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Resenha do livro Aspectos do Drama Contemporâneo de C.G.

Jung

Jung (2012) inicia o livro deixando claro o quanto é importante para a


Psicologia reconhecer que o homem é inseparável de seu contexto social e
que, portanto, o psicólogo não pode ignorar as questões políticas de seu
tempo.

Então, o autor prossegue ao analisar a situação política na Alemanha


após a Segunda Guerra Mundial e demonstra que o nazismo surgiu graças à
possessão da nação alemã por um complexo representado por Wotan, o “deus
da tormenta e da efervescência”, próprio da mitologia germânica, que
desencadeia paixões e lutas, além de manipular as forças ocultas (JUNG,
2012).

Para a Psicologia Junguiana, os deuses mitológicos seriam, na


realidade, “personificações de forças psíquicas” pertencentes a uma cultura
específica que poderiam se manifestar em um povo em momentos de crise,
assim como um complexo possui um indivíduo (JUNG, 2012).

Jung (2012) também nos introduz ao conceito de culpa coletiva, que não
pode ser aplicada somente a pessoa que violou um direito, isto é, tem seus
limites ampliados para todas as proximidades que tiveram alguma relação
direta ou indireta com aqueles que cometeram um crime, não importa se com
justiça ou não. Por exemplo, em relação ao nazismo, ele diz que o extermínio
de judeus foi algo que não só manchou a reputação dos alemães, mas causou
vergonha a toda a Europa na época. A culpa coletiva não deve ser confundida
com a individual, pois a culpa coletiva se trata de um fenômeno psíquico
apenas, seria algo que paira sob todos os relacionados como uma nuvem
negra. O mal afeta a todos, tanto o assassino como os arredores, não somente
às suas vítimas. Afinal, todos os homens se relacionam entre si, inclusive
inconscientemente, e não há como um crime ocorrer de forma isolada.

Em momentos de crise, busca-se uma figura de autoridade, é o que


acontece quando a esperança é toda depositada no Estado. No entanto, isto
leva a um desequilíbrio, pois “quem tudo promete nada cumpre”,
Enfim, Jung afirma que o mal deve ser reparado de alguma maneira,
pois “a toda ação corresponde uma reação”. Assim sendo, toda crise deve ser
encarada como uma oportunidade de crescimento psicológico por se tratarem
de confrontos entre pares de opostos. Este foi o caso descrito da Alemanha. O
que quer dizer que ao não admitirmos a nossa própria culpa por determinado
dano e ao projetá-la nos outros, perdemos, então, uma ótima chance de
integrar a nossa sombra e crescer como pessoas ou nações (JUNG, 2012).

Referências

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