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LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

A P R E S E N TA Ç Ã O

Olá, concurseiros! Como estão? Me chamo para o Corpo de Fuzileiros Navais, onde tive o prazer
Ronaldo e sou professor de legislações administrativas de servir durante um ano e dois meses. Depois como
e Direito Administrativo. Primeiramente, quero lhe escriturário do BRB (Sociedade de Economia Mista
parabenizar pelo seu esforço, pois, se está lendo este do Distrito Federal), mas fiquei pouco tempo. Na
material, significa que está engajado em conquistar sequência vieram Polícia Rodoviária Federal e técnico
algo melhor para o seu futuro: uma vaga nas fileiras do MPU, mas meu coração falou mais alto quando a
policiais! Polícia Militar do Distrito Federal me nomeou. E essa é
Deixe eu me apresentar para você. Sou Policial a corporação à qual me dedico hoje.
de carreira do Distrito Federal e Bacharel e Mestre em Ao longo do caminho fui me especializando
Direito pela Universidade de Brasília. Gostaria de dizer e, por isso, fui requisitado para exercer funções fora
que passei em todos os concursos que fiz, mas isso da Polícia Militar do DF. Trabalhei na Presidência
seria uma mentira deslavada da minha parte. Sim, fui da República e realizei mais cinquenta missões
aprovado em alguns concursos, mas fui reprovado em internacionais, podendo conhecer inúmeras culturas
muitos tantos outros que me submeti a fazer. Enfim, e entender mais sobre os sistemas de organização de
muitos foram os dias que imaginei que aquela seria segurança pública dos locais que visitei.
minha última prova, mas, depois do choro, levantei a Hoje, como gestor público, me vejo sempre no
cabeça e fui para a próxima. Nessa jornada tive muitas dever de orientar novos servidores em seus direitos
felicidades e espero, de coração, que você também e deveres. E espero que eu possa lhe ajudar na sua
sinta esse gosto maravilhoso de tomar posse em um jornada rumo à aprovação.
cargo público. Meu primeiro concurso foi aos 18 anos Professor Ronaldo Paiva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

1. DISPOSIÇÕES GERAIS 4

2 . DOS PRINCÍPIOS, DAS DIRETRIZES E DAS COMPETÊNCIAS 7


2 .1 PRINCÍPIOS 7

2 . 2 DIRETRIZES 10

2 . 3 COMPETÊNCIAS 15

3. DA ORGANIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO 18
3.1 DA DELEGACIA-GERAL DE POLÍCIA CIVIL 19

3. 2 DO CONSELHO SUPERIOR DE POLÍCIA CIVIL 19

3. 3 DA CORREGEDORIA-GERAL DE POLÍCIA CIVIL 19

3.4 DA ESCOLA SUPERIOR DE POLÍCIA CIVIL 20

3.5 DAS UNIDADES DE EXECUÇÃO 20

3.6 DAS UNIDADES DE INTELIGÊNCIA 22

3.7 DAS UNIDADES TÉCNICO-CIENTÍFICAS 23

3. 8 DAS UNIDADES DE APOIO ADMINISTRATIVO E ESTRATÉGICO 24

3.9 DAS UNIDADES DE SAÚDE 24

3.1 0 DAS UNIDADES DE TECNOLOGIA 25

4 . DOS POLICIAIS CIVIS 25


4 .1 DO QUADRO POLICIAL 25

4 . 2 DO CONCURSO PÚBLICO E DA INVESTIDURA 26

4 . 3 DAS PROMOÇÕES 28

4 .4 DAS PRERROGATIVAS, DAS GARANTIAS, DOS DIREITOS, DOS DEVERES E DAS VEDAÇÕES 30

4 .5 PRERROGATIVAS 30

4 .6 DIREITOS E GARANTIAS 31

4 .7 DEVERES DOS POLICIAIS CIVIS 40

4 . 8 VEDAÇÕES 41

5. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 41

QUESTÕES 46

GABARITO 50
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

INTRODUÇÃO

Quando tratamos especificamente das Polícias for necessário ao cumprimento da citada Lei.
Civis, devemos lembrar que se trata de uma instituição Obviamente que, os casos que não são tratados
com previsão direta na Constituição Federal de 1988, na Lei 14.735, de 23 de novembro de 2023, cada Estado
artigo 144. Uma vez dito isso, sabemos, portanto, e o Distrito Federal poderá exercer a sua autonomia
que se trata de um órgão originário da própria Carta legislativa plena.
Magna e, por isso, precisa ter prerrogativas próprias A pergunta clara é: já que cada ente federativo
para poder fazer valer a Lei na busca contínua de possui a sua respectiva polícia civil e são dotados de
ordem pública. capacidade legislativa, qual o propósito de uma lei
A Lei 14.735, de 23 de novembro de 2023, a federal regular competências e organização para as
chamada Lei Orgânica das Polícias Civis ou também Lei instituições policiais civis? A resposta possui caráter
Geral das Polícias Civis, traz em seu conteúdo normas histórico e bem logo, inclusive, entretanto o grande
de caráter geral que devem ser aplicadas em todas objetivo da lei é definir princípios, critérios, diretrizes
as instituições policiais civis dos Estados e Distrito básicas para orientar e padronizar o serviço policial
Federal. Trata-se de uma regra geral, com capacidade civil. Além disso, garante uma organização básica em
legislativa plena, que dá competências suplementares unidades e cargos, cujo teor também advém de um
para todos os governadores complementarem o que critério de padronização.

1 . DISPOSIÇÕES GERAIS

A Lei 14.735, de 23 de novembro de 2023, Estabelece, também, que a função de polícia civil
estabelece que as polícias civis são instituições está sujeita a condições adversas de segurança, com o
permanentes, com funções típicas de Estado, ou seja, risco à vida, inclusive de serviços noturnos e chamados
de caráter contínuo, essenciais à justiça criminal e a qualquer hora do dia, cumprindo diligências em todo
imprescindível à segurança pública e à garantia dos território nacional. Esse reconhecimento feito pela é
direitos fundamentais no âmbito da investigação fundamental para que cada Estado e o Distrito Federal
criminal. Deve ser dirigida por delegados de polícia em possa regular internamente os devidos adicionais e
atividade de classe mais elevada dentro do plano de equipamentos necessários ao desempenho da função
carreira de cada instituição e nomeado pelo respectivo policial no que tange às condições salubres de trabalho
governador dos Estados e do Distrito Federal. e valorização profissional da categoria policial civil.

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Vejamos o que diz a letra da Lei:

Art. 1º As polícias civis, dirigidas por delegado de polícia em atividade e de


classe mais elevada nomeado pelos governadores dos Estados e do Distrito
Federal, são instituições permanentes, com funções exclusivas e típicas de
Estado, essenciais à justiça criminal e imprescindíveis à segurança pública
e à garantia dos direitos fundamentais no âmbito da investigação criminal.

Parágrafo único. A função de polícia civil sujeita-se à prestação de serviços


em condições adversas de segurança, com risco à vida, e de serviços
noturnos e a chamados a qualquer hora, inclusive com a realização de
diligências em todo o território nacional.
POLÍCIA CIVIL

Ins�tuição de Estado Ins�tuição permanente

Imprescindíveis à segurança pública e à


Essencial à jus�ça criminal garan�a dos direitos fundamentais no
âmbito da inves�gação criminal

Classe mais elevada e nomeado pelo


Dirigida por Delegado
Governador

Outra informação importante trazida pela LOPC que os órgãos de segurança pública, como as polícias
é a de que todas as Polícias Civis do Brasil integram o civis, militares e Federal, as secretarias de Segurança e
Sistema Único de Segurança Pública – SUSP, e compõem as guardas municipais serão integrados para atuar de
o sistema de governança da política de segurança forma cooperativa, sistêmica e harmônica.
pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Isso não subordina as Polícias Civis à União,
Mas o que é o SUSP? apenas cria uma metodologia de integração entre as
Criado pela Lei nº 13.675/2018, o SUSP dá forças de segurança pública e dá à União o dever de criar
arquitetura uniforme ao setor de segurança pública em diretrizes e metas para todas as forças de segurança
âmbito nacional e prevê, além do compartilhamento de em nível Nacional. Tais metas e diretrizes já existem e
dados, operações e colaborações nas estruturas federal, estão contempladas pelo Plano Nacional de Segurança
estadual e municipal. O SUSP trouxe novas regras, em Pública, cuja vigência é de 2021-2030.

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Vejamos o que a Lei nos fala:

Art. 2º As polícias civis são integrantes operacionais do Sistema Único de


Segurança Pública (Susp) e compõem o sistema de governança da política
de segurança pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

Em conformidade com o artigo 3º, da LOPC, cada Estado e o Distrito Federal, por iniciativa de cada Governador,
deverá estabelecer regras específicas sobre:

Estrutura, organização,
competências específicas e
funcionamento de
unidades

Requisitos para inves�dura


em cada cargo, com as
devidas promoções e
progressões

Atribuições funcionais de
Respeitando a LOPC
Compete aos cada cargo
Governadores dos
Estado e Distrito
Federal estabelecer
Direitos, prerroga�vas,
normas sobre:
garan�as, deveres e
vedações

Código de É�ca
e Disciplina

Diretrizes para a
elaboração da proposta
orçamentária

Uma atenção especial é que cada ente da das Polícias Civis. E nos casos em que não haja previsão
federação (Estados e Distrito Federal) pode, além dos na citada Lei, cada ente da federação poderá exercer
assuntos estabelecidos no artigo 3º, elaborar normas competência legislativa plena, desde que não venha a
suplementares em matérias pertinentes à Lei Orgânica colidir com as diretrizes estipuladas na LOPC.

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2 . DOS PRINCÍPIOS, DAS DIRETRIZES E DAS COMPETÊNCIAS

A Lei orgânica das polícias Civis traz uma série de princípios, diretrizes e competências que devem ser observadas
por todas as instituições e também na formação de novas normas suplementares a ela. Dessa forma, é importante
saber que esse pode ser um grande objeto de provas. Precisamos ficar atentos a isso.
São considerados princípios institucionais básicos, sem prejuízo de outros previstos em legislações ou
regulamentos, os seguintes;

2 .1 PRINCÍPIOS

1. Proteção da dignidade humana e dos direitos fundamentais no âmbito da investigação criminal


Aqui podemos notar um duplo conceitos ao princípio. O primeiro é o aspecto externo, ou
seja, as Polícias Civis precisam ter uma postura social que visa o cumprimento da dignidade humana,
dando o devido tratamento digno aos indivíduos que investigam, bem como ao sistema de garantias
previsto nos direitos fundamentais constitucionais. Contudo, olhando para os princípios de forma
interna, cabe também à instituição policial civil tratar seus servidores de forma digna e garantindo o
cumprimento do mesmo sistema de garantias previsto na Carta Magna.

2. Discrição e preservação do sigilo necessário à efetividade da investigação e à salvaguarda da


intimidade das pessoas
Aqui estamos diante de uma das exceções constitucionais ao princípio da publicidade.
Obviamente que, durante as investigações policiais, para garantia da própria eficiência da
investigação, faz necessária a reserva das informações pertinentes ao processo inquisitório e aos
atos preparativos.

3. Hierarquia e disciplina
Podemos afirmar que esses são os dois pilares de uma instituição policial. O princípio da
hierarquia se relaciona diretamente com as distribuições de funções em escalões e definindo
subordinações, necessárias às competências cabíveis de cada agente envolvido. Já a disciplina se
relaciona com a capacidade que a instituição tem de apurar e punir os ilícitos administrativos que
envolvam seus agentes públicos.

4. Participação e interação comunitária


Um dos conceitos mais modernos nas atividades policiais em todo o mundo é a chamada
polícia cidadã. A ideia é buscar uma interação positiva com sociedade para aumentar o nível de
confiabilidade da instituição e da sociedade.

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5. Resolução pacífica de conflitos


Aqui, o princípio em tela busca materializar as medidas despenalizadoras que podem ser
destacadas mediante Termo Circunstanciado de Ocorrência, junto ao respectivo Ministério Público
do ente federativo, por meio de termo de ajuste de conduta. A ideia é que, para os crimes de menor
potencial ofensivo, com pena cominada não superior a 2 anos e não reincidente. Visa, também, na
busca pela não aplicação da violência durante a persecução penal, ou seja, o uso da força seria uma
exceção, e não a regra.

6. Lealdade e ética
Visando o princípio da moralidade, constante na Carta Magna, o presente princípio visa
ratificar a lealdade dos servidores à instituição policial civil e que sua conduta seja moldada em
valores éticos, dentro e fora da instituição.

7. Busca da verdade real


Sabendo que no Brasil não é aplicado o princípio da verdade absoluta, pois, mesmo que haja
notório conhecimento da autoria dos fatos, sempre será garantido ao acusado a ampla defesa e o
contraditório. A verdade Real é o princípio que norteia toda a Administração Pública quando no
exercício de suas capacidades punitivas, seja pelo Poder Disciplinar, seja pelo Poder de Polícia. O
Administrador deve estar o mais perto da verdade real, ou seja, aquilo que de fato ocorreu e, para
isso, deve se valer de provas e circunstâncias que o levam para o mais próximo da verdade possível.

8. Livre convencimento técnico-jurídico do delegado de polícia


Precisamos pontuar bem esse princípio! Primeiro: não se trata do princípio do livre
conhecimento das coisas que possui o Juiz de Direito. Aqui, o princípio pauta-se pela tecnicidade
dos elementos de formação do julgamento do Delegado sobre o que de fato ocorreu.

Como professor, já adianto que as bancas irão dizer que é um princípio aplicado a todas as
autoridades policiais e você, como um concurseiro padrão que é, irá marcar como item errado, haja
vista ser um princípio PRÓPRIO ao Delegado de Polícia. Note, ainda, que se trata de um princípio
congruente ao Princípio da Busca da Verdade Real, citado logo acima.

9. Controle de legalidade dos atos policiais civis


Como se trata de um princípio aplicado às instituições policiais civis, podemos dizer que se
trata de autotutela, cuja capacidade é de revisar os próprios atos praticados e, nesse caso, anulá-los
quando eivados de ilegalidades.

Atenha-se ao fato de o princípio não trazer o controle de mérito administrativo, pois, os


processos investigativos são dotados de vinculação à Lei.

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10. Uso diferenciado da força para preservação da vida, redução do sofrimento e redução de danos
Como dito antes, no princípio da Resolução Pacífica de Conflitos, o uso da força é exceção,
devendo ser provocado e, mesmo assim, precisa ser justo e proporcional caso concreto. Atualmente,
para fins de contenção de injusta agressão, instituições policiais buscam usar armas não letais para
redução de danos e, sabendo que tal princípio irá nortear a conduta das instituições.

11. Continuidade investigativa criminal


Tal princípio visa pela não interrupção do processo investigativo. Ou seja, que ele deve ter
início, meio e fim. Faz-se necessário que os processos de investigação tenham uma conclusão
baseada no desenrolar processual. Não obstante, a instrução do processo deve seguir ritos e prazos
legais, sendo improdutiva a interrupção imotivada do processo investigativo.

12. Atuação imparcial na condução da atividade investigativa e de polícia judiciária


Clara aplicação do princípio constitucional da Impessoalidade. Nada mais coerente do que um
processo imparcial, não motivado por razões pessoais que implicariam a própria lisura do processo.
Aqui, podemos vincular inclusive a ideia de impedimentos e suspeições legais.

13. Política de gestão direcionada à proteção e à valorização dos seus integrantes


Várias instituições já aplicam políticas internas de valorização dos profissionais policiais. O
princípio, de forma ampla, incentiva a aplicação dessas políticas de valorização como, por exemplo,
qualidade de vida no trabalho, reconhecimento por elogios e/ou condecorações, dispensas por
recompensa e até a promoção por merecimento nos casos regulamentados em Lei.

14. Unidade de doutrina e uniformidade de procedimento


Quando falamos de doutrina, significa dizer que as metodologias de investigação, perícias e
procedimentos auxiliares em geral, precisam ser padronizadas. Tal princípio visa uma uniformidade
procedimental que pode auxiliar em ações conjuntas entre instituições policiais, bem como a
segurança jurídica na formação de provas como, por exemplo, a cadeia de custódia prevista no Código
de Processo Penal, dentre outras metodologias. O fato é que esses padrões de processo e doutrina
necessitam de regulamentação e contínua aplicação e aprendizado, fazendo com que as instituições
policiais mantenham seu corpo funcional em plena capacidade para exercer tal padronização.

15. Autonomia, imparcialidade, tecnicidade e cientificidade investigativa, indiciatória, inquisitória,


notarial e pericial
Aqui temos uma vinculação direta ao princípio da Unidade de doutrina e uniformidade de
procedimentos. Notoriamente aplicada ao levantamento de vestígios relevantes para formação de
provas na persecução penal.

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16. Essencialidade da investigação policial para a persecução penal


Apenas de a Doutrina majoritária brasileira dispor que o inquérito não é peça essencial
na persecução penal, podemos afirmar que hoje ele vem se tornando sim um conjunto de atos
essenciais à compreensão do próprio crime em si e, portanto, influenciador na tomada de decisão
do magistrado.

Aqui, o princípio visa ratificar essa essencialidade, tornando o inquérito ou outras peças
investigativas de natureza equivalente, necessárias à compreensão dos fatos criminosos e, portanto,
fundamental à aplicação da pena correspondente e proporcional.

17. Natureza técnica e imparcial das funções de polícia judiciária civil e de apuração de infrações
penais, sob a presidência e mediante análise técnico-jurídica do delegado de polícia
Mais um princípio que ratifica que deve haver tecnicidade doutrinária e padronizada e que
tais técnicas devem ser aplicadas de forma imparcial, ou seja, impessoal ao que se investiga.

Sabemos que a abertura de uma investigação se dá por portaria do Delegado de Polícia e que
ele, por dever legal, deve presidir o inquérito policial e suas respectivas diligências e investigações,
sendo privativo do Delegado de Polícia o livre convencimento técnico-jurídico do processo.

18. Identidade de nomenclatura para unidades policiais, serviços e cargos de igual natureza
Cada cargo público de natureza policial precisa ter uma nomenclatura própria que corresponda
à natureza do serviço. Nessa mesma linha de pensamento, o princípio também orienta que as
unidades de polícia civil também precisam possuir nomenclaturas próprias para que indiquem seus
serviços, atendendo ao princípio da Especialidade.

19. Transição da gestão da Delegacia-Geral de Polícia Civil, de forma a não prejudicar a continuidade
dos serviços
Um sábio amigo me disse uma vez que as instituições são eternas, mas as pessoas que
ali estão, não. Parafraseando a essência da frase dita a mim, digo que o princípio em tela visa a
garantia da continuidade institucional, não devendo ser afetado pela troca de gestão. Dessa feita,
faz-se necessário que os projetos, programas e tarefas sejam de Estado e de natureza contínua, não
atendendo a vontades pessoais, mas sim institucionais.

2 . 2 DIRETRIZES

Quando falamos de Diretrizes, estamos falando de fato em necessidades específicas que devem ser supridas
pelas instituições policiais civis em todo Brasil. A LOPC traz diretrizes específicas para que, na prática, sejam aplicados
concretamente todos os princípios relacionados no tópico anterior. Vamos ver as Diretrizes:

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I - planejamento e distribuição do efetivo policial, por resolução do Conselho Superior de Polícia


Civil, proporcionalmente ao número de habitantes, à extensão territorial e aos índices de
criminalidade da circunscrição.
O artigo 9º da LOPC traz para a gente o que é o Conselho Superior de Polícia Civil, que deverá
compor a estrutura básica de todas as instituições policiais civis dos Estados e Distrito Federal. O
Conselho Superior de Polícia Civil, presidido pelo Delegado-Geral e integrado por policiais civis, é
composto por representantes de todos os cargos efetivos da corporação, com a possibilidade de
eleição de seus membros e participação paritária, respeitada a lei do respectivo ente federativo.
O Conselho possui várias competências e capacidades, uma delas é a emissão de resoluções
para garantia do planejamento e distribuição proporcional do efetivo policial civil aos número de
habitantes, extensão territorial e índice de criminalidade da respectiva circunscrição.

II - observância de caráter técnico, científico e jurídico na análise criminal da investigação policial.


Inclusive já vimos essa mesma temática como um princípio orientador. O fato é que tudo gira
sobre o que é chamado de Cadeia de Custódia, que, por sua vez, visa a garantia da idoneidade na
formação de provas que surgem durante o processo investigativo. Observar o caráter técnico de
um procedimento, aplicando ciência metodológica e garantindo a validade jurídica de todo esse
procedimento dentro do processo.

III - promoção da produção de conhecimento sobre segurança pública com base técnica e científica.
Uma das grandes evoluções das áreas policiais nos últimos anos é exatamente a produção
de conhecimento sobre a temática segurança pública, explicando os fatores criminológicos,
índices criminais, cifras criminais e outros pontos importantes para melhorar o planejamento
policial. A diretriz é clara no sentido de orientar que a própria instituição promova essa produção
de conhecimento e pede que sejam levadas em consideração bases técnicas que justifiquem tal
conhecimento necessário.

IV - atuação especializada e qualificada direcionada à eficiência na repressão e na apuração das


infrações penais.
Premissa básica da atividade policial: quanto mais especializada for em casos específicos, mais
resultados ela terá. A instituição Policial Civil é dotada de várias unidades especializadas e solucionar
delitos específicos, como, por exemplo, homicídios, tráfico de drogas, crimes cibernéticos, etc.

V - ênfase na repressão qualificada aos crimes hediondos e equiparados, à corrupção, à lavagem


de dinheiro, ao tráfico de drogas, ao crime organizado, aos crimes cibernéticos e aos crimes contra
a vida, à administração pública e à liberdade.
A presente diretriz possui vinculação direta à anterior, ou seja, ratifica a necessidade de
unidades especializadas e da contínua especialização policial para o enfrentamento ao crime. Aqui,

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a diretriz é mais pontual, pois trata especificamente de crimes hediondos e equiparados, corrupção,
lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, crime organizado, crimes cibernéticos e os crimes contra a
vida, a administração pública e a liberdade.

VI - cooperação e compartilhamento das experiências entre os órgãos de segurança pública,


mediante instrumentos próprios, na forma da lei.
Vimos, inclusive, sobre a instituição do Sistema Único de Segurança Pública. Entretanto
a cooperação almejada é tanto interna, entre forças de segurança locais, e externas, envolvendo
instituições de outros entes da federação e da própria União. O fato é que a cooperação e o
compartilhamento de experiências entre forças de segurança pública amplia a possibilidade de
eficiência da prestação do serviço público.

VII - integração ao sistema de segurança pública com instituição de mecanismos de governança.


Integrar ao sistema de segurança é fomentar informações úteis e relevantes para que todas as
instituições policiais tenham coparticipação na busca do bem comum. Contudo instituir mecanismos
de governança requer diretrizes conjuntas entre as forças de segurança para definição de lideranças,
estratégias e controle. Basicamente, na prática, tal governança é realizada por órgão central que são
as chamadas Secretarias de Segurança Pública. Não obstante, é totalmente viável e prudente que
também haja governança institucional para as mesmas definições no âmbito interno da corporação.

VIII - gestão da proteção e compartilhamento de seus bancos de dados e demais sistemas de


informação.
Podemos até avocar os conceitos de Tecnologias de informação e Inteligência e Contrainteligência
para compreender a diretriz, mas ela é simples. Trata-se da garantia de uma informação fidedigna
e confiável e, para isso, as instituições policiais civis devem dotar-se de sistemas de informação
confiáveis e preservar seu banco de dados a fim de que não haja inserção de dados não confiáveis.

IX - (VETADO);
Como falado na introdução, alguns artigos e incisos foram vetados pelo Presidente da
República. Os vetos ainda podem ser derrubados pelo Congresso Nacional.
“IX - constituição e proteção da sua base de dados unificada por unidade da Federação, em
conformidade com graus de sigilos estabelecidos pela instituição;”

Razões do veto
“Embora se reconheça a boa intenção do legislador, o dispositivo é impreciso e permite
interpretação no sentido de que cada instituição policial possa atribuir sigilo aos seus bancos de
dados de forma dissociada da legislação federal, o que geraria desorganização da normatização
estabelecida para o direito fundamental de acesso à informação.

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Ademais, a norma contraria a Política Nacional de Segurança Pública, que estabelece entre seus
princípios a publicidade para as informações não sigilosas, além de ensejar a criação de embaraços
à integração de dados, informações e ações necessárias às atividades integradas da Política Nacional
de Segurança Pública.”

X - utilização dos meios tecnológicos disponíveis e atualização e melhorias permanentes das


metodologias de trabalho, para aprimoramento nos processos de investigação.
Já vimos algumas diretrizes pertinentes ao aprimoramento dos sistemas de tecnologia.
Este pela orientação de utilizá-los para melhoria das metodologias de trabalho e para o contínuo
aprimoramento nos processos investigativos.

XI - atendimento imediato e permanente ao cidadão e à sociedade.


Não é uma novidade! As Delegacias de Polícia trabalham em regime integral de horário, ou
seja, funcionam 24 horas por dia.

XII - planejamento estratégico e sistêmico.


A diretriz alia-se à necessidade de governança interna falada em outra diretriz.

XIII - cooperação com a sociedade e com os órgãos do sistema de segurança pública e de justiça
criminal.
Note que como princípio temos a Participação e interação comunitária, e aqui temos que
mobilizar a cooperação da sociedade e com os órgãos do sistema de segurança pública e de justiça
criminal. Tal diretriz interage com o conceito de aproximação da instituição policial com a sociedade
para ganhar mais legitimidade no exercício das atribuições legais.

XIV - padronização da doutrina, dos procedimentos operacionais, formais e administrativos, da


comunicação social e da identidade visual e funcional.
Outra diretriz que se alia a um princípio. A busca da padronização de doutrina não apenas visa
a celeridade processual e de conduta, como também preserva a segurança jurídica quando adotados
procedimentos adequados e proporcionais no cumprimento das atribuições legais. Outro aspecto
da padronização que a diretriz nos traz é o padrão visual das instituições, seja na uniformização dos
prédios e veículos, como na uniformidade visual dos seus integrantes. Isso não apenas facilita a
identificação policial, como orienta o cidadão a buscar a devida ajuda quando necessário. Obviamente
que, durante o processo investigativo, a identificação visual é nociva e complica a investigação em si.
Nesse caso, falamos que se trata de um serviço velado, ou seja, sem a identificação visual à mostra,
nem do policial, nem do veículo policial.

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XV - (VETADO);
Como falado na introdução, alguns artigos e incisos foram vetados pelo Presidente da
República. Os vetos ainda podem ser derrubados pelo Congresso Nacional.
“XV - publicidade dos atos de polícia judiciária e investigativa, nos diversos meios de
comunicação disponíveis, ressalvados os casos em que o sigilo da informação seja imprescindível à
segurança da sociedade e ao bom andamento dos trabalhos policiais;”

Razões do veto
“Apesar da boa intenção do legislador, o dispositivo amplia indevidamente a hipótese legal
de decretação de sigilo na fase do inquérito policial, uma vez que a expressão ‘bom andamento
dos trabalhos policiais’ extrapola a previsão estatuída pelo Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 - Código de Processo Penal, que dispõe que a autoridade assegurará o sigilo necessário à
elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Além disso, a parte inicial do dispositivo contém regra de publicização ampla e irrestrita de
atos policiais, sem ressalva aos direitos fundamentais das pessoas investigadas ou envolvidas em
investigações, especialmente no que diz respeito à vedação de antecipação de atribuição de culpa.”
Ouvidos o Ministério da Saúde, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos
e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

XVI - fomento à divulgação, de caráter educativo ou informativo, por todos os seus integrantes,
das missões, das atribuições e dos valores da polícia civil, a fim de promover aproximação com
a população, observado, em quaisquer situações, o decoro na exposição de emblemas, brasões,
patrimônio ou insígnias institucionais.
Precisamos lembrar que é terminantemente vedada a publicidade de caráter pessoal nas
instituições públicas, devendo elas favorecerem a transparência com caráter educativo e informativo.
Aqui, a diretriz ratifica essa necessidade de publicidade para a garantia de que todos os integrantes
da instituição policial tomem conhecimento de suas ordens, valores, missões, atribuições e, que
tal publicidade, aproxime também a população na figura de detentora do controle social sobre as
instituições públicas. Nada mais é do que um mecanismo de controle interno e externo.

XVII - instituição de programas e de projetos vinculados às políticas públicas e aos planos nacional
e estadual de segurança pública, no âmbito de suas competências.
Quando falamos de políticas públicas, podemos dizer que existem políticas públicas primárias,
secundárias e terciárias. A última se envolve diretamente ao cumpridor de pena. As demais
estabelecem critérios de prevenção criminal e ao combate ao crime existente em determinada
sociedade. Aliar-se aos programas nacional e estadual (e também Distrital) é dizer que em tais
programas já são estabelecidas metas e diretrizes para atingir os objetivos desejados.

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XVIII - capacitação profissional continuada, integrada e isonômica, com os custos sob a


responsabilidade do órgão policial.
Trata-se de uma contínua qualificação profissional para o policial. Tal critério já é adotado em
várias instituições policiais civis para fins de progressão de carreira, mas não ser prendida apenas
para essa finalidade, e sim para a especialização dos profissionais que precisam sempre estar em
conformidade com as novas tecnologias e metodologias de investigação.

XIX - atuação direcionada à identificação e à recuperação de bens, valores e direitos.


Não há clareza se a diretriz se refere a bens, valores e direitos da própria instituição ou se está
se referindo na atuação policial de identificação e recuperação de bens, valores e direitos voltados
aos usuários do serviço. De toda forma, é possível dar esse duplo sentido à diretriz e nortear as
instituições em ambos os aspectos.

XX - avaliação anual de desempenho individual e de produtividade institucional.


Cada instituição policial deverá estabelecer critérios de avaliação periódica de desempenho
individual e de produtividade institucional. Levando o assunto mais à frente, tais critérios de avaliação
individual podem trazer benefícios práticos para a instituição e para o próprio policial que cumpre
seus deveres funcionais. Obviamente que, caso os critérios de avaliação importem obrigações
acessórias aos policiais, tal assunto deve ser tratado por ato de caráter normativo.

XXI - edição de atos administrativos normativos no âmbito de suas atribuições constitucionais e


legais.
Aqui o legislador foi extremamente assertivo. Nos casos específicos da instituição, o próprio
Diretor-Geral, aliado ao seu assessoramento direto, poderá emitir normas internas para o fiel
cumprimento dos deveres legais da instituição. Isso desburocratiza o legislador que não precisa fazer
sempre uma nova Lei para alcançar coisas internas na instituição. Dessa forma, será possível que
todas as instituições policiais civis possam criar suas regras de condutas internas, desde que não
ofendam a LOPC e nem outras Normas de caráter mais abrangente.

2 . 3 COMPETÊNCIAS

A Lei Orgânica das Polícias Civis traz em seu artigo 6º um conjunto de competências e deixa claro que elas não
podem colidir com as competências da União e nem com as infrações penais militares. A primordial competência
é executar privativamente as funções de polícia judiciária civil e de apuração de infrações penais, que, por sua vez,
são materializadas em inquérito policial com procedimento de natureza similar, como o Termo Circunstanciado de
Ocorrência.
Além dessas, compete especificamente às polícias civis:

POLÍCIA CIVIL 15
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

1. cumprir mandados de prisão, mandados de busca e apreensão e demais medidas cautelares, bem
como ordens judiciais expedidas no interesse da investigação criminal;

2. garantir a preservação dos locais de ocorrência da infração penal e controlar o acesso de pessoas
a eles, sem prejuízo da atuação de outros órgãos policiais, no âmbito de suas atribuições legais, nas
situações de flagrante delito;

3. organizar e executar os serviços de identificação civil e criminal;

4. organizar e executar a atividade pericial oficial, se o órgão central de perícia oficial de natureza
criminal estiver integrado em sua estrutura;

5. garantir a adequada coleta, a preservação e a integridade da cadeia de custódia de dados,


informações e materiais que constituam insumos, indícios ou provas;

6. produzir, difundir, planejar, orientar, coordenar, supervisionar e executar ações de inteligência


e de contrainteligência destinadas à execução e ao acompanhamento de assuntos de segurança
pública, da polícia judiciária civil e de apuração de infração penal, de forma a subsidiar ações para
prever, prevenir e neutralizar ilícitos e ameaças de qualquer natureza que possam afetar a ordem
pública e a incolumidade das pessoas e do patrimônio, na esfera de sua competência, observados os
direitos e as garantias individuais;

7. realizar inspeções, correições e demais atos de controle interno, em caráter ordinário e


extraordinário;

8. organizar e realizar tratamento de dados e pesquisas jurídicas, técnicas e científicas relacionadas


às funções de investigação criminal e de apuração das infrações penais, além de outras que sejam
relevantes para o exercício de suas atribuições legais;

9. estimular o processo de integração dos bancos de dados existentes no âmbito do poder público
e dele participar, preservando as informações sujeitas a sigilo legal, classificadas na forma do art. 23
da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), ou que interessarem à
apuração criminal;

10. apoiar, contribuir e cooperar com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, mediante
acordos de cooperação mútua, nos limites de suas competências constitucionais e legais;

11. participar do planejamento das políticas públicas e desenvolver políticas de repressão qualificada
às infrações penais;

12. exercer o poder hierárquico e o poder disciplinar;

13. atuar de forma cooperada com outros órgãos de segurança pública, nos limites de suas
competências constitucionais e legais;

POLÍCIA CIVIL 16
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

14. custodiar o policial civil condenado ou preso provisório à disposição da autoridade competente,
na hipótese de ausência de unidade de custódia de caráter exclusivo, por meio de órgão próprio e
na forma da lei;

15. produzir, na forma da lei e no âmbito das atribuições dos cargos, relatórios de interesse da
apuração penal, recognição visuográfica e laudo investigativo;

16. produzir, na forma da lei, laudo de exame pericial, elaborado por perito oficial criminal, se o
órgão central de perícia oficial de natureza criminal estiver integrado na estrutura das polícias civis;

17. selecionar, formar e desenvolver as atividades de educação continuada dos seus servidores, em
seus órgãos de ensino ou instituições congêneres, na forma prevista em lei;

18. exercer outras atribuições previstas na legislação, obedecidos os limites e a capacidade de auto-
organização dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, decorrentes do art.
144 da Constituição Federal;

19. fiscalizar, avaliar e auditar os contratos, os convênios e as despesas efetivadas no âmbito da


instituição;

20. vistoriar e fiscalizar produtos controlados e emitir alvarás no âmbito de suas competências
constitucionais e legais;

21. prestar suporte técnico aos órgãos de controle;

22. estabelecer assessorias técnicas, funcionais e institucionais de relacionamento com os demais


órgãos e poderes;

23. administrar privativamente as tecnologias da instituição, tais como sistemas, aplicações,


aplicativos, bancos de dados, sítios na rede mundial de computadores, rede lógica, segurança da
informação, entre outros recursos de suporte;

24. exercer todas as prerrogativas inerentes ao poder de polícia judiciária e de apuração das infrações
penais para o cumprimento de suas missões e finalidades;

25. participar do planejamento e da elaboração das políticas públicas, dos planos, dos programas,
dos projetos, das ações e das suas avaliações que envolvam a atuação conjunta entre os órgãos de
segurança pública ou de persecução penal, observadas as respectivas competências constitucionais
e legais;

26. exercer outras funções relacionadas às suas finalidades, obedecidos os limites e a capacidade de
auto-organização do respectivo ente federativo, decorrentes de suas competências constitucionais
e legais; e

POLÍCIA CIVIL 17
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

27. executar com autonomia, imparcialidade, técnica e cientificidade os seus atos procedimentais no
âmbito das atribuições dos respectivos cargos.

§ 1º As atribuições relativas às competências da polícia civil são exercidas exclusivamente por


policiais civis em atividade, na forma da lei.

§ 2º É admitida a celebração de convênios, de acordos de cooperação técnica, de ajustes ou de


instrumentos congêneres com órgãos ou entidades públicas e privadas nacionais ou estrangeiras
para a execução e o aperfeiçoamento de suas atividades, com inclusão, de forma paritária, de
representantes de todos os cargos policiais, ressalvadas as atribuições próprias de cada cargo.

3 . DA ORGANIZAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO

Quando falamos sobre como as polícias civis devem se organizar e como se dará o seu funcionamento, precisamos
ter como base uma estrutura básica onde encontraremos órgãos essenciais para exercerem suas respectivas atribuições
e diretrizes, ou seja, suas funcionalidades legais.
Dessa forma, a LOPC traz um escopo básico de órgãos essenciais. Vejamos:
Da Estrutura Organizacional Básica

Art. 7º A polícia civil tem sua estrutura organizacional básica composta dos seguintes órgãos essenciais:
I - Delegacia-Geral de Polícia Civil;
II - Conselho Superior de Polícia Civil;
III - Corregedoria-Geral de Polícia Civil;
IV - Escola Superior de Polícia Civil;
V - unidades de execução;
VI - unidades de inteligência;
VII - unidades técnico-científicas;
VIII - unidades de apoio administrativo e estratégico;
IX - unidades de saúde da polícia civil; e
X - unidades de tecnologia.

Note que há uma estrutura superior, com prerrogativas de gestão, deliberação e direção, sendo elas a Delegacia-
Geral de Polícia Civil, Conselho Superior de Polícia Civil e a Corregedoria-Geral de Polícia Civil, e há órgãos de execução
de tarefas gerais e específicas pertinentes às polícias civis; Escola Superior de Polícia Civil, unidades de execução,
unidades de inteligência, unidades técnico-científicas, unidades de apoio administrativo e estratégico, unidades de
saúde da polícia civil e unidades de tecnologia.
Dentre esses órgãos há de ser notada a Escola Superior de Polícia Civil, cuja competência se dá não apenas em
preparar os policiais civis ao serviço, como também mantê-los em constante atualização de procedimentos policiais.

POLÍCIA CIVIL 18
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

3 .1 Da Delegacia-Geral de Polícia Civil

De antemão, apenas um Delegado de Polícia Geral de Polícia Civil. Uma vez nomeado para o cargo,
em atividade, ocupante da classe mais alta pode ser devem apresentar, em trinta dias, planejamento
nomeado pelo respectivo Governador para chefiar estratégico de gestão para a instituição polícia civil. Nesse
instituição polícia civil, ocupando o cargo de Delegado- planejamento ele deverá descrever obrigatoriamente:

O planejamento deve conter


V - proposta de
II - medidas de
estrutura
I - metas o�mização e de
organizacional,
qualita�vas e busca de eficiência,
III - diagnós�co da inclusive com
quan�ta�vas de incluído o IV - programas de
necessidade de previsão de
produ�vidade e planejamento das capacitação do
recursos humanos criação ou de
de redução de ações específicas efe�vo
e de materiais; ex�nção de
índices de direcionadas ao
unidades policiais,
criminalidade; melhor exercício
caso necessário, a
das competências
ser implementada
do órgão;
por lei específica.

3 . 2 Do Conselho Superior de Polícia Civil

O Conselho Superior de Polícia Civil é composto Polícia Civil, como, por exemplo, deliberar sobre análise
por representantes de todos os cargos efetivos da de recursos, definir os requisitos para classificação
instituição polícia civil e tem como presidente do como atividade jurídica, avaliação de promoções e
Conselho o Delegado-Geral. Ao longo da LOPC, é possível planejamento e distribuição do efetivo policial.
perceber inúmeras atribuições ao Conselho Superior de

3 . 3 Da Corregedoria-Geral de Polícia Civil

Apesar de estar dentro de uma estrutura O controle interno realizado por ela é pertinente
hierarquizada, a Corregedoria-Geral de Polícia Civil apenas a infrações disciplinares e/ou penais praticadas
possui autonomia no cumprimento de suas atribuições, por seus respectivos servidores no exercício da função.
ou seja, ela realiza o controle interno institucional, Devemos lembrar que a doutrina maior conduz o
efetua atividade de correição, orienta e promove o senso comum de que as infrações administrativas e
zelo pela qualidade e avaliação do serviço policial, com penais também são objeto de controle interno quando
atuações tanto preventivas como repressivas. praticadas fora do serviço, mas em razão da função.

POLÍCIA CIVIL 19
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

O Corregedor-Geral deverá ser delegado de Nos casos de um processo administrativo cuja


classe mais elevada e devidamente designado para o penalidade culmine na demissão de um policial civil, a
exercício do cargo pelo Delegado-Geral de Polícia Civil. ele será garantido um duplo grau de revisão antes da
Um ponto importante da LOPC é que quando um punição ser efetiva. Isso se dará por recurso ao Conselho
policial civil for lotado em uma unidade correicional, a Superior de Polícia Civil e, havendo possibilidade, em
ele será facultada uma lotação subsequente em uma última instância, caberá recurso ao Chefe do Poder
unidade administrativa, por, no mínimo, 1 (um) ano. Executivo local (governador).

3 . 4 Da Escola Superior de Polícia Civil

Trata-se de um órgão de formação, capacitação, formação pedagógica comprovadas. O processo se


pesquisa e extensão, sendo, portanto, responsável dará por edital publicado na imprensa oficial que
pelos recursos humanos da polícia civil. Deve ser contemple os requisitos de habilitação que deverão
dirigido por Delegado de polícia da classe mais elevada ser comprovados por meio de títulos ou aptidões
e, preferencialmente, com especialização nas áreas de certificadas tecnicamente e em unidade acadêmica.
administração ou educação. Tal edital deverá levar em consideração as disciplinas
Em obediência às normas do Ministério da que integram as grades curriculares dos cursos
Educação, a Escola Superior de Polícia Civil pode estruturados pela coordenação pedagógica da polícia
realizar cursos de graduação e pós-graduação lato civil.
sensu ou stricto sensu, que terão integração e plena Note que não há vedação para que as polícias
equivalência com os cursos ofertados em universidades civis tenham em seu corpo docente pessoas que não
públicas. Além disso, o curso de formação profissional sejam integrantes da instituição, isso, porque deve
pode ser considerado como pós-graduação para fins ser dada apenas preferência para os policiais civis da
de titulação. instituição.
O corpo docente da Escola Superior de Polícia Por último, pode se tratar de uma unidade bem
Civil será designado pelo próprio Diretor, e pode específica na área de formação, a Escola Superior de
ser preenchido, preferencialmente, por integrantes Polícia Civil terá participação nos processos seletivos
da própria instituição dentre os policiais civis que de concursos públicos para os cargos da própria
detenham notório saber, habilitação técnica ou instituição.

3 . 5 Das Unidades de Execução

Trata-se de unidades focadas na atividade-fim da instituição policial, sendo elas:

POLÍCIA CIVIL 20
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Unidades
circunscricionais,
distritais ou
regionais

Departamento de Unidades de Unidades


Iden�ficação Civil Execução especializadas

Coordenadoria de
Recursos e
Operações Especiais

Podem ser instituídas outras unidades em demais unidades é possível que agentes públicos, que
virtude de lei, sem falar que a própria instituição não sejam policiais civis, possam exercer funções nas
pode criar unidades especializadas especificamente demais unidades da polícia civil.
para o combate à corrupção, ao crime organizado, a Uma observação relevante sobre o Departamento
crimes contra a vida, à lavagem de dinheiro, a crimes de Identificação Civil é que ele abrange, sem prejuízo
cibernéticos, a crimes ambientais, a crimes de violência de outras atividades, a emissão e o controle de
doméstica e familiar e a crimes contra vulneráveis, documentos oficiais de identificação civil do seu
bem como em proteção animal, em interceptação de respectivo estado ou Distrito Federal, incluindo a gestão
comunicação telefônica, de informática e telemática, de dados relacionados a registros fotográficos e de sinais
entre outras unidades policiais especializadas. Contudo, característicos corporais, coleta de impressão digital,
em se tratando de criação de unidades especializadas palmar e plantar, boletim de vida pregressa, formulários
em combate à lavagem de dinheiro e em interceptação de risco de vida e outros documentos necessários
de comunicação telefônica, informática e telemática, o ao arquivo e à documentação de informações de
corpo funcional, ou seja, o efetivo empregado nessas relevância para a apuração, respeitada a preservação
unidades, deve ser composto exclusivamente de da intimidade, da vida privada e da honra das pessoas
policiais civis. Por exclusão, é possível afirmar que nas cadastradas.

POLÍCIA CIVIL 21
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Tendo em vista a natureza da atividade respectiva instituição policial civil que as produzir.
exercida pelo Departamento de Identificação Civil, sua O Legislador, para evitar a criação indiscriminada
coordenação deve ser realizada por policial civil com de novas unidades à polícia civil, bem como para
habilitação específica e da classe mais elevada do seu justificar a criação e a distribuição do efetivo policial
cargo, designado pelo próprio Delegado-Geral de Polícia a essas unidades, criou três fatores que devem ser
Civil. Aliado a essa informação, os bancos de dados observados tanto para a criação de novas unidades
oriundos das atividades de identificação civil, criminal e quanto para a distribuição dos cargos da polícia civil.
funcional dos policiais civis são de responsabilidade da Vejamos:

especialização da
índice analí�co de população, extensão
a�vidade inves�ga�va
criminalidade e de territorial e densidade
por natureza dos
violência regionais demográfica
delitos

3 .6 Das Unidades de Inteligência

Antes de entrar especificamente na letra da LOPC, das polícias civis, cuja missão principal é a investigação
uma breve explanação sobre o que é uma atividade de criminal, o serviço de inteligência é primordialmente
inteligência dentro das atividades policiais: Consiste em externo, entretanto, também é útil sua utilização para
uma atividade de levantamento e cruzamento de dados investigar envolvimento delituoso dos próprios policiais.
sobre circunstâncias que isoladamente não possuem Possui uma característica mais velada, ou seja, sem se
valor investigativo quase algum. Contudo, com o apresentar ou ostentar a autoridade policial. Hoje, com
cruzamento das informações certas, é capaz de gerar o advento tecnológico em abundância, o trabalho de
indícios que indiquem a autoria e/ou materialidade de análise de dados de inteligência e contrainteligência
fatos criminosos. Pode ser utilizado tanto no aspecto de tornou-se muito mais eficiente e útil.
investigações internas quanto externas. Em se tratando

POLÍCIA CIVIL 22
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Quanto ao que consta especificamente da Lei Orgânica das Polícias Civis, constituem unidades de inteligência da
polícia civil, sem prejuízo de outras definidas na lei do respectivo ente federativo:

Diretoria de Inteligência Policial

Coordenadorias Regionais de Inteligência

Núcleos de Inteligência em unidades especializadas definidas em


estrutura organizacional específica

Coordenadoria de Doutrina de Inteligência Policial e Treinamento

Coordenadoria de Contrainteligência Policial

3 .7 Das Unidades Técnico-Científicas

As Unidades Técnico-Científicas são responsáveis pelas atividades de perícia oficial criminal, nos casos em que
o órgão central de perícia de natureza criminal estiver integrado em sua estrutura, cujos chefes devem ser designados
pelo Delegado-Geral de Polícia Civil, dentre outras:

Instituto de Instituto de
Instituto de
Criminalística Medicina
Identificação
Legal

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LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

As unidades técnico-científicas são responsáveis ativa e sejam da classe mais elevada.


pelas atividades de perícia oficial de natureza criminal Uma das grandes inovações que a LOPC trouxe
e técnico-científicas relativas às ciências forenses. é a possibilidade de que instituições policiais possam
Os Institutos de Criminalística, de Medicina Legal e requerer o livre acesso aos bancos de dados de outras
de Identificação devem ser coordenados por peritos instituições policiais, desde que haja fundamentação no
oficiais criminais das respectivas áreas que estejam na requerimento.

3 . 8 Das Unidades de Apoio Administrativo e Estratégico

Para que haja meios necessários em que na estrutura da instituição policial civil Unidades
as instituições possam exercer suas finalidades, é de Apoio Administrativo e Estratégico, dirigidas
necessário que a própria instituição promova as preferencialmente por policiais civis com habilitação
condições ideais, tais como, computadores, prédios, técnica comprovada na respectiva área de atuação,
armamento, colete, sistemas de informação, dentre para executar os atos de suporte administrativo e
tantos outros meios. Dessa forma, deve conter estratégico de gestão.

3 . 9 Das Unidades de Saúde

Os Estados, o Distrito Federal e os Territórios pelo Chefe do Poder Executivo, pois trazia no seu texto
ficam autorizados a instituir, em benefício dos policiais que as instituições policiais civis deveriam, por meio de
civis e dos seus dependentes e pensionistas, no exercício processo seletivo ou contrato de gestão, para ocupação
de suas competências orçamentárias, unidades de dos cargos de saúde da polícia civil. Há, de fato, uma
saúde destinadas a dar assistência ambulatorial, clínica, notória inconstitucionalidade, haja vista que a ocupação
psicológica, psiquiátrica e terapêutica e a encaminhar de cargos públicos deve ser preenchida por concurso
cirurgias de maior complexidade a outras unidades de público, pois assim define a própria constituição, no seu
saúde especializadas. inciso II, artigo 37.
Importante mensurar que, junto ao presente
artigo LOPC (Artigo 17), há um parágrafo único vetado Vamos ver os argumentos do veto:

Parágrafo único do art. 17 do Projeto de Lei


“Parágrafo único. Os quadros das unidades de saúde criadas para os fins deste artigo devem ser
contratados exclusivamente por meio de processo seletivo específico vigente ou mediante contratos de gestão
com organizações sociais de saúde.”

POLÍCIA CIVIL 24
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Razões do veto
“Apesar da boa vontade do legislador, o parágrafo único do art. 17 do Projeto de Lei parece padecer
de inconstitucionalidade, pois, ao prever que os quadros das unidades de saúde deveriam ser contratados
exclusivamente por meio de processo seletivo específico vigente ou mediante contratos de gestão com
organizações sociais de saúde, a proposição legislativa traz restrição indevida à autonomia dos entes federativos,
em afronta ao art. 18 da Constituição.
Ademais, a despeito de o termo ‘processo seletivo’ ser usado em outro ponto do Projeto de Lei, inclusive
em referência expressa a concurso público, aqui não parece o caso. A proposição legislativa dá a entender que
os contratados para essas unidades de saúde poderiam ser por mero processo seletivo que não concurso, o que
fere o disposto no inciso II do caput do art. 37 da Constituição. ”

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a Advocacia-Geral da União manifestaram-


se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

3 .1 0 Das Unidades de Tecnologia

Trata-se, também, de uma unidade de apoio, contudo com mais especificidade que as demais. Aqui, cabe às
polícias civis poderem constituir unidade centralizada de tecnologia para fins de estudo, de desenvolvimento, de
implantação, de pesquisa e de organização de instrumentos e mecanismos tecnológicos.

4 . DOS POLICIAIS CIVIS

A Lei Orgânica das Polícias Civis traz em seu conteúdo os cargos que devem conter, contudo veremos que ela
prevê apenas três cargos, o que pode causar uma certa estranheza, pois em muitas polícias civis é possível enxergar
hoje pelo menos cinco cargos. De toda forma, devemos nos ater ao que a LOPC nos traz para podermos então dialogar
sobre o assunto e questões de concursos.

4 .1 Do Quadro Policial

O Quadro funcional das polícias civis deve ser composto pelos seguintes cargos:

POLÍCIA CIVIL 25
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Oficial
Delegado de Perito Oficial
Investigador
Polícia Criminal
de Polícia

No caso do perito oficial criminal, apenas se ente federativo.


o órgão central de perícia oficial de natureza criminal Os cargos efetivos da polícia civil têm suas
estiver integrado na estrutura da polícia civil. atribuições definidas na Constituição Federal, no
Trata-se de cargos efetivos e, portanto, Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código
permanentes, típicos de Estado e essenciais de Processo Penal), e na legislação extravagante, sem
ao funcionamento da instituição para todos os prejuízo de outras definidas em leis e regulamentos e os
efeitos legais. Suas atividades devem ser exercidas ocupantes dos cargos da polícia civil exercem autoridade
exclusivamente pelos ocupantes dos cargos previstos nos limites de suas atribuições legais.
na Lei Orgânica das Polícias Civis ou por lei do respectivo

4 . 2 do Concurso Público e da Investidura

Para o ingresso nos cargos da polícia civil faz-se necessário que o candidato seja aprovado em concurso público,
conforme preconiza a própria Constituição Federal, pois trata-se de cargo de provimento efetivo e, no caso, todos os
cargos exigem nível superior. Os requisitos básicos para a investidura, sem prejuízo de outros definidos em lei, são:
• ser brasileiro;
• ter, no mínimo, 18 (dezoito) anos;
• estar quite com as obrigações eleitorais e militares; e
• gozar de capacidade física e mental para o exercício do cargo.

Trata-se de requisitos básicos obrigatórios para todos os cargos da polícia civil, contudo cada cargo contém suas
especificidades. Por exemplo: O cargo de oficial investigador de polícia requer diploma de ensino superior completo,
em nível de graduação, em qualquer área, reconhecido pelo Ministério da Educação. Já para o cargo de perito oficial
criminal é exigido diploma de nível superior completo, em nível de graduação, reconhecido pelo Ministério da Educação,
observado que os editais dos concursos públicos podem prever seleção por área de conhecimento e exigir habilitação

POLÍCIA CIVIL 26
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

legal específica, na forma da lei do respectivo ente ou policial de que trata este artigo deve ocorrer no ato
federativo. E para o cargo de delegado de polícia são da posse.
exigidos curso de bacharelado em Direito reconhecido Lei do respectivo ente federativo pode
pelo órgão competente e 3 (três) anos de atividade estabelecer critérios para a realização e a seleção
jurídica ou policial, cabendo ao Conselho Superior das etapas do concurso público destinado aos cargos
de Polícia Civil definir os requisitos para classificação efetivos das polícias civis, como as etapas de prova
como atividade jurídica. física, de exame psicotécnico, de avaliação médica e
Para a investidura no cargo de delegado de de investigação social. Trata-se de uma relação não
polícia, além dos requisitos e do bacharelado em taxativa, ou seja, exemplificativa, podendo a lei do
Direito reconhecido pelo órgão competente e 3 ente federativo prever outros requisitos a depender
(três) anos de atividade jurídica ou policial, é exigida das condições do exercício do cargo público.
aprovação em concurso público de provas e títulos, Nesse sentido, a Lei Orgânica das Polícias Civis
com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil não trouxe grandes modificações daquilo que já era
em todas as fases do certame, vedada a participação amplamente praticado nas leis vigentes para os cargos
na comissão do concurso de servidor da segurança públicos, em especial aos cargos de natureza policial,
pública que não integre os quadros da polícia civil e a mas vamos esquematizar essas informações para ficar
comprovação de formação superior e atividade jurídica mais claro e didático para seus estudos:

CARGO EXIGÊNCIAS ESPECÍFICAS EXIGÊNCIAS COMUNS


• Concurso de Provas e Títulos
• Bacharelado em Direito
• Comprovação de TRÊS anos de prática
jurídica ou policial
• O Conselho Superior de Polícia Civil
definir os requisitos para classificação
Delegado de Polícia como atividade jurídica
• A participação da Ordem dos Advogados
do Brasil em todas as fases do certame é • ser brasileiro;
obrigatória • ter, no mínimo, 18 (dezoito)
• Vedada a participação na comissão do anos;
concurso de servidor da segurança pública • estar quite com as obrigações
que não integre os quadros da polícia civil eleitorais e militares; e
• gozar de capacidade física e
• Concurso de Provas ou de Provas e Títulos
Oficial Investigador de mental para o exercício do cargo.
• Graduação em qualquer área de
Polícia
conhecimento
Outros requisitos definidos em Lei
• Concurso de Provas ou de Provas e Títulos
• Graduação em qualquer área de
conhecimento
• Editais dos concursos públicos podem
Perito Oficial Criminal
prever seleção por área de conhecimento
e exigir habilitação legal específica
• Lei estadual ou distrital definirá as áreas
de conhecimento específico

POLÍCIA CIVIL 27
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Ainda falando sobre o cargo de Delegado de Os entes federativos podem adotar o critério da prova
Polícia, o tempo de atividade policial civil deve ser oral nos concursos públicos para os demais cargos
considerado para pontuação em prova de títulos no efetivos da polícia civil.
concurso público para o cargo de delegado de polícia, Quanto ao curso de formação, ele é fase ainda do
valorado em 30% (trinta por cento) da pontuação concurso público e, por isso, terá caráter eliminatório.
máxima da prova de títulos, na proporção mínima de 0,5 Nesse sentido, a Lei Orgânica das Polícias Civis destaca
(meio ponto) e máxima de 2 (dois) pontos percentuais que, mesmo que implicitamente, essa etapa do
por ano de serviço, podendo os pontos ser escalonados concurso não irá gerar pontuação. Ou o candidato está
ou não, de acordo com o respectivo edital. Note que a apto ou inapto para prosseguir no certame. Durante
Lei Orgânica abarca como tempo para pontuação para o curso de formação pode ser concedida ajuda de
serem usadas como títulos o exercício da atividade custo, cujo valor não pode ser inferior a 50% do valor
de policial civil, trazendo forma de cálculo específico da remuneração prevista em lei para a classe inicial do
para sua utilização como título. Entretanto é possível a respectivo cargo.
utilização de tempo de exercício em outros cargos de Quando houve a investidura de fato do candidato,
natureza militar ou federal, conforme o artigo 144, da este assume as atribuições e responsabilidades do
Constituição Federal. Não obstante, devemos lembrar cargo e é feita obrigatoriamente na classe inicial
que lei estadual ou distrital pode estabelecer outros do seu respectivo cargo. Será apresentado em uma
requisitos e espécies de títulos. Sendo assim, para fins unidade policial civil para dar início ao seu exercício.
de prova que exija o conhecimento estrito da LOPC, O edital do concurso público poderá impor tempo
devemos lembrar desse diferencial quanto ao tempo mínimo de permanência na unidade policial de lotação
de exercício em atividade civil para fins de titulação. inicial, de acordo com indicadores de criminalidade
A pontuação da prova de títulos deve corresponder a, e necessidade de interesse público. Durante esse
no mínimo, 10% (dez por cento) do total da nota do período inicial, o policial civil que pedir exoneração
certame. antes de completar 3 (três) anos de exercício deve
Para o provimento do cargo de Delegado de ressarcir o erário competente dos gastos com sua
Polícia, os concursos públicos para o cargo de delegado formação, proporcionalmente ao tempo de serviço.
de polícia devem adotar a prova oral como etapa do Para fins de manutenção do efetivo policial civil,
certame, assegurados critérios objetivos para aferição a lei do respectivo ente federativo deve dispor sobre o
da nota, sistema de auditoria e recurso individualizado fluxo regular e o equilíbrio quantitativo dos servidores
dos candidatos quanto ao gabarito apresentado pela nos cargos da polícia civil, com a previsão de realização
banca examinadora e ao resultado provisório da nota. periódica de concursos públicos.

4 . 3 Das Promoções

O ingresso do policial civil de qualquer cargo se dará na classe inicial de cada cargo e durante o seu exercício
será possível que esse policial progrida em sua carreira por meio de promoções, que nada mais é do que a mudança de
uma classe de um cargo para a próxima classe do mesmo cargo. Note que ele não sai de um cargo para outro, apenas
evolui internamente em classes. Devemos lembrar que é terminantemente vedada a transferência e a ascensão de
cargos públicos.

POLÍCIA CIVIL 28
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

As promoções dos policiais civis ocorrerão com específica do respectivo ente federativo. Em situações
base nos critérios de antiguidade, de tempo de serviço específicas, lei do respectivo ente federativo disporá
na carreira e de merecimento e podem, inclusive, ser sobre a regulamentação da promoção dos policiais civis
realizadas post mortem, conforme disposto em lei independentemente da existência de vagas.

ATENÇÃO: Muito importante frisar que a promoção do policial civil à classe imediatamente superior
independe de vaga apenas em situações específicas definidas em lei do respectivo ente federativo.
A norma não está dizendo que a promoção ocorrerá independentemente de vagas. Fique atento a
isso!

Critérios de Promoção

Tempo de serviço na
An�guidade Merecimento Post mortem
carreira

Leis específicas podem estabelecer outros quem recebeu a delegação para essa finalidade pelo
critérios como requisito de promoção, como, por governador. Esse exercício funcional em outro órgão
exemplo, aperfeiçoamento, podendo ainda estabelecer não causa prejuízo ao servidor e assegura todas as suas
outros critérios mais benéficos do que os estabelecidos prerrogativas, direitos e vantagens. Assegura também
aos que apresentados pela LOPC. Nesse sentido, a que o policial civil mantenha com seu órgão matricial
promoção à classe mais elevada dos cargos efetivos seus deveres e as vedações estabelecidas pelo ente
da polícia civil, pode exigir a realização de curso de federativo de origem.
gestão pública ou equivalente. Curso esse que será Preciso destacar que no artigo 25 da LOPC
disponibilizado pela Escola Superior de Polícia Civil ou tivemos um veto ao seu respectivo parágrafo único.
por outras instituições oficiais de ensino superior. Isso, porque tal parágrafo previa a possibilidade de um
Por último, em relação à promoção, ocupantes policial ser transferido para outro ente da federação,
de cargos efetivos da polícia civil podem exercer função após 2 anos de cessão de forma ininterrupta, bastando
no âmbito de outro ente federativo, mediante permuta apenas a anuência dos respectivos chefes do executivo
ou cessão (ser cedido a outro órgão), desde que haja dos entes envolvidos. Vamos ver o veto:
autorização expressa do respectivo governador ou de

Parágrafo único do art. 25 do Projeto de Lei


“Parágrafo único. Após 2 (dois) anos de permuta ou de cessão, fica autorizada a redistribuição definitiva
do policial civil de um ente federativo para outro, a critério da administração pública, por ato dos respectivos
governadores, mediante manifestação de vontade expressa do servidor cedido ou dos servidores permutados,
caso em que seu vínculo passará a ser estabelecido com a instituição de exercício das funções.”

POLÍCIA CIVIL 29
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Razões do veto
“Em que pese a boa vontade do legislador, a disposição é inconstitucional por se traduzir em verdadeiro
provimento derivado, vedado pelo disposto no inciso II do caput do art. 37 da Constituição, com entendimento
reforçado pela Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal Federal – STF e nos termos da decisão proferida
ADPF nº 482/DF.
Do mesmo modo, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois está em desacordo com
a finalidade a que se destina o instituto da cessão, que permite aos órgãos agregar servidores a seus quadros,
de forma temporária.
Além disso, a medida desconsidera regramentos, remunerações, benefícios e critérios de promoção
das diversas polícias civis estaduais, o que gera o incentivo perverso para uma corrida por cessões para entes
federativos que possuam melhores salários ou benefícios, em prejuízo da gestão de pessoal.”

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e o Ministério da Previdência Social


manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

4 . 4 Das Prerrogativas, das Garantias, dos Direitos, dos Deveres e das Vedações

A Lei Orgânica das Polícias Civis traz, a partir do cada cargo possui características próprias, logo, terão
artigo 26, prerrogativas, garantias, direitos, deveres e suas respectivas especificidades. Vamos começar pelo
vedações pertinentes a todos os policiais civis. Contudo delegado de polícia.

4 . 5 Prerrogativas

DELEGADO DE POLÍCIA – Para o cargo de delegado de polícia, além do que dispõem as normas constitucionais e legais
cabíveis, detém a prerrogativa de direção das atividades da polícia civil, ou seja, trata-se de uma tarefa de gestão,
bem como a prerrogativa de presidência quando designado para compor grupos de trabalho ou quando para presidir
inquérito policial, no qual deve atuar de forma isenta, com autonomia funcional e no interesse da efetividade da tutela
penal, respeitados os direitos e as garantias fundamentais e assegurada a análise técnica do fato. Também possui como
prerrogativa emanar a determinação legal, ele é a autoridade competente, tanto no comando quanto no controle de
apurações, de procedimentos e de atividades de investigação.

OFICIAL INVESTIGADOR DE POLÍCIA – da mesma forma que o Delegado de Polícia possui prerrogativas próprias,
o oficial investigador de polícia também os tem, além do que prevê as normas constitucionais e legais. O oficial
investigador de polícia deve exercer atribuições apuratórias, cartorárias, procedimentais, de obtenção de dados, de
operações de inteligência e de execução de ações investigativas, sob determinação ou coordenação do delegado de
polícia, assegurada atuação técnica e científica nos limites de suas atribuições.
Note que a Lei Orgânica das Polícias Civis condensou as várias atribuições que eram aplicadas aos cargos de escrivão,
papiloscopista e outros de natureza similar, mesmo que com nomenclatura distinta.

POLÍCIA CIVIL 30
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Uma atenção especial ao fato de que o oficial investigador de polícia e os demais cargos da polícia civil, nos limites de
suas atribuições, devem produzir, com objetividade, técnica e cientificidade, o laudo investigativo e as demais peças
procedimentais, os quais devem ser encaminhados ao delegado de polícia para apreciação.

PERITO OFICIAL CRIMINAL - além do que dispõem a Constituição Federal, o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro
de 1941 (Código de Processo Penal), e a legislação extravagante, sem prejuízo de outras previsões constantes de leis
e regulamentos, exerce atribuições de perícia oficial de natureza criminal, sob requisição do delegado de polícia,
assegurada a ele autonomia técnica, científica e funcional.
Para ficar bem claro, a manifestação de opinião técnico-pericial emitida pelo Perito Oficial Criminal goza de autonomia
quanto à técnica utilizada como quanto a opinião científica exposta e quanto ao exercício funcional de sua especialidade,
entretanto, em todos os casos, se exige a prévia requisição do delegado de polícia para que o perito exerça suas
atribuições.

Independente das atribuições e prerrogativas específicas de cada cargo da polícia civil, todos os ocupantes de
cargos efetivos da polícia civil, nos limites de suas atribuições legais e respeitada a hierarquia e a disciplina, devem
atuar com imparcialidade, objetividade, técnica e cientificidade.

4 .6 Direitos e Garantias

Independente de outros prestos em Lei, são assegurados aos policiais civis em atividade os seguintes direitos e
garantias:

documento de identidade funcional com validade em todo o território nacional, padronizado pelo
1 Poder Executivo federal e expedido pela própria instituição;

2 registro e livre porte de arma de fogo com validade em todo o território nacional;
ingresso e trânsito livre em qualquer recinto público ou privado em razão da função, respeitadas
3 as garantias constitucionais e legais;
recolhimento em unidade prisional da própria instituição para fins de cumprimento de prisão
4 provisória ou de sentença penal condenatória transitada em julgado;

5 pronta comunicação de sua prisão ao seu chefe imediato;


prioridade nos serviços de transporte e de comunicação públicos e privados, quando em
6 cumprimento de missão de caráter emergencial;
traslado por órgão público competente, caso seja vítima de acidente que dificulte sua atividade de
7 locomoção ou ocorra sua morte durante atividade policial;
atendimento prioritário e imediato pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública, pelo Poder
8 Judiciário e pelos órgãos de perícia oficial de natureza criminal, se em atividade ou no interesse
do serviço;
precedência em audiências judiciais quando comparecer na qualidade de testemunha de fato
9 decorrente do serviço;

POLÍCIA CIVIL 31
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

garantia à policial civil gestante e lactante de indicação para escalas de serviço e rotinas de trabalho
10 compatíveis com sua condição;
garantia de retorno e de permanência na mesma lotação durante 6 (seis) meses após o retorno da
11 licença-maternidade;

Aos policiais civis aposentados são assegurados discricionária da administração pública conceder ou
os direitos previstos nos incisos I, II, IV, V, XVII e XXVIII do não o exercício das funções em caráter administrativo
caput deste artigo, e a comunicação prevista no inciso V durante o processamento da aposentadoria do policial
deve ser feita ao setor de veteranos ou por intermédio civil, podendo a própria administração rever esse ato a
do sindicato ou associação representativa da categoria. qualquer tempo.
Uma atenção especial a alguns dos incisos citados, O Policial Civil, independente do cargo que
pois muitos deles foram vetados pelo Presidente da exerce, que responder pelo expediente administrativo
República. Mais à frente falaremos dos vetos que o em unidade diversa da sua lotação (exerce atividade em
artigo 30 sofreu. uma e chefia outra), terá direito a adicional na forma
Quanto ao direito ao porte de arma de fogo, de verba indenizatória, desde que haja previsão na
quando da transição da atividade para inatividade, respectiva lei do ente federativo.
ou seja, quando um policial civil se aposenta, serão Em caso de morte e servidor policial civil
conservadas as autorizações do livre porte de arma decorrente de agressão, contaminação por moléstia
de fogo válido em todo o território nacional, na forma grave, de doença ocupacional ou em razão da função
da legislação em vigor. Aliado a isso, é assegurado policial, os dependentes terão direito à pensão
também, por ocasião da aposentadoria do policial civil, equivalente à remuneração do cargo da classe mais
a possibilidade de que a instituição possa doar a arma elevada e nível à época do falecimento, que será vitalícia
de fogo ao policial. para o cônjuge ou companheiro.
Outra garantia prevista aos policiais civis é da Quando ocorrer de um policial civil ser afastado
participação do poder público para mediação judicial para cumprimento de mandato eletivo ou classista ou,
proposta pelos órgãos classistas da polícia civil para ainda, nos casos de ele ser cedido para órgão de natureza
negociação dos interesses de seus representantes. de segurança pública ou institucional, parlamentar ou
Tal medida visa dar uma alternativa ao exercício do de gestão pública em outro ente federativo, deve ter
direito de greve. Funciona como um acordo firmado seu tempo contado como efetivo exercício no serviço
entre o poder público local (Estados e DF) junto com os policial, bem como ter mantidos os seus direitos para
sindicatos e/ou associações representativas. efeitos de promoção e de progressão no cargo e na
Quando houver aposentadoria voluntária do carreira.
policial civil, observado o interesse da administração, É garantido direito à promoção na carreira de
fica facultada a opções de exercer suas funções no classe a classe, admitida a promoção extraordinária em
âmbito interno e administrativo em seções, grupos, casos excepcionais e diferenciados, conforme a lei do
núcleos e departamentos, incluindo na atividade respectivo ente federativo.
de assessoria a chefias. Trata-se de uma medida

POLÍCIA CIVIL 32
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

A seguinte prerrogativa foi falada anteriormente anos e efetivo exercício no cargo.


quando mencionamos os casos de promoção. Aqui, Sabemos que a aposentadoria é uma garantia
uma das garantias cabíveis aos policiais civis é o caso de todos os servidores e isso não é diferente ao policial
de promoção post mortem que, nesse caso, independe civil, contudo, em casos em que necessite de regras
de vaga. Além dessa, há também a possibilidade de especiais diferenciadas para o ato de aposentadoria,
promoção por bravura que, no caso, precisa de lei do fará necessária uma lei complementar para definir
respectivo ente federativo para poder criar critérios, tempo de contribuição, de atividade policial e, de forma
fundamentados em indicadores avaliados por comissão mais benéfica, de policiais do sexo feminino.
específica do Conselho Superior de Polícia Civil. Quanto à manutenção da saúde dos policiais e
Ainda sobre as garantias na promoção, o policial dos seus dependentes e pensionistas, devemos lembrar
civil não pode ser promovido nos casos de condenação o artigo 17, da Lei Orgânica das Polícias Civis, que orienta
judicial transitada em julgado e de condenação definitiva na construção de uma Unidade de Saúde que deve
em processo administrativo disciplinar de que não caiba beneficiá-los quanto à prestação dessa assistência.
recurso ou revisão, enquanto perdurarem os efeitos da O artigo 30, que trata exatamente dos direitos
condenação. e garantias de todos os policiais civis, sofreu inúmeros
Tal qual preconiza a própria Constituição Federal, vetos pelo Presidente da República. Para fins de
a estabilidade do servidor policial civil se dará após três compreensão dos vetos, vamos ver um a um:

Inciso X do caput do art. 30 do Projeto de Lei


“X - licença remunerada para o desempenho de mandato classista concedida a, no mínimo, 3 (três)
dirigentes por Estado para cada confederação, federação e sindicatos, sem prejuízo de outros direitos e
vantagens, de aposentadoria policial especial, de promoções e progressões funcionais, de prerrogativas da
função ou de benefícios do cargo efetivo enquanto perdurar a licença;”

Razões do veto
“A despeito da boa intenção do legislador, a proposta legislativa padece de inconstitucionalidade ao
contrariar o disposto no § 4º-B do art. 40 da Constituição, que exige que os requisitos diferenciados para policiais
sejam estabelecidos por meio de lei complementar do respectivo ente federativo.
Ademais, esta previsão legislativa afronta o § 7º do art. 167 da Constituição.
Por fim, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois ao versar sobre regime jurídico de
servidor estadual implica interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, com
impacto sobre o equilíbrio federativo e a segurança jurídica”.

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o Ministério da Previdência Social e a


Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

POLÍCIA CIVIL 33
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Inciso XI do caput do art. 30 do Projeto de Lei


“XI - licença remunerada para o desempenho de mandato classista concedida a, no mínimo, 3 (três)
dirigentes em associação nacional ou de abrangência territorial do respectivo ente federativo dentre as de maior
representatividade e antiguidade por cargo, sem prejuízo de outros direitos e vantagens, de aposentadoria
policial especial, de promoções e progressões funcionais, de prerrogativas da função ou de benefícios do cargo
efetivo enquanto perdurar a licença;”

Razões do veto
“A despeito da boa intenção do legislador, a proposta legislativa padece de inconstitucionalidade ao
contrariar o disposto no § 4º-B do art. 40 da Constituição, que exige que os requisitos diferenciados para policiais
sejam estabelecidos por meio de lei complementar do respectivo ente federativo.
Ademais, esta previsão legislativa afronta o § 7º do art. 167 da Constituição.
Por fim, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois ao versar sobre regime jurídico de
servidor estadual implica interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, com
impacto sobre o equilíbrio federativo e a segurança jurídica”.

Ouvidos, o Ministério do Planejamento e Orçamento, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos


e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

Inciso XII do caput do art. 30 do Projeto de Lei


“XII - licença remunerada de 3 (três) meses a cada período de 5 (cinco) anos de efetivo exercício policial,
que pode ser convertida em pecúnia, total ou parcialmente, a requerimento do servidor ou no interesse da
administração pública, com base no valor apurado na data do pagamento;”

Razões do veto
“A proposição legislativa prevê licença remunerada em termos semelhantes à antiga licença-prêmio da
Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
Embora se reconheça a boa intenção do legislador, a proposta legislativa é inconstitucional também com
fundamento no disposto no § 7º do art. 167 da Constituição.
Ademais, a proposição legislativa contraria o interesse público, pois, ao versar sobre regime jurídico de
servidor estadual, implica interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, com
impacto negativo sobre o equilíbrio federativo e a segurança jurídica.
Além disso, a medida é um retrocesso ao restaurar a licença-prêmio conversível em pecúnia, extinta para
os servidores públicos federais pela Lei nº 9.527, de 10 de dezembro de 1997, que foi substituída pela licença
capacitação, a fim de incrementar a eficiência e a efetividade da prestação de serviços públicos.”

Ouvida, a Casa Civil da Presidência da República manifestou-se pelo veto aos seguintes dispositivos do Projeto
de Lei:

POLÍCIA CIVIL 34
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Incisos XIII, XVI, XVII, XIX, XX, XXI e XXVIII do caput do art. 30 do Projeto de Lei
“XIII – licença-gestante, licença-maternidade e licença-paternidade;”
“XVI – assistência integral, em juízo ou fora dele, por advogado público, se estiver respondendo a processo
ou qualquer procedimento administrativo, cível ou penal por ato praticado no exercício da função ou em razão
dela;”
“XVII – amplo acesso à justiça, assegurada sua gratuidade e efeitos correlatos, nas causas individuais
e coletivas, patrocinadas ou defendidas por advogado comprovadamente vinculado às entidades sindicais
e associativas, que versem sobre defesas de seus direitos, deveres, garantias, atribuições ou prerrogativas
funcionais;”
“XIX – carga horária mensal de efetivo labor com duração máxima estabelecida na legislação do
respectivo ente federativo, não superior a 40 (quarenta) horas semanais, garantidos os direitos remuneratórios
e indenizatórios e as horas extraordinárias;”
“XX – ajuda de custo, quando removido da sua lotação para outro Município, no interesse da administração
pública;”
“XXI – pagamento antecipado de diárias por deslocamento para desempenho de sua atribuição fora de
sua lotação ou sede;”
“XXVIII – auxílio-saúde, de caráter indenizatório, nos termos da legislação do respectivo ente federativo.”

Razões do veto
“Embora se reconheça a boa intenção do legislador, as propostas legislativas padecem do vício da
inconstitucionalidade, por afronta ao disposto no § 7º do art. 167 da Constituição.”

Ouvido, o Ministério da Justiça e Segurança Pública manifestou-se pelo veto ao seguinte dispositivo do referido
Projeto de Lei:

Inciso XVIII do art. 30.


“XVIII – prestação de depoimento em inquérito, em processo ou em qualquer outro procedimento em
trâmite no âmbito dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo em dia, hora e local previamente ajustados;”

Razões do veto
“A proposição legislativa viola o interesse público ao permitir a interpretação de que a prerrogativa
processual que se pretende atribuir aos policiais civis se aplicaria quando o beneficiário fosse prestar depoimento
em inquérito não somente como testemunha ou vítima, mas também na condição de investigado ou réu, o que
configuraria privilégio indevido em razão do cargo público”.

Ouvido, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos manifestou-se pelo veto aos seguintes
dispositivos do Projeto de Lei:

POLÍCIA CIVIL 35
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Incisos XXII a XXVII do caput do art. 30 do Projeto de Lei


“XXII - indenização para vestimenta, equipamentos de uso obrigatório e itens de segurança pessoal;”
“XXIII - indenização por periculosidade;”
“XXIV - indenização por insalubridade, por exposição a agentes nocivos ou por risco de contágio;”
“XXV - indenização por atividade em local de difícil acesso e provimento;”
“XXVI - indenização por sobreaviso e escalas extraordinárias de serviço;”
“XXVII - indenização por exercício de trabalho noturno;”

Razões dos vetos


“Embora se reconheça a boa intenção do legislador, as propostas legislativas padecem do vício da
inconstitucionalidade, por afronta ao disposto no § 7º do art. 167 da Constituição.
Ademais, os incisos destacados contrariam o interesse público, pois, ao versarem sobre regime jurídico
de servidores dos entes da federação, implicam interferência indevida na organização político-administrativa do
ente federado, inclusive em matérias de competência privativa de chefes de poderes executivos, com impacto
sobre o equilíbrio federativo”.

Ouvido, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos manifestou-se pelo veto ao seguinte
dispositivo do Projeto de Lei:

§ 1º do art. 30 do Projeto de Lei


“§ 1º Aplica-se aos policiais civis o disposto no inciso XVI do caput do art. 37 da Constituição Federal, com
prevalência da atividade policial civil.”

Razões do veto
“A despeito da boa intenção do legislador, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois
permite a acumulação de cargos públicos pelos policiais civis cujas atividades, por suas características, exigem o
exercício em caráter de dedicação exclusiva.
A proposição legislativa prevê que se aplicaria aos policiais civis o ‘disposto no inciso XVI do caput do art.
37 da Constituição Federal, com prevalência da atividade policial civil’. O que se nota é uma tentativa de, via
lei ordinária, interpretar que os cargos policiais são de natureza técnica ou científica e, como tal, passíveis de
acumulação na forma do citado inciso do caput do art. 37 da Constituição.
A regra, como se sabe, é a impossibilidade de acumulação de cargos e empregos na Administração, sendo
certo que as exceções só são as permitidas constitucionalmente. Eventual exceção demandaria alteração formal
da Constituição, o que não é o caso.”

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e o Ministério da Justiça e Segurança Pública
manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

POLÍCIA CIVIL 36
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

§ 8ºdo art. 30 do Projeto de Lei


“§ 8º O policial civil, ao assumir cargo ou função de confiança de caráter administrativo, de assessoramento,
de coordenação e de direção, bem como chefia de investigação, de cartório ou de plantão, terá direito a adicional
na forma de verba indenizatória, nos termos da legislação do respectivo ente federativo.”

Razões do veto
“Embora a boa intenção do legislador, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois, ao
versar sobre regime jurídico de servidor dos entes da federação, implica interferência indevida na organização
político-administrativa do ente federado, inclusive em matérias de competência privativa de chefes de poderes
executivos, com impacto sobre o equilíbrio federativo.
Ademais, a proposta legislativa padece do vício da inconstitucionalidade, em conformidade com decisão
do Supremo Tribunal Federal (ADI 7402).”

Ouvido, o Ministério da Previdência Social manifestou-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

§ 11 do art. 30 do Projeto de Lei


“§ 11. O policial civil que completar os requisitos para a aposentadoria voluntária e optar por permanecer
na atividade policial fará jus ao abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previdenciária
até que se dê a aposentadoria compulsória.”

Razões do veto
“Apesar da boa intenção do legislador, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois
desconsidera a legislação estadual estabelecida para o cálculo e o reajuste de proventos e aposentadorias para
servidores estaduais, fixando, inclusive, o valor do benefício.
A proposição legislativa, a despeito de não tratar de benefício de índole previdenciária (abono de
permanência), acaba por impor dever de o ente federativo conceder ao policial civil que reúna os requisitos
necessários à aposentadoria voluntária, abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição
previdenciária até que se dê a aposentadoria compulsória.
Tal imposição contraria o disposto no § 19 do art. 40 da Constituição, que confere uma faculdade e não
uma obrigação ao ente federativo de conceder o abono de permanência, além de deixar a cargo do ente a
fixação do seu montante, desde que não superior ao valor da contribuição previdenciária vertida pelo servidor.”

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o Ministério da Previdência Social e a


Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

POLÍCIA CIVIL 37
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

§ 16 do art. 30 do Projeto de Lei


“§ 16. Os proventos de aposentadoria dos policiais civis correspondem à totalidade da remuneração
do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria, assegurada a revisão na mesma proporção e na
mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade.”

Razões do veto
“Respeitando-se a boa vontade do legislador, a proposição legislativa estabelece o valor inicial dos
proventos correspondente à última remuneração (integralidade) e revisão pela remuneração dos ativos
(paridade), em descumprimento ao disposto nos § 3º, § 4º-B, § 8º, § 14 e § 16 do art. 40 da Constituição,
que atribui ao ente a definição do valor inicial dos proventos e a sua revisão periódica para garantia do valor
real, além da limitação ao valor do teto do Regime Geral de Previdência Social - RGPS para os servidores que
ingressaram depois da instituição do Regime de Previdência Complementar no ente federativo.
A regra da integralidade assegura ao servidor público a totalidade da remuneração recebida no cargo
em que se deu a aposentadoria, ao passo que a paridade garante aos inativos as mesmas modificações de
remuneração e os mesmos benefícios ou vantagens concedidas aos servidores ativos da carreira. O Supremo
Tribunal Federal decidiu, no Recurso Extraordinário (RE) 1162672, com repercussão geral (Tema 1019), que
policiais civis que tenham preenchido os requisitos para a aposentadoria especial voluntária têm direito ao
cálculo dos proventos com base na regra da integralidade. Eles também podem ter direito à paridade com
policiais da ativa, mas, nesse caso, é necessário que haja previsão em lei complementar estadual anterior à
promulgação da Emenda Constitucional 103, de 12 de novembro de 2019.”

Ouvidos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, o Ministério da Previdência Social, o Ministério da Gestão
e da Inovação em Serviços Públicos e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo
do Projeto de Lei:

§ 19 do art. 30 do Projeto de Lei


“§ 19. É vedado instituir procedimentos de cassação da aposentadoria em razão do caráter contributivo
desta e da exigência de requisitos para a sua obtenção.”

Razões do veto
“A proposição legislativa veda a instituição de procedimentos de cassação da aposentadoria em razão
do caráter contributivo desta e da exigência de requisitos para a sua obtenção. No âmbito da ADPF nº 418/
DF, o Supremo Tribunal Federal - STF já decidiu que ‘a aplicação da penalidade de cassação de aposentadoria
ou disponibilidade é compatível com o caráter contributivo e solidário do regime próprio de previdência dos
servidores públicos’.
Desse modo, a restrição ampla e irrestrita trazida pela proposta viola o entendimento consolidado do
STF sobre a pena de cassação de aposentadoria, bem como afronta o pacto federativo ao adentrar em questão
insertas na competência legislativa dos entes federativos. Assim, a proposição legislativa é inconstitucional por
afrontar os art. 1º, art. 24, art. 25 e art. 30 da Constituição.

POLÍCIA CIVIL 38
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Enfatiza-se que a proposição legislativa é contrária ao interesse público ao vedar a aplicação da penalidade
de cassação da aposentadoria, pois o instituto é sanção que integra o poder disciplinar a ser aplicada nas
hipóteses de faltas graves cometidas pelo servidor público que ainda se encontrava no exercício de suas funções.
A impossibilidade de aplicação de sanção administrativa a servidor inativo, a quem a penalidade
de cassação de aposentadoria se mostra como única sanção à disposição da Administração, resultaria em
tratamento diverso entre servidores ativos e inativos, para o sancionamento dos mesmos ilícitos, em prejuízo
do princípio isonômico e da moralidade administrativa, e representaria indevida restrição ao poder disciplinar
da Administração em relação a servidores aposentados que cometeram faltas graves enquanto em atividade,
favorecendo a impunidade.”

Ouvidos, o Ministério do Planejamento e Orçamento e o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos


manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

Na sequência, temos o artigo 31, da LOPC, que foi vetado. Ele visava assegurar assistência médica, psicológica,
psiquiátrica, odontológica, social e jurídica, bem como seguro de vida e de acidente pessoal, aos policiais civis. Vamos
dar uma olhada nas razões do veto.

Art. 31 do Projeto de Lei


“Art. 31. O poder público deve assegurar assistência médica, psicológica, psiquiátrica, odontológica, social
e jurídica, bem como seguro de vida e de acidente pessoal, aos policiais civis e pode criar unidade de saúde
específica em sua estrutura funcional com todos os meios e recursos técnicos necessários.”

Razões do veto
“A proposição legislativa impõe ao Poder Público o dever de assegurar vários direitos aos policiais civis.
Apesar de alguns já estarem incluídos nos deveres próprios da assistência do Sistema Único de Saúde, não cabe
impor o dever de fornecimento de seguro de vida e acidentes pessoais. Além de afrontar a autonomia dos entes
para definir os direitos a serem garantidos, há afronta ao disposto no § 7º do art. 167 da Constituição.
Apesar da boa intenção do legislador, a proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois cria
benefício e vantagem pecuniária de caráter indenizatório para servidores públicos estaduais, desconsiderando
a legislação estadual pertinente, inclusive nas hipóteses em que a respectiva legislação prevê a percepção por
subsídios, o que vedaria adicionais na forma proposta.”

Ouvido, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos manifestou-se pelo veto aos seguintes
dispositivos do Projeto de Lei:

No artigo 32 da LOPC, falamos sobre a remuneração do policial civil, contudo a Lei Orgânica das Polícias Civis não
entra em detalhes, haja vista que cada ente federativo pode criar suas regras remuneratórias, ressalvadas, em todos
os casos, os direitos previstos no § 3º do art. 39 e nos incisos XXIII e XXIV do caput do art. 7º da Constituição Federal e
outros direitos sociais e laborais previstos na legislação.

POLÍCIA CIVIL 39
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

4 .7 Deveres dos policiais civis

Quando falamos de deveres funcionais, significa viés, os policiais civis devem adotar medidas para
dizer que a observação e o cumprimento desses são assegurar a harmonia e o respeito entre os policiais de
obrigatórios, ou seja, o policial civil, independente todas as classes e categorias, prevenindo e reprimindo
do cargo que ocupa, deve obediência estrita ao quaisquer condutas ofensivas, insubordinação legal e
cumprimento dos deveres. Sendo assim, a hierarquia e assédio de qualquer natureza.
a disciplina são valores de integração e de otimização Vamos ver quais são os deveres funcionais de
das atribuições dos cargos e das competências todos os policiais civis previstos na Lei Orgânica das
organizacionais das polícias civis, direcionadas a Polícias Civis:
assegurar a unidade da investigação criminal. Nesse

1 observar os valores, as diretrizes e os princípios da instituição;

2 obedecer prontamente às determinações legais do superior hierárquico;

3 exercer com zelo, disciplina e dedicação suas atribuições;

4 cumprir as normas legais e regulamentares;

5 respeitar e atender com presteza os demais servidores e o público em geral

6 manter conduta compatível com a moralidade e a probidade administrativa;

7 ser proativo e colaborar para a eficiência da polícia civil;

8 buscar o aperfeiçoamento profissional;

9 zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;

10 colaborar com a administração da justiça;

respeitar a imagem, os valores e os preceitos da instituição, na forma do respectivo estatuto


11
disciplinar.

POLÍCIA CIVIL 40
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

4 . 8 Vedações

Não tão distante dos deveres, a Lei Orgânica também traz vedações de condutas aos policiais civis, ou seja,
condutas proibitivas que, caso cometidas, tornam o ato ilícito. Vamos ver as vedações previstas:
• É vedada a divulgação, a qualquer tempo e fora da esfera policial, de técnicas de investigação utilizadas pelas
polícias civis e de qualquer dado ou informação obtidos por meio de medida cautelar judicial, ressalvadas
as hipóteses legais, e o infrator deve responder civil, administrativa e criminalmente pela divulgação não
baseada na lei.

ATENÇÃO: A vedação disposta acima não se aplica aos cursos de formação, de aperfeiçoamento, de
atualização e outros, exclusivamente ministrados aos profissionais das instituições previstas no art.
144 da Constituição Federal.

• Em audiências, inclusive judiciais, o policial civil deve resguardar o máximo possível a sigilosidade das
técnicas e das ferramentas de investigação. A lei do respectivo ente federativo pode estabelecer outras
vedações ao policial civil além das previstas.
• São vedadas a aplicação de critérios de tratamento diferenciado para fins de promoção, de progressão,
de aposentadoria, de lotação e de designação ou qualquer outra discriminação da atividade funcional dos
cargos efetivos, ressalvados aqueles dispostos em lei.
• É igualmente vedado o tratamento diferenciado pautado em sexo, em cargo e em limitação física ou para o
gozo de direitos previstos em lei, a exemplo da cessão ou das licenças previstas nesta Lei.

5. DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Com o advento da Lei Orgânica das Polícias renomeados ou aproveitados nos termos da lei do
Civis, os entes federados deverão assegurar condições respectivo ente federativo, respeitadas a similitude
necessárias à segurança e ao funcionamento das e a equivalência de atribuições nas suas atividades
instalações físicas das unidades policiais, bem como o funcionais. A Lei Orgânica das Polícias Civis não traz
número adequado de servidores para o atendimento um prazo para que cada ente federativo realize a
suficiente aos usuários. Dessa forma, o ente federativo transformação dos cargos públicos existentes, nem
pode criar Fundo Especial da Polícia Civil, destinado tão pouco a mudança da nomenclatura em lei e nem
preferencialmente à valorização remuneratória o possível aproveitamento do policial em cargo similar.
dos policiais civis, bem como a investimentos com Nesse último caso, a lei nova do ente federativo deveria
aparelhamento, infraestrutura, tecnologia, capacitação extinguir os cargos existentes e criar outros para o devido
e modernização da instituição, entre outros. aproveitamento. De toda forma, o ente federativo
Na criação do cargo de oficial investigador tem liberdade em suas escolhas para estabelecer essa
de polícia, os cargos efetivos atualmente existentes transição.
na estrutura da polícia civil serão transformados,

POLÍCIA CIVIL 41
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Aqui encontramos mais vetos presidenciais que precisam ser explicados. Vamos vê-los:

§ 1º, § 2º, § 3º e § 4º do art. 38 do Projeto de Lei


“§ 1º Os atuais cargos podem ser renomeados com a nova nomenclatura de oficial investigador de polícia,
nos termos da lei do respectivo ente federativo, quando não for aplicável o disposto no caput deste artigo, por
similitude de função e com as devidas aglutinações das atribuições dos cargos de acordo com a conveniência e
oportunidade da administração pública.”
“§ 2º Aplicado o disposto no § 1º deste artigo, os atuais servidores podem fazer opção, em caráter
irreversível, de permanecer no seu cargo com sua nomenclatura atual, exercendo as atribuições de seu
provimento originário, devendo se manifestar por escrito ao órgão responsável no prazo de 90 (noventa) dias,
contado da data de publicação da lei do respectivo ente federativo.”
“§ 3º Se aplicado o disposto no caput ou no § 1º deste artigo, os policiais civis aposentados devem ter
seus cargos renomeados, redesignados e enquadrados no cargo de oficial investigador de polícia, preservados
seus direitos previdenciários e os dos respectivos pensionistas.”
“§ 4º Os cargos de natureza policial civil já extintos ou em extinção por lei do ente federativo anterior a
esta Lei serão aproveitados, reenquadrados, redistribuídos ou renomeados no cargo de oficial investigador de
polícia nos termos da lei do respectivo ente federativo, por similitude de função e com as devidas aglutinações
das atribuições dos cargos, de acordo com a conveniência e oportunidade da administração pública, observados
os princípios da evolução e da modernização legislativa.”

Razões dos vetos


“Em que pese a boa vontade do legislador, pontua-se que a proposição legislativa é contrária ao interesse
público, pois versa sobre regras específicas que possibilitam investidura em cargo público via provimento
derivado, implicando interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, inclusive
em matérias de competência privativa de chefes de poderes executivos, com impacto sobre o equilíbrio
federativo.
Ademais, a proposta viola frontalmente o disposto na Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal
Federal - STF, que assentou, nos termos do inciso II do caput do art. 37, da Constitucional, que é inconstitucional
toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido, o que levaria
à insegurança jurídica na sua aplicação.
Para reforço do argumento do veto, citam-se os precedentes do STF nos autos da ADI nº 6433/PR, de abril
de 2023, e ADI 5406/PE, de abril de 2020.”

Ouvidos, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços
Públicos e o Ministério da Justiça e Segurança Pública manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto
de Lei:

POLÍCIA CIVIL 42
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

§ 5º do art. 38 do Projeto de Lei


“§ 5º Os cargos técnico-científicos que realizem perícias de natureza criminal atualmente existentes
na estrutura das polícias civis serão transformados, renomeados ou aproveitados no cargo de perito oficial
criminal no órgão central de perícia oficial de natureza criminal nos termos da lei do respectivo ente federativo,
conforme a conveniência e oportunidade, respeitadas a similitude de atribuições e equivalência de funções
entre os cargos respectivos.”

Razões do veto
“Em que pese a boa vontade do legislador, pontua-se que a proposição legislativa é contrária ao interesse
público, pois versa sobre regras específicas que possibilitam investidura em cargo público via provimento
derivado, implicando interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, inclusive
em matérias de competência privativa de chefes de poderes executivos, com impacto sobre o equilíbrio
federativo.
Ademais, a proposta viola frontalmente o disposto na Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal
Federal - STF, que assentou, nos termos do inciso II do caput do art. 37, da Constitucional, que é inconstitucional
toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido, o que levaria
à insegurança jurídica na sua aplicação.
Para reforço do argumento do veto, citam-se os precedentes do STF nos autos da ADI nº 6433/PR, de abril
de 2023, e ADI 5406/PE, de abril de 2020.”

Ouvido, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos manifestou-se pelo veto ao seguinte
dispositivo do Projeto de Lei:

§ 6º do art. 38 do Projeto de Lei.


“§ 6º O disposto neste artigo não se aplica ao cargo de delegado de polícia.”

Razões do veto
“Em que pese a boa vontade do legislador, pontua-se que a proposição legislativa é contrária ao interesse
público, pois versa sobre regras específicas que possibilitam investidura em cargo público via provimento
derivado, implicando interferência indevida na organização político-administrativa do ente federado, inclusive
em matérias de competência privativa de chefes de poderes executivos, com impacto sobre o equilíbrio
federativo.
Ademais, a proposta viola frontalmente o disposto na Súmula Vinculante nº 43 do Supremo Tribunal
Federal - STF, que assentou, nos termos do inciso II do caput do art. 37, da Constitucional, que é inconstitucional
toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido, o que levaria
à insegurança jurídica na sua aplicação.
Para reforço do argumento do veto, citam-se os precedentes do STF nos autos da ADI nº 6433/PR, de abril
de 2023, e ADI 5406/PE, de abril de 2020.”

POLÍCIA CIVIL 43
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Ouvidos, o Ministério do Planejamento e Orçamento, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos


e a Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

Quanto à estrutura de cargos e as respectivas atribuições relativas à atividade pericial oficial prevista no inciso
IV do caput do art. 6º da Lei Orgânica das Polícias Civis e relacionadas às unidades técnico-científicas da polícia civil,
observada a lei federal que estabelece normas gerais para as perícias oficiais de natureza criminal, serão definidas em
lei específica, aplicadas as normas gerais desta Lei no que couber, sem prejuízo do disposto nas legislações vigentes dos
entes federativos que disponham sobre organização dos serviços de perícias oficiais.

ATENÇÃO: É vedada a custódia de preso e de adolescente infrator, ainda que em caráter provisório,
em dependências de prédios e unidades das polícias civis, salvo interesse fundamentado na
investigação policial. Nesse caso especificamente, caberá às respectivas polícias civis de cada ente
federativo providenciar meios de transporte dos presos para a respectiva unidade de custódia da
polícia penal do estado ou DF.

Sabemos que a lei pode criar funções gratificadas e que elas são de livre nomeação, sendo ocupadas
exclusivamente por servidores públicos efetivos. No caso de essas funções existirem nas polícias civis (e existem de
fato), deverão ser destinadas quando de natureza de assessoramento e chefia privativamente aos servidores policiais
civis.
Os artigos 42 e 43 também sofreram veto presidencial. Vamos ver as razões dos vetos:

Art. 42 do Projeto de Lei


“Art. 42. As normas gerais relativas à organização básica institucional e aos cargos da Polícia Civil do
Distrito Federal, nos termos do inciso XIV do caput do art. 21 da Constituição Federal, são estabelecidas nas
Leis nºs 14.162, de 2 de junho de 2021, 9.264, de 7 de fevereiro de 1996, e 4.878, de 3 de dezembro de 1965,
e cabe ao Distrito Federal regulamentá-las e legislar sobre normas específicas e suplementares a respeito de
prerrogativas, vedações, garantias, direitos e deveres da polícia civil, nos termos do inciso XVI do caput e dos §§
1º, 2º e 3º do art. 24 e do § 1º do art. 32 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Aplicam-se à instituição de que trata o caput deste artigo as normas desta Lei que versam
sobre direitos, garantias e prerrogativas da polícia civil, sem prejuízo de outras previstas em leis e regulamentos.”

Razões do veto
“Em que pese o mérito da proposta, a proposição legislativa incorre em inconstitucionalidade, já que o
inciso XIV do caput do art.21 da Constituição prevê que compete à União organizar e manter a polícia civil do
Distrito Federal. A competência para regular a matéria é da União, não do Distrito Federal. No caso em exame,
há regramento singular por parte da Constituição quanto ao Distrito Federal.

POLÍCIA CIVIL 44
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

A proposição legislativa é também contrária ao interesse público ao estabelecer que cabe ao Distrito
Federal regulamentar e legislar sobre normas específicas e suplementares a respeito de prerrogativas, vedações,
garantias, direitos e deveres da polícia civil, tendo em vista que o encargo de organizar e manter os referidos
serviços, suportando o ônus, ficaria com a União, enquanto a competência para criar vantagens e estender
direitos, ainda que por meio de regulamentação e legislação sobre normas específicas e suplementares, seria
de competência de outro ente federativo.”

Ouvidos, o Ministério da Previdência Social, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a


Advocacia-Geral da União manifestaram-se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

Art. 43 do Projeto de Lei


“Art. 43. Considera-se exercício em cargo de natureza estritamente policial toda atividade que o policial
civil realize nos órgãos que compõem a estrutura orgânica da polícia civil ou no exercício de mandato classista,
bem como toda atividade que venha a exercer, no interesse da segurança pública ou institucional, em outro
órgão da administração pública de Município, de Estado, do Distrito Federal, de Território ou da União, mantidos
seus direitos, garantias e prerrogativas funcionais.”

Razões do veto
“A proposição legislativa traz regramento sobre o que se considera exercício em cargo de natureza
estritamente policial. A disposição é inconstitucional, já que implica contagem fictícia de tempo de contribuição,
vedada pelo § 10 do art. 40 da Constituição. O dispositivo impõe a contagem de tempo de efetivo exercício no
serviço policial mesmo quando afastado dessas funções para outras funções não policiais, na linha do que já
consta no § 10 do art. 30 do Projeto de Lei.
A proposição legislativa é contrária ao interesse público, pois assegura contagem de tempo ficta para
todos os fins, inclusive para aposentadoria especial, para servidores que podem ficar longos períodos afastados
das atividades do exercício do cargo, sem avaliação de produtividade, e em órgãos não integrantes da estrutura
de segurança pública, em prejuízo da gestão de pessoal e da segurança pública.”

Ouvidos, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos e a Advocacia-Geral da União manifestaram-


se pelo veto ao seguinte dispositivo do Projeto de Lei:

A Lei Orgânica das Polícias Civis também cria o Conselho Nacional da Polícia Civil, que possui competência
consultiva e deliberativa sobre as políticas públicas institucionais de padronização e intercâmbio nas áreas de
competências constitucionais e legais das polícias civis. Aqui, nada mais temos do que o cumprimento da diretriz da
integração entre as instituições policiais civis. Contudo, por se tratar de um Conselho deliberativo, terá competência
para emitir resoluções e estipular orientações para padronização de procedimentos. O funcionamento do Conselho
das Polícias Civis depende de Decreto específico que irá definir sua composição e regimento.

POLÍCIA CIVIL 45
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

As instituições policiais civis podem adotar institui o dia 5 de abril como dia nacional da polícia
plataformas tecnológicas para registros dos civil e orienta que a lei do respectivo ente federativo
procedimentos, respeitadas as circunstâncias de deve dispor sobre a aplicação de data-base para
atuação presencial das equipes envolvidas. Isso prevê recomposição salarial dos servidores da polícia civil.
uma maior celeridade e veracidade dos registros Permanecem válidas as leis locais naquilo que
cartoriais de uma unidade policial civil, haja vista a não sejam incompatíveis com a Lei Orgânica das Polícias
segurança da informação e do acesso remoto. Civis.
Finalizando a Lei Orgânica das Polícias Civis, ela

QUESTÕES

Com base na Lei 14.735/2023, a Lei Orgânica das Policiais Civis, Julgue os itens a seguir:

Questão 1 - As polícias civis, dirigidas por delegado de polícia em atividade e de classe mais elevada nomeado pelos
governadores dos Estados e do Distrito Federal, são instituições permanentes, com funções exclusivas e típicas de
Estado, essenciais à justiça criminal e imprescindíveis à segurança pública e à garantia dos direitos fundamentais no
âmbito da investigação criminal.

Questão 2 – Uma das diretrizes a ser observada pela polícia civil, além de outras previstas em legislação ou
regulamentos, é a de planejamento e distribuição do efetivo policial, por resolução do Conselho Superior de Polícia
Civil, que não necessitam levar em consideração a proporção do número de habitantes, a extensão territorial e os
índices de criminalidade da circunscrição.

Questão 3 - As atribuições relativas às competências da polícia civil poderão ser exercidas por policiais civis em
atividade e na inatividade, na forma da lei.

Questão 4 – São órgãos essenciais das polícias civis, dentre outros, a Delegacia-Geral de Polícia Civil, as unidades
técnico-científicas e as unidades de saúde da polícia civil.

Questão 5 - A polícia civil tem como chefe o Delegado-Geral de Polícia Civil, nomeado pelo Presidente da República
e escolhido dentre os delegados de polícia em atividade da classe mais elevada do cargo.

Questão 6 - O Conselho Superior de Polícia Civil, presidido pelo Delegado-Geral e integrado por policiais civis, é
composto por representantes de todos os cargos efetivos da corporação, com a possibilidade de eleição de seus
membros e participação paritária, respeitada a lei do respectivo ente federativo.

POLÍCIA CIVIL 46
LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Questão 7 - O corpo docente da Escola Superior de Polícia Civil, designado pelo respectivo diretor, pode ser
preenchido preferencialmente por integrantes da instituição dentre os policiais civis que detenham notório saber,
habilitação técnica ou formação pedagógica comprovadas, selecionados por meio de edital publicado na imprensa
oficial que contemple requisitos de habilitação a serem comprovados mediante apresentação de títulos e aptidões
certificadas tecnicamente e em unidades acadêmicas, observadas as disciplinas que integram as grades curriculares
dos cursos estruturados pela coordenação pedagógica.

Questão 8 – É vedada à polícia civil criar unidades especializadas em combate à corrupção, ao crime organizado,
a crimes contra a vida, à lavagem de dinheiro, a crimes cibernéticos, a crimes ambientais, a crimes de violência
doméstica e familiar e a crimes contra vulneráveis, bem como em proteção animal, em interceptação de comunicação
telefônica, de informática e telemática, entre outras unidades policiais especializadas, pois são competências
cabíveis à Polícia Federal.

Questão 9 - Às unidades de apoio administrativo, vinculadas diretamente ao Delegado-Geral de Polícia Civil e


dirigidas preferencialmente por policiais civis com habilitação técnica comprovada na respectiva área de atuação,
incumbem os atos de suporte administrativo e estratégico de gestão.

Questão 10 - Durante o curso de formação profissional, de caráter classificatório e eliminatório, pode ser concedida
ajuda de custo não inferior a 50% (cinquenta por cento) do valor da remuneração prevista em lei para da última
classe do respectivo cargo, na forma da lei do respectivo ente federativo.

Questão 11 - As promoções dos policiais civis ocorrerão com base nos critérios de antiguidade, de tempo de serviço
na carreira e de merecimento e podem, inclusive, ser realizadas post mortem, conforme disposto em lei específica
do respectivo ente federativo.

Questão 12 - O oficial investigador de polícia, além do que dispõem as normas constitucionais e legais, exerce
atribuições apuratórias, cartorárias, procedimentais, de obtenção de dados, de operações de inteligência e de
execução de ações investigativas, sob determinação ou coordenação do delegado de polícia, assegurada atuação
técnica e científica nos limites de suas atribuições.

Questão 13 - O perito oficial criminal, além do que dispõem a Constituição Federal, o Decreto-Lei nº 3.689, de
3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal), e a legislação extravagante, sem prejuízo de outras previsões
constantes de leis e regulamentos, exerce atribuições de perícia oficial de natureza criminal, independente de
requisição do delegado de polícia, assegurada a ele autonomia técnica, científica e funcional.

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LEI ORGÂNICA NACIONAL DAS POLÍCIAS CIVIS

Questão 14 - A requerimento dos interessados, os ocupantes dos cargos efetivos da polícia civil podem exercer
funções no âmbito de outro ente federativo, mediante permuta ou cessão, condicionada à autorização expressa dos
respectivos governadores ou mediante delegação desses, atendida a legislação aplicável, sem qualquer prejuízo e
asseguradas todas as prerrogativas, os direitos e as vantagens, bem como os deveres e as vedações estabelecidos
pelo ente federativo de origem.

Questão 15 – O policial civil faz jus à licença remunerada de 3 (três) meses a cada período de 5 (cinco) anos de
efetivo exercício policial, que pode ser convertida em pecúnia, total ou parcialmente, a requerimento do servidor
ou no interesse da administração pública, com base no valor apurado na data do pagamento.

Questão 16 - É permitida a divulgação, a qualquer tempo e fora da esfera policial, de técnicas de investigação
utilizadas pelas polícias civis e de qualquer dado ou informação obtidos por meio de medida cautelar judicial,
ressalvadas as hipóteses legais.

Questão 17 – Nos casos de aposentadoria, fica assegurada a possibilidade de doação de armas de fogo institucionais
aos policiais civis.

Questão 18 - Em caso de morte de servidor policial civil decorrente de agressão, de contaminação por moléstia
grave, de doença ocupacional ou em razão da função policial, os dependentes farão jus à pensão equivalente à
remuneração do cargo da classe inicial, que não poderá ser vitalícia.

Questão 19 - O policial civil afastado para mandato eletivo ou classista ou cedido para outro órgão de natureza de
segurança pública ou institucional, parlamentar ou de gestão pública em outro ente federativo não poderá ter seu
tempo de afastamento contado como efetivo exercício no serviço policial, mas serão mantidos os seus direitos para
efeitos de promoção e de progressão no cargo e na carreira.

Questão 20 - Na criação do cargo de oficial investigador de polícia, os cargos efetivos atualmente existentes na
estrutura da polícia civil serão transformados, renomeados ou aproveitados nos termos da lei do respectivo ente
federativo, respeitadas a similitude e a equivalência de atribuições nas suas atividades funcionais.

Questão 21 - É vedada a custódia de preso e de adolescente infrator, ainda que em caráter provisório, em
dependências de prédios e unidades das polícias civis, salvo interesse fundamentado na investigação policial.

Questão 22 - O poder público deve assegurar assistência médica, psicológica, psiquiátrica, odontológica, social e
jurídica, bem como seguro de vida e de acidente pessoal, aos policiais civis e pode criar unidade de saúde específica
em sua estrutura funcional com todos os meios e recursos técnicos necessários.

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Questão 23 - Para o cargo de delegado de polícia são exigidos curso superior em qualquer área de conhecimento
reconhecido pelo órgão competente e 3 (três) anos de atividade jurídica ou policial, cabendo ao Delegado-Geral da
respectiva polícia civil definir os requisitos para classificação como atividade jurídica.

Questão 24 – Compete à polícia civil custodiar o policial civil condenado ou preso provisório à disposição da
autoridade competente, na hipótese de ausência de unidade de custódia de caráter exclusivo, por meio de órgão
próprio e na forma da lei.

Questão 25 – Não será admitida a celebração de convênios, de acordos de cooperação técnica, de ajustes ou de
instrumentos congêneres com órgãos ou entidades públicas e privadas nacionais ou estrangeiras para a execução
e o aperfeiçoamento de suas atividades, com inclusão, de forma paritária, de representantes de todos os cargos
policiais, ressalvadas as atribuições próprias de cada cargo.

Questão 26 – Compete à Polícia Civil produzir, difundir, planejar, orientar, coordenar, supervisionar e executar ações
de inteligência e de contrainteligência destinadas à execução e ao acompanhamento de assuntos de segurança
pública, da polícia judiciária civil e de apuração de infração penal, de forma a subsidiar ações para prever, prevenir
e neutralizar ilícitos e ameaças de qualquer natureza que possam afetar a ordem pública e a incolumidade das
pessoas e do patrimônio, na esfera de sua competência, independentemente da observância dos direitos e as
garantias individuais.

Questão 27 - A lei orgânica da polícia civil de cada Estado, do Distrito Federal e de cada Território, cuja iniciativa
cabe ao respectivo governador, deve estabelecer, observadas as normas gerais previstas nesta Lei, regras específicas
sobre estrutura, organização, competências específicas e funcionamento de unidades.

Questão 28 - Ênfase na repressão qualificada aos crimes hediondos e equiparados, à corrupção, à lavagem de
dinheiro, ao tráfico de drogas, ao crime organizado, aos crimes cibernéticos e aos crimes contra a vida, a administração
pública e a liberdade é uma das diretrizes das polícias civis.

Questão 29 - Fomento à divulgação, de caráter educativo ou informativo, por todos os seus integrantes, das missões,
das atribuições e dos valores da polícia civil, a fim de promover aproximação com a população, observado, em
quaisquer situações, o decoro na exposição de emblemas, brasões, patrimônio ou insígnias institucionais é um dos
princípios aplicados às polícias civis.

Questão 30 - Os policiais civis, por ocasião de sua aposentadoria, conservarão a autorização do livre porte de arma
de fogo válido em todo o território nacional, na forma da legislação em vigor.

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Gabarito

1 2 3 4 5
☑C ❎E ❎E ☑C ❎E
6 7 8 9 10
☑C ☑C ❎E ☑C ❎E
11 12 13 14 15
☑C ☑C ❎E ☑C ❎E
16 17 18 19 20
❎E ☑C ❎E ❎E ☑C
21 22 23 24 25
☑C ❎E ❎E ☑C ❎E
26 27 28 29 30
❎E ☑C ☑C ❎E ☑C

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