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Módulo 8
Formação Pedagógica Inicial de Formadores

m8

Avaliação da
formação e das
aprendizagens

formaçãode
formadores
COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR
No final do módulo, cada formando deverá ser capaz
de:
• Distinguir diferentes níveis de avaliação dos
resultados de formação.
• Construir e aplicar instrumentos de avaliação em
função dos objetivos previamente definidos, que
permitam verificar e controlar os resultados da
aprendizagem, a eficiência e a eficácia da formação;
• Identificar causas de subjetividade na avaliação;
• Aplicar um método sistémico e evolutivo de análise
de resultados de formação;
• Propor medidas de regulação, com vista à melhoria
do processo de formação.
Índice

1. Introdução................................................................................................................................ 4
2. Sub-Módulo Avaliação Quantitativa e qualitativa...................................................................... 6
Conceito de Avaliação.................................................................................................................................... 7
Finalidades da Avaliação............................................................................................................................... 7
Objetos de Avaliação......................................................................................................................................8
Avaliação da Aprendizagem..........................................................................................................................8
Indicadores e critérios de avaliação da aprendizagem ...................................................................10
Características técnicas da avaliação .................................................................................................10
Técnicas e Instrumentos de Avaliação....................................................................................................11
A OBSERVAÇÃO.....................................................................................................................................................11
FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS...........................................................................................................................14
MEDIÇÃO...............................................................................................................................................................19
Escalas de Classificação............................................................................................................................20
A Subjetividade da Avaliação......................................................................................................................21
3. Sub-Módulo Avaliação da formação ao contexto de trabalho.................................................. 22
Conceito de Avaliação de Formação........................................................................................................ 23
Níveis e Instrumentos de Avaliação........................................................................................................ 23
Avaliação da eficácia e eficiência do processo técnico-pedagógico........................................... 27
Propor medidas de regulação, com vista à melhoria do processo de formação.................... 27
4. Conclusão.............................................................................................................................. 28
5. Bibliografia............................................................................................................................. 30
1
1. Introdução
5

introdução

A eficácia de uma formação subordina-se


ao controlo do seu desenvolvimento e à avaliação dos
seus resultados

A avaliação tem merecido nos últimos anos, uma enorme


atenção por parte de quem ensina ou forma. A avaliação
é parte integrante do processo ensino-aprendizagem
e ganhou na atualidade, um espaço muito amplo nos
processos de ensino. Avaliar, neste contexto, não se
resume à mecânica do conceito formal e estatístico, ou
seja, não é simplesmente atribuir notas, obrigatórias
à decisão de avanço ou retenção em determinadas
disciplinas.

A avaliação das aprendizagens visa a verificação dos


requisitos e das competências definidas para uma
determinada ação de formação tal como promover
capacidades de aprendizagem ao longo da vida,
exigindo aos formandos uma maior sensibilização
para a importância da participação e envolvimento na
construção de um projeto formativo específico.

A avaliação da formação possibilita a tomada


de decisão e a melhoria da qualidade de ensino,
incluindo, neste processo, todos os agentes e órgãos
intervenientes no sistema, não se cingindo, apenas a
controlar os resultados obtidos pelos formandos. A
avaliação da formação deve ter como pressuposto todo
o processo formativo, não se reduzindo apenas à fase
final de um ciclo. Assim, deve ter início na mesma altura
em que começa a ação de formação e deverá terminar
após o enquadramento dos formandos no seu contexto
de trabalho, verificando se as aprendizagens realizadas
estão refletidas no seu trabalho.

Os métodos de avaliação ocupam, sem dúvida, espaço


relevante no conjunto das práticas pedagógicas
aplicadas ao processo de ensino e aprendizagem.

1. Introdução M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


2. Sub-Módulo
Avaliação
Quantitativa e
qualitativa











Conceito de avaliação
Finalidades da avaliação
Objetos de avaliação
Avaliação da aprendizagem
2
Indicadores e critérios de avaliação da aprendizagem
A observação
Formulação de perguntas
Medição
Características técnicas da avaliação
Escalas de classificação
A subjetividade da avaliação
7

Conceito de Avaliação

A avaliação é essencial à educação, inerente e indissociável enquanto concebida


como problematização, questionamento, reflexão, sobre a acção.
(Gadotti, 1990)

No senso comum avaliar significa: ajuizar, julgar, testar, medir, estabelecer relações, comparar…
Estabelecendo relações através dos sentidos, dos nossos conhecimentos, experiências, sem que o façamos, á priori
com qualquer fim determinado.

Avaliar vem do latim a + valere, que significa atribuir valor e mérito ao objeto em estudo.
A avaliação não pode constituir uma moda, um adorno, “a cereja em cima do bolo“, mas antes uma prática para
melhorar as práticas, um instrumento parar melhorar o ensino e a aprendizagem.

Finalidades da Avaliação
Avaliar é necessário e importante, porque permite:

• Seleccionar os Candidatos;
• Testar conhecimentos e Competências;
• Analisar possíveis problemas que possam surgir no decorrer da ação de formação;
• Controlar as aquisições dos formandos (no domínio do saber);
• Informar os formandos dos seus progressos;
• Classificar os formandos;
• Orientar, aconselhar ou corrigir os formandos;
• Recolher e processar dados com vista à melhoria da formação;
• Controlar as competências adquiridas;
• Avaliar os objectivos da formação;
• Diagnosticar os pontos fracos da formação;
EXCELENTE
• Verificação das competências.
RAZOÁVEL
FRACO

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


8

Objetos de Avaliação
A avaliação tem como objetos:

Formador: se anteriormente o Formador não


era o alvo principal da avaliação, não pode hoje ser AVALIAÇÃO
descuidado. Deve-se proceder a uma verificação dos
conhecimentos que esse detém acerca dos conteúdos
que aborda, bem como dos métodos e técnicas que
utiliza e até dos recursos pedagógicos usados. O
atingir dos resultados dos formandos muito depende
da prestação, empenho e conhecimento do Formador.

Formandos: surgem como o centro da formação, a


formação surge porque os formandos estão presentes
e têm um objetivo. Desta forma é necessário ter uma
forte atenção ao testar os conhecimentos, situá-los e
orientá-los na aprendizagem. E por fim verificar se os
objetivos foram atingidos ou não.

Programa: os conteúdos programáticos da ação e os objetivos subjacentes a eles devem ser tidos em conta e
devem estar diretamente relacionados com o público-alvo a quem se destina a formação

Instituição Formadora: é fundamental avaliar a entidade formadora, de modo a que essa possa conhecer a
opinião dos seus clientes, e modificar aspetos menos positivos referenciados pelos formandos.

Resultados: que esperados da formação e aqueles que vão surgindo.

Sistema de Avaliação: também é alvo de avaliação no sentido de verificar se o tipo de avaliação utilizado, as
técnicas e os instrumentos se adequam à sua função. Ou seja, até que ponto os métodos utilizados avaliam o que se
prende avaliar.

Avaliação da Aprendizagem

A avaliação da aprendizagem tem seus princípios e características no campo da Psicologia, sendo que as duas
primeiras décadas do século XX foram marcadas pelo desenvolvimento de testes padronizados para medir as
habilidades e aptidões dos alunos.
Atualmente, a Avaliação de Aprendizagem, traduz-se num processo de verificação, em termos qualitativos e/ou
quantitativos, das mudanças de comportamento do formando nos domínios cognitivos, afetivos e psicomotor,
durante e após a formação, face aos objetivos pedagógicos previamente definidos.
A avaliação é um processo de produção de informações sobre o processo de aprendizagem, é um processo sistemático,
contínuo e integral. Em momentos diferentes a avaliação dá-nos informações de tipo diverso.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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TIPOS DE AVALIAÇÃO

A avaliação num sistema de formação é definida por uma sequência lógica que ajuda na estruturação do alcance
dos objetivos. As diferentes etapas da avaliação devem ser respeitadas consoante a sequência lógica de cada etapa.
Desta forma podem agrupar-se três etapas de avaliação diferentes que constituem diferentes momentos no contexto
formativo:

Inicial ou de diagnóstico: utilizada na fase inicial de uma ação de formação, permite ao formador identificar as
motivações, os interesses, as aptidões sobre determinado assunto, verificar as experiências e capacidades, testar os
conhecimentos e habilidades, que cada formando detém. Além de que, após a aplicação da avaliação diagnóstica, o
Formador, poderá reajustar os seus métodos e técnicas ao público-alvo específico.
Este tipo de avaliação é realizado através de testes ou fichas diagnósticas que, incidem sobre um núcleo restrito de
objetivos, sobre os quais se elaboram várias perguntas diretas. São testes de análise em profundidade. Porém, os
testes diagnósticos não são alvo de classificação.

A definição dos pré-requisitos é elementar, mas investigar os mesmos é imprescindível, e a avaliação diagnóstica
permite essa mesma função. Se o resultado da avaliação diagnóstica não corresponder aos pré-requisitos e aos
objetivos, deverá ser feito um ajuste da formação ou então, reunir condições para que os formandos possam vir a ser
dotados dos conteúdos em falta.

Formativa ou contínua: levada a cabo durante o desenvolvimento da ação formativa, não é mais do que uma
modalidade de avaliação das aprendizagens. Esta avaliação permite avaliar as aprendizagens que o formando
adquire no decorrer da formação, no sentido de o ajudar a estruturar e maximizar a interiorização dessas mesmas
aprendizagens. Permite uma ajuda imediata e contínua ao formando e possibilita informar este e o formador sobre
o grau de desempenho conseguido em cada um dos objetivos da formação. Possibilita também diagnosticar as
dificuldades de aprendizagem e introduzir ações corretivas (a nível de conteúdo, de recursos, de métodos, etc.), com
vista a que os formandos aprendam e se desenvolvam positivamente.

Este tipo de avaliação permite-nos:


- melhorar a organização do programa;
- alterar a sequência da aprendizagem;
- propor as alternativas de aprendizagem.

Sumativa ou final: realizada no final do processo de formação, tendo, por isso, uma perspetiva globalizante, visando
testar o produto, o resultado final da aprendizagem, bem como, analisar e verificar a eficiência da formação no final
da mesma. Ao contrário da avaliação formativa que se apoia em objetivos ou parcelas restritas de aprendizagem, a
avaliação sumativa tem por fim controlar competências mais vastas. Embora permita controlar de forma global se os
objetivos gerais foram ou não atingidos, só possibilita mudanças de experiências e objetivos para situações futuras.

Quando Avaliar?

Antes da Formação Perfil de Entrada

Durante a Formação Perfil de Desenvolvimento

Depois da Formação Perfil de Saída

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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Indicadores e critérios de avaliação da


aprendizagem
O sucesso de qualquer ação de formação está diretamente ligada ao controlo dos seus objetivos e a avaliação
dos seus resultados, avaliação esta que para ser eficaz deve apoiar-se em critérios adequados e pertinentes.
A ausência de critérios comuns em qualquer que seja a etiologia da avaliação contribuirá para injustiças neste
processo . Os critérios de avaliação deverão estar presentes em todos os instrumentos com este intuito, e devem ser
definidos de forma rigorosa e adaptada ao conteúdo que pretendem testar. Portanto, estabelecer critérios coerentes
significa ir em busca de um dos objetivos mais diretos de uma avaliação dentro da perspetiva que se defende: verificar
se houve aprendizagem significativa de conteúdos relevantes.

Critérios não são indicadores que determinam a maneira de como se realizar uma supervisão das atividades
educacionais, mas sim princípios que servirão de base para o julgamento da qualidade do processo de ensino e de
aprendizagem. Para cada conteúdo, deve-se ter claro o que, dentro dele, se deseja efetivamente ensinar e, portanto, o
que avaliar. Critérios fundamentam a fidedignidade, validade e eficiência da avaliação que se realiza. Definidos os
critérios, estes serão os potenciadores de construção dos instrumentos de avaliação.

Características técnicas da avaliação


Escolha das técnicas e instrumentos de avaliação:
• Cada técnica e cada instrumento têm aplicações específicas;
• Podem ser todos utilizados em simultâneo;
• A opção depende dos objetivos pré-definidos, as atividades, níveis cognitivos, contexto, número de formandos,
experiência do formador…

Todos os instrumentos de avaliação devem possuir as seguintes características:


• Validade: de entre os vários tipos de validade a que mais interessa no domínio da avaliação é a validade de
conteúdos. Nesse sentido, um instrumento de avaliação é válido quando se ajusta aos assuntos tratados e aos
objetivos, de forma proporcional ao seu desenvolvimento.
• Fidelidade: Passado diversas vezes, o instrumento deve medir o mesmo ou próximo disso. Deve, pois ser
construído de maneira que seja praticamente impossível obter respostas ao acaso.
• Objetividade: Conduzir a respostas objetivas, não demasiado extenso.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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Técnicas e Instrumentos de Avaliação


Serão abordados as técnicas de avaliação utilizadas em formação profissional, com vista a conceber os
instrumentos mais adequados para a operacionalização dos diferentes tipos de avaliação (diagnóstica, formativa
e sumativa). Assim, técnicas de avaliação são as ações metodicamente escolhidas para fornecerem dados, que
permitam medir ou constatar eficazmente a aprendizagem verificada.
É necessário que haja uma relação do instrumento de avaliação com a área ou domínio de aprendizagem.

Domínio do
Técnicas Instrumentos
saber

Cognitivo Ficha de Observação


Observação Afetivo Lista de Ocorrências
Psicomotor Escala de Avaliação

Questionário

Avaliação oral Lista de Perguntas

Curta
Formulação de De Produção
Afetivo e Cognitivo Longa
Perguntas
Avaliação Escrita Verdadeiro/Falso
Escolha Múltipla
De Seleção
Emparelhamento
De completar

Ficha de Avaliação Quantitativa


Medição Psicomotor
Ficha de Avaliação Qualitativa

A OBSERVAÇÃO
É uma das técnicas mais simples e talvez mais usada pelos formadores. Estes observam o comportamento,
as reações, a aptidão, o zelo, o interesse, os passos dados para a realização de uma tarefa, as dificuldades
encontradas, os erros cometidos dos seus formandos, podendo registar na memória, por escrito ou de outra forma.
Através desta técnica obtém-se dados em todos os domínios do saber: afetivo, cognitivo e psicomotor. Vejamos:

Cognitivo Afetivo Psicomotor

Motivação
Conhecimento Atenção
Compreensão Interesse Capacidade motora
Capacidade de análise Comportamento Social (carácter, Habilidade manual
Capacidade de síntese educação, postura, cumprimento dos Resistência à fadiga
Capacidade criativa horários) Aplicação
Capacidade de avaliação Participação
Empenhamento
Organização

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Para a realização da técnica da observação é necessário realizar-se um trabalho antecedente que comporte
determinados aspetos como:

• Elaborar uma checklist dos dados que pretendemos observar, tendo em conta os objetivos definidos;
• Observar discretamente, sem pontuar os formandos, de forma a não criar inibições;
• Criar no grupo um ambiente propício à observação, autêntico e espontâneo;
• Ter em conta a natureza dos formandos, não beneficiando mais os comunicativos (que por vezes dão
propositadamente nas vistas), em prejuízo dos mais reservados;
• Procurar ser imparcial e objectivo;
• Manter o bom senso e a prudência quanto ao tratamento, generalização e utilização dos dados recolhidos;
• Criar instrumentos adequados à observação, objectivos, para não misturar factos concretos com simples
opiniões subjectivas.

Vantagens Desvantagens

É uma técnica muito exigente


e desgastante para o formador,
Permite recolher dados no momento
principalmente se o número de formandos
em que estão a acontecer, sendo
for elevado e a duração temporal da
portanto reais e fidedignos.
ação for longa, uma vez que o formador
frequentemente desdobra-se em múltiplas
funções.

Este inconveniente pode atenuar-se criando previamente instrumentos adequados à observação, possibilitando,
assim, poupar tempo e aumentar a disponibilidade do formador para o grupo.

Instrumentos usados para a Observação:

• Ficha de Observação: utilizadas para registar os factos que vão ocorrendo com interesse e relevância durante
uma sessão de formação, exercício prático, etc.

O formador deverá conceber uma ficha para cada formando. O registo da ficha de observação deverá ser de forma
imediata, ou seja, no decorrer da atividade para que o formador não se esqueça do que observou.. Apresenta-se a
estrutura de uma, a título de exemplo.

Ficha de Observação

Tarefa: Apresentação de Trabalho de Grupo

Factos Observados Comentários

O formando expressou-se com


Boa capacidade de
clareza, coerência e objectividade e
comunicação
ouviu com atenção o seu colega

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• Lista de Ocorrências: elaboram-se, previamente, listando-se os comportamentos que esperamos que venham
a ocorrer com uma sequência prevista, tornando-se a observação mais fácil de registar e mais objetiva. Marca-se
um sinal quando ocorrem esses comportamentos.

Lista de Ocorrências
Curso:

Módulo: Sessão:

Formadora:

Escala de classificação: Sim - Não

Critérios de Avaliação Aluno 1 Aluno2

Localizar a artéria braquial

Colocar o diafragma do estetoscópio na artéria braquial

Colocar a braçadeira do esfigmomanómetro no antebraço, aproximadamente 2,5cm


acima da zona de flexura do cotovelo.

Fechar a válvula e insuflar 20/30 mmHg acima da tensão arterial sistólica normal para
o individuo em questão

Desinsuflar a braçadeira 2 a 3 mmHg por segundo

Identificar a tensão arterial sistólica

Identificar a tensão arterial diastólica

Desinsuflar a braçadeira por completo


Nota: O formando só tem aproveitamento se executar todos os passos acertadamente.

• Escala de Avaliação: permite registar e atribuir um determinado grau, numa escala progressiva.

Escala de Avaliação
1- Insuficiente 2 - Satisfatório 3 - Bom 4 - Relevante 5 - Excelente

Participantes

Critérios
(Atribuir pontuação de 1 a 5)

Aplica os conhecimentos adquiridos em


exercícios ou casos concretos

Mostra interesse e intervêm a propósito


colaborando na dinamização das atividades

A reter:
Técnica Observação
{ Ficha de observação
Lista de ocorrências
Escala de avaliação

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FORMULAÇÃO DE PERGUNTAS
As perguntas ou questões podem ser feitas aos formandos por duas formas distintas e destina-se avaliar dados do
domínio cognitivo e afetivo.

QUESTIONÁRIO: útil para averiguar os interesses, motivações, expetativas do formando relativamente ao


curso ou ao módulo. Trata-se de um instrumento de avaliação do domínio afetivo, com o intuito de perceber as
expetativas, motivações do formando relativas ao tema.

Avaliação Oral: é uma forma eficaz de avaliação sumativa quando se trata de avaliar apenas um formando
de cada vez. Permite-nos conhecer, com clareza, os conhecimentos destes e, no caso, de restarem dúvidas, há a
possibilidade de os elucidar prontamente, colocando a questão de outro modo ou aprofundando sucessivamente,
até onde se tornar necessário.

Na avaliação formativa, não confundir método interrogativo com técnica avaliação oral, dado que esta última requer
avaliação de cada formando de forma igual.

Para um bom cumprimento da avaliação oral deve-se ter em conta determinados aspetos:
• Elaborar previamente, sempre que possível, uma lista de perguntas objectivas e representativas da matéria a
avaliar;
• Avaliar o que o formando sabe da matéria, não pesquisando exaustivamente o que não sabe, desmotivando-o;
• Fazer perguntas claras, o mais curtas possível e sempre numa linguagem adequada aos formandos;
• Apresentá-las doutra forma se elas não tiverem sido suficientemente compreendidas;
• Nunca dar pistas, ajudas ou qualquer contributo para a resposta;
• Na avaliação sumativa deverão fazer-se as mesmas perguntas a todos os formandos, sempre que possível,
criando assim condições de uniformidade e igualdade na avaliação. Não escolher apenas as respostas dos
formandos mais interventivos, procurar questionar os menos participativos.

Vantagens Desvantagens

- Enorme dispêndio de tempo para avaliar todos os


- Facilita o diálogo direto – formando;
elementos do grupo;
- permite o treino da expressão oral;
- Dificuldade em aplicar perguntas iguais a todos os
- Permite intensificar e recordar para
formandos;
todos os formandos os conteúdos
- Favorece apenas os formandos com maior facilidade na
abordados na sessão de formação.
expressão oral.

Instrumentos usados para a Avaliação Oral:


Deverão conceber-se previamente LISTAS DE PERGUNTAS.

Avaliação Escrita: Continua a ser o tipo de avaliação mais utilizado e consiste na elaboração de
documentos escritos que os formandos deverão responder, igualmente por escrito.

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Vantagens Desvantagens

-- economia de tempo;
-- exige uma conceção cuidada e por
- possibilidade de aplicação simultânea a grandes grupos;
conseguinte morosa;
- tratamento igual de todos os formandos, sendo
- favorece os formandos que têm
submetidos às mesmas perguntas;
facilidade de interpretação e expressão
- o formador, em posse da resposta, pode estudá-la,
escrita.
compará-la e refletir sobre ela, quer só, quer em colaboração
com os formandos

Instrumentos usados para a Avaliação Escrita:

Testes

O formando redige a sua resposta, livremente, espontaneamente, utilizando o seu próprio vocabulário. Consoante a
extensão da resposta solicitada ao formando, há dois tipos de testes:

• De produção (ou resposta aberta)

Produção Curta: neste tipo de testes são apresentadas questões ao formando e pede-se-lhe que forneça a resposta
adequada numa palavra, em poucas palavras, poucas linhas, etc. A liberdade para ele se exprimir, é condicionada a
determinado espaço.

Regras para a elaboração de questões de produção curta:


• O texto deve ser claro e curto;
• Deve indicar a quantidade de respostas que se pretendem (a capital, um dado, etc.) ou a extensão das mesmas
(em tantas linhas, em poucas palavras, numa frase, etc.);
• As respostas solicitadas devem ser tanto quanto possível homogéneas e semelhantes em extensão.

Exemplo:
a) Indique três países da União Europeia.
b) Em duas linhas, defina avaliação de aprendizagem.

Vantagens Desvantagens

- fácil e rápida conceção


- Limitam a criatividade do formando
- objetividade na resposta do formando
- avaliação objetiva

Produção Longa: neste tipo de testes apresentam-se questões aos formandos, permitindo que ele responda
livremente. Normalmente recorre-se aos testes de resposta longa para avaliar conteúdos mais complexos,
recorrendo ao espírito crítico e à criatividade.

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Regras para a elaboração de questões de produção longa:


• O texto deve ser claro e o mais curto possível;
• Limitar o âmbito da questão (forma, quantidade, qualidade ou profundidade);
• Indicar claramente o que se pretende;
• Sempre que possível, subdividir a pergunta em fracções coerentes, tomando as respostas menos longas

Exemplo:
a) Identifique e desenvolva os fatores que concorrem para a presença de
subjetividade no processo de avaliação.

Vantagens Desvantagens

- permite que o formando responda livremente,


- avaliação subjectiva, permitindo
espontaneamente, dando largas à sua imaginação e
geralmente mais que uma resposta
criatividade;
com maior ou menor profundidade;
- instrumentos ideais para avaliar matérias complexas e
- avaliação é difícil, morosa e
processos mentais superiores como o espírito crítico, a
subjectiva, sendo difícil comparar as
capacidade de julgar e a criatividade;
diferentes respostas
- concepção fácil e rápida pelo formador

Em formação profissional raramente faz sentido a utilização de testes tão subjectivos e as questões de produção
longa a utilizar, poderão na maior parte dos casos ser fragmentadas em vários itens, de âmbito mais limitado, que
no conjunto levarão o formando a demonstrar que domina globalmente o assunto.

• Testes de seleção ou resposta fechada:

Nos testes de seleção são fornecidas ao formando a pergunta e as respostas. Não é necessário produzir a resposta,
mas apenas selecioná-las de entre as várias que lhe são apresentadas.

Vantagens Desvantagens

- limitam a sua criatividade;


- fácil e rápida concepção;
-concepção morosa;
- fácil e rápida resposta;
- exigem algum treino por parte do formador;
- objectividade das respostas: só admitem
- exigem domínio perfeito da matéria tratada e das
respostas concretas, permitindo uma
técnicas de elaboração das questões;
avaliação comparativa e objectiva.
- probabilidade de acertar respostas ao acaso.

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São usuais quatro tipo de testes de seleção:

- Verdadeiro-Falso: consiste em formular afirmações que o formando terá de identificar como verdadeiras ou falsas.
É uma das técnicas de avaliação mais utilizadas em formação.

Regras para a elaboração de questões Verdadeiro-Falso:
• O texto deve ser claro e o mais curto possível;
• Ser afirmativo;
• Conter apenas uma ideia;
• O enunciado deve indicar claramente a forma como o formando selecionará a sua opção


Exemplo:
1. Assinale as seguintes afirmações como Verdadeiras (V) ou Falsas (F).
a) A avaliação diagnóstica verifica-se no início da formação. ____
b) Existem testes de simulação e de realização. ____

- Questões de completar: consistem em apresentar ao formando frases incompletas, com espaços em branco,
solicitando-lhe que as complete de forma a que tenham sentido.

Regras para a elaboração de questões a completar:


• A frase deve ter sentido lógico, apesar dos elementos omitidos;
• Os elementos omitidos e os espaços a completar devem ser homogéneos e de extensão geométrica
idêntica, tanto quanto possível;
• Só se devem omitir elementos importantes;
• Não devem ser fornecidas pistas gramaticais;
• Só deve ser possível uma única resposta, não deve haver ambiguidade na pergunta.

Exemplo:
Os tipos de avaliação segundo a natureza do que se avalia são a avaliação ____________,
a avaliação _____________ e a avaliação ____________ .

- Questões de Emparelhamento: trata-se de fornecer ao formando dois grupos de elementos afins, pedindo-se-
lhe para os emparelhar, fazer compreender, associar ou ligar entre si, atendendo à sua afinidade, razão pela qual
também são conhecidos por Testes de Correspondência, Associação, etc.

Regras para a elaboração de Questões de Emparelhamento:


• As instruções devem ser claras e precisas, indicando nomeadamente, a forma de proceder ao
emparelhamento e Se a um elemento de um grupo corresponde um único ou mais que um elemento do
outro;
• Para evitar acertar ao acaso, uma das listas de um grupo deve conter mais um ou dois elementos que a
outra. A lista mais longa não deverá ultrapassar contudo 7 elementos para evitar o cansaço na busca;
• Os elementos a fazer corresponder devem ser afins e homogéneos e conter apenas uma ideia, totalmente
a optar ou a rejeitar.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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Exemplo:
1. Trace corretamente a correspondência entre os elementos da coluna A
com os elementos da coluna B. Note que todos os elementos têm
correspondência
A B

- Questões de Escolha Múltipla: consiste em apresentar uma questão ao formando, fornecendo, simultaneamente
várias respostas, entre as quais terá de selecionar a(s) correta(s).

Regras para elaboração de Questões de Escolha Múltipla:


• Pergunta – Questão ou enunciado do problema;
• Instruções – Como deve selecionar a escolha que considera correta;
• Lista de escolha – Opções de Resposta;
• Distratores – Servem para confundir o formando, e colocá-lo na dúvida face à resposta correta;
• Resposta certa – É a escolha correta para responder à pergunta. A sua posição na grelha é indiferente
• Na redacção da lista de escolhas evitar o uso de palavras como “sempre”, “nunca”, “todos”, uma vez que há
pouca probabilidade de termos tão abrangentes serem verdadeiros, e portanto o formando tenderá a rejeitar esses
distractores.
• De igual modo as palavras “geralmente”, “por vezes”, “em certas condições”, por serem limitantes, tendem a
tomar as escolhas verdadeiras, pelo que também devem ser evitadas.
• Na lista de escolhas podem por vezes incluir-se opções como:
- Nenhuma das respostas
- Todas as respostas
• Conceber sempre que possível 5 escolhas (geralmente 4 distractores e 1 resposta certa), a fim de reduzir a
probabilidade de acertar ao acaso.

Exemplo:
1. Assinale com uma (X) a resposta que considere correta.

A avaliação da formação tem como principal objetivo:


a) Testar a aquisição de competências dos formandos.
b) Tornar mais lúdica a sessão.
c) Passar o tempo durante a formação

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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Após criar as questões é necessário:


- atribuir cotação a cada pergunta e desconto a efetuar por cada resposta errada ou parte dela;
- criar uma corrigenda, respostas-tipo.

A reter:

}
Avaliação Lista de Perguntas
Técnica

}
Oral
Formulação
de Perguntas Avaliação
}
Curta
De Produção
Escrita Longa

}
Verdadeiro/Falso
De Seleção De completar
Emparelhamento
Escolha múltipla

MEDIÇÃO

Esta técnica consiste em medir determinadas performaces de execução do formando. Na ótica em que estamos
a considerá-la, é indispensável a avaliação de tarefas de execução prática. Assim, destina-se a colher dados
predominantemente no domínio psicomotor.

Instrumentos usados para a Medição:


• Ficha de Avaliação Analítica Qualitativa: as tarefas são decompostas de igual forma, atribuindo-se a
valorização qualitativa, como por exemplo: Bom Médio, Insuficiente.

• Ficha de Avaliação Analítica Quantitativa: as tarefas são decompostas em operações ou fases, com o
objetivo de quantificar o valor de cada domínio do equipamento, ferramentas, materiais, organização do trabalho e/
ou tempos gastos na execução.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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Exercício: Nome:

Execução Tempo

Pormenores a Cotas Bases de


Tolerâncias Data Nº Horas
classificar Observadas Classificação

Durante a
execução

Depois da
execução

Diversos

Apresentação - acabamento
Tempo gasto:
Tempo concedido:

Escalas de Classificação
Uma das finalidades da classificação é transmitir aos outros os resultados da aprendizagem.

O sistema de classificação mais utilizado são as escalas de classificação, em que as mais usuais são:
• Escalas numéricas:
- Ordinal: 0 a 5; 0 a10; 0 a 20…
- Percentual: 0 a 100%
• Escala literal: A, B, C, D, E
• Escala descritiva:
- Muito Bom, Bom, Suficiente, Medíocre, Mau
- Ótimo, Muito Bom, Bom, Médio, Insuficiente

Embora não havendo uma correspondência rigorosa entre as diversas escalas, a verdade é que, com alguma
frequência se observa o estabelecimento, por parte de formadores, de uma relação entre, por exemplo, escalas
numéricas e escalas descritivas.

Para avaliar desempenhos diferentes através do mesmo formador ou de formadores diferentes, é de toda a
conveniência que se utilize uma mesma escala e com níveis bem definidos, no sentido de se evitarem possíveis
distorções mais ou menos gravosas para a avaliação. Não havendo sintonia quanto a este aspeto, pode acontecer,
por exemplo, que o nível A atribuído por determinado formador, signifique (em termos de grau de conhecimento),
alguma diferença, em relação ao nível A atribuído por qualquer outro formador, o que de todo se deve evitar.

O número de níveis de desempenho (escalões) de uma escala de classificação pode variar, de acordo com o
critério de avaliador. No entanto, especialistas na matéria indicam, como ideal, não ir além de 5 níveis, por estes
possibilitarem classificações bastante seguras e relativamente fáceis de aplicar.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


21

A Subjetividade da Avaliação
Cada avaliador tem a sua forma própria de avaliar, baseada em muitos fatores, alguns dos quais escapam à
consciência do próprio avaliador. Alguns são conhecidos pela sua severidade, outros pela sua benevolência perante
os formandos. Numerosas experiências têm demonstrado que as diferenças de classificação entre diferentes
avaliadores, são menores nas ciências exatas (matemática, física) e maiores nas ciências não exatas (filosofia,
línguas).

Causas da Subjetividade na Avaliação:


Esta subjetividade da avaliação provoca, muitas vezes, implicações negativas ou positivas na vida dos formandos,
quer se trate de adolescentes ou adultos.

Ausência de critérios comuns: é a principal causa de subjetividade da avaliação. Isto


resulta, em grande medida, do facto de não se formularem objetivos de formação
e, consequentemente, de a avaliação não incidir em itens de verificação desses
objetivos, tendo por base, o comportamento esperado, a condição de realização e o
critério de êxito bem definidos;

Efeitos de informação prévia: o facto de o avaliador possuir informações acerca do


formando que avalia, pode influenciar a avaliação. Essas informações prévias podem
ser, por exemplo, a capacidade intelectual, a capacidade de trabalho, a dedicação, o
seu comportamento na formação, as suas crenças religiosas, políticas ou outras, a
sua origem social, etc.;

Efeito de Halo: Trata-se de um impressão formada acerca dos formandos, motivado pela impressão geral que
este nos causa, por exemplo, a sua apresentação (vestuário, penteado, higiene), presença física (agradável,
desagradável), comportamento físico (voz, tiques), fluência da linguagem, apresentação de provas escritas
(caligrafia, erros ortográficos) podendo esta ser positiva ou negativa e influenciar a avaliação.

Estereotipia: Face a um preconceito criado acerca de um formando, o avaliador tem tendência a avaliá-lo sempre da
mesma forma, indiferente à sua evolução ou retrocesso.

Efeito da ordem de correção: a ordem pela qual se avalia, também pode interferir na classificação. Um exemplo
muito corrente deste facto é o que acontece quando numa avaliação oral, a um formando brilhante se segue
um formando normal. Este terá dificuldade em deixar uma boa imagem. O mesmo não acontecerá quando a um
formando mau se segue um normal;

Infidelidade do mesmo avaliador: a avaliação feita por determinado avaliador, está dependente de factos pessoais
como o estado de saúde física e mental, alterações do comportamento (como o humor no momento da avaliação,
etc.), o grau de exigência, o cansaço e muitos outros fatores.

É fundamental para o formador ter consciência da subjetividade inerente ao processo de avaliação, para que possa
fazer um esforço no sentido de aumentar a objetividade da avaliação.

2. Sub-módulo - Avaliação Quantitativa e Qualitativa M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


3. Sub-Módulo
Avaliação da
formação ao
contexto de
trabalho



Conceito de avaliação de formação
Níveis e instrumentos de avaliação

3
Propor medidas de regulação, com vista à melhoria do
processo de formação
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Conceito de Avaliação de Formação


A avaliação da formação envolve uma mediação e julgamento do impacto que a formação operou ao nível do indivíduo,
dos grupos e da organização; é um processo contínuo e sistémico e é um processo que tem em vista a melhoria
da qualidade da formação. Pretende-se, assim, analisar os parâmetros a serem identificados e medidos de forma a
identificar áreas ou zonas a serem avaliadas ou melhoradas. De um modo geral, a avaliação da formação permite
identificar as forças e as fraquezas da formação, ou seja, determinar em que medida os objetivos de aprendizagem
foram alcançados e a respetiva qualidade do ambiente de aprendizagem, assim como averiguar em que medida essa
aprendizagem está a ser transferida para o local de trabalho.

Quando se avalia uma ação de formação é também possível analisar em que medida o conteúdo, a organização e a
administração da formação (incluindo aspetos como o horário, as instalações, formador e materiais) contribuíram
para a aprendizagem e respetiva transferência da formação. A avaliação da formação permite ainda identificar quais
foram os formandos que beneficiaram mais, ou menos, da formação. Ao aferir as razões que levaram os formandos
a participar na formação, o seu nível de satisfação com a formação, e em que medida recomendariam a formação a
outros colegas, as organizações podem ainda recolher dados importantes para o marketing organizacional.
Quando uma ação de formação é avaliada, é ainda possível determinar os seus custos e benefícios financeiros,
compará-los a investimentos não relacionados com a formação, nomeadamente ao redesenho do trabalho ou a uma
melhor seleção de colaboradores, e a outros programas de formação.

Níveis e Instrumentos de Avaliação


A avaliação da formação tem vindo a assumir uma grande importância no âmbito das políticas e das práticas
de gestão de recursos humanos na medida em que é um processo que consiste na medição do sucesso, ou
insucesso, de uma ação de formação, existindo já na literatura algumas abordagens que procuram descrever quais
os critérios de sucesso da formação. A avaliação da formação significa conhecer e medir os resultados que se
pretendem alcançar com uma ação de formação.

Modelo Hierárquico de Resultados de Formação


A eficácia da formação avalia-se através dos seus resultados que não são mais do que a consumação dos objetivos.

Os objetivos em contexto organizacional podem ser divididos da seguinte forma:

Objetivos Resultados

Objetivos finais Resultados finais

Objetivos da organização Resultados organização

Objetivos de desempenho no posto trabalho Resultados no posto de trabalho

Objetivos de aprendizagem Resultados da aprendizagem

Reações desejáveis Respostas desejáveis

3. Sub-módulo - Avaliação da Formação ao Contexto de M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


Trabalho
24

Pretende-se que os modelos avaliativos abranjam as reações dos formandos à aprendizagem, ou seja, a opinião dos
formandos relativamente ao que eles pensaram e sentiram sobre determinados aspetos da formação, tais como o
tema, o formador, os materiais, entre outros.

Podemos considerar os seguintes instrumentos para avaliar a reação dos formandos face às aprendizagens:

• Questionários;
• Inquéritos;
• Fóruns de discussão;

Exemplo:
Selecione de 1 a 5 caraterizando os seguintes aspetos

1 2 3 4 5

Objetivos da Ação Confusos Muito Claros

Totalmente
Conteúdos da Acão Inadequados
adequados

Estruturação do programa da(s) unidade(s) Incorreta Muito correta

Totalmente
Utilidade dos conteúdos da(s) unidade(s) Inaplicáveis
aplicáveis

Motivação e participação Fraca Plena

Atividades dos participantes Insuficientes Muito adequadas

Relacionamento entre participantes Pouco relevante Muito relevante

Totalmente
Equipamentos e tecnologia Deficientes adequados e
eficazes

Totalmente
Documentação Inadequada
adequada

Totalmente
Recursos Pouco Adequados
adequados

Apoio da tutoria on-line / Coordenação Pouco eficaz Muito eficaz

3. Sub-módulo - Avaliação da Formação ao Contexto de M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


Trabalho
25

Desta forma, o conteúdo deste nível de avaliação, correspondente à ação de formação, está perspetivado normalmente
para a qualidade da sessão ou sessões e para a importância do seu conteúdo e objetivos, em termos de conhecimentos,
capacidades, etc., face às funções ou futuras funções dos formandos.

A avaliação da formação não deve ser circunscrita ao ato pedagógico em si nem fechar-se na formação, mas
prolongar-se para o posto de trabalho, de modo a que seja uma responsabilidade partilhada com intervenção dos
gestores e superiores hierárquicos dos formandos. O desempenho nos postos de trabalho após o fim da ação de
formação constitui a “prova de fogo” da formação.

Este tipo de avaliação é realizada algum tempo depois do término da formação, focaliza-se no comportamento,
procurando determinar em que medida os formandos utilizam no contexto de trabalho as aprendizagens obtidas na
ação de formação. Neste sentido, o termo “comportamento” é utilizado como referência da medição do desempenho
da função após a formação e tem vindo a ser conceptualizado como transferência da formação.

Do ponto de vista metodológico, um plano ideal de avaliação da transferência implica a realização de diferentes
análises que permitam comparar o comportamento antes e depois da formação, com planos temporais mais distantes
do final imediato da formação, com vista a averiguar em que medida o conteúdo formativo não só foi aplicado mas
também mantido ao longo do tempo.

Esta avaliação pode ser feita através de:

• Entrevista de chegada (quando o formando regressa...)


• Aplicação de questionários para avaliar a transferência e
resultados no desempenho individual
• Relatos dos superiores hierárquicos, subordinados ou
pares;
• Observações no posto de trabalho
• Análise de performance (através de avaliação inter-pares)
• Auto-avaliação

Neste sentido, este nível de avaliação consiste saber em


que medida a aprendizagem anterior colocou o formando
apto e capaz para assumir as suas responsabilidades e
desempenhar a nível qualitativo e quantitativo as suas
funções e tarefas conforme o esperado.

De um ponto de vista sistémico importa à formação determinar qual a relação entre o êxito da sua formação e os
resultados da empresa.

A questão que se deve colocar neste contexto é a seguinte:

A acção de formação contribuiu para melhorar os resultados da empresa? Em que medida?

3. Sub-módulo - Avaliação da Formação ao Contexto de M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


Trabalho
26

Para perceber e responder a esta questão é importante perceber que na grande maioria das organizações os
objetivos ou finalidades podem ser descritos e analisados segundo diferentes critérios, tais como:

- o aumento das vendas;


- a maior produtividade;
- o aumento dos lucros;
- a diminuição de custos;
- a menor rotação dos colaboradores;
- o aumento da qualidade;
- a satisfação do cliente;
- entre outros

Para realizar este tipo de avaliação recorre-se com grande frequência a análise estatística, questionários e entrevistas.

Em última instância, o critério dos resultados organizacionais é o mais fundamental para julgar o sucesso da formação,
sendo desejável a recolha e análise de dados sobre indicadores como os referidos. No entanto, constrangimentos
organizacionais, dificuldades de medição efetiva dos resultados e de obtenção dos indicadores adequados, assim
como o isolamento e ponderação de variáveis contingenciais internas e externas que afetam o desempenho
organizacional, tornam a avaliação deste nível mais difícil e complexa, sendo poucos os estudos que fazem a sua
análise.

Na realidade, o facto de os indivíduos reagirem positivamente a um programa de formação ou de terem aprendido


muito nessa formação não significa que aquilo que aprenderam venha a ser efetivamente utilizado no desempenho
das suas funções (Dionne, 1996). Sendo a mudança comportamental um dos principais objetivos de qualquer ação de
formação torna-se fundamental alargar o enfoque da avaliação da formação para este nível de análise, ou seja, para
o estudo da transferência da formação para o local de trabalho, sobretudo quando se tem verificado que apenas uma
pequena percentagem da formação é efetivamente aplicada no local de trabalho (Baldwin e Ford, 1988; Montesino,
2002).

Para além disso, a mudança comportamental e respetiva incorporação na atividade profissional é um dos aspetos
mais críticos para se avaliar a qualidade e eficácia de um programa de formação uma vez que é um determinante
direto do nível de resultados da formação para a melhoria do desempenho organizacional.

3. Sub-módulo - Avaliação da Formação ao Contexto de M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


Trabalho
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Avaliação da eficácia e eficiência do


processo técnico-pedagógico

A avaliação da eficácia e da eficiência dos processos de formação são necessárias para garantir que o dinheiro, tempo
e recursos são usados para proporcionar o maior benefício possível. Assim é de extrema importância a compreensão
do que as variáveis de impacto, a eficácia e eficiência podem ser usadas para melhorar os materiais de formação e
processos.

Propor medidas de regulação, com vista à


melhoria do processo de formação
Após a avaliação de uma ação de formação é importante que haja um período de reflexão para que se possa
perceber as causas dos desvios constatados e introduzir as ações de regulação necessárias, de forma a evitar que
tais desvios voltem a ocorrer em situações futuras.

Na avaliação formativa, como o objetivo principal da avaliação é, principalmente, diagnosticar dificuldades e


facilitar o processo de aprendizagem do formando, aquando da definição da decisão (uma das fases da conceção
dos instrumentos de avaliação) deve prever-se possibilidades de remediação para a eventualidade dos resultados
do formando não coincidirem com os critérios de êxito pré-estabelecidos, isto é, se o formando não satisfizer as
exigências mínimas previstas na avaliação.

Nesta situação, o formador deverá disponibilizar alternativas de aprendizagem para o formando:


• Ser aconselhado a rever a parte da matéria que não domina;
• Serem-lhe oferecidas outras alternativas de aprendizagem (ex: nova e/ou diferente abordagem dos conteúdos,
outros métodos de ensino-aprendizagem);
• Serem-lhe postas à disposição sessões de ensino individualizado;
• Proporcionar-se assistência de sessões adicionais sem outros grupos de formação

Quando os resultados insatisfatórios sucedem no final da ação de formação, também se deve prever medidas de
regulação com vista à melhoria de um futuro processo formativo:

1. Objetivos que se verificou serem difíceis de alcançar


->Deverá então reformular a definição desses objetivos.
2. Distribuição do tempo mal calculado
-> Os Planos de sessão ou cursos deverão ser ajustados.
3. Conteúdos inadequadamente trabalhados
->Medidas de correção dessas anomalias em próximas sessões através de uma melhor planificação.
4. Adoção de métodos pedagógicos não apropriados
-> Dever-se-á corrigir e modificar os métodos até obter a eficácia desejada.
5. Falta de impacto dos meios audiovisuais
-> Deverá proceder então à escolha de outros meios ou reformular os escolhidos.

Atualmente, pretende-se uma avaliação que se inscreva na procura constante de melhor compreender para melhor
agir. É, no fundo, uma procura de melhores desempenhos, para uma dinâmica duradoura de qualquer processo de
desenvolvimento.

3. Sub-módulo - Avaliação da Formação ao Contexto de M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


Trabalho
4
4. Conclusão
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CONCLUSÃO

Face à importância crescente que a formação tem


vindo a sofrer no momento presente e futuro, torna-se
cada vez mais imperioso atingir níveis de qualidade,
eficiência e eficácia que permitam aos indivíduos e às
organizações crescer e alcançar um conjunto de mais
valias determinantes para o sucesso.

Mais importante do que admitir que a avaliação


marca uma presença necessária em todo o processo
formativo, é encará-la como algo contínuo e sistémico
que abarca não só a avaliação da ação em si, como
também um conjunto de outros aspetos anteriores e
posteriores à mesma.

Daí decorre o facto de existirem um conjunto de eixos a


avaliar, segundo determinados critérios, os quais foram
descritos ao longo deste manual (o próprio plano; a ação
de formação em si mesma, e os efeitos produzidos pelo
conjunto do processo formativo despoletado).

4. Conclusão M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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5. Bibliografia
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BIBLIOGRAFIA
1. Tira-Picos, António & Sampaio (1990), A Avaliação Pedagógica na Formação Profissional – Generalidades.

Lisboa: Instituto do Emprego e Formação Profissional

2. Tira – Picos, António (1990), A Avaliação da Formação Profissional. Lisboa: Instituto do Emprego e Formação

Profissional

3. Tira-Picos, António & Sampaio (2001), A Avaliação Pedagógica na Formação Profissional – Técnicas e

Instrumentos. Lisboa: Instituto do Emprego e Formação Profissional

4. Silva, Maria Gabriela (1993), Avaliação. Lisboa: Companhia Nacional de Serviços, Lda.

5. Bibliografia M8 - Avaliação da Formação e das Aprendizagens


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