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CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL PODE PREVENIR

DIVERSAS DOENÇAS, ENTENDA AGORA.

Pedagoga explica benefícios, formas de inserir em sua rotina e dicas sobre a contação de histórias

Um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Nova York,


demonstrou que a contação de histórias vai muito além de um agrado para as crianças, pois
traz inúmeros benefícios, como: conexão e desenvolvimento de laços afetivos com as
pessoas no mundo exterior ainda no ventre, introduz gosto pela literatura, desenvolve o
sentido da audição, conexões neurais, melhor desempenho na sua futura vida escolar e
prevenção de comportamentos negativos, como a falta de concentração, obsessão,
agressividade, ansiedade e hiperatividade
Para melhor entendimento sobre o assunto, convidamos Alice Maria Borini Sebastião,
48, pedagoga e ativa com projetos sociais voltados para a integração da contação de histórias
em escolas públicas e particulares da cidade de Suzano, confira agora nossa entrevista:

Repórter: Para darmos início, nos conte um pouco sobre sua trajetória na pedagogia,
trabalhos com a educação infantil até chegar ao estudo sobre a importância da
contação de histórias?

Alice: Trabalho desde muito nova, mas não encontrava aquilo que me fizesse brilhar os olhos.
Já fui operadora de caixa, tentei alguns empreendimentos, porém, não me completavam
profissionalmente. Anos depois, decidi me matricular na faculdade de pedagogia, com grande
dificuldade para pagar cada uma das mensalidades e, como trabalho de conclusão do curso,
comecei os estudos sobre a contação de histórias para a educação infantil, me realizando
como profissional. Atualmente, além de professora, desenvolvo projetos sobre o tema.

R: Alice, qual a diferença entre ler e contar histórias?

Alice: Está é uma diferença muito discreta, mas quando analisada com cuidado conseguimos
concluir que a leitura é fria, direta e objetiva para compreendermos aquilo
que está no texto com exatidão, por outro lado, quando contamos uma
história, trabalhamos com o lúdico de quem está ouvindo. Ou seja, com
fantasias, expressões, emoções, movimentos corporais, conseguimos
construir todo um imaginário cinestésico em nosso ouvinte.

R: É possível dizer que a contação de histórias não é somente uma forma de entreter
as crianças? Por quê?
Alice: Sem dúvidas! Como disse anteriormente, ao contar uma história, estamos
trabalhando no lúdico de cada um e isso nos proporciona não somente
entretenimento consciente, mas diversos benefícios físicos, psicológicos,
a curto, médio e longo prazo. Me arrisco a dizer que em uma lista de
benefícios, o entretenimento ficaria quase que em último lugar.

R: Falando sobre benefícios, quais são os maiores que contação de histórias pode
proporcionar para a educação infantil?

Alice: Não há dúvidas de que a atividade é bastante animada, divertida e prazerosa e que
transforma o espaço da sala de aula. No entanto, o âmbito educativo também deve ser
ressaltado, uma vez que favorece o desenvolvimento cognitivo, físico e socioemocional das
crianças, além da transmissão cultural por meio da oralidade, associação de vivências, ou
seja, as crianças encontram recursos para lidar com situações, conflitos e emoções, incentivo
à leitura e estímulo a expressão.

Além disso, desenvolve o sentido da audição, conexões neurais, melhor desempenho


na sua futura vida escolar e prevenção de comportamentos negativos, como a falta de
concentração, obsessão, agressividade, ansiedade e hiperatividade.

R: Qual a melhor forma de contar essas histórias para as crianças tendo em vista os
benefícios citados?

Alice: Para isso é muito importante escolher um local calmo e adequado. Quando realizo
isso em salas de aula, procuro colocar colchonetes no chão para deixar o ambiente o mais
relax possível, sempre com histórias adequadas a faixa etária, fácil entendimento e
percebendo sempre o que interessa aquela turma. Por exemplo, uma vez eu estava com uma
turma e percebia que histórias com animais e romances não os agradavam, sempre dormiam,
até o momento em que comecei a levar histórias de aventuras. A sala virava uma festa!

R: E para inserir essa prática em escolas públicas, particulares ou até mesmo em casa
qual seria a forma ideal?

Alice: Olha, para isso, eu indico começar a construir um banco de histórias, para que se tenha
em mãos várias opções disponíveis para escolher de acordo com o seu público. Depois
separar um dia na semana para fazer a leitura de algumas páginas e sempre fazer uma pausa
dramática para deixamos animados com a continuação na semana seguinte.
Minha indicação é sempre começar com os livros da coleção da Maria José Dupré, como “A
Mina de Ouro”, são histórias empolgantes, fascinantes e deixam todos com uma expectativa
boa.

R: É possível notar diferenças comportamentais entre crianças com e sem


acesso a contação de histórias?

Alice: Com certeza. Carlos Nougué, professor e filósofo, já dizia que as


pessoas que não têm contato com as artes do belo na educação infantil,
possuem mais dificuldades com criatividade, pensamento próprio,
independência, soluções de conflitos e, a literatura, é uma dessas artes.

R: Para finalizar, como pais, professores e pedagogos podem trabalhar isso e inserir
em seu dia-dia?

Alice: Acredito que a melhor maneira é se iniciar desde a gravidez. Parece complicado e até
um pouco sem noção, mas cria ritmo, vira rotina e quando você percebe, se torna tão natural
quanto almoçar, jantar e tomar café da manhã. Em escolas, sempre indico projetos, aulas
específicas como disse anteriormente e metodologias que permitam esta relação criança e
contação de histórias.

Portanto, esta é uma didática simples, fácil e objetiva que, quando aplicada ainda na
educação infantil, permite diversos benefícios na vida de sua criança.

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