possam interferir na dinâmica familiar, alterando o padrão de
convivência, levando à situação de violência ou risco que se configuram como situações
de crise familiar. Entende-se aqui risco, como uma situação que potencialize
efetivamente a ocorrência de violência.
A matricialidade sociofamiliar;
A valorização das competências das famílias;
O investimento no empoderamento das famílias e/ou indivíduos.
Ressalta-se aqui:
105
indivíduos atendidos no Creas, com o objetivo de superação da situação de
violência que originou o atendimento.
Toda a equipe do Creas deve contribuir para a resignificação dos fatos violentos
vividos, sendo necessária uma intervenção que mobilize na família o fortalecimento de
vínculos e a mudança dos fatores que estejam contribuindo para a situação de violência.
106
que, independente do conceito que se utilize, é preciso conservar as noções chaves que
estão implicadas neles: cooperação, objeto comum, projeto comum.105
Para que os profissionais atuem com efetividade nas demandas atuais de seu
trabalho, devem constantemente refletir sobre suas ações, propondo intervenções
fundamentadas em referenciais teóricos consistentes e tomando o devido cuidado para
não contaminar a prática do trabalho com modelos assistencialistas e tutelares, que
contribuem de forma velada para o aumento da exclusão social.
Nos Creas, além da atenção emergencial, esse serviço deve estar voltado para
redução de danos sofridos pelos vitimizados e para mudanças nas condições subjetivas
atuais dos membros da família que levaram a situação de crise. Esse objetivo deve ser
alcançado através de ações potencializadoras de autonomia do núcleo familiar, da
família extensa e da rede comunitária.
Ressalta-se aqui:
105
MORIN, E. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2002.
107
O público alvo do Creas consiste das famílias e indivíduos que vivenciam
violações de direitos por ocorrência de: violência doméstica/intrafamiliar, violência
extrafamiliar: exploração sexual e trabalho infantil, adolescentes em cumprimento
de medida socioeducativa meio aberto, famílias do Programa de Erradicação do
Trabalho Infantil em descumprimento de condicionalidades, situação/trajetória de
rua, discriminação em decorrência da orientação sexual e/ou raça/etnia, famílias
com idosos em Centro Dia, famílias com usuários de substâncias psicoativas que
vivenciam situações de violência doméstica/intrafamiliar, com articulação com os
serviços de saúde.
Entende-se como família, a instituição que desempenha as funções de
pertencimento, proteção e direcionamento. Nos casos de indivíduos que não
possuem nenhum vínculo familiar e extrafamiliar, considera-se que ele mesmo
desempenhe as funções citadas para consigo mesmo.
108
109
PRINCÍPIOS DE ATENDIMENTO
110
serviços.106 Para tanto, há necessidade de criar-se um espaço de fala aos últimos, bem
como a suas famílias, sendo que por meio de seus discursos possam perceber a
situação em que se encontram, suas demandas e desejos, para propor em conjunto aos
profissionais de referência estratégias de enfrentamento para seus problemas.
106
DEBASTIANI,C.& BELLINI, M.I.B. Fortalecimento da Rede e Empoderamento Familiar. Boletim da saúde, Porto
Alegre, volume 21, n.1/ jan/jun 2007. Disponível em:
107
PEREIRA, F. C. O que é empoderamento (empowerment). Sapiência. Dezembro de 2006. Volume nº 8: 1. p. 1.
Disponível em: <http://www.fapepi.pi.gov.br/novafapepi/sapiencia8/artigos1.php>. Acesso em: 6 dez. 2010.
111
112
MODALIDADES E ETAPAS DE ATENDIMENTO NO CREAS
1. TRIAGEM
2. ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS
113
Atendimento emergencial – acolhida, orientações e
encaminhamentos.
Ressalta-se aqui:
3. ACOMPANHAMENTO FAMILIAR
114
O objetivo desta etapa é auxiliar a família, possibilitando a contextualização da
situação vivenciada de acordo com sua visão, explicitando as interfaces dessa
versão com as questões legais implicadas na situação, sempre demonstrando a
possibilidade de orientação e apoio necessários para que aconteça a mudança e a
superação da violência vivenciada. É nesta etapa que se identifica a necessidade
de realização de ações para atendimento de proteção da vítima.
Dessa forma, para que se possa selecionar a melhor maneira de intervir junto ao
sistema, é importante considerar o fenômeno da violência como um momento de crise da
família. Nesse sentido, deve-se tratar o fenômeno como um processo complexo,
buscando identificar qual o momento do ciclo evolutivo da família em que o Creas está
atuando e quais são os principais recursos de todos os envolvidos para lidar com a
situação.
115
O que levou a família até o serviço?
Permite determinar o foco do caso, identificando a situação da violência.
Outros recursos técnicos que podem ser utilizados na etapa diagnóstica são: a
entrevista focal, a construção de genograma e ecomapa. Estes instrumentos ajudam o
profissional e a família no processo de autoconhecimento das relações intra e
extrafamiliares, auxiliando na identificação de vínculos positivos que podem fortalecer o
processo de reinserção familiar e comunitária.
Ressalta-se aqui:
116
3.2. ETAPA INTERVENTIVA
108
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Serviço de Proteção Social a Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência,
Abuso e Exploração Sexual e suas Famílias: referências para a atuação do psicólogo. CREPOP, Brasília, 2009. p. 57.
117
O processo de intervenção visa:
118
rede, supervisão da rede conveniada, entre outros; a qual contribui
para a efetivação da Política de Assistência Social.
Articulação da Rede: para que a mesma ocorra faz-se necessário
aos técnicos conhecer, identificar e socializar recursos e
informações. Por meio desta articulação é proporcionada a
complementaridade das ações e dos serviços. A articulação no
território é fundamental para fortalecer as possibilidades de inclusão
da família em uma organização de proteção que possa contribuir
para a reconstrução da situação vivida.
Ressalta-se aqui:
É importante ressaltar que a participação dos usuários em grupos, seja qual for a
natureza e temática do mesmo, deve se dar após a superação da crise imediata, quando
as medidas emergenciais que o caso exige já foram aplicadas, considerando questões
específicas e exclusivas, que requerem intervenções individuais.
Toda pessoa atendida pelo Creas poderá, potencialmente, ser encaminhada aos
grupos desenvolvidos, devendo ser observados alguns critérios para encaminhamento a
estes:
120
acentuada hostilidade verbal, comportamento muito agressivo, estados
depressivos e outros transtornos mentais cuja sintomatologia não se encontra
compensada por tratamento específico;
Análise da contribuição que o grupo pode possibilitar ao processo de
desenvolvimento da família;
Situações onde se identifique que há necessidade de acolhimento, vínculo,
troca de experiências das famílias que poderão ser atendidas em grupo
possibilitando a resolução de seus problemas;
Demonstração da família de necessidade de reflexão mais sistemática, que
possa dar suporte à mudança de atitude e postura;
Quando os familiares demonstrarem desejo de participação em grupos.
Os grupos serão dirigidos por dois profissionais, sendo que um assumirá o papel
de coordenador propriamente dito e o outro de coordenador auxiliar. Os referidos
profissionais terão formação nas áreas de psicologia, serviço social ou pedagogia, porém
poderão contar com o apoio do advogado(a) ou demais profissionais do Creas, em pelo
menos um encontro, para contemplar as demandas específicas que emergem durante o
processo.
121
Planejamento do grupo
Tipos de Grupos
Estabelecimento de rapport:
Etapa em que os profissionais devem fazer o primeiro contato acolhedor com os
membros do grupo.
Apresentação da atividade:
Momento em que se estabelece a proposta do encontro, explicando qual será a
atividade realizada e seu objetivo. Faz-se fundamental considerar a utilização da
linguagem adequada aos membros, checando a compreensão dos participantes e
123
as suas condições para executar a tarefa, podendo propor atividades alternativas
que não sejam excludentes.
Desenvolvimento da atividade:
Proposição de dinâmicas que abordem temas que venham ao encontro de
necessidades dos indivíduos que compõe o grupo, tendo sempre em vista o
caráter psicossocial e de orientação jurídica do trabalho no CREAS.
Fechamento:
Etapa extremamente importante para o desenvolvimento dos encontros. É o
momento de reflexão e integração das atividades propostas com os conteúdos
contemplados. Deve ser realizado impreterivelmente para que cada membro
possa elaborar a experiência articulando-a as suas vivências pessoais.
124
3. Mulheres vítimas de violência ou mulheres em geral
Ressalta-se aqui:
125
Tipos de Atividades
126
Para Pichon-Rivière (1986) o grupo operativo é constituído de pessoas reunidas
com um objetivo comum, chamado de “grupo centrado na tarefa que tem por finalidade
aprender a pensar em termos de resolução das dificuldades criadas e manifestadas no
campo grupal"109. O trabalho com grupos operativos tem como foco a busca de coerência
entre o pensar, o sentir e o agir, usando o que o grupo traz explicitamente para poder
chegar a manifestos implícitos desse sistema, tendo como base a estrutura vincular
modelando a sua intervenção em grupo, atribuindo à técnica um caráter dinâmico e
interdisciplinar.
109
PICHON-RIVIÈRE, H. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes Velosso. 2 ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
1986.
127
3.3. ETAPA AVALIATIVA
Qualitativos:
128
Quantitativos:
Instrumentos de Avaliação
129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
130
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
131
132
Formulário 1: AGENDAMENTO DE ATENDIMENTO
133
Formulário 2: CADASTRO DE ATENDIMENTO FAMILIAR
134
135
136
137
138
Formulário 3: PLANO DE INTERVENÇÃO FAMILIAR – PIF
139
140
141
142
Formulário 4: REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA
143
Formulário 5: ENCAMINHAMENTO PARA O AMBULATÓRIO CARA LIMPA
144
Formulário 6: ENCAMINHAMENTO PROGRAMA APRENDIZ
145
146
Formulário 7: GUIA DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL
147
Formulário 8: INFORME DE VISITA DOMICILIAR
148
Formulário 9: DECLARAÇÃO DE COMPARECIMENTO
149
Formulário 10: PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO - PIA
150
151
152
153
154
155
156
Formulário 11: ENCAMINHAMENTO PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À
COMUNIDADE
157
Formulário 12: FOLHA DE FREQUÊNCIA DO ADOLESCENTE EM PSC
158
Formulário 13: AVALIAÇÃO DO ADOLESCENTE EM PSC PELA INSTITUIÇÃO
159
Formulário 14: AVALIAÇÃO DA PSC PELO ADOLESCENTE
160
Formulário 15: INFORMATIVO DE ATENDIMENTO PARA O CONSELHO TUTELAR
161
Formulário 16: INFORMATIVO DE ATENDIMENTO PARA O DISQUE IDOSO E 156
162
Formulário 17: SERVIÇO ESPECIALIZADO EM ABORDAGEM SOCIAL
163
Formulário 18: TERMO DE RECUSA DE ATENDIMENTO
164
Formulário 19: RETORNO FAMILIAR
165
Formulário 20: SOLICITAÇÃO DE CRÉDITOS-TRANSPORTE
166
Formulário 21: RELATÓRIO DE CONCESSÃO DE CRÉDITOS-TRANSPORTE
167
Formulário 22: CARTEIRINHA DE ATENDIMENTO
Frente
Verso
168