Você está na página 1de 8

HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS E SEU CONTROLE PELO

HIPOTÁLAMO

A hipó fise e sua relaçã o com o hipotá lamo


A hipófise tem duas porções distintas – os lobos anterior e posterior.
A hipófise, ou pituitária, é uma glândula pequena situada na sela túrcica, que se liga ao
hipotálamo pelo pedúnculo hipofisário. É divisível em duas porções distintas: a hipófise anterior
(adenohipofise) e hipófise posterior (neurohipofise). Entre essas duas partes existe uma
pequena zona, a parte intermédia, que é pouco desenvolvida em humanos.

Embriologicamente, as duas porções da hipófise tem origem de fontes distintas – a


adenohipofise da bolsa de Rathke, do epitélio faríngeo, que explica a natureza epitelióide de
suas células; a neurohipófise derivada do crescimento de tecido neural do hipotálamo, que
explica a presença de grande número de células do tipo glial.

Seis hormônios peptídeos importantes e outros hormônios são secretados pela hipófise anterior,
e dois hormônios peptídeos pela hipófise posterior.

ADENOHIPÓFISE

 GH – hormônio do crescimento: promove crescimento de todo o organismo.


 Adrenocorticotropina (corticotropina) – controla a secreção de alguns hormônios
adrenocorticais que afetam o metabolismo das proteínas, glicose e gordura.
 Hormônio estimulante da tireoide (tireotropina) – controla a secreção de tiroxina e tri-
iodotironina e a velocidade da maioria das reações químicas intracelulares.
 Prolactina – desenvolvimento da glândula mamaria e produção do leite
 Hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH) – crescimento dos
ovários e testículos.

NEUROHIPÓFISE

 Hormônio antidiurético (vasopressina) – controla a excreção da agua na urina


 Ocitocina – auxilia na ejeção do leite pelas glândulas mamárias para o mamilo e auxilia
durante o parto

A hipófise anterior contém tipos celulares diferentes que sintetizam e


secretam hormônios
Em geral existe apenas um tipo celular para cada hormônio principal, formada na adenohipófise.

1. Somatotropos – hormônio do crescimento humano (GH)


2. Corticotropos – adrenocorticotropina (ACTH)
3. Gonadotropos – hormônios gonadotrópicos, como LH e FSH
4. Tireotropos – hormônio estimulante da tireoide (TSH)
5. Lactotropos – prolactina (PRL)
30% a 40% das células da hipófise são somatotrópicas e 20% são corticotrópicas, os outros
tipos são 3% a 5% do total.

Os hormônios da hipófise posterior são sintetizados por corpos celulares


no hipotálamo
Os corpos das células que secretam os hormônios da hipófise posterior não estão localizados na
hipófise, mas em neurônios magnocelulares, nos núcleos supatrópticos e paraventriculares do
hipotálamo. Os hormônios são então transportados no axoplasma das fibras nervosas que
seguem do hipotálamo para a hipófise posterior.

O hipotá lamo controla a secreçã o


hipofisá ria
Quase toda a secreção hipofisária é controlada por sinais hormonais e nervosos, vindos do
hipotálamo.

A secreção efetuada pela região posterior da hipófise é controlada por sinais neurais que tem
origem no hipotálamo e termina na região hipofisária posterior. A secreção da região anterior da
hipófise é controlada por hormônios, chamados de hormônios liberadores e hormônios
hipotalâmicos inibidores, secretados pelo próprio hipotálamo, que são então levados por
minúsculos vasos sanguíneos chamados de vasos porta hipotalâmico-hipofisários.

O hipotálamo recebe sinais vindos de diversas fontes do sistema nervoso. Ele é o centro coletor
de informações relativas ao bem estar interno do organismo, e grande parte dessa informação é
utilizada para controlar as secreções dos vários hormônios hipofisários, globalmente
importantes.

Vasos sanguíneos porta hipotalâmico-hipofisários da adenohipófise


A adenohipófise é uma glândula muito vascularizada, com capilares sinusóides em grande
numero. Quase todo o sangue que entra nesses sinusóides passa primeiro, por outro leito
capilar, na porção inferior do hipotálamo (eminencia mediana). O sangue então flui pelos
pequenos vasos sanguíneos porta hipotalâmico-hipofisários para os sinusóides da região
anterior da hipófise.
Os hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores são secretados na
eminencia mediana
Neurônios especiais no hipotálamo sintetizam e secretam os hormônios liberadores e inibidores
que controlam a secreção dos hormônios da hipófise anterior.

Esses hormônios são imediatamente captados pelo sistema porta hipotalâmico-hipofisários e


levados, diretamente, para os sinusóides da hipófise anterior.

Os hormônios liberadores e inibidores do hipotálamo controlam a secreção


da hipófise anterior

Os principais são:

 Hormônio liberador da tireotropina (TRH)


 Hormônio liberador de corticotropina (CRH)
 Hormônio liberador do hormônio do crescimento (GHRH) – provoca o hormônio inibidor
do crescimento (somatostatina)
 Hormônio liberador da gonadotropina (GnRH)
 Hormônio inibidor da prolactina (PIH)

Áreas específicas no hipotálamo controlam a secreção de hormônios


liberadores e inibidores hipotalâmicos específicos
Os corpos celulares neuronais, que dão origem a essas terminações nervosas na eminencia
mediana, estão localizadas em áreas discretas do hipotálamo, e ainda não são bem conhecidos.

Funçõ es fisioló gicas do hormô nio do


crescimento
Todos os principais hormônios da adenohipofise, com exceção do GH, exercem seus efeitos
principais por meio do estimulo de glândulas-alvo, incluindo a glândula tireoide, o córtex adrenal,
os ovários, os testículos e as glândulas mamarias.
O GH promove o crescimento de diversos tecidos do organismo
O GH, ou hormônio somatrópico ou somatotropina, provoca o crescimento de quase todos os
tecidos do corpo que são capazes de crescer, o aumento de tamanho das células do número de
mitoses, multiplicação e diferenciação especifica.

O GH apresenta diversos efeitos metabólicos


Ele (1) aumenta a síntese de proteínas, (2) aumenta a mobilização dos ácidos graxos do tecido
adiposo, aumentando o nível de ácidos graxos no sangue e aumento da utilização dos ácidos
graxos e (3) redução da utilização da glicose pelo organismo. Ele aumenta a quantidade de
proteína no corpo, utiliza as reservas de gorduras e conserva os carboidratos.

O GH promove a deposição de proteínas nos tecidos

Através:

 Aumento do transporte de aa através das membranas celulares


 Aumento da tradução do RNA para provocar a síntese de proteínas pelos ribossomos
 Aumento da transcrição nuclear do DNA para formar RNA – promove maior síntese
proteica e o crescimento se houver energia, aa e vitaminas
 Redução do catabolismo das proteínas e dos aa

O GH aumenta a utilização das gorduras como fonte de energia

Ele libera os ácidos graxos do tecido adiposo, aumentando assim a sua concentração nos
líquidos orgânicos. Nos tecidos do organismo, aumenta a conversão de ácidos graxos em acetil-
coA e sua utilização como fonte de energia.

Para a mobilização de gorduras, pelo GH, existe a necessidade de varias horas, já para o
aumento da síntese se proteínas, leva alguns minutos.

Efeito “cetogênico” do GH em excesso. No excesso de GH a mobilização das gorduras no


tecido adiposo fica tão acentuada, que grande quantidade de acido acetoacético é formada pelo
fígado e liberada nos líquidos orgânicos, gerando quadro de cetose e deposição de gordura no
fígado.

O GH reduz a utilização dos carboidratos


Ele tem efeitos que (1) diminuem a captação da glicose pelos tecidos, (2) aumentam a produção
de glicose pelo fígado e (3) aumentam a secreção de insulina.

Cada uma dessas alterações resulta da resistência a insulina, já que ele atenua as ações da
insulina (estimula a captação e utilização da glicose pelos músculos esqueléticos e tecido
adiposo) e inibe a gliconeogênese pelo fígado; isso leva a aumento da concentração de glicose
no sangue e aumento compensatório da secreção de insulina. Por isso, os efeitos do GH são
chamados de diabetogênicos, produzindo alterações semelhantes a portadores de diabetes
melitus tipo 2.

Os aumentos induzidos pelo GH, nas concentrações séricas de ácidos graxos, contribuem para
a deficiência das ações da insulina, sobre a utilização de glicose pelos tecidos.
Necessidade de insulina e carboidratos para ação promotora do crescimento do GH. O GH
não é capaz de induzir crescimento em animais desprovidos de pâncreas e não induz o
crescimento se carboidratos forem excluídos da dieta. Isso demonstra que a atividade
apropriada de insulina e disponibilidade adequada de carboidratos são necessárias para a
eficácia do GH.

O GH estimula o crescimento das cartilagens e dos ossos


Isso resulta de efeitos múltiplos do GH nos ossos, incluindo (1) aumento da deposição de
proteínas pelas células osteogênicas e condrocíticas, (2) aumento da reprodução dessas
células, (3) efeito especifico de conversão de condrócitos em células osteogênicas, causando
assim a deposição de osso novo.

Existem dois mecanismos principais de crescimento ósseo. Primeiro, os ossos longos crescem
em comprimento nas cartilagens epifisárias e ocorre deposição de nova cartilagem, seguida por
conversão em osso novo. Em segundo lugar, os osteoblastos, n periósteo, depositam osso novo
nas superfícies do osso mais antigo, enquanto osteoclastos removem o osso antigo. O GH age
como forte estimulador dos osteoblastos, então ossos podem continuar a aumentar de
espessura durante toda a vida, sob a influência do GH.

O GH exerce grande parte de seus efeitos através de substancias


intermediarias chamadas de “somatomedinas” (fatores de crescimento
semelhantes a insulina”)
O GH leva o fígado a formar diversas proteínas pequenas, as somatomedinas, que apresentam
o efeito de aumentar todos os aspectos do crescimento ósseo. Muitos dos efeitos das
somatomedinas sobre o crescimento são similares aos efeitos da insulina sobre o crescimento.

Quatro somatomedinas foram isoladas, mas a mais importante é a somatomedina C – IGF-1.

A maioria, se não todos, os efeitos do GH resulta da somatomedina C e outras, sobre os ossos e


outros tecidos periféricos.

Curta duração da ação do GH mas ação prolongada da somatomedina C

O GH tem ligação fraca com as proteínas plasmáticas no sangue, então é rapidamente liberado
do sangue para os tecidos, tendo meia vida de 20 minutos. Já a somatomedina C tem ligação
forte, é liberada lentamente do sangue para os tecidos, e tem meia vida de 20 horas.

Regulação da secreção do GH
Após a adolescência, a secreção diminui lentamente com o passar dos anos, sendo que em
pessoas idosas está a 25% do nível encontrado na adolescência.

O padrão de secreção do GH é pulsátil, aumentando e diminuindo. Diversos fatores relacionados


com o estado nutricional da pessoa ou ao estresse estimulam a sua secreção: jejum
(principalmente deficiência grave de proteínas), hipoglicemia ou baixa concentração de ácidos
graxos, exercício, excitação, trauma e grelina, além das 2 primeiras horas de sono profundo.
Sob condições agudas, a hipoglicemia é mais estimulante que a redução da ingesta de
proteínas, já em condições crônicas o contrário é verdadeiro.

Sob condições graves de desnutrição proteica a ingestão isoladamente de quantidade


adequadas de calorias não é capaz de corrigir o excesso de produção do hormônio do
crescimento.

O papel do hipotálamo, hormônio liberador do hormônio do crescimento e da


somatostatina no controle da secreção do hormônio do crescimento

A secreção do GH é controlada por dois fatores secretados no hipotálamo e então transportados


para a adenohipofise pelos vasos porta hipotalâmicos-hipofisários: o hormônio liberador do
hormônio do crescimento e do hormônio inibidor do hormônio do crescimento (somatostatina).

A região do hipotálamo onde ocorre a origem da secreção do GHRH é o núcleo ventromedial, a


mesma área sensível a concentração de glicose no sangue. A secreção de somatostatina é
controlada por outras áreas próximas no hipotálamo.

Os sinais hipotalâmicos representando as emoções, estresses e traumas são capazes de afetar


o controle hipotalâmico da secreção do GH.

A maior parte do controle da secreção do GH é mediada pelo GHRH, em vez da somatostatina.


O GHRH estimula a secreção do GH e se liga em receptores da membrana celular, ativando o
sistema da adenilato ciclase, aumentando o nível de AMPc.

Quando o GH é administrado diretamente na corrente sanguínea, durante horas, a secreção


endógena do GH diminui. Isso demonstra um feedback negativo.

O maior controlador da secreção do GH é o próprio estado de nutrição tecidual a longo prazo,


especialmente se nível de nutrição proteica.

ANORMALIDADES DA SECREÇÃO DO GH

 Pan-hipopituitarismo: secreção reduzida de todos os hormônios da hipófise anterior.


Pode ser congênita ou ocorrer súbita, resultando quase sempre de tumor hipofisário.
 Nanismo: resulta da deficiência generalizada da secreção da hipófise anterior (pan-
hipopituitarismo) durante a infância. As partes físicas do corpo se desenvolvem na
proporção adequada entre si, mas o desenvolvimento está muito reduzido. A pessoa
nesse caso não entra na puberdade e nunca secreta quantidades suficientes de
hormônios gonadotrópicos para desenvolver as funções sexuais adultas. No tipo de
nanismo em pigmeu africano, a secreção do GH está normal ou elevada, mas existe
incapacidade hereditária de produzir somatostatina C.

Tratamento com GH humano

O GH preparado a partir de animais inferiores não é eficaz nos seres humanos, por isso o
chamamos de “humano”. Agora podemos sintetizar pela escherichia coli.

 Pan-hipopituitarismo no adulto: geralmente por condições tumorais ou trombose nos


vasos sanguíneos hipofisários. Os efeitos gerais são hipotireoidismo, diminuição da
produção de glicocorticoides pelas glândulas adrenais e secreção suprimida dos
hormônios gonadotrópicos. O quadro é de pessoa letárgica, ganhando peso e perde
todas as funções sexuais.
 Gigantismo: as células produtoras do GH ficam excessivamente ativas, e produzem
grandes quantidades de GH. Todos os tecidos do corpo crescem rapidamente, inclusive
os ossos. Se a condição ocorrer antes da adolescência a pessoa se torna um gigante. O
gigante em geral tem hiperglicemia, e desenvolve diabetes.
 Acromegalia: se um tumor ocorrer depois da adolescência, o paciente não pode crescer
mais, mas os ossos fica mais espessos e as partes moles continuam a crescer. Ocorre
protrusão da mandíbula inferior, o nariz dobra de tamanho, e pés e mãos aumentam. As
partes moles também.

Possível papel da diminuição da secreção do GH como causa de mudança associadas ao


envelhecimento

Nas pessoas que perderam a capacidade de secretar o GH, algumas características de


envelhecimento são aceleradas. Há diminuição da deposição de proteínas e aumento da
deposição de gorduras.

Hipó fise posterior e sua relaçã o com o


hipotá lamo
Os pituícitos (astrócitos) dão suporte para grande numero de fibras nervosas terminais e
terminações nervosas de tratos nervosos , que se originam nos núcleos supraóptico e
paraventricular do hipotálamo. Esses tratos chegam a neurohipófise. As terminações nervosas
são botões bulbosos contendo diversos grânulos secretores, localizados na superfície dos
capilares, que secretam o hormônio antidiurético (ADH) e ocitocina.

O ADH é formado nos núcleos supraopticos, e a ocitocina nos núcleos paraventriculares.

Quando os impulsos nervosos são transmitidos para baixo, ao longo das fibras dos núcleos
supraóptico ou paraventricular, o hormônio é imediatamente liberado dos grânulos secretores
nas terminações nervosas por meio do mecanismo secretor usual de exocitose e captado pelos
capilares adjacentes.

Tanto a ocitocina como o ADH são hormônios polipeptídios de 9 aa, quase idênticos, por isso
são similares funcionalmente.

Funções fisiológicas do ADH


O ADH diminui a excreção de agua pelos rins. Na ausência do ADH, os túbulos e ductos
coletores ficam quase impermeáveis a agua, o que impede sua reabsorção significativa, e
permite perda extrema de agua na urina.

Regulação da produção do ADH

O aumento da osmolaridade do liquido extracelular estimula a secreção de ADH. Quando a


solução concentrada de eletrólitos é injetada em artéria que irriga o hipotálamo, os neurônios
ADH nos núcleos supraóptico e paraventricular imediatamente transmitem impulsos para
neurohipofise, e libera grande quantidade de ADH. Já o contrario, suspende a secreção de ADH.

Em algum ponto do hipotálamo existem receptores neuronais modificados chamados de


osmorreceptores. Quando o liquido extracelular fica muito concentrado, inicia sinalização
nervosa apropriada no hipotálamo, para levar a secreção adicional de ADH. O inverso também
vale.

Os líquidos corporais concentrados estimulam os núcleos supraópticos e os líquidos diluídos os


inibe.

O baixo volume sanguíneo e a baixa pressão sanguínea estimulam a


secreção do ADH – os efeitos vasoconstritores do ADH
Ao mesmo tempo em que concentrações minúsculas de ADH levam ao aumento da conservação
de agua pelos rins, concentrações mais elevadas de ADH apresentam potente efeito de
vasoconstrição sobre as arteríolas do corpo, e aumentam a pressão arterial.

Um dos estímulos para uma secreção intensa de ADH é a baixa volemia.

Os átrios contem receptores de distensão, que são excitados pelo enchimento excessivo.
Quando excitados enviam sinais para o cérebro para inibir a secreção de ADH. A diminuição da
distentabilidade dos barorreceptores, das regiões das carótidas, aórtica e pulmonar também
estimula a secreção do ADH.

Hormônio Ocitocina
A ocitocina provoca contração do útero grávido

Ela faz isso no final da gestação, e é responsável pelo nascimento dos bebes.

A ocitocina auxilia na ejeção do leite pelas glândulas mamárias

Tem papel especialmente importante na lactação. Faz com que o leite possa ser expulsa pelos
alvéolos para os ductos da mama, de modo que o bebe pode obtê-lo por meio da sucção.
Através da sucção, provoca transmissão de sinais por nervos sensoriais nos núcleos
paraventricular e supraóptico no hipotálamo. Esse mecanismo é a ejeção do leite ou descida do
leite.

Você também pode gostar