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Redação - Quadro de elementos coesivos Opera10 (Atualização

2)

Prioridade, relevância. Em primeiro lugar, a princípio, primeiramente, principalmente,


primordialmente, sobretudo, etc.
Então, enfim, logo depois, imediatamente, logo após, a princípio, pouco
Tempo (frequência, antes, pouco depois, anteriormente, posteriormente, em seguida, afinal,
duração, ordem, finalmente, agora, atualmente, hoje, frequentemente, constantemente,
sucessão, às vezes, eventualmente, por vezes, ocasionalmente, sempre,
anterioridade, raramente, não raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse meio
posterioridade, etc.) tempo, enquanto, quando, antes que, depois que, logo que, sempre
que, assim que, desde que, todas as vezes que, cada vez que, apenas,
etc.
Semelhança, Como, consoante, segundo, da mesma maneira que, do mesmo modo
comparação, que, igualmente, da mesma forma, assim também, do mesmo modo,
conformidade. segundo, conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual, como, assim
como, bem como, como se, à medida que, à proporção que, quanto
(mais, menos, menor, melhor, pior)... tanto  (mais, menos, menor,
melhor, pior), tanto quanto, que (do que), (tal) que, (tanto) quanto, (tão)
quão, (não só) como, (tanto) como, (tão) como, etc.
Se, desde que, salvo se, exceto se, contanto que, com tal que, caso, a
Condição, hipótese. não ser que, a menos que, sem que, suposto que, desde que,
eventualmente, etc.
Além disso, (a)demais, mas também, outrossim, do mesmo modo, ainda
Adição, continuação. mais, por outro lado, também, e, nem, não só... mas também, não
apenas... como também, não só... bem como, e, além de, ainda, etc.
Dúvida, incerteza, Talvez, provavelmente, possivelmente, quem sabe, é provável, não é
imprecisão. certo, se é que, a caso, por ventura, etc.
Decerto, por certo, certamente, indubitavelmente, inquestionavelmente,
Certeza, ênfase.
sem dúvida, sobretudo, inegavelmente, com toda a certeza, etc.
Inesperadamente, inopinadamente, de súbito, imprevistamente,
Surpresa, imprevisto.
surpreendentemente, etc.
Ilustração, Por exemplo, isto é, quer dizer, em outras palavras, ou por outra, a
esclarecimento. saber, ou seja, ou melhor, aliás, ou antes, vale dizer, etc.
Propósito, intenção, Com o fim de, a fim de, com o propósito de, para que, a fim de que, com
finalidade. o intuito de, com o objetivo de, para, etc.
Lugar, proximidade, Perto de, próximo a ou de, junto a ou de, fora, mais adiante, além, lá,
distância. ali, algumas preposições e os pronomes demonstrativos, etc.
Conclusão, resumo, Em suma, em síntese, enfim, em resumo, portanto, assim, dessa forma,
recapitulação, etc. dessa maneira, logo, por isso, por consequência, assim, desse modo,
etc.
Por consequência, por conseguinte, como resultado, por isso, por causa
de, em virtude de, assim, de fato, com efeito, tão (tanto, tamanho)...
Causa e consequência, que, porque, porquanto, pois, já que, uma vez que, visto que, como
explicação. (=porque), portanto, logo, que (=porque), de tal sorte que, de tal forma
que, visto que, dado que, como, devido a, em virtude de, tendo em vista
isso, face a isto, etc.
Pelo contrário, em contraste com, salvo, exceto, porém, menos, mas,
contudo, todavia, entretanto, no entanto, embora, apesar de, ainda que,
Contraste, oposição,
mesmo que, por menos que, a menos que, a não ser que, em
restrição, ressalva,
contrapartida, enquanto, ao passo que, por outro lado, sob outro ângulo,
concessão.
apesar de, a despeito de, porém, sob outro ponto de vista, de outro
modo, por outro lado, em desacordo com, etc.
Alternativa Ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja ... seja, já... já, nem... nem, etc.
Negação Não, absolutamente, tampouco, de modo algum, nunca, etc.
Sim, certamente, efetivamente, realmente, seguramente,
Afirmação indubitavelmente, inquestionavelmente, sem dúvida, decerto, por certo,
com certeza, etc.
Bem, mal, assim, depressa, devagar, como, alerta, melhor (mais bem),
pior (mais mal), às pressas, à toa, às escuras, à vontade, de mansinho,
em silêncio, em coro, face a face, às cegas, a pé, a cavalo, de carro, às
Modo escondidas, às tontas, ao acaso, de cor, de improviso, de propósito, de
viva voz, de uma assentada, de soslaio, passo a passo, cara a cara, etc.
Também exprime modo a maioria dos advérbios terminados em mente:
suavemente, corajosamente, etc.
A, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por,
sem, sob, sobre, trás, além de, antes de, antes de, aquém de, até a,
Referência
dentro em, dentro de, depois de, fora de, ao modo de, à maneira de,
junto de, junto a, devido a, em virtude de, graças a, a par de, etc.
Muito, pouco, assaz, bastante, deveras, menos, tão, tanto, demasiado,
mais, demasiadamente, meio, todo, completamente, profundamente,
Intensidade excessivamente, extremamente, demais, nada (Isto não é nada fácil),
ligeiramente, levemente, que (Que fácil é este exercício!), quão, como
(Como cantam!), quanto, bem, mal, quase, etc.
Até, inclusive, mesmo, também, ainda, ademais, além disso, de mais a
Inclusão
mais, etc.
Exclusão Apenas, salvo, senão, só, somente, exclusive, menos, exceto, fora, etc
Redação - A coesão textual (Atualização 2)
"A coesão não nos revela a significação do texto, revela-nos a construção do texto enquanto edifício
semântico.”
(M. Halliday)

A coesão é uma relação semântica e gramatical


entre um elemento do texto e algum outro crucial para a suainterpretação, seja ele do próprio texto ou
não. Pode ser ainda um meio de conectar as ideias presente em discurso de modo que elas tornem-
se um todo inteligível e contundente. Para tanto, são dois os tipos de coesão textual possíveis num
texto: a coesão referencial e a sequencial.

A coesão referencial
Estabelece-se entre dois ou mais termos, sendo que um deles remete-se a outro elemento do texto
ao menos, a que chamamos referente. É construída por meio de vários processos que envolvem
mecanismos de reiteração, substituição, repetição, síntese, etc.

- Substituição de nomes por pronomes, numerais, advérbios, etc. (anáfora e catáfora)


Exemplos:

“A água é um dos bens mais preciosos que a humanidade possui. Essa, que há anos parecia ser infi
nita, está escassa.” (anáfora)

“Este mal que aterroriza muitos lares, a Pedofilia, está sendo alvo de estudos da Psicanálise.”


(catáfora)

“Várias cidades brasileiras tiveram o privilégio de serem escolhidas como sedes da Copa


do Mundo de 2014. Entretanto, cinco foram preteridas pelo comitê organizador do
evento.” (anáfora)

“A Suíça é um país que tem se aproveitado de obscuras e imorais regras do seu próprio
sistema bancário que permitem o depósito de dinheiro das mais duvidosas origens em
seus bancos. Lá, parece que as aparências realmente enganam.” (anáfora)

- Substituição por meio de “nominalizações” ou “verbalizações” - uso de substantivo que remete


a um verbo anteriormente enunciado ou o contrário.
Exemplos:

“Muitos nazistas recusaram-se a confessar seus crimes durante a Segunda Guerra Mundial.


Essa recusa provocou ainda mais a comunidade judaica quanto à vontade dela de que se fizesse
justiça nos julgamentos do Tribunal de Nuremberg.”

“A necessidade de alimento fez com que, em muitos países ao longo do ano de 2008, milhares de
pessoas fossem às ruas protestar contra essa situação. Mostrar-se necessitado de algo tão
essencial, não é vergonhoso a não ser para a humanidade e para a ideia de civilização.”

- Substituição por epíteto - palavra ou frase que qualifica pessoa ou coisa individualmente ou em
grupo.
Exemplo: 

"Argentina, Uruguai e Colômbia são países que são vistos como entre os mais prósperos da
chamada América espanhola. Tais países são em parte produto, portanto, da cultura imposta pela
Espanha durante a Colonização, mas também dos horrores e das injustiças atribuídas por muitos
historiadores aos conquistadores e colonizadores espanhóis."

- Substituição por meio de perífrase ou antonomásia - expressão de conhecimento público ou


peculiar responsável por caracterizar de forma específica um lugar, uma pessoa, etc.
Exemplo: 

"Paris foi uma cidade em que se encontraram muitos dos maiores intelectuais e artistas da história
da humanidade. A Cidade Luz ainda tem esse perfil, ainda que a qualidade dos homens e mulheres
do universo da intelectualidade e da arte que lá se encontram não seja o mesmo de outrora."

- Repetição de parte de um nome 


Exemplo:

"Charles Baudelaire é um dos mais importantes poetas franceses. Sua obra máxima é o livro de
poemas 'As Flores do mal'. Baudelaire também escreveu 'Paraísos artificiais', que trata de diversas
questões acerca do ópio, do haxixe e do vinho."

- Reiteração por elipse - consiste na omissão de um termo ou expressão que pode ser subentendido
pelas referências contextuais ou por já ter sido citado anteriormente.
Exemplos:

"O governo brasileiro investiu de forma intensa na criação de universidades públicas.


Também estimulou a criação de centros federais de educação técnica e profissionalizante."

"Os EUA envolveram-se ao longo de sua história em vários conflitos pelo mundo. O Brasil, por sua
vez, em poucos."

- Reiteração por metonímia – nesse caso, a coesão é estabelecida por uma relação de contiguidade
semântica entre os termos, em que um remete-se ao outro por nome que representa parte de um
todo.
Exemplo: 

"A monarquia ainda resiste em vários países do mundo. No Brasil, o trono não tem praticamente


nenhuma importância na vida política do país." (símbolo pela ideia significada)

- Reiteração por meio de palavras ou expressões sinônimas ou quase sinônimas


Exemplo: 

“Automóveis com pouca eficiência energética perderam vertiginosamente mercado nas últimas


décadas. Por causa disso, carros híbridos ou com motores flexíveis tornaram-se uma opção viável
economicamente para consumidores de todo o mundo.”

- Reiteração por associação - uma palavra retoma outra porque mantém com ela, em determinado
contexto, vínculos que podem ser associados ao campo léxico, semântico ou estilístico ao qual
ambas pertencem.
Exemplo: 

"As regiões de Santa Catarina e Maranhão foram pouco tempo atrás alvos de
grandes enchentes responsáveis pelo sofrimento e pela destruição dos lares de milhares. Entretanto,
tais alagamentos foram tratados de forma muito diferente pela mídia e, conseqüentemente, pelos
brasileiros, pois aquela foi beneficiada por amplas campanhas feitas pelas maiores redes de televisão
brasileiras, já esta foi praticamente ignorada pela chamada grande mídia."

- Reiteração por hiperonímia – relação estabelecida entre um termo mais genérico com outro mais
específico ou limitado.
Exemplo: 

"A água é muito mais do que um recurso com que os seres vivos hidratam-se. Esse líquido,
muitas vezes banalizado, é essencial para a existência da vida no planeta. Desde nossa origem até
a atual crise pela qual essa substânciapassa, indiscutivelmente, sua história cruza-se com a da
humanidade e a do mundo."
A coesão sequencial
Esse processo coesivo diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio dos quais se
estabelecem, entre segmentos do texto, diversos tipos de relações semânticas ou pragmáticas, à
medida que o texto progride com o acréscimo de novas idéias. É construída por meio de dois
mecanismos: a recorrência e a progressão.

- Coesão sequencial por recorrência ou parafrástica


Esse processo coesivo dá-se por meio de recorrência de termos, de estruturas (paralelismo),
de conteúdos semânticos(paráfrase), de recursos fonológicos (rima, ritmo, etc.),
de aspectos e tempos verbais com o intuito de produzir coesão em um texto. Exemplos:

“Um homem compra, compra, compra
Sem parar
Compra porque não sabe ver a si mesmo
Compra porque quer esconder de si mesmo
A razão última de tantas e variadas compras
Compra, compra, compra
Por não ter mais o que comprar
pois
tudo já foi vendido.” Vitório Sá  (recorrência de termos)

“Se não houvesse desperdício de água, muitas pessoas não morreriam
de sede. Se não houvesse desperdício de água, a necessidade de haver racionamentos
no consumo desse recurso natural seria menor. Se não houvesse desperdício de água...”
(paralelismo)

“Em todo enunciado, informa-se sobre algo de uma determinada maneira, isto é,


ao lado daquilo que se diz, há o modo como aquilo que se diz é dito." (paráfrase)

- Coesão sequencial por progressão ou frástica


É produzida por mecanismos linguísticos capazes de estabelecer uma seqüência lógica e inteligível
entre as ideias utilizadas em um determinado texto. Esse recurso é fundamental para a inteligibilidade
das informações presentes em um discurso e, evidentemente, das intenções que se tem em relação
ao fato de essas idéias terem sido escolhidas, de toda forma, para juntas produzirem um sentido
global que, em princípio, deve comunicar de forma coesa e coerente um determinado assunto, ponto
de vista, argumento, etc. São exemplos:

“Se o terrorismo não é, como a História mostra, um fenômeno exclusivamente islâmico como muitos
pensam, então, devemos repensar o preconceito que acumulamos em relação a esse povo que tanto
contribui para o avanço da humanidade nos últimos séculos.”

“Embora sejamos uma espécie aparentemente incapaz de antever seus erros, apesar de nossa tão
elogiada racionalidade, alguns homens têm tornado-se capazes de nos alertar sobre nossos
principais erros, sempre amparados pelo desejo inesgotável de conhecer. Portanto, o estudo e o
acesso à cultura são os únicos meios de sobrevivermos a nós mesmos.”

Redação - Coerência textual (Atualização 2)


“O homem que trabalha, que minimamente ganha a vida, que leia! Leia em casa, no ônibus, no metrô.
Leia naquela hora que os meios de comunicação devoram contando casos de polícia, bobagens
incoerentes, mexericos e fatos muito menores, cuja confusão e abundância parecem feitas para
aturdir e simplificar grosseiramente os espíritos.” 

(Paul Valéry)
A coerência textual está diretamente ligada à possibilidade de ser estabelecido um sentido para um
texto; ela depende de vários fatores para ser desenvolvida, tais como o conhecimento dos
interlocutores sobre o assunto, a informatividade do texto, a intertextualidade, etc. Sem esses
elementos, dentre outros, o texto pode ser até parcialmente compreensível do ponto de vista
linguístico, entretanto não terá validade como expressão do pensamento em relação ao qual se
requer organização, pertinência e embasamento teórico ou empírico, a fim de estabelecer-se um
processo de comunicação amplamente produtivo entre os envolvidos em uma dada situação
comunicativa.
Por isso, a coerência textual é regida pelo princípio da interpretabilidade possível para
o interlocutor ligado à inteligibilidade do texto produzido por um locutor atento às intenções
comunicativas pretendidas numa situação de comunicação específica. Essa interação determina a
capacidade que o leitor terá para compreender de forma satisfatória o sentido do texto.

São fatores responsáveis pela coerência em um texto:

- Os elementos linguísticos são os mecanismos de ativação dos conhecimentos a serem


apreendidos pelo interlocutor, ou seja, são uma espécie de meio pelo qual as intenções
comunicativas sejam perpetradas com o intuito de transmitir uma determinada informação.

- O conhecimento de mundo é determinante no estabelecimento da coerência, já que, tanto por


parte do autor de um texto quanto por parte dos leitores dele, esse fator é crucial para produzir
sentido para um texto. Assim, o repertório cultural dos interlocutores é decisivo para que um texto
seja compreendido. Tal repertório é adquirido de forma tanto empírica quanto teórica, e sua
abrangência e sua qualidade dependem das oportunidades, dos objetivos, das escolhas e da
curiosidade que determinaram a formação cultural de um indivíduo.

- O conhecimento compartilhado refere-se à quantidade e à qualidade de informações conhecidas


sobre determinado assunto pelos interlocutores envolvidos em uma situação comunicativa. Dessa
forma, um texto terá geralmente tantas informações já conhecidas pelo autor e pelo interlocutor
quanto informações novas. Essa relação será definida pelas diferenças e semelhanças entre os
repertórios culturais dos interlocutores. A capacidade de despertar interesse, a pertinência e a
importância de um texto são, em grande medida, definidas pelo equilíbrio entre informações novas e
dadas (“velhas”) presentes nele. Esse fator de coerência é muito importante em textos jornalísticos,
que equilibram informações dadas para que o leitor possa ter elementos para entender a notícia e
informações novas para que ele se interesse em lê-la ou vê-la.

- As inferências são o resultado do cálculo de um interlocutor a respeito das informações implícitas


ou apenas sugeridas em um texto. A qualidade desse processo depende naturalmente do
conhecimento de mundo, da atenção e da sensibilidade do leitor ou do ouvinte inserido em uma
situação comunicativa. Em textos literários, humorísticos, entre outros, esse fator de coerência é, por
vezes, determinante para a satisfatória compreensão do texto.

- Os fatores de contextualização são referenciais, marcas ou mesmo dados comunicados em um


texto em uma situação comunicativa determinada para que ele possa ser melhor e integralmente
compreendido em função desses mecanismos usados para situar um processo comunicativo quanto
ao espaço, ao tempo, às circunstâncias, às condições de produção, etc. Tais elementos
contextualizadores podem ser a data, o local, a assinatura, os elementos gráficos diversos
(ilustrações, fotos, disposição espacial, etc.), a entonação, o timbre, o sotaque, etc. Existem ainda os
chamados elementos perspectivos ou prospectivos, que são o título, o nome do autor e o início de um
texto. Isso porque o título geralmente auxilia na previsão do que será lido posteriormente; o nome do
autor diz sobre a temática, o estilo ou mesmo as intenções do texto e o início do texto revela dados
sobre o conteúdo e a forma do que se quer comunicar. Tais fatores são sobretudo importantes em
correspondências oficiais, cartas diversas, textos jornalísticos, etc.

- A situacionalidade é um fator muito importante para estabelecimento da coerência textual, porque,


em primeiro lugar, um texto pode ser coerente em uma situação, mas não o ser em outra. Por isso,
situacionalidade é o grupo de exigências ou referências externas ao texto que podem influenciar a
produção textual ou por elas ser influenciada. Um exemplo oportuno é o texto de concursos
vestibulares, já que o texto produzido pelos candidatos deve atender a exigências acerca do gênero
textual, da variação linguística, do tempo, do tema a ser debatido, etc.
- A informatividade refere-se ao grau de previsibilidade das informações contidas no texto, ou seja,
se nele são reunidas informações o bastante para que ele seja compreendido como uma unidade de
sentido independente e completa quanto ao que informa. Um texto será pouco informativo quando ele
for construído em torno de informações previsíveis ou redundantes e quando nele faltarem
informações cruciais para seu entendimento seja pela incompetência do autor do texto ou por
qualquer outra razão responsável pela insuficiência informativa dele. 

- A focalização refere-se - como fator de coerência - a um processo que submete o entendimento do


texto às condições de produção controladas pelo tipo de repertório cultural, de profissão, de
inclinação ideológica, etc., a que respondem um determinado autor. Tal processo também ocorre com
o interlocutor que pode, em função das mesmas razões, alcançar determinado nível de leitura, ou
mesmo interferir em como ele recebe, interpreta e julga determinada intenção comunicativa. Exemplo
disso seria a solicitação de que um ateu, um muçulmano e um cristão escrevessem um texto sobre
Deus, para que depois fossem lidos por um psiquiatra, um teólogo e um linguista. Certamente, cada
produtor de texto faria um texto focalizado em suas concepções sobre Deus, enquanto cada leitor
submeteria as idéias dos três autores a seu repertório cultural, o que os faria ler de forma
razoavelmente distinta o que qualquer um dos três textos contivesse.

- A intertextualidade é um fator determinante na produção de coerência em um texto, pois, sem


conhecimento prévio de outros textos, não há como produzir um ou mesmo o ler de forma satisfatória.
A intertextualidade pode ser relativa à forma, quando há referências em um texto a passagens,
estruturas estilísticas e preferências estéticas constantes em outros textos. Quanto ao conteúdo, a
intertextualidade é de ocorrência contínua na produção textual, porque é improvável que as
produções textuais de um determinado período histórico ou artístico, de um grupo de profissionais, de
campo da Ciência, etc., não dialoguem de forma explícita ou implícita, contínua e intensa.

- A intencionalidade trata do modo como os locutores usam textos para alcançar seus objetivos,
para tanto adéquam suas produções discursivas com o intuito de obter os efeitos desejados nos
interlocutores. Esse processo dialoga e é dependente da aceitabilidade, outro fator de coerência
textual, que o interlocutor pode ter de forma consciente ou não em relação aos mecanismos e às
ideias apresentadas pelo autor de um texto. O mediador desse processo entre a intencionalidade e a
aceitabilidade é a argumentatividade, que se manifesta textualmente por meio de muitos
procedimentos e recursos retóricos empregados com o objetivo de convencer alguém sobre um
determinado ponto de vista. Dessa forma, a argumentatividade permeia todo processo linguístico, já
que a maioria dos linguistas admite não haver textos neutros, ou seja, não há interação textual em
que não seja possível mesmo inferir alguma intenção argumentativa.

- A consistência é o fator de coerência textual responsável por garantir que as partes de um texto
contribuam entre si para cooperar com a produção de um texto que seja uma unidade de sentido
completa e pertinente com a realidade imediata ou interior à própria produção textual. Por relevância
entende-se o fator de coerência capaz de orientar a produção textual de um indivíduo no sentido de
cooperar com uma discussão subjacente à situação comunicativa , ou mesmo em um diálogo.

Como forma de resumir e sintetizar as ideias acima, a partir do texto dos autores que norteiam a
concepção de Coerência Textual usada como referência teórica nesta teoria, segundo Koch e
Travaglia:

“Não existe o texto incoerente em si, mas o texto pode ser incoerente em/ para determinar situação
comunicativa. [ ... ] O texto será incoerente se seu produtor não souber adequá-lo à situação, levando
em conta intenção comunicativa, objetivos, destinatários, regras sociais culturais, outros elementos da
situação, uso dos recursos lingüísticos etc. Caso contrário, será coerente.
É evidente que a capacidade de cálculo do sentido pelo receptor é fundamental. Pode acontecer que,
mesmo o texto sendo bem estruturado, com todas as pistas necessárias ao cálculo do seu sentido,
um receptor pode, no nível individual, não ser capaz de determinar o sentido por limitações próprias
(não domínio do léxico e/ ou estruturas, desconhecimento do assunto, etc.), nesse caso, não dirá,
sobretudo considerando o produtor, que o texto é incoerente, seu comentário será: 'Não consegui
entender este texto'." 
(Ingedore Grufeld Villaça Koch e Luiz Carlos Travaglia. A coerência textual. São Paulo: contexto,
1993.p.50)

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