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Por: !"#$%$
14 de outubro de 2019

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Oi, meninas!

Hoje em dia é muito comum ouvirmos o termo “criança


terceirizada”. Mas o que realmente isso quer dizer e o que isso
pode causar nas crianças?

As crianças terceirizadas são aquelas cujo os pais transferem para


terceiros a tarefa de cuidar, se preocupar e se responsabilizar por
elas. Realmente o termo é um pouco forte, mas, atualmente, os
pais estão deixando os filhos sob a responsabilidade de terceiros
cada vez mais para fazer suas coisas, mesmo que não seja ir
trabalhar.
:
Nunca me esqueço de uma história que me contaram e que fiquei
chocada… Uma mãe (que não conheço) tem três filhas que ficam
aos cuidados da babá, pois ela é executiva de alto padrão e
precisa realmente se dedicar à carreira. Até aí, ok… Mas, naqueles
dias em que ela poderia chegar em casa mais cedo para ficar com
as crianças, ligava para a babá e perguntava se as meninas ainda
estavam acordadas. Em caso afirmativo, ela dizia que então
entraria pela porta dos fundos para as meninas não a verem e
pedia para a babá avisá-la quando já estivessem dormindo. Oi???
Desculpem, mas não consigo entender esse tipo de atitude.

Quero deixar claro que não estou aqui para julgar ninguém,
apenas informar pessoas, por meio de dados científicos e
psicológicos de algumas consequências que esse tipo de conduta
pode causar. Ninguém aqui precisa provar nada para ninguém,
criar filhos não é algo que se faça sozinho. Precisamos, sim, de
uma ajuda. E também não acho que a mulher precise de fato
abandonar sua carreira.
:
Enfim, um vídeo muito conhecido do pediatra Dr. José Martins
Filho, professor da Unicamp e autor de livros conceituados sobre
este mesmo assunto, explica que esse “abandono” traz
consequências e faz surgir a figura da “criança terceirizada”.
Baseado nele e em outras fontes, fiz uma lista das consequências
que isso pode causar.
:
Vamos à lista!

1) Quebra de vínculos

Por mais que a mãe precise trabalhar, é muito importante que ela
se planeje e que consiga ficar o maior tempo possível com seu
filho. Substituir os cuidados da criança com algum outro adulto
(babá, avó, avô etc.) não é a mesma coisa. O vínculo,
principalmente no primeiro ano de vida do bebê, é fundamental e
é maior com a pessoa que cuida, que fica junto. Portanto, se o
bebê passa 90% do tempo com algum outro cuidador, o vínculo
será maior com ele. Martins não critica as mães que precisam
realmente trabalhar e ajudar a família, mas pede que priorizem os
filhos. “Trabalhem, mas não esqueçam as crianças. Sempre que
possível, fiquem com elas. Deem atenção e mostrem carinho”.

2) Educação que os pais não aprovam

Muitos pais exigem que as escolas eduquem seus filhos. Porém, o


papel da escola é alfabetizar, ensinar conhecimentos gerais, dentre
outras coisas. Mas a educação vem de casa. Quem deve ensinar a
andar, tirar a fralda, chupeta, falar “obrigado”, “por favor”, portar-
se à mesa, ter afeto, modo de conversar etc., é a família! Portanto,
não exija uma educação exemplar se você não tem paciência para
mostrar ao seu filho o que é certo.

3) Falta de limites

Assim como na educação, os pais é que devem saber impor limites


às crianças. As crianças terceirizadas, na grande maioria das
vezes, não têm limites. Isso porque os pais chegam em casa tarde
da noite e não querem brigar com os filhos, não querem que as
crianças chorem ou gritem por algum motivo, então eles acabam
cedendo a tudo o que os filhos exigem. E esse tipo de atitude é
crucial na educação.
:
4) Prioridade invertida

O que acontece atualmente é que os pais têm grande limitação em


abrir mão do conforto da vida que tinham antes dos filhos. Ou
seja, querem o prazer de ter filhos, mas ignoram o desprazer,
como se o ônus e o bônus não fizessem parte do mesmo pacote. O
que é realmente prioridade na vida dos pais? A presença do pai ou
da mãe é fundamental nos momentos de troca de fralda, quando a
criança está adoecida, quando está num momento de birra… Não
apenas quando está sorrindo e brincando.

5) A não valorização do outro

Diversos casos de delinquência juvenil, quando observados de


perto, mostram crianças que foram totalmente solitárias, criadas
sem vínculos razoáveis e, por viverem sob um abandono
dilacerante, não aprenderam a valorizar “o outro” e não pensam
que as pessoas devam ser respeitadas.

6) Problemas com figuras de autoridade

As crianças verdadeiramente terceirizadas, ou seja, as que


possuem vínculos enfraquecidos com seus pais, provavelmente
terão uma relação complicada com figuras de autoridade, pois, ao
longo de suas vidas, exerceram autoridade sobre ela, pessoas com
quem ela não possuía vínculos afetivos suficientes.

7) Baixa autoestima

A forte ausência dos pais pode também causar baixa autoestima


nas crianças. É muito importante que os pais estejam presentes
nos eventos escolares, nas entrevistas com os professores, nos
jogos de futebol do colégio e qualquer outro compromisso em que
elas solicitem sua presença. A “falta” dos pais nessas ocasiões,
mexe muito mais com os filhos do que você imagina.
:
Principalmente, no momento de ir aos consultórios médicos (hoje
em dia muitos pais delegam essa “função” para as babás). As
crianças já se sentem acuadas nesses ambientes, e a presença de
um dos pais é fundamental para transmitir confiança, segurança e
conforto.

8) Problemas comportamentais

Estes problemas são muitas vezes um escudo que as crianças


usam para proteger suas questões profundas de abandono e
medo. Por exemplo, uma criança que vive em um lar com pais
totalmente ausentes, tem mais chances de desenvolver uma
atitude negligente com um ar de superioridade arrogante para
esconder o fato de que ela realmente os quer em sua vida.

9) Sensação de falta de afeto

Muitos pais podem estar fisicamente próximos de seus filhos


durante a maior parte do dia, mas podem não estar afetivamente
disponíveis a eles. Não conversam intimamente, não brincam,
brigam e gritam a maior parte das vezes que se dirigem à criança.
Crianças precisam se sentir amadas, precisam saber que são
prioridade! Não consigo imaginar meus filhos sentindo falta de
afeto, isso aperta meu coração. Tudo o que mais queremos na vida
é que nossos filhos saibam que são as pessoas mais importantes
das nossas vidas e que são MUITO amados! Isso faz toda diferença
no desenvolvimento deles.

E, por fim, convido vocês a assistirem à entrevista do Dr. José


Martins Filho:

Fontes: Crianças Terceirizadas / Everyday Life / Educar para


crescer / Macetes de Mãe / N Magazine
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