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Orient. e Transformações Do Trabalho
Orient. e Transformações Do Trabalho
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RESUMO
Os objetivos deste artigo são fazer uma análise crítica das relações existentes entre as práticas de Orien-
tação Profissional e a evolução das relações de trabalho na sociedade capitalista, bem como refletir sobre
as repercussões na Orientação Profissional brasileira da atualidade. Inicialmente, é feita uma breve ex-
posição sobre o conceito de trabalho ao longo da história humana. Em seguida, alguns comentários são
feitos sobre a evolução do capitalismo e da sociedade industrial, com ênfase nas características do mun-
do do trabalho da sociedade contemporânea. Por fim, é discutido o papel do orientador profissional
dentro na nova ordem social e econômica mundial.
Palavras-chave: orientação profissional; trabalho; globalização.
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Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Rua Ramiro Barcelos, 2600,
sala 212, 90035-003, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 33165454. E-mail: mcpl@terra.com.br
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Endereço para correspondência: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Psicologia, Rua Ramiro Barcelos, 2600,
secretaria do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento, 90035-003, Porto Alegre, RS. Fone: (51) 33165246.
E-mail: msparta@uol.com.br
14 Maria Célia Lassance & Mônica Sparta
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É interessante salientar que De Masi (1999a; 1999b) descreve o capitalismo e o socialismo como duas faces da mesma sociedade
industrial, já que o trabalho industrial é predominante em ambos os modos de produção.
cial a ele inerente (Lassance, 1997; Lisboa, 2000, Orientação Profissional, cujo foco deixou de ser
2002; Luna, 1997; Sarriera, 1998). a produção e passou a ser o indivíduo, sujeito de
Na prática, a Orientação Profissional brasilei- escolha. O novo compromisso ideológico assu-
ra ainda não é capaz de responder a estas necessi- mido pelas práticas de Orientação Profissional foi
dades. Lisboa (1998) denuncia a alienação não só com o sujeito de escolha. Atualmente, na socie-
dos jovens, mas dos próprios orientadores profis- dade pós-industrial, a Orientação Profissional tem
sionais, que, na maioria das vezes, continuam a dois caminhos a seguir: contribuir para a super-
fazer seu trabalho sem reflexões sobre as mudan- valorização do individualismo, assumindo a
ças no mundo do trabalho e sem a assunção de postura ideológica de reprodutora social das per-
qualquer compromisso social. No Brasil, muitos versidades da nova ordem econômica mundial, ou
esforços ainda têm que ser feitos para que os orien- promover uma reflexão crítica e ética sobre o
tadores profissionais sejam mais bem preparados, compromisso social implicado nas escolhas pro-
não só teórica e tecnicamente, mas também criti- fissionais dos indivíduos, assumindo um papel
camente, para a execução do seu trabalho. de agente de mudança social. Acreditamos que a
A Orientação Profissional nasceu como pro- segunda opção é o melhor caminho a ser seguido
duto da sociedade industrial e suas práticas, ini- pela Orientação Profissional, defendendo a ne-
cialmente, estavam voltadas para o incremento cessidade urgente de reflexão acerca da forma-
da produção industrial. O compromisso ideoló- ção de orientadores profissionais no Brasil, de
gico da Orientação Profissional, neste momento, forma a alinhar nossos procedimentos com as
era com a produção. O declínio da sociedade in- especificidades de nossas necessidades de pro-
dustrial trouxe consigo um novo paradigma de dução e inserção no trabalho.
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Recebido: 20/04/2003
Revisado: 02/07/2003
Aceite final: 04/07/2003
Sobre as autoras
Maria Célia Lassance é Psicóloga formada pela PUC/SP, Mestre em Aconselhamento Psicopedagó-
gico pelo Programa de Pós Graduação em Educação da PUC/RS, Professora do Departamento de
Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade do Instituto de Psicologia da UFRGS, Coordenadora
do Serviço de Orientação Profissional da UFRGS e Presidente da Associação Brasileira de Orientadores
Profissionais Gestão 2001-2003.