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BACHARELADO FILOSOFIA
DISCIPLINA - LÓGICA I
JOHNNY GONÇALVES
PROF. DR. ROBSON FIGUEIREDO BRITO
JOHNNY GONÇALVES
BELO HORIZONTE - MG
2022
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO E INTRODUÇÃO
2. O SOFRIMENTO DO NASCER
Porque o recém nascido chora assim que nasce? De acordo com os médicos
especialistas, o primeiro suspiro da criança causa muita dor, já que seus pulmões
nunca foram usados antes.
Por algum motivo sinto que esse fato deveria soar irônico, mas não é o caso.
O dom da vida vir acompanhado da dor do primeiro suspiro, ou até mesmo o amor
materno acompanhar a dor do parto, tudo isso se relaciona, nada é homogêneo.
Apesar de ter tido a experiência dessa dor do primeiro suspiro quando nasci,
conclui que o mundo não é uma grande dicotomia apenas na fase da adolescência.
Antes de chegar nela, devo repassar por todo o caminho.
Como tudo que vive, independente da condição, tive minha origem de alguma
forma. Eu nasci na Flórida, estado no sul dos Estados Unidos, país norte americano.
Presenteado com a vida por uma mulher que, já era e viria a ser, a mulher mais forte
que conheci e um homem com a mente conturbada e aguçada na mesma medida.
Gosto de pensar que enquanto morei lá, vivia numa espécie de “cercadinho”,
protegido do mundo. Além da proteção dos pais, a ignorância em ser uma criança
não dava margem a algum pensamento crítico. Tal ignorância me privou de
sofrimentos mundanos que uma criança de fato não precisaria se preocupar, mas
aos poucos esse “cercadinho da ignorância” foi se rompendo.
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A ignorância não molda o ser mas o afastamento dela sim. Para concluir isso,
basta encarar o passado com um olhar crítico e então se colocar no lugar do seu Eu
do passado, quais das duas visões será mais crítica, pura, esclarecida? Tenho para
mim que a visão atual, já que já tivemos a visão do passado e tivemos a
oportunidade de criticá-la e reconstruí-la ao longo do tempo.
Com a grande ignorância vem a limitada comunicação. Choros, grunhidos, a
incapacidade de sintetizar o código da língua se torna um reflexo do que há de mais
animal no humano. A vontade e determinação de sobrevivência são o propósito da
criança e com eles, os surtos de choros, fonemas ininteligíveis, quase como um
animal que urra para sua presa para assustá-la ou uiva para a alcateia para se
reagruparem.
No meu caso foi ainda mais difícil se comunicar já que tive contato com três
línguas diferentes neste período. A confusão de palavras de diferentes idiomas na
mesma frase ou não saber o que certa palavra significava era rotineiro. Isso resultou
em uma comunicação clara apenas aos quatro anos de idade.
Como eram organizados os pensamentos de uma criança que não sabia nem
organizar uma frase sem se embaralhar?
Qual a importância das memórias na vida? Parece uma pergunta boba, mas
quantas vezes cometemos o mesmo erro várias vezes ou nos esquecemos do
quanto algo é meritório na nossa vida? A lembrança é como um material de estudo,
um livro importante, não nos molda mas faz com que nunca esqueçamos do que
pode nos moldar.
Se eu me esquecesse de quem sou, quem seria eu? O que conforta minha
existência? Qual é a minha garantia de que o que vivi foi de fato o que vivi?
Minha primeira memória foi de um dos momentos mais especiais da minha
infância. Por motivos que meus pais nunca quiseram me falar, meu pai teve que
voltar para o Brasil e ficamos quatro meses longe um do outro. Eu ainda não
conhecia minha família pessoalmente, já que toda ela morava no Brasil e não nos
Estados Unidos. Minha mãe viu como uma oportunidade de regressar ao Brasil a fim
de promover os encontros e reencontros.
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Foi no momento do pouso do avião que direcionei o olhar para uma janela do
aeroporto com uma figura que balançava os braços incansávelmente, era meu pai. É
tudo que eu lembro desse dia. Minha mãe fala que era época de natal e que tiramos
uma foto no aeroporto, mas essa memória que tenho é muito mais válida do que
uma simples foto de natal. Eu consigo lembrar do meu ponto de vista naquele
momento e principalmente do sentimento que eu tive em ver meu pai depois de
muito tempo.
Não me lembro se consegui concluir naquele momento ou se apenas mais
velho eu concebi tal ideia mas eu consegui entender a importância da minha família
na minha vida. Antes daquilo, eu sofri mais do que já tinha sofrido em toda minha
vida e que eu sofreria por muito tempo dali para frente.
Com minha ignorância infantil, eu vivi um momento de total felicidade,
ignorando todo o sofrimento passado e focando apenas no presente. A dicotomia da
vida ainda fazia sentido nessa época, já que eu passei por um momento de total
tristeza e dor e logo depois um momento de total alegria e alívio. Isso não significa
que a vida era de fato dicotômica, mas que, pela minha idade e falta de
conhecimento e maturidade, eu não era capaz de concluir algo tão lastimável.
3. ANOS INFANTIS
Me orgulho do que passei no período da infância, fui criança quando tive que
ser e amadureci mais rápido que as pessoas ao meu redor. Tive uma vida em que
me deram tudo fácil quando podiam e quando não podiam era porque passamos por
tempos difíceis. Na infância, desconhecia a existência desses tempos e isso não
quer dizer que não existiram.
Aos seis anos fui matriculado em uma escola particular de ensino privilegiado.
Minha mãe trabalhava dia e noite para pagá-la, por isso, era menos presente do que
desejava e que eu necessitava. Com isso, cresci antissocial e tímido, diversas
questões reprimidas e que eu só conheceria no período da adolescência.
Dois anos depois minha mãe engravidou e perdeu o emprego. Foi aí que tudo
realmente começou.
Com a falta de dinheiro, meus pais trabalhavam incansavelmente e eu os via
menos ainda. Apesar da jornada de trabalho, o dinheiro continuava escasso e eu
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encarava aquilo de forma imatura, o que era normal vindo de uma criança. Na
escola, todos meus colegas tinham mais dinheiro que eu, já que agora, eu era um
dos únicos alunos que eram bolsistas da sala. Meu corpo também não os agradava,
o que gerava comentários e brincadeiras que me desgostavam. Reagia com rebeldia
dentro de casa, não entendia o porquê de eu ser o alvo daquilo tudo. Será que fiz
algo que descontentou Deus? Ou será que Deus não existe? Será que nada disso
faz sentido? O que é sentido?
Nesse momento, aos dez anos de idade, pensei, como poucas vezes o fiz.
4. AMADURECER
Com minha vida de cabeça para baixo, entendi que a vida era mais amarga
do que eu imaginava. Hoje em dia, consigo ver como todo meu descontentamento
com a vida esteve diretamente ligado a fatores financeiros.
Dos nove aos treze, vivi minha vida com rebeldia e descontentamento.
Trabalhava com meus pais na nova empresa que fundaram, já que nunca gostaram
de terem chefes. Apesar da empresa, eu tinha que trabalhar para sustentar o meu
“luxo”, como diziam, e de fato, eu só arcava com minhas questões triviais. Meus pais
não deixavam nada faltar em casa. Claro, algumas contas em atraso de vez em
quando, mas a comida estava sempre servida na mesa.
Depois dos treze, depois de uma conversa onde meus pais me mostraram as
contas de casa e o levantamento financeiro, me vi numa situação de quase pobreza.
Neste momento, me vi como homem, no início da adolescência, tive que tomar uma
postura muito diferente dos meus colegas e amigos de turma.
5. OS OLHOS ARDEM
5.1 Negação
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5.2 A arte
filosofia eram o alvo dos meus poemas e produções musicais um tanto quanto
amadores.
Com quinze anos ainda me via revoltado mas guiado pela arte. Talvez a vida
fazia um pouco mais de sentido naquela hora. Questões espirituais e religiosas
também voltaram a ser questionadas por mim e o ímpeto da prática se tornou uma
vontade. Caminhei por igrejas, centros, templos e onde mais me encontrei, nos
terreiros de matriz africana.
A religiosidade fomentou a ira que sentia por quem dominava. Com todo o
preconceito que sofria me sentia acuado por uma maioria social que, apesar de
algumas características que identificavam semelhantes em mim, não me encaixava.
Minha arte sofria influência disso tudo.
5.3 A filosofia
5.4 Dicotomia
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5.5 Faculdade
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Até hoje não tenho respostas. Moro com um amigo na casa dele,
desempregado e procurando emprego, estudando na PUC e com mais perguntas
que respostas.
6. CONCLUSÃO
Sinceramente, não tenho nada para concluir, ainda vivo. O que eu posso
afirmar? Só tenho conhecimento que não sei de nada, que ainda estou apto a
continuar não sabendo. Talvez um dia me canse de só ter dúvidas e me estabilize no
senso comum da idade adulta, com mais respostas que perguntas. Talvez meus
olhos não arderiam mais e talvez eu fosse infeliz em segredo.
Sei que fui salvo pela arte e a filosofia, me desprendi na ignorância e rebeldia,
hoje posso viver como sempre quis, como eu quero, independente de como seja, eu
confio na minha capacidade de saber o que quero.
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7. REFERÊNCIAS