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INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................................34
Nos últimos anos, a temática da avaliação tem vindo a ganhar destaque no planeamento da formação,
na medida em que é uma componente essencial e de sucesso das formações.
A avaliação é um processo dinâmico, sistemático e rigoroso que acompanha o ato formativo e permite
a recolha e tratamento dessas informações. Constitui-se como um instrumento fundamental de
acompanhamento e aferição de resultados e dos objetivos atingidos. Desta forma, permite um
conhecimento real da qualidade do desempenho dos agentes envolvidos.
• Objetivos
Avaliação • Conteúdos
• Atividades
Objetivos da avaliação
O formador e os formandos;
O programa;
O próprio sistema de avaliação;
A entidade formadora.
Um dos modelos mais populares modelos de avaliação da formação refere-se ao modelo de Kirkpatrick (1987), composto
por quatro níveis de critérios para avaliação da formação, conforme mostra a tabela abaixo:
NÍVEL 4 RESULTADOS
NÍVEL 3 COMPORTAMENTO
NÍVEL 2 APRENDIZAGEM
NÍVEL 1 REACÇÃO
O primeiro nível é designado de nível de reação ou afetivo. O enfoque deste nível está na satisfação dos formandos e do
formador face à ação de formação. Apesar de poder ser feita ao longo da formação e através da discussão oral (e até
informal) com formandos, a avaliação a este nível é tipicamente realizada no final da ação de formação, através de
questionários/inquéritos onde o anonimato da resposta é opcional. Estes inquéritos incluem itens como as condições físicas
da sala, a competência técnica do formador e a sua empatia e capacidade de dinamização do grupo, a adequação dos
métodos e técnicas pedagógicas, os recursos disponibilizados, o apoio ao cliente e toda a organização da formação.
No que se refere à análise da satisfação dos formadores, esta pode ocorrer mediante reuniões entre a equipa pedagógica e
os formadores (onde se debate as informações recolhidas na análise da satisfação dos formandos) e a aplicação de um
questionário de satisfação dos formadores relativamente a aspetos como os recursos materiais disponibilizados, as
condições a nível do espaço físico e o próprio desempenho profissional.
O segundo nível é o chamado nível de avaliação das aprendizagens. O enfoque deste nível está na aferição dos saberes,
saberes-fazer e saberes-ser adquiridos (ou seja, nos conhecimentos e competências técnicas e sociais desenvolvidos durante
a formação). A avaliação a este nível pretende verificar as capacidades adquiridas ao longo e no fim da formação, verificando
se foram atingidos os objetivos pedagógicos.
1. Avaliação diagnóstica. Este tipo de avaliação visa identificar o nível de conhecimentos prévios dos formandos e
detetar eventuais dificuldades e lacunas a considerar na aplicação das metodologias de aprendizagem, através de
uma ficha de aferição de conhecimentos;
2. Avaliação formativa. Este tipo de avaliação ocorre durante o desenvolvimento da ação de formação e permite a
recolha de informação sobre o percurso do formando face aos objetivos da formação (por exemplo, através de
perguntas, fichas ou da observação dos formandos);
3. Avaliação sumativa. Este tipo de avaliação tem como objetivo principal testar o resultado das aprendizagens (por
exemplo, através de atividades práticas ou fichas de avaliação).
M8. AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO E DAS APRENDIZAGENS |Página 9 de 35
Mod.DFRH.111/01
• Centrada no • Centrada no • Centrada no
formando processo produto
• Funções: orientar, • Funções: regular, • Funçoes: certificar,
identificar, facilitar, orientar, verificar, classificar,
predizer, adaptar corrigir situar, informar
O terceiro nível é chamado de nível de avaliação do impacto da formação no desempenho profissional. O enfoque é na
avaliação da transferência de aprendizagens para os contextos de trabalho (ou seja, na capacidade e possibilidade de aplicar
o que se aprendeu no posto de trabalho). O acompanhamento pós-formação é o processo que permite obter feedback
relativamente ao impacto da formação na inserção profissional e/ou integração social, a satisfação com as competências
adquiridas e a melhoria do desempenho profissional dos ex-formandos. A avaliação a este nível incide sobre as
competências adquiridas na formação e transferidas para situações reais de trabalho, de modo a avaliar em que medida os
comportamentos profissionais foram alterados e melhorados e quais os comportamentos em que ainda se demonstra
dificuldades ou problemas de desempenho.
O acompanhamento pós-formação poderá ser realizado através da aplicação de um questionário de follow-up aos ex-
formandos alguns meses depois da conclusão da formação (em formato online). Através deste instrumento (que será
diferenciado de acordo com o público-alvo), será possível avaliar o impacto dos conhecimentos e competências obtidos em
áreas como a inserção profissional e/ou integração social (no caso dos desempregados), a satisfação com as competências
adquiridas e a melhoria do desempenho profissional (no caso dos empregados ativos). As informações recolhidas através
deste processo permitirão fazer adaptações ou melhorias nas intervenções formativas.
O quarto nível é o chamado nível de avaliação do impacto da formação nos resultados ou na organização. O enfoque é na
avaliação do impacto da formação no desempenho organizacional. A avaliação a este nível preocupa-se em saber em que
medida a formação contribuiu para as grandes finalidades da empresa, que geralmente estão expressas na política de
formação (como a melhoria da qualidade dos serviços/produtos, a minimização da produção de produtos defeituosos, de
quebras de produtos ou de reclamações de clientes, a melhoria do clima organizacional ou a fidelização de clientes e
aumento de vendas.
A participação/capacidade de comunicação;
A assiduidade/pontualidade;
A motivação;
A capacidade de trabalhar em equipa.
Exemplos de indicadores de
Dimensão de
Critérios de avaliação desempenho associados aos
avaliação
critérios de avaliação
1. Clareza na apresentação
Desempenho do formador
1. Escala numérica;
2. Escala literal;
3. Escala descritiva.
Escala
Numérica 5 4 3 2 1
Literal A B C D E
Características
Fiabilidade
Validade
Objetividade
1. Observação
De forma a tirar o máximo proveio da observação, ela pode ser usada como uma técnica e não com um
improviso. Assim, deverá:
Inventariar previamente os itens que pretende observar, de acordo com os objetivos a atingir;
Observar discretamente, sem que o formando se aperceba que está a ser observado e avaliado.
Grelhas de observação
Nela registam-se os factos com interesse para a avaliação (utilizada para visitas de estudo, sessões
teóricas e práticas…).
Exemplo:
Ficha de observação
Assunto:
Listas de ocorrências
Elaborada previamente, indica os comportamentos que se espera que venham a ocorrer, tornando a
observação mais objetiva e mais fácil de registar. Pode ser complementada com uma escala de valores
de 1 a 5, por exemplo.
A 4
B 5
C 4
Escalas de classificação
Exemplo:
2. Formulação de perguntas
As perguntas permitem avaliar dados cognitivos, e por vezes afetivos. Estas podem ser feitas aos
formandos oralmente ou por escrito.
Avaliação oral
Permite avaliar um formando de cada vez e conhecer com clareza os conhecimentos de cada um. No
caso de haver dúvidas, há a possibilidade de os esclarecer prontamente.
Consiste em apresentar ao formando documentos escritos aos quais ele terá de responder também por
escrito. Como instrumentos de avaliação escrita poderá utilizar-se os testes. Numa perspetiva
pedagógica, os testes destinam-se a recolher dados sobretudo no domínio cognitivo. Englobam-se em
duas grandes categorias:
Testes de produção ou resposta aberta (que podem ser de produção curta ou longa);
Testes de seleção ou resposta fechada (a pergunta e as respostas são facultadas ao formando,
devendo este selecionar a correta). Este tipo de testes podem ser: verdadeiro/falso; completar
ou preenchimento; emparelhamento ou correspondência; e escolha múltipla (americano).
Exemplo:
Instruções. Responda às seguintes questões de forma sucinta (utilize duas linhas no máximo).
1. Enumere as técnicas de avaliação usadas na formação profissional.
2. Mencione uma vantagem da avaliação pela observação.
3. Refira dois instrumentos usados na técnica da observação.
Os testes de resposta/produção longa implicam que os formandos deem asas à sua imaginação, sendo
ideais para avaliar matérias complexas, o espírito crítico, a capacidade de julgar e a criatividade. A
elaboração destes testes pressupõe o seguinte:
Exemplo:
Instruções. Responda às seguintes questões, não excedendo duas páginas por resposta.
O texto deve ser o mais claro e curto possível, afirmativo e conciso (contendo apenas uma ideia,
totalmente falsa ou totalmente verdadeira);
As instruções devem indicar claramente a forma de proceder para que o formando indique a
sua opção.
Exemplo:
V F
1. O ano bissexto ocorre de 3 em 3 anos.
Instruções. Complete as afirmações seguintes, escrevendo a palavra adequada nos espaços em branco.
1. Um jogo de futebol joga-se com ……………… jogadores por equipa.
2. Cada jogo tem a duração de ……………… minutos, divididos por ……………… partes.
Exemplo:
Instruções. Associe os setores de atividade económica (coluna A) com as profissões que lhe
correspondem (coluna B), ligando-os através de uma linha, tendo em consideração que a cada elemento
da coluna A pode corresponder um ou mais elementos da coluna B.
Coluna A Coluna B
Neste tipo de testes, tal como em todos os testes de seleção ou resposta fechada, existe a possibilidade
de acerto ao acaso, pelo que se deverá considerar descontos para o caso das respostas erradas.
Exemplo:
Yuri Gagarine
Alan Shepard
Vladimir Komarov
Neil Armstrong
John Gleen
3. Medição
Das funções a desempenhar pelo formador, a avaliação é uma das mais complexas pela subjetividade
inerente. Contudo, é preciso não ignorar que a eficácia de toda a ação depende do controlo ao modo
como de desenvolve e à avaliação dos seus resultados.
Exemplo. Se o formador recebe informações sobre um formando antes de iniciar a sessão, essa
informação poderá condicionar a relação estabelecida e a forma como este será avaliado.
Efeito de Halo
Diz respeito à impressão produzida por uma pessoa ao ser avaliada ao nível da sua aparência física, que
poderá condicionar a sua avaliação.
Exemplo. Um formando de aparência física atraente tende a ser percebido como simpático, inteligente,
empreendedor, ao passo que um formando pouco atraente tende a ser percebido como antipático, de
raciocínio lento e preguiçoso.
Efeito de estereotipia
Tem a ver com a imutabilidade de quem avalia. Refere-se aos enviesamentos que podem ser
introduzidos na avaliação, produzidos por juízos de valor sobre os indivíduos sujeitos à avaliação. A
formação de estereótipos é um processo normal e inconsciente. Estes estereótipos podem afetar as
nossas expectativas e a forma como comunicamos com as pessoas.
Exemplo. Um formador que avalia um formando de modo menos abonatório por este ter um brinco no
nariz.
A maior parte da subjetividade presente na avaliação tem como causa a ausência de critérios comuns
aos diferentes avaliadores. Com objetivos definidos operacionalmente e partilhados pelos diferentes
avaliadores, evita-se a utilização de um critério pessoal e diferente dos outros avaliadores.
Suceder na ordem de correção de uma prova “brilhante” revela-se em princípio desfavorável, uma vez
que o avaliador está de certa forma influenciado pelas características da prova anterior. O inverso
também pode acontecer.
Exemplo. Corrigir uma prova após uma discussão com o chefe ou após um jogo de futebol em que a
nossa equipa venceu. São dois momentos que podem gerar notas distintas na mesma prova.
Estudo de caso
Protagonistas
Caso
Questões
A avaliação deve ser perspetivada como um processo interativo assente num paradigma construtivista.
As metodologias avaliativas focam-se na participação e envolvimento dos diferentes atores, exercendo
o avaliador, neste caso, o papel de facilitador no processo de identificação das estratégias avaliativas a
aplicar.
No início da formação, fazendo um primeiro diagnóstico não só das capacidades dos formandos,
mas também das suas necessidades, interesses e expectativas;
No decurso da formação, podendo ser feita uma avaliação da satisfação aos formandos e
formador no final de cada módulo/tema, por exemplo;
No final da formação, para aferir o grau de satisfação dos formandos e formadores quanto ao
modo como foi realizado o curso, nos seus diferentes domínios.
Espectativas iniciais;
Objetivos de aprendizagem;
Desempenho do formador;
Conteúdos programáticos;
Estratégias pedagógicas;
Suportes de apoio usados na formação;
Documentão de apoio à formação;
Apoio logístico;
Espaço/instalações.
Tem como vantagem permitir diagnosticar como é que as mudanças comportamentais e aplicação de
novos conhecimentos está a decorrer, verificando se há evidências de que ouve uma melhoria da
qualidade vs. quantidade do desempenho individual. Neste âmbito, é essencial a definição prévia dos
objetivos pretendidos quanto aos conhecimentos e comportamentos a atingir/adquirir.
O método de avaliação do nível 3 deve ser escolhido e adaptado de acordo com as características e
necessidades da entidade, podendo recorrer-se à avaliação de desempenho, à observação direta do
colaborador, à aplicação de inquéritos/questionários e entrevistas ao próprio e à sua chefia.
No geral, inicia-se o processo de avaliação estratégica com a identificação de uma necessidade a nível
de negócio e finaliza-se o mesmo quantificando o impacto da solução (formação) aplicada. Contudo, a
aplicação do processo de nível 4 não é fácil, porque nem sempre se consegue estabelecer relações
causais diretas entre uma determinada formação e os resultados alcançados (pode-se estar a anular
outros fatores externos à formação que possam ter contribuído para a consecução desses resultados).
A avaliação do impacto, no que se refere ao desenvolvimento individual, nunca deve ser realizada antes
de três a seis meses após a conclusão da formação, permitindo aos ex-formandos aplicar e testar as
novas técnicas e competências adquiridas em sala no contexto de trabalho.
Quanto à avaliação do impacto na organização, é conveniente que esta se realize num período superior
a um ano (após a conclusão da formação).
São duas a técnicas operacionais que funcionam como técnicas de recolha de informação, podendo ser
utilizadas na deteção nos efeitos da formação nos formandos, no local de trabalho.
Esta é uma técnica possível de ser aplicada na recolha da informação para medição do impacto no
contexto sócio-organizacional. Através de uma entrevista com as chefias de vários níveis, incluindo
gestores de topo, tentar-se-á avaliar o impacto mais global da formação ao nível de fatores como o
aumento de produtividade, níveis de vendas ou a qualidade e satisfação no trabalho.
Consiste em reunir e analisar diferentes fontes de informação, tais como os resultados de inquéritos,
relatórios, entrevistas ou outros documentos já existentes. Podemos ter fontes escritas (documentos
oficiais e fontes não oficiais) e não escritas (iconografia, fontes orais, a imagem e o som registado).
Estudos de caso
Elaboração de portefólios
O portefólio é um dos instrumentos que se tem vindo a revelar muito eficaz como ferramenta de
avaliação da aprendizagem e de desenvolvimento de competências profissionais. Possibilita ao próprio
assumir um papel ativo na sua aprendizagem, permitindo que desenvolva novas estratégias de
construção de conhecimento e equacione novas formas de resolução de situações. Desta forma, o
portefólio é pensado enquanto ferramenta de avaliação e promotor de desenvolvimento de
competências pessoais e profissionais. O recurso ao portefólio pode ser um importante contributo para
desmistificar e desdramatizar a avaliação, tornando o processo avaliativo mais transparente e claro.
Consiste num conjunto de procedimentos que visam a recolha de informações sobre desempenhos
considerados referências positivas ou negativas, sendo solicitado ao indivíduo responsável pelo
desempenho em análise a descrição do incidente crítico, para que se possa aferir os aspetos a manter
e reforçar ou os aspetos a corrigir e melhorar.
Focus groups
Consiste em reunir/animar um grupo para discutir um ou mais temas previamente definidos, de uma
forma estruturada ou semiestruturada e com a intervenção de um facilitador/moderador. Pode ser
presencial ou não presencial (grupos de 6 a 12 pessoas).
Assim, tal como os restantes investimentos desenvolvidos pelas empresas, e como todas as decisões
estratégicas que são tomadas e implementadas, tem que ser feito o seu planeamento, a informação
dos intervenientes sobre o processo que compõe esta medida estratégica e a implementação deste
investimento, e feito o respetivo acompanhamento ao longo de toda a implementação e no final do
processo.
Caetano, A., & Velada, R. (2004). Avaliação da formação profissional: O problema da transferência.
Cadernos Sociedade e Trabalho: Formação Profissional, 4. Lisboa. Departamento de Estudos,
Estatística e Planeamento do MTSS.
Descy, P., & Tessaring, M. (2005). The Value of Learning: Evaluation and Impact of Education and
Training. Luxembourg: Office for Official Publications of the European Communities.
Fernandes, D. (2008). Avaliação das Aprendizagens: Desafios às Teorias, Práticas e Políticas. Lisboa:
Texto Editores.
Kirkpatrick, D. L. (1998). Evaluating Training Programs: The Four Levels. San Francisco: Berrett-Koehler.
Perrenoud, P. (1999). Avaliação – Da Excelência à Regulação das Aprendizagens. Porto Alegre: Artmed.
Peterson, R. (1998). Training Needs Assessment: Meeting the Training Needs for Quality Performance.
London: Kongan Page.
Phillips, J. J. (1997). Handbook of Training Evaluation and Measurement Methods. Houston: Gulf.