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Manual do Formando
Licão 2
Avaliação da formação:
enquadramento
Texto de apoio 1
Objectivos
DINA SENSI
Se a importância da formação parece reunir consenso, não poderemos daqui necessariamente concluir que
ela será, independentemente das condições da sua realização, eficaz.
Ora, os montantes que, nos últimos anos, têm sido, em Portugal, afectos à formação, constituindo motivo
de regozijo, não deixam de justificar apreensão quanto às verbas consagradas à análise dos resultados
financeiros e sociais das actividades de formação. Quem tem vindo a gerir a formação em Portugal, sejam
eles o Estado, os empresários e (porque não?) os próprios formandos, parece continuar sem orientação
sobre a relação custo/benefício dos investimentos realizados.
São, de resto, personalidades prestigiadas e, de algum modo, ligadas ao sistema que afirmam que a
questão que constrange o desenvolvimento do sistema educação/formação tem a ver com o “escasso
desenvolvimento de actividades de pesquisa e investigação, em particular no que se refere à definição dos
sectores prioritários, metodologias de formação, novos perfis profissionais e à avaliação” (Grilo, 1994,
p.80) e ainda que se torna necessário “desenvolver uma função acompanhamento e avaliação interna ao
sistema e garante da eficácia de aplicação das verbas…” (Neves, 1995, p.80).
É um facto que a actividade formativa deve fazer-se acompanhar de momentos de orientação da formação
que, não se reduzindo à formação propriamente dita, a acompanham necessariamente (Barbier, 1985).
Referimo-nos aos momentos de determinação dos objectivos da formação (níveis e especialidades de
formação procurados), de planificação da acção de formação (construção dos projectos ou planos que se
apresentam sob a forma de estratégias de acção e combinam, simultaneamente, objectivos finais,
objectivos intermediários e previsões de meios a aplicar) e ainda de avaliação da actividade de formação
(dispositivos de formação dos sistemas de formação), que aqui nos interessa directamente.
O mesmo entendimento tem Carlos Alves Marques quando nos fala das 4 fases do processo formativo:
Detecção de Necessidades
Fase 1
Avaliação Planeamento
Fase 4
Implementação/Execução
Fase 3
Detecção de Necessidades
Fase 1
Avaliação Planeamento
Fase 4 Fase 2
Implementação/Execução
Fase 3
Este modelo do processo formativo, apesar de colocar a avaliação como um dos momentos a ter em conta,
configura algumas limitações. Ao colocar a avaliação no final do processo determina que não se pense no
desenho da avaliação senão no fim, impedindo, deste modo, uma comparação entre os níveis de
competências, conhecimentos e práticas dos formandos à entrada e à saída da formação. Impede também
que se possa proceder à constituição de grupos de controlo, limitando, assim, a avaliação, na maior parte
dos casos, à mera aferição do grau de satisfação dos formandos uma vez a formação terminada.
Um modelo mais recente (Reeves, 1995) sugere que a avaliação pode ocorrer em qualquer momento do
processo formativo.
Detecção de Necessidades
Planeamento Feedback e
avaliação
Implementação/Execução do processo
Avaliação
Como refere Cristina Salgado, “a avaliação da formação será o instrumento de informação utilizado no
processo formativo, como agente alimentador dos circuitos de entradas e saídas da informação
desencadeados neste processo, entre os diferentes actores intervenientes, nos diferentes momentos do
percurso” (1997, p. 17).
Uma avaliação que actue aos níveis interno e externo da formação permite, de facto, informações e juízos
de valor mais fidedignos e fundamentados sobre os resultados, sejam eles:
a) imediatos – novas competências, conhecimentos e atitudes;
b) no posto de trabalho – mudanças na forma como os formandos actuam quando regressam ao
posto de trabalho;
c) na organização – benefícios para a organização resultantes das mudanças alcançadas.
E este controlo, ao alimentar o circuito de informação que permanentemente deverá existir em qualquer
processo formativo, aberto à entrada como à saída, facilitará a definição de estratégias de decisão,
tornando-as mais de acordo com a realidade que devem servir.
Parece, como tal, inquestionável que a questão da avaliação deve ser respondida logo de início. A não ser
que se planeie “como e quando se vai avaliar, torna-se altamente improvável que consigamos recolher a
informação adequada na altura adequada, e as oportunidades para melhorar a formação, a que decorre
como a futura, serão perdidas” (Truelove, 1995, p. 113).
AVALIAÇÃO: UM PROBLEMA?
A questão da avaliação tem vindo a assumir-se como um dos maiores problemas da formação, em virtude
de algumas questões recorrentes.
Em primeiro lugar, a confusão entre a riqueza dos discursos e a precaridade das práticas: em nome da
avaliação muita coisa tem sido dita e feita, sem que isso tenha que ver, de facto, com práticas avaliativas.
Do relatório entregue ao superior hierárquico pelo formando após a frequência de um programa, às contas
que o gestor de formação faz para o controlo de custos, passando pelo estudo que o investigador
desenvolve acerca da transferência do aprendido para o local de trabalho, tudo aparece designado como
avaliação da formação. É, pois, do maior interesse distinguir entre intenções como controlo (produção de
Os problemas a que aludimos são tanto mais perniciosos quanto mais sabemos que a avaliação constitui
“o tempo forte da formação” (Barbier, 1985, p. 9). Ela fornece informações sobre os fins que a
formação persegue, elucida o estatuto de uma acção e as possíveis contradições que a atravessam e
assume, muitas vezes, ao nível do conteúdo programático e das próprias actividades pedagógicas, o papel
de elemento estruturador do trabalho de técnicos de formação, formadores, formandos e outros agentes.
Funções da avaliação
Objectivos
AVALIAR É CLASSIFICAR
A avaliação é, muitas vezes, vista como um processo de atribuir uma classificação aos resultados
obtidos. Neste contexto, a avaliação resume-se às actividades que permitem rotular a formação e
qualificar o resultado a que se conseguiu chegar.
Esta perspectiva insere-se numa visão da formação predominantemente selectiva – grande parte da
energia da formação é gasta não em apoiar a formação no seu processo de desenvolvimento, mas em
actividades que permitam seleccionar as melhores formações e os melhores formandos e predizer o seu
sucesso. Ainda actualmente se fala de avaliação, bem como de avaliação final, quando na verdade se está
apenas a pensar em dar uma classificação.
É verdade que o acto de classificar faz parte do processo avaliativo, mas não pode, de modo algum,
ser usado como seu sinónimo. Com efeito, a avaliação surge, cada vez mais, como algo que ultrapassa de
longe o acto de classificar. Corresponde a uma atitude crítica e renovadora que permite à formação
assumir-se como mais humana. Nesta perspectiva, avaliar é um processo dinâmico, contínuo e sistemático
que acompanha o desenrolar do acto formativo, de modo a permitir o seu constante aperfeiçoamento.
As actividades avaliativas devem então permitir que:
- se diagnostique a situação formativa à entrada, de molde a poder planificar a formação
adequando-a à situação de facto existente;
- existam frequentemente, ao longo do próprio processo formativo, indicações precisas sobre
dificuldades que estejam a surgir, de modo que haja (re)ajuste de actividades e (re)orientações
dos esforços;
- se faça um balanço do fim de cada período de trabalho, que permita determinar em que
medida as metas previamente fixadas foram atingidas. É aqui que poderá estar inserida a
classificação. Ela não é mais do que a quantificação da distância a que se ficou da(s) meta(s)
preestabelecida(s).
É muito importante que as actividades avaliativas forneçam dados que permitam ao formador
interrogar-se sobre a forma como actua, sobre as técnicas que utiliza, de modo a que possa adaptar a
formação às características e necessidades dos formandos. No entanto, tal como não se pode conceber que
a avaliação seja um processo que incide apenas no formando, também não se pode considerar que a
avaliação se reduza a um processo que diz respeito à actividade desencadeada pelo formador.
AVALIAR É SELECCIONAR
A ideia aqui expressa refere apenas uma das actividades da avaliação – a de determinar a que
distância se ficou das metas estabelecidas à partida.
Reduzir as actividades avaliativas a esta dimensão significa só se interessar pelo ponto de chegada e
propositadamente ignorar o ponto de partida e eventuais acidentes de percurso.
Em contrapartida, para todos aqueles que acreditem que a função do formação é a de ajudar a
melhorar global e constantemente, é extraordinariamente limitador reduzir a avaliação a uma constatação
daquilo a que se conseguiu atingir. Como dizia um conhecido teórico da avaliação, a obsessão do
termómetro nunca fez baixar a temperatura.
Para quem consegue ver o acto de avaliar na sua perspectiva mais ampla, a avaliação é acima de
tudo a bússola orientadora de todo o processo. Assim, para além de permitir verificar em que medida
cada um dos objectivos foi atingido, todos os dados que ela fornece vão-lhe permitir:
- diagnosticar;
- planificar adequando;
- regular o longo do processo;
- informar dos caminhos alternativos a seguir com vista a contornar as disfunções
encontradas;
- tomar consciência da sua própria actuação;
Qualquer sistema (natural, biológico ou social) conserva a sua estrutura e as suas funções graças a
um equilíbrio dinâmico, mantido por mecanismos de regulação. Tal como um sistema natural, o processo
formativo, para manter a sua eficiência, precisa de um mecanismo regulador, que vá dando indicações
constantes sobre o desenrolar do processo, a fim de, no momento adequado, se poder actuar. Ora, a
avaliação é precisamente esse mecanismo regulador, uma vez que fornece os dados necessários a uma
constante adequação da actuação de todos os intervenientes no sentido de as falhas detectadas no sistema
serem ultrapassadas.
A ser assim, a avaliação terá de existir em qualquer formação.
Parece poder concluir-se, pelo conjunto de análises até agora realizadas, que a dimensão
reguladora/melhoradora da formação é, cada vez mais, tida em conta nas teorias e práticas avaliativas. Se,
por um lado, encontramos pressões sociais no sentido de não deixar cair as funções
classificadora/selectiva/certificadora da avaliação, também é verdade que avaliar é, de entre os vários
sinónimos que se lhe pode encontrar, cada vez mais, melhorar.
Eis porque a avaliação não pode também ser reduzido à mera função de informar. Trata-se de um
processo que implica obter a informação necessária (e decorrente interpretação), a formulação de juízos
(com a sua necessária consideração) e, não menos importante, a tomada de decisões (que, por sua vez,
exige acção).
A avaliação compartilha com o método científico, pelo menos, duas componentes: a observação e a
explicação. Contudo, ultrapassa-o ao incluir necessariamente a formulação de juízos de valor e a
subsequente condução à acção. Eis porque não se limita à actividade de informar.
De todas as frases, esta traduz, sem dúvida, o conceito mais lato de avaliação. Como o esquema
para que a ligação remete bem elucida, o problema da avaliação não é, de forma alguma, uma questão
exclusivamente técnica. Ao incluir o diagnóstico e a vertente reguladora, para além da classificação, o
verdadeiro conceito de avaliação diz respeito a uma opção formativa fundamental, que envolve uma
concepção de homem e de formação. Corresponde a uma atitude de acreditar que é possível que a
formação não crie dentro de si as mesmas condições de feroz competitividade da sociedade.
Simultaneamente, para que esta atitude possa tornar-se realidade, é necessário que os intervenientes
na formação se empenhem e apliquem na utilização de técnicas, de instrumentos de recolha e tratamento
de dados rigorosos, bem como de todos os meios formativos tidos pertinentes. Mas reduzir a avaliação a
um problema de optimização de técnica e instrumentos, é esterilizá-la.
Objectivos
Os formandos
1 Avaliação selvagem ou subjectiva, cujos juízos de valor se explicitam somente através dos seus efeitos (Barbier,
1985).
2 Retomando a terminologia de Barbier, passar a adoptar estratégias de avaliação de tipo instituído, mais elaboradas e
fundamentadas, e cujo juízo de valor é o produto de um processo em que todos os seus momentos são susceptíveis
de observação (1985).
Os formadores
Tendemos a crer que, num número significativo de casos, o grau de envolvimento e participação dos
formadores na construção de mecanismos de avaliação é ainda reduzido, quando não mesmo nulo. Para
além disso, é nossa convicção a de que os resultados da formação não são, em grande medida, conhecidos
pelos formadores, senão na estrita medida em que os formandos dão conta da satisfação que o período de
formação lhes proporcionou.
O grau de consecução dos objectivos em termos de conhecimentos, competências e práticas
adquiridos em contexto de formação parece ser, de acordo com a experiência de que dispomos, poucas
vezes aferido e, por maioria de razão, também assim será relativamente ao sucesso na transferência do
aprendido para o local de trabalho e ao impacte da formação em termos organizacionais.
O formador é, à semelhança o professor no seio do sistema educativo, “o actor de base” (Figari,
1996, p. 35) do processo formativo. E, por essa mesma razão, torna-se, de todos os intervenientes no
processo formativo, o mais “exposto” quanto às opiniões de sucesso ou insucesso de uma formação4.
De referir, a este respeito, que esta ideia de formação bem ou mal sucedida, juízo de valor feito
pelos formandos no final da formação de acordo com o que entenderam ter sido a prestação do formador,
é, no nosso entender, questionável. Uma avaliação a frio, ou seja, realizada numa altura em que o
processo de maturação progressiva dos efeitos da formação se tivesse já desenvolvido, poderia mesmo vir
a revelar como ineficaz o formador avaliado com a nota máxima, ou como particularmente útil para a
melhoria do desempenho profissional o formador outrora rotulado de decepcionante.
3 Folhas de sorrisos, em português. Se o formador sorri muito, os resultados são bons. Como refere Alain Meignant
(1991), parece haver uma forte relação entre o clima relacional durante a formação e os resultados obtidos com este
tipo de avaliações.
4 Lembremo-nos das situações de formação em que a qualidade da prestação do formador, quando avaliada pelos
formandos, ajuda a influenciar as respostas a todos os itens constantes das folhas de avaliação. Por exemplo, numa
formação destinada a quadros superiores e dirigentes de empresas que tivemos oportunidade de supervisionar, as
instalações em que decorre a formação, as mesmas ao longo de todos os módulos, são avaliadas com a pontuação
mínima (1) e também com a máxima (5), consoante o formador tenha agradado pouco ou muito.
As entidades formadoras
As Organizações
Como vimos, a formação assume uma importância estratégica para as organizações, uma vez que se
revela útil na adequação dos indivíduos a adequarem-se às organizações. De facto, parece ser cada vez
maior o número de empresas que, para além da utilização como investimento corrente, se serve da
formação como investimento estratégico. Esta distinção será melhor entendida se nos socorrermos da
categorização da formação de acordo com as finalidade que serve da autoria de Guy Le Boterf (1989, p.
72-73). Essa tipologia assenta na distinção entre:
5 Como ficaria a segurança nas estradas se a carta de condução fosse atribuída sem outra formalidade que não a
opinião do candidato sobre a escola de condução e um certificado de presença no curso?
A questão que aqui queremos sublinhar tem a ver com o facto de as organizações, com ou sem fins
lucrativos, terem necessidade de proceder a avaliações independentemente do tipo de formações que
A formação para mudança, por seu turno, implica um tipo de tratamento idêntico ao de qualquer dos
outros investimentos materiais. É um percurso iteractivo que vai do inventário e selecção dos projectos ao
acompanhamento e avaliação, passando pelo estudo e realização. Valerá a pena mencionar o cuidado que
deve existir no sentido de evitar que a evolução do investimento não decorra em função de um só
parâmetro, por exemplo, a formação, esquecendo a importância e influência que as demais variáveis
integradoras do projecto têm para o resultado final.
Por último, a formação de carácter previsional, ao implicar previsões de médio e longo prazo, com a
complexidade que as caracteriza, justifica prudência. Os factores que intervêm são múltiplos e
diversificados, o que justifica que a avaliação se limite a escolher o acompanhamento de alguns
parâmetros estratégicos.
A formação de tipo intra opera no centro das organizações, o que implica, como refere Bramley
(1991), que tenha acesso ao coração da actividade da organização. Não deixa, aliás, de ser sintomático
que, nalgumas empresas, a formação deixe de ser assumida como mais um departamento na estrutura
organizacional, para passar a constituir uma atitude, a ser partilhada por todos os elementos da
organização.
É suposto, como tal, conhecerem-se os objectivos definidos pela organização e a sua orientação
estratégica, situação que, desde logo, aponta para a necessidade da avaliação.
Por um lado, porque a avaliação permite desencadear processos de informação e de comunicação
entre as diferentes estruturas, evitando, assim, que papeis que exigem dinamismo e participação, se
mantenham passivos6.
Em segundo lugar, de modo a poder responder à seguinte pergunta: “Atingiu o programa os
objectivos previstos com razoável equilíbrio do ponto de vista económico?” É sobretudo a questão da
6 Uma postura deste tipo, que confere à avaliação a função de criar e fazer circular informação, com vista à melhoria
das condições de funcionamento organizacional, insere-se numa lógica construtivista. Numa lógica deste tipo, os
propósitos da avaliação não são tanto os de decidir da continuidade ou não de determinado programa como os de
averiguar se há ou não aspectos menos bons na formação e, se os houver, como os corrigir. De referir, por último,
que a avaliação de desempenho nas empresas tem vindo a caminhar, cada vez mais, neste sentido. A avaliação dos
colaboradores não visa tanto a sua classificação e hierarquização como a obtenção de melhorias no seu
desempenho futuro.
O Estado
A necessidade de avaliar por parte do Estado deriva, desde logo, de duas outras necessidades:
1 a de conhecer o grau de preparação técnica e tecnológica dos recursos humanos de que o País
dispõe, com vista à elaboração de programas de desenvolvimento em função dos objectivos
estratégicos definidos a nível nacional;
2 a obrigação de prestar contas às instâncias comunitárias dos recursos alocados à formação
profissional.
A herança do passado, extraordinariamente pesada no que diz respeito à educação e
qualificação dos recursos humanos, justificava plenamente os substanciais
investimentos feitos na qualificação da força de trabalho em Portugal, e que foram
possíveis, em grande medida, devido aos apoios europeus de que fomos beneficiando.
Sendo certo que o investimento em educação e formação realizado desde 1986 assentava em
preocupações legítimas, à luz do nosso panorama de qualificações, também parece evidente que o Estado
não pode dispensar a avaliação dos projectos de desenvolvimento dos recursos humanos nacionais que
implementa. Desde logo pela vertente reguladora da avaliação e que poderia permitir que a convergência
não fosse apenas nominal7.
As dificuldades
Objectivos
2. a avaliação é ameaçadora, uma vez que pode, mesmo em programas que merecem já alguma
credibilidade e com muitas edições realizadas, revelar inadequações ou ineficiências na
formação;
3. a avaliação é dispendiosa, sobretudo porque usa recursos que são já por si escassos para a
função principal que é formar;
4. só vale a pena levar a cabo avaliações rigorosas e científicas, sendo abordagens deste tipo
impossíveis de implementar na grande maioria dos casos;
5. as folhas de avaliação preenchidas pelos formandos no final das acções dando conta das suas
reacções e os seus conteúdos são suficientes para demonstrar a eficácia da acção;
6. a avaliação envolve chefias directas e outro pessoal não ligado à formação, dos quais se torna
difícil obter apoio e cooperação.
Para além da diversidade de níveis de formação, haverá ainda a referir a variedade de temáticas
abrangidas (das mais técnicas, como a formação de soldadores ou mesmo de informática, às mais
intangíveis, como a abordagem de aspectos comportamentais e/ou comunicacionais, passando pela
formação avançada em gestão) e de níveis hierárquicos envolvidos (do/a administrador/a ao/à telefonista).
Esta enorme diversidade de habilitações de base, de estatutos e de interesses entre os destinatários da
formação, apesar de constituir um enorme desafio à criatividade e à capacidade de inovação dos
formadores e demais actores do processo formativo, torna ainda mais complexa a adopção de
metodologias avaliativas e impossibilita, à partida, a uniformização de procedimentos.
As dificuldades que acabámos de referir vêem-se agravadas, em Portugal, pela existência, em simultâneo,
de um conjunto bem identificado de problemas: