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Título:

A Santinha do Novo Horizonte

Autor:
Claudefranklin Monteiro Santos

ISBN:
978-65-88593-00-4 (impresso)
978-65-88593-03-5 (digital)

CONSELHO EDITORIAL

Ana Maria de Menezes


Fábio Alves dos Santos
Jorge Carvalho do Nascimento
José Afonso do Nascimento
José Eduardo Franco
José Rodorval Ramalho
Justino Alves Lima
Luiz Eduardo Oliveira Menezes
Maria Inêz Oliveira Araújo
Martin Hadsell do Nascimento
Rita de Cácia Santos Souza

Lucas Aribé Alves (Parecerista de acessibilidade)


Claudefranklin Monteiro Santos

A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Criação Editora
Aracaju, 2020
Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, com finali-
dade de comercialização ou aproveitamento de lucros ou vantagens, com observân-
cia da Lei de regência. Poderá ser reproduzido texto, entre aspas, desde que haja
expressa marcação do nome do autor, título da obra, editora, edição e paginação.
A violação dos direitos de autor (Lei nº 9.619/98) é crime estabelecido pelo artigo
184 do Código penal.

Foto de capa

Arte da capa

Projeto gráfico
Adilma Menezes

Revisão Geral
Padre Carlos Alberto de Jesus Assunção
Anália Tereza de Santana
Maria José de Santana Santos

Revisão Ortográfica
Gabriela dos Santos Silva
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Bibliotecário Pedro Anizio Gomes CRB-8/8846
Santos, Claudefranklin Monteiro
S237s A santinha do Novo Horizonte / Claudefranklin
Monteiro Santos; Prefácio de Carlos Alberto de Jesus
Assunção. – 1. ed. -- Aracaju, SE : Criação Editora, 2020.
186 p., 21 cm.
ISBN. 978-65-88593-00-4 (impresso)
ISBN. 978-65-88593-03-5 (digital)
Inclui bibliografia.

1. Biografia. 2. Caridade. 3. Igreja Católica. 4. Santos


Católicos. 5. Sergipe. I. Título. II. Assunto. III. Santos,
Claudefranklin Monteiro.
CDD 922.22
CDU 929:235
ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO
1. Biografia de santos; Testemunhos.
2. Biografia: santos; Devoção.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. A santinha do Novo Horizonte. 1.
ed. Aracaju, SE: Criação Editora, 2020.
(...) Se nos convencermos realmente que, entre
todas as criaturas da terra, o Pai Misericordioso
lançou sobre nós o olhar, nos amou de forma
toda original e nos convida a participarmos de
Sua ação, seremos capazes de nos superar a nós
próprios, abrindo sempre novos horizontes para
nossa existência, e arrastando conosco pessoas,
grupos e comunidades inteiras.

(Dom Paulo Evaristo Arns, São Paulo – 30.06.1975)

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AGRADECIMENTOS

N essa jornada, inúmeras foram as pessoas que Deus foi me


colocando no caminho, além de Amélia Beatriz e Anália
Dórea, esta última muito importante pelo cuidado com a memória
e salvaguarda de muitas das informações históricas contidas neste
livro. Devo uma gratidão enorme a todos e lhes rendo minhas ho-
menagens.
Inicio pelos meus mais próximos e pela paciência de estar
em casa, tendo que dividir essa missão com vocês: Patrícia, Pedro
Franklin e Júlia Gabriele. Patrícia foi, como sempre, o esteio de to-
das as horas, a ouvir a leitura de trechos do livro e a me apontar
caminhos e soluções para os impasses da pesquisa.
Na Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, contei desde
sempre, com total apoio. Inicialmente, quando das administrações
do Padre Lucas Chagas e do Padre Fábio de Jesus. Agora, mais de
perto, do Padre Carlos Alberto, que ao saber do projeto e de sua
retomada, me apoiou de forma decisiva, se colocando a disposição
e me permitindo que tivesse acesso irrestrito às fontes e à docu-
mentação. Nesse sentido e de igual modo quero também destacar o
apoio de Catiane Maria dos Santos e de Josefa Leda dos Santos Goes.
Catiane contagia com sua humildade e com sua presteza e foi muito
paciente comigo, em minhas solicitações quase que diárias.
Na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, contei com a genti-
leza do Padre Valmir Soares Santos não somente na autorização
para acessar o Livro de Tombo, mas também na concessão de um

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Claudefranklin Monteiro Santos

depoimento/entrevista. Nesse sentido, quero ressaltar o papel


significativo do Bacharel em Direito Rafael Batista, sempre aten-
cioso e solícito para comigo e para com minhas demandas de pes-
quisa no campo da História da Igreja Católica em Lagarto.
Para a compreensão da formação do Bairro Novo Horizonte, foi
de singular importância a colaboração de José Valdelmo Monteiro
Silva (Prefeitura Municipal de Lagarto), do casal amigo Emerson
Carvalho e Luzia Pires, das senhoras Stella Carvalho e Maria José
(Nêga), de Pedrinho da Telergipe, de Seu Antônio de Jesus e familia-
res, mais de perto de sua filha, a professora Maria do Carmo.
Além de Anália e Beatriz, este livro não seria possível sem a
colaboração de várias pessoas da comunidade, não só munindo a
pesquisa com informações valiosas, mas também tirando dúvidas e
ajudando a preencher algumas lacunas. Assim, meu mais profundo
agradecimento às seguintes pessoas: Joaquim Nogueira Fontes, Jo-
sefa de Vi, Maria José de Santana Santos, Aurelina Chaves e Agnaldo,
Frei Alan David, Dênis Pimentel e Elenilson Cerqueira, e Cleidibaldo.
Ao longo da feitura do livro, contei com a doação, colaboração
técnica e com a assessoria de alguns amigos: Gabriela dos Santos Sil-
va, Assuero Cardoso Barbosa, Ana Maria Medina Fonseca, professor
Edvanio de Jesus, Nadja Maria, Aristides Libório e Patrícia Monteiro
(rosas e fotografia da segunda aba do livro), Alessandro Souza Mora-
es (Alex Vision) e do casal amigo André e Lely (Andrewartes). Os três
últimos foram responsáveis por concretizar com arte e beleza aquilo
que idealizava como capa do livro em meus melhores sonhos.
Por fim e não menos importante, a todas as pessoas que ge-
nerosamente se dispuseram a me conceder entrevistas (vinte e
seis), a grande maioria delas, em razão da pandemia da COVID-19,
feitas com o auxílio de ferramentas tecnológicas, como e-mail e
redes sociais. Nesse conjunto de entrevistados, destaco os religio-

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sos e sacerdotes, que em meio a agendas apertadas, se renderam


carinhosamente e atenciosamente aos meus apelos, insistências e
persistências.
Por fim, quero agradecer a todos que se dispuseram a rezar por
mim e a Deus pela saúde e pela oportunidade de concluir este traba-
lho. Para tanto, e não seria diferente, a intercessão milagrosa de Santa
Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, que além de advogada
da causa, foi companheira em cada momento. Sem nenhuma espécie
de pudor em dizer isto: pude senti-la muito presente e até mesmo
ouvi-la, sobretudo quando o desânimo quis me tomar de assalto.

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PREFÁCIO

P ercorrer as etapas da vida de Santa Teresinha do Menino Je-


sus é uma experiência de fé surpreendente que nos direcio-
na para a fonte de esperança ilimitada. Com a Santinha de Lisieux
descobrimos que o amor contém tudo e alcança todos. Maravilhado
com a mais jovem doutora da Igreja, o professor e historiador Clau-
defranklin Monteiro Santos, assumindo a escolha pelo Amor amado
por Teresa, vem trazê-la para perto de nós assinalando nessas pági-
nas os principais pontos de sua vida e legado.
Além dos aspectos biográficos de Santa Teresinha, sua obra
contém os marcos históricos da paróquia instituída para homena-
geá-la. O patrimônio sócio-político lagartense foi salvaguardado
juntamente com a religiosidade de um povo fiel que foi inserido
num contexto sagrado onde Deus assumiu o senhorio.
Essa história foi trilhada inicialmente por homens e mulhe-
res que foram atingidos pelo desejo missionário de Santa Teresi-
nha. Educados por ela, eles assumiram o compromisso de dar-se
por inteiro ao Amor, contribuindo com humildade e generosi-
dade para o surgimento de um novo cenário religioso na cidade
de Lagarto: a Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face. 
Essa nova e profícua circunscrição eclesiástica fortaleceu a
evangelização nas áreas periféricas, imprimindo não apenas a cons-
ciência cristã, mas também uma significativa mudança estrutural
em todo território do bairro. O que aqui é registrado tem alicerces

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Claudefranklin Monteiro Santos

na chuva de bênçãos derramadas por Santa Teresinha, nelas estão


os primórdios dessa história.
O autor, primorosamente, nos mostra mãos e rostos de pesso-
as que transitaram pela devoção teresiana e tornaram-se “outras
Teresa  de Jesus”, unidas pela mesma herança divina recebida de
Deus por meio de Santa Teresinha.
Essa obra nos revela também o testemunho de um homem
agraciado por essa herança espiritual e pelos milagres da “Santinha
do Novo Horizonte’”. O autor, juntamente com sua família, aprendeu
ao lado de Santa Teresinha, que viver de amor é viver da vida do
Cristo. 
Ao professor e historiador Claudefranklin Monteiro Santos,
que nos presenteia com essa obra inspiradora, os nossos mais pro-
fundos e sinceros agradecimentos.

Pe. Carlos Alberto de Jesus Assunção

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APRESENTAÇÃO

N o dia 10 de maio de 1992, eu recebi do amigo Antônio Vi-


cente Celestino de Souza Bezerra um exemplar do livro
História de Uma Alma. Era uma edição de 1975, das Paulinas. O pre-
sente encheu meu coração de alegria, afinal tinha dezoito anos de
idade e vivia um momento completamente novo em minha vida. Eu
estava no segundo ano do Curso de Licenciatura em História, pela
Universidade Federal de Sergipe, imerso num ambiente totalmente
adverso a tudo que havia aprendido no seio da Igreja Católica, em
Lagarto-SE, desde a minha infância.
O livro História de Uma Alma foi muito importante para salva-
guardar e para amadurecer a minha fé. Com Santa Teresinha, sua
autora, aprendi e levei adiante, para todas as fases da vida, inúme-
ras lições e experiências de santidade que jamais havia visto ou co-
nhecido, mesmo cultivando em meu coração, desde os quinze anos,
o carisma franciscano. Por muito pouco não fui religioso.
À época, não me tornei devoto de Santa Teresinha, mas sempre
a admirei e a levei em meus pensamentos. O tempo se encarregou
disso e a razão deste livro diz muito. Para além de pretender ser
um registro histórico da memória devocional de Santa Teresinha
em Lagarto, mais de perto no Bairro Novo Horizonte e na Paróquia
que leva o seu nome, é também um préstimo de louvor a Deus e de
gratidão à Santinha.
Que Santa Teresinha foi grande, uma imensa personalidade da
Igreja Católica, isto é fato. Aos que dizem que o tratamento informal

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Claudefranklin Monteiro Santos

dispensado a ela é um desrespeito, ainda não a conheceu de fato e


não entendeu a relação devocional das pessoas para com ela, e, nem
tão pouco abriram seus corações para viver a sua infância espiritual
e o mistério de sua singular santidade, de pueril relação com Deus
e com seus devotos.
Esse diminutivo paradoxalmente imenso torna-se compreensi-
vo quando ela mesma, diante de Deus, se autodenominava de “flor-
zinha”, a menor do pomar sagrado da criação.
Santa Teresinha encarnou a essência da passagem de Mateus 11,
25: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste
estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos.”
Quando eu reli História de uma alma com o propósito de escre-
ver este livro, estava no auge de minha carreira, como professor e
também como escritor. Na verdade, estava num patamar de realiza-
ção pessoal que nem nos melhores dos meus sonhos juvenis conse-
guiria imaginar e sequer imaginei. Por outro lado, tinha acabado de
sair de duas cirurgias: uma planejada, no joelho esquerdo, e outra
de emergência, para retirar o apêndice. Isto se passou em menos de
dois meses entre setembro e novembro de 2019. Apesar de minha
fé, julgava, primeiramente, que não sobreviveria a ambos os proce-
dimentos cirúrgicos.
Depois de anos, nutrindo no meu coração uma espécie de sín-
drome do patinho feio, compreendi, por intermédio de Santa Te-
resinha, que deveria imprimir nas coisas que fazia mais amor do
que medo ou ficar travado em função de ressentimentos, repulsa e
até mesmo inveja de alguns poucos para comigo e com o que faço.
Que era necessário, com a consciência de que tudo é passageiro,
dispor meus talentos, (re)direcionar minhas buscas pela leveza,
pela paz de espírito e pela mansidão que eu tanto ansiava e ainda
anseio. Estar no mundo sem pertencer a ele, valer-me de opor-

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

tunidades de vanglória que me oferecem os meios que frequento


e fazer delas gestos concretos de amor, ainda que isto me custe
muito. Que, enfim, meu trabalho pudesse exalar o cheiro de Deus,
a sua essência de amor eterno.
“(...) Jesus não precisa de livros nem de doutores para instruir
as almas. Ele, o Doutor dos doutores, ensina sem ruído de palavras”
(História de uma alma, p. 186). Ao que poderia me soar como humi-
lhante ou desanimador, estas palavras de Santa Teresinha me con-
fortaram no propósito deste livro: deixar Jesus agir pelas minhas
misérias e resplandecer acima das vicissitudes humanas, conven-
ções sociais e pelas palavras, traduzindo por meio delas, sua vonta-
de suprema de amar-nos incondicionalmente.
Desse modo, perdoem-me os meus diletos confrades de aca-
demias beletristas e colegas de instituições científicas, amigos e
familiares céticos e até ateus, se não lhes ofereço nesta obra algo
que seja digno dos aplausos e louvores típicos destes mundos e re-
alidades. O livro A Santinha do Novo Horizonte, longe de ser mais
um trabalho de minha seara intelectual, é algo que me apraz desde
o início e agora me realiza, particularmente, enquanto ser humano
e muito menos como doutor, intelectual e “imortal”. Seguramente,
foi o melhor que já fiz e o que me deu mais alegria. Por isso mesmo,
optei por abrir mão de um texto rebuscado do ponto de vista cien-
tífico, para algo mais narrativo-descritivo, no limiar entre história e
memória, e também testemunho.
Em favor de meu alento enquanto intelectual e escritor, encon-
trei em Santa Teresinha a premissa que diz que: “(...) o pensamento
pertence ao Espírito Santo, e não a mim...” (História de uma alma,
p. 238). E foi assim, que em pouco mais de quatro anos como Mi-
nistro Extraordinário da Comunhão na Paróquia de Nossa Senhora
da Piedade, fui experenciar esse encontro do pensamento com a

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Claudefranklin Monteiro Santos

fé. Esvaziado no Espírito Santo, em cada Celebração da Palavra que


conduzia, sentia que meu pensamento continuava ali, mas a ser-
viço do sagrado e tinha um destino certo: o coração das pessoas.
Eu, homem da ciência, instrumento de Deus. Eu e todas as minhas
imperfeições humanas.
Há uma afirmação do Beato Maria-Eugênio sobre o legado te-
ologal de Santa Teresinha que traduz o sentimento e percurso da
pesquisa em torno deste livro: “(...) este ensinamento, à medida que
o estudamos, revela-se de tal envergadura intelectual, de tal pene-
tração espiritual que primeiro surpreende, depois ofusca e se sente
certa vertigem...” (p. 93).
Este livro é resultado de uma inspiração e de uma experiência
religiosa, que envolve algumas das sutilezas do agir de Deus em nos-
sas vidas. Acredito que foi numa das noites do Novenário de Santa
Teresinha de 2015, que a Santinha plantou em mim a ideia de es-
crevê-lo. Na Noite das Rosas, isto já era uma realidade, embora meu
coração estivesse apreensivo com a iminente saída de Padre Lucas
Chagas. Naquele ano, passei a ser professor voluntário do Curso de
Teologia, em Estância, quando tive a oportunidade de conhecer Amé-
lia Beatriz. E por intermédio dela, também Dona Anália Dórea. Dessa
conjugação de fatores, iniciou-se o projeto que ora apresento.
Confesso que subestimei a empreitada. Como uma Paróquia re-
cém-criada pudesse ter potencial para um livro? Mas, logo percebi
que havia mais história para contar que convergiam para aquele
ano de 2015. A saída de Padre Lucas, que havia abraçado a ideia
desde seu nascedouro, arrefeceu meus ânimos e o deixei de molho.
Em minhas orações, a Santinha, com muita delicadeza, me apontava
para a necessidade de retomá-lo.
Como o tempo é sempre de Deus e não o nosso, todo tempo é
tempo. E assim, senti que era chegada a oportunidade. E desde o ano

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

passado, venho trabalhando no levantamento e análise de fontes. Os


últimos dois meses foram de intensas atividades de leitura, escrita e
entrevistas, pois meu coração gritava que era chegada a hora e que,
com a intercessão de Santa Teresinha, alcançaria êxito no dia 30 de
setembro de 2020. Humanamente seria impossível ter que entregar
na editora até dia 20 de agosto. Entretanto, tudo foi convergindo po-
sitivamente e cá está a obra. Dela, eu fui apenas “(...) um pincelzinho,
que Jesus escolheu para pintar sua imagem nas almas que confiastes”
(Santa Teresinha - História de uma alma, p. 239).
A Santinha do Novo Horizonte está dividido em três partes: SER
amor; ESTAR no amor; PERMANECER no amor. Na primeira parte,
faço um balanço biobliográfico de Santa Teresinha, seja ao nível da
trajetória de vida, seja ao nível de sua santidade, pautando-me pela
premissa do editor de Obras Completas de Santa Teresinha (2018),
de que: “nunca se escreve e nunca se diz o bastante” (p. 120) ao seu
respeito. A segunda parte, que compreende seis capítulos, procurei
contar a história do Bairro, suas origens e desenvolvimento, dan-
do ênfase aos primeiros moradores e sua saga evangelizadora, que
plantou o sonho da igreja e depois da paróquia em honra a Santa
Teresinha. Por fim, na terceira parte, destaco a atual constituição
da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face,
as vocações nascidas no e a partir da evangelização do Bairro Novo
Horizonte e alguns testemunhos de pessoas que alcançaram graças
por intermédio de Santa Teresinha.
Caro leitor e devoto de Santa Teresinha do Menino Jesus, atribuo
todos os créditos desta obra ao Espírito Santo. As eventuais falhas, peço
favor acrescentá-las à minha enorme lista de limitações humanas.

Claudefranklin Monteiro Santos

Lagarto-SE, 11 de agosto de 2020

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SUMÁRIO

PREFÁCIO | 11

APRESENTAÇÃO | 13

MARIA FRANCISCA TERESA MARTIN


(Marie-Françoise-Thérèse Martin) | 21

MADRE TERESA DO MENINO JESUS


E DA SAGRADA FACE | 29

SANTA TERESINHA DO MENINO


JESUS E DA SAGRADA FACE | 38

NOVO HORIZONTE | 48

SONHO EM TERRENO FÉRTIL | 61

UMA OBRA DE FÉ | 76

O SONHO GEROU NOVOS


FRUTOS: A QUASE PARÓQUIA | 97
DE SONHO EM SONHO, UMA PARÓQUIA | 114

PERSEGUINDO OUTROS SONHOS:


A PARÓQUIA EM PERSPECTIVA | 129

RELAÇÃO DAS COMUNIDADES E PADROEIROS | 154

VOCAÇÕES SACERDOTAIS E RELIGIOSAS | 155

TESTEMUNHOS | 164

REFERÊNCIAS | 177
MARIA FRANCISCA TERESA MARTIN
(Marie-Françoise-Thérèse Martin)

N o século XIX, a Igreja Católica foi instada a responder a vá-


rias demandas, seja em razão dos avanços prometidos pela
Revolução Industrial e pelo desenvolvimento da ciência e da filoso-
fia, seja pelas questões em torno da fé, seja pela própria forma da
instituição encarar o mundo e viver e propagar a fé cristã.
O protestantismo avançava consideravelmente. Nos EUA, um
movimento liderado por Wiilian Miller, propagava a segunda vin-
da de Jesus: o adventismo. Por sua vez, a maçonaria também dava
passos largos.
No final do século XIX, a Igreja Católica, com a publicação da
Rerum Novarum, pelo Papa Leão XIII, procurou adotar uma postura
mais social, sobretudo como resposta à nova situação econômica
do país, onde passou a aumentar o fosso entre explorados e explo-
radores, e também em contraposição ao avanço do comunismo.
Na França, em particular, ainda se sentia a força dos desdobra-
mentos históricos da Revolução Francesa e do Império Napolêoni-
co. Em que pese o imperativo pela existência de um estado laico,
o surgimento do positivismo, do darwinismo, do espiritismo, a fé
católica se manteve presente na sociedade francesa.
Até a época do nascimento de Santa Teresinha, Alençon (Fran-
ça), dia 2 de janeiro de 1873, “(...) pouco se conhecia de Deus Amor”
(Beato Maria-Eugênio, 1995, p. 25). Naquele conturbado tempo,
onde, predominantemente, havia um embate vigoroso contra à fé

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Claudefranklin Monteiro Santos

cristã, a ponto do filósofo Nietzsche afirmar que Deus estava morto.


Para Conrado Meester, o ideal que cativou Santa Teresinha foi uma
ideologia apenas: “(...) Ela desejava amar Jesus intensamente.
Os pais de Maria Francisca Teresa Martin, Luís Martin (Louis
Joseph Martin) e Zélia Guérin (Marie-Zélie Guerin), ambos na mo-
cidade foram recusados pela vida religiosa institucional. O pai, par-
ticularmente, por não ser muito afeito ao domínio da língua latina.
Ele se tornou joalheiro e ela, tecelã e comerciante. A exemplo da
filha, foram canonizados no dia 18 de outubro de 2015. A Festa Li-
túrgica do casal ocorre no dia 12 de julho. Primeiros pais de um
santo católico a serem canonizados: “Luís e Zélia são santos pelo
testemunho de seriedade de sua fé vivida em família. Não eram sa-
cerdotes, não pertenciam a nenhuma ordem religiosa e não eram
teólogos” (ROSSI, 2017, p. 5).
Ambos se conheceram em abril de 1858, em Alençon (França).
Segundo seus biógrafos, foi um encontro fortuito, numa ponte da ci-
dade. Naquele mesmo ano, no dia 13 de julho, casaram-se na igreja
de Nossa Senhora. Ele com 35 anos de idade e ela, com 27 anos. Na
cerimônia de casamento, a imagem de Nossa Senhora da Vitória, de
que tratarei mais adiante. Curiosidade que demonstra todo o apre-
ço do casal pela Virgem Maria. Todos os nove filhos tinham MARIA
no nome, incluindo os únicos meninos da prole.
Para Alexandre Rossi, no que se refere à espiritualidade mariana
do casal e da família: “Maria era para eles um castelo forte e fonte de
consolo e abrigo; um exemplo daquilo que é finito mergulhando no in-
finito” (2017, p. 56).
Constituíram um padrão de vida de classe média alta, mas sem
ostentação. Para Cecilia Tada, eles enriqueceram de modo honesto:
“(...) procurando estabelecer relações justas com seus operários e
sendo generosos com os pobres” (2011, p. 30).

22
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Maria Francisca Teresa Martin foi a caçula de uma família de


nove rebentos: Maria Luísa (1860-1940), Maria Paulina (1861-
1951), Maria Leônia (1863-1941), Maria Helena (1864, falecida aos
5 anos de idade); Mário José Luís (1866 e falecido aos cinco meses
de vida); Mário José João Batista (1868 e falecido aos nove meses
de idade); Maria Celina (1869-1959); Maria Mélanie Teresa (que
morreu de fome com sete semanas de nascida).
Ainda bebê, Teresa parecia seguir o mesmo destino dos irmãos
que lhe antecederam. Sua mãe, com 41 anos de idade, teve dificulda-
de para amamentá-la e precisou recorrer a uma ama de leite (Rosa
Taillé), com quem morou na zona rural, em Semallé, cerca de 15 me-
ses, quando passou a gozar da convivência familiar, sã e salva. Foi a
solução encontrada para interromper a sequência de infortúnios.
Talvez por ter sido a mais nova, por conta das perdas da mãe
anteriormente ao seu nascimento, fosse tão mimada, tornando-se
voluntariosa, inquieta, de gênio forte e dada a chorar rios de lágri-
mas (STÖCKER, 2003, p. 27). Eu e minha esposa temos a convicção
de que nossa filha, Júlia Gabriele, é um milagre de Deus, por sua
intercessão (ver depoimentos ao final do livro). Ao debruçar-me so-
bre a infância de Santa Teresinha, pego-me a imaginá-la nas peralti-
ces e voluntariedades dela. Nunca vi uma intercessora e intercedida
se parecerem tanto na infância.
A mãe de Santa Teresinha, Zélia Guérin, tinha câncer na mama
direita, convivendo com isto por 11 anos. Quando Teresa nasceu,
ela já sofria do problema. Segundo Monika-Maria Stöcker, ela so-
freu muito com a doença, mas conservava consigo uma caracterís-
tica que mais tarde a Santinha acabou assumindo pra si também: a
de sorrir para disfarçar a dor e o sofrimento (2003, pp. 28-29/31).
A morte da mãe, em 1877, calou fundo na pequena alma de Te-
resa, com pouco menos cinco anos de idade. O episódio foi decisivo

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Claudefranklin Monteiro Santos

para uma nova fase de sua pequena vida, que logo cedo teve que
conviver com o luto e com as perdas. Para o Beato Maria-Eugênio, a
morte da mãe fez com que ela passasse por um processo de “puri-
ficação” (1995, p. 27).
Com a mãe, apesar do pouquíssimo tempo de convivência, ha-
via muito amor e ternura. Sobre as mães, de modo geral, dizia: “(...)
o coração de mãe é mais sagaz que o de um médico” (História de
uma alma, p. 76). Nas cartas de sua mãe, Maria Francisca Teresa
Martin era chamada de “pequerrucha”. Na semântica de nosso tem-
po, acredito que seja, sem perder o sentido dado à época, referente
a pessoa que é “uma coisa linda” e normalmente pequena. Ou ainda,
para me utilizar de uma expressão francesa muito utilizada em ou-
tros tempos: um bibelot1.
O falecimento da mãe, fez com que seu pai tomasse a decisão de
mudar-se para Les Buissonnets (Lisieux). Ali, até entrar no Carmelo,
viveu os melhores momentos de sua vida e foi onde encontrou sua
vocação. Para Marie Pouliquen Tanguy lhe foi “um pequeno novicia-
do” (2010, p. 30), onde pode sedimentar não somente a convivência
familiar, mas também a sua formação espiritual inicial. E, também,
apesar do conforto, a ensaiar a sua pobreza espiritual e sua infância
espiritual, não só no sentido etário desta expressão, mas na sua via
de amor de salvação, com vistas à santidade.
Aprendeu a ler e a escrever aos cinco anos, em casa, com o auxí-
lio das irmãs e do pai. Segundo ela mesma, não era muito dada aos
estudos e tinha dificuldade em aprender, mas com muito esforço o
fazia. Embora achasse a vida escolar e as obrigações escolares enfa-
donhas, ela esforçava-se e alcançava êxito na aprendizagem, mani-
festando especial interesse por redação, história e ciências. Comu-
mente era sempre destacada na escola, seja no catecismo, seja nas

1 Objeto pequeno de decoração de casas, geralmente usado sobre armários.

24
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

tarefas em geral. O Padre Domin costumava chamá-la de “doutora-


zinha”, em alusão à Santa Teresa D’Ávila.
Em suas memórias, ela relata que os cinco anos em que pas-
sou num semi-internato de uma abadia beneditina lhe foram muito
ruins. Gostava mesmo era de ficar em casa, na companhia do pai e
das irmãs e também das pessoas mais velhas.
Não bastasse ter perdido a mãe de forma tão prematura, pou-
cos anos depois, Santa Teresinha teve que enfrentar e conviver com
a separação de sua irmã Paulina, a quem escolheu para ser sua se-
gunda mãe. Vocacionada, em 1882, entrou no final do ano para o
Carmelo, onde passou a se chamar Irmã Maria do Sagrado Coração,
deixando a Santinha profundamente abalada.
Logo após a entrada de sua irmã Paulina no Carmelo, Santa Te-
resinha foi acometida de uma misteriosa enfermidade que só co-
nheceu cura quando teve uma de suas primeiras experiências mís-
ticas, uma extraordinária intercessão da Virgem Maria, apontando
para o destino santo daquela criaturazinha frágil, desde a mais
tenra idade. Convalescida e até desenganada pela ciência da época,
assim descreveu o momento em que se livrou do infortúnio: “(...) O
rosto irradiava inefável bondade e ternura, mas o que me calou no
fundo da alma foi o “empolgante” sorriso da Santíssima” (História
de uma alma, p. 81).
Tratava-se de uma imagem de Nossa Senhora da Vitória que
ficava no quarto da irmã mais velha, Maria, onde esteve acomodada
durante a doença. Sobre a referida enfermidade, não se sabia ao
certo o que seria, pois não havia explicação razoável e racional a
respeito. Santa Teresinha atribuía aquilo à ação do maligno. Essa
experiência milagrosa com Nossa Senhora aconteceu quando ela
estava com nove anos de idade. Doravante, passou a chamá-la, cari-
nhosamente, de “Nossa Senhora do Sorriso”.

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Claudefranklin Monteiro Santos

Sua irmã Celina tornou-se sua confidente. Para alguns biógra-


fos, o “outro eu” da Santinha. No Carmelo, passou a se chamar Irmã
Genoveva da Santa Face.
Além da devoção à Santíssima Virgem em todas as suas repre-
sentações, particularmente esta que a curou, ela também aprecia-
va Santa Joana D´Arc, Santa Cecília. Com o Menino Jesus tinha uma
relação e se dirigia a Ele com as melhores das suas expressões po-
éticas e religiosas. Queria ser dele seu “brinquedinho”. Não aquele
que se guarda para admirar e conservar, mas como uma bolinha
sem nenhum valor, que Ele: “(...) poderia jogar ao chão, bater com o
pé, furar, largar num canto, ou também apertar ao coração, quando
fosse de seu agrado” (História de uma alma, p. 148).
Aos 11 anos de idade, mais precisamente no dia 8 de maio de
1884, viveu um momento muito especial, comungando pela primei-
ra vez, coisa que já ansiava desde muito pequena.
As escritoras Maria Emmir Nogueira e Maria Lima Lemos, no
livro Tecendo o fio de ouro, dedicam algumas passagens para tomar
Santa Teresinha como exemplo de superação. O faz, de modo es-
pecial no capítulo intitulado Testemunho Irrefutável, tendo como
suporte de análise os 12 primeiros anos de vida da Santinha. As
autoras discorrem sobre e refutam a ideia preconcebida de que o
passado traumático gera necessariamente futuros doentes psicos-
socialmente afetados. Para elas, não é o acontecimento no passado
que determina, necessariamente, o comportamento doentio de al-
guém no futuro, mas a forma como ela lida com ele no presente.
Segundo as autoras, Santa Teresinha reapropriou-se do passa-
do e o redirecionou para o amor:

Dor, angústia, morte, medo, enfermidade, abandono, senti-


mento de rejeição, medo da morte, terrores e tremores foram

26
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

parte do passado que Teresinha acolheu e, com amor, liber-


dade e responsabilidade, deu-lhe sentido ordenando-o para o
amor, para a vivência do Evangelho, transformando-o no amor
a Jesus que viria a gerar uma chuva de rosas (2013, p. 142).

Para Marie Pouliquen Tanguy, foi ferida psicologicamente pela
dor, que Santa Teresinha foi convidada pelo amor divino para viver
a “loucura do amor”. Sua cura, por exemplo, quando do misterioso
mal que lhe acometeu, para o autor, deu-se “(...) no próprio coração
de sua fragilidade psicológica, por meio de sua confiança em Deus”
(2010, p. 19).
Segundo ela mesma, nossa Maria Francis Teresa Martin, sua
conversão definitiva aconteceu aos 14 anos de idade, conforme des-
creve em uma passagem de História de uma alma:

(...) Para comigo, mais misericordioso ainda, do que para


com os discípulos, o próprio Jesus tomou a rede, lançou-a
e recolheu-a cheia de peixes... Fez-me pescadora de almas.
Senti grande desejo de trabalhar pela conversão dos pecado-
res, desejo que nunca sentiria de maneira tão pronunciada...
Senti, numa palavra, a caridade penetrar-me no coração, a
necessidade de esquecer-me a mim mesma, para ser obse-
quiosa, e desde então fui feliz! (p. 109).

Ela se referia ao Natal de 1886, quando aos quatorze, diante do


pai que se queixava de seus seguidos murmúrios, choros e lamen-
tações, resolveu tomar uma decisão importante. Naquela noite, ao
invés de se debulhar em lágrimas, encontrou paz em seu coração e
pela primeira vez se sentiu fortalecida para seguir em frente, como
uma moça e não mais como uma criança mimada e insegura.

27
Claudefranklin Monteiro Santos

Maria Francisca Teresa Martin tinha uma vida abastada. Para


tanto, desde cedo, estabeleceu como regra de vida a consciência de
que as coisas materiais são frivolidades, procurando não se apegar
aos bens materiais. Se quisesse, teria uma vida de grandes oportu-
nidades materiais pela frente. Ela poderia: “Fazer negócios, traba-
lhar, ganhar dinheiro, lucrar e administrar, tudo isso pertencia ao
ambiente em que ela nasceu” (MEESTER, 2018, p. 57). E foi nesse
ambiente que ela se criou até os 15 anos. De igual modo, às irmãs
que também abriram mão dessas possibilidades, inclusive de um
bom casamento, para servir unicamente aos propósitos de Deus.
É bem verdade, como nos diz Cecília Tada, que se a pobreza
material não fosse assumida com desprendimento, isto teria
causado um efeito contrário, como a revolta, poderia ter envenenado
e endurecido o coração da Santinha (2011, p. 28).
Santa Teresinha entendeu logo cedo que Deus era único bem e
riqueza e que era possível ser pobre, mesmo vivendo em ambiente
favorável economicamente. Da convivência e criação com os pais e
irmãs, ela aprendeu a superar o formalismo da fé católica, não se fa-
zendo de rogada na assistência à pobreza e aos mais necessitados.

28
MADRE TERESA DO MENINO JESUS
E DA SAGRADA FACE

S obre a vocação carmelita, mesmo antes de completar dez


anos de idade, dizia: “(...) era única e exclusivamente por Ele
que queria ser carmelita” (História de uma alma, p. 66). Aos 15 anos,
tomou a firme decisão de alcançar esse propósito, encontrando re-
sistência as mais diversas. Como já disse no capítulo anterior, Maria
Francisca Teresa era de família abastada e ao assumir a condição de
postulante à religiosa carmelita, colocou em prática a passagem do
Evangelho de Mateus 8, 20, quando Jesus respondeu a um escriba que
queria lhe seguir: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu, seus ni-
nhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”.
O sentido da pobreza cristã tomou o coração da jovenzinha de
Lisieux e a encheu de plena convicção do que queria ao abandonar o
lar dos seus pais e não gozar da companhia de seu pai: “(...) a pobreza
consiste em ver-se alguém carente não só de coisas agradáveis, mas
também de coisas indispensáveis” (História de uma alma, p. 168).
A convicção de entrar no Carmelo com apenas quinze anos en-
controu forte resistência, inclusive no seio da família. O pai foi ao
seu favor. Seu tio materno, Izidoro, responsável pela sua educação,
resistiu no início, mas logo se convenceu. A irmã mais velha, já reli-
giosa do Carmelo, achava que ainda era muito cedo.
Foi do clero que veio a maior e a mais forte resistência. Primei-
ro do Pároco, depois dos Superiores da ordem. O que lhe fez procu-
rar o Bispo e até mesmo ao Santo Padre, o Papa Leão XIII.

29
Claudefranklin Monteiro Santos

A audiência com o Papa Leão XIII, aconteceu no dia 20 de no-


vembro de 1877. Fruto de uma longa viagem com o pai, da França
à Itália. O encontro é narrado em detalhes por ela em seus escritos.
Foi naquele dia, que ela “(...) com filial audácia suplica ao Santo Pa-
dre que lhe conceda a permissão para ingressar no Carmelo com
apenas 15 anos” (SENA, 2013, p, 5).
Santa Teresinha foi obstinada, não por capricho, mas por amor
ao seu Bom Deus e assim o foi na saga de poder e querer entrar
no Carmelo com pouca idade, enfrentando e superando as resis-
tências, sem animosidades ou enfrentamentos desgastantes, cho-
rando algumas vezes, se entristecendo tantas outras, mas nunca se
deixando vencer. Sua resiliência era impressionante e nos inspira:
“(...) não me deixei vencer em nenhum combate” (História de uma
alma, p. 108).
Sobre a obstinação santificante de Maria Francisca Teresa,
afirma Monika-Maria Stöcker: “(...) com muita força de vontade e
a coragem nascida da fé, enfrentou todas as barreiras na sua vida,
tornando-se uma aventura incomparável de amor” (2003, p. 13).
Monika-Maria Stöcker é autora de uma das mais importantes e
completas biografias sobre Santa Teresinha. Para tanto, se utiliza
de uma técnica que causa grande efeito: a técnica narrativa. Escreve
seu livro sobre a Santinha como se fosse ela mesma, mostrando-a
no seu tempo e para além dele, procurando alcançar, sobretudo, o
coração dos jovens do século XXI.
Em março de 1888, enfim recebeu a autorização. A jovem Ma-
ria Francisca Teresa alcançou êxito em sua empreitada sagrada e
em seu obstinado desejo de servir Jesus no dia 9 de abril de 1888,
na Festa da Anunciação, quando entrou no Carmelo de Lisieux.
Após despedir-se da família, uma cena com seu pai, de algum
modo, antevia a sua santidade. Uma passagem marcante e signifi-

30
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

cativa que representou o tamanho da jovenzinha, a dimensão de


sua importância na hagiografia e no Catolicismo. Ela, assim narrou
aquele momento: “(...) pus-me de joelhos diante do meu incom-
parável pai para lhe pedir a bênção; a fim de me a conceder, ele
mesmo se pôs de joelhos e abençoou-me a chorar” (História de uma
alma, p. 157).
“Meu rei”, era como Santa Teresinha se referia ao seu pai e ela,
a sua “rainhazinha”: “(...) Não consigo externar quanto amava papai.
Tudo nele me causava admiração” (História de uma alma, p. 65).
No dia 10 de janeiro de 1889, com a presença do pai e das ir-
mãs, Teresa de Lisieux tomou o hábito e passou a se chamar Irmã
Teresa do Menino Jesus. O nome de religiosa, “Teresinha do Menino
Jesus”, foi inspirado em sonho e está relacionado ao amor que a San-
tinha cultivava pelo Menino Jesus. Ela não queria perder o nome de
Teresa, dado que já houvesse outra. Gostava do nome dado pelo pai
em homenagem à Santa Teresa D´Avila. A relação com a devoção à
Sagrada Face1 se aprofundou no Carmelo. Por ocasião das vestes de
seu hábito, ela assinou pela primeira vez num santinho: “Irmã Tere-
sa do Menino Jesus da Sagrada Face” (História de uma alma, p. 161).
Para o Beato Maria- Eugênio, em Teresa do Menino Jesus: “(...)
a devoção à Santa Face consistia em olhar para Deus. É perfeita-
mente justo e teologal” (1995, p. 49). Para ela importava apenas o
olhar Deus e por Ele ser olhada. Estar face a face com Ele, com seu
amado e por Ele ser amada. Quem se ama verdadeiramente o faz,
sobretudo pelo olhar. Quem ama, fica atento a cada movimento do
amado. Não lhe tira os olhos por nada. Ela “(...) olhava para Deus
através de sua forma humana [Jesus], por que ali encontrava o re-

1 Devoção criada no século XIX, que teve seu auge e disseminação a partir das visões de
Irmã Maria Pierina de Michel (Milão, Itália, 1890-1945), da Congregação Filhas da Imaculada
Conceição. Santa Teresinha foi a primeira a utilizar essa expressão e devoção em nome de
religiosa na história do Carmelo.

31
Claudefranklin Monteiro Santos

flexo da divindade ao mesmo tempo que as marcas do sofrimento”


(1995, p. 49).
Nessa chamada “ascese2 unicamente contemplativa”, Santa Te-
resinha seguiu numa direção contrária ao seu tempo, chamada de
“ascese orgulhosa”, valendo-se das próprias custas para se aproxi-
mar de Deus. Para o Beato Maria-Eugênio “(...) o santo é aquele que
deixa Deus triunfar nele” (1995, p. 54)
Sempre mimada e dada ao choro, ao entrar no Carmelo, Maria
Teresa não sabia fazer nada. Para ela, fazer uma atividade domésti-
ca era um suplício e mais tarde entendeu que isto lhe valeria vários
momentos de mortificação. Ela passou a praticar o “dever de estado”
e fazer de pequenos gestos, momentos de louvor a Deus, na mortifi-
cação das vontades, como também a obediência a sua Superiora no
Carmelo, mas também aos regramentos severos e disciplinados.
O Carmelo se lhe apresentou como um deserto, em que pese
o conforto e o carinho que tinha em Les Buissonnets. Ali, naquele
deserto, ela procurou “(...) engajar-se incondicionalmente em Deus,
solícito por seu amor e sem se queixar de si mesma, assumindo
todo o resto, nesta única solicitude: eis aí a missão audaciosa” (ME-
ESTER, 2018, p. 27).
À ideia de deserto, também a de exílio. Foi aí, diz Marie Pouliquen
Tanguy que ela fez a “descoberta do amor na obscuridade” (2010, p. 36).
Chama a atenção na jornada de Santa Teresinha no Convento, a
existência de sentimentos que nos são muito comuns: insegurança,
impaciência, dúvidas sobre a sua vocação e sensação de abandono
de Deus. Ela teve que trabalhar isto e o fez com humildade, perseve-
rança e fé. Assim como obstinada para entrar no Carmelo, também
o foi no propósito de querer santa, procurando superar inúmeras

2 Conjunto de práticas religiosas, geralmente austeras e disciplinadas com vistas à realização


de desígnios divinos.

32
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

dificuldades e reveses. No seu caso, na alma e também no corpo, se


considerarmos as circunstâncias adversas de saúde que a levaram
a morte com apenas 24 anos de idade.
Para Conrado Meester, por isso mesmo ela se tornou uma figu-
ra muito atual, pois além de conhecer as interrogações da condição
humana, soube encontrar as respostas para cada uma delas, sem
perder seu foco: “(...) mil perguntas e mil tentações não suscitaram
uma única dúvida a respeito de Jesus. Nunca soltou a mão dele”
(2018, p. 50).
É verdade que nos primeiros anos de vida religiosa teve
dificuldade de se relacionar e de se abrir com sua superiora. Além
disso e por isso mesmo, foi severamente reprimida e tinha que
conviver com as irmãs de sangue como se fossem desconhecidas,
sem poder contar com elas e com seus mimos comuns quando os
recebia em casa.
Para um dos biógrafos de seus pais, Alexandre Solano: “(...) so-
mos santos quando reconhecemos e permitimos que Deus trabalhe
em nossa humanidade” (2017, p. 19). E foi exatamente isto que San-
ta Teresinha, se permitiu em absoluto ao amor de Deus, tendo Jesus
seu “elevador”, aquele que lhe seria capaz de alcançar a salvação e
a santidade.
Segundo Cecília Tada: “A imagem de elevador não é mais do que
o amor que destrói toda a distância e continuidade de uma espiritu-
alidade pautada na contagem das boas obras e na aquisição de mé-
ritos” (2011, p. 45). Aliás, ela quebra esse paradigma de santidade
muito comum na sua época e ainda presente nos nossos dias. Isto
fica evidente em carta enviada para o Padre Belliére: “Compreendi
mais do que nunca até que ponto a vossa alma é irmã da minha, pois
está chamada a elevar-se para Deus pelo ascensor do amor e não

33
Claudefranklin Monteiro Santos

pela rude escada do temor...3”. Aqui, a nítida convicção de que Deus


é amor, presente em 1 João 4, 8: “Aquele que não ama não conhece
a Deus, porque Deus é amor.”
Nesse particular, de busca da santidade, Dom Odilo Pedro Sche-
rer nos apresenta algumas ponderações interessantes. A primeira
a de que sua via foi uma “exegese4 viva” do Evangelho. A outra, a de
que não nasceu santa e nem perfeita, embora tivesse sido criada
em ambiente favoravelmente católico. Por fim, ele destaca que: “A
originalidade de seu caminho de santificação está nos meios não
muitos comuns para à época, antecipando, inclusive, o Vaticano II. O
conhecimento experiencial do mistério de Deus, revelador em Jesus
Cristo” (2011, p. 9).
Uma análise acurada da representação fotográfica de Santa Te-
resinha no Carmelo revela um sorriso discreto que escondia inú-
meros sofrimentos, relatados por si, em seus escritos, e também
por aquelas com quem viveu mais de perto dela na vida religiosa.
Para além de ser um gesto de desprendimento, seu sorriso também
revela uma caridade singular, que ela aprimorou no convento, na
vida diária e no convívio com as irmãs religiosas. Era conhecida por
todas as suas companheiras por ter um incorrigível senso de hu-
mor, que levou consigo até mesmo nas últimas horas de sua morte.
Nas notas da edição do livro Obras Completas, de Santa Teresinha
(2018), o editor destaca seu “espírito jocoso5” (p. 7) e sua “perso-
nalidade informal” (p. 7).
Cumprindo o tempo de noviciado, que prolongou um pouco
mais em razão do agravamento do estado de saúde do pai. Ela fez
profissão definitiva como religiosa do Carmelo no dia 8 de setem-

3 Carta 258. Dirigida ao Padre Bellière e escrita no dia 18 de julho de 1897.


4 Diz-se de interpretação crítica de um texto, notadamente de cunho religioso.
5 Que provoca risos.

34
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

bro de 1890. Esta cerimônia foi restrita ao ambiente do convento.


No dia 24, se estendeu para o público externo, com a presença dos
parentes (exceção feita ao pai). Ali, ela recebeu o véu preto que foi
trocado pelo branco e selou seu casamento do Jesus.
Sobre o pai, Seu Martin sofreu um ataque de apoplexia6 no dia
1 de maio de 1887. Após a entrada de Santa Teresinha no Carme-
lo, seu estado de saúde agravou-se consideravelmente. Depois de
cinco anos de padecimento físico e moral, ele morreu no dia 29 de
julho de 1894. Ele experimentou toda sorte de privações. Ficou vi-
úvo com cinco filhas para criar; precisou mudar-se de cidade para
recomeçar a vida; depois a doença que afetou os nervos e o juízo e
também o corpo; afora “perder” três das cinco filhas para o Carmelo
e mais duas outras a caminho da vida religiosa também7. Some-se a
isso, a dificuldade na criação de Leônia, a terceira filha do casal, que
tinha um temperamento difícil, mas depois também seguiu vida
religiosa como o nome de Irmã Francisca Teresa. Um acúmulo de
infortúnios que o fez sofrer até a morte.
No Convento, a Madre Teresa aprofundou sua compreensão te-
ológica sobre a sua vocação, sobre o mundo e sobre as pessoas. A
leitura de São João da Cruz foi muito importante nesse sentido, so-
bretudo quando ela se sentia só no Carmelo. Da leitura de sua obra,
o Beato Maria-Eugênio dirá que Santa Teresinha obteve a confirma-
ção do amor infinito de Deus, sobre o desenvolvimento da caridade
(1995, p. 34).
Também o Profeta Elias e Santa Teresa D´Ávila contribuíram
para alicerçar seu conhecimento e sua vida religiosa. De Elias, o

6 Acidente vascular cerebral.


7 Entraram para o Carmelo: Paulina (1882), Maria (1886), Teresa (1888) e Celina (1894).
Leônia, que chegou a ser expulsa do convento três vezes, entrou para o Mosteiro da Visitação
de Caen, em 1899. Há, no Vaticano, processos abertos para a canonização das irmãs de Santa
Teresinha.

35
Claudefranklin Monteiro Santos

fogo da justiça e a missão profética. Mãe do Carmelo, foi seu fruto


mais frondoso: “(...) o mais belo entre os frutos de sua fecundidade”
(Beato Maria-Eugênio, 1995, p. 79).
Sobre sua erudição bíblica, o Monsenhor Pedro Teixeira Caval-
cante assinala: “(...) O conhecimento da Bíblia em Santa Teresinha
é coisa sumamente admirável, porque ela não teve estudo especia-
lizado, nem teve contato constante e direto com o livro sagrado”
(2018, p.23)
A sua fragilidade física a fez sofrer severamente entre a passa-
gem da noite de Quinta-feira Santa para o dia da Sexta-feira da Paixão,
de abril de 1896. Doravante, diagnosticada com tuberculose, sofreu
descomedidamente, ficando cada vez mais convalescida a ponto de
ser internada em definitivo na enfermaria do Carmelo de Lisieux, no
dia 8 de julho de 1897. Curioso destacar que mesmo assim, concluiu
suas cartas memoriais que vinha escrevendo desde abril de 1877.
Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, com
o agravamento da tuberculose, morreu no dia 30 de setembro de
1897, às 19h e 20 minutos. Suas últimas palavras foram: “Oh! Eu o
amo! Meus Deus... eu Te amo!” Disse-o olhando fixo para a imagem
da Mãe de Deus.
Sobre o inevitável encontro com a morte, sob a inspiração
evangélica da chegada do ladrão, ela disse: “(...) como quereis que
tenha medo de alguém que amo tanto?” (História de uma alma, p.
266). Não se referia, naturalmente, à morte, mas ao encontro que
esta poderia lhe proporcionar com Jesus.
Além disso, convicta da graça do Céu, pediu a Deus que sua mis-
são não se encerrasse na morte: “(...) Quero passar no Céu a fazer o
bem na terra” (História de uma alma, p. 273).
Teresinha, assim mesmo no diminutivo, como já o dissemos
não diminui em nada a sua grandeza. Pelo contrário, é exatamente

36
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

a razão de seu tamanho, captado pela prática concreta e radical do


Evangelho. Nesse sentido, bem traduz a trajetória de nossa Santi-
nha, o Beato Maria-Eugênio:

(...) chegada aos quinze anos e morta aos vinte quatro [no
Carmelo], nunca passou de mais velha do Noviciado e não
pôde chegar à idade canônica que confere o exercício dos
direitos da profissão religiosa. Sempre foi a “Teresinha” por
situação familiar e social; permanecerá assim sobrenatural-
mente e até no Céu, por uma graça que o fez compreender
com uma lógica rigorosa e absoluta o modelo apresentado
por Jesus a seus mais íntimos discípulos (1995, p. 107).

37
SANTA TERESINHA DO MENINO
JESUS E DA SAGRADA FACE

S anta Teresinha compreendeu como ninguém a exata dimen-


são da santidade. Ser santo é abrir mão de si e anular-se
diante de Deus: “(...) compreendi que para se tornar santa era pre-
ciso sofrer muito, ir sempre atrás do mais perfeito e esquecer-se a
si mesmo” (História de uma alma, p. 45).
Havia nela o que poderia se chamar de consciência de santida-
de: “Não quero ser santa pela metade. Não me faz medo sofrer por
Vós, a única coisa que me dá receio é a de ficar com minha vontade
(História de uma alma, p. 45). Em outra passagem do livro, o diz ain-
da mais categoricamente: “(...) sempre desejei ser santa. (...) Posso,
por conseguinte, aspirar à santidade, não obstante minha peque-
nez” (p. 214).
Antes de entrar no Carmelo, foi uma leitora contumaz, preen-
chendo seu tempo com a leitura de clássicos da literatura universal
e de hagiografias1. Nutria-se de alegria e de sabedoria com as vidas
dos santos e desejava ser santa, também, imitá-los: “(...) Parecia ve-
rificar em mim o mesmo ardor de que estavam animados, a mesma
inspiração celestial” (História de uma alma, p. 84). Ou ainda: “(...)
sinto sempre a mesma audaciosa confiança de tornar-me grande
Santa, pois não conto com meus méritos, por não ter nenhum, mas
espero Naquele que é a Virtude, a própria Santidade” (p. 85).

1 Biografias de santos católicos.

38
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

A primeira identificação de exemplo de santidade foi a heroína


francesa Joana D´Arc, queimada viva na fogueira da Inquisição, com
apenas 19 anos, acusada injustamente de ser herética. A felicidade
da Santinha foi enorme quando soube de sua canonização, em 1894,
pelo Papa Leão XIII. No Carmelo de Lisieux, chegou a interpretar o
papel de Santa Joana D´Arc, numa peça teatral por ela organizada.
Ser santo implica “(...) passar pelo inverno da provação” (Histó-
ria de uma alma, p. 48). Inverno e não inferno. Observe que utiliza
o termo inverno e não inferno. Isto, do ponto de vista teológico, é
muito significativo. Inverno foi a representação que Santa Teresi-
nha utilizou para definir os momentos inoportunos e difíceis da
vida humana: o “inverno da alma”. Para além de encará-los como
fim último, via as provações como uma estação da natureza, que
tem seu tempo e passa, que deixa a feiura e a frieza para trás e cede
espaço para a brandura das novas estações, como a primavera. Ela
encarava a vida humana como um degredo.
A propósito, o inverno lhe era uma estação cruel. Ela sempre
teve uma saúde frágil, como vimos, e geralmente era acometida por
resfriados fortes e bronquites nesta época do ano. Sobretudo, se
consideramos os invernos rigorosos europeus, de baixíssimas tem-
peraturas e neve.
O inverno da alma, também tinha a ver com algumas de suas ex-
periências sobrenaturais. O mal não deixaria uma alma tão cândida
fora de seu alcance. Se a Jesus assim se sucedeu e ele ousou investir,
não foi diferente com a Santinha: “(...) se o Bom Deus permitia ao
demônio achegar-se a mim, também me enviava anjos invisíveis”
(História de uma alma, p. 78). E assim: “(...) Nas trevas exteriores,
tive luzes interiores” (p. 168).
Tendo uma especial predileção pela neve, a florzinha do inver-
no, a relação dela com a natureza e com as condições climáticas em

39
Claudefranklin Monteiro Santos

seu entorno era muito íntima. Entre as coisas que mais me chamam
a atenção, desde a primeira leitura de História de uma alma, é, cer-
tamente este aspecto, bem ilustrado na passagem em que diz:

(...) Reparei que em todas as circunstâncias graves de minha


vida, a natureza era uma imagem de minha alma. Em dias
de lágrimas, o céu chorava comigo. Em dias de alegria, o sol
enviava profusamente seus raios alegres o azul do céu não se
sombreava de nenhuma nuvem... (p. 121).

Havia na vida de Santa Teresinha uma espécie de teologia do so-


frimento, do sofrer de amor sem medida. E ela mesma expressa esse
contentamento inquietante, sobretudo para o nosso tempo hedonis-
ta: “(...) Sou verdadeiramente feliz de sofrer” (História de uma alma,
p. 2016). Sofrer pelo amor a Jesus lhe era causa de muita alegria. Um
amor radicalmente envolto em um êxtase que via na dor o meio para
alcançar a salvação, dela e dos pelos quais ela rezava e hoje pelos que a
ela recorrem: “(...) Meu Deus, tudo aceito por vosso amor. Se quiserdes,
e bom grado quero sofrer ao ponto de morrer amofinada2” (p. 223).
Em linhas gerais, foi a simplicidade que marcou a santidade de
Teresinha de Lisieux. Para ela: “(...) a verdadeira glória é a que dura
eternamente, não havendo, para sua consecução, necessidade de
realizar obras aparatosas” (História de uma alma, p. 84).
“Foi pela prática das ninharias que me preparei para ser a des-
posada de Jesus” (História de uma alma, p. 155). Pequenos sacrifí-
cios e não mortificações exageradas e sem efeito algum. Deste modo,
Santa Teresinha nos aponta que o caminho da santidade pode ser
alcançado por todos nós a partir de pequenos, porém promissores,
sacrifícios, entre eles o de vencer a própria vontade.

2 Atormentada, desgraçada, desventurada.

40
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Além das sagradas escrituras (Livro dos Cânticos, Livro da Sa-


bedoria, os Evangelhos), a base teológica de Santa Teresinha está
inspirada pelo livro Imitação de Cristo (Thomas de Kempis) e fun-
damentadas no Profeta Elias, em São João da Cruz, São Francisco
Sales, Santa Joana de Chantal. Grande parte de seu ideário está pre-
sente em escritos que deixou, além de testemunhos de contempo-
râneos ao seu respeito.
Destes, destaque para a História de uma alma, cuja primeira
versão é de 1898, organizada pela Madre Inês de Jesus. Depois,
pelo Frei François de Santa Maria, OCD, em 1953. Foi traduzida do
francês para o português, no Brasil, em 1957, por uma equipe de
religiosas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e de Santa
Teresinha, em Cotia, São Paulo, com a colaboração do Padre Wal-
domiro Pires Martins, à propósito de sua segunda edição, em 1975.
O sentido da obediência está presente na vida de Santa Teresi-
nha, particularmente quando aceitou escrever suas reminiscências
a pedido da Madre Inês de Jesus, a quem dedica sua História de uma
alma. Obra que, para além de ser um legado pessoal de Santa Tere-
sinha, foi a forma que ela encontrou para que as pessoas conheces-
sem a ação de Deus em sua vida. Sobre este propósito santo, assim
define: “(...) são meus pensamentos acerca das graças que o Bom
Deus se dignou conceder-me” (História de uma alma, p. 31).
Sobre Deus e sua relação com suas criaturas, ela assim se ex-
pressa: “(...) se todas as pequenas flores quisessem ser rosas, per-
deria a natureza sua gala primaveril, já não ficariam os vergéis3 es-
maltados de florinhas...” (História de uma alma, p. 30).
Nesse sentido, ela poderia se chamar também de Santa Tere-
sinha do Bom Jesus, expressão esta recorrente em seus escritos
quando se refere ou se dirige diretamente a Deus.

3 Hortos, pomares.

41
Claudefranklin Monteiro Santos

Por isso, entendeu bem o sentido da caridade, que para ela não
consistia em sentimentos e atitudes piedosas. Bem poderia ser, e as-
sim descobriu na convivência com suas companheiras de Carmelo, na
necessidade e no exercício “(...) suportar os defeitos dos outros, em não
se admirar de suas fraquezas, em edificar-se com os mínimos atos de
virtude que se lhes veja praticar” (História de uma alma, p. 227).
A relação dela com Jesus Eucarístico é inspiradora, sobretudo
para quem O recebe sem ter a mínima noção do seu sentido e signi-
ficado, de sua essência:

(...) Desde muito, Jesus e a pobre Teresinha se tinham olha-


do e compreendido. Naquele dia [sua Primeira Comunhão],
porém, já não era um olhar, era uma fusão. Já não eram dois,
Teresa desvanecera, como gota de água que se dilui no bojo
do oceano (História de uma alma, p. 90)

Sua predileção era pelos pecadores, não era as almas dos sacer-
dotes, embora também rezasse por eles, mas sobretudo por aqueles
que necessitavam do amor de Deus, para aqueles que precisavam
de conversão. Nesse sentido, sua primeira experiência deu-se antes
mesmo de entrar no Carmelo. Ela rezou pela alma de um crimino-
so condenado à pena de morte: Pranzini. Segundo consta de suas
memórias e da imprensa francesa local, ele, antes de ser executado,
havia beijado três vezes nas chagas da imagem de Cristo. Doravan-
te, Santa Teresinha intensificou seu propósito de rezar e rogar pe-
los desviados: “(...) dia por dia se avolumava meu desejo de salvar
almas” (História de uma alma, p. 111).
Nunca é demais lembrar, que alguns anos depois, em 1917,
numa das aparições de Nossa Senhora, em Fátima (Portugal) para
Lúcia, Francisco e Jacinto, na Cova da Iria, Ela recomendou a seguin-

42
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

te oração: “Oh meu Jesus! Livrai-nos do fogo do inferno, levai todas


as almas para o céu e socorrei por aquelas que mais precisarem”.
Ainda sobre a necessidade de rezar pelos sacerdotes, sentiu-se
instada a isto em sua viagem à Roma, aos 15 anos, como já vimos.
Tendo que conviver com alguns deles de perto, inclusive prelados,
ela entendeu que além da conversão dos pecadores, de salvar as
almas da condenação eterna, precisava rezar pelos padres, os quais
em que pesem a sua dignidade da missão: “(...) nem por isso deixam
de ser humanos, fracos e defectíveis” (História de uma alma, p. 132).
Para Maria Emmir e Maria Lima Lemos, Santa Teresinha:

(...) durante toda a sua vida, amou as pessoas exatamente


“por causa” do fato de que elas erravam, pecavam, machu-
cavam-se e eram responsáveis por muitas dores em sua
vida. Decidiu “ser amor”. Esta decisão redirecionou toda a
sua vida com vistas ao amor, na ordem do amor, e fê-la san-
ta (2013, p. 145).

Santa Teresinha tornou-se, sem sombra de dúvidas, a Santa do


amor: “(...) compreendi que, sem o amor, todas as obras nada valem,
nem sequer as mais retumbantes como a de ressuscitar mortos e
converter povos...” (História de uma alma, p. 182).
O sucesso editorial de História de uma alma abriu caminho para
a veneração por Teresa de Lisieux: “De todas as partes do mundo
chegavam peregrinos ao túmulo de Teresa, chegavam para pedir a
cura de doenças e conversões ou para suportar mais facilmente uma
pesada cruz por meio de sua intercessão” (STÖCKER, 2003, p. 170).
Algumas irmãs religiosas que viviam com Teresa no Convento,
inicialmente não lhe levaram a sério, nem mesmo durante a morte
e depois, quando muito cedo surgiu e cresceu a veneração por ela.

43
Claudefranklin Monteiro Santos

Qual não deve ter sido o arrependimento delas pela incredulidade


e falta de empatia.
A escalada da santidade ou o seu reconhecimento de santidade
conheceu um itinerário que começou 1903, com o Padre Thomas
Ninmo Taylor, da Escócia, que ao acorrer ao Carmelo de Lisieux,
convenceu-se que era necessário propor a canonização da Madre
Teresa do Menino Jesus. Dois anos depois, o Papa Pio X manifestou
claramente seu desejo de concretizar isto.
Em 1910, em Bayeux, foi aberto o processo de canonização,
tendo o Cardeal Vico como seu responsável e também um grande
entusiasta pela causa. Infelizmente, com a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918), o processo travou, sendo retomado apenas em 1915,
pelo Papa Bento XV (1914-1922). Dois anos depois, estava concluí-
do todos os trâmites burocráticos.
Com o Papa Pio XI (1922-1939), para quem Santa Teresinha foi a
estrela de seu pontificado, em 1923, Madre Teresa do Menino Jesus foi
beatificada e no dia 17 de maio de 1925, enfim, canonizada e também
reconhecida como a Padroeira das Missões, em 1927. O Sumo Pontífi-
ce, em sonho, teve uma visão profética e foi instado a construir uma ba-
sílica para a Santinha, em Lisieux. Aos cuidados do bispo de Bayeux, as
obras começaram em 1929 e o templo foi festivamente inaugurado em
1937. No referido templo, além dos restos mortais de Santa Teresinha,
estão também os de seus pais: São Luís Martin e Santa Zélia Guérin.
Segundo Giovanni Ricciardi: “Todos os pontífices do século XX
fascinaram-se pela fé simples da santa de Lisieux” (2003). Além do
conhecido encontro dela com o Papa Leão XIII (1878-1903), como já
vimos, aos 15 anos de idade para lhe solicitar autorização para entrar
no Carmelo, outros pontífices se renderam aos seus encantos.
Antes mesmo de sua beatificação e de sua canonização, o Papa
Pio X (1903- 1914) disse que ela se tornaria uma das maiores san-

44
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

tas de todos os tempos. Seu sucessor, o Papa Bento XV (1914-


1922), reconheceu nelas qualidades santas para além da falácia
humana, ressaltando sua fé na existência de Deus e sua relação
íntima com Jesus.
Em radiomensagem de 11 de julho de 1954, por ocasião da
consagração da Basílica de Lisieux, o Papa Pio XII (1939-1958) re-
conheceu em Santa Teresinha o coração da “via da infância espiri-
tual” e no dia 3 de maio de 1944 a elevou a condição de segunda
padroeira da França. Ele, antes mesmo de tornar-se Papa, mantinha
uma intensa correspondência com o Carmelo de Lisieux e foi um
ávido leitor de História de uma Alma. Seu sucessor, o Papa João XXIII
(1958-1963), ao se referir à Santa Teresinha a chamou de “a peque-
na Teresa” que nos conduz ao porto. E ainda: “Teresa de Lisieux foi
grande por ter sabido, na humildade, na simplicidade, na constante
abnegação, cooperar nas dificuldades e no trabalho da graça para o
bem de inúmeros fiéis” (Audiência Geral de 16 de outubro de 1960).
Do Papa Paulo VI (1963-1978), algumas das maiores preciosi-
dades já proferidas por um pontífice à Santa Teresinha, a começar
pela célebre frase: “Nasci para a Igreja no dia em que a santa nasceu
para o céu”. Ele, Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini,
nasceu quatros dias antes do falecimento de Santa Teresinha: 26 de
setembro de 1897. Isto o tornou um aficionado pela vida da Santi-
nha desde a sua infância. A Santa foi citada diversas vezes nas falas
e na escrita do Sumo Pontífice.
Antes de se tornar pontífice, Albino Luciani, o Papa João Paulo I
(1978), fez alguns pronunciamentos sobre a Santinha, um deles por
ocasião de seu Centenário de Nascimento (1973), quando destacou a
essencialidade de sua mensagem teologal e sua “suma simplicidade”.
Aliás, sua fortuna crítica é digna de nota: (1) livro; cartas
(266); peças teatrais (8); poesias (54); fórmulas oracionais

45
Claudefranklin Monteiro Santos

(21)4. Isto em apenas 24 anos de vida e destes, 9 somente no Con-


vento. Tais méritos e sobretudo por entender como intimidade
sobre o amor de Deus, no pontificado de João Paulo II, tornou-se
Doutora da Igreja, no dia 19 de outubro de 1997.
Para o Monsenhor Pedro Teixeira:

(...) A proclamação do Doutorado de Teresa de Lisieux, título


só outorgado aos grandes escritores da Igreja, imprime aos
textos teresianos um selo de grande valor e importância;
significa que a sua doutrina é teologicamente segura, que é
testemunho forte e digno de fé cristã, que não só está enrai-
zada na verdadeira tradição católica, mas também é uma au-
têntica e ortodoxa versão inculturada e nossa dessa mesma
sagrada tradição (2018, p. 13)

Também os papas do século XXI, até a presente data, renderam


suas homenagens à Santa Teresinha. Em Audiência Geral do dia 6
de abril de 2011, o Papa Bento XVI (2005-2013), dedicou especial
atenção à vida e ao legado da Santinha: “A «pequena Teresa» nunca
deixou de ajudar as almas mais simples, os pequeninos, os pobres
e os sofredores que lhe rezam, mas iluminou também toda a Igreja
com a sua profunda doutrina espiritual”.
Sobre a missionariedade da Igreja Católica para o século XXI,
Papa Francisco orienta: “(....) Pensem em Santa Teresa do Menino
Jesus, padroeira das missões que, com seu coração ardente, era pró-
xima, e as cartas que recebia dos missionários a faziam mais próxi-
mas das pessoas. Proximidade” (2017. p. 153).

4 Some-se ainda escritos diversos de sua autoria, alguns perdidos com o tempo. Além de
testemunhos e ditos ao seu respeito, que depois foram reunidos em um trabalho chamado
“últimos colóquios”, de autoria de algumas irmãs religiosas que conviveram com ela.

46
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Ainda sobre este aspecto importante de sua vida e de sua santi-


dade, nos diz Conrado Meester: “(...) Quanta gente simples aprendeu
dela que se pode ser missionário no lugar em que está” (2018, p. 23).
O Beato Maria-Eugênio, em texto de 1965, refere-se à Santa Te-
resinha como uma grande mestra de vida espiritual, entre as maio-
res de todos os tempos: “(...) De boa vontade a colocaria ao lado de
São Bento e de Santa Teresa D´Ávila” (1995, p. 25). Para ele, Santa
Teresinha também se tornou a Doutora da vida mística (p. 72). Seu
ideário teologal e seu ensinamento está assentado num tripé práti-
co: abandono, pequenos sacrifícios e ato de oblação (1995, p. 96).
Dom Paulo Evaristo Arns define Santa Teresinha como uma
“criatura abençoada”. Do ponto de vista doutrinário, a “Apóstola do
Espírito de Infância”.
Para Dom Frei Antonio Muniz Fernandes, Santa Teresinha é
Doutora da Divina Ciência (2003, p. 11). A Santa da Esperança, de
acordo com o Frei Carlos Mesters (2018, p. 13).
Santa Teresinha está entre as santas mais veneradas e amadas
no mundo. Por pessoas simples à personalidades de várias áreas, a
exemplo da cantora Édith Piaf, a escritora Lygia Fagundes Telles, da
dançarina Louise Brooks, do filósofo Henri Bergson, entre outros.
Da leitura e análise dos escritos de Santa Teresinha e ao seu res-
peito, aos que querem ser santos, depurei pelo menos sete propósi-
tos: não se queixar; não se vitimizar; não deixar se entregar às pai-
xões; buscar e viver o anonimato; recolher-se na discrição, na prática
das coisas mais simples; não competir e esperar sempre pela Graça.
Isto, em grande medida, juntamente com seus escritos, ajuda a
compreender o sucesso e a aceitação de sua mensagem, o alcance
que teve e que ainda tem: ela sumiu diante de Deus e não deixou
nenhum sinal de vanglória. Pequenina e nula, deu ao mundo a ver-
dadeira dimensão de Deus.

47
NOVO HORIZONTE

A té o final da década de 90 do século XX, o munícipio de La-


garto-SE, elevado à condição de cidade no dia 20 de abril
de 1880, estava dividido em centro urbano e zona rural. No dia 17
de março de 1998, o prefeito Jerônimo de Oliveira Reis, de acordo
com o estabelecido na Lei nº 26/98 e à luz da Lei Orgânica Munici-
pal, mudou a configuração territorial que passou a ser organizada
em zona central, bairros e zona rural.
Pela Lei nº 26/98, foram criados, oficialmente, os bairros: Ex-
posição (antigo Alto da Gata), Novo Horizonte, Horta, Jardim Campo
Novo (Loiola), São José, Pratas, Alto da Boa Vista, Laudelino Freire,
Libório, Sílvio Romero, Ademar de Carvalho e Cidade Nova.
Ainda pela referida Lei, foi criada a zona central de Lagarto,
cujos perímetros foram estabelecidos pelo parágrafo (§) primeiro
do Artigo 1º. À época, o bairro Novo Horizonte, de acordo com o
Artigo 3º, parágrafo primeiro, estava assim delimitado:

Tem como ponto inicial a Rua Filadelfo Dórea, iniciando-se


no cruzamento com a Av. Novo Horizonte1 até o cruzamen-
to com a Av. Senador Lourival Batista, seguindo por esta até

1 A Avenida Novo Horizonte, que começa no cruzamento com a Av. Francisco Garcez, hoje
recebe esse nome até o cruzamento com a Rua Filadelfo Dórea, onde passa a se chamar Av.
Jovino Bispo da Cruz até o cruzamento com a Av. Francisco Leite, onde fica a Igreja Santa
Teresinha.

48
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

a Rodovia Rosendo Ribeiro de Souza, seguindo a mesma e


contornando à direita e seguindo à Av. Brasília, Av. Nicolau
Almeida, Av. Contorno passando pelo Mercado Municipal
Governador João Alves Filho2, até a Av. Novo Horizonte e se-
guindo até o ponto inicial.

No dia 22 de novembro de 2012, o prefeito José Valmir Montei-


ro, pela Lei Nº 476, alterou e atualizou aquela disposição territorial
de 1998, agregando ao que existia os distritos (treze ao todo), cin-
co zonas e a área de expansão urbana. Para proteger regiões im-
portantes do ponto de vista ambiental, foram criadas as “áreas não
edificantes”, que corresponde aos terrenos às margens dos rios Ma-
chado, Vaza-Barris, Piauí, Caboclo, Urubu e seus afluentes. O bairro
Novo Horizonte passou a estar localizado no distrito 3 e na zona 5.
A igreja de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face
está, atualmente, situada no bairro Novo Horizonte, na Avenida Se-
nador Francisco Leite Neto, número 908. Ali foi plantada a semen-
te do ideário de Teresa de Lisieux, como desdobramento de Santas
Missões promovidas pelos carmelitas, dando frutos frondosos, se-
jam de fé, sejam de testemunhos, de que tratarei mais adiante.
Antes, vamos conhecer as origens do lugar, recorrendo princi-
palmente às fontes mais preciosas: seus primeiros moradores, fa-
miliares e personagens que colaboraram para mudar suas feições
e imprimir-lhe um ardor cristão e missionário, mas também de
trabalho e de esperança, em meio a tantas adversidades estrutu-
rais e materiais.
Refiro-me ao Pomar São Vicente, propriedade pertencente ao
comerciante de fumo e também professor José Vicente de Carva-
lho. À margem direita deste lugar da Lagarto de 1970, nasceu o que

2 Atual Mercado José Corrêa Sobrinho.

49
Claudefranklin Monteiro Santos

se denomina hoje de bairro Novo Horizonte. Uma história marcada


por atitudes visionárias e empreendedoras, mas também de des-
prendimento e de reveses pessoais.
José Vicente de Carvalho está inscrito na História de Lagarto
não só como uma importante personalidade da vida política e pú-
blica, mas também no campo cultural e religioso, atuando de for-
ma significativa e marcante. Natural de Lagarto, aos cinco dias do
mês de abril de 1909, foi um dos primeiros alunos do antigo Grupo
Escolar Sílvio Romero, fundado em 1923. Mais tarde, voltou para
lecionar no primário nesta instituição. Ao longo da vida, antes de
militar na política, exerceu também as funções de redator e jorna-
lista, orador, e, sobretudo, de comerciante, exportando fumo para
vários lugares do país. Foi bastante atuante em diversas áreas da
vida social, ocupando funções administrativas e voluntárias no Asi-
lo Santo Antônio, na ação social, no Rotary Clube e também na Lira
Popular de Lagarto, fundada em 1921.

José Vicente de Carvalho (foto utilizada na


campanha para vice-prefeito em 1976) –
Acervo de Josefa Stella Carvalho da Silva

O professor Rusel Barroso, em artigo que escreveu no portal


Lagarto Net, por ocasião das comemorações de seu centenário de
nascimento (2010), assim o define:

50
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

José Vicente demonstrava ser um indivíduo bastante sensí-


vel em relação ao próximo, requisito básico que certamente
adquiriu em contato com os movimentos comunitários reli-
giosos. Amante das leituras de bons livros que sempre man-
tivera na sua vasta e rica biblioteca.

José Vicente de Carvalho foi casado com a Senhora Julieta da


Silva Carvalho (1910-2002), com quem teve os filhos Emerson,
Stella, Everaldo, Eralda, Eloísa, Elisabeth e Maria José. Na família,
cultivava hábitos muito simples, procurando manter bons ensina-
mentos à prole e garantir o seu sustento.
Segundo as filhas Josefa Stella Carvalho da Silva3 e Maria José
Carvalho de Almeida (conhecida por Nêga)4, o Pomar São Vicente
pertencia ao irmão de Zé Vicente, Zózimo. Por morte deste ele ad-
quiriu as terras. Também tinha outras propriedades rurais como in-
vestimento, a exemplo de uma região chamada Alto da Gata (região
circunvizinha ao antigo Taque Grande), hoje Feira Livre de Lagarto,
Parque de Exposição Nicolau Almeida e adjacências.

Alto da Gata - 1964


(armazém de fumo
e usina elétrica, la-
deira do Rosário e
início da constru-
ção do mercado
central (Acervo de
Josefa Stella Carva-
lho da Silva).

3 Entrevista – Josefa Stella Carvalho Silva (Lagarto-SE, 10 de julho de 2020).


4 Entrevista – Maria José Carvalho de Almeida (Lagarto-SE, 10 de julho de 2020).

51
Claudefranklin Monteiro Santos

O Alto da Gata foi vendido à Prefeitura na década de 60,


para a expansão da cidade na época do prefeito Rosendo Ribeiro
Filho (Ribeirinho)5. Stella, nesse sentido, ressaltou: “Tudo dele era
para vender para Prefeitura ou lotear. Ele entendia que estava cola-
borando com o desenvolvimento da cidade”.
O comerciante José Vicente de Carvalho foi vice na chapa vito-
riosa com o prefeito José Vieira Filho. Ambos haviam concorrido a
eleição de 1976 pelo agrupamento que passou a ficar conhecido
por Bole-bole6, liderado por Rosendo Ribeiro Filho (Ribeirinho), o
qual tinha como principal reduto eleitoral à época o atual Bairro
Ademar de Carvalho.
Para as eleições de 1982, o prefeito José Vieira Filho precisou
se afastar da função para concorrer e depois ganhar uma vaga na
Assembleia Legislativa de Sergipe. Desse modo, José Vicente de
Carvalho tornou-se o titular do Executivo Municipal de Lagarto, de
maio de 1982 a fevereiro de 1983.
Os jornais da época, O Lagarto e a Voz do Lagarto, deram ampla
cobertura não somente ao processo de transição, mas também à
administração de José Vicente.
Havia uma grande expectativa se o prefeito José Vieira realmen-
te renunciaria para ser candidato a deputado estadual: “Reconheço
que muita gente está interessada na minha desistência, até amigos
aguardam com ansiedade que eu não seja mais candidato” (Jornal A
Voz de Lagarto, 9 de maio de 1982, capa). Havia no chamado agru-
pamento do Bole-bole outros interessados a também concorrer a
uma vaga na Assembleia de Sergipe, a exemplo de José Raimundo

5 Falecido no dia 8 de setembro de 2019, aos 91 anos de idade.


6 Para compreender melhor esse contexto político de Lagarto, recomendo a leitura de um
livro que organizamos em 2008: Uma Cidade em Pé de Guerra (Saramandaia x Bole-bole),
de autoria dos professores Alailson Pereira Modesto, Patrícia dos Santos Silva Monteiro e
Raylane do Nascimento Santos.

52
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Ribeiro e de seu irmão Rosendo Ribeiro Filho. Com relação a este


último, chegou-se a cogitar uma aliança inusitada com Artur Reis
(líder do Saramandaia), em razão de um racha e de desentendimen-
tos dentro do Bole-bole.
Dias antes, o mesmo jornal chegou a publicar no dia 2 de maio,
na coluna Vuco-Vuco, uma nota elogiosa sobre a possiblidade de
José Vicente assumir a Prefeitura de Lagarto:

Queremos desde já, enviar os nossos melhores votos de felici-


tações ao Professor José Vicente de Carvalho, pela sua investi-
dura à frente da nossa Prefeitura, no próximo dia 14 de maio.
É deveras bastante gratificante para nós que acompanhamos
a vida do ínclito homem público, zeloso e capaz. Portanto, nós
lagartenses estamos de parabéns e estejamos prontos para
ajudar a nova administração lagartense. (Jornal A Voz de La-
garto, 2 de maio de 1982, p. 2 – Coluna Vuco-vuco)

Enfim, José Vicente de Carvalho tomou posse na Prefeitura de


Lagarto, no dia 14 de maio de 1982, afastando todos os rumores
e deixando a disputa política em segundo plano. Tanto o jornal A
Voz do Lagarto, que passou a fazer oposição a José Vieira, quanto o
jornal O Lagarto, que era vinculado ao outro agrupamento político,
procurou noticiar as ações do novo administrador municipal como
uma espécie de apagador de incêndios, procurando imprimir uma
forma toda particular de zelar pelo bem público.
Em editorial do dia 23 de maio de 1982, o jornal O Lagarto de-
sejou boas-vindas ao Sr. José Vicente de Carvalho e ressaltou, ini-
cialmente, a suspensão das obras públicas iniciadas por José Vieira
até segunda ordem. Para o editorial, isto daria o tom da nova ad-
ministração: “(...) Conhecemos o Sr. José Vicente de Carvalho pela

53
Claudefranklin Monteiro Santos

sua ponderação, pelo seu equilíbrio, mas também o conhecemos


enérgico e rigoroso com os que não assumem com suas responsa-
bilidades” (capa).
De igual modo, o jornal A Voz do Lagarto do dia 23 de maio de
1982, em matéria com título de capa bastante sugestivo e provoca-
dor (José Vicente de Carvalho – Agora, a vez de pagar pelo pecador),
destacou a austeridade do novo gestor, que assim se pronunciou
para a reportagem do referido jornal: “(...) somente serão levados à
frente, projetos que evidenciem urgência e que mereçam um trata-
mento especial”.
Nos nove meses que passou como prefeito, Zé Vicente procurou
exercer a função de forma técnica e apartidária, concluindo algu-
mas das ações desenvolvidas pelo seu antecessor, dentro da auste-
ridade destaca anteriormente. A esse respeito, assim se expressou
Pedro Antônio dos Santos (Pedrinho da Telergipe): “Sua gestão foi
marcada pela ética, sem politicagem e mal feito7”.
Coube a Pedrinho da Telergipe a sugestão para o nome do lugar:
Novo Horizonte. Nascido em Lagarto no dia 19 de outubro de 1957,
Pedro Antônio do Santos é uma figura participativa na vida política
de Lagarto. Foi suplente de vereador de 1982 a 1988, pelo PDS (11);
vereador entre 1992 e 2000, pelo PSDB (45); e vereador pelo PR (22)
de 2012 a 2016. Atualmente é filiado ao Solidariedade (77) e tenta
retornar à vida no legislativo lagartense pela quinta vez.
Pedrinho esteve visitando a cidade de Novo Horizonte, interior
de São Paulo, no final dos anos 70 e ficou impressionado com o que
viu. Era uma época de expansionismos em algumas áreas urbanas
do país e o então suplente do Vereador Paulo dos Santos Barbosa
(Paulo Lombinho) sugeriu a José Vicente de Carvalho que a nova
área urbana que surgia por intermédio do loteamento do Pomar

7 Entrevista – Pedro Antônio dos Santos (Lagarto-SE, 15 de julho de 2020)

54
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

São Vicente se chamasse Novo Horizonte, no que ele entendeu ser


um nome bastante sugestivo.
Importante ressaltar que o lugar era chamado pelos populares
como bairro Zé Vicente. E nesse sentido, percebe-se todo o despren-
dimento do gestor José Vicente de Carvalho que poderia fincar-se
na vaidade pessoal, oficializando o nome chamado em sua honra, o
que não fez e nem moveu qualquer esforço nesse sentido.
Pedrinho da Telergipe chegou a apresentar a proposta para a
Câmara de Vereadores de Lagarto, quando assumiu por algum tem-
po a vaga de Paulo Lombinho, que havia se afastado alguns meses
para tratamento de saúde. Mas a ideia não vingou. Ele disse que as
pessoas na época não davam muita importância às ideias dos su-
plentes. O fato é que com o passar do tempo o termo Novo Horizon-
te caiu no gosto do povo e como já vimos foi oficializando em 1998.
Segundo José Antônio de Jesus8, o primeiro morador da região,
quando ele chegou em Lagarto (entre 1978 e 1979), José Vicente de
Carvalho estava dando início ao processo de loteamento do Pomar
São Vicente. Nascido em Itabaiana, no antigo povoado Figueiras
(atual Moita Bonita), no dia 22 de janeiro de 1932, Seu Zé Antônio,
casado com Maria Anita de Jesus, viveu na zona rural de Itabaia-
na até 1963. Com dona Anita teve oito filhos: Adelson Antônio de
Jesus, Maria Alaíde de Jesus, José Ginaldo de Jesus, Maria Gisélia
de Jesus, Paulo Antônio de Jesus, Maria Lindete de Jesus, Maria do
Carmo de Jesus9 e José Airton de Jesus10.

8 Entrevista – José Antônio de Jesus (Lagarto-SE, 15 de julho de 2020)


9 Minha primeira professora de Redação e Expressão no antigo Colégio Cenecista Laudelino
Freire, nos anos 1980, em Lagarto-SE.
10 Prefeito Mirim de Lagarto no final dos anos 70.

55
Claudefranklin Monteiro Santos

José Antônio de Jesus


Acervo pessoal

Em Itabaiana foi sitiante, sapateiro e pedreiro. Em 1978, procu-


rou dar um rumo novo a sua família. Tendo conhecido Zé do Bode
(comerciante de alumínio em Lagarto), Zé Antônio foi convencido a
conhecer a região. Até se mudar em definitivo, procurou ir conhe-
cendo a cidade aos poucos e se entrosando com algumas pessoas,
entre elas Mané Corrêa e José Vicente de Carvalho, à época já na
condição de vice-prefeito de Lagarto.
Os dois já haviam mantido contato antes, pois ambos faziam
parte da Congregação Mariana11. Ele presidente do núcleo de Ita-
baiana (membro desde 1965) e Seu Zé Vicente, presidente do Nú-
cleo de Lagarto.
Aliás, uma das grandes marcas da trajetória de seu Zé Antônio
é a dedicação para com a Igreja Católica, tendo sido Ministro Extra-
ordinário da Comunhão Eucarística por muitos anos e se tornado
grande orador, valendo-se da simplicidade e da sabedoria. Tendo
feito o primário por meio de estudos particulares fornecidos pelo
professor Antônio Pereira Lima, estudou até a conclusão do gina-

11 Associação pública de leigos católicos de longa data. No Brasil, extinta com o Marquês de
Pombal em 1759, com a expulsão dos Jesuítas, foi refundada 1870. Cem anos depois, estava
espalhada por quase todo o país.

56
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sial (correspondente hoje ao Ensino Médio). Era desejo do Padre


Araújo12 ordená-lo Diácono Permanente, o que, infelizmente nunca
aconteceu13, apesar da insistência, posteriormente, de Dom Mário
Rino Siveri, de sua passagem como pároco por Lagarto.
Enquanto procurava se acostumar com a ideia de mudar-se
de Itabaiana para Lagarto, chegou a participar de vários eventos
públicos, alguns realizados no antigo povoado Cidade Nova. Por
ocasião do Congresso Eucarístico de 197914, Seu Zé Antônio fez
proposta de compra a uma casa em construção15 que ficava ao
lado da sede do Pomar Zé Vicente. A casa estava sendo preparada
para o jornalista Emerson da Silva Carvalho, que iria se casar com
a professora Luzia Pires16.

Congresso Eucarís-
tico Diocesano em
Lagarto-SE. De 12
a 16 de dezembro
de 1979 – Acervo
de José Antônio de
Jesus

12 Padre José Manoel Araújo, falecido aos 80 anos do dia 31 de agosto de 2016. Natural de
Tacaratu-PE, terminou sua jornada residindo na cidade de Ribeirópolis-SE, onde foi pároco
depois de uma passagem por Itabaiana.
13 Seu Antônio conta que chegou a ser aprovado, juntamente com mais 15 homens, por uma
seleção feita por Dom Luciano, mas que a ordenação encontrou resistência dos sacerdotes da
época, sobretudo de Aracaju, com exceção do Monsenhor José Carvalho que sempre o apoiou.
14 Congresso Eucarístico Diocesano em Lagarto-SE. De 12 a 16 de dezembro de 1979.
15 Atualmente, Rua Filadelfo Dórea 532. À esquerda da casa de Seu Zé Antônio, fica hoje a
casa do empresário J. Menezes, sede à época do Pomar São Vicente.
16 O casamento aconteceu no dia 26 de abril de 1980.

57
Claudefranklin Monteiro Santos

O terreno da casa pertencia originalmente a Zé Armanço que


teve dificuldades de mantê-lo. Seu Zé Vicente comprou de volta e
mais tarde resolveu, enfim, vender a Seu Antônio. Na mesma época,
Zé Vicente comprou a casa que foi de meu avô materno Raimundo
Nonato dos Santos (falecido) aos meus tios para acomodar Emer-
son e Luzia. Casa esta que acabou sendo mais tarde a última mo-
rada dele com Dona Julieta (falecida em 16 de fevereiro de 2002).
Segundo Seu Antônio, onde hoje é a Rua Filadelfo Dórea não
havia calçamento e o lugar era muito úmido, sempre enlameado.
Havia também um grande laranjal17. O estado do lugar era ruim e
a energia elétrica era de uma rede de 220 v, muito fraca. Não ha-
via água encanada e quem a fornecia era o próprio Zé Vicente que
morava no Pomar e tinha um poço. Nesse sentido, afirma seu Zé
Antônio: “Ele era muito atencioso comigo e com minha família. Foi
um pai pra mim”.
José Vicente de Carvalho, em razão do loteamento, chegou a
abrir ruas e dividir os lotes. Confessou a Seu Zé Antônio que tinha a
pretensão de construir uma capela no local, mas nunca se concreti-
zou. Seria onde hoje é a Praça Irmã Cândida, que chegou a ser ofer-
tado à professora Anália Tereza de Santana Dórea, mas era pequeno
para abrigar um templo religioso.
Anália Tereza de Santana Dórea também é da leva dos primei-
ros moradores da região. Nascida em Simão Dias, no dia 12 de de-
zembro de 1936. Casada com Deocleciano de Araújo Dórea, com
quem teve sete filhos, passou a morar numa fazenda no Povoado
Oiteiros (Zona Rural de Lagarto).
Dona de casa, ela ajudava o marido na lida com a agricultura,
mas queria mesmo era trabalhar: “(...) nunca gostei de ficar para-

17 A rua paralela à Rua Filadelfo Dórea se chama, inclusive, até a presente data de Rua de
Laranjeiras.

58
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

da”18. Assim, fez um concurso para professora das séries iniciais e


foi aprovada. Como professora, trabalhou no centro urbano e tam-
bém em alguns povoados de Riachão do Dantas-SE: Palmares (Igre-
ja Velha), Carnaíba e Barro Preto. Em 1975, veio para Lagarto fazer
um curso de aprofundamento e acabou ficando.
Inicialmente, Dona Anália Tereza ficou morando de aluguel
onde hoje é o bairro Ademar de Carvalho. Juntou um dinheiro e
adquiriu no final dos anos 70 um lote do Pomar São Vicente, onde
construiu uma casa e passou a morar na rua Francisco Moisés de
Carvalho, até a presente data.
Dona Anália e Seu José Antônio, além de pioneiros da região,
colaboraram de forma singular para a sua evangelização, assumin-
do um protagonismo contagiante, cujas marcas foram a simplicida-
de, a fé e perseverança.
Falecido no dia 10 de setembro de 1998, José Vicente de Carva-
lho teve um final de vida modesto. Não angariou riquezas para si
19

e nem ostentou as que Deus lhe permitiu possuir. Teve muito pre-
juízo e contrariedades com o loteamento do Pomar São Vicente e a
fundação do bairro Novo Horizonte.
Entretanto, ele deixou um legado incalculável. Ajudou, como
desejava, com a expansão urbana da cidade. E colaborou para criar
uma comunidade trabalhadora, de gente humilde e fervorosa, que
luta contra o desprezo das políticas públicas, no afã de ter uma me-
lhor dignidade seja no morar e no viver.

18 Entrevista - Anália Tereza de Santana Dórea (Lagarto-SE, 04 de agosto de 2020).


19 Em 1987, o vereador José Cláudio Monteiro Santos apresentou a Indicação de nº 05/87,
sugerindo que a Biblioteca Municipal de Lagarto levasse o nome de José Vicente de Carvalho.
Aprovada em plenário, a ideia foi acatada pelo Executivo e o local segue com homenagem
até a presente data. Carece apenas, de um local próprio e digno para acomodar seu rico e
variado acervo.

59
Claudefranklin Monteiro Santos

A instalação da Igreja Santa Teresinha do Menino Jesus na co-


munidade no final dos anos 90, como veremos a seguir, lhe deu novo
alento e esperanças de dias melhores. Também colaborou para a
elevação da autoestima de todos, atraindo negócios e a atenção das
pessoas que moram no centro da cidade.
Um de nossos entrevistados, de que tratarei mais adiante,
bem define este momento do livro sobre o qual me dediquei inicial-
mente, ressaltando as origens do lugar que mais tarde iria sediar a
igreja e Paróquia dedicada à Santinha. Refiro-me ao professor Dê-
nis Ribeiro dos Santos20:

O olhar de um horizonte novo fez seu José Vicente acreditar


que aquelas terras faziam crescer a nossa Lagarto com um
NOVO HORIZONTE. Ao surgir um bairro novo, o tempo floriu
um jardim de fé na caminhada de um povo perseverante que
vive em uma paróquia mergulhada em chuvas de bênçãos e
graças atribuídas a sua padroeira SANTA TERESINHA.

20 Dênis Ribeiro dos Santos (Lagarto-SE, 22 de julho de 2020).

60
SONHO EM TERRENO FÉRTIL

L evou algum tempo para que a comunidade ganhasse um perfil


urbano. Quem se arriscava a ir construir e morar nos lotes do
antigo Pomar São Vicente encontraria as adversidades apontadas por
José Antônio de Jesus, quando se instalou em 1979. Ainda assim, um
grupo de mulheres e homens devotos e abnegados à fé cristã católica
sentia a necessidade de lançar as sementes da evangelização no lugar.
Segundo Dona Anália Tereza de Santana Dórea1, o sonho en-
controu alento a partir de 1989. Por essa época, as Irmãs Gema e
Dorotéia, franciscanas do Bom Conselho conviveram na comunida-
de por dois anos, transferidas depois para as cidades de Palmares e
Bom Conselho. Em seguida, a Irmã Jacinta passou a dar assistência
espiritual. Elas perceberam que a terra era boa e que as sementes
poderiam germinar com o tempo.
O sonho que Anália e tantas outras pessoas que foram a ela se
somando, enfim, passou a dar passos cada vez mais largos com a
primeira Santa Missão realizada na região, pelos freis carmelitas
Ermínio e Frei Sormani José Barbosa Lima, três anos depois, em
1992, que também contou com a presença do Padre Celso2. Na oca-

1 Manuscritos de sua autoria, em caderno de anotações de 1999 a 2015.


2 Paulo Celso Dias do Nascimento é natural de Lagarto, aos 14 dias do mês de abril de 1963.
Ex-aluno do Colégio Nossa Senhora da Piedade e do Colégio Atheneu Sergipense (Aracaju-SE),
tornou-se sacerdote no dia 13 de maio de 1989. No dia 27 de outubro de 2017 foi designado
pelo Papa Francisco como bispo auxiliar de São Sebastião do Rio de Janeiro, tendo recebido a
ordenação episcopal no dia 06 de janeiro de 2018 na Catedral Metropolitana de São Sebastião.

61
Claudefranklin Monteiro Santos

sião, além da realização de atividades comuns a todo tipo de missão,


eles estimularam alguns casais que moravam juntos a contraírem
Matrimônio, a fim de serem realizados casamentos comunitários. A
ideia foi bem aceita e logo conseguiram identificar 14 casais3 que se
casaram no Colégio Nossa Senhora da Piedade.
Sobre a presença dos Carmelitas cabe salientar que ela se con-
funde com a fundação de Lagarto-SE. As terras que hoje correspon-
dem ao município, incluindo aí outras regiões a exemplo de Riachão
do Dantas, Simão Dias, Boquim, Salgado e divisas com Jeremoabo,
na Bahia, foram doadas a um militar português que participou da
conquista de Sergipe, em 1590: Antônio Gonçalves de Santomé.
Seis anos depois da conquista de Sergipe, por meio de Carta de
Sesmaria, datada de 1596, Antônio Gonçalves de Santomé recebeu
as terras do Lagarto (sobrenome de seu pai, Cristovam Lagarto).
Sua colonização só se deu, efetivamente, em 1604, com a fundação
do povoado Santo Antônio. Este trouxe consigo duas devoções e
suas respectivas imagens: Santo Antônio e Senhora Santana. O pri-
meiro orago4 de Lagarto foi o santo guerreiro de Pádua ou também
conhecido entre os populares como santo casamenteiro.
Esta é a única notícia que se tinha da presença do catolicismo
até uma moléstia abater o primeiro núcleo populacional da região,
por volta da segunda metade do século XVII, em quem veio em so-
corro os carmelitas instalados num convento que existia numa re-
gião chamada Porções, hoje território de Riachão do Dantas-SE, à
época pertencente aos domínios de Antônio Gonçalves de Santomé.
A Ordem do Carmo chegou em Sergipe em 1619: “A presença
da Ordem Terceira do Carmo se justificaria pela dificuldade de al-

3 Destes, seis ficaram sob a responsabilidade de Dona Josefa de Vi, de quem trataremos mais
adiante. Ela forneceu todo o enxoval necessário para as noivas, em sua maioria carentes.
4 Santo a quem é dedicada uma localidade. Era uma estratégia muito comum dos fundadores,
dá ao lugar um nome ou orago que lhe fosse homônimo.

62
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

guns sesmeiros em tocar suas posses, vendendo-os algumas delas


às carmelitas, particularmente um lugarejo denominado de Forras”
(SANTOS, 2016, p. 76).
Pode-se dizer que coube aos carmelitas iniciar, efetivamente,
a evangelização cristã-católica em Lagarto, desde os seus primór-
dios, o que atesta sua vocação embrionária para a missionarieda-
de. Foi a Ordem Carmelita que instalou em nossas terras a devo-
ção à Nossa Senhora da Piedade, como gratidão pela cura dos seus
primeiros habitantes na segunda metade do século XVII. Assim,
no dia 11 de dezembro nasceu a Paróquia de Nossa Senhora da
Piedade do Lagarto.
Voltando ao ano de 1992, de que tratei anteriormente, chega-
va a Lagarto o Senhor Joaquim Nogueira Fontes. Nascido no dia 18
de setembro de 1962, em São Francisco (BA), à época Paripiranga,
hoje Adustina. Aos 21 anos, em 1983, mudou-se pela primeira vez
para o povoado Estancinha, interior de Lagarto, onde morou por
sete anos, atuando como agricultor e criador de animais.
Seu Joaquim Nogueira retornou para as suas origens, mas logo
voltou para Lagarto em definitivo, na Estancinha novamente, quan-
do entre os anos 1985 e 1986, estimulado por Dona Maria Fontes,
casada com o Senhor João Martins Fontes, importante agricultor da
região, passou a se dedicar à vida religiosa da comunidade, partici-
pando dos terços e depois como pregador da palavra de Deus. Seu
João Martins doou e ajudou a construir a capela São João Evangelis-
ta da Estancinha5, na época do Padre Joaquin Antunes de Almeida
(Pároco da Paróquia de Santa Luzia da Colônia Treze, Lagarto-SE).
Em 1992, ele ficou sabendo da venda de uns terrenos onde hoje
é o Bairro Novo Horizonte. Ele queria tentar a sorte na cidade. Ao
visitar o local, deparou-se com um senhor na malhada, onde hoje é

5 Atualmente é território da Paróquia Nossa Senhora das Graças, do Povoado Jenipapo.

63
Claudefranklin Monteiro Santos

a área territorial da Igreja Santa Teresinha. Era o Senhor João Perei-


ra6. Ele e Seu Elias eram donos da maior parte dos terrenos e lotes
que haviam pertencido a José Vicente de Carvalho. Fez a proposta
de compra e adquiriu uma área de três tarefas em frente aos lotes
de seu Belinho da Rede.
“Quando eu cheguei era mais mata do que área construída”.
Disse Joaquim Nogueira7. Ele cavou uma cisterna onde hoje fica um
obelisco com a imagem de Santa Teresinha, em frente à igreja. Che-
gou a construir um cata-vento para gerar energia elétrica. As difi-
culdades iniciais foram muitas e algumas vezes precisou morar de
aluguel até se fixar em definitivo no lugar.
Aos poucos, Seu Joaquim foi se entrosando com as pessoas da
região, a exemplo de Dona Anália Dórea, Santana dos Santos Cruz,
Dona Aurelina, Dona Josefa de Vi, entre outros, passando a fazer
parte das atividades religiosas que foram implantas na comunida-
de, como: rezar o terço nas casas todas as terças-feiras e os atos de
piedade da Quaresma e da Semana Santa. Um trabalho embrionário
de evangelização que logo vingou.
Em 1996, numa segunda missão realizada no local, o então
Monsenhor Mário (Pároco da Piedade desde 1976) e o Padre José
Alves foram à comunidade conversar sobre a necessidade de er-
guer ali uma igreja, desejo que já morava no coração do saudoso
José Vicente de Carvalho, como já vimos.
Sobre Mário Rino Sivieri cabe aqui um parêntese importante,
até para situarmos melhor aquela segunda metade da década dos

6 Essa área, já havia pertencido ao Senhor Elias, um dos primeiros proprietários dos lotes
vendidos desde o final dos anos 70 por José Vicente de Carvalho. Vê-se, então, que a ideia de
lotes não vingou cem por cento, inicialmente, pois as pessoas preferiam adquirir vários lotes
e transformar em pequenas propriedades que logo foram loteadas novamente e erguidas
casas.
7 Entrevista – Joaquim Nogueira Fontes (Lagarto-SE, 20 de julho de 2020).

64
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

anos 90, mas também do sujeito na história religiosa do município


de Lagarto.
Falecido no dia 3 de junho de 20208, aos 78 anos, Dom Mário
Rino Sivieri construiu na Paróquia Nossa Senhora da Piedade uma
história intensa e marcante que pode ser compreendida não so-
mente a partir dos 29 anos que esteve entre nós, mais do conjunto
de sua obra de evangelização, incluindo sua estada e passagem pela
Diocese de Propriá (1997-2007) e retorno para Lagarto-SE, após
completar 75 anos e decidir morar na Fazenda São Miguel.
Natural de Castelmassa, na Itália, no dia 15 de abril de 1942,
era filho de Osvaldo Sivieri (pedreiro e ex-combatente da Segunda
Guerra Mundial) e de Natalina Mazzeto. Chegou a Sergipe, como
sacerdote, após aceitar o convite do Papa Paulo VI para pregar o
evangelho na América Latina, mais de perto no Brasil, aportando na
cidade de Lagarto, na companhia do saudoso Padre Danilo, na con-
dição de vigário em 15 de maio de 1968. A partir do dia 8 de agosto
de 1976, assumiu a Piedade na condição de Pároco, permanecendo
até ser sagrado Bispo de Propriá, no dia 25 maio de 1997, com o
lema SERVO DE TODOS.
Em 1979, a Paróquia Nossa Senhora da Piedade viveu um mo-
mento marcante: as comemorações em torno do tricentenário de
fundação da paróquia. Dom Mário conduziu com esmero essa sole-
nidade, contando com a valiosa colaboração do Monsenhor Juarez
Santos Prata. O evento ocorreu em dezembro.
À frente da Piedade, foram várias realizações, das quais desta-
co algumas. Construção de inúmeras capelas no interior de Lagar-

8 Faleceu no Hospital São Lucas, em Aracaju-SE. Seu corpo foi sepultado na Catedral de
Santo Antônio, na Diocese de Propriá. Ele foi membro fundador da Academia Lagartense de
Letras, tendo ocupado a cadeira de número 9, cujo patrono é o Padre Vicente Francisco de
Jesus.

65
Claudefranklin Monteiro Santos

to9. Reforma do Cemitério Senhor do Bomfim e da Matriz de Nossa


Senhora da Piedade, elevada à condição de Santuário Mariano no
dia 4 de setembro de 1988. Atuação no campo educacional, à frente
do corpo administrativo do Colégio Cenecista Laudelino Freire. Im-
plantação de diversos movimentos e espaços de atuação evangélica
e pastoral, a exemplo do Encontro de Casais com Cristo e da Pasto-
ral Familiar. Mas, sobretudo, da fundação da Fazenda da Esperança
São Miguel, no dia 22 de maio de 1990.
Sua trajetória foi marcada por alguns lemas e orientações es-
pirituais, além daquele que definiu seu episcopado. Basicamente,
estes: “agir mais e falar menos” e “fazer-se um com o outro”, saben-
do reconhecer nas pessoas um Jesus abandonado. Assim, no dia 6
de setembro de 2015, eu tive a oportunidade de entrevistá-lo para
compor a Revista Comemorativa dos 25 anos da Fazenda São Mi-
guel. Na ocasião, ele me disse algo muito marcante e significativo:
“A madeira, o lenho, sempre contém a esperança. Jesus morto na
cruz renovou a confiança de Deus no homem”.
Cabe ainda destacar o incentivo que deu a inúmeras vocações
sacerdotais, religiosas e leigas, a exemplo de padres e até mesmo
bispos e arcebispos: Padre Gildeon Júnior, Padre Jodeclan Rabelo,
Padre Luís de Menezes, Padre Anderson Joaquim, Dom João Costa,
Dom Paulo Celso, Dom Dulcênio, Evilázio Vieira (Chiaro) e Joselma
Vieira (Mada), entre outros tantos.
Considerando o fato de que Santa Teresinha foi uma carmelita
das mais notáveis, como vimos na primeira parte deste livro, ainda
no que diz respeito a Dom Mário, há um depoimento de Dom João
Costa que chama a atenção. Ele se recorda, sem precisar exatamen-
te do tempo, de uma pregação de Sivieri em que ele rezava a Deus

9 Brasília, Rio Fundo, Açuzinho, Pé da Serra do Qui, Cajazeiras, Jenipapo, Pururuca, Fazenda
Grande, Gameleiro, Olhos D´Água, Santo Antônio (demolição e construção de nova capela).

66
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

não somente pela vocação de seu afilhado, mas também do retorno


na ordem para Sergipe, o que aconteceu seis anos depois, primeiro
em Carmópolis, seguido de Aracaju e São Cristóvão:

A prece dele, diante de Deus, os santos carmelitas, Santa Te-


reza D´Ávila e São João da Cruz, foi uma prece muito forte,
muito profunda, porque trouxe um Carmelo para cá e se não
bastasse trouxe até o arcebispo de Aracaju, que é carmelita,
para estar aqui. Então só para dizer assim, a força, a impor-
tância dele na minha caminhada vocacional. Posso dizer que
tomado por esse aspecto evangelizador, missionário da ci-
dade de Lagarto e também de sua sensibilidade diante dos
pobres...” (2017, p. 21)

Dona Anália Dórea esteve presente àquela reunião de 1996 e


ficou com aquilo na cabeça, se fazendo questionamentos do tipo:
como isto seria possível a construção de uma capela na região? Com
quê dinheiro? Não tardou para que ela se reunisse na residência
do casal Aurelina e Agnaldo para tratar do assunto. Eles rezaram e
pediram a Deus que apontasse os caminhos e os meios para aquilo
que começaram a tratar como um sonho para a comunidade. Com
exceção de alguns poucos lugares da cidade (Gomes e Cidade Nova),
a ideia de uma igreja nova causava muito entusiasmo.
Nesse intervalo, Monsenhor Mário Rino Sivieri foi sagrado bis-
po no dia 25 de maio de 1997. Dessa forma, a Paróquia Nossa Se-
nhora da Piedade do Lagarto passou a contar com um novo pároco,
Padre Pedro Vidal de Sousa.
Natural da Fazenda Paiva, próximo ao povoado Jabeberi, in-
terior do município de Tobias Barreto-SE, no dia 16 de março de
1958, Pedro Vidal de Sousa é filho de João Vidal da Silva e Maria

67
Claudefranklin Monteiro Santos

de Sousa Dias Filho. A seguir, ele mesmo nos diz como foram seus
primeiros anos de vida:

Com menos de um mês de nascido, fui batizado na fazenda


Serrinha, por ocasião de uma missa celebrada na casa do
Sr. Raimundo Serafim de Menezes, por Mons. João Barbosa
de Sousa, recebendo o nome de Pedro Vidal de Sousa. Com
dois anos de idade fui crismado no povoado Tanque Novo,
do município vizinho de Riachão do Dantas. E aos sete anos,
fiz a primeira comunhão na Igreja de São Vicente Ferrer, no
povoado Jabeberi10.

Ele fez a primeira parte de seus estudos em terra natal e em


Aracaju, no Colégio Estadual Atheneu Sergipense concluiu o equi-
valente hoje ao Ensino Médio.

Quanto à formação catequética e religiosa, também recebi de


meus pais. Como pessoas de fé, e cristãos praticantes, não
se cansavam de ensinar aos filhos a doutrina cristã, os man-
damentos da lei de Deus e da igreja, orações da manhã e da
noite e tantas outras que haviam aprendido certamente com
os pais. Aos domingos, meu pai reunia a criançada da região
para ensinar o catecismo. Assim ensinava não só aos filhos,
como também aos filhos dos vizinhos11.

Para se tornar sacerdote, foi decisiva a sua participação nos en-


contros vocacionais, por indicação do Mons. José de Sousa, o que o

10 Padre Pedro Vidal de Sousa. Igarassu-PE (na Grande Recife), via e-mail, 24 de julho de
2020.
11 Idem.

68
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

levou a ingressar no Seminário Menor Sagrado Coração de Jesus,


em Aracaju. Após os três anos previstos de Seminário Menor, fui
para o Rio de Janeiro, Seminário São José da Arquidiocese do Rio
de Janeiro, onde permaneceu até a conclusão da teologia. Assim, na
Faculdade Eclesial de Filosofia João Paulo II – Rio de Janeiro, fez a
filosofia. E também no Rio, a teologia pelo Instituto Superior de Te-
ologia da Arquidiocese de São Sebastião, uma extensão da PUC-RJ.

Padre Pedro Vidal de Sousa


Acervo pessoal

No dia 12 de dezembro de 1987, foi ordenado diácono na Ca-


tedral de Estância, na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, por
Dom Hildebrando Mendes Costa. E no dia 7 de janeiro de 1989, sa-
cerdote, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora Imperatriz dos
Campos (Tobias Barreto), também pelo bispo de Estância12.
Foi administrador da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo
(Riachão do Dantas), de 28 de janeiro a 25 de dezembro de 1989.
Vigário Paroquial em sua cidade natal, de dezembro de 1989 a
agosto de 1992. Pároco de Nossa Senhora da Guia Umbaúba-SE, de
agosto de 1992 a dezembro de 1993. E Pároco de Senhora Santana,
em Simão Dias-SE, de janeiro de 1994 a junho de 1997.

12 Primeiro sacerdote ordenado por Dom Hildebrando Mendes Costa.

69
Claudefranklin Monteiro Santos

Em mais de 30 anos como sacerdote, ocupou diversas funções,


das quais destaco: Diretor Espiritual do Seminário Maior Nossa Se-
nhora da Conceição, da Província de Aracaju; Diretor Espiritual do
Encontro de Casais com Cristo (ECC), do qual é um entusiasta; Di-
retor Espiritual da Pastoral Familiar; Diretor Espiritual do Regional
Nordeste 3 (NE3) do Movimento Cursilho de Cristandade; Assessor
Nacional Adjunto do Movimento de Cursilho de Cristandade.
A partir do dia 03 de junho de 1997, ele assumiu a Paróquia de
Nossa Senhora da Piedade até maio de 2009, uma trajetória de 12
anos13. A solenidade de posse foi bastante concorrida, considerando
que desde 1976 não havia a chegada de pároco novo na cidade. Em
cortejo festivo, saindo da Casa Paroquial, Padre Pedro foi conduzido
até o Santuário Mariano onde foi celebrada Missa Solene, presidida
pelo bispo de Estância, Dom Hildebrando Mendes Costa, tendo como
co-celebrantes Dom Mário Rino Sivieri, Monsenhor José de Sousa San-
tos, Padre Fernando Ávila, Padre Vicente Vidal (seu irmão), Padre José
Alves Filho, Padre Ronildo de Oliveira Matos e Padre Nivaldo Soares.
Em sua homilia, Dom Hildebrando destacou que o Padre Pedro
tinha pela frente uma grande responsabilidade, frente ao tamanho da
Piedade, seja em extensão territorial, seja em número de fiéis. Em seu
pronunciamento feito após a Comunhão, Padre Pedro destacou que a
“(...) a vida do Padre é como um livro que vai sendo escrito no dia a dia
(Tombo da Piedade, aberto em 1976, p. 44)”. Ele pediu para que todos
o ajudassem e que se somassem à sua missão de gerir a Piedade.
Na ocasião, Dom Mário também fez uso da palavra, saudando o
novo pároco: “(...) É uma comunidade que foi crescendo com a pre-

13 De maio de 2009 a janeiro de 2017, foi Pároco da Paróquia de Nossa senhora da Conceição
(Itabaianinha-SE). De fevereiro de 2017 a janeiro de 2020 foi membro da Equipe de forma-
dores do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, da Província Eclesiástica de Aracaju.
De janeiro do corrente ano de 2020, até o momento, exerce a função de “Padre Assistente”
do Centro de Espiritualidade Mariápolis Santa Maria” em Igarassu-PE (na Grande Recife)

70
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sença de cada pároco que por aqui passou. Portanto, Padre Pedro
não tenha medo, porque você terá religiosas e movimentos paro-
quiais para ajudá-lo” (Tombo da Piedade, aberto em 1976, p. 44)”.
Ao chegar em Lagarto, Padre Pedro Vidal tomou logo pé da
situação:

(...) imediatamente percebi que a Igreja Matriz de Nossa Se-


nhora da Piedade era muito pequena para uma comunidade
tão grande. Primeiro pensei em construir uma igreja para
comportar umas três mil pessoas. Mas, juntamente com Dom
Hildebrando, o nosso Bispo, percorremos os quatro cantos da
cidade e achamos melhor assistir a Paroquia criando setores.
Escolhemos o Bairro Novo Horizonte, e o Alto da Boa Vista14.

A chegada de Padre Pedro também coincidiu com um momen-


to significativo para os devotos de Santa Teresinha no Brasil. Suas
relíquias, correspondente aos seus ossos, percorreram várias par-
tes do país entre os anos de 1997 e 1998. O ano de 1997 também
marcou a celebração do Centenário de Falecimento da Santinha. A
propósito, o Padre Pedro assim se expressou:

Como no momento estávamos recebendo a Visita das Relíquias


de Sta. Teresinha, que estava visitando o Brasil, e tivemos a graça
de acolhe-la na Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, condu-
zida pela comunidade de Nossa Senhora Imperatriz dos Cam-
pos, Tobias Barreto, achamos oportuno marcar esta visita com a
Construção de uma Igreja em Honra de Santa Terezinha15.

14 Padre Pedro Vidal de Sousa. Igarassu-PE (na Grande Recife), via e-mail, 24 de julho de 2020.
15 Durante sua gestão na Piedade, além da Igreja de Santa Terezinha, foram construídos
mais cinco lugares, entre capelas e igrejas: Alto da Boa Vista, Loiola, Campo do Crioulo, Limo-
eiro e Capela da Casa Paroquial.

71
Claudefranklin Monteiro Santos

O Livro de Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, aber-


to em 1976 pelo Padre Mário Rino Sivieri, registrou esse momento
com riqueza de detalhes e com muito esmero. As relíquias de Santa
Teresinha estavam de passagem pela Paróquia de Nossa Senhora
Imperatriz dos Campos, em Tobias Barreto. Uma comitiva de cen-
tenas de veículos partindo de Lagarto, no dia 26 de dezembro de
1997, foi buscar a urna sagrada. No trajeto de volta, Tobias-Lagarto,
o carro conduzindo as relíquias, uma TOPIC, passou alguns minu-
tos pela cidade de Riachão do Dantas, onde o Padre Ezaú Barbosa
organizou uma belíssima homenagem. Segundo Padre Pedro, do
carro ornamentado com flores, vertiam pétalas, causando grande
comoção nas pessoas.
Aos chegar em Lagarto, por volta das 23 horas, a comitiva com
as relíquias de Santa Teresinha foi recebida com muito entusias-
mo. Uma multidão considerável acorreu para o Santuário para tes-
temunhar aquele momento histórico: “(...) Próximo ao presbitério,
do direito do altar, preparam uma mesa, muito bem ornamentada,
onde puseram a urna contendo as relíquias” (p. 49, verso). Ali per-
maneceu até o dia seguinte, às 10h, em vigília, com presença de fieis
da Santinha, que também adoraram o Santíssimo que foi exposto
durante a estada das relíquias. Após celebração da Santa Missa,
com as presenças do Padre Nivaldo Soares (à época, na condição
de Chanceler do Bispado de Estância) e do Padre Fernando Ávila,
Pároco de Boquim, para onde foram conduzidas as relíquias.
Oportunamente, pretendo trabalhar a instalação da devoção
a Santa Teresinha em Sergipe. Para ilustrar, quero deixar aqui re-
gistrada duas informações importantes. Em Aracaju, no dia 21 de
outubro de 1928, o Padre Geminiano de Freitas16, na presença do
bispo Dom José Thomaz, instalou a Pia União de Santa Teresinha.

16 Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Piedade entre os anos 1913-1928.

72
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Em Lagarto, encontrei indícios sobre a existência no jornal A Sema-


na, de Simão Dias, da existência de uma Associação Sócio Cultural
“Santa Teresinha” em Lagarto, no ano de 196417.
A passagem das relíquias de Santa Teresinha por Lagarto deixou
uma impressão muito positiva. A seguir, o Padre Adinaldo18, de quem
trataremos mais adiante, descreve a sua impressão do momento e
apresenta algumas considerações que ajudam a entender como a de-
voção à Santinha criou raízes e se disseminou profundamente:

Creio que o fervor tenha sido em razão da influência de algu-


ma pregação dos frades Carmelitas. Também uma maneira
de se fazer uma homenagem pela passagem das relíquias,
onde várias pessoas alcançaram muitas graças, das quais co-
nheço a do Senhor Joaquim e de uma senhora que quebrou
a perna e vinha sofrendo com fortes dores de uma cirurgia
que não cicatrizava. Ela colocou a perna encostada a urna
das relíquias e sentiu um forte queimor e no dia seguinte não
sentia mais dores (não lembro o nome da mulher). D. Hil-
debrando é um grande admirador de Santa Teresinha e nas
pregações da missão todas as noites ele contava uma histó-
ria dela. Foi um tempo emocionante e de muitas graças.

Em agosto de 1998, Joaquim Nogueira se prontificou a doar


parte do terreno que havia adquirido para a construção da igreja
de Santa Teresinha. A doação foi lavrada em Cartório no dia 1 de
outubro daquele ano. Sobre o lugar, Dona Anália, mais tarde, assim

17 Até o fechamento do presente livro, não encontramos maiores elementos que pudessem
dar conta de tratar mais a respeito do assunto.
18 Entrevista - Padre José Adinaldo Pereira. Tomar do Geru-SE, via e-mail, 31 de julho de
2020.

73
Claudefranklin Monteiro Santos

traduziu o receio da comunidade de erguer ali uma igreja: “Na épo-


ca, a comunidade não aceitou porque era um lugar onde só existia
mato muito alto, desabitado e servia de esconderijo para os jovens
usarem droga e esconderijo de ladrões e assassinos”.
A foto ao lado, com Irmã Ana Pereira19 e Joaquim Nogueira,
datada de fevereiro de 1999, dá uma ideia do que era o local antes
da construção da igreja. Observe, como veremos mais adiante, que
já havia sido assentada a pedra fundamental.

Terreno doado para a


construção da igreja
Acervo de Dona Anália Dórea

Preocupada, mas não desprezando a boa vontade do doador,


Dona Anália rezou e pensou que aquilo poderia ser a vontade de
Deus. Foi ao Convento das Pias Mestras Rosa Venerini20 e se acon-
selhou com a Irmã Ana Pereira. As duas foram ao local e notaram
que o lugar, apesar de ermo, apontava coisas positivas, como vir a
ser uma espécie de elo entre os bairros Estação, Novo Horizonte e
Horta. Para expressar o sentimento daquele instante, Dona Anália
assim se expressou: “Senti nesse momento uma alegria esvoaçante,

19 Atualmente, comerciante e não mais na congregação, tendo deixado o hábito.


20 A congregação italiana foi instalada em Lagarto em 1980, a convite do Padre Mário. Uma
das religiosas pioneiras é a Irmã Claudira Ribeiro, natural de Lagarto. A comunidade foi ins-
talada onde hoje é o Bairro Ademar de Carvalho, divisa com o Novo Horizonte.

74
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

pois era um grande sonho que estava prestes a se realizar e que


sempre lutei por uma igreja no meu bairro”.
No ano seguinte, em 1999, foi realizada uma segunda Santa Mis-
são na comunidade, com as presenças de Dom Hildebrando Mendes
Costa21, Padre Dulcênio Fontes de Matos22 e o Padre Valdenor, de
Salgado. Mais tarde, chegou também, para ser vigário da Piedade, o
Padre José Adinaldo Pereira, de quem tratarei no capítulo seguinte.
Estavam presentes também duas religiosas: Irmã Belmira Brandão
(franciscana, de Salvador-BA) e Irmã Genalda (da Congregação San-
ta Teresinha do Menino de Jesus, de Boquim-SE). Naquela ocasião,
foi retomada a ideia da construção de uma igreja.
Sobre o tamanho da igreja, se seria uma capela ou se teria um
porte maior, havia uma discussão sobre os custos da obra. Dona Jo-
sefa de Vi defendia que fosse um lugar com boas proporções por-
que, no seu íntimo, ela sentia que seria no futuro uma paróquia,
por entender que o bairro iria crescer. Havia quem não acreditasse
nisso e até ria do entusiasmo de Dona Josefa.
Por fim, decidiram que a igreja deveria ser grande. Era chegada
a hora de fazer a semente geminar, crescer e gerar frutos. Encontrar
maneiras e condições para erguer o templo passou a ser o grande
desafio daquelas pessoas, lideradas por Dona Anália Dórea, Joa-
quim Nogueira, Dona Aurelina e Josefa de Vi, inicialmente, às quais
se juntaram uma legião de outros sonhadores que aos poucos fo-
ram, também, caindo nas graças da futura padroeira e aprendendo
com ela a superar adversidades.

21 Segundo bispo da Diocese de Estância-SE (1986-2003).


22 Natural de Lagarto, em 19 de outubro de 1958, filho de Manoel Dias Matos e Leonor de
Araújo Fontes. Entrou no Seminário em 1979, ordenado sacerdote em 1985. Foi vigário na
Piedade e pároco em Umbaúba, da Catedral de Estância e Administrador Paroquial de Cristiná-
polis, até ser sagrado bispo auxiliar de Aracaju em 2001. Foi bispo diocesano de Palmeiras dos
Índios (2006-2017). Atualmente é bispo da Diocese de Campina Grande (PB).

75
UMA OBRA DE FÉ

E m linhas gerais, a história da Paróquia Santa Teresinha do


Menino Jesus e da Sagrada Face, no Bairro Novo Horizonte,
traduz no que a comunidade se tornou desde aquele ano de 1989,
com a passagem das Irmãs Franciscanas do Bom Conselho. Uma
comunidade empenhada, sonhadora e resoluta. As próximas linhas
querem traduzir isso, não somente à luz da ciência histórica, mas
também da fé, fé esta que se manifesta naquele lugar de forma au-
têntica, espontânea e milagrosa.
Uma vez doado o terreno e o pároco Padre Pedro Vidal ter dado
o aval, o sonho passou a dar seus primeiros passos logo após de
uma série de reuniões ocorridas a partir do dia 13 de abril de 1999.
Neste ano, entre os dias 2 e 7 de fevereiro, foi realizada mais uma
Santa Missão na comunidade. Era o pontapé inicial, dado de for-
ma sagrada, para as atividades em torno da arrecadação de fundos
para a construção da igreja.
Para a realização da Santa Missão, foi formada uma equipe que
em grande medida passou a ser aquela que lidaria com a tarefa de
mobilizar e sensibilizar as pessoas para a empreitada. Sob a coor-
denação de Dona Anália Dórea e da Irmã Ana Pereira, a equipe era
composta por: Dona Aurelina Chaves e Seu Agnaldo Ribeiro, Iêda,
Edite Cerqueira, Josefa de Vi, Joaquim, Sr. Antônio de Jesus, Maria
Alice, Ditinha, Edilene, Elenilson Cerqueira e sua tia Conceição.
Irmã Belmira e Irmã Genalva foram convidadas para participar.

76
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Durante a Santa Missão, houve caminhada penitencial às 5h da


manhã, terço, ofício, cantos e reflexões do Evangelho. Entre os cele-
brantes os padres: Dulcênio, Valdenor, Jivaldo Modesto, Pedro Vidal
e o bispo Dom Hildebrando. Na ocasião, dois jovens vocacionados
foram apresentados publicamente: Edvaldo de Andrade Santos e
William Dórea (ver registros de suas trajetórias na última parte do
livro). Além disso, houve a doação da imagem de Santa Teresinha,
uma oferta do Sr. Onofre Silva Santos1. Como não havia o espaço físi-
co da igreja, a imagem ficou aos cuidados de Dona Aurelina Chaves.
Por ocasião dos preparativos para a construção da igreja, a imagem
foi restaurada por iniciativa do Padre Lucas. Atualmente, ela está
no altar, ao centro, abaixo do Jesus Crucificado e ladeada pelas ima-
gens de Nossa Senhora do Carmo e de São José.

Imagem Santa Teresinha Detalhe do altar -2020 Presbitério - 2020


(Acervo de Dona Anália) (Acervo / Claudefranklin) (Acervo / Claudefranklin)

1 Natural de Lagarto, o saudoso Seu Onofre trabalhou por 40 anos na antiga Light, hoje Eletro-
paulo (SP). Sobre a doação da imagem de Santa Teresinha, segundo o poeta Assuero Cardoso
Barbosa (25 de julho de 2020), ele preferia que fosse mantida no anonimato. Em vida, costuma
recitar a seguinte trova para o poeta lagartense: “Nasci em Sergipe, que eu morra por lá. Que
deixem meu corpo coberto de rosas, debaixo de velhas mangueiras frondosas, que sombras
mais belas no mundo não há”. Onofre Silva Santos é patrono da cadeira nº 17 da Academia
Lagartense de Letras, cujo fundador é o escritor e jornalista Euclides Oliveira Santos.

77
Claudefranklin Monteiro Santos

No último dia da Santa Missão, dia 7 de fevereiro de 1999, foi


lançada a Pedra Fundamental da igreja de Santa Teresinha, sob as
bênçãos do bispo Dom Hildebrando. Foram dias intensos e o mo-
mento do encerramento foi um dia histórico, que mobilizou muitas
pessoas na comunidade (fotos - Anália/Aurelina):

O Livro de Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Piedade (La-


garto-SE), registrado pelo pároco à época, Padre Pedro Vidal, assim
narrou aquele momento:

Aos sete dias do mês de fevereiro de 1999, o Sr. Bispo Dom


Hildebrando Mendes Costa abençoou a Pedra Fundamental
da igreja Santa Teresinha do Menino Jesus. A bênção foi ante-
cedida de uma Santa Missão no bairro já mencionado [Novo
Horizonte] com a participação de uma grande multidão de fi-
éis. (...) No encerramento da Santa Missão, percebia-se a ale-
gria e empolgação da comunidade... Impressionava a dispo-
nibilidade e o espírito de doação que se percebia em todos.

78
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

(...) Muitas famílias pobres, mas com um coração transbor-


dando de generosidade. Corações generosos impressionam
e até emocionam (p. 50, verso).

O Livro de Tombo da Piedade também registrou a seguinte pas-


sagem:

Um dos momentos que chamou atenção foi na hora da bên-


ção da Pedra Fundamental da igreja de Santa Teresinha. De
repente, começou a chover e muitas pessoas armaram som-
brinhas e guarda-chuvas; toda a multidão ficou coberta ou
protegida pelas sombrinhas e guarda-chuvas (...) de todas as
cores davam a impressão de um jardim completo de todas as
espécies e cores de rosas (p. 51)

A imagem ao lado, do acer-


vo de Dona Aurelina Chaves,
ilustra muito bem isso. No
primeiro plano vê-se o Padre
Dulcênio (coordenador da
missão) e no segundo plano,
a multidão descrita no Livro
de Tombo da Piedade.

Abaixo, um trecho do documento que foi colocado numa espécie


de cápsula e depositada no espaço dedicado à pedra fundamental:

Ao raiar do dia, todos elevaram a voz e os corações e os céus


desciam à terra derramando bênçãos sobre as famílias, a ju-
ventude, as crianças e a terceira idade.

79
Claudefranklin Monteiro Santos

Este documento proclama o grande louvor a Deus pelo lan-


çamento da primeira pedra e, para a posteridade, será teste-
munho de um povo que caminha na fidelidade a Jesus Cristo
e quer, apesar das lutas, ser “sal da terra e luz do mundo”.

Autoridades eclesiais presentes e alguns membros da comuni-


dade assinaram o documento.
No dia 02 de março de 1999, o Padre José Adinaldo Pereira foi
apresentado a comunidade paroquial de Nossa Senhora da Piedade
na Missa Dominical das 19h. Natural do Povoado Alto (Itabaianinha-
-SE), aos 23 de setembro de 1969. Aprendeu as primeiras letras com
a mãe, Norma Marçal dos Santos, em casa, na Fazenda Barreiro. Con-
cluiu sua alfabetização na escola Municipal Passos Porto em Itabaia-
ninha. Fez o antigo 1º e 2º graus na Escola Oséias Cavalcanti Batista.
Na juventude, era questionado por sua bisavó, por sua avó e
por uma tia se ele não queria ser padre. Elas escutavam muito a
rádio Cultura de Aracaju onde D. Luciano José Cabral Duarte tinha o
programa A Hora Católica, aos domingos, e sempre lançava um con-
vite à juventude para participar dos encontros vocacionais, porque
Sergipe estava carente de vocações sacerdotais.

Padre Adinaldo
Acervo pessoal

80
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Em 1988, resolveu participar dos encontros vocacionais e de-


cidiu entrar no ano seguinte no Seminário Arquidiocesano Sagrado
Coração de Jesus em Aracaju, onde fez o Propedêutico. Inicialmen-
te, não se adaptou e chegou a tentar outras coisas, como o vestibu-
lar, em Maceió, para o curso de filosofia, quando foi aprovado e em
1992. A partir de então, passou a morar no Seminário Arquidioce-
sano Nossa Senhora da Assunção na capital alagoana. Lá, ficou por
7 anos e estudou os 3 anos de Filosofia e os 4 de Teologia.
Foi ordenado Diácono no dia 12 de fevereiro de 1999 e Sacer-
dote aos 16 de julho de 1999, ambas as situações em Itabaianinha2.
Até o momento, esteve servindo nos seguintes lugares: Nossa Se-
nhora da Piedade (Lagarto - de 02 de março a 14 de julho de 1999,
primeiro como diácono, depois de 24 de julho daquele ano a 12
julho de 2002, como vigário paroquial); Nossa Senhora Imperatriz
dos Campos (Tobias Barreto - 2002 a 2004); São José (Pedrinhas -
2004 a 2016); Nossa Senhora do Socorro (Tomar do Geru - 2015 até
a presente data).
Foi também Administrador Paroquial da Paróquia Nossa Senhora
da Conceição (Arauá - 2005 a 2006). Exerceu as funções de: Juiz Au-
ditor da Câmara Eclesiástica da Diocese de Estância ( 2009 a 2013);
Chanceler do bispado de Estância (2009 a 2012); Membro do Conse-
lho Presbiteral por duas vezes e uma vez do Colégio dos Consultores;
Mestre de Cerimônias da Diocese de Estância, de 1999 a 2010/2019;
Assessor Eclesiástico dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comu-
nhão, e também professor do Instituto Diocesano da Estância, dos Co-
légios Santa Teresinha e José Fernandes, em Boquim-SE.

2 Além de padre diocesano, José Adinaldo, conforme mostra a foto acima, também é Car-
melita da Ordem Terceira do Carmo, onde leigos também podem fazer parte. Alguns padres
fazem votos para acompanhar os leigos. Em Sergipe, é o único nessas condições. No seu caso,
os votos são perpétuos. Padre Adinaldo é Carmelita da Ordem Terceira do Carmo Sodalício
Bom Jesus dos Passos, cuja sede é em São Cristóvão-SE.

81
Claudefranklin Monteiro Santos

Em Lagarto, o Padre Adinaldo passou a exercer a função de vi-


gário, colaborando de perto com o Padre Pedro Vidal:

Eu buscava acompanhar os movimentos e pastorais da Paró-


quia, me reunia com Dona Vera na Casa Santa Maria e com os
Coordenadores das Comunidades uma segunda-feira de cada
mês para formação, período muito rico de troca de ideia3.

O Padre Adinaldo atuou mais de perto na comunidade do Novo


Horizonte, sobretudo, entre os dias 3 de setembro do ano 2000 e
agosto de 2001, como veremos mais adiante, ocasião em que o Padre
Pedro Vidal precisou se ausentar da Piedade para participar de uma
formação na Itália. Durante algum tempo, também esteve com o Pa-
dre Raimundo Diniz, mas este tomou posse como Pároco da Paróquia
de Senhor do Bomfim, em Salgado, em abril de 2001 e acabou sozi-
nho. Além de dar assistência religiosa, acompanhou as obras da cons-
trução da igreja e o processo de arrecadação de fundos para tal fim.
A construção começou no dia 24 de maio daquele mesmo ano.
Para a intercessão das obras, ficou combinado que um grupo reza-
ria o terço todas as terças-feiras, com a meditação do Evangelho.
Além disso, as reuniões já citadas, geralmente eram na casa de Dona
Aurelina Chaves. A divisão dos trabalhos ficou assim estabelecida,
inicialmente: Elenilson Cerqueira e Dênis Ribeiro (finanças); Zilda
(bilhetes); Iêda (cozinha); bebidas (Joaquim); Edilene (divulgação).
Estes seriam os coordenadores de equipes, sob a supervisão de
Dona Anália e Dona Aurelina. Coube a Joaquim, a responsabilidade
de se reunir com o Padre Pedro Vidal ou com o Padre Adinaldo para
deixá-los a par das tratativas das reuniões, sobretudo quando estes
não podiam comparecer.

3 Entrevista - Padre José Adinaldo Pereira. Tomar do Geru-SE, via e-mail, 31 de julho de 2020.

82
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Com relação à casa do casal Aurelina Chaves dos Santos e Agnal-


do Ribeiro dos Santos, segundo seu filho Dênis Ribeiro dos Santos4,
ficava (como até hoje) na Rua professora Erundina Mota, 119. Era um
local estratégico, por ser centralizado e também porque o terreno ia
de um lado a outro de um quarteirão, onde a frente ficava para a rua
citada e os fundos dava acesso à praça Irmã Cândida, como veremos
adiante, ponto de encontro para as atividades da comunidade.
Sobre a atuação de seus pais, Dênis assim descreve:

Minha mãe e meu pai estiveram presentes nesses momen-


tos da comunidade. Ele, enquanto homem, atuava de forma
mais discreta, era o motorista. Ambos, também agiam como
engenheiros da obra. Minha mãe era mais despojada para a
comunicação. Conseguia exercer certa liderança a exemplo
das outras senhoras que estavam mais a frente, a exemplo de
Anália e Josefa de Vi).

Entre as estratégias para arrecadação de fundos: a Campanha


de um Real; almoço a cada segundo Domingo do mês; vez ou outra,
realização de jantar também; bingos; leilões; rifas; arrastão; grito
de carnaval; natal iluminado na praça; quermesse e mini quermes-
se; e doações. Entre as primeiras doações, destaque para: doação
de 24 pratos e talheres (Josefa de Vi e Conceição); oito sacos de ci-
mento (Dona Edite Cerqueira); camisas para a comissão (Dona Rai-
munda da Telergipe – Josepha Raymunda Santos); deputado Valmir
Monteiro (pagamento da base)5.

4 Entrevista – Dênis Ribeiro dos Santos (Lagarto-SE, 22 de julho de 2020).


5 No dia 24 de agosto de 1999, Padre Pedro Vidal celebrou Missa em Ação de Graças pela
conclusão das obras da base da igreja.

83
Claudefranklin Monteiro Santos

Com relação aos almoços e jantares, os mesmos aconteceram,


em sua grande maioria, no Parque de Exposição Nicolau Almeida,
com a intermediação do engenheiro agrônomo Walter Pinheiro de
Brito e de sua esposa, Osvandira Rodrigues de Brito. Eventualmen-
te, sobretudo os jantares, aconteciam na praça Irmã Cândida.
Dona Anália Dórea conservou em seus manuscritos todas as
datas dos eventos gastronômicos para arrecadar fundos: dias 11
de junho, 11 de julho, 8 de agosto, 14 de novembro e 11 de dezem-
bro de 1999; dias 9 de janeiro, 10 de fevereiro de 2000. Os jantares
aconteceram no dia 9 de outubro de 1999 e 22 de abril de 2000.
Eram momentos de muito desprendimento, como nos disse Ja-
nete6, da Mãe Rainha. Ela esteve presente desde o nascedouro do
sonho: “Eu me sentia realizada. Contava os dias para participar dos
almoços e de outras atividades da comunidade. Ficava na equipe de
cozinha, onde a folia era grande. Vez ou outra, levava minha sobrinha,
a professora Patrícia Monteiro”.

Registro de um dos primeiros almoços na Exposição. Janete é a segunda da esquer-


da para direita (Acervo de Dona Aurelina Chaves)

6 Entrevista – Josefa Rodrigues dos Santos (Lagarto-SE, 5 de agosto de 2020).

84
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Sobre a experiência com a arrecadação de fundos, Elenilson


Cerqueira de Menezes7 deu o seguinte testemunho:

Depois que eu fiz o Cursilho de Cristandade, eu recebi o con-


vite para ajudar na tesouraria da construção da igreja da
Santa Teresinha. Eu disse que não aceitaria sozinho, diante
da responsabilidade. Daí, Dênis ficou comigo. Ele era muito
organizado, certo e íntegro e sabia organizar a parte buro-
crática. Nós liderávamos uma equipe, com familiares nossos e
amigos de caminhada na Piedade. Na equipe, surgiu a ideia de
fazer a Campanha de um Real8. Mulheres do grupo9, saiam nas
casas do Bairro Novo Horizonte, por semana, arrecadando as
doações que podiam ser de um real ou mais. Era um dinhei-
ro que ajudava a pagar os pedreiros e ajudantes, manutenção.
Isso deu muito certo. (Entrevista em 22 de julho de 2020).

Com o tempo, desenrolado que é até hoje, Elenilson Cerqueira


passou a também fazer solicitações de doações a políticos e em-
presários. Jerônimo Reis chegou a contribuir com caminhões de
blocos. Valmir Monteiro, que já havia doado as despesas da base,
também ajudou nas peças de madeira do telhado. “Comecei a pedir
mesmo, na cara dura”, disse Elenilson.
Certa feita, a convite de José Menezes de Carvalho (Juquinha
do PT), Elenilson Cerqueira esteve em Propriá. Na ocasião, na casa
de Dom Mário Rino Sivieri, partilhara com ele o projeto da igreja e
mostrou tudo que a comunidade tinha feito até aquele momento.

7 Técnico em prótese odontológica. Foi coroinha na Paróquia da Piedade por aproximada-


mente doze anos, entre meados dos anos 80 e 90. Depois, Ministro Extraordinário da Comu-
nhão Eucarística, da turma de 2016.
8 Segundo Dona Anália, a Campanha do Real começou no dia 21 de maio de 1999.
9 Entre as mulheres do grupo, Edite Cerqueira de Menezes, e Dona Josefa de Vi.

85
Claudefranklin Monteiro Santos

Aquilo mexeu no coração do bispo de Propriá que fez questão de


visitar o local, assim que passou por Lagarto.
A visita de Elenilson a Dom Mário rendeu bons frutos, como se
verá adiante. O bispo o orientou a elaborar um projeto para solici-
tar verbas junto à Conferência Episcopal Espanhola, sob sua inter-
mediação. O processo levou algum tempo para se concretizar por-
que o Padre Pedro Vidal não se encontrava em Lagarto. Ele estava
fazendo um curso na Itália10.
Sobre os desdobramentos daquela visita, Padre Adinaldo assim
se expressa:

No período da Festa da Padroeira Nossa Senhora da Piedade


em 2001, o jovem Elenilson me chamou e disse: Padre! Va-
mos pedir uma orientação a Dom Mário de como pedir ajuda
fora para a Igreja de Santa Teresinha. Procuramos Dom Má-
rio que estava na festa, pois era bispo de Propriá, falamos e
ele nos orientou e nos passou até o endereço da Conferência
Episcopal Espanhola. Nisso nos reunimos: eu, Elenilson, Seu
Gervásio de Helena que tinha uma livraria e Nilton, o nosso
secretário, e fizemos o projeto a pedido para a Conferência,
que abraçou com todo carinho (Padre José Adinaldo Pereira.
Tomar do Geru-SE, via e-mail, 31 de julho de 2020.

O companheiro de Elenilson, Denis Ribeiro dos Santos11, como


já vimos, filho de Dona Aurelina Chaves e Seu Agnaldo, assim des-
creve sua participação:

10 Um ano de formação no Instituto de Espiritualidade de Comunhão, Escola Internacional,


na Itália. Na ocasião, ele teve a oportunidade de conhecer a Terra Santa, onde Jesus nasceu,
viveu, morreu e ressuscitou: Jerusalém, Nazaré, Belém, Rio Jordão, Mar da Galiléia, Monte das
Oliveiras, Bem-Aventuranças, Tabor e tantos lugares significativos na história da salvação.
11 Casado, pais de três filhas, graduado em Letras Espanhol, e um voluntário de Deus.

86
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Enquanto ex-coroinha da Paróquia Nossa Senhora da Pie-


dade, paróquia em que o bairro Novo Horizonte fazia parte,
já engajado no Movimento dos Focolares, por orientação e
exemplo dos meus pais, sempre tentei conduzir a minha vida
de igreja contribuindo com algum serviço ou talento que a
cada cristão é confiado ao tentar se colocar em serviço.
Acompanhar o desenvolvimento de uma localidade e ter tido a
oportunidade de crescer na comunidade do bairro Novo Hori-
zonte foi uma experiência positiva ao poder vivenciar o carisma
missionário de um povo que acreditou e perseverou para o que
hoje vivemos com a concretização na criação de uma paróquia.
Uma caminhada de pessoas engajadas na igreja através de mo-
vimentos ou pastorais fortaleceu para que a comunidade fosse
perseverante na fé e ações diante da construção de uma cape-
la (igreja). Foram vários anos de sonhos para a realização da
igreja física, visto que, entre o trajeto do desejo e concretização
aconteceram muitas dificuldades e graças para também con-
cretizar a edificação da igreja espiritual em toda comunidade.
Entrevista – Dênis Ribeiro dos Santos (22 de julho de 2020).

Dênis destaca ainda que o processo de pensar e agir de forma


prática foi sempre visto em comum com os membros da comuni-
dade engajados na igreja e delimitados em uma comissão. Disse-me
ainda que as funções não eram distribuídas por “capacidade de for-
mação, e sim por disponibilidade e necessidade para as ações neces-
sárias que se apresentavam para levar adiante um projeto que ne-
cessitava de uma captação financeira simbólica para construir uma
igreja do chão”. Era um projeto que também exigia “uma caminhada
de formação e perseverança para uma comunidade como um todo”.
Outra personagem muito importante nesse processo foi Dona
Josefa Maria de Jesus Santana. Conhecida por Josefa de Vi, em ra-

87
Claudefranklin Monteiro Santos

zão de seu esposo (falecido em 2009) se chamar Vilobaldo Antônio


de Santana. Nascida no dia 15 de julho de 1934. Até o fechamento
deste livro, lúcida e saudável, com oitenta e seis anos completos. O
casal teve 14 filhos, dos quais se criaram oito e mais um adotivo.
Entre eles, a professora Maria José de Santana Santos que defi-
ne a mãe como uma pessoa muito empenhada na arrecadação dos
fundos necessários para a construção da igreja:

Mamãe pedia muito a todo mundo. Ela conseguia muita coi-


sa. Além de doar e disponibilizar o que tinha (na maioria das
vezes sem volta) como panelas, pratos, talheres, para os al-
moços na Exposição. Mamãe nunca recebeu um não de quem
ela pedia. Tanto que ela conseguiu, depois da igreja pronta,
um terreno com o empresário J. Menezes, na comunidade,
para os Carmelitas, onde deverá funcionar um Convento,
próximo da Santa Teresinha.

N. Sra. do Carmo.
Igreja de Santa Teresinha
(Acervo Claudefranklin)

Dona Josefa de Vi nasceu no povoado Pé da Serra do Qui, atu-


almente território da Paróquia de Santa Luzia da Colônia Treze. Ela
conta12 que morou lá até ficar moça e que participou ativamente da

12 Josefa Maria de Jesus Santana – Josefa de Vi (Lagarto-SE, 24 de julho de 2020).

88
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

construção da capela do lugar, inaugurada em setembro de 198013.


Seu Egídio Rodrigues da Paixão, já falecido, era devoto de Nossa Se-
nhora do Carmo e dedicou parte de sua vida à essa devoção, padro-
eira do Qui. Segundo sua sobrinha, Nadja Maria dos Santos14, foi ele
quem também colaborou para a construção da Capela do Povoado
Limoeiro, de igual modo dedicada à Nossa Senhora do Carmo.
Aliás, Dona Josefa de Vi trouxe essa devoção para o Bairro Novo
Horizonte e ela chegou a sugerir que fosse padroeira da comunidade,
mas Santa Teresinha já havia caído na graça daquele primeiro grupo
de evangelizadores da região, sobretudo por sugestão de Dona Aná-
lia, por entender que a Santinha era a Padroeira da Missões, caracte-
rística da região. De tal sorte que Nossa Senhora do Carmo acabou se
tornando a co-padroeira da Paróquia de Santa Teresinha do Meninos
Jesus. Sua imagem, que fica ao lado direito da Santinha e foi uma do-
ação de Dom João Costa, a pedido de Dona Josefa.
Antes da pandemia da COVID-19 nos colocar a todos em isola-
mento social, Dona Josefa de Vi vinha atuando no processo de arre-
cadação de fundos para a construção da Capela Santa Irmã Dulce dos
Pobres, nos domínios da Paróquia Santa Teresinha (Bairro Estação).
Dona Josefa de Vi envolveu filhos e netos na empreitada da San-
ta Teresinha. Maria José sempre esteve envolvida desde o início e
até hoje atua na Paróquia Santa Teresinha, em todas as atividades,
juntamente com seus filhos e seu esposo, Renato Brito dos Santos.
Sua filha mais velha, Hortência, foi a primeira secretária da igreja.
João Antônio foi coroinha. E Vitória atuava na equipe litúrgica.
Em setembro de 1999, a comunidade encontrou dificuldades
para manter a obra. Em reunião, a equipe partilhou isto com o Pa-

13 A benção da pedra fundamental da Capela do Qui aconteceu no dia 13 de junho de 1976,


com a presença de Dom Hildebrando Mendes Costa (Livro de Tombo da Piedade, p. 6 – verso).
14 Nadja Maria dos Santos (Lagarto-SE, 27 de julho de 2020).

89
Claudefranklin Monteiro Santos

dre Pedro Vidal. O pároco da Piedade disse que havia acabado de


sair de uma festa de padroeira e que a comissão deveria encontrar
outras formas de seguir com a empreitada.
No mês seguinte, realizaram um Tríduo em honra a Santa Tere-
sinha, entre os dias 7 e 10. O evento aconteceu na praça Irmã Cân-
dida. O tempo chuvoso não colaborou muito, apesar do bom afluxo
de pessoas. A primeira noite ficou por conta do Sr. Alfredo Moura,
Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, que refletiu sobre
o tema Oração e Sacrifício. Na segunda noite, a Irmã Maria Pereira
(Barra dos Coqueiros), da Congregação de Santa Teresinha, disser-
tou sobre a Santinha. Maria do Carmo do Cursilho de Cristandade
falou sobre Jesus e os Pequenos, na terceira noite. No dia 10, após a
celebração da Santa Missa, o padre Nivaldo Soares de Melo fez um
show religioso. Em todas as noites, havia uma mini quermesse.

Mini Quermesse de 1999 – Na foto, podemos identificar o padre Nivaldo, com o mi-
crofone na mão, seguido do padre Adinaldo (atrás dele, o padre Pedro). Ao violão,
Carlos e ao seu lado a cantora Fátima. No teclado, o saudoso Deka.
(Acervo de Aurelina Chaves)

Gestos simples marcaram aqueles dias, como a doação das


crianças do catecismo (algumas delas, na foto acima), sob a coor-
denação de Dona Zilda, no valor de R$ 43,00 (quarenta reais) que
arrecadaram durante o evento vendendo doces.

90
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Como se vê, a praça Irmã Cândida foi por muito tempo o centro
das principais atividades da comunidade, sobretudo nesse proces-
so entre a construção da igreja e a criação da Paróquia Santa Te-
resinha. Sobre a praça, a professora Maria José de Santana Santos
afirmou: “Trata-se, hoje, de um conjunto de quatro pracinhas que
antes era um espaço aberto e que foi cortado por duas ruas que
se cruzam”. Ela confirmou que não daria para construir uma igreja ali,
mesmo em outra época, como desejava José Vicente de Carvalho, por-
que a área sempre foi muito pequena. As ruas que ela se refere são: a
Rua Luís Fontes e a Rua Francisco Moisés de Carvalho, onde reside.
O nome da praça é uma homenagem à Josefa Querubina da Cos-
ta, natural de Anadia-AL. Ao se tornar religiosa franciscana, adotou
o nome de Irmã Maria Cândida. Em Lagarto, permaneceu por treze
anos, falecendo no dia 2 de julho de 1971. No Povoado Jenipapo,
há uma escola municipal que também empresta seu nome, fundada
em meados dos anos 1950.
Em novembro de 1999, a igreja ficou em ponto de madeira para
o telhado. Entre campanhas e doações o custo da obra já estava em
R$ 10.000,00 (dez mil reais). No ano seguinte, essa passou a ser a
meta do grupo, que intensificou os trabalhos, confiantes na fé. O
custo havia ficado muito alto.

(Acervo de Aurelina
Chaves)

91
Claudefranklin Monteiro Santos

Para esse fim, Dona Anália registrou em seus manuscritos as


primeiras doações: do empresário Fraga e de Magna Lima, atual
proprietária da Livraria Adhonai. Segundo Magna15, então Coorde-
nadora do Grupo Vida Nova, os jovens que organizaram o Congres-
so de Orientação Religiosa (COR), entre os dias 14 e 15 de julho do
ano 2000, no Colégio Nossa Senhora da Piedade, deram prioridade
à contratação das refeições do evento à comunidade do Novo Hori-
zonte, ao grupo que estava à frente da arrecadação de fundos para a
igreja. Magna entendia que isso seria um gesto concreto de partilha
cristã. E deu muito certo. Além do que foi arrecado nas refeições,
os jovens do COR doaram ainda R$ 1.000,00 (um mil reais). A estas
se seguiram outras doações, vindas de várias iniciativas individuais
ou coletivas, que apontavam positivamente para a concretização de
um sonho para a comunidade do Bairro Novo Horizonte.
Em agosto do ano 2000, começaram a chegar as primeiras pe-
ças de madeira para a cobertura da igreja. Vez ou outra, as obras
eram interrompidas, pois não havia recurso financeiro suficiente.
No dia 4 de outubro, enfim chegaram as telhas e a cobertura co-
meçou a ganhar forma, com o trabalho dos carpinteiros Fausto e
Zequinha. No dia 31 de outubro, a igreja estava coberta.
Entre os dias 28 de setembro e 01 de outubro do ano 2000, foi
realizada mais um Tríduo em Honra a Santa Teresinha. Na primeira
noite, celebrou e pregou o Padre Adinaldo, com o tema “Gotas de
Santa Teresinha”. O padre Raimundo Diniz refletiu sobre as virtu-
des de Santa Teresinha na segunda noite. Seu Antônio de Jesus ficou
responsável pela Celebração da Palavra na terceira noite e a Srta.
Aglaé discorreu sobre o tema “Minha vocação é o amor”. O encerra-
mento aconteceu no dia 1 de outubro, com um show religioso com
Padre Adinaldo.

15 Magna Lima (Lagarto-SE, 25 de julho de 2020).

92
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

O dia 10 de dezembro do ano 2000 foi um dia histórico para


a comunidade. Com a imagem de Santa Teresinha num andor, to-
dos seguiram em procissão para a celebração da primeira Missa na
igreja de Santa Teresinha, às 16h. Muitas pessoas se dirigiram ao
local e a solenidade foi conduzida pelo Padre Adinaldo.

(Acervo de Aurelina Chaves)

Assim, como toda obra de fé, sobretudo quando as coisas se


apresentam mais difíceis, a partir de janeiro do ano 2001 as coisas
começam a ter um novo rumo e as graças começam a chegar em
abundância.
No dia 4 de janeiro daquele ano, um evento foi muito marcante
para a comunidade e trouxe esperanças e boas notícias. Trata-se
da visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora do Carmo, com
a presença dos frades Carmelitas Frei João Costa16, Frei Bida e Frei

16 Natural de Lagarto, aos 24 dias do mês de junho de 1958, João José da Costa entrou na Or-
dem Carmelita em 1982. Em 1992, foi ordenado presbítero. Até se tornar bispo no dia 19 de
março de 2009, ocupou funções importantes no Carmelo brasileiro. Em 2017, foi nomeado
arcebispo de Aracaju.

93
Claudefranklin Monteiro Santos

Celso, além das Irmãs Gilvani e Preta. O dia de vigília foi marcado
por confissões e exposição do Santíssimo. À noite, após a Missa, a
comunidade se deslocou ao Povoado Limoeiro, levando a imagem,
da padroeira do lugar.
Nos dias que se seguiram, a comunidade ficou sabendo de uma
doação não identificada de todo o piso da igreja. Além disso, o pro-
jeto que Elenilson Cerqueira havia elaborado sob a supervisão de
Dom Mário, enfim foi aprovado, e a Conferência Episcopal Espanho-
la concedeu uma ajuda de custo no valor de R$ 22.000,00 (vinte e
dois mil reais), decisivo para o término da obra.

Quando chegou a carta resposta, reuni o conselho, porque


tínhamos que agir rápido pois nos deram um prazo e não
podíamos esperar padre Pedro chegar para gastar a impor-
tância doada. Falamos com o bispo Dom Hildebrando e ele au-
torizou a executar a obra usando o dinheiro da doação. Assim
fizemos e tivemos que prestar contas em 180 dias do dinheiro
gasto, que foi um valor de 1.000 Pecetas. Só sei dizer que deu
para fazer 90% da obra. (Entrevista - Padre José Adinaldo Pe-
reira. Tomar do Geru-SE, via e-mail, 31 de julho de 2020).

Com a igreja praticamente pronta, as reuniões da equipe passa-


ram a ser no próprio prédio, sobretudo a partir de 12 de julho do ano
2001. Algumas delas, eventualmente, ainda seguiram acontecendo
na casa de Dona Aurelina e Seu Agnaldo. Doravante, a comunidade
começou a se organizar para os preparativos da inauguração, que
ainda levou algum tempo. Um ano e oito meses, aproximadamente.
Entre os dias 28 e 30 de setembro do ano 2001, pela primeira
vez o Tríduo em Honra a Santa Teresinha foi realizado na igreja, em
processo de acabamento. Dom Hildebrando celebrou na primeira
noite, onde fez a homília em torno das virtudes da Santinha. Padre

94
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Adinaldo celebrou nas noites seguintes. No dia 1 de outubro, saindo


da praça Irmã Cândida, a comunidade em procissão, com a imagem
da padroeira, seguiu até a igreja, onde foi celebrada uma Missa So-
lene, com os Padres Adinaldo e Humberto, o qual fez a homilia des-
tacando aspectos da vida de Santa Teresinha.
Por ocasião daquela Santa Missão, o casal Gervásio e Helena
fizeram uma doação de uma imagem da Santa Teresinha e de algu-
mas alfaias e objetos litúrgicos, que pertenciam à capela dos pais de
Gervásio, que eram devotos de Santa Teresinha.
Enfim chegou o grande dia! Março de 2002, após um Tríduo
bastante movimentado e celebrativo, a igreja foi inaugurada no dia
17. À tarde, por volta das 15h, a comunidade saiu da praça Irmã
Cândida em procissão em direção à igreja, com a imagem de Santa
Teresinha. O lugar estava com as portas fechadas e todos, uma gran-
de multidão, esperava em seu entorno para viver e testemunhar o
desfecho e a realização de um sonho há muito acalentado.

Algumas fotos da Inauguração (Acervo Anália Dórea)

95
Claudefranklin Monteiro Santos

Dona Anália Dórea registrou aquele momento histórico, assim:

O Sr. Bispo [Dom Hildebrando Mendes Costa] ao chegar cor-


tou a fita e foram abertas todas as portas e ele abençoou a
todos e benzeu a placa; e percorrendo toda a igreja, chegou
ao altar que se encontrava desnudo para ser abençoado e
vestido. Eu tive a honra, juntamente com Seu Joaquim, de
conduzir a toalha até o altar. Com a ajuda do Padre Adinaldo,
enfim, o altar foi revestido.

Dois anos e dez meses depois, a igreja de Santa Teresinha do


Meninos Jesus da Sagrada Face foi inaugurada oficialmente. Uma
demonstração da intercessão milagrosa de Santa Teresinha e a con-
cretização daquilo que marca, entre tantos aspectos, a vida cristã: o
sentido do trabalho em conjunto, solidário, dedicado e desprendido.

96
O SONHO GEROU NOVOS
FRUTOS: A QUASE PARÓQUIA

N o período compreendido entre a inauguração da igreja de


Santa Teresinha, 17 de março de 2002, e a fundação da Pa-
róquia no dia 11 de abril de 2015, a comunidade seguiu seu ritmo
normal de jornada: celebrações, reuniões, eventos sociais e festas
religiosas.
As despesas da manutenção da igreja geralmente eram pagas
com o que se arrecada com celebrações eucarísticas, geralmente
por semana ou a cada quinze dias, como também com outras ati-
vidades acima citadas. Do montante arrecadado, 40% ficava na co-
munidade e 60% iria para a Piedade.
Sobre as celebrações aos domingos, coube a Joaquim a sugestão
de serem realizadas às 8h da manhã. Ideia que deu muito certo e até
hoje é adotada pela comunidade. Segundo ele, as pessoas que se orga-
nizavam para ir à feira, por exemplo, e não tinham condições de ir para
a Piedade, às 7h, teriam como chegar em tempo para a Santa Teresinha.
A primeira festa de Santa Teresinha do Menino Jesus na co-
munidade aconteceu em 2002. Na ocasião, foram celebrantes do
novenário os seguintes sacerdotes: José Adinaldo Pereira (Tobias
Barreto); Humberto da Silva (Riachão do Dantas); José Raimundo
Soares Diniz (Salgado); José Alves (Arauá); Jivaldo Modesto dos
Santos (Pedrinhas); José Ribeiro da Costa (Poço Verde); Adeilton
Santana Nogueira (Estância); Gilmar Maranduba Costa Conceição
(Paripiranga-BA); Marivaldo da Conceição.

97
Claudefranklin Monteiro Santos

Anália, Iêda, Pe. Adinaldo


e Maria de Davi
Acervo Anália Dórea

O Padre José Adinaldo Pereira ficou responsável pelo encerra-


mento, com a celebração da primeira Missa Solene dedicada à Pa-
droeira, no dia 1 de outubro, seguida de procissão com a imagem da
Santinha. Padre Pedro Vidal ficou impossibilitado de comparecer
em razão do falecimento de seu pai, João Vidal da Silva.
Entre os anos 2003 e 2005, era vigário da Piedade o Padre Val-
mir Soares Santos. Neste período, ele costumava celebrar na igreja
Santa Teresinha uma vez por mês. Geralmente, as celebrações eram
precedidas de reuniões da comunidade. Eventualmente, as missas
poderiam ocorrer mais de uma vez por mês, sobretudo quando ha-
via um sacerdote de passagem pela cidade e que se dispusesse, com
a permissão do Pároco, a convite de algum(a) morador(a).
A Festa da Padroeira de 2003, de 22 de setembro a 1 de outu-
bro, teve como tema: Maria Modelo da Igreja. Entre os celebrantes:
Padre José Adinaldo Pereira; Padre Valdenor Borges (Colônia Tre-
ze); Padre Luiz (Garanhuns-PE); Padre Ronildo; Monsenhor Elias
Ferreira (Cícero Dantas-BA); Padre José Raimundo Soares Diniz
(Salgado); Padre Pedro Vidal de Sousa; Padre Valmir Soares; Irmão
Leão e Ivanda. Na ocasião, houve quermesse.
Entre os dias 11 e 14 de março de 2004, houve um Tríduo em
Louvor a Nossa Senhora do Carmo para a entronização de sua ima-

98
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

gem na igreja Santa Teresinha. O evento contou com a presença dos


Frades Carmelitas de São Cristóvão: Rosivaldo, Ricardo, Edigleison,
Damião, Antônio André e Fábio. Na abertura, houve procissão peni-
tencial às 5 h da manhã. Os religiosos ficaram hospedados nas casas
das pessoas da comunidade, a saber: José Menezes, Aurelina, Maria
de Bigode, Elenilson Cerqueira e Nivalda. Outras pessoas se mobili-
zaram para fornecer refeições diárias, tudo feito de forma fraterna
e cristã, ao modo da conhecida partilha do lugar.
A Festa de 2004, teve como tema: Água fonte de vida. Infeliz-
mente, até o fechando desta edição do livro, não conseguimos obter
informações mais detalhadas como as que foram apresentadas.
Nos anos seguintes, a comunidade manteve-se nesse ritmo,
além de celebrar tríduos e o novenário da padroeira até a chegada
de Padre José Raimundo Soares Diniz a Lagarto, em 2009, que deu
novo dinamismo à comunidade.
Natural da Fazenda Angelim, município de Tomar de Geru, aos
23 dias de fevereiro de 1964, Padre Raimundo, como já vimos, teve
uma passagem por Lagarto, como vigário, à época do Padre Pedro.
Vinha de sua primeira experiência exitosa como Pároco na Pa-
róquia de Senhor do Bomfim, em Salgado (2001 a 2009) e foi de-
signado pelo Bispo Dom Marco Eugênio para ser Pároco de Nossa
Senhora da Piedade (Lagarto/SE), no dia 17 de abril de 2009, onde
permaneceu até 2017.
Segundo Maria José de Santana Santos (entrevista – 28 de julho
de 2020), na primeira oportunidade que teve de celebrar na Santa
Teresinha, Padre Raimundo ficou encantado com a obra e com o
lugar, estimulando a implantação de um espaço para o Santíssimo.
Isto aumentou a quantidade de missas realizadas, mas não havia dí-
zimo e outro tipo de mantimento além das coletas das celebrações
e festividades ocasionais.

99
Claudefranklin Monteiro Santos

No período em que o Padre José Ediberto Lima esteve como


vigário da Piedade, foi dele a ideia da implantação do Dízimo na
comunidade, com a colaboração de Aninha e Gilson, como já se pra-
ticava na Matinha. Outra mudança importante foi a realização de
reuniões nas terças-feiras à noite, com círculos bíblicos e palestras,
conduzidas pelo vigário.
Se considerarmos o intervalo entre a primeira investida de
evangelização nos idos de 1989 e a inauguração da igreja de Santa
Teresinha em 2002, a comunidade do Bairro Novo Horizonte soma-
va mais de vinte anos de caminhada cristã e pastoral e já apresenta-
va condições suficientes para se tornar uma paróquia.
Antes de entender esse processo que se inicia em abril de 2013
e se consolida dois anos depois, vamos procurar entender como
ocorreram as divisões da Paróquia Nossa Senhora da Piedade cujo
histórico releva o crescimento do número de fiéis e o aumento das
demandas de evangelização, seja nos bairros, como também nos
povoados. Some-se a isso, a inserção de novos seguimentos não ca-
tólicos de toda ordem, sobretudo a partir do início do século XXI.
Até o ano de 1982, só existia uma única Paróquia em Lagarto,
como vimos, criada no dia 11 de dezembro de 1679: a Paróquia
Nossa Senhora da Piedade. O desenvolvimento do Povoado Colônia
Treze e sobretudo a atuação do Padre Joaquim Antunes de Almeida
levaram o bispo Dom José Bezerra Coutinho, no dia 13 de dezem-
bro de 1982, a criar a Paróquia de Santa Luzia do Treze. Segundo
o decreto de nº 2: “O território da nova paróquia é desmembrado
da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade. A igreja de Santa Luzia
do Treze fica elevada à categoria de igreja paroquial, com todos os
direitos que competem às igrejas paroquiais”
Na administração de Dom Hildebrando Mendes Costa (1985-
2003), sucessor de Dom Coutinho, houve a necessidade de se reorgani-

100
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

zar a Diocese de Estância, com a criação das Foranias (agrupamento de


paróquias em setores). A ideia teria ficado no papel e não avançou, mes-
mo na administração de Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida
(2003-2013). Este, por sua vez, entendeu que era necessário criar no-
vas paróquias na diocese. Lagarto, nesse sentido, foi contemplada com
mais duas: Bairro Loiola (31 de julho de 2011), cuja padroeira passou a
ser Nossa Senhora de Fátima e Povoado Jenipapo (27 de novembro de
2011), sob as bênçãos de Nossa Senhora das Graças.
Coube a Dom Geovanni Crippa, IMC (a partir de 2013) reorganizar
a estrutura da Diocese, inclusive, fazendo valer a ideia de divisão em Fo-
ranias, a saber: Forania 1 (Estância, Santa Luzia do Itanhy, Indiaroba);
Forania 2 (Salgado, Lagarto, Simão Dias); Forania 3 (Poço Verde, Tobias
Barreto, Riachão do Dantas); Forania 4 (Boquim, Pedrinhas, Arauá); e
Forania 5 (Tomar do Geru, Itabaianinha, Cristinápolis, Umbaúba). Ao
todo, uma área aproximada de 6.650, 27 km2, 16 municípios, 28 paró-
quias e 612 comunidades, até a presente data (julho de 2020).
A missão de Dom Geovanni Crippa, inicialmente, foi a de organi-
zar a Diocese, em todos os sentidos, e isso lhe tomou boa parte de sua
administração, seja antes assim como depois de ser efetivado bispo
de Estância. Italiano, com larga experiência administrativa e reconhe-
cida formação intelectual, vinha de uma passagem muito promissora
por Feira de Santana-BA, entre o ano 2000 e março de 2012, quando
foi nomeado pelo papa Bento XVI, Bispo Titular de “Accia” e Auxiliar
da Arquidiocese de São Salvador da Bahia, até 2013.
Entre as inúmeras ações que visavam uma melhor estrutura-
ção e o organização da Diocese de Estância, Dom Geovanni destaca
a Assembleia Diocesana Pastoral:

A partir de 2014, todos os anos, durante três dias, realizamos


a Assembleia Diocesana de Pastoral que constitui um impor-

101
Claudefranklin Monteiro Santos

tante momento de comunhão e participação da nossa Igreja


particular. Nesta Assembleia todas as estruturas de organi-
zação, as comunidades paroquiais, pastorais, movimentos e
todas as forças vivas da Diocese, são envolvidas em vista da
avaliação e da definição das prioridades da caminhada pas-
toral (Entrevista – Dom Geovanni Crippa, IMC. Estância-SE
13 de julho de 2020).

Com Dom Geovanni Crippa, foram criadas mais duas paró-


quias em Lagarto. A Paróquia Santa Teresinha, de que trataremos
adiante, e a Paróquia do Alto da Boa Vista (Santa Luzia), no dia 8
de abril de 2015. Ao todo, no momento, são seis paróquias: Nossa
Senhora da Piedade; Santa Luzia (Colônia Treze); Nossa Senhora
de Fátima (Bairro Loiola); Nossa Senhora das Graças – (Povoado
Jenipapo); Santa Luzia (Bairro Alto da Boa Vista); Santa Teresinha
do Menino Jesus (Bairro Novo Horizonte).
Em entrevista a Lucas Chagas de Jesus (5 de agosto de 2020),
pude compreender melhor o porquê do processo de criação de uma
Quase e não de uma Paróquia, que foi o caso da Santa Teresinha
do Novo Horizonte, como veremos mais adiante. Segundo ele, isto
está preceituado pelo atual Código de Direito Canônico diante da
impossibilidade de se erigir uma paróquia, estabeleceu que uma
das soluções possíveis seria erigir a quase-paróquia que assim está
conceituada no cânon 516, § (parágrafo) 1:

Se outra coisa não for determinada pelo direito, à paróquia


equipara-se a quase-paróquia, que é uma certa comunidade
de fiéis na Igreja particular, confiada a um sacerdote como a
pastor próprio e que, em virtude de circunstâncias peculia-
res, ainda não foi erigida como paróquia.

102
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Segundo ele, o que a disciplina canônica determina acerca da


paróquia aplica-se também à quase-paróquia, a não ser que as mes-
mas normas estabeleçam outra coisa. Ou seja, na prática não há di-
ferença da Paróquia para a Quase-Paróquia, no que tange, a cura
das almas. “Pois a Quase-Paróquia deve cumprir as mesmas obri-
gações espirituais, deve cumprir e aplicar as mesmas disposições
canônicas que dispões sobre Paróquia, a não ser que direito par-
ticular, o costume ou no Decreto de Ereção da QUASE-PARÓQUIA
estabeleça outra coisa”.
Lucas Chagas de Jesus era sacerdote à época da criação da Qua-
se Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus. Segue abaixo, a
transcrição do decreto. Nascido no dia 11 de abril de 1987, em Ara-
caju, mas filho de Boquim, do casal José Walter Benigno Chagas e
Edna Maria Santos de Jesus Chagas, fez o Ensino fundamental na
Escola municipal Lourival Batista; e o Ensino Médio no CEFET LA-
GARTO, atual Instituto Federal de Sergipe (IFS), entre 2002 e 2004).
Fez o Curso Propedêutico no Seminário Menor Nossa Senhora de
Guadalupe, em Estância (2005). Filosofia no Seminário Maior Maria
Mater Ecclesiae do Brasil, em Itapecerica da Serra-SP (2006- 2007)
e Teologia no Atheneo Regina Apostolorum, em Roma (2008-2011)
Foi presentado como seminarista para a comunidade de Se-
nhora Santana, no dia 1 de janeiro de 2005. Sua admissão às or-
dens sacras aconteceu no dia 27 de dezembro de 2007, em Boquim.
De igual modo a sua ordenação diaconal, no dia 29 de setembro de
2010. Num dia festivo de Senhora Santana, 26 de julho de 2011, ele
recebeu o Sacramento da Ordem.
Em sua curta vida sacerdotal, serviu na Paróquia Nossa Senho-
ra da Piedade como vigário Paroquial, de agosto de 2011 a abril de
2013. Foi Chanceler do Bispado de Estância, de dezembro de 2012
a outubro 2015. Administrador Paroquial da quase paróquia Santa

103
Claudefranklin Monteiro Santos

Teresinha, de abril de 2013 a abril de 2014. Pároco de Santa Tere-


zinha de 11 de abril de 2015 a 09/10/2015. Dispensado de todas
obrigações sacerdotais desde o ano de 2016.
Sua história em Lagarto teve início quando de sua Provisão de Vi-
gário da Paróquia de Nossa Senhor da Piedade, decretada pelo bispo
Dom Marco Eugênio Galrão de Almeida, no dia 15 de agosto de 2011.

Apresentado à comunidade da Paróquia de Nossa Senhora


da Piedade aos 18 de agosto de 2011, fui recebido com mui-
to zelo e apreço. Comunidade fervorosa, foi logo possível me
sentir inserido e empenhado em atender às necessidades pas-
torais da mesma. O serviço pastoral prestado foi presenteado
pela fecundidade daquela comunidade que sempre pronta
deu sinais de crescimento e sede pelas coisas de Deus. Notada
sempre foi a sede de Deus do povo de Lagarto (Entrevista –
Lucas Chagas de Jesus, dia 5 de agosto de 2020).

Em entrevista, ele nos explicou o processo que levou à criação


da Quase Paróquia de Santa Teresinha. A ideia era poder atender
melhor pastoralmente o povo de Deus que ficava compreendido na-
quela região. “Inegável a sede do povo de Deus que ali está”, afirmou.
Em 2013, ele havia se retirado do serviço pastoral para se submeter
a uma cirurgia e no retorno foi convidado pelo então Bispo Dioce-
sano, Dom Marco Eugênio, para poder cuidar daquela parcela do
povo de Deus iniciando a assistência pastoral com a perspectiva da
implantação da nova Paróquia.
Assim, no dia 8 de abril de 2013, o bispo de Estância, Dom
Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida, decretou a criação da Qua-
se Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus. Segue abaixo, a
transcrição do decreto:

104
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Dom Marco Eugênio Galrão Leite de Almeida, por mercê de


Deus, Bispo de Estância, tendo em vista o sim do povo de Deus
que lhe foi confiado a assistência espiritual, e em conformidade
com o Direito Canônico vigente, decreta a criação da Quase Pa-
róquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, no Município de La-
garto/SE, que ao ser transformada em Paróquia, terá seu termo
desmembrado da Paróquia de Nossa Senhora da Piedade, no
Município de Lagarto/SE, e que terá sua futura Matriz no Bair-
ro Novo Horizonte, na Avenida Senador Francisco Leite Neto, ,
980, que abrangerá as seguintes adjacências: Matinha, Bairro
Ademar de Carvalho, Bairro Estação, Bairro Exposição, Assen-
tamento Antônio Conselheiro, Assentamento Mártires do Eldo-
rado, Assentamento “Che Guevara” e outras a serem instituídas.
Que os fieis tomem conhecimento deste decreto e que se em-
penhem na formação da nova comunidade paroquial.
Que na futura Matriz se conservem os registros do tombo,
dos batizados, dos casamentos, das crismas e dos demais re-
gistros necessários.
Que este decreto seja transcrito na íntegra nos livros de
tombo da Cúria Diocesana, da Paróquia Nossa Senhora da
Piedade e da Quase Paróquia de Santa Teresinha do Menino
Jesus. Dado e passado na Cúria Diocesana de Estância aos 8
de abril de 2013, sob o selo das nossas armas.

Também no mesmo dia 8 de abril de 2013, Dom Marco Eugê-


nio Galrão Leite de Almeida nomeou o Padre Lucas de Jesus Chagas
como Administrador Paroquial da Quase Paróquia de Santa Teresi-
nha do Menino Jesus.
A solenidade de instalação da Quase Paróquia e da posse do
Administrador Paroquial aconteceu em Missa Solene no dia 17 de

105
Claudefranklin Monteiro Santos

abril de 2013, às 19h, com a presença do bispo de Estância e de


sacerdotes da diocese.

Missa Solene – Instalação da Quase Paróquia de Santa (Acervo Paroquial)

Uma vez assumindo a função de Administrador Paroquial, o


Padre Lucas não perdeu tempo e passou a se dedicar integralmente à
vida pastoral da comunidade, celebrando missas na igreja e também
nos bairros e povoados, a exemplo do Ademar de Carvalho (19 de maio
de 2013) e Assentamento Uberaba (25 de maio de 2013). Reuniu-se
com alguns seguimentos da comunidade, a exemplo dos Ministros Ex-
traordinários da Sagrada Comunhão da nova Quase Paróquia.

Com a provisão de administrador da nova Quase Paróquia, a


assistência pastoral, espiritual e administrativa foi iniciada
com grande entusiasmo tanto da parte da comunidade quan-
to da minha. (Entrevista – Lucas Chagas de Jesus, dia 5 de
agosto de 2020)

Padre Lucas procurou estruturar a Quase Paróquia com a in-


serção de atividades pastorais, criação de movimentos, reuniões
com casais, reuniões com o Terço dos Homens, reuniões com gru-
pos e a mobilizar as pessoas a assumirem uma postura participa-
tiva e ativa. No dia 6 de junho de 2013, iniciou-se o hábito de ex-

106
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

por e adorar o Santíssimo Sacramento nas quintas-feiras, das 14


às 17h, com confissões. Dia 15 de junho, com a presença do bispo
Dom Marco Eugênio, realizou pela primeira vez o Crisma. Dia 27
de junho, ocorreu uma noite carismática1, que atraiu muitos fiéis,
inclusive pessoas de outros lugares e cidades.
Para auxiliar o Padre Lucas nas ações de implantação da Pa-
róquia de Santa Teresinha, ainda em 2013, foi muito importante a
atuação do Padre Leandro Pereira, que colaborou na realização do
Tríduo e Festa de Nossa Senhora do Carmo e também para a reali-
zação de formações para a Pastoral do Dízimo. No dia 1 de agosto,
foi celebrada uma Missa Devocional em honra a Santa Teresinha,
que marcou o encerramento da Novena das Rosas.
Padre Lucas também implementou atividades sociais com vis-
tas a criar e fortalecer os laços comunitários. Do dia 18 de agosto de
2013, realizou o primeiro Domingão dos Pais, um dia marcado por
lazer, com bingo e almoço. Esse evento também foi oportuno para
criar outros que também colaborassem para arrecadar fundos para
obras de ampliação e reforma da igreja. No dia 11 de maio de 2014,
foi a vez das Mães, com um café da manhã. E assim se sucedeu nos
anos seguintes, onde pais e mães receberam o carinho de sua Igreja
e de sua comunidade.
Em agosto de 2013, o Bairro Novo Horizonte, a Quase Paróquia
e a atuação do Padre Lucas foram destaques em matéria da Revista
Realce2, por Anderson Rosa. O jornalista ressaltou o crescimento do
bairro e das adjacências, transformando-se no mais “novo ponto de
referência imobiliária de Lagarto (p. 23)”. Além disso, o afluxo de
pessoas para a vida pastoral: “As celebrações são vistas com aten-

1 Essa atividade se tornou recorrente na comunidade


2 ROSA, Anderson. Números de fiéis em Igreja do Bairro Santa Terezinha tem Padre Lucas
como principal motivo. Revista Realce. Agosto de 2013, pp.23-24.

107
Claudefranklin Monteiro Santos

ção pelos fiéis, que fazem questão de participar (p. 23)”. Na matéria,
o Padre Lucas é apresentado como um dos grandes responsáveis
pelo boom de fé e de manifestações de devoção à Santinha e a Deus,
sobretudo pelo tino administrativo e pela sabedoria.
Entre os dias 22 de setembro e 1 de outubro de 2013, reali-
zou-se mais um novenário e festa em honra a Santa Teresinha, des-
ta feita com outro formato ao que vinha sendo praticado nos anos
anteriores, com uma maior organização e participação de pessoas.
Entre os celebrantes: Padre Gildeon Pereira de Santana Júnior; Pa-
dre Adinaldo Pereira; Padre Éder Santos Dias; Padre Valmir Soares;
Padre Raimundo Diniz; Padre Genivaldo dos Santos; Padre Josimar
Araújo; Padre Jodeclan Rabelo; Padre Pedro Vidal, este último, cele-
brante em Missa Campal do dia 1 de outubro.
No dia 8 de dezembro de 2013, ocorreu a Primeira Comunhão
na comunidade. Também neste mês, os ritos em torno das celebra-
ções natalinas e de final de ano. Todos esses eventos ocorridos pela
primeira vez na igreja de Santa Teresinha, fechando um movimen-
to de processo de amadurecimento da comunidade para vivenciar
dentro em breve a realidade de uma paróquia.
O ano de 2014 foi muito promissor para a Quase Paróquia de
Santa Teresinha, com a realização de uma série de atividades que
apontavam para uma efetivação iminente da Paróquia. A começar
pelo início do ano com a realização da primeira Assembleia Paro-
quial no dia 18 de janeiro, com a presença de Dom Mário Rino Sivie-
ri, coordenadores e representantes da comunidade.
Mas nem tudo era flores (preferencialmente rosas). No dia 22
de fevereiro de 2014 ocorreu um evento trágico que abalou a todos.
Durante a celebração da Missa, o filho do Senhor Joaquim Nogueira
e de Dona Detinha, o jovem Jackson, foi assassinado nas dependên-
cias da igreja, por volta das 18:30. A Missa havia começado mais

108
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

cedo pois todos se preparavam para a realização da Cristoteca3, que,


naturalmente, foi cancelada e adiada pelas circunstâncias.
Durante a Quaresma daquele ano, a comunidade foi envolvida
em diversas atividades, como Vias Sacras e outras formas de piedade
cristã, com um considerável envolvimento. Para auxiliar nestas e em
outras ações, como as reuniões e formações de catequese, Padre Lucas
passou a contar com a colaboração do Seminarista Damião. Vale des-
tacar que na noite do dia 11 de abril, ocorreu pela primeira vez a Via
Sacra encenada teatralmente, momento preparado pelos jovens.
Enfim, no dia 30 de abril de 2014, no Parque de Eventos Zezé
Rocha (Bairro Cidade Nova), foi realizada a Cristoteca. Eu estive
presente com minha esposa, a professora Patrícia Monteiro (ver
depoimento e testemunho no final do livro), e posso asseverar que
foi uma noite marcante, com muita alegria e muita diversão. Mas
também de muita espiritualidade. Pude perceber como todos esta-
vam empenhados no sucesso da empreitada.
No dia 17 de maio de 2014, uma vasta programação preencheu
todo o dia, das 5h30 às 19h, com a Celebração da Missa. Todos celebra-
vam um ano da criação da Quase Paróquia e a avaliação era a melhor
possível. Era apenas uma questão de tempo. Importante lembrar que
desde o dia 24 de setembro de 2013, a Diocese de Estância vivia um
momento de readaptação em razão da renúncia de Dom Marco Eugê-
nio. Em substituição a ele, foi nomeado Administrador Apostólico da
Diocese, no dia 25 de setembro de 2013, Dom Giovanni Crippa, IMC.
No dia 9 de julho de 2014, o Papa Francisco o nomeou, em definitivo,
bispo de Estância, tomando posse no dia 24 de agosto de 2014.
O mês de junho de 2014 foi comemorado com muita alegria na
Quase Paróquia de Santa Teresinha, com a realização de uma car-

3 Noite dançante, com conteúdo musical religioso, marcadamente de convívio social familiar
e respeitoso, mas com diversão e lazer.

109
Claudefranklin Monteiro Santos

roceata caracterizada, como de costume em época de Festa Junina,


e com o Forró Paroquial no Parque de Exposição (de 27 a 29 de
junho). Também estive presente a esse evento e posso garantir que
parecia uma Exposição Agropecuária antes do tempo (geralmente
realizada no mês de setembro).
No Tríduo dedicado à Nossa Senhora do Carmo de 2014, no dia 16
de julho, foi investida a primeira turma de coroinhas da comunidade.
O Novenário e a Festa de Santa Teresinha de 2014 (22 de se-
tembro a 1 de outubro) teve uma novidade. Nos preparativos, no
dia 20 de setembro, aconteceu uma grande carreata, encerrada com
a bênção dos carros e motos e com um movimentado e concorrido
bingo. Olha eu e minha esposa por lá novamente! Uma noite fria,
mas muito animada4. A alegria estava estampada nas pessoas da
comunidade e de seu Administrador Paroquial.
Celebraram durante aquele Novenário: Padre Genivaldo San-
tos; Frei Dênis Pimentel (cantor religioso, filho de Lagarto); Padre
Valmir Soares; Padre Jodeclan Rabelo; Padre Vagner; Padre Éder;
Padre Nivaldo Soares (implantação do Apostolado da Oração e do
Movimento da Mãe Rainha); Padre Roberto Benvindo. A Missa So-
lene do dia 1 de outubro foi presidida por Dom Mário Rino Sivieri,
em frente a igreja de Santa Teresinha.
Entre os dias 10 de outubro e 12 de novembro de 2014, o Padre
Lucas precisou se ausentar em razão de uma cirurgia. Ao retornar,
deu seguimento às atividades da Quase Paróquia, e encaminhou as
atividades para o término do ano, tais como: Primeira Comunhão e
Celebrações do Tempo de Natal e de Ano Novo.

4 Eu, minha esposa e meu filho, Pedro Franklin, costumávamos ir às Missas aos Domingos
pela manhã, às 8h. Depois do nascimento de Júlia Gabriela, no dia 8 de dezembro de 2014, de
que minha esposa tratará ao final do livro, ela se somou a gente nesse compromisso. Pedro
fez a Primeira Comunhão na Santa Teresinha.

110
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

A Assembleia Paroquial de 2015 aconteceu em dois dias e lu-


gares diferentes: no dia 23 de janeiro, nas dependências da igreja
de Santa Teresinha; no dia seguinte, no Convento Rosa Venerini. A
essa altura, a Quase Paróquia já dispunha de praticamente toda a
estrutura para se tornar uma paróquia, com os movimentos, gru-
pos e pastorais funcionando regularmente e de forma ativa e par-
ticipativa.
Em entrevista, Lucas de Jesus Chagas, em síntese, traduz o que
foi esse período de experiencia de Quase Paróquia:

Em resumo, foi maravilhoso! Este processo gozou de um


nítido itinerário ascendente em todos os aspectos. Foi pos-
sível ver minunciosamente cada elemento da nova comuni-
dade paroquial que surgia ir ganhando forma e sendo assu-
mida pela comunidade. A maior dificuldade foi apresentar,
imprimir e proporcionar pertencimento à identidade de
Matriz que, a partir daquele momento, a capela de Santa
Teresinha se encaminhava a possuir. Infelizmente, muitos
da comunidade católica lagartense, da base ao topo, cus-
taram a ascender para uma visão eclesial e evangelizadora
concreta para perceber que o surgimento da nova comuni-
dade paroquial era na prática uma obra Divina, Eclesial e
Evangelizadora e que isso, nem de longe, se assemelhava a
algo sectário ou separatista. Pelo contrário... a Igreja Cató-
lica paria uma nova filha! Não enxergar a extensão do rei-
no de Deus através desse fato evidenciou nitidamente uma
mediocridade teológica e espiritual que foi vencida pela
passagem do tempo e com a disseminação da vida oracio-
nal que foi se instaurando naquela comunidade (Lucas de
Jesus Chagas, em 5 de agosto de 2020).

111
Claudefranklin Monteiro Santos

Conforme registra no Livro de Tombo da Santa Teresinha, o Pa-


dre Lucas classificou o dia 15 de fevereiro de 2015 como um “dia
memorável” (p. 8). Em reunião com o bispo diocesano, Dom Gio-
vanni Crippa, IMC, com sua presença e na presença dos Padres Rai-
mundo Diniz, Jodeclan Rabelo, Jivaldo Modesto, Valmir Soares, Jo-
simar Araújo, Vicente Vidal e Fernandes de Santana, foi anunciado
que seriam criadas duas novas paróquias em Lagarto: a Santa Luzia
(do Bairro Alto da Boa Vista) e, enfim, a Santa Teresinha (do Bairro
Novo Horizonte).
Na ocasião, além da definição das datas de criação, a Quase Pa-
róquia de Santa Teresinha do Menino Jesus absorveu ao seu ter-
ritório as comunidades do Gameleiro, Urubutinga, Horta, Retiro e
do Assentamento Camilo Torres. As novidades foram, oficialmente,
comunicadas em Missa do dia 22 de fevereiro, às 8h da manhã: “A
comunidade vibrou de esperança e de alegria” (p. 8, verso – Livro
de Tombo).
Os dias que se seguiram, em torno de um mês e três semanas,
foram de intensa movimentação, com a preparação e vivência da
quaresma e da páscoa, e também dos ultimatos para a grande fes-
ta de criação da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus. No
que diz respeito à Semana Santa de 2015, a comunidade adquiriu
as imagens de Nossa Senhora das Dores e do Senhor dos Passos e
realizou no dia 1 de abril, pela primeira vez, a Procissão do Encon-
tro. Na ocasião, esteve presente o Frei Rosenildo Alessandro, O.C,
pároco de Nossa Senhora da Vitória, de São Cristóvão-SE5.
Um depoimento de Lucas de Jesus Chagas traduz o que era ape-
nas uma questão de tempo:

5 Nunca é demais lembrar que na cidade de São Cristóvão acontece há muitos anos, a tra-
dicional Romaria e Procissão dedicada ao Senhor dos Passos, das quais participam muitos
romeiros lagartenses, inclusive do Bairro Novo Horizonte.

112
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Deus pôs “fermento” ali! Minha Santinha olhou nos olhos da-
quele povo e a coisa rendeu!! Positivo, em todo o processo,
foi ver diariamente que sede e água se conjugavam. Explico!
A Sede do povo de Deus e a Vida comunitária, oracional e
Pastoral assumida, a partir de então em suas rotinas pró-
prias, me refiro a horários, celebrações, dedicação às con-
fissões e administração dos sacramentos, foi frutificando e
crescendo em número e em qualidade. Do silêncio e oração
antes das celebrações aos frutos concretos que cada paro-
quiano apresentava tudo ia servindo para enraizar a vida
paroquial e capitalizar a ação de Deus em meio àquele povo!
Nada de extraordinário, anti-litúrgico ou “não-católico” foi
implementado ali. Por isso mesmo, no ordinário, quotidiano
orante foi que tudo ganhou forma e em poucas palavras pos-
so dizer: O povo rezou!

113
DE SONHO EM SONHO, UMA PARÓQUIA

E nfim chegou o grande dia. Na verdade, mais um grande dia


para a comunidade do Bairro Novo Horizonte: a criação da
Paróquia Santa Teresinha. Para abrir os festejos em torno de mais
um sonho alcançado, entre os dias 9 e 11 de abril de 2015 foi re-
alizado um Tríduo em honra a sua padroeira. No dia 9, a imagem
da Santinha, em carreata e em cima de um mini trio, circulou pe-
los principais trechos urbanos, sobretudo o Bairro Exposição, até
à igreja, quando foi celebrada Missa às 19h. No dia seguinte, Missa
presidida pelo pároco da Piedade, o padre Raimundo Diniz.
No dia 11 de abril, em Missa Solene, presidida por Dom Geo-
vanni Crippa, foi criada oficialmente a Paróquia, conforme deter-
minou o seu Decreto de Criação1, abaixo transcrito parcialmente:

Fazemos saber que atendendo às necessidades espirituais


dos fiéis confiados ao nosso cuidado Pastoral, tendo em vista
a grande extensão do território da Paróquia Nossa Senhora
da Piedade, em Lagarto-SE, e o crescimento demográfico da
referida Paróquia, usando da mesma jurisdição ordinária,
em conformidade com o Cânon 142781 do Código de Direito
Canônico:

1 Decreto de Criação da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face


(Lagarto-SE). Dom Geovanni Crippa, IMC. Diocese de Estância (Estância-SE, 30 de março
de 2015)

114
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Havemos por bem desmembrar da Paróquia de Nossa Se-


nhora da Piedade a área compreendida nos limites da Ave-
nida João Alves Filho2, Avenida Contorno II, Avenida Josino
Bispo da Cruz, Rua Laranjeiras, Travessa Laranjeiras Um e a
Rua Direita até a Rua Trancredo Neves, onde estão contidas
as comunidades nominadas, Bairro Estação, Bairro Novo Ho-
rizonte, Bairro Ademar de Carvalho, Bairro Exposição, Con-
junto Residencial Júlia e João Nogueira, Bairro Horta, Urubu-
tingua, Gameleiro, Limoeiro, Assentamentos Camilo Torres,
Mártires do Eldorado (Uberaba), Baixão, Che Guevara, Antô-
nio Conselheiro (Moreira), Roseli Nunes I, Saboeiro e Retiro.
Pelo que, pelo presente Decreto erigimos e canonicamente
instituímos uma nova Paróquia nesta Diocese de Estância,
denominada de Paróquia de Santa Teresinha do Menino Je-
sus e da Sagrada Face, com a futura igreja Matriz, situada na
Avenida Senador Francisco Leite Neto, 980, no Bairro Novo
Horizonte, CEP 49.400-000, de acordo com o cânon 454 do
Código de Direito Canônico.

Para marcar as comemorações em torno de sua Padroeira, o


Decreto de Criação da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus
e da Sagrada Face, também estabeleceu o seguinte: “A festa litúrgica
da nova Paróquia será celebrada anualmente, no domingo seguinte
ao dia 1 de outubro”.
A oficialização da criação da Paróquia ocorreu em Missa Solene
no dia 11 de abril de 2015, presidida pelo bispo Dom Geovanni Cri-
ppa, IMC, por volta das 19h30. Entre os sacerdotes presentes: José
Adinaldo Pereira, O.T.C., Carlos Alberto, Valmir Soares, Humberto
da Silva, Fagner de Oliveira, Iran Caetano, Paulo André, Raimundo

2 Atualmente, a Av. Sindicalista Antônio Francisco da Rocha.

115
Claudefranklin Monteiro Santos

Diniz, Jivaldo Modesto, Josimar Araújo, Fernandes de Santana, Moésio


de Almeida, Raimundo Aguiar, Frei Júlio César Soares e Iuri Ribeiro. Na
ocasião, foi lida a Provisão de Pároco do Padre Lucas de Jesus Chagas.
Naquela noite ele também comemorava seus 28 anos de idade.
Foi uma noite bastante concorrida, com o interior e o exterior
da Matriz totalmente tomados. Quem não pôde ir, acompanhou pela
internet. Membros da comunidade, Joaquim Nogueira (doador do
terreno), Josefa Maria dos Santos (à época coordenadora do MES-
CEs), Santana dos Santos Cruz e a jovem Lauane, representando as
crianças da comunidade, fizeram parte da liturgia. Ao final da ce-
lebração, o jovem Alan David (filho do casal Aurelina e Agnaldo e
irmão do professor Dênis) fez uso da palavra em nome de todos do
Bairro Novo Horizonte e da nova paróquia. Na oportunidade, ele
agradeceu a Deus pela graça alcançada, a todos que se empenha-
ram na sua concretização.
O mês que se seguiu à criação da Paróquia, a comunidade ren-
deu graças e louvores à Virgem Maria, numa “(...) bela experiência
mariana” (Tombo, p. 13). Durante todo o mês de maio e todas as noi-
tes, grupos, movimentos e pastorais realizaram momentos de muita
espiritualidade, tendo na Matriz, cedida pelo Convento de São Cris-
tóvão-SE, uma imagem de Nossa Senhora de Fátima “(...) Forte expe-
riência que nos ligou em amor e intimidade na pura devoção a mãe
Santíssima” (Tombo, p. 13). Como gesto concreto, foram arrecadados
alimentos que proporcionou a confecção de várias cestas básicas.
No dia 14 de junho de 2015, a comunidade paroquial de Santa
Teresinha deu mais um passo importante no seu amadurecimento
espiritual. À noite, após a Santa Missa, foi implantada a Pastoral Fa-
miliar, contando com a presença dos integrantes da Comissão Dio-
cesana, a exemplo do casal coordenador Domingos e Laudenice, de
Simão Dias-SE.

116
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Instalação da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face -


Acervo Paroquial

A exemplo do que ocorreu no ano anterior, o mês de junho foi


dedicado às comemorações dos Santos Juninos, com mais uma edi-
ção da carroceata e do Forró Paroquial (dias 26, 27 e 28). Entre
as atrações daquele ano: a Quadrilha Arrastapé, Banda Xaqualha,
Fátima Santos e Walter Souza. Durante o evento foram arrecadados
fundos para a ampliação da Matriz e também para realizar traba-
lhos de manutenção e reforma de templos de comunidade, a exem-
plo do que ocorreu com a capela do Limoeiro, dedicada à Nossa Se-
nhora do Carmo.

117
Claudefranklin Monteiro Santos

O mês de setembro de 2015 marcou a realização do Novenário


e Festa da comunidade, agora na condição de Paróquia de Santa Te-
resinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. No dia 19, foi realizada
mais uma edição da Carreata de Devoção, que teve como ponto de
partida o Ginásio do Ribeirão, percorrendo as principais artérias
urbanas da paróquia, num grande movimento de pessoas com bici-
cletas, quadriciclos, motos e carros, em direção à Matriz. Um grande
entusiasmo tomou conta dos participantes. A noite foi encerrada
com a Santa Missa, celebrada pelo Padre Carlos Alberto de Jesus
Assunção, que refletiu sobre o tema “Os frutos do Espírito Santo”.
No dia 24 de setembro, o Padre Lucas apresentou à comuni-
dade os reparos e ampliações que fez na igreja Matriz, com novos
altares laterais dedicados ao Senhor dos Passos e a Nossa Senhora
das Dores, doações do casal Antônio Menezes e Edna Menezes. Na
entrada do templo, à esquerda, abaixo de um lindo quadro de Jesus
Misericordioso, a imagem de Senhor Morto. Foi uma noite bastan-
te concorrida, com os presentes ocupando todos os lugares do es-
paço, inclusive a área externa, onde foi montado um grande telão
por onde as pessoas acompanhavam a celebração da Santa Missa,
presidida pelo Padre Edmilson, da Canção Nova. Era flagrante nos
olhos das pessoas da comunidade e de admiradores o semblante
de orgulho e de alegria, sobretudo daqueles que vivenciavam essa
linda história desde seu nascedouro.
Seguindo as orientações do Decreto de Criação da Paróquia, o
Novenário de Santa Teresinha ocorreu do dia 25 de setembro ao dia 3
de outubro, com a festa realizada no dia 4 de outubro. O tema daque-
le ano foi “Os frutos do Espírito Santo”. Entre os celebrantes: Padre
Roberto Benvindo (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, do Conjunto
Orlando Dantas, em Aracaju-SE); Padre Raimundo Aguiar (São José,
do Povoado Ilha – Itabaianinha-SE); Padre Josimar Araújo (Senhora

118
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Santana, de Simão Dias-SE); Padre Genivaldo Santos (Natividade do


Senhor, do Povoado Porto do Mato – Estância-SE); Dom Geovanni Cri-
pa, IMC); Padre Cleberto Andrade (São José de Malhador-SE); Padre
Paulo André (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Tomar do Geru-
-SE); Padre José Fernando Ávila (Santa Teresinha, Robalo – Aracaju-
-SE); Frei Rosenildo (Nossa Senhora Vitória, São Cristóvão-SE).
A Festa aconteceu no dia 4 de outubro. Como de costume, o dia
começou com uma Alvorada Festiva, seguida às 10h, pela primei-
ra vez, da celebração da Missa Solene, presidida pelo Padre Valmir
Soares (Vigário Forâneo), que na ocasião foi presentado pela co-
munidade com uma casula, em sinal de gratidão ao sacerdote pelos
serviços prestados à Paróquia. À tarde, ocorreu outra Missa, pre-
sidida pelo Padre Nivaldo Soares. Em seguida, a imagem de Santa
Teresinha, em carro triunfal, foi conduzida em procissão.
O Novenário de 2015 teve uma noite muito especial e marcan-
te. No dia 3 de outubro foi realizada a Noite das Rosas. Após a Santa
Missa, rosas trazidas pelas pessoas ou distribuídas pela paróquia
foram bentas e em seguida partilhadas entre os presentes. Havia
muita emoção e lágrimas de alegria. Eu e minha esposa, particu-
larmente, ficamos muito comovidos, sobretudo por sentirmos, ao
abraçar o Padre Lucas, que aquela seria a última festa dele na co-
munidade, como se configurou depois, com seu afastamento e pos-
terior renúncia ao sacerdócio.
Também na Noite das Rosas, criou-se a prática de fazer a quei-
ma dos bilhetes e papéis contendo os pedidos dos fiéis feitos ao
longo do novenário. Esse particular da festa e também a ideia de
ter uma noite com a troca de rosas foram discutidas em uma das
muitas reuniões entre as filhas da professora Maria José Santana
Santos, Hortência e Vitória, e o Padre Lucas Chagas, quando bus-
cavam novas formas de agregar momentos de espiritualidade ao

119
Claudefranklin Monteiro Santos

evento. O sacerdote, tão logo chegou na comunidade, foi acolhido


por esta família, sob a orientação de Roberto dos Mensageiros, por
este entender que ele precisava viver e experimentar o dia a dia das
pessoas, habituando-se a ouvi-las e a estar atento às suas deman-
das de fé e de envolvimento pastoral.

Noite das Rosas – Novenário de 2015 (Acervo Paroquial)

Uma canção marcou muito o Novenário e Festa de Santa Tere-


sinha de 2015. Era cantada pelo Padre Lucas no Pós-comunhão, co-
movendo a todos os presentes. Trata-se da música de Thiago Prado:
Minha Essência.

Vim até aqui


Derramar o meu passado em Ti
Vim banhar os pés que andaram por aí
Sem carinho receber

Hoje estou aqui


Não porque mereço, eu sei
Pois Tu sabes por onde eu andei
Conheces bem o meu perfume

120
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Mas Tu sabes também


Que o meu choro é sincero, porém
Não tenho nada a oferecer, meu Senhor
Mas te dou a minha vida

É tudo que tenho


Recebe o meu nada
Refaz a morada
Habita em mim

Me pega em Teu colo


Me acalma em Teu peito
Sou Teu, sou eleito
E a minha essência é exalar Teu cheiro

À época do novenário, a canção não tinha sido lançada em CD


ainda. Isto só aconteceu no ano seguinte, em 2016, no álbum Minha
Essência (faixa 13), pela gravadora TB Produções. Mas, no YouTube
e em plataformas digitais já era um grande hit de uma nova geração
de músicos e artistas católicos.
Em livro de sua autoria, também chamado Minha Essência (Edi-
tora Planeta, 2018), Thiago Brado disse que a canção foi composta
em dez minutos:

O que fez essa música alcançar milhões foi o seu propósito. Ela
nasceu para isso, existiu desde sempre com a missão de ser
ponte, elo, ligação. Ela, por si só, tem o dom de propiciar en-
contros entre a miséria humana e a misericórdia divina (p. 99)

A primeira vez que a ouvi no novenário, fui tomado por grande


emoção. Ao mesmo tempo que chorava copiosamente, meu coração

121
Claudefranklin Monteiro Santos

se enchia de paz de espírito. A partir daquele momento, eu procurei


sempre exercitar isso em minha vida. Ali, eu não era Claudefranklin
Monteiro, o intelectual, o ser racional dotado de capacidade analí-
tica. Éramos eu e Deus, apenas, na companhia de minhas inúmeras
misérias humanas.
Penso que esse tem sido o grande legado daquela comunidade,
sobretudo a partir daquele ano de 2015, o ano que eu considero de
virada espiritual, de sua conexão definitiva com o sagrado, por in-
terseção de Santa Teresinha. E assim, ali no Bairro Novo Horizonte,
de gente humilde e trabalhadora, que enfrenta inúmeros proble-
mas de ordem material, nasceu um projeto de evangelização exito-
so, marcado pela simplicidade e por uma infância espiritual.
Em pouco menos de um ano de Paróquia, todos os que cola-
boram para sua evangelização inicial, em seu desejo de expandir-
-se enquanto comunidade de fé, era notório o nível de maturidade
estrutural e espiritual que havia alcançado, atraindo um número
cada vez maior de devotos e admiradores, que se somavam, de uma
forma ou de outra, como bem podiam ou conforme seus talentos às
demandas que surgiam em profusão, nos diversos setores da vida
humana: da infância à vida adulta.
No dia seguinte ao encerramento da festa de 2015, publiquei
no portal Lagarto Notícias (História, Cultura e Religiosidade), mi-
nhas impressões:

Nunca um diminutivo teve tanta grandeza quanto a


alcunha carinhosa atribuída à Santa Teresinha pelos
devotos do Bairro Novo Horizonte e além-fronteiras. A
festa de 2015 demonstrou como vai se consolidando a
força de sua devoção em Lagarto, sobretudo pelas inú-
meras graças alcançadas nos últimos dois anos, parti-

122
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

cularmente, no que se refere a atender mulheres ávidas


por se tornarem mães.
O novenário deste ano girou em torno da reflexão so-
bre os frutos do Espírito Santo. Embaladas pelo suces-
so “minha essência”, de Thiago Brado, as noites foram
marcadas por demonstrações sinceras de afeto e amor
cristãos. As lágrimas deram a tônica e levaram os fiéis
a um êxtase espiritual sem precedentes.
Em seu primeiro ano como Paróquia, é possível per-
ceber algo que está além do meramente ritualístico. A
espiritualidade tomou conta de todos e isto ficou evi-
denciado na equipe organizadora e também nos volun-
tários. Focados no novenário, foram importantes para
que a celebração se transformasse em um momento
singular de oração.
Há quem propague que a religião perdeu sua centrali-
dade. Entretanto, casos como o da Paróquia de Santa
Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, criada
este ano, chama atenção para um fenômeno que cresce
a passos largos: o revigoramento da espontaneidade da
fé do povo cristão.
Se a religião hoje é a periferia do mundo, é lá que estão
as mais puras e sinceras demonstrações de fé, por ve-
zes ridicularizadas até mesmo por membros do clero,
ainda relegados e renegados às suas sacristias. As de-
mandas atuais do amor de Cristo clamam por um cato-
licismo que seja mais cristianismo que catolicismo.
À frente desse processo, um jovem timoneiro de ape-
nas 28 anos. O Padre Lucas Chagas é, sem sombra de
dúvidas, o grande responsável por tudo isso, em que

123
Claudefranklin Monteiro Santos

pese, inclusive, o contraditório incômodo e ameaçador.


Dono de um carisma particular, ele atrai para si, a força
do Cristo. Pastor de um rebanho sedento de ombro e
colo, ele vai apontando, por meio de Santa Teresinha, o
caminho para a salvação: “viver de amor”.
Frente as considerações aqui expostas, temo apenas as
suscetibilidades da vida humana, muro e extramuros
da Paróquia, da Diocese e do Clero. O catolicismo está
tendo, no Papa Francisco, uma oportunidade histórica
e este não pode mais nadar contra a corrente de um
rio cujo afluxo sempre foi e deve continuar sendo Jesus
Cristo, cujo cheiro de Deus exala de flores como Teresa
de Lisieux, colhida em 30 de setembro de 18973.

Por ocasião do início do Novenário dedicado à Mãe Rainha,


no Bairro Horta, padre Lucas Chagas comunicou seu afastamento
da Paróquia inicialmente por 90 dias, em razão de problemas de
saúde. O fato é que ele não retornou mais e a Paróquia ficou aos
cuidados do Padre Valmir Soares, na condição de Administrador
Paroquial, no período de 30 de outubro a 28 de dezembro de 2015.

Ciente de que a vontade de Deus deve estar acima da minha


própria vontade e que como Padre, sou um colaborador di-
reto do Bispo na missão de ensinar, santificar e governar a
parcela do povo de Deus, a mim confiado, coube-me a tarefa
de, por um período de quase três meses, além da Paróquia
Nossa Senhora das Graças no Povoado jenipapo, município

3 SANTOS, Claudefranklin Monteiro. A Santinha do Novo Horizonte. Portal Lagarto Notí-


cias. Lagarto-SE, 5 de outubro de 2015. Disponível em http://www.lagartonoticias.com.
br/2015/10/05/a-santinha-do-bairro-novo-horizonte . Acessado em 01 de agosto de 2020.

124
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

de Lagarto/SE, administrar a Paróquia de Santa Terezinha


do Menino Jesus e da sagrada Face em Lagarto/SE, enquan-
to estava sendo definido o novo Pároco da referida Paróquia
(Padre Valmir, 2 de agosto de 2020).

O Padre Valmir Soares Santos tomou posse como Administra-


dor Paroquial da Santa Teresinha no dia 5 de novembro de 2015,
em Missa presidida por Dom Geovanni Crippa, IMC. A leitura da
Provisão foi feita pelo Padre Ilmar Augusto da Fonseca Monteiro.
Coube ao Padre Jodeclan Rabelo a feitura da Ata que foi lida ao final.
Em sua fala, Dom Geovanni pediu que a comunidade apoiasse o Pa-
dre Valmir na missão de conduzir os destinos da paróquia.
A tarefa do Padre Valmir foi árdua, mas também profícua. Em
linhas gerais, ele procurou dar assistência à comunidade, em aten-
dimento matinal de segunda à sexta, reuniões com as lideranças
dos grupos, movimentos e pastorais e também demais setores da
paróquia.
Importante, também, lembrar que por essa época, o Cemitério
de Nossa Senhora da Piedade estava aos seus cuidados. Para auxi-
liar e dinamizar a vida financeira, designou três casais de sua con-
fiança e de responsabilidade conhecida publicamente.

Embora, tenha sido um período curto de tempo, posso afir-


mar ter sido uma experiência singular porque apesar da so-
brecarga de atividades, não me faltou disposição para servir
e ao chegar na Paróquia para caminhar, encontrei um povo
aberto, acolhedor e disposto a colaborar com o Padre no que
precisasse. Tendo sido definido o novo pastor da Paróquia,
continuei apenas no Jenipapo, com o coração agradecido a
Deus de me ter concedido viver, tão graciosa experiência.

125
Claudefranklin Monteiro Santos

Como a maior tarefa do homem e da mulher sobre a terra


é amar e seguindo a dica preciosa de Santa Teresinha que
o tempo que temos para amar é o hoje da nossa existência,
recomendo a todos o cultivo dessa virtude no exercício e na
busca constante da santidade no cotidiano da vida (Padre
Valmir, 2 de agosto de 2020).

No dia 28 de dezembro de 2015, Dom Geovanni Crippa, IMC,


nomeou um novo Administrador Paroquial para a Paróquia Santa
Teresinha. Trata-se do Padre Fábio de Jesus Almeida, que estava
como Pároco da Paróquia do Divino Espírito Santo, em Indiaroba-
-SE. Nesse interim, dois dias depois, ele foi nomeado Pároco da San-
ta Teresinha, assunto de que trataremos com mais vagar, dado que
inaugura uma nova fase para a comunidade.
Em entrevista, em 2 de agosto de 2020, Lucas Chagas nos infor-
mou que havia solicitado seu afastamento da Paróquia na primeira
quinzena de dezembro daquele ano. Que vinha com problemas de
saúde e refletindo sobre sua condição de sacerdote, também. Isso
gerou uma série de boatos e informações que não condiziam com a
realidade dos fatos, conforme deixou claro o bispo Dom Geovanni
na posse do Padre Fábio, em pronunciamento que foi assim regis-
trado no Tombo da Paróquia no dia 17 de janeiro de 2016, no verso
da página 23:

De uma forma inaudita4, o Sr. Bispo Diocesano, preferiu dar


alguns esclarecimentos a respeito da condição atual do Re-
vmº Pe. Lucas de Jesus Chagas, que outrora apresentou ao
requerido Ordinário o pedido de afastamento da paróquia
por motivos de saúde e no curso dos acontecimentos, apre-

4 Espantosa, estupenda, extraordinária.

126
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sentou também pedido estrito e consciente de renúncia a


Paróquia.
O Sr. Bispo esclareceu que não transferiu o padre ou o re-
tirou da paróquia, como membros da comunidade haviam
espalhado por meio de boatos e murmurações, mas aceitou
o pedido de renúncia do referido padre, não obstante, tenha
apresentado oportunidades de trabalho em outras comuni-
dades. De modo muito objetivo e claro, o Bispo asseverou
que não gosta de fofocas, a mas procura em quaisquer situa-
ções, o bem do sacerdote da Igreja como um todo.

Sobre a saída de Padre Lucas, para além das inúmeras especu-


lações, muitas delas maldosas, o que se sabe só cabe ao seu íntimo
e ao coração de Deus. Via de regra, vale mesmo é registrar o legado
que ele deixou para a comunidade, cuja gratidão é incalculável.
Há quem diga que o Padre Lucas ficou maior do que a Paróquia
Santa Teresinha. Outros, que projeto de evangelização que buscou
imprimir não foi compreendido, causando, em razão de seu caris-
ma e inteligência, inquietações as mais diversas, inclusive ciúmes
e adversidades. Isto, naturalmente, provocou um desgaste pessoal,
que o levou a repensar a vida e a comunidade, as suas atitudes.

Quando penso na minha passagem pela comunidade lagar-


tense e em particular, na casa de minha Santinha, não tenho
mais a dizer do que gratidão por ter sido usado por Deus na-
quele momento para que as pessoas O enxergassem, a Igre-
ja crescesse e uma evolução espiritual fosse possível. Dos 5
anos de ministério, a comunidade de Santa Teresinha foi o
chão onde Deus me semeou por mais tempo. Com humilda-
de e consciência realista de minha dedicação àquela comu-

127
Claudefranklin Monteiro Santos

nidade, devo dizer que cumpri a missão que Deus me havia


confiado. A fonte da qual a comunidade bebeu não foi do
meu “eu pessoal”, mas do Sacerdócio, como sinal e veículo da
Graça. Reafirmo que em tudo fui só meio, canal, dado que os
frutos que se manifestaram nos que se permitiram rezar co-
migo, não se assemelham a mim, mas ao que Deus queria de
cada um em suas realidades. Resta o desejo de que a sede do
povo daquela comunidade seja enxergada com amor e zelo
pastoral e que o Sagrado seja o primeiro a ser diagnosticado
por todos os que de lá se aproximarem. Gratidão a todos os
colaboradores que à época, de tanta sede derramaram seu
próprio suor para sentir a presença de Deus ali. Santa Teresi-
nha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Rogai por nós!

128
PERSEGUINDO OUTROS SONHOS:
A PARÓQUIA EM PERSPECTIVA

C onfirmado afastamento de Padre Lucas Chagas, a comuni-


dade se preparou para receber seu segundo pároco em sua
curta história de Paróquia. Para tanto, no dia 7 de janeiro de 2020,
o Padre Valmir Soares Santos (Vigário Forâneo da Forania 2 da
Diocese de Estância) reuniu-se com os representantes dos grupos,
movimentos e pastorais, na igreja Santa Teresinha. Na homília que
fez na Missa daquela noite, ele destacou a importância de todos se
somarem. Para tanto os encorajou com a seguinte reflexão: “onde
há amor, Deus se manifesta”. No dia seguinte, esteve à disposição de
todos para atendê-los em confissão.
Nos dias que antecederam à posse do Padre Fábio, circulou
nas redes sociais e da imprensa, o convite para a solenidade e uma
homenagem ao Padre Valmir Soares dos Santos: “Nossa gratidão e
reconhecimento sincero, pelos relevantes trabalhos prestados com
tanto amor e dedicação à nossa comunidade durante esses meses.
A sua missão de amor ao próximo e humilde estará sempre em nos-
sos corações”.
A posse do segundo Pároco da Paróquia de Santa Teresinha do
Menino Jesus e da Sagrada Face, o Padre Fábio de Jesus Almeida,
aconteceu no dia 17 de janeiro de 2016, em Missa presidida pelo
bispo de Estância, Dom Geovanni Crippa, IMC. Estiveram presentes
os padres Valmir Soares, Edvaldo de Andrade, Raimundo Diniz e o
Seminarista José Ueliton. A provisão de Pároco foi lida pelo Padre

129
Claudefranklin Monteiro Santos

Valmir Soares Santos, que ao final da celebração deu boas-vindas


ao novo pároco e agradeceu à comunidade pela acolhida durantes
os meses de outubro e dezembro de 2015, em que esteve como seu
Administrador Paroquial.
Entre os leigos, além dos paroquianos locais, pessoas que vieram
em caravana das Paróquias de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos
(Tobias Barreto) e do Espírito Santo (Indiaroba), onde vinha atuando
até então. Também fizeram uso da palavra, saudando o Padre Fábio, as
senhoras Lizete e Maria Elvira.

Fábio de Jesus Almeida nasceu


em Tobias Barreto-SE, no dia 12
de maio de 1984. De origem hu-
milde, foi educado, inicialmente,
em uma escolinha de alfabeti-
zação, da professora Josenilde,
atualmente irmã provincial das
Irmãs de Santa Maria de Namur.
Aos sete anos, matriculou-se no
Colégio Estadual Maria Rosa de
Oliveira, onde fez todo o Ensino
Fundamental e Médio. Para ele, a
família era um horizonte educati-
vo. (Acervo Paroquial)

Em entrevista, no dia 6 de agosto de 2020, Fábio de Jesus falou


de sua inclinação religiosa: “A vocação missionária e o anseio de
conhecer a Palavra de Deus me acompanharam desde a infância.
Sou de família católica, e desde a catequese de Primeira Eucaristia,
tenho dado passos significativos na fé e na evangelização”.

130
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Ao longo dos anos, notadamente entre 2000 e 2001, na Paró-


quia de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, sentiu um ímpeto
vocacional acompanhando o trabalho evangelizador de Monsenhor
José de Souza Santos e das Irmãs de Santa Maria. Ao lado de sua
mãe, participou dos Projetos “Anunciadores de Jesus Cristo 2000” e
das “Santas Missões Populares”:

Essas duas experiências fulcrais e a militância no Movimento


Missionário Água Viva, desde o ano de 1998, proporciona-
ram-me a memória de uma experiência existencial de in-
quietação que tive em um encontro vocacional, por volta de
1999, quando então escutava o testemunho de um semina-
rista (6 de agosto de 2020).

No final de 2001, Fábio de Jesus foi convidado pelo então reitor


do Seminário Nossa Senhora de Guadalupe, o diácono Adeilton No-
gueira, a pensar sobre o chamado sacerdotal. Para tanto, iniciou um
processo de discernimento tecendo diálogos o diácono e, sobretu-
do, com o Monsenhor Souza, quem considerava “um exemplar pá-
roco”. Após os exames finais do Ensino Médio e do vestibular para
Ciências Biológicas (onde ficou como excedente), ingressou no Se-
minário Propedêutico em 2003.
Fez os estudos de Filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora
da Conceição em Aracaju (2004-2005). E os estudos de Teologia,
conjugados ao primeiro ano de ingresso formativo com matérias
conclusivas da Filosofia, no Seminário Diocesano Rainha das Mis-
sões, em União da Vitória Paraná (2006-2009): “Em se tratando de
formação permanente e leituras pessoais, escolhi fazer um Curso
de pós-Graduação em Acompanhamento Espiritual, sob a coorde-
nação da CRB Regional, nos anos de 2017 a 2018”.

131
Claudefranklin Monteiro Santos

Fábio de Jesus Almeida tomou posse como diácono no dia 11 de


dezembro de 2009 e foi ordenado sacerdote no dia 21 de abril de
2010. Foi uma trajetória curta, cerca de onze anos, tendo sido diáco-
no na Paróquia de Santa Luzia (Povoado Colônia Treze, Lagarto-SE),
em dezembro de 2009; Vigário Paroquial, Administrador e Pároco
da Paróquia do Divino Espírito Santo, em Indiaroba, entre junho de
2010 e janeiro de 2016. A nível de Diocese, prestou assessoria à Ju-
ventude Missionária, à Pastoral Universitária e à Cáritas Diocesana.
Ao ser perguntado sobre a missão de assumir a Santa Teresi-
nha, afirmou: “Coube ao Bispo Diocesano e ao Conselho Presbiteral.
Eu fui apenas consultado, e consciente de servir, aceitei com a graça
de Deus. De fato, foi um presente de Deus confiado aos meus humil-
des e sinceros serviços”.
No dia 22 de janeiro, Padre Fábio se reuniu pela primeira vez com
os representantes dos grupos, movimentos e pastorais, que tiveram a
oportunidade de se apresentarem e deixá-lo a par da vida pastoral da
comunidade. Na ocasião, ele teve a oportunidade de manifestar-se e
de apontar seus anseios enquanto sacerdote e novo pároco.
A seguir, Fábio de Jesus relata como foi experienciar os primei-
ros momentos na Santa Teresinha:

Encontrei uma comunidade embrionária, fervorosa e atuan-


te, uma paróquia chamada a crescer e a amadurecer dentro
da Messe do Senhor. Minha gratidão ao Sr. Bispo Diocesano
se estendeu ao reverendo Valmir Soares, então Administra-
dor Paroquial por três meses, e ao pároco de outrora, Pe. Lu-
cas de Jesus Chagas, pelo intenso trabalho desenvolvido na
comunidade. A tensão inicial foi profunda, dada a desistên-
cia do ministério do referido pároco e a experiência pontual
da comunidade. Penso que um êxito inicial fundamental foi

132
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sentir com a comunidade e em clima de escuta e em oração


acolher as inquietações de muitos. Tarefa essa vivida em cli-
ma de respeito aos envolvidos e espírito de serviço evangé-
lico aliado a uma serena consciência de si mesmo e dos pri-
meiros passos na comunidade (6 de agosto de 2020).

Por um ano e dez meses, ele morou na casa paroquial da Paró-


quia de Santa Luzia, Bairro Boa Vista, acolhido pelo Padre Fernan-
des Santana.
A administração de Padre Fábio de Jesus na Paróquia de Santa
Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face começou promissora,
com uma bênção, resultado do exitoso trabalho que vinha fazendo
a Pastoral Familiar. No dia 23 de janeiro de 2016, 14 casais viven-
ciaram o sacramento do Matrimônio, no sistema de casamento co-
munitário.
Naquele mesmo mês, dia 30, o novo pároco se reuniu com a comu-
nidade em Assembleia de Pastoral. Era uma oportunidade para conhe-
cer melhor a estrutura da paróquia e traçar ações para o ano novo. O
tema discutido foi “Recomeçar a partir de Cristo”, muito oportuno para
o momento que todos estavam vivenciando enquanto comunidade pa-
roquial. O evento foi realizado na Creche Doutor Almeida Rocha, no
Bairro Estação. Os presentes entenderam que era necessário voltar às
origens missionárias da comunidade, de ajuda aos mais necessitados,
tendo Cristo como centro das ações. Como resultado concreto: a ne-
cessidade de formar o Conselho Missionário Paroquial (COMIPA); de
instalar uma Escola da Fé (a fim de dar formação bíblica e catequética);
de formar a Pastoral da Comunicação (PASCOM).
Também foi muito promissora a primeira reunião do Padre Fá-
bio com as comunidades da Paróquia de Santa Teresinha, ocorrida
no dia 29 de fevereiro de 2016. Na ocasião, discutiu-se a questão

133
Claudefranklin Monteiro Santos

do gerenciamento das coletas, mas também outras ações em curso


que careciam de uma atenção maior, tais como: a necessidade de vi-
ver intensamente o período quaresmal e a Semana Santa; dar con-
tinuidade às obras da Capela da Mãe Rainha, no Bairro Horta. Para
este fim, o Padre Fábio entendeu que era necessário mobilizar as
pessoas por meio de um evento popular, a exemplo de uma cavalga-
da, encerrando com bingo e atrações musicais. Também na reunião
com as comunidades, foi apresentado o Seminarista Manoel Mes-
sias, que ficaria na paróquia pelo prazo de dois anos para realizar
seu Estágio Pastoral. Uma passagem importante para comunidade,
sobretudo no que diz respeito à formação.
Manoel Messias Dias Santos nasceu no dia 06 de dezembro de
1990, em Arauá-SE, mas é filho de Itabaianinha, onde viveu até a
entrada no seminário. Fez Ensino fundamental em duas escolas da
rede municipal de Itabaianinha: Escola Municipal Joaquim Costa,
no povoado Sapé (1995-2002) e Escola Municipal José Fernandes
Costa, no Povoado Jardim (2003-2006). Já o Ensino Médio, cursou
na Escola Estadual Dep. Raimundo Vieira (2007-2009).  
Em julho de 2006, sentiu-se inclinado ao sacerdócio em razão
de uma missão dos Missionários Redentoristas, congregação da
qual foi vocacionado até 2009, quando passou a frequentar os en-
contros vocacionais promovidos pelo Seminário Diocese de Estân-
cia.  Assim, em 2011, ingressou no Seminário Propedêutico Nossa
Senhora de Guadalupe.  No ano seguinte, passou a cursar filosofia
no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil, em Itapecerica da
Serra- SP, até dezembro de 2013.  Em 2014, ingressou no Seminário
Maior Nossa Senhora da Conceição, em Aracaju/SE, onde cursou
teologia até dezembro de 2017.
Antes de passar pela Santa Teresinha, desenvolveu ativida-
des pastorais na Paróquia Divino Espírito Santo, em Indiaroba

134
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

(2011); na Paróquia Santo Antônio, Distrito Barnabé, em Juquitiba-


-SP (2012-2013); e Paróquia Senhor do Bonfim (Bairro Bonfim, em
Estância-SE, entre 2014 e 2015);
Vê-se que quando ele chegou à Paróquia Santa Teresinha, já ti-
nha uma boa bagagem. A seguir, ele traduz como foi a experiência
na comunidade:

A experiência na Paróquia Santa Teresinha foi muito enrique-


cedora, principalmente, pelo testemunho de fé deste povo
do coração acolhedor. A devoção à Santa Teresinha presente
na vida de todos os paroquianos me inspirou também a me
tornar devoto da Santa, da “pequena via de perfeição”.  Nestes
dois anos, a maior parte das atividades que realizei era volta-
da à formação. Cada momento formativo era, sem dúvidas, um
momento de grande incentivo a ir “as águas mais profundas”,
pela sede de conhecimento de cada participante e pela con-
tribuição que cada um trazia para minha formação pessoal a
partir de sua experiência de vida. Destaco, também, como algo
marcante, a confiança e a amizade do pároco da época, o Pa-
dre Fábio de Jesus Almeida, por quem tenho grande estima e
consideração, não há como esquecer e, não há como não agra-
decer, por cada palavra dada para me incentivar a me dedicar
cada vez mais a pesquisa teológica (7 de agosto de 2020).

Manoel Messias foi ordenado diácono no dia 20 de setembro


de 2018, na Igreja Matriz do Senhor do Bonfim, em Salgado-SE, e
presbítero, no dia 23 de fevereiro de 2019, na Igreja Matriz de Santa
Luzia, no Povoado Colônia Treze, em Lagarto-SE.
Atualmente, é Diretor Espiritual do Colégio Sagrado Coração de
Jesus, em Estância-SE. Em março de 2020, foi nomeado vigário pa-
roquial da Paróquia Nossa Senhora de Guadalupe, em Estância-SE.

135
Claudefranklin Monteiro Santos

Ainda sobre o tempo que esteve na Paróquia Santa Teresinha, o


Padre Manoel Messias dirige-se, em especial à comunidade, assim:

“Uma chuva de rosas, mandarei sobre a terra, rosas de amor,


do meu Senhor, flores do coração…” Essa música, que tanto
ecoou em meus ouvidos nos dois anos de experiência pasto-
ral nesta querida e amada paróquia, expressa como imagino
Santa Teresinha cuidando de cada um de vocês. Continuem
propagando a devoção a esta grande santa, busquem imi-
tá-la cada dia mais e vocês poderão com ela cantar no céu
as misericórdias do Senhor. Grato por toda amizade e pelas
orações, grato por me tornarem filho dessa grande Santa. Os
levo sempre em meu coração e nas minhas preces. Deus os
abençoe imensamente.  

Afora as atividades comuns da Paróquia, o mês de março de


2016 (4 a 5) foi marcado pela realização do evento 24 horas com
Jesus. Um intenso momento de adoração ao Santíssimo Sacramento
das 21 horas da sexta-feira às 21 horas do sábado, com a partici-
pação efetiva dos movimentos, grupos e das pastorais. Era o Ano
Santo da Misericórdia e a comunidade pode viver aquele momento
como um gesto concreto de amor ao Nosso Salvador.
Abril de 2016 foi festivo para a Paróquia de Santa Teresinha do
Menino Jesus e da Sagrada Face. No dia 11, celebrou-se com entu-
siasmo o primeiro ano de criação da paróquia. No dia 17, a realiza-
ção da I Cavalgada e bingo para arrecadar fundos para as obras da
Capela de Mãe Rainha, do Bairro Horta. A participação foi marcan-
te, sobretudo de vaqueiros e de várias pessoas de outros lugares. O
evento foi sucesso de público e de renda, bastante exitoso no que se
referiu ao seu propósito.

136
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Como gesto concreto de amor à Padroeira, no dia 3 de maio de


2016, a Senhora Maria Laurinda Filha doou sua casa à Paróquia, em
caso de falecimento da mesma. Para tanto, sua intenção foi lavrada
em cartório, estabelecendo legalmente a doação e as suas condições.
Em junho daquele ano, o Padre Fábio solicitou e foi atendido
que a Pastoral da Criança pudesse funcionar na paróquia desmem-
brada da Piedade, uma vez que esta já existia plenamente.
Como de costume, foi realizada mais uma edição do Forró Paro-
quial (a terceira), desta feita no início de julho de 2016, no Parque
de Exposição, com a participação da Banda Xaqualha e da cantora
Aline Almeida. Como meta financeira, a arrecadação de fundos para
a construção da Casa Paroquial e para o Salão de Reuniões. As obras
foram iniciadas no mês de julho, sob a supervisão do arquiteto Aloí-
sio Almeida de Carvalho e do pedreiro e mestre obras, José Amâncio.

Junto aos Conselhos Pastoral e Econômico, iniciamos a constru-


ção do salão e casa paroquial nos idos de julho de 2016, e por
volta de outubro de 2017, pela graça e providência do bom Deus
que sustenta e se manifesta no povo fiel, passei a residir na pa-
róquia. Um processo árduo de súplicas, serviços e inquietações,
mas encontrei um saldo financeiro apto e generoso para iniciar,
com o consentimento da comunidade, as obras de manutenção
física da Paróquia (Fábio de Jesus, 6 de agosto de 2020).

Entre os dias 13 e 15 de julho de 2016, como de costume, rea-


lizou-se mais um Tríduo em Honra à Nossa Senhora do Carmo. Na
ocasião, foram celebrantes os padres Vagner e Raimundo e o Frei
Sérgio. No dia 16, café da manhã no Povoado Limoeiro e à noite, o
encerramento com carreata rumo àquela comunidade e Missa Fes-
tiva, presidida pelo Padre Fábio.

137
Claudefranklin Monteiro Santos

Um dos grandes problemas da Paróquia Santa Teresinha esta-


va na manutenção do Cemitério Nossa Senhor da Piedade, locali-
zado na Avenida Rosendo Ribeiro de Sousa. De há muito tempo, a
tarefa de administrar aquele espaço vinha sendo inglória e custo-
sa do ponto de vista humano e financeiro. Desse modo, nos prepa-
rativos para a criação do Conselho Econômico da Paróquia, Dom
Geovanni Crippa, IMC, anunciou, no dia 31 de agosto de 2016, a
transferência da responsabilidade administrativa do espaço para
a Paróquia da Piedade.
Em entrevista, Fábio de Jesus acresceu a esse problema com o Ce-
mitério Nossa Senhora da Piedade, que teria gerado prejuízos financei-
ros, as demandas em torno da construção das capelas das comunida-
des, o que exigia uma grande mobilidade de todos os envolvidos.
Mas nem tudo era problema. Entre os meses de agosto e no-
vembro de 2016, a Paróquia Santa Teresinha alcançou uma grande
e significativa graça: a doação de uma relíquia de primeiro grau de
Santa Teresinha.
Em entrevista no dia 6 de agosto de 2020, Frei Alan David in-
formou como tudo isso começou. Segundo ele, para o novenário e
festa de Santa Teresinha de 2015, ele conseguiu por empréstimo
uma relíquia da Santinha. Ali, nasceu o desejo de ter uma para a
paróquia. A ideia da carta chegou a ser cogitada em 2016, para as
comemorações de um ano da criação da comunidade paroquial.
Em agosto daquele ano, Alan David fez um esboço de uma carta e
encaminhou para o Padre Fábio com destino ao Santuário de Lisieux
(França), solicitando uma relíquia de primeiro grau de Santa Teresi-
nha. Coube ao professor Ederlan, que estava cursando Letras-Fran-
cês, fazer a redação, que foi revisada e finalizada depois pela Irmã
Geralda, ISH, em Estância. A carta foi impressa, assinada pelo Padre
Fábio e por Dom Geovanni Crippa, IMC e devidamente encaminhada.

138
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

A resposta à solicitação chegou mais rápida do que se imagina-


va: 22 de novembro de 2016. Num envelope pequeno, contendo a
relíquia e duas cartas, cujo conteúdo segue abaixo, traduzidas com
a colaboração da historiadora Ana Maria Fonseca Medina, confreira
da Academia Sergipana de Letras e parceira editorial:

1) Carmelo de Lisieux, 22.11. 2016


Caro Padre:
Segundo o seu desejo nós vos enviamos uma relíquia de Santa
Teresa de Lisieux da Santa Face. Que ela vos obtenha as graças
que pedis com confiança, especialmente, àquela de amar a Jesus
e de o fazer amar “segundo o caminho da confiança e do amor”
Cordialmente, desejando uma boa espera do Natal.

2) Esta relíquia pode ser exposta à veneração dos fiéis, em


um relicário de vidro e autenticado por uma autoridade dio-
cesana. O timbre do Postulado Geral do Carmelo identifica a
relíquia e é indispensável a autenticidade de um bispo.

A relíquia foi entronizada no altar-mor,


aos pés da imagem de Santa Teresinha,
de acordo com as recomendações da
segunda carta. Uma relíquia de primei-
ro grau diz respeito à uma parte, ain-
da que minúscula, de parte do corpo
de Santo. Segundo o Frei Alan David, a
que foi doada à Paróquia de Santa Te-
resinha de Lagarto é de dois graus, conforme atesta a inscrição
da foto: “Ex carne et veste”. (Imagem – Acervo de Claudefranklin
Monteiro – 7 de agosto de 2020).

139
Claudefranklin Monteiro Santos

Nas vésperas do Novenário e Festa de Santa Teresinha de 2016,


no dia 22 de setembro, a comunidade do Povoado Urubutinga rece-
beu uma grande notícia com a doação de um terreno, do casal Elmo
Martins dos Santos e Vera Lúcia Prata dos Santos, para a construção
de sua capela dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
Em razão do estabelecido pelo Decreto de Criação da Paróquia
de Santa Teresinha, a festa não estava mais sendo realizada no dia 1
de outubro. Em 2015, foi no dia 4. Em 2016, o Novenário começou
no dia 29 de setembro e encerrou com a grande festa no dia 8 de ou-
tubro, com o tema “Misericordiosos como o Pai”. Uma ressalva: na-
quele ano, não foram informados os nomes dos celebrantes, nem no
folheto de divulgação da festa e nem tão pouco no Livro de Tombo,
salvo a presidência da Missa Solene das 10h, do dia 8 de outubro,
pelo bispo Dom Geovanni, e a Missa com as Comunidades, às 16h,
pelo Vigário Forâneo, Padre Valmir Soares dos Santos.
No dia 26 de março de 2017, houve a realização de um Retiro
Quaresmal, na Fazenda da Esperança São Miguel, sob a coordena-
ção da Irmã Geralda e da Irmã Juliana, da Congregação das Irmãs de
Santa Maria de Namur.
O ano de 2017 foi dedicado às comemorações do Tricentenário
de Aparição de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, padroeira
do Brasil. A Paróquia Santa Teresinha realizou entre os dias 16 e 29
de julho, uma intensa programação de visitas e de atividades reli-
giosas em todos os rincões de sua extensão paroquial.
Para 2017, a Paróquia resolveu substituir o Forró Paroquial
pela realização de uma Quermesse, ocorrida entre os 30 de junho e
2 de julho de 2017. A exemplo do que ocorria com outras paróquias,
a ideia era o evento servir de preparação para a festa da padroeira.
Uma diferença significativa, a fim de conter custos: aconteceu no
entorno da Matriz de Santa Teresinha, com o mesmo entusiasmo

140
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

de sempre. Entre as atrações: os Patrícios; Galeguinho e Nelson do


Acordeon; Trio Aroera; Valter e Izilde; Conexão Musical.
O Novenário e Festa da Paróquia de Santa Teresinha do Menino
Jesus e da Sagrada Face de 2017 teve como tema “Tudo é Graça...
Sou filha Maria”, sugerido pela Pastoral Familiar, à época sob coor-
denação do casal Renato e Maria José, e também do casal Cleidibal-
do e Ana Lúcia (vice coordenação). Desta feita, ocorreu do dia 22
de setembro ao dia 1 de outubro. A festa caiu num domingo. Como
no ano anterior, não foram informados os nomes dos celebrantes,
seja no Livro de Tombo, seja na programação, salvo a Missa Solene
do dia 1, sob a presidência de Dom Geovanni, às 10h, e a Missa das
Comunidades, sob a presidência do Padre Fábio, às 16h.
Entre os dias 13 e 15 de outubro de 2017, a Paróquia Santa Te-
resinha foi sede do VI Intercâmbio Missionário Estadual de Sergipe.
O evento reuniu missionários jovens e adultos e representantes de
várias paróquias, das três dioceses, bem como de lideranças comu-
nitárias, todos eles acolhidos pela Pastoral Familiar da Santa Tere-
sinha, tendo como base o Colégio Dom Mário. Com o tema “A alegria
do Evangelho para uma Igreja em Saída”, os dias do intercâmbio
foram preenchidos com diversas atividades, incluindo visitas aos
bairros e comunidades da Paróquia e celebração de Missa. O então
Secretário Nacional da Pontifícia Obra de Propagação da Fé, o Padre
Badacer Ramos de Oliveira Neto, esteve presente e assessorou todo
o evento. Foram muitos os testemunhos de congraçamento e de fé
durantes os três dias, valiosos frutos para paróquia e para todos
que participaram.
A Assembleia Pastoral que costumeiramente acontecia no iní-
cio de cada ano, a partir de 2017, passou para o final do ano: 10 de
dezembro. Na ocasião, para o ano de 2018, Ano da Missão na Dio-
cese de Estância, foi decidido dar uma maior ênfase à realização de

141
Claudefranklin Monteiro Santos

atividades missionárias nas comunidades urbanas e rurais da paró-


quia, onde todos os movimentos e pastorais atuaram efetivamente.
O ano de 2018, também foi marcado pelo Ano Nacional do Lai-
cato no Brasil, com o tema “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na
Sociedade: Sal da Terra e Luz do Mundo”. No dia 18 de fevereiro, a
Paróquia participou, juntamente com as demais paróquias da Fora-
nia 2, de um Ato pela Paz, que encerrou no final da manhã, na Praça
do Tanque Grande. Na ocasião, representando os leigos, eu tive a
oportunidade de falar sobre a violência e a necessidade de estabe-
lecemos uma cultura de paz, que leve em consideração a necessi-
dade, também, de anunciar o Evangelho denunciando toda sorte de
violência praticada na sociedade brasileira, sobretudo para com os
mais necessitados.
Aqui, cabe salientar algo que deu a tônica da segunda admi-
nistração paroquial da Paróquia de Santa Teresinha. Como vimos,
Lucas Chagas adotou uma postura mais celebrativa e devocional.
Padre Fábio de Jesus se aproximou dos movimentos sociais, ado-
tando uma postura mais missionária e popular. Ambos tiveram
em comum, a música como instrumento de evangelização e isso
foi importante para inserir os jovens nas ações pastorais da co-
munidade.

Encontrei nos movimentos, pastorais e serviços e nas comuni-


dades urbanas e rurais, no total de dezessete (incluso a Matriz
de Santa Teresinha) um potencial ímpar de crescimento mis-
sionário e caritativo, uma comunidade germinal e formada por
leigos (as) e religiosas (Pias Mestras Venerine) entusiastas,
sensíveis à pobreza e desafios locais, crentes católicos ávidos
de Deus e de promoverem serviços por amor, devotos (as) de
Santa Teresinha, conscientes e atuantes (6 de agosto de 2020).

142
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

O Novenário e Festa de Santa Teresinha do Menino Jesus de


2018 teve como tema “Amar e Rezar”. Ocorreu entre os dias 22 de
setembro e 1 de outubro. Além da tradicional Noite das Rosas, reali-
zada no dia 30, naquele ano a novidade foi a Procissão Luminosa, às
19h, seguida de Missa Solene, às 20h, presidida por Dom Geovanni.
Não houve a Missa das 8h, pois a festa caiu numa segunda-feira. Im-
portante lembrar que foi um ano eleitoral em nível nacional e que
o primeiro turno aconteceu no dia 7 de outubro, daí as exceções e
adaptações feitas na programação.
O ano de 2019 começou com a Paróquia Santa Teresinha se-
diando no salão paroquial uma reunião importante, com a pre-
sença do bispo Dom Geovanni. Na ocasião, dia 17 de fevereiro,
foi constituída a nova diretoria da Cáritas Diocesana de Estância,
assim composta: Dom Geovanni Crippa, IMC, (Presidente); Padre
Fábio de Jesus (Assessor Eclesiástico); José Jardel Nascimento
(Diretor Executivo); Ana Valéria (Secretária); Lenilson (Tesou-
reiro); Vera Lúcia, Ana Lúcia, Evaristo (Conselho Fiscal); Maria
Lúcia, Leda e Beatriz (Suplentes). A reunião contou ainda com as
presenças de Irmã Claudira (Convento Rosa Venerini), Magnólia
(ex-presidente) e de Joel.
A Pastoral Familiar da Santa Teresinha, cada vez mais madura
em sua missão, realizou no dia 20 de janeiro de 2019, o III Encontro
de Casos Especiais. Na ocasião, o Padre Fábio estava em Poço Verde,
na Festa de São Sebastião. Desse modo, foi de fundamental impor-
tância a participação do Padre Luís Pontes1 (Fazenda da Esperança
São Miguel). No dia 25 de maio, ocorreu mais uma edição de casa-
mentos comunitários. E no dia 2 de junho, o Primeiro Encontro de

1 Em entrevista a pessoas da comunidade, todos destacam a contribuição do Padre Luís Pon-


tes durante a administração de Padre Fábio. Padre Luís esteve sempre presente toda vez que
foi solicitado, atuando de forma prestativa e significativa na assistência espiritual e na oferta
dos sacramentos.

143
Claudefranklin Monteiro Santos

Namorados. Em geral, essas atividades eram realizadas no Colégio


Dom Mário ou no Convento Rosa Venerini.
Em maio de 2019, dois eventos marcantes. No dia 11 de maio, o
1º Baile dos Filhos da Mãe Rainha, no Colégio Estadual Dom Mário
Rino Sivieri, com Max Mariano. No 26 de maio, a Paróquia Santa
Teresinha realizou o I Encontro do Terço dos Homens, na Igreja Ma-
triz, com uma presença considerável de participantes de pessoas da
comunidade e também de outras paróquias. O Senhor Dielson, do
Tanque Novo, ficou responsável pela reflexão cujo título foi “Onde
Maria está, Deus está e o inimigo não tem vez”.
No dia 20 de julho de 2019, ocorreu a segunda edição da Res-
saca Junina. Esta edição ocorreu na Chácara Pedro Nogueira (Povo-
ado Limoeiro). Houve vendas de mesas e contou com as seguintes
atrações: Trio Aroeira, Zé Alves do Forró, Banda Xaqualha, Aloísio
do Tanque e Helder Nascimento.
A ideia da Ressaca Junina aconteceu em 2018, pois a Pastoral
Familiar tinha a necessidade de arrecadar fundos para manter suas
atividades, tais como: encontros, casamentos comunitários, confec-
ção de cestas básicas para famílias carentes e para o processo de
implantação do ECC na paróquia.
A segunda edição da Cavalgada e show de prêmios da Paróquia
Santa Teresinha aconteceu no dia 4 de agosto de 2019, mais uma
vez em prol da arrecadação de fundos para a construção da Capela
da Mãe Rainha, no Bairro Horta. O evento, que ganhou proporções
ainda maiores desde a primeira vez, contou com atrações musicais
a exemplo do cantor Paulo Santos e com a presença dos aboiadores
Dentinho, Vaqueirinho e Papagaio.
Também em 2019, a Paróquia Santa Teresinha foi palco das ce-
lebrações em torno do Mês Missionário. Era o ano em que a Igreja
lembrava os 100 anos da promulgação da Carta apostólica  Maxi-

144
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

mum illud, do Papa Bento XV (30 de novembro de 1919), na pers-


pectiva de renovar o seu compromisso missionário. Nesse sentido,
o Novenário e Festa da Padroeira foi precedida da realização de
uma segunda edição da Quermesse Paroquial, entre os dias 20 e
22 de setembro. O tema foi “Para amar só tenho hoje” e contou no
cartaz da festa uma fotografia de Santa Teresinha aos 15 anos, com
o cabelo preso e ainda sem hábito, além do anúncio da Abertura
Diocesana do Mês Extraordinário da Missão.
Naquele ano, o mês missionário (outubro) teve como tema “Ba-
tizados e enviados: a Igreja de Cristo em missão no mundo”. O bis-
po Dom Geovanni e parte considerável do clero de Estância esteve
em Lagarto no dia 1 de outubro para a abertura do Mês Missionário
Extraordinário, com uma procissão saindo da igreja de Santa Teresi-
nha com destino ao Ginásio de Esportes Rosendo Ribeiro Filho. Na
ocasião, os paroquianos da Paróquia de Santa Teresinha fizeram uma
apresentação sobre a vida da sua padroeira, a padroeira das missões.
Segundo a professora Maria José Santana Santos, o evento mo-
bilizou também as outras paróquias de Lagarto e também de todas
as suas pastorais familiares. Ao todo, 28 paróquias de diversas par-
tes de Sergipe se fizeram presentes à Abertura do Mês Missionário.
Um evento grandioso sob a coordenação da Pastoral Familiar da
Paróquia Santa Teresinha.
O ano de 2019, também foi marcado por uma ação social de
grande relevância, ocorrido em duas oportunidades: 24 e 25 de
maio e 21 de dezembro. A primeira edição, teve a coordenação da
médica da comunidade, Dra. Vídia, com o aporte das pastorais e dos
movimentos. Foi realizado no Convento Rosa Venerini. A segunda
edição aconteceu no Conjunto Julia e João Nogueira (no Cras), com
a mesma proporção e alcance. Por intermédio do projeto “Só te-
nho hoje”, foram realizadas várias atividades solidárias nas comu-

145
Claudefranklin Monteiro Santos

nidades da Santa Teresinha, desde assistência médica à assistência


espiritual, envolvendo diversos profissionais, que voluntariamente
prestaram seus serviços: médicos, psicólogos, enfermeiros, dentis-
tas, pedagogos, advogados, cabelereiros, entre outros.

Por graça do Deus formamos um Projeto Social, “Só Tenho


hoje!”, dada a presença significativa e salutar de jovens uni-
versitários e profissionais de diversas áreas, residentes na
comunidade e/ou sensíveis à causa do bem. A atuação se-
minal do Projeto tem rendido frutos comunitários pontuais
(Fábio de Jesus, 20 de agosto de 2020).

No dia 15 de dezembro de 2019, ocorreu a Assembleia Pastoral,


com a participação do professor Edvanio de Jesus Nascimento, mem-
bro da Coordenação Diocesana de Pastoral da Diocese de Estância.
No final daquele ano, a comunidade foi novamente surpreen-
dida com a solicitação de afastamento de seu pároco. Desta feita, o
Padre Fábio de Jesus. Este celebrou sua última Missa na Matriz no
dia 30 de janeiro de 2020.
Na ocasião, ele disse que vinha há algum tempo relutando con-
tra essa decisão, mas se sentia instado a refletir sobre sua missão
como sacerdote, dando a entender, como se confirmou mais tarde,
que estava inclinado à seguir na Igreja, “do outro lado da trinchei-
ra”, pretendendo constituir família sem se desligar dos preceitos
orientados pelo Catecismo Católico.

(...) sou profundamente grato ao bom Deus, e à totalidade da


comunidade, pelos quatro anos de vida e serviços ministeriais.
Nesse ínterim, assistido pela graça de Deus e em diálogo com
pessoas pontuais na minha história sacerdotal, decidi, com

146
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

senso orante e sincero, abraçar um novo veículo de santida-


de – a aliança de vida com uma companheira, Vídia Katarine
Rodrigues Santos, e a formação de uma futura família ao lado
dela – e, nesse propósito, com confiança e gratidão profundas,
permanecer na mesma Direção que o Chamado sacerdotal me
alcançou (Fábio de Jesus, 6 de agosto de 2020).

Eu estive presente àquela celebração e fui emprestar meu


apoio e solidariedade a um amigo, externados num abraço fraterno.
Tive a oportunidade de trabalhar com o Padre Fábio na realização
do 25º Grito dos Excluídos, em setembro de 2019, quando ele, na
condição de Vigário da Forania 2, em parceria conosco, pela Uni-
versidade Federal de Sergipe, realizamos o I Fórum de Participação
Política e Transformação Social2, no dia 28 de agosto no Auditório
do Sindicato do Professores (SINTESE), em Lagarto-SE.
Para aquele evento, se formou uma comissão constituída por
mim, por ele, pelo Padre Fernandes, pelas Irmãs Claudira e Islanei-
de (Rosa Venerini) e pela psicóloga Patrícia. A ideia era, a partir de
fevereiro de 2020, oferecer à comunidade uma Escola de Cidadania
e Fé, com a oferta de cursos que preparassem os paroquianos de
Santa Teresinha e a quem interessar para a vida política à luz das
orientações da Igreja Católica, sobretudo a partir da sua Doutrina
Social. Projeto que não teve seguimento, não somente pelo afasta-
mento do Padre Fábio, mas também pelo cenário de isolamento so-
cial instalado pela pandemia da COVID-19.

2 A temática trabalhada foi “Vida em primeiro lugar – lutamos por justiça, direitos e liberda-
de “. Entre os participantes das discussões o Dr. Evânio Moura (da Procuradoria do Estado
de Sergipe); a Profª Ivonete Alves Cruz Almeida (Presidente Estadual do SINTESE); o Prof.
Rivaldo Júnior (representando a Paróquia N. Sra. da Piedade); e a Profª Drª Taysa Mércia dos
Santos Souza Damaceno. O evento contou com a participação de alguns sacerdotes, entre
eles: Padre Moésio e Padre Paulo Seza.

147
Claudefranklin Monteiro Santos

A exemplo do que aconteceu com o Padre Lucas, também se


conjecturou muito sobre a saída de Padre Fábio. Infelizmente isso é
da natureza humana e daí a nossa necessidade de buscarmos sem-
pre o perdão de Deus e visar a santidade. Nesse sentido, julguei
importante dar a ele espaço para apresentar a sua versão e deixar
uma mensagem para a comunidade, para a qual também deixou um
legado importante e digno de nota e de registro:

Dificuldades significativas giraram em torno da administra-


ção da paróquia: a tensão entre receitas e despesas, situação
complexa do cemitério; ambientes de evangelização díspa-
res e desafios específicos presentes na matriz, bairros, as-
sentamentos e comunidades rurais; (...) carências de entro-
samento e integração básica entre movimentos, pastorais e
comunidades; o ambiente eclesial inveterado e universal das
fofocas e mexericos - quinhão hereditário de toda organiza-
ção humana; dificuldades pessoais de integração do carisma
sacerdotal e, envolto ao cansaço e inquietações compartilha-
dos com uma multidão de fiéis em Cristo.
Em todas as coisas, procures amar a Deus e ao próximo.
Deixa-te amar nos intervalos, metamorfoses e estações da
vida, e a cada passo, torna-te uma pessoa agradecida, livre e
consciente de buscar o bem apesar das fragilidades e misé-
rias da comum condição humana. Que tu caminhes na sen-
da do Reino de Deus “sem ódio e sem medo” (Pe Zezinho).
E com a Doutora do Amor e Padroeira da comunidade pa-
roquial do Bairro Novo Horizonte, confies sem reservas no
bom Deus, e vivas a ossatura interna do abandono nas Suas
mãos em todas as situações da vida, sobretudo, nas mais
tensas e proféticas.

148
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

De soslaio me deparo com estas palavras de fogo: “Compre-


endo muito bem que só o amor pode tornar-nos agradáveis a
Deus e este amor é o único bem que ambiciono. Jesus se com-
praz em me mostrar o único caminho que conduz a esta For-
nalha divina. Este caminho é o abandono da criancinha que
adormece, sem temor, nos braços de seu Pai... ‘Se alguém for
pequenino, venha a mim’ (...) Jesus não pede grandes ações,
mas unicamente o abandono e a gratidão” (Carta 196).

No dia 23 de janeiro de 2020, o bispo de Estância, Dom Geovan-


ni Crippa, IMC, transferiu o Padre Carlos Alberto de Jesus Assun-
ção, que estava na condição de Pároco da Paróquia de São Francisco
(Bairro Cidade Nova – Estância), para exercer o ofício de Pároco da
Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, em
Lagarto-SE.
Sobre a transferência do Padre Carlos Alberto, a imprensa che-
gou a noticiar que isto o havia demovido da ideia de entrar na vida
pública. Carismático e atuante politicamente, sobretudo ao nível da
Doutrina Social da Igreja, ele foi cogitado para ser candidato a pre-
feito de Boquim e de igual modo o mesmo teria ocorrido em Estân-
cia, sobretudo em razão da atuação marcante na Paróquia de São
Francisco.
A posse do terceiro pároco da História da Paróquia de Santa Te-
resinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, de Lagarto-SE, o Padre
Carlos Alberto de Jesus Assunção, aconteceu no dia 2 de feverei-
ro de 2020, às 19h, em Missa Solene presidida por Dom Geovanni
Crippa, IMC. O bispo de Estância, durante a sua homilia, fez alusão
ao encontro de Simeão com o Menino Jesus, e, recordando de sua
posse na Diocese, em agosto de 2014, ressaltou: “(...) o padre é um
dom e chamou a atenção das responsabilidades do novo Pároco, pe-

149
Claudefranklin Monteiro Santos

dindo do mesmo um grande zelo pastoral” (Livro de Tombo, p. 32).


De igual modo, solicitou à comunidade que desse ao Padre Carlos
Alberto todo o apoio que ele precisasse para exercer sua nova jor-
nada, fazendo um apelo que levassem em consideração a necessi-
dade do crescimento do ardor missionário, que tanto caracterizou a
região e o município desde seus primórdios. Fez uso da palavra, ao
final da celebração, representando a comunidade, a professora Ma-
ria José Santana Santos, na condição de Coordenadora da Pastoral
Familiar. Entre os sacerdotes presentes: Padre Éder, Padre Elesan-
dro, Padre Édson, Padre Valmir Soares, entre outros.
Carlos Alberto de Jesus Assunção nasceu em Estância, no dia 15
de julho de 1972. É filho de Acrísio Assunção (de Itaporanga D’Aju-
da) e Marlene Assunção (de Boquim). Fez o Ensino Fundamental e
Médio no Colégio Sagrado Coração de Jesus e no Instituto Diocesa-
no, ambos em Estância. E também, Contabilidade no Colégio Cene-
cista Graccho Cardoso. Ingressou no Seminário Propedêutico Nos-
sa Senhora da Conceição, de Aracaju, onde fez Filosofia e Teologia.
Ordenou-se Sacerdote no dia 16 de dezembro de 2020. Dois dias
depois, celebrou sua primeira Missa na Catedral Nossa Senhora de
Guadalupe, em Estância-SE.

Carlos Alberto de Jesus Assunção


Acervo Paroquial

150
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Ele foi apresentado à comunidade de Senhora Santana (Bo-


quim-SE) no dia 4 de fevereiro de 2006, onde participou ativamen-
te do processo de implantação da Quase Paróquia de Santa Rita,
naquele Município. Tomou posse no dia 8 de fevereiro. A elevação
à condição de Paróquia aconteceu no dia 22 de maio de 2007. Seu
primeiro Pároco, naturalmente, foi o Padre Carlos Alberto, função
que ocupou por sete anos e quatro meses.
De Boquim, foi transferido para a Paróquia de São Francisco de
Assis, no Bairro Cidade Nova (Estância), na condição de Pároco. Lá
passou seis anos e oito meses.
A primeira Celebração Eucarística do Padre Carlos Alberto na
Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face acon-
teceu no dia 4 de fevereiro de 2020, no Assentamento Antônio Con-
selheiro, nas edificações da futura capela dedicada ao seu padroei-
ro, Santo Antônio de Pádua. A Santa Missa encerrou uma caravana
e evento comunitário que contribuíram para arrecadar fundos para
as obras da referida capela. No dia seguinte, como de costume até
a presente data, nas quartas-feiras às 18h, o Padre Carlos Alberto
passou a apresentar o Programa Igreja Viva, da FM Aparecida (do
Grupo Zezé Rocha).
Após a apresentação do programa, às 19h30, o Padre Carlos
Alberto fez a sua primeira reunião com os coordenadores dos con-
selhos paroquial e econômico, bem como dos movimentos, grupos
e das pastorais da Paróquia. A reunião tinha como objetivos co-
nhecer as pessoas que colaboravam com a estrutura e organiza-
ção da comunidade paroquial e também discutir e traçar metas já
estabelecidas por seu antecessor e novas coordenadas a partir de
então. Outras reuniões se seguiram e aos poucos o novo pároco
foi tomando pé da situação e imprimindo a sua forma de zelar e
administrar.

151
Claudefranklin Monteiro Santos

Uma das mudanças implementadas pelo Padre Carlos Alberto


foi a intensificação da comunicação da Paróquia, sobretudo nas re-
des sociais e na mídia de um modo geral. O perfil do novo pároco
logo se fez notar, marcado pelo despojamento, facilidade de se re-
lacionar e de se comunicar com o povo. A exemplo de seus anteces-
sores, tem na música um elemento importante de evangelização.
O Padre Carlos Alberto retomou as atividades de implantação do
Encontro de Casais com Cristo (ECC), com reuniões nos primeiros
dias de março de 2020. As reuniões aconteceram na Casa Paroquial,
construída nos fundos da Matriz. Primeiro com a Equipe Diocesa-
na, sob a coordenação do casal Valter Júnior e Teoclécia numa outra
oportunidade com a Equipe Dirigente da comunidade: Cleidibaldo e
Ana Lúcia, Jorge e Ceiça, Maria José e Renato, Cleidibaldo e Ana Lúcia,
Naldinho e Neidinha, Márcio e Michele. Ficou acordado que o primei-
ro encontro do ECC deveria ocorrer em novembro de 2021.
No dia 2 de março de 2020, numa segunda-feira, o Padre Car-
los Alberto institui a Missa para os Homens, que passaria a ocorrer
costumeiramente. A medida visou “(...) atingir o público masculino
também destinado à salvação divina, integrá-los e conscientizá-los
de que a igreja não é lugar de “beatas”, mas de crentes” (Livro de
Tombo, p. 38). Houve um expressivo comparecimento.
Até o dia 15 de março de 2020, o Padre Carlos Alberto já ha-
via tomado conhecimento de todo o funcionamento da Paróquia.
Naquela ocasião, a pandemia da COVID-19 já havia sido anunciada
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas as atividades só fo-
ram suspensas no dia 17, mediante Decreto Estadual. Até então, a
comunidade já vivenciava o período quaresmal e já havia realizado
pelo menos cinco Vias-Sacras.
Desde então, até o momento do encerramento da escrita do
presente livro, na primeira quinzena de agosto de 2020, pouco se

152
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

pôde realizar com a decretação da pandemia da COVID-19 que ul-


trapassou o previsto pelas autoridades sanitárias. A grande maioria
das atividades da paróquia, sobretudo as Missas, foram realizadas
de forma remota, e em algumas vezes presencial, tomando todos
os cuidados para se evitar o contágio e a disseminação da doença.
Entre os momentos presenciais, destaque para a reinauguração do
Auditório Irmã Flamínia Ubertini do Convento das Irmãs Venerini,
no dia 31 de maio, Domingo de Pentecostes.
Desse modo, a Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face alcança a sua maturidade pastoral, fruto de mais de
trina anos de trabalho de um grupo de abnegados fieis que se avo-
lumou de tempos em tempos, agregando jovens e também pesso-
as de outras paróquias, que nutrem especial simpatia pelo lugar e
devoção amorosa por sua padroeira, carinhosamente chamada de
Santinha, a quem rendo honras e um profundo agradecimento pela
realização deste livro, que se abre em perspectivas assim como a
sua história de sonhos realizados, entre rosas, lágrimas, espinhos e
muitas alegrias, as quais procurei traduzir em palavras que fossem
acessíveis a todos os públicos e corações.

153
RELAÇÃO DAS COMUNIDADES E PADROEIROS

Assentamento Antônio Conselheiro (Santo Antônio)


Assentamento Camilo Torres (São Camilo de Lellis)
Assentamento Che Guevara (Nossa Senhora Desatadora dos Nós)
Assentamento Roseli Nunes
Bairro Ademar de Carvalho (Convento Santa Rosa Venerini)
Bairro Estação (Santa Irmã Dulce dos Pobres)
Bairro Exposição (Nossa Senhora das Graças)
Bairro Horta (Mãe Rainha)
Conjunto João Júlia Nogueira (São Francisco)
Povoado Baixão (São João Batista)
Povoado Gameleiro (Senhora Sant´Ana)
Povoado Limoeiro (Nossa Senhora do Carmo)
Povoado Saboeiro
Povoado Retiro
Povoado Uberaba
Povoado Urubutinga (Nossa Senhora do Perpétuo Socorro)

154
VOCAÇÕES SACERDOTAIS E RELIGIOSAS

S anta Teresinha, nos nove anos que passou no Carmelo de Li-


sieux, como já vimos, dedicou-se a rezar pela conversão dos
pecadores, sobretudo por aqueles que mais estavam na iminência
de uma condenação eterna. Mas, também rezou pelos sacerdotes e
religiosos e chegou até a acompanhar alguns por carta, nos últimos
anos de vida, o que lhe valeu tornar-se a Padroeira das Missões.
O Bairro Novo Horizonte e por conseguinte a Paróquia Santa
Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face são lugares onde o
sentido da missionariedade lhe dá identidade de comunidade pa-
roquial e também pastoral. Por esta razão, em pouco tempo de his-
tória, promoveu e despertou em algumas pessoas a vocação missio-
nária, seja ela na vida comum de leigos e leigas, como também de
alguns sacerdotes e religiosos.
A seguir, destacamos quatro histórias de pessoas que têm em
sua escolha de servir a Deus incondicionalmente, diretamente ou
indiretamente, a influência dessa vida missionária do bairro, mas
também da ação devocional de Santa Teresinha, e as inúmeras ma-
nifestações de piedade cristã gestadas a partir dela.

155
Claudefranklin Monteiro Santos

1) Padre Edvaldo de Andrade Santos1

Nascido no 17 de dezembro de 1977, na maternidade Zacarias


Júnior, em Lagarto-SE, é filho de Eronides Faria dos santos e Nival-
da de Andrade Santos, ambos inicialmente agricultores, mas depois
desenvolveram-se como pequenos comerciantes na feira livre da
cidade.
Fez os estudos da pré-escola na Escola Estadual Mons. Marinho
(na antiga praça do Gomes). Depois ingressou no Colégio Cenecista
Laudelino Freire para estudar as séries iniciais (1 – 4). Logo de-
pois, por questões econômicas, foi transferido para a Escola Frei
Cristóvão de Santo Hilário, onde estudou todo o Ensino Fundamen-
tal. Cursou o Ensino Médio no Colégio Professor Abelardo Romero
Dantas, concluindo em 1997.
Sobre a formação cristã:

Desde pequeno, minha mãe teve o cuidado de ensinar-me


quem é Deus e seu Filho Jesus Cristo, através dum pequeno
livro de catecismo; além disso, foi ela mesma quem me ensi-
nou a rezar e a chamar Deus de Pai. A mesma, incentivou-me
a frequentar a catequese e com 8 anos de idade estava rece-
bendo pela primeira vez a Santa Eucaristia, lembro-me que a
igreja estava realizando a reforma do piso e o presidente da
celebração era o Mons. Mário (in memoriam). Depois disso,
entrei no grupo de perseverança e vivi por muito tempo na
comunidade de São Francisco de Assis no conjunto Matinha.
Aos 14 de junho de 1992, com 14 anos de idade recebi o Sa-
cramento da Crisma, ungido pelo Bispo emérito Dom Hilde-
brando Mendes Costa e tendo como testemunha deste gran-

1 Entrevista – Cristinápolis-SE, 3 de agosto de 2020.

156
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

de momento o até então Pe. Celso (hoje bispo Auxiliar do


Rio de Janeiro). Motivados por esse tão grandioso momento,
fundamos o grupo de jovens Vida Nova, onde nos encontrá-
vamos na parte superior da Igreja matriz após a Santa Missa
nos sábados à noite.

Padre Edvaldo afirma que sua vocação foi resultado de proces-


so que iniciou, como se viu, na família, na catequese do lar. Nesse
sentido, para ele foi muito marcante uma experiência que teve num
retiro espiritual, na chácara de Pedro Vasconcelos, no povoado Alto
da Boa Vista. Ali, teria sido a primeira vez que ele experimentou, de
forma mais contundente, o amor de Deus.

Neste retiro pude perceber a partir dum momento de de-


serto, meditando a leitura de Isaias 43, o quanto Deus me
amava, o quanto Ele cuidou de mim e nunca me abandonou,
mesmo quando passei pelos vales tenebrosos da vida. Foi
um momento marcante e transformador, onde experimen-
tei um Deus vivo e pessoal que se relacionava comigo e que
me amou com um amor incondicional. Então eu pensei: que
poderei retribuir ao meu Senhor por todos os benefícios que
Ele me fez?

Ele conta que essa experiência o impulsionou a evangelizar.


À época, morava no Bairro Novo Horizonte (chegou em 1997)
e decidiu, com alguns amigos, sair de porta em porta, também
nos bairros circunvizinhos, a anunciar o Evangelho: “(...) éramos
apenas três adolescentes, mas com um grande desejo de levar a
experiência do amor de Deus àqueles que por ventura ainda não
tinha conhecido”.

157
Claudefranklin Monteiro Santos

Ele criou gosto pela missão, sobretudo de estar perto dos mais
carentes e de conhecer suas histórias e necessidades materiais e es-
pirituais. Mas, inicialmente, não se sentia inclinado para a vocação
sacerdotal. Queria constituir família.
Porém, a medida que o tempo passava, ardia mais e mais em
seu coração a vocação sacerdotal, sobretudo no dos sacramentos.
Desse modo, partilhou com o Padre Pedro Vidal a intenção de ini-
ciar a formação e este o encaminhou para o Padre Dulcênio (pro-
motor vocacional). No dia 18 de fevereiro de 1999, entrou no Semi-
nário Menor Sagrado Coração de Jesus, em Aracaju. Foi ordenado
Diácono no dia 06 de janeiro de 2006, na paróquia Nossa Senhora
da Piedade e um ano depois, no dia 06 de janeiro de 2007, foi orde-
nado Presbítero nesta mesma paróquia, no ginásio do Colégio Nos-
sa Senhora da Piedade, em Lagarto-SE.
Até a presente data, foi vigário paroquial e pároco da Paróquia
de São Sebastião, em Poço Verde-SE (2007-2013); Administrador
Paroquial da Paróquia de Santo Antônio de Pádua, em Senador Ca-
nedo-GO (2013-2016); Administrador Paroquial da Paróquia de
São Francisco de Assis, em Cristinápolis-SE. Neste interim, foi Di-
retor Espiritual Diocesano da Pastoral da Juventude e da Pastoral
Familiar na Diocese de Estância.
Ainda no que diz respeito a sua relação com a história religio-
sa do Bairro Novo Horizonte, ele ressalta em entrevista que viveu
aqueles momentos iniciais de fundação de uma igreja na comuni-
dade de perto.

Na época, eu era vocacionado e ajudava nas caminhadas pe-


nitenciais da Santa Missão e nas missas campais que acon-
teciam todas as noites num largo principal do bairro. Havia
visitação às famílias durante o dia todo e percebi que de fato

158
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

toda a comunidade começou a ficar mais unida para tal pers-


pectiva. No último dia de Santa Missão, com a presença do
bispo diocesano, Dom Hildebrando Mendes Costa, houve a
benção da pedra fundamental, e dentro desta pedra foram
colocados alguns objetos pessoais de pessoas da comunida-
de e uma ata com assinaturas dos presentes, inclusive tive a
honra de assinar tal ata. Esta Santa Missão aconteceu no iní-
cio de 1999 e logo em seguida fui morar no seminário. Acom-
panhei mesmo de longe toda a trajetória da quase paróquia e
estive na Santa Missa quando ela foi erigida como paróquia.

2) Padre Éder Santos Dias2

Nasceu em Lagarto-SE no dia 26 de março de 1984. É cria da


comunidade! Primeiro, do Bairro Ademar de Carvalho, onde mo-
rou do nascimento até os quinze primeiros anos de vida. Depois,
seus pais, José de Jesus Santos e Josefa de Jesus Santos, se mudaram
para o Bairro Novo Horizonte (onde ainda residem). Ali, Padre Eder
criou vínculos afetivos e religiosos, permanecendo por lá até os 22
anos, quando foi para o Seminário.
Fez toda a sua formação escolar inicial no Bairro Ademar de
Carvalho, no Colégio das Irmãs Venerine. Fez parte do Ensino Fun-
damento no Colégio Estadual Sílvio Romero. A segunda parte e o
primeiro ano do Ensino Médio, no Colégio Municipal Frei Cristóvão
de Santo Hilário. Em seguida, precisou migrar para o Colégio Cene-
cista Laudelino Freire, onde fez o segundo e terceiro ano do Ensino
Médio. Já na condição de seminarista, fez Filosofia e Teologia no
Paraná, no Seminário Diocesano Rainha das Missões, em União da
Vitória.

2 Entrevista – Poço Verde-SE, 6 de agosto de 2020.

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Claudefranklin Monteiro Santos

Meu chamado aconteceu com 8 anos de idade. Neste perí-


odo estava morando no Bairro Ademar de Carvalho, onde
minha vocação foi cultivada. Juntamente com a ajuda das Ir-
mãs Venerine, eu fui crescendo na fé. Havia lá um grupo de
senhoras e de senhores, onde quase todos os dias acontecia
evangelização nas casas. Assim fui crescendo e ajudando nos
trabalhos da Santa Igreja. Como também no Bairro Novo Ho-
rizonte, onde tive a graça de acompanhar a construção da
Igreja Santa Teresinha. Diante destas experiências e de mui-
tas outras experiências a minha vocação foi sendo cultivada.

Em dezembro de 2012, foi ordenado Diácono, enviado para a


Paróquia de São Sebastião, em Poço Verde. Em julho de 2013, fui
ordenado Sacerdote, permanecendo ali na função de administrador
paroquial, pois o pároco havia sido transferido para outra função e
lugar. Até a presente data, desde 2018, é o seu Pároco.

“O Amor de Jesus faz superar todas as dificuldades”


(Santa Teresinha do Menino Jesus)

3) Frei Alan David Ribeiro dos Santos, O.Carm3.

Ainda muito cedo, em tenra idade, Deus se fez sinal por meio de
muitas pessoas e acontecimentos que, com o passar do tempo, após
um amadurecimento humano e espiritual, me senti impelido a dar
uma resposta com convicção: Eis-me aqui, Senhor.

3 Neste caso, optei por publicar o depoimento do Frei Alan David (enviado por e-mail, de
Aracaju-SE, no dia 7 de agosto de 2020), sobretudo pela relação direta com o Bairro Novo
Horizonte e com a devoção a Santa Teresinha. O testemunho fala por si só.

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Nasci no dia 4 de abril de 1997, na cidade de Lagarto, Sergipe,


conhecida por ser um grande celeiro vocacional – e faz jus ao título.
Nesta cidade do interior, Deus me concedeu a graça de crescer e
ser educado numa igreja doméstica com bases sólidas na tradição
católica e erguida pelos testemunhos de Agnaldo Ribeiro dos San-
tos e Aurelina Chaves dos Santos, que bem souberam orientar os
seus quatro rebentos, sendo eu o caçula. Todos os filhos trilharam
o mesmo itinerário de iniciação à vida cristã; éramos conduzidos
à Igreja pelas mesmas mãos dos que recebiam o Divino e, depois,
buscavam cumprir os seus ofícios de pais divinamente bem. Deste
modo, cresci ritmado pela fé.
Um grande marco na minha história vocacional foi quando,
ainda pequeno, era próximo aos Padres Pedro Vidal e José Adinal-
do, que, por terem uma amizade com meus pais, frequentavam a
nossa igreja doméstica. Mesmo com pouca maturidade, lembro-me
que buscava guardar no coração cada cena, pois, neles, encontra-
va o afago sincero do pastor para com suas ovelhas. A partir desse
olhar atento de admirador, quis, sem demora, servir à comunidade
na condição de acólito. E, assim, aconteceu. Servia na Igreja da Pie-
dade e na capela de Santa Teresinha, hoje, paróquia.
Estudei o Ensino Primário no Colégio Cenecista Laudelino Frei-
re e o Ensino Fundamental no Colégio Nossa Senhora da Piedade,
ao qual sou grato pela formação dinâmica que permeava entre a fé
e o conhecimento.
Sempre tive um desejo de servir mais. Parece que não bastava o
ministério de coroinhas. Assim, também contribuí como catequista
e por meio de algumas formações temáticas quando se necessitava.
Essa imersão eclesial muito favoreceu na minha caminhada voca-
cional, pois, ali, em meio a tantos serviços, Deus falava, e eu, então,
respondia com convicção: eis-me aqui, Senhor. Isso me conduziu a

161
Claudefranklin Monteiro Santos

participar dos encontros vocacionais da diocese. O meu primeiro


encontro foi em 2011, quando ainda tinha 14 anos.
Por fazer parte da comunidade Santa Teresinha, despertou em
mim o interesse de conhecer a sua história; li, então, a sua autobio-
grafia: História de uma Alma. Leitura esta que me levou a conhecer
mais o Carmelo. Lembro-me que comecei a pesquisar sobre a vida
carmelitana. A minha única referência de frade carmelita era Dom
João, por ser filho da terra, mas não tinha contato. Depois de alguns
anos, tomei conhecimento de três conventos carmelitas na Provín-
cia Eclesiástica de Sergipe. Logo, iniciei, sem demora, os encontros
vocacionais, pelos idos de 2012.
Após concluir o Ensino Médio no Instituto Federal de Sergipe
– Campus Lagarto –, em 2017, ingressei na Ordem dos Irmãos da
Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (Ordem do
Carmo) e, em janeiro de 2020, professei os meus primeiros votos.
Em todo o meu itinerário vocacional, sempre esteve presente a
devoção a Santa Teresinha, como também as experiências comunitá-
rias, litúrgicas, espirituais e formativas que tive na paróquia Santa Te-
resinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Por isso, carrego em meu
coração uma eterna gratidão pelas maravilhas que o Senhor me conce-
deu, e, parafraseando a florzinha do Carmelo, expresso: “Que felicidade
poder dizer: estou seguro de fazer a vontade do Bom Deus.” (CT. 142).

4) Padre Willian Dorea Silva, SVC

Natural de São Paulo-SP, no dia 7 de abril de 1980, é filho de


José Flávio da Silva e Serafia Verônica de Santa. Willian é neto de
Dona Anália Dórea, de quem já tratamos ao longo do livro. Com um
ano de vida, passou a morar no Bairro Novo Horizonte, de onde só
saiu aos dezoito, para ingressar no Seminário.

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Sua vocação para o sacerdócio foi despertada a partir dos dez


anos de idade, à época do Padre Mário. Frequentava a Legião de
Maria com a avó materna, e logo se tornou coroinha
Estudou no Instituto Cristo Rei, em Buenos Aires (Argentina).
Ordenou-se em 2016, em Belo Horizonte e partiu para em seguida
para a Europa, onde vive na Espanha. É membro da Ordem de Cristo
Rei, tornou-se autor de livros, pesquisador e estudioso, percorreu
várias partes do mundo, procurando evangelizar. Entre os livros de
sua autoria, destaque para O Homem de Nazaré (2019).

163
Claudefranklin Monteiro Santos

TESTEMUNHOS

Amélia Beatriz Caxico de Abreu Souza1

Existem datas que marcam a nossa trajetória no mundo e nos en-


chem de alegria e esperança dando mais sentido ao que chamamos
de vida, como o dia do casamento, o nascimento de um filho ou até
mesmo a formatura de nível superior, mas, também existem aquelas
que são o início do nosso renascimento, o primeiro de muitos dias
que irão nos mostrar o quanto somos fortes e frágeis ao mesmo tem-
po. Digo que no dia 16 de julho de 2019 eu comecei a renascer. 
Neste momento fui diagnosticada com um  câncer na mama
direita, de categoria Triplo-negativo. Posso dizer que estava con-
fusa, sem informações necessárias, apenas tentando deglutir tudo
o que os médicos me falavam, mas, uma coisa eu tinha em mente,
a minha fé e a plena confiança em Deus e meus intercessores não
iriam deixar eu me abalar.  Muitos rogaram pela minha saúde física
e mental, fui demasiadamente abençoada por isso, mas não posso
deixar de destacar a minha doce Santa Teresinha do menino Jesus
e da Sagrada Face, pois, não é a primeira vez que ela intercede a
Deus por mim e pela minha família, porém, neste caso, ela interviu
pela minha cura. Passado algum tempo de todo esse processo, eu
sabia que o novenário se aproximava, e senti que aquele seria um
momento de muita dádiva.

1 Natural de Estância, mora em Lagarto há 30 anos. Aposentada como funcionária pública, na


condição de Auxiliar de Enfermagem pela Secretaria Municipal de Saúde de Lagarto.

164
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Muitos paroquianos e irmãos na fé fizeram a mesma interces-


são por mim, sabendo da força da nossa Santa, eles tinham fé que
ela pediria a Jesus por minha graça. Após isso, continuei meu trata-
mento com a certeza de cura. Eu tive medo, não posso negar, por ser
algo novo, algo que nunca passei, entretanto, a cada passo que dava,
minha esperança aumentava, a minha fé me acalentava, e eu podia
sentir que a minha benção estava próxima. Ao terminar o tratamen-
to e a cirurgia, foi feita a análise patológica. A ansiedade estava pre-
sente para saber o resultado, mas isso não era maior que a confian-
ça em nosso bom Deus e em minha intercessora Santa Teresinha.
Após saber o resultado, a alegria tomava conta do meu corpo e da
minha alma, naquele papel estava “escrito” que não tinha sido en-
contrada nenhuma célula maligna, contrariando grande parte  dos
casos com este tipo de CA, em que a maioria dos pacientes infeliz-
mente não conseguem eliminar 100% das células malignas, e eu
estava ali, tornando isso possível. Meus médicos me classificaram
como um corpo curável, e sim, eu estou Curada. 
Só quem conhece as maravilhas de Deus sabe o quanto uma
benção por mais difícil que possa ser, é algo alcançável. Eu senti,
presenciei e vivi o meu milagre, eu conquistei a minha cura.

Lagarto-SE, 15 de julho de 2020

165
Claudefranklin Monteiro Santos

Patrícia dos Santos Silva Monteiro2

Era uma manhã de inverno mesclada com raios de sol e chuva


fina, coração repleto de emoções e reflexões. Por ocasião da nossa
participação no ECC pela primeira vez, em 2013, surgiu a oportu-
nidade de uma confissão com o Padre Lucas. Apesar de uma resis-
tência por minha parte, resolvi me confessar. Que momento, que
bênção! Naquele instante fui apresentada a uma devoção crescente
em nossa cidade, devoção à Santa Teresinha (nossa Santinha, como
costumamos chamar). Não fui apresentada apenas a ela, mas a São
Miguel e a São Bento.
Além de ser apresentada a eles, também fui convidada a ir co-
nhecer a igreja que tinha como padroeira ela, a Santinha. Algum
tempo depois eu e meu marido estávamos lá, perante ela, sem dela
muito conhecer. Ao longo dos meses, por conta da doença de meu
pai, um câncer no pulmão, precisava me fortalecer mais, foram me-
ses muito difíceis, ele me solicitava muito, para não dizer que me
sugava bastante, principalmente no que tangia ao emocional. E era
lá, na igreja, aos pés do altar da Santinha que eu encontrava a for-
taleza necessária, é um lugar muito acolhedor, e sob os cuidados
dela a força era certa. A cada missa que frequentávamos, eu podia
conhecê-la mais e sentia que dela podia e vinha intercessões e mais
intercessões, isso era visível.
Depois de ter perdido, naturalmente, duas gestações, e ficado
com traumas visíveis, medos e angústias, já que em uma delas pre-
cisei parir aos cinco meses através de um parto induzido, pois eu
estava com pouco líquido amniótico e mesmo assim infeccionado,
não restou outra alternativa para a medicina, tive o bebê, que nas-
ceu morto (natimorto).

2 Natural de Lagarto-SE, é professora das redes públicas Municipal e Estadual.

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Dias difíceis, muito difíceis. Mas depois de um tempo, de rege-


neração psicológica, meu coração ia se enchendo de vontade de ser
mãe mais uma vez. Já tínhamos um filho. No fundo meu coração ain-
da carregava um medo pelas perdas, mas a vontade de ter outro filho
ia crescendo a cada dia. Além do medo, das incertezas, ainda tínha-
mos algo que não ajudava que eu gestasse outra vez, meu esposo,
Claudefranklin Monteiro, tinha varicocele, já tinha feito cirurgia e os
exames apontavam que naquele contexto a possibilidade dele poder
me engravidar era ínfima, um por cento. Naquele momento, o médico
considerava impossível sem que tivesse uma intervenção científica.
Pensamos nesta possibilidade, mas por questões religiosas re-
solvemos consultar o sacerdote. Já frequentávamos a Paróquia de
Santa Teresinha e no final da Missa fomos ao encontro de Padre
Lucas, falamos rapidamente sobre a situação. Ele ficou surpreso,
riu e disse que queria conversar conosco sobre o assunto, pois na-
quele momento não seria possível, concordamos. Saí da igreja um
tanto que inquieta, pensativa e recorri a Santa Teresinha, para que
ela pudesse interceder por mim naquele momento, de incertezas,
mas de muita vontade de ter outro filho(a) em meus braços. Apenas
aguardei. Três semanas depois voltamos a igreja e dissemos ao pa-
dre que não seria mais necessário termos aquela conversa, porque
eu estava grávida. Ele se surpreendeu, mas a surpresa maior foi por
conta do milagre!
O primeiro milagre tinha acontecido, outros viriam. Segurar a
gravidez não foi fácil, depois do segundo mês eu tinha sangramen-
tos, pouco, mas constantes; que apesar de cuidados não cessavam.
Por volta do quarto mês de gestação fui afastada do trabalho na
tentativa de reverter a situação. Fiquei de repouso quase que abso-
luto e nada resolvia, cada ida ao banheiro era angustiante, o medo e
os sustos eram constantes. Eu sabia, no meu íntimo, que o milagre

167
Claudefranklin Monteiro Santos

não seria incompleto que ela iria interceder mais uma vez por mim
e pela minha gestação, de uma menina.
Por volta do sexto mês, eu e meu esposo resolvemos fazer a
novena da Santinha e antes que completássemos o nono dia, para
nossa surpresa e imensa alegria recebemos de presente uma rosa e
um cravo da Floricultura Flores e Festas, lindos! Como diz a novena,
receberás uma rosa em sinal de que serás agraciado. Nosso coração
se encheu de esperanças e na certeza de que nossa filha ia nascer
saudável continuávamos em oração. Cada vez que íamos a igreja,
a emoção era certa, principalmente por me sentir tão amada pelo
meu Deus e vista tão de perto por Santa Teresinha.
Como meu primeiro parto foi cesáreo, optamos por tê-la da mes-
ma forma. Marcamos para o dia oito de dezembro e como humana
que sou, os dias que antecederam o parto foram muito tensos, o medo
estava me rondando, marquei uma confissão e de tantas coisas que
o padre me disse uma me marcou: “Patrícia, Deus já fez a parte dele,
agora é a sua vez. Confie! Não tenha medo.” Saí dali mais calma.
Como planejamos e com a graça de Deus no dia marcado nossa
amada filha nasceu, linda como uma rosa. No dia de Nossa Senhora da
Conceição. O parto foi um misto de muita emoção e tensão. Tive uma
crise de ansiedade já anestesiada, vivi momentos difíceis, lembrei das
palavras do padre, aquela era a hora de ser forte. Entrei em oração e
quando meu esposo chegou para assisti ao parto fui me sentido mais
forte e fui sentido a presença de Deus naquele momento único, tirando
de mim todo o medo. E o milagre se concretizou, nasceu nossa menina,
linda como uma rosa! Senti uma chuva de bênçãos em nossa vida.
Mas os milagres não param aí, dois dias depois que ela nasceu,
foi detectada uma icterícia e naturalmente ela precisaria ficar inter-
nada, não sabíamos por quantos dias, aquilo foi mais um baque em
nossa vida. Eu não podia ficar internada junto com ela porque pre-

168
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

cisaria evitar uma infecção hospitalar. Mas ao mesmo tempo tinha


que está próxima a ela por causa da amamentação. Pensamos em
nos hospedar em um hotel próximo, já que não tinha como ir para a
casa de minha irmã, recém operada eu não podia subir escadas. Para
nosso desespero, não tinha vaga em nenhum hotel próximo, e mais
uma vez suplicamos ao Pai do céu e a Santinha para que olhasse por
nós naquele momento tão difícil, pedimos mais uma vez a interseção
dela e na hora da Ave-Maria fomos acolhidos por um amigo em seu
apartamento, que naquele momento cuidou de nós como um anjo
enviado pelos céus. Com menos de 24 horas recebemos a notícia de
que no dia seguinte ela teria alta. Nosso coração só tinha gratidão
ao nosso bom Deus e a ela que não deixou de estar em nossas vidas
sempre presente, rogando a Deus o tempo todo por minha família.
Sei que Nossa Senhora da Piedade também estava ao nosso
lado naquele momento de tristeza e angústia, sem saber para onde
ir, também rogamos a ela para iluminarmos em tudo que fosse pre-
ciso. Assim que nossa menina teve alta, a felicidade transbordou,
viemos para casa para a alegria e tranquilidade de todos que ora-
vam por nós. Chegando em Lagarto, meu esposo parou o carro em
frente a Matriz da Piedade e apresentou Júlia Gabriele a Nossa Se-
nhora da Piedade em seu altar. Um mês depois fomos ao altar da
Santinha para apresentá-la a nossa menina, linda como uma rosa!
Nosso milagre foi completo, graças a Deus!

Senhor, graças e louvores sejam dados a todo momento. Que-


ro te louvar na dor, na alegria e no sofrimento. E se no meio à
tribulação, eu me esquecer de ti, ilumina minhas trevas com
tua Luz! (Nelsinho Corrêa)

Lagarto-SE, 5 de agosto de 2020.

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Claudefranklin Monteiro Santos

Tallita Prata3

Olá leitor, vou contar para você a história de “um” milagre, uma
vivência emocionante, preste bem atenção e sinta a presença de
Santa Teresinha em cada palavra...
Meu nome é Tallita Prata, tenho 36 anos, sou professora, resido
aqui mesmo em Lagarto/SE, estou casada com Janisson há 8 anos
e vivemos momentos de pura fé, venha comigo, vou lhe contar.
Prepare-se!
“Senhor, eu preciso tanto de um milagre!” Era isso que eu dizia
todas as vezes que, a tristeza batia em meu coração! Sempre tive von-
tade de ser mãe, um sonho, uma loucura, mas pelo grau da minha en-
dometriose, os médicos diziam que, pelo método natural, era “quase”
impossível engravidar, eu só poderia ter essa graça, pelo método da
fertilização, e mesmo assim, com 34% de chance de dar certo! Fiz
cirurgia por duas vezes, passei por todos os procedimentos da ferti-
lização, mas não deu certo, no dia da transferência, estava tendo um
surto da zica e eu me encontrava gripada, o médico não permitiu, vol-
tamos para casa chorando. Cada não que eu recebia e a cada mens-
truação que descia todos os meses, era muito dolorido. Por quantas
vezes eu chorei, me desesperei, quantas noites perdidas em prantos,
achando que Deus havia esquecido de mim! Quantas vezes chorei,
achando que não seria mãe, todas as minhas amigas tinham filhos e
eu não, era difícil ir aos aniversários dos filhos de amigos, me sentia
triste e sempre voltava pra casa, antes mesmo dos parabéns. Era uma
mistura de sentimentos quando recebia a notícia que alguém muito
próximo estava grávida, felicidade misturada com “raiva”.
Lutei por 4 anos, e quando achávamos que tudo estava indo
bem, perdíamos pessoas que amávamos (amamos), pessoas que

3 Professora e comerciante, residente em Lagarto-SE.

170
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

sonhavam com a chegada desse bebê... e cada despedida, nossa


fé era bombardeada e enfraquecida! Perdemos minha sogra Jo-
quinha (essa foi uma das perdas mais doloridas para nossa fa-
mília), minha vó Irlanda (ela sempre dizia que meu bebê vinha
pelo método natural), a avó do meu esposo Dona Indalice, e no
mês de fazer a transferência dos embriões (fevereiro), perdemos
meu sogro, Raimundo... o nosso mundo desabou e eu, como pe-
cadora que sou, perdi as esperanças e ficamos com muito medo
da vida!! Meu marido Janisson, olhou pra mim e disse que não
queria mais ter filhos, ele estava sem chão e eu entendia a dor
dele, pois eu também estava assustada com tantas perdas e so-
frendo muito junto com ele, por mais que o nosso sonho fosse
maior que isso, mas o medo tomou conta da situação e de nossos
corações .
Por todo esse tempo, durante esses 4 anos de luta e incertezas,
nós fomos apresentados a Santa Teresinha, nosso querido amigo
Lucas (no tempo padre da Paróquia Santa Teresinha do menino Je-
sus) nos apresentou essa santa, grande mulher de fé, e seguimos
a vontade de Nossa Senhora e agora, de Santa Teresinha. Fizemos
muitas novenas para que ela intercedesse por mim e por minha ma-
ternidade, eu fraquejava sempre, ao ponto de não querer fazer as
novenas e Lucas dizia, “eu faço a novena por você” e assim o fez,
por muitas vezes. Em um novenário (outubro), Padre Edmilson, da
canção Nova, foi convidado para fazer a abertura da novena, eu ti-
nha chegado atrasada e fiquei na rua, pois havia muita gente e eu
não conseguia se quer ficar na praça, muito menos entrar na igreja,
assim fiquei lá sentadinha. O padre visitante começou a proclamar
milagres, em nome de Jesus, dizia que o Espírito Santo estava mo-
vendo-o a curar algumas doenças e, num momento específico, ele
parou por um instante e falou:

171
Claudefranklin Monteiro Santos

Deus está me tocando para falar com você que está com de-
sejo de engravidar, você que chegou atrasada e está na rua,
é você mesmo. Deus está me falando para você ter mais um
pouco de paciência que seu filho chegará, e será uma menina,
Deus está me pedindo pra você colocar o nome de Teresinha.

Nesse momento eu fui tocada de uma forma tão especial e má-


gica, chorei bastante e meu corpo tremia todo, eu não conseguia
ficar de pé, um calafrio tomava conta do meu ser e eu senti o mi-
lagre em mim. Para quem não conhece, quando se faz a novena de
Santa Teresinha, a pessoa tem que ganhar uma rosa em sinal de que
aquele pedido será realizado, assim aconteceu, ganhei uma rosa
todos os dias dessa novena e no último dia, Padre Lucas segurava
uma rosa branca com tanto zelo, ela era linda, grande, mimosa e na
hora da comunhão, ele me mostrou que aquela linda rosa, aquela
que estava segurando com tanto carinho, estava intercedendo por
meu milagre... ministrando a sua última novena de Santa Teresinha,
eu chorei desconsoladamente, pois era a rosa que eu tanto estava
admirando. Na noite das rosas de Santa Teresinha, eu recebi muitas
rosas, eram várias , eu chorava muito, fiquei dentro da igreja por-
que não consegui me levantar de tanto choro e as pessoas iam ao
meu encontro e diziam que estavam a minha procura para entre-
gar a rosa, Santa Teresinha queria me avisar que o meu milagre es-
tava chegando, fui pra casa com um buquê enorme de rosas e muita
fé no coração.
Se passaram seis meses de espera...
Mas Deus é Deus, Ele é perfeito, Deus é muito bom. No mês do
meu aniversário (abril), meu esposo me perguntou o que eu queria
de presente (todos os anos ele faz isso), eu falei que queria ser mãe,
e ele disse que também queria ser pai, queria experimentar esse

172
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

amor novamente, pois o vazio em seu coração não estava lhe fa-
zendo bem, além da dor que carregava das perdas dos seus pais. No
mês de maio (mês das mães) eu comecei a ficar enjoada com cheiros
e comidas e as pessoas mais próximas diziam que eu estava grávida,
não acreditava, até que isso foi ficando pior e fiz o exame, quando pe-
guei o resultado, o meu sangue sumiu e eu me sentei, liguei para mi-
nhas amigas Cleciane e Maura, minha prima Jeane e minha cunhada
Riviane, agora comadres (madrinhas da minha filha), pois não esta-
va me sentindo bem, eu estava realmente passando mal com aquela
notícia maravilhosa... eu chorei, me ajoelhei, gritei de tanta alegria e
sai correndo para comprar umas coisas e fazer uma linda surpresa
para Janinho e meus pais (Jocelmo e Ilda), recebi a minha graça pelo
método natural, estava grávida!!! Grávida de uma menina, minha fi-
lha se chama Ana Teresa! Aleluia, graças e louvores a Deus e a minha
santinha, Santa Teresinha que intercedeu sempre por meu milagre.
Até hoje, eu não sei como agradecer por tão grandiosa benção!
Deus estava nos carregando em Seus braços, Ele nunca desistiu de
nós, por mais que a nossa fé estivesse fraca, Ele não desistiu. Obriga-
da grandioso Deus, obrigada minha Santa Teresinha!! Obrigada a to-
dos que rezaram por mim e vivenciaram a nossa luta! Foram muitas
pessoas que choraram comigo, que rezaram, que fizeram novenas...
obrigada. Deus abençoe a cada um de vocês! Obrigada meus pais e
meus sogros, esse milagre é nosso. Obrigada ao meu esposo por cada
palavra, ombro... quantos dias de luta, hein? Mesmo doendo em você,
escondia esse sentimento, sei lá onde, para me acalmar quando eu
fraquejava. Ele também sofria, mas não queria me preocupar! Eu te
amo demais, meu marido, companheiro e agora, o papai mais amoro-
so que conheço. Esse milagre também é seu, muito seu.

Lagarto-SE, 25 de maio de 2020.

173
Claudefranklin Monteiro Santos

Jôsiene Maria da Silva

Meu nome é Josiene e meu marido, José Corrêa Santos. Vou


contar o grande milagre que Santa Teresinha fez em minha vida. O
meu marido é um homem muito bom de coração, mas bebia e ficava
até sem saber voltar para casa. Entregava a carteira com dinheiro
para qualquer pessoa. Eu me chateava muito e pensei até me sepa-
rar dele.
Isto faz uns doze anos. Estava acontecendo um Novenário de
Santa Teresinha. Porque estava muito chateada, porque estava pas-
sando por aquela situação, não me animava para ir lá. Numa noite
de segunda-feira, quando iria acontecer a procissão, depois de um
dia cansativo de trabalho, cheguei a me arrumar para ir. Mas, meu
marido, tinha bebido muito naquele dia e fazia umas seis horas que
estava dormindo. Aquilo me contrariou ainda mais e pensei em de-
sisti de ir para a procissão. Até que criei coragem e fui.
Chegando em frente da igreja, quando vi a procissão se aproxi-
mando, comecei a chorar e a pedir a Santa Teresinha que ela inter-
cedesse junto a Jesus e fizesse um milagre no meu casamento.
Dois meses depois, meu marido procurou os Alcoólicos Anô-
nimos e começou a frequentar as reuniões. Tempo depois, fomos
juntos à procissão de Santa Teresinha e partir de então deixou a
bebia de vez. Ele passou a me acompanhar todos os anos nas nove-
nas. Hoje, minhas lágrimas são de alegria e de agradecimento pela
intercessão de Santa Teresinha.

* * *

Faz mais ou menos três anos, quando uma mulher chegou para
mim para dizer que sua filha de 18 anos de idade não dava notícia.

174
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Essa senhora era evangélica, que estava perdendo a fé e a esperança


de encontrar a filha. Eu comecei a rezar por ela, junto a Santa Tere-
sinha, pedindo a ela que trouxesse sua filha de volta. Em menos de
dois meses, o milagre aconteceu e a filha voltou.
A senhora veio me agradecer chorando pelas orações. Eu disse
a ela que agradecesse a Santa Teresinha, pois foi ela que tinha inter-
cedido por sua filha.

Lagarto-SE, 19 de agosto de 2020.

175
REFERÊNCIAS

Manuscritos
Cadernos de anotações de Dona Anália Dórea (1999-2015)
Livro de Atas da Pia União de Santa Teresinha. Paróquia de Nossa Senhora
Conceição. Aracaju-SE (21 de outubro de 1928-2 de abril de 1936), aberto
encerrado pelo Padre Geminiano de Freitas.
Livro de Tombo da Paróquia Nossa Senhora da Piedade do Lagarto-SE
(aberto no dia 8 de agosto de 1976, pelo Padre Mário Rino Sivieri)
Livro de Tombo da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus (Lagarto-
-SE), aberto em abril de 2013 pelo Padre Lucas Chagas de Jesus.

Impressos (Jornais)
A Voz de Lagarto, 2 de maio de 1982, p. 2 – Coluna Vuco-vuco. Acervo jor-
nalista Emerson da Silva Carvalho.
A Voz de Lagarto, 9 de maio de 1982, capa. Acervo jornalista Emerson da
Silva Carvalho.
Editorial. O Lagarto, 23 de maio de 1982 (capa). Acervo jornalista Emer-
son da Silva Carvalho.
Estatutos da Associação Sócio Cultural “Santa Terezinha” de Lagarto. In: Jor-
nal A Semana, Ano XVII, nº 592, Simão Dias, 8 de fevereiro de 1964. capa.
Estatutos da Associação Sócio Cultural “Santa Terezinha” de Lagarto (con-
tinuação). In: Jornal A Semana, Ano XVII, nº 593, Simão Dias, 15 de feve-
reiro de 1964. p. 3.
Estatutos da Associação Sócio Cultural “Santa Terezinha” de Lagarto (con-
tinuação). In: Jornal A Semana, Ano XVII, nº 594, Simão Dias, 22 de feve-
reiro de 1964. p. 3.
Estatutos da Associação Sócio Cultural “Santa Terezinha” de Lagarto (con-
tinuação). In: Jornal A Semana, Ano XVII, nº 595, Simão Dias, 29 de feve-
reiro de 1964. p. 3.

177
Claudefranklin Monteiro Santos

Estatutos da Associação Sócio Cultural “Santa Terezinha” de Lagarto (con-


tinuação). In: Jornal A Semana, Ano XVII, nº 596, Simão Dias, 7 de março
de 1964. p. 3.
José Vicente de Carvalho – Agora, a vez de pagar pelo pecador. In: A Voz
de Lagarto, 23 de maio de 1982, capa. Acervo jornalista Emerson da Silva
Carvalho.

Impressos (Diocese de Estância e Paróquia Santa Teresinha –


Lagarto-SE)
Carta ao Carmelo de Lisieux, solicitando doação de Relíquia de Primeiro
Grau de Santa Teresinha (agosto de 2016). Paróquia Santa Teresinha do
Menino Jesus e da Sagrada Face (Lagarto-SE). Dom Geovanni Crippa, IMC,
Padre Fábio de Jesus Almeida.
Cartas do Carmelo de Lisieux (França), doando Relíquia de Primeiro e de
Segundo Graus de Santa Teresinha à Paróquia Santa Teresinha do Menino
Jesus e da Sagrada Face (Lagarto-SE). Lisieux, França, 22 de novembro de
2016.
Decreto Diocesano nº 2/82 (Diocese de Estância-SE), de 13 de dezembro
de 1982. Criação da Paróquia de Santa Luzia do Treze (Lagarto-SE).
Decreto de Criação da Quase Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus
(Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 8 de abril de 2013.
Decreto de Criação da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da
Sagrada Face (Lagarto-SE). Dom Geovanni Crippa, IMC. Diocese de Estân-
cia (Estância-SE, 30 de março de 2015).
Decreto de Transferência do Padre Carlos Alberto de Assunção Jesus, da
Paróquia São Francisco de Assis (Bairro Cidade Nova – Estância) para a
Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face (Lagarto-
-SE). Dom Geovanni Crippa, IMC. Diocese de Estância (Estância-SE, 23 de
janeiro de 2020).
Escritura Particular de Doação de Terreno de Joaquim Nogueira Fontes à
Paróquia de Nossa Senhora da Piedade (Lagarto-SE, 1 de outubro de 1998).
Guia Diocesano de Estância. Aracaju: J. Andrade, 2020.

178
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Lançamento da Primeira Pedra da Igreja de Santa Teresinha – Bairro Novo


Horizonte (Lagarto-Se, 7 de fevereiro de 1999).
Provisão de Vigário do Padre Lucas de Jesus Chagas para a Paróquia Nossa
Senhora da Piedade (Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 15 de agosto de
2011.
Provisão de Administrador Paroquial de Padre Lucas de Jesus Chagas para
a Quase Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face
(Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 8 de abril de 2013.
Provisão de Pároco do Padre Lucas de Jesus Chagas para a Paróquia de
Santa Teresinha do Menino Jesus (Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 30
de março de 2015.
Provisão de Administrador Paroquial de Padre Valmir Soares Santos para
a Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face (Lagar-
to-SE). Diocese de Estância-SE, 30 de outubro de 2015.
Provisão de Pároco do Padre Fábio de Jesus Almeida para a Paróquia de
Santa Teresinha do Menino Jesus (Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 30
de dezembro de 2015.
Provisão de Pároco do José Raimundo Soares Diniz para a Paróquia de
Nossa Senhora da Piedade (Lagarto-SE). Diocese de Estância-SE, 17 de
abril de 2009.
Provisão de Pároco do Padre Carlos Alberto de Jesus Assunção para a Pa-
róquia de Santa Teresinha do Menino Jesus (Lagarto-SE). Diocese de Es-
tância-SE, 27 de janeiro de 2020.

Entrevistas
Anália Tereza de Santana Dórea (Lagarto-SE, 04 de agosto de 2020).
Assuero Cardoso Barbosa (Lagarto-SE, 25 de julho de 2020).
Dênis Ribeiro dos Santos (Lagarto-SE, 22 de julho de 2020).
Dom Geovanni Crippa, IMC (Estância-SE 13 de julho de 2020).
Elenilson Cerqueira de Menezes (Lagarto-SE, 22 de julho de 2020).
Fábio de Jesus Almeida (Lagarto-SE, 6 de agosto de 2020).

179
Claudefranklin Monteiro Santos

Frei Alan David (Aracaju-SE, 7 de agosto de 2020).


Joaquim Nogueira Fontes (Lagarto-SE, 20 de julho de 2020).
Josefa Maria de Jesus Santana – Josefa de Vi (Lagarto-SE, 24 de julho de
2020).
Josefa Rodrigues dos Santos - Janete (Lagarto-SE, 5 de agosto de 2020).
Josefa Stella Carvalho Silva (Lagarto-SE, 10 de julho de 2020).
Josepha Raiymunda Santos (Lagarto-SE, 27 de julho de 2020).
Lucas Chagas de Jesus (Aracaju-SE, 5 de agosto de 2020).
Magna Maria de Lima (Lagarto-SE, 25 de julho de 2020).
Maria José Carvalho de Almeida (Lagarto-SE, 10 de julho de 2020).
Maria José de Santana Santos (Lagarto-SE, 22 de julho de 2020).
Maria José de Santana Santos (Lagarto-SE, 28 de julho de 2020).
Nadja Maria dos Santos (Lagarto-SE, 27 de julho de 2020).
Padre Carlos Alberto de Jesus Assunção (Lagarto-SE, 4 de abril de 2020.
Padre Edvaldo de Andrade Santos (Cristinápolis-SE, 3 de agosto de 2020).
Padre Éder Santos Dias (Poço Verde-SE, 6 de agosto de 2020).
Padre José Adinaldo Pereira (Tomar do Geru-SE, 31 de julho de 2020).
Padre Manoel Messias Dias Santos (Estância-SE, 7 de agosto de 2020).
Padre Valmir Soares Santos (Lagarto-SE, 2 de agosto de 2020).
Padre Pedro Vidal de Sousa. Igarassu-PE (na Grande Recife), via e-mail, 24
de julho de 2020.
Pedro Antônio dos Santos (Pedrinho da Telergipe). Lagarto-SE, 15 de julho
de 2020.

Testemunhos
Amélia Beatriz Caxico de Abreu Souza – Lagarto-SE, 15 de julho de 2020.
Jôsiene Maria da Silva – Lagarto-SE, 19 de agosto de 2020.

180
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

Patrícia dos Santos Silva Monteiro - Lagarto-SE, 5 de agosto de 2020.


Tallita Prata - Lagarto-SE, 25 de maio de 2020.

Legislação
Lei nº 26/98, de 17 de setembro de 1998 (Prefeitura Municipal de Lagar-
to-SE).
Lei nº 476/2012, de 22 de novembro de 2012 (Prefeitura Municipal de
Lagarto-SE).
Lei nº 534/2013, de 15 de julho de 2013 (Prefeitura Municipal de Lagar-
to-SE).

Artigos
O padre que gerou um arcebispo (Dom João Costa). Revista Tribuna Muni-
cipal. Ano 1, número 1, jun. 2017. pp. 20-21.
ROSA, Anderson. Números de fiéis em Igreja do Bairro Santa Terezinha
tem Padre Lucas como principal motivo. Revista Realce. Agosto de 2013,
pp.23-24.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Servo de Todos, Servo por Amor - Sa-
cerdote da Humanidade. Revista Perfil, Itabaiana-SE, p. 26 - 27, 05 set.
2008.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Irmãs Pias Mestras Venerini em Lagar-
to (1981-2011). Revista Perfil, Aracaju-SE, p. 22 - 23, 30 jun. 2011.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Um Italiano Verdadeiramente Lagar-
tense. Jornal CINFORM - Caderno Especial de Lagarto, Aracaju-SE, p. 5 - 5,
17 abr. 2012.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Fazenda São Miguel – 25 anos, uma
aventura de amor (Histórico). Fazenda da Esperança (São Miguel, 25
anos) – Revista Comemorativa. Aracaju-SE: J. Andrade, 2012. pp. 2-3.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Personagens – Dom Mário Rino Sivieri.
In: Fazenda da Esperança (São Miguel, 25 anos) – Revista Comemorativa.
Aracaju-SE: J. Andrade, 2012. pp. 4-5.

181
Claudefranklin Monteiro Santos

Capítulos de livros
CAVALCANTE, Monsenhor Pedro Teixeira. Introduções e comentários. In:
JESUS, Santa Teresinha do Menino. Obras Completas. Tradução Paulus
Editora, com a colaboração das monjas do Carmelo do Imaculado Coração
de Maria e Santa Teresinha. São Paulo: Paulus, 2018.
FERNANDES, Dom Frei Antonio Muniz. Prefácio. In: STÖCKER, Monika-
-Maria. Teresa de Lisieux (1873-1897). Aventura de amor. Biografia de
Santa Teresinha. Tradução: Padre Rainer Krögerj. 2 ed. São Paulo: Musa
Editora, 2003. pp. 11-12.
MESTERS, Frei Carlos. Introdução. In: MEESTER, Conrado de. De mãos va-
zias. A espiritualidade de Santa Teresinha do Menino Jesus. Tradução de
Gabriel Haamberg. Petrópolis: Vozes, 2018.
SCHERER, Dom Odilo Pedro. Apresentação. In: TADA, Cecília. A pequena
via de Teresa de Lisieux. Itinerário de pobreza espiritual. São Paulo: Pau-
linas, 2011.

Livros
BRADO, Thiago. Minha Essência. São Paulo: Editora Planeta, 2018.
EUGÊNIO, Maria (beato). Teu amor cresceu comigo: Teresa de Lisieux: gê-
nio espiritual. Tradução: Maria Helena Kosinsky de Cavalcanti. São Paulo:
Paulus, 1995.
FONTES, Alexandre Simões. Nossa Senhora da Piedade. Uma Devoção Tri-
centenária (1979). Aracaju: Editora J. Andrade, 2015.
JESUS, Santa Teresinha do Menino. História de uma alma. Manuscritos au-
tobiográficos. 3 ed. São Paulo: Edições Paulinas, 1975.
_______________. Obras Completas. Tradução Paulus Editora, com a colabora-
ção das monjas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e Santa Tere-
sinha. São Paulo: Paulus, 2018.
MEDINA, Ana Maria Fonseca, SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Paróquia
Senhora Sant’Ana de Boquim. Uma Trajetória Sesquicentenária (1870-
2020). Aracaju: EDISE, 2020. No prelo.

182
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

MEESTER, Conrado de. De mãos vazias. A espiritualidade de Santa Teresi-


nha do Menino Jesus. Tradução de Gabriel Haamberg. Petrópolis: Vozes,
2018.
NOGUEIRA, Maria Emmir Oquendo, LEMOS, Maria Lima. Tecendo o fio de
ouro, Itinerário para o autoconhecimento e a liberdade interior. 12 ed. La-
goa do Junco: Edições Shalom, 2013.
PAPA FRANCISCO. Quem sou eu para julgar. Portugal: Editora Leya, 2017.
POULIQUEM, Tanguy Marie. A Confiança faz milagres. Reflexões a partir
dos escritos de Santa Teresa de Lisieux. Tradução de José J. Queiroz. 2 ed.
São Pauo: Editora Ave-Maria, 2010.
ROSSI, Luiz Alexandre Solano. Nos passos de Santa Teresinha do Menino
Jesus. São Paulo: Paulus, 2014.
_______________. Nos passos de São Luís e Santa Zélia. Os pais de Santa Teresi-
nha. São Paulo: Paulus, 2017.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro (Org.), MODESTO, Alailson Pereira,
MONTEIRO, Patrícia dos Santos Silva, SANTOS, Raylane do Nascimento.
Uma cidade em pé de guerra: Saramandaia x Bole-bole. Aracaju: Editora J.
Andrade, 2008.
SANTOS, Claudefranklin Monteiro. Contradições da Romanização no Bra-
sil. A festa de São Benedito em Lagarto-SE (1771-1928). Aracaju: EDISE,
2016.
SENA, Luzia M. de Oliveira. Cinco Minutos com Santa Teresinha (Org.). São
Paulo: Paulinas, 2013.
STÖCKER, Monika-Maria. Teresa de Lisieux (1873-1897). Aventura de
amor. Biografia de Santa Teresinha. Tradução: Padre Rainer Krögerj. 2 ed.
São Paulo: Musa Editora, 2003.
TADA, Cecília. A pequena via de Teresa de Lisieux. Itinerário de pobreza es-
piritual. São Paulo: Paulinas, 2011.

Discografia
BRADO, Thiago. Minha Essência (faixa 13). CD Minha Essência. TB Produ-
ções, 2016.

183
Claudefranklin Monteiro Santos

Fontes e referências digitais


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FONTES, Alexandre Simões. Pe. Fábio assume hoje a Paróquia Santa Te-
resinha. Portal Lagarto Notícias, 16 de janeiro de 2016. Disponível em
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e da Sagrada Face. Disponível em www.facebook.com/pg/ParoquiaDeSan-
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PERIS, Marcos. Irmã Claudira Ribeiro: “A vida para mim é essencial, é tudo,
a vida é bela”. Portal Lagarto Notícias, dia 28 de fevereiro de 2016 (Entre-
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irma-claudira-ribeiro-a-vida-para-mim-e-essencial-e-tudo-a-vida-e-bela.
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PERIS, Marcos. Bispo nomeia novos párocos das Paróquias Santa Luzia e
Santa Teresinha de Lagarto. Lagarto Notícias, dia 23 de janeiro de 2020.
Disponível em http://www.lagartonoticias.com.br/2020/01/23/bispo-
-nomeia-novos-parocos-das-paroquias-santa-luzia-e-santa-teresinha-de-
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PERIS, Marcos. Novo pároco da Paróquia de Santa Teresinha toma posse dia
2. Portal Lagarto Notícias, dia 31 de janeiro de 2020. Disponível em http://
www.lagartonoticias.com.br/2020/01/31/novo-paroco-da-paroquia-de-
-santa-teresinha-toma-posse-dia-2. Acessado em 28 de julho de 2020.
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30 dias na Igreja e no Mundo. Maio de 2003. Disponível em http://www.

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A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

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Lagarto Notícias. Lagarto-SE, 5 de outubro de 2015. Disponível em http://
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(1942-2020). Portal Lagarto Notícias. Lagarto-SE, 3 de junho de 2020. Dis-
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-dom-mario-rino-sivieri-1942-2020. Acessado em 26 de julho de 2020.
Transferência interrompe sonho de padre ser prefeito. Portal Destaque
Notícias. 24 de janeiro de 2020. Disponível em https://www.destaque-
noticias.com.br/transferencia-interrompe-sonho-de-padre-ser-prefeito.
Acessado em 6 de agosto de 2020.

185
Formato: 15mm x 21mm
Tipologia: texto, Cambria
Papel miolo: Pólen 80g/m2
Papel capa: Cartão Supremo 250g/ m2
Impresso: Gráfica JAndrade
A Santinha
DO NOVO HORIZONTE

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