Debate: Relações fusionais, fetichismo e falhas na simbolização -
13.11.2020
CEP - Centro de Estudos Psicanalíticos
3,04 mil inscritos
Debatedores:
Adriana Meyer Gradin
Psicanalista, doutoranda em Psicologia Clínica, no Núcleo de Método Psicanalítico na
PUC-SP. Mestra em Método Psicanalítico pela PUC-SP. Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi e integrante do Laboratório de Estudos da Intersubjetividade e Psicanálise Contemporânea (LIPSIC). O mestrado teve como título “Tédio e Apatia Como Sintomas: Manejos na Clínica Psicanalítica”. Publicou na Revista Brasileira de Psicanálise o artigo: “Tédio: Três Formas de Manifestação na Clínica Psicanalítica”.
Carla Metzner
Psicóloga, psicanalista e mestranda que vem estudando processos de simbolização
arcaicos entre mãe e bebê.
Vanessa Chreim
Psicóloga, psicanalista, membro do Departamento de Formação em Psicanálise do
Instituto Sedes Sapientiae e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP.
sexta-feira | dia 13 de novembro- horário | 19h às 21h
Transcrição: aqui hoje com vocês em primeiro lugar eu queria agradecer o
convite do CEP para participar desse debate sobre temáticas tão interessante né que vão se entrecruzando e atravessando uma das outras e sobretudo por instalado de analistas e pesquisadores na tão dedicadas nesses assuntos que vamos tratar que hoje eu me sinto muito animada particularmente para falar sobre relações funcionais porque eu venho me dedicando a esse tema recentemente no doutorado como poderia escolher diversas Vertentes para abordar as relações funcionais e temos aqui uma limitação do tempo eu vou tentar circunscrever o tema alguns pontos e principalmente falar de aspectos clínicos para gente deixar depois algumas questões e dúvidas para o debate final quando a palavra circular para todos vocês que estão assistindo a princípio que foi suscitando meu interesse quando as relações funcionais seu aparecimento no consultório de muitos casos clínicos que gravitavam em torno dessa questão filhos e filhas que falavam em análise uma ligação muito descer profunda com pai com a mãe Independência quase determinante na vida e falaram também de uma bivalencia nesses dias traziam a sensação boa do discutir privilegiado de um lugar especial mas por outro lado também eram marcados por muitas cobranças muitos sacrifícios em alguns casos até mesmo a vivência de aprisionamento dos filhos a esses pais e mães né em razão disso apareceram sentimentos mesclados de amor e de ódio de muitas de estabilidade também de insuficiência de atender as demandas desses pais ao longo do tempo muitas indagações de sobre a vida amorosa sobre a dificuldade de manter relações amorosas duradouras e um desses analisando se referia particularmente a essa ideia de se sentir como um recém da mãe mesmo próximo dos 40 anos ele não conseguia se mudar da casa dela outra analisando ainda me trazia a questão de Que Nunca nenhum homem faria com que ela se sentisse tão especial e única como pai fazer com que ela se sentisse E além disso outro caso mais grave em que as tentativas de se filho dessa mãe se separarem para viverem uma vida autônoma e morarem em casas separadas acabava por agressões físicas e verbais graves Então o meu interesse surgiu daí Surgiu da Clínica eu fui começando a buscar aportes teóricos quanto ao tema para me auxiliar né com essa escuta e com esses manejos clínicos desses casos que apresentam muita complexidade um pouco falando da ideia de nascimento psíquico né quando a gente pensa no bebê humano uma das premissas aqui o nascimento que se conhece a experiência de adquirir um senso de identidade de se sentir diferenciado de se sentir autônomo é muito diferente do Nascimento biológico que é um evento único e determinado processo do Nascimento psíquico longo intrapsíquico e intersubjetivo Então vamos pensar juntos aqui nos primeiros passos de um bebê para a gente refletir sobre essas ideias na autonomia fusão simbiose eu vou imaginar uma mãe ensinando um filho Ela tá de frente para ele ensinando a ele dar os primeiros passos andar sozinho ela vai segurando com gestos que ela pode apoiá-lo na caminhada mas deixa também sentiment longe que ele Experimente diretamente apoiado além dessa sintonia desse compasso ela coloca também na cena encorajamento e nesse rosto tem uma expressão de palavras de recompensa então esses dois olhares estão na talvez presos por um Alelo em mais não ela o firme que faz com que essa criança as dificuldades e posso enfrentar de caminhar sozinho então ao longo desse ele quer chegar ao aconchego da mãe mas também tem a vivência de andar sozinho uma das autoras que se dedicou a esse tema da separação individuação e ela traz uma metáfora simples é bem interessante que é da mãe pássaro a mãe a mãe que deve dar um leve empurrão para passarinho para que ele possa assumir uma atitude autônoma processo de individuação saudável do ser humano depende desta disposição da mãe de soltar o filho dando a ele essa coragem né de se tornar independente autores que se dedicaram também ao tema Vamos pensar que no início Bob Marley e ele a Jéssica Beijamim se dedicaram a Esse estudo da individuação da Separação do Apego da fusão e sobretudo dessa ideia Inicial mãe-bebê e tinham sempre como plano de fundo uma pergunta né de que forma emergem sujeitos de um estado de unidade simbiótica com a mãe e como é que vai ser atingindo gradualmente essa separação entre psique e daqui vai permitir com que eles possam ser o mundo de do seu próprio modo né estão do lado da criança vão pensar em duas correntes pensando ainda A primeira é um pulso da criança de se afastar de caminhar na de conquistar o mundo mas também de ser seguida pela mãe e novamente carregada no colo e a segunda ao sentimento de pode ser engolida pela mãe e perder a chance de explorar o mundo desejo e medo esse desejo de explorar o mundo aliado também aquela aquele medo de se perder na unidade se ele voltar é o objeto mãe do lado das Mães e dos Pais também a gente sabe que algumas enfrentam com muita ambivalência esse processo de locomoção dos filhos interrompem a caminhada do filho abraçando precipitadamente se antecipando carregando no colo nessa tentativa muitas vezes inconsciente de evitar o processo de autonomia correndo conflitos no curso desse processo de separação fazendo um declínio significativo no prazer essa descoberta do mundo para o filho dessas rotas diferentes daquelas rotas conhecidas em muitos casos aparece uma angústia de separação intensa demais e dificulta a toda essa caminhada eu tô dizendo que muitas vezes é o próprio ambiente que vai se tornando patogênico trazer na cena invasões excessos ataques em razão disso vão aparecendo sintomas variados que podem se manifestar muito precocemente mas também que continuam a se expressar na vida adulta desse jeito né então o bebê precisa do Ego externo da mãe para isso adaptando a realidade e quando não é possível essa sincronia entre Idas e Vindas para autonomia e não é possível que o bebê e a mãe Olhe pensando também o bebê e o pai posso desfrutar de uma relação livre enriquecedora vão ficando comprometidas muitas aquisições importantes por exemplo a delimitação das fronteiras do eu então a dependência da mãe em relação ao bebê pode assumir um caráter patológico Eu trouxe um exemplo aqui um pequeno exemplo para contar para vocês narrado pela Cassandra França recentemente um dos livros dela paciente esquizofrênico que confessa ela diz assim a mãe confessa com simplicidade com orgulho eu gostava tanto de dar de mamar para ele que quando ele já estava cheio eu Cunha mão e o dedo na sua boquinha e fazer ele vomitar Você sempre tem muito triste mas nele fica claro que a mãe não é capaz de perceber o filho como outros e não é como um sujeito inteiro Pedro que merece cuidado singulares ele vai sendo carregado por ela em balado por ela mas como um pedaço dela né como objeto parcial prata desfazer o desejo pessoal dela de amamentar Ligar para gado pela mãe com uma pessoa necessidade dela que passam a comprar preocupação materna primária e temos um nicot anos como ajuste da mãe as necessidades do filho fica prejudicado esse desenvolvimento normal por que ele não ocupa um espaço de autoridade fica como de alguém externo a mãe e fica como uma pedisse dela como prolongamento E aí passa a figurar na relação em que ele passa a ser a fonte de satisfação então que eu vou tratar hoje aqui um pouco dessas situações em que a mãe a pai não tem uma relação fundada com a alteridade no seu no seu psiquismo então compromete-se uma básica percepção do outro como sujeito ataque desses travinhas desses percalços num processo doação entre pais e filhos e vamos pensar então na posição dos filho da filha dentro da família Antes de tudo eu queria falar que vou falar muito mais disfarçadas insidiosa são tão explícita como exemplo que eu dei antes mas que na clínica colocam o analista em situações bastante delicadas e peculiares nas disputas Justamente por isso ações acabam por gerar uma vivência de abandono automático e dentre elas eu vou aceitar três que apareceram na clínica como mais frequentes né filhos e filhas em primeiro lugar que passa a ocupar o lugar de parceiro do pai ou da mãe como se fosse uma relação amorosa filhos e filhas que ocupa o lugar de melhor amigo e confidente filhos e filhas que ocupam lugar de bode expiatório ou com ponto de descarga de mazelas na da vida adulta do genitor e vamos pensar nesses aspectos e nas consequências desses escravos No primeiro caso a mãe ou pai se dirige a essa criança em busca de um parceiro substituto e lançam né sobre a criança expectativas que seriam depositadas num parceiro de uma relação amorosa expectativa de companhia de atenção de carinho e junto a isso muitas manifestações excessivas de ciúme começam aparecer quando filho a filha passam a se interessar por alguém da sua idade cidade de adesão entre pais e filhos passou a ser chamada por alguns autores silenciosa e outros de uma forma mais contundente de síndrome do inseto emocional que eu vou comprar rapidamente a você sobre a paciente Marla que têm esse título síndrome de festa nacional analise quando já está adulta e conta que desde 4 anos de idade era uma eximia jogadora de tênis super qualificada a ponto de ganhar o campeonato nacional e ela era absolutamente devotado à ela eles viajaram para as competições seus pedaços de mesmos lugares e dançavam nessas festas dos torneios a ponta dela na rainha análise que ela se sentia como a única companheira do pai como se a mãe dela sequer existisse bem vestida e contava então em análise que queria falar que era tudo muito romântico mas precisava deixar bem claro que não tinha havido nenhuma blusa sexual ele apenas abraçava ela quando eles estavam dormindo mas lá já adulta né entre análise e conta que sempre se sentiu assim indigna de reconhecimento apesar de ser super graduado e trabalhar em Altos cargos ela sofre de compulsão alimentar e vai pulando de relação em relação sempre com a mesma de velhas sem se apegar nenhum deles então esses sintomas aparentes a levaram análise e vai sendo descoberto que o casamento dos pais já tinham desmoronado quando ela nasceu e a mãe havia feito outra relação funcional com primogênito com irmão mais velho da Marla cada um dos pais que ligando um dos filhos de uma forma fracional e amanhã acabava sendo verbal mente abusiva com ela distante porque se ressentir muito da atenção excessiva que o pai dedicava a mala idade achava todos infantis e achava que nenhum homem né conseguiria amar o pai como ela o pai começou a agir nesse caso como namorado ciumento isso foi acompanhando a vida dela ponto dela descobrir depois em análise que ela viveu um longo estado de privação ela não teve direito de construir uma identidade própria não aprendeu a nadar não brincou com pessoas da idade dela mas ela viveu para atender as demandas desse pai então a adolescência e infância dela foram contaminadas por essa relação fusional que tinha usurpado a possibilidade dela de ser uma criança livre e passar aí por cada uma das fases do seu desenvolvimento apreciar foi tratado olhada pelo pai como uma filha reconhecimento sua singularidade mas como objeto atendimento das necessidades do adulto solitário que ele foi virando ao longo da vida que representa né O que os autores vão chamando de festa nacional que abrange pai e filha vivendo como casal emocionalmente sem que o pai possa estabelecer limites apropriados como matrimônio psicológico né esses autores talentando relação e sua esposa camuflada em coberta é bom é importante ressaltar que eu não tô falando aqui de abuso sexual em sentidos não tem relações sexuais tops corporais insinuações que envolvem algo dessa ordem então no processo analítico não vamos escutar paciente que se sentiram abusado se sentiram vítimas Por que história que eles tiveram que contar para eles mesmos fala de uma posição de Privilégio ao desfrute de um lugar muito especial de terem sido adorados pelo pai e pela mãe então esse indivíduo que ocupa lugar de parceiro substituto do genitor tem uma ferida profunda com consequências duradouras porque vive um abandono cromático e sempre aparece sempre se repete um medo intenso de ser endossados por um novo parceiro amoroso na vida adulta muitos afetos de culpa e de obrigação de cuidados com pai ou a mãe faz fidelidade aquela simbiose originária então para segunda posição né tentando aqui agilizar no tempo então essa segunda posição é que o genitor assumir um filho do mesmo sexo para assumir o lugar de melhor amigo confidente Clínica do Henrique também rapidamente o Henrique a que dividia com ele desde 12 anos detalhes extremamente carregados de citação sobre as conquistas amorosas contando experiências sexuais com meninas novas situações envolvendo álcool drogas detalhes estão deixando Henrique muito atordoado detalhes Muito picante dessas aventuras e falava muito da irrelevância do Romantismo da fidelidade e logo depois de contar essas histórias muito pesadas sexuais envolvendo violência com mulheres o pai do Henrique costumava ter conversas que o Henrique de escrever como calmas abraçava o filho e dizer que eles seriam os melhores amigos da vida amigos para sempre então para ser alçado nessa condição de melhor amigo que pagava esse preço de ouvir tudo isso e se sentir muito perdido ele chegou em análise comigo né com quase 50 anos depois de números relações com mulheres que ele não conseguia nome a chamando de a primeira a segunda número 3 e assim sucessivamente e ele me contava com orgulho que colecionava relacionamentos que nunca se apegar e queria deixar bem claro sempre para cada mulher ele não promete nada que não vai ter compromisso e que ele não quer se sentir nem vulnerável nem íntimo de ninguém ai né mais para frente Nale como melhor amigo mas que ficava sempre meio associada a atos de violência a intensidade sexual de medida sempre foi para ele um enigma ele falou assim para mim eu acho que meu pai não conseguiu me proteger porque às vezes ele não via mais ninguém além dele mesmo