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Marlene Alves Vieira

PROJETO:

“A EDUCAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E PESSOAL”

Santa Maria Madalena

2011
A Educação para o Desenvolvimento Social e Pessoal

OBJETIVOS

Geral

Identificar de que forma os pais das crianças/alunos incluídos no Programa Escola Já


vêem a educação no processo de desenvolvimento pessoal e social de seus filhos?

Específicos

 Identificar o problema através de estudo do caso;


 Ilustrar o desenvolvimento social da fase escolar a idade adulta do indivíduo na
sociedade;
 Repensar qual o papel da escola na sociedade;
 Analisar de que forma a gestão escolar pode contribuir na educação das
crianças.

QUESTÃO NORTEADORA

O que as famílias, que participam do Programa Escola entendem por desenvolvimento


pessoal e social de seus filhos?

METODOLOGIA

Adotarei a corrente do Materialismo Dialético. Materialismo dialético em uma filosofia


marxista, é uma concepção materialista do mundo fundada no progresso cientifico e
uma concepção critica que sustenta teses de independência sobre o real." (RICO, 1998
pág. 104).

Segundo Parker, a educação globalizada é, hoje, uma pós-modernização, indo desde


mudanças econômicas (da manufatura de produtos até ao consumo de serviços e a
difusão da tecnologia de informação), passando por novos arranjos Culturais (uma
renovação eclética e parótica na arte e na arquitetura, na propaganda e no
entretenimento) até aos novos movimentos sociais (plurais e locais em vez de
universalistas e massificados).

A educação, como fenômeno central processo de ocidentalização do mundo, não esta


imune a estas pressões pós-modernizantes. A educação no Brasil deveria ser um
direito social básico do ser humano, que deve ser garantido pelo Estado, a educação na
visão global é uma continua expansão das pressões pós-modernizantes, com a
crescente flexibilidade e abertura de novos arranjos políticos e econômicos. Tendo
como objetivo conhecer os fenômenos da educação na comunidade Vila Parolin. A
pesquisa a ser adotada será explicativa correlacionada com a descritiva.

Segundo Gill, a Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que contribuem para
ocorrência dos fenômenos e aprofundar no conhecimento da realidade, porque explica
a razão, o porquê das coisas. Pesquisa descritiva: visa descrever as características de
fenômenos ou populações. Tendo com principal importância apontar a educação como
necessidade de vida da comunidade do Parolin, no Programa Escola Já.

NATUREZA DA PESQUISA

Apresentarei uma pesquisa Qualitativa e a pesquisa Quantitativa, pois nesta pesquisa


não daria para destituir a quantidade da qualidade, podendo assim ser classificada
como pesquisa quanti-qualitativa. "A pesquisa qualitativa justifica-se pôr ser uma forma
adequada para entender a natureza de um fenômeno social". (RICHARSON, 1999
pág.79).

Compreensão da realidade fundada nos resultados da interação entre o pesquisador e


o fenômeno investigado, onde traz a tona o que os participantes pensam a respeito do
que esta sendo pesquisado, no qual a realidade dos sujeitos é conhecido a partir dos
significados por ele atribuídos.

Na atualidade esta se redescobrindo a relação entre o quantitativo, redescobrindo-se a


contribuição destas instancias nos estudos sociais e na sistematização dos
conhecimentos produzidos. A pesquisa qualitativa pode pressupor, em alguma medida,
a quantidade. Assim, pode-se ter uma pesquisa qualitativa que decorra de uma
quantitativa. Nenhuma metodologia se aplica por si só, pois ela é sempre relacional e
depende de procedimentos. A opção por uma metodologia de pesquisa deve decorrer
de um posicionamento consciente do pesquisador.

INSTRUMENTOS E TÉCNICAS

Utilizarei de coleta de dados a observação Natural, onde o pesquisador investiga


aspectos da comunidade em que está inserido.

Grupo Focal - indicado para estudar atitudes e experiências podendo visar e utilizar a
formulação a uma investigação para determinado grupo, onde há indivíduos sociais
com diferentes comportamentos dentro deste grupo.

No desenvolvimento do grupo focal deve-se formular o propósito e o formato da reunião


para haver mais interação e participação de todos os participantes para que o relator
encontre registrar e anotar o conteúdo completo, e para a melhoria, recomenda-se à
gravação das reuniões mesmo que haja um desvio pôr um participante na discussão,
registrar para que possamos interpretar e complementar com outras abordagens
reflexivas.

INTRODUÇÃO

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Para melhor compreensão, a seguir um breve relato da história da educação no Brasil.

Com a expansão do império europeu, diversas terras passaram a ser dominadas por
esta nação. Com a chegada dos Jesuítas, várias modificações metodológicas
ocorreram na região em que até bem pouco tempo atrás, não possuía nenhuma forma
institucionalizada de conceber o ensino. A expulsão dos Jesuítas, por sua vez, originou
um outro tipo de educação, fundamentalmente baseada nas chamadas "aulas régias".

Os moldes do ensino no Brasil, atendiam aos padrões de divisão de classes, sendo um


tipo de educação para os pobres e outro tipo para os filhos das elites da época.
Qualquer semelhança com os dias de hoje não é simples coincidência.

Os pioneiros e maiores responsáveis pela conquista da região amazônica foram os


espanhóis que chegaram por volta de 1.500. Buscavam basicamente converter os
habitantes nativos à sua religião, que era o cristianismo e extrair as riquezas que por
ventura encontrassem e enviá-las para seu país. No que se refere à educação existente
naquele período, sua característica maior era o embasamento na oralidade como forma
de transmitir conhecimentos.

No século XVI, o modelo de educação nasce a partir do relato oral. Dessa forma,
criaram-se muitos mitos sobre o que existia na região amazônica, como por exemplo, o
mito das guerreiras chamadas pelos europeus de amazonas. Também com base no
relato oral, diversos mapas da região amazônica foram confeccionados, servindo de
guia para outros exploradores que viessem a demonstrar interesse pela região. A
transmissão de conhecimentos através do diálogo ficava sob a responsabilidade de
cronistas que escutavam os índios e à sua maneira interpretavam o que estava sendo
dito, segundo os padrões e valores europeus.

A educação durante o período do modo de produção escravista, que vai de 1534 a


1850 passa por diversas fases de desenvolvimento. A princípio temos o período de
instalação das capitanias hereditárias onde não havia nenhuma preocupação com a
educação escolarizada. Este período vai de 1534 a 1549. Em seguida temos o período
jesuítico que vai de 1549 a 1759, onde a educação é utilizada como instrumento de
domesticação da população de acordo com a política colonizadora portuguesa, é a
chamada ideologia da interdição do corpo em que os Jesuítas estimularam nos nativos
uma série de comportamentos provenientes da Europa, destruindo os costumes locais,
ao mesmo tempo em que os tornava submissos. Em 1599, é adotada pelos Jesuítas a
política educacional do "Ratio Studiorun".
Segundo esse princípio, a educação é padronizada para todos e baseada no repasse
de ideologias religiosas e ao ensino de disciplinas como filosofia, teologia e
humanidades além de grego e latim.

Tanto a educação elementar quanto a educação pública constituíam-se como


preocupações da organização escolar jesuítica na colônia. no período pombalino
(refere-se a quando o marques de Pombal foi primeiro-ministro português, entre 1759-
1808), os Jesuítas foram expulsos destas terras, com isto, o Brasil permaneceu por
treze anos sem ensino, apenas com aulas sem continuidade ministradas por
professores leigos. A educação no período pombalino oficializou o ensino como função
do Estado Português no Brasil.

De 1808 a 1822 temos o inicio da implantação do aparato burocrático do Estado


brasileiro e com isso a maior necessidade de instalar a educação escolar no país. Com
a vinda da Coroa Portuguesa para o Brasil houve uma grande preocupação com o
ensino das pessoas responsáveis pela administração e pelo atendimento dos
habitantes do novo reino.

Criou-se assim o ensino superior profissionalizante no Brasil. A educação teve por


característica geral neste período que vai de 1534 a 1850 o elitismo e a perpetuação
das desigualdades entre as classes. As escolas voltadas para a classe popular
possuíam metodologia inadequada e professores despreparados, ao passo que as
escolas que atendiam as elites burguesas possuíam um padrão educacional aos
moldes europeus, que preparava alguns poucos privilegiados para administrar o Estado
formado por um enorme contingente de analfabetos.

Este Estado tinha por característica a relação entre dominante e dominado, entre
senhor e escravo e a educação neste período mostrou-se um reflexo deste fato. Na
segunda metade do século XVIII, o teatro e a música tiveram uma destacada função,
ambos eram utilizados como instrumento de conversão política e pedagógica, ajudando
a impor os padrões culturais europeus aos povos que aqui habitavam. A música e o
teatro também serviam como diversão para as elites políticas. A educação como
podemos observar, cumpriu e até hoje ainda cumpre a função de divisão entre as
classes sociais, servindo como um instrumento de perpetuação da relação entre
exploradores e explorados.

A Educação tem sido construída através dos séculos, de geração em geração, e tem
como função social conservar e gerar cultura, o que quer dizer valores, conhecimentos,
destrezas e habilidades. Mas também para enfrentar desafios e objetivos que cada
geração vislumbrava na sua sociedade, traçando assim uma função social em cada
período histórico.

Assim podemos observar que, em princípios do século passado, em pleno processo da


Revolução Industrial, a Educação assumiu a função da formação dos cidadãos para a
consolidação dos Estados Nacionais.
Depois, nos anos 50, na reconstrução do pós-guerra, a Educação assumiu a função de
formar os recursos humanos necessários para o mercado de trabalho. E assim por
diante.

A formação educativa do caráter torna-se mais profunda e mais pessoal, sem uma
intenção consciente, à medida que os jovens vão, gradualmente,  tomando parte nas
atividades dos vários grupos a que pertencem.

A educação tem uma semântica orientada às relações humanas, na formação do


cidadão, estabelecendo os princípios sociais do processo civilizatório e à vida
democrática, tais como a solidariedade, a cooperação, a justiça, a igualdade, o direito à
dignidade, o respeito à alteridade e à pluralidade. Essas relações devem ser
desenvolvidas, em escala crescente, primeiro na família, menor célula social, depois na
escola, depois na graduação e, finalmente, no mestrado e doutorado.

Mas, a educação tem, também, mais tradicionalmente, uma semântica orientada à


formação de recursos humanos para o exercício de um ofício, de uma profissão. Com
esta semântica, muitos entendem a educação como ensino. É no contexto do ensino
que a questão da educação pública e privada é discutida. Qual é, então, a função do
estado na educação? Ao estado caberia definir diretrizes e normas para a educação e
se responsabilizar pelo processo de educar, materializado, principalmente, pelas
universidades públicas e gratúitas.

Se o futuro de um país depende da educação, então a educação deve ser de


competência do estado. É uma questão de soberania nacional, de qualidade de vida, de
cidadania, de liberdade e de democracia.

O desenvolvimento científico, tecnológico, artístico e cultural de um país é o principal


responsável pela geração de riquezas e de novos postos de trabalho e pela qualidade
de vida e, portanto, dele depende fortemente seu futuro. Esta é uma visão dinâmica do
desenvolvimento social.

As questões educacionais no Brasil ocorrem em uma realidade complexa caracterizada


pela grande extensão geográfica do território brasileiro, pela diversidade cultural, pelo
elevado crescimento e movimento populacional, pelas desigualdades de renda, de
urbanização de escolarização e de condições de saúde agravadas pela ineficiência da
estrutura pública de serviços.

O tema A educação para o desenvolvimento pessoal e social na visão dos pais


das crianças/alunos incluídos no Programa Escola já estabelecem a educação como
necessidade de vida, como crescimento e como função social, pois a educação
moderna não deixou de promover e praticar a crença iluminista de que a razão humana
é capaz de objetivamente descrever e explicar a natureza da realidade, tanto natural
quanto social, dando assim a humanidade o conhecimento exigido para transformar o
mundo e para construir uma sociedade melhor. Percebe-se, através da convivência
com as famílias incluídas no Programa, que a falta de perspectiva, falta de incentivo,
problemas financeiros, entre outros, aparecem como fatores importantes de dificuldade
de manutenção dos filhos na escola.

Infelizmente, as políticas compensatórias do trabalho infantil como o PETI (Programa


de Erradicação do Trabalho Infantil), têm apenas feito o repasse de poucos recursos
financeiros para um número reduzido de famílias em detrimento de uma política de
enfrentamento real da pobreza, por esse motivo às crianças tem de ir trabalhar para
auxiliar na renda da família.

Muitos dos problemas encontrados através da conversa com as famílias, em relação à


falta de perspectiva foi que os alunos freqüentam as aulas mas se sentem impedidos de
aprender, devidos a problemas em casa que influenciam diretamente em seu
rendimento escolar, pôr isso faz-se necessário que exista a figura da Assistente Social
nas escolas, para que a mesma implante projetos e acompanhe os alunos que se
desmotivam em freqüentar as aulas pôr motivos familiares, que na sua maioria giram
em torno de problemas financeiros e de problemas com drogas ilícitas.

Analisamos o papel histórico da educação, sua evolução, demanda e o papel que à ela
foi atribuída pelo desenvolvimento econômico. Nesse sentido, a questão nos embaraça:
há um modo de produção dominante: o capitalista.

Pois a educação escolar sempre esteve atrelada às exigências de uma sociedade


histórica qualquer, cujas camadas dominantes lhes determina as tarefas. Logo, vincula-
se a educação à função diretamente requerida pelas facções dominantes do processo
econômico e social.

No entanto, não nos cabe adentrar essa polêmica, com tal tipo de alegação, pois a
análise da Educação no Brasil tem sofrido diversos tipos de abordagens, coube-nos
apenas, dentro dessa análise crítica, contribuir com uma pequena parcela que seja,
para identificar as raízes da verdadeira crise da Educação brasileira e seus
pressupostos, podendo ai sim, adentrar o campo que diz respeito a educação para o
desenvolvimento social e pessoal, e ter na visão crítica dos pais dos alunos do
Projeto Escola Já, por mais simplórios que sejam, mas povo que são, a coleta de dados
para identificar de que forma a escola influi no desenvolvimento social e pessoal de
cada indivíduo.

EDUCAÇÃO

Nos dias atuais, no que diz respeito à educação percebemos que a sociedade está
cada dia mais sendo tratada como fantoche nas mãos de quem detém o poder.
Percebemos isso à partir de como ela está sendo usada de maneira a manipulação das
massas, satisfazendo seus interesses econômicos (a queda do número de alunos
repetentes no ensino primário, diminui os gastos com materiais e também na
possibilidade/ necessidade de construir mais escolas para suprir a demanda), e não
reforçando, ou seja, dando ênfase ao desenvolvimento intelectual crítico do aluno que
se faz necessário.
"...o desenvolvimento da criança na escola é bem melhor do que se ela tivesse na rua
(...), não sei se é em todas as escolas , mas acho que não, mas nessa que meu filho tá,
os professor parece que não se incomodam com o desenvolvimento do aluno, eles só
querem chega lá, passa a matéria no quadro e recebe bem no fim do mês, pelo menos
é o que eu percebo, e não é isso que eu quero para os meus filhos, eu quero que eles
conheçam a vida o mundo, aprendam a conhecer o que está em volta deles... " (SIC)

"Sem o poder do conhecimento, como as camadas populares poderiam se organizar de


uma maneira eficaz? Como poderiam elas desenvolver a capacidade de análise e de
crítica tão necessárias para melhor compreender o fenômeno social e natural? A crítica
torna-se então, a chave de toda a apropriação e o princípio educativo fundamental que
deveria guiar o processo educativo." (FAUNDEZ, 1994, pg.185-186)

O controle da organização do sistema educacional vem sendo feito de forma bastante


defasada em relação aos anseios da sociedade e às necessidades crescentes do
desenvolvimento econômico, cultural, pessoal e social da mesma.

Para que todo esse problema seja resolvido, o estado, ou seja, os órgãos competentes
devem começar a agir investindo não somente no ensino, mas na educação em si.
Educação essa que envolve não somente o aprendizado do aluno, mas sim no
conhecimento de sua cultura, do seu desenvolvimento como ser humano na sociedade.

"o Estado não quer, nem nunca quis, resolver o problema educacional brasileiro.":

"As elites forjavam, e forjam, a educação para reproduzir as elites, ignorando a


qualificação e a participação do povo. O ensino mascara o saber para subsidiar o
poder." (SAVIANI, 1985, pg. 56).

Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade de nós como acadêmicos, criarmos
a partir de então, essa consciência crítica do saber, para deixar de sermos classe
dominada e lutarmos pelo que nos é de direito, principalmente ao que diz respeito à
educação, buscando resoluções para alguns dos problemas que à ela estão ligados,
em todos os níveis do ensino como arma na formação da consciência social.

O desenvolvimento das atitudes, dos sentimentos, do entendimento do ser humano na


vida e na sociedade não depende somente de crenças e de conhecimento e aplicação
do senso comum vivenciado na família, no dia-a-dia, mas sim do somatório da
realidade vivenciada e da orientação e conhecimentos adquiridos na escola,

A educação foi e ainda é usada para a manipulação das massas pelo estado, visando
assim apenas a produção, num regime ainda capitalista, gerando apenas uma
sociedade de fantoches, que não sabe buscar o desenvolvimento intelectual crítico que
é tão necessário na atualidade.

Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade de nós como acadêmicos, criarmos
a partir de então, essa consciência crítica do saber, para deixar de sermos classe
dominada e lutarmos pelo que nos é de direito, principalmente ao que diz respeito à
educação, buscando resoluções para alguns dos problemas entrelaçados à ela, em
todos os níveis do ensino como arma na formação da consciência social.

Para facilitar essa criação de uma consciência crítica, faz-se necessário que
observemos e analisemos como se deram esses fatores.

Primeiramente, através dos autores pedagógicos e da filosofia pedagógica, situar e


estabelecer as questões problemáticas que envolvem a educação, a interligação
desses problemas com a sociedade, e a evolução desses problemas dentro do contexto
social.

A compreensão da evolução do sistema educacional, os caminhos que a educação


tomou, torna-se mais fácil, a partir do momento que voltarmos nosso olhar à nossa
herança cultural, a evolução da economia e a estrutura do poder político, fazendo assim
a interligação dos mesmos com os valores propostos na escola pela demanda social de
educação, refletindo sobre o interesse do poder político de controlar e monopolizar a
população, de acordo com o que vem de encontro aos interesses da elite dominante.

Ficando assim claro, a quantas andou e ainda anda a evolução da educação no país, e
quão grande é a evidência de que ela caminha atrelada aos interesses do sistema
econômico.

"...não sei se é em todas as escolas, mas acho que não é, mas nessa que ele ta, os
professor parece que não se incomodam com o desenvolvimento do aluno, eles só
querem chegar lá, passar a matéria no quadro e receber bem no fim do mês, e não é
isso que eu quero para os meus filhos, eu quero que eles conheçam a vida o mundo,
aprendam a conhecer o que está em volta deles..."(SIC)

"Estabelece uma nítida divisão, entre elite e massa, reservando às elites o monopólio
das virtudes necessárias para dirigir, e assegurando às massas apenas o direito de
realizar seu destino de massas." (SAVIANI, 1985, pg. 228).

Toda educação deve ser uma atividade mediadora no seio da prática social global, para
uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

Cultura é muito mais que somente a letrada, vai além do que a escola transmite. A
história do homem, como história da cultura, é assim, o processo de transformação do
mundo e simultaneamente do homem.

È lícito admitir que certas trocas culturais são enriquecedoras, acontece porém, que
nem sempre essas trocas se efetuam num mútuo enriquecimento.

O conceito A educação para o desenvolvimento, não é fácil de ser construído, ainda


mais uma educação marcada profundamente por desníveis. As escolas nascem da
necessidade das gerações repassarem as outras, os resultados de suas experiências,
objetivando também a preservação e recriação desses modelos culturais importados,
não se importando em possibilitar a criação e inovação cultural. Criando um espírito
ilustrado e não criador.

"...a escola, na sala de aula, eles até que podiam ensinar a evitar as drogas, mas até lá
dentro tem droga. Outro dia um menino ofereceu droga pro meu menino dentro da
escola, só quer ele falou que não queria, e até chegou em casa me dizendo que queria
mudar de escola porque lá tava difícil, porque muita gente vai com droga, com faca...
nessa escola ta mais fácil eu ensinar ele a se desenvolver do que dentro da sala, ali ta
muito difícil, e os professores não fazem nada. Porque quem ta ajudando mais o meu
filho com esse negócio da droga também sou eu né. Eu é que falo para ele pensar na
vida dele, na saúde, conhecer as coisas pra aprender bastante, cresce e ser alguém na
vida..." (SIC)

A educação no Brasil, vem caminhando sempre um passo atrás do seu


desenvolvimento. Com isso, acontece que na educação em vez de mudarem-se
modelos para se adequar a realidade, tentam mudar a realidade para se adequar aos
modelos preestabelecidos. Busca-se então modernizar a estrutura da educação para
acompanhar o desenvolvimento econômico, e esquece-se de procurar onde está a
falha que provocou e alimentou essa defasagem educacional.

Os rumos tomados pela economia com a crescente necessidade de qualificação


profissional, a expansão da educação escolarizada e a herança cultural influenciaram
diretamente sobre os objetivos perseguidos pela demanda escolar, e obedecendo a
pressão desses fatores, é que formou-se o quadro atual da relação entre educação e
desenvolvimento.

Numa perspectiva social, a educação escolar pode ser considerada uma necessidade
que gera uma demanda capaz de determinar uma oferta, e que todos os fatores acima
citados como a herança cultural, a ordem política e o próprio sistema econômico podem
orientar a demanda social de educação e controlar a oferta de escolas.

Essa demanda acabou gerando descompassos e desequilíbrios em dois aspectos


simultâneos: quantitativo, a demanda acaba sendo maior que a oferta de ensino que a
estrutura acadêmica é capaz de oferecer; estrutural, o aumento de escolas favorece um
tipo de ensino que já não condiz com as necessidades de qualificação para o trabalho.
Havendo assim um desequilíbrio entre as reais necessidades do desenvolvimento, a
demanda social e a oferta de ensino.

Podemos observar que no período pós-guerra, há uma crescente aceleração da


demanda social de educação, que acabou gerando pressão sobre a oferta de ensino,
fazendo com que o sistema escolar experimentasse uma notável expansão. Por outro
lado temos também, a explosão do sistema capitalista, com suas novas e diversas
necessidades econômicas, muito mais aceleradas ainda.
Criando assim obstáculos e sérias contradições ao desenvolvimento, pois acaba a
sociedade tentando reformular o sistema de ensino "elitista", em um que sirva para
utilizá-lo como força de desenvolvimento nacional e se depara com inúmeros e
desconhecidos problemas. Um desses problemas é fazer da escola uma porta para que
estudantes possam se adequar, para ingressar no mercado competitivo de trabalho,
este uma exigência do sistema capitalista, procurando assim fugir de se aglomerarem a
massa de desempregados (mesmos qualificados), ao mesmo tempo criar um cidadão
crítico com pensamento ideológicos e intelectual.

Além da cultura letrada e do sistema econômico, a maneira como se originou e evoluiu


o poder político teve grande influência na evolução da educação escolar, sendo este
poder que organiza e desenvolve todo um aparato em volta do sistema educacional,
quer espontaneamente ou deliberadamente, para atender aos interesses das camadas
representadas pelo poder político.

"...na escola é bom porque eles vão ensinar como conversar com as pessoas, lá é bom
porque eles ensinam muitas coisas. O Programa Escola Já ajudou muito a levar eles
pra escola, porque mostraram bastante a necessidade de estudar, nossa senhora, a
nossa vida mudou bastante depois que a gente entrou no programa, eles sabem agora
que tem que estudar pra ser alguém na vida..."(SIC)

"No início do período que caracterizava o modelo econômico da substituição de


importações, uma tomada de consciência por parte da sociedade política, da
importância do sistema educacional para assegurar e consolidar as mudanças
estruturais ocorridas tanto na infra como na superestrutura. Por essa razão a jurisdição
estatal passa a regulamentar a organização e o funcionamento do sistema educacional
submetendo – o, assim, ao seu controle direto." (FREITAG, 1980, pg. 52).

Organiza-se à partir 1930, um Plano Nacional de Educação, estruturando e unificando a


educação em todo território nacional. Apesar dessa unificação durante muito tempo a
educação foi feita de forma fragmentada. Atualmente, o remanejamento das estruturas
de poder possibilitou certas mudanças na organização do ensino, sendo feita a
educação escolar não mais de forma fragmentada devido ao avanço e do
fortalecimento do regime centralizado.

FATORES ATUANTES NA EVOLUÇÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO

O modelo de economia trazido ao Brasil, pelos portugueses no colonialismo, foi um


modelo voltado às grandes propriedades e mão-de-obra escrava, que gerou
implicações profundas na ordem social e política. Favoreceu o aparecimento da
unidade básica de produção, de vida social fundado pelo poder da família patriarcal,
fazendo com que os grandes senhores de terras obtivessem uma autoridade sem
limites.

Essa família patriarcal, também favoreceu por sua receptividade, a implantação de


pensamentos e idéias dominantes da cultura medieval européia, e encontrou na obra
dos Jesuítas um aliado, na difusão dessa forma de importação. Pois ao branco
colonizador, cabia diferenciar-se e impor-se, por sua origem européia ao restante da
população – nativa, negra e mestiça – então existentes. Essa classe dominante,
detentora do poder político e ao mesmo tempo econômico, também detentora dos bens
culturais importados, que acreditavam ser de fato um exemplo.

Com isso, surgiram na Colônia hábitos aristocráticos de vida, fazendo com que as
outras camadas da sociedade – latifundiária e escravocrata – viessem a copiar o
modelo aristocrático da camada nobre portuguesa, contribuindo significativamente para
esse fator, a obra educativa, da Companhia de Jesus.

Os favorecidos dessa ação educativa foram, a organização social e, o conteúdo cultural


transplantado para a Colônia, através da formação dada pelos padres da Companhia
de Jesus.

Dentro da organização social, predominava uma minoria privilegiada sobre um


contigente de agregados e escravos. Apenas à eles cabia o direito à educação, e
mesmo assim, em um número pequeno, pois estavam excluídos desse contexto, as
mulheres e os filhos primogênitos, aos quais cabia, a direção futura dos negócios
paternos. Sendo assim a escola só era freqüentada pelos filhos mais novos dos
homens, que recebiam apenas, uma modesta educação escolar, a preparação para
assumir a direção da família e dos negócios, mais futuramente; limitando o número de
pessoas, da classe dominante, que se destinava a educação escolarizada.

Já o conteúdo cultural consistia no próprio espírito da Contra – Reforma, que


caracterizava uma reação agressiva contra o pensamento crítico, que começava a
despontar na Europa, seu objetivo acima de tudo religioso, era voltado ao humanismo e
as letras, formando letrados eruditos, afastando-os do conhecimento científico, com um
apego às formas dogmáticas de pensamento.

O ensino que era transmitido pelos jesuítas, estava totalmente à parte, da realidade da
vida na Colônia. Voltado somente à cultura básica, sem preocupação de qualificar para
o trabalho, esse ensino servia tão somente à alguns espíritos ociosos (assim era visto
na época, aqueles que não se dedicavam ao cultivo da terra), ou seja, desocupados
sociais que não exerciam tarefas manuais, que era reservada aos cativos. A esses
indivíduos intereA Escola Democrática Como Fator Primordial Para a Construção da
Cidadania.

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