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Avaliação da
Formação e das
Aprendizagens
Título:
Regras de utilização:
Este manual destina-se exclusivamente para uso como material de apoio para o curso de Formação
Pedagógica Inicial de Formadores, sendo que os direitos de autoria pertencem à Forseguro.
Data de elaboração:
Janeiro de 2013
2 Data de revisão:
Janeiro de 2013
Autores:
Parte II ........................................................................................................................................................ 26
Bibliografia ................................................................................................................................................. 44
O conceito de avaliação é bastante amplo, pelo que não existe apenas uma definição correta para o
termo. Vários estudiosos da área, exploram e compreendem o significado do tema em causa como:
• “Avaliar pode significar, entre outras coisas: verificar, julgar, estimar, situar, representar,
determinar…” – Hadji
• “A avaliação deve ser fundamentalmente entendida como uma componente da prática educativa.
Consiste na tomada de decisões pedagógicas adequadas às necessidades e capacidades [dos
formandos]” – Neves, Campos, Conceição e Alaiz
• “A avaliação é um processo sistemático, contínuo e integral, destinado a determinar até que ponto os
objetivos educacionais foram alcançados” – Fermin
• “Avaliar é obter e tratar informações que se vão utilizar em seguida para tomar decisões ou modificar
uma decisão já tomada” – Y. Tourner e C. Vasamillet
2. Assume uma função pedagógica ao permitir a reflexão sobre o que aconteceu no processo de ensino-
aprendizagem (remetendo para o passado) e introduzir mudanças facilitadoras da consecução dos
objetivos previstos (remetendo para o futuro);
A avaliação não é apenas a classificação do formando mas antes a avaliação de todos os fatores que
contribuem para atingir os objetivos da aprendizagem.
A função do formador é avaliar todo o processo, incluindo as atividades do formador. A avaliação é uma
parte integrante do processo de planeamento e deve fornecer retorno à instituição e ao formador
com o propósito da introdução de melhorias contínuas. Assim, os instrumentos de avaliação devem ser
diversificados, adequados ao seu objetivo, depois de definidos os seus momentos de aplicação.
O sistema de avaliação pode ser dividido em dois subsistemas relativamente relacionados:
- Avaliação da aprendizagem
- Avaliação da formação
E devem analisar-se todos os fatores que podem contribuir para que o processo de aprendizagem seja
um sucesso. Este processo pode ser realizado em dois momentos distintos: Durante a formação, como
meio de auscultação, de forma simplificada e no final da formação, de forma detalhada.
- Conteúdo programático;
- Objetivos de aprendizagem;
- Desempenho do formador;
- Recursos didáticos;
- Ambiente de aprendizagem;
- Apoio logístico;
A noção de avaliação tem adquirido uma diversidade de finalidades ao longo do processo formativo, que
contempla:
• Seleção: na medida em que possibilita a escolha dos formandos cujo perfil e aptidões se encontram
mais ajustados para integrarem uma determinada formação;
• Testagem: uma vez que permite aferir os conhecimentos, competências e atitudes essenciais para
abordar com sucesso a formação;
• Regulação: sendo que permite orientar, aconselhar e corrigir os formandos no processo ensino-
aprendizagem;
• Classificação: uma vez que situa os formandos num nível mais conveniente de acordo com o
desempenho demonstrado e posiciona-o comparativamente aos restantes elementos do grupo em
formação;
• Sinalização: pela identificação dos pontos fortes e menos positivos do processo formativo face aos
objetivos, beneficiando a compreensão dos aspetos a melhorar.
No decurso dos tempos, a avaliação foi assumindo diferentes funções, passando-se de uma conceção
mais tradicionalista em que a avaliação tinha como principal função a medição (seleção, seriação e
classificação) para uma conceção mais atual em que a avaliação assume uma função pedagógica e inclui
quatro grandes dimensões:
• Dimensão pessoal: na medida em que fornece dados sobre os progressos atingidos, reforçando a
confiança dos formandos e indicando ao formador a adequação das estratégias didáticas
implementadas;
• Dimensão curricular: servindo de referência para as potenciais alterações a introduzir nos programas e
estratégias pedagógicas implementadas;
• Dimensão educativa: uma vez que veicula informações sobre o sucesso ou insucesso atingido no
processo ensino-aprendizagem e elucida sobre as dificuldades inerentes ao processo.
Não obstante as variações descritas, a avaliação tem vindo a ser associada a outras funções, como seja a
função social, com base na certificação de uma competência detida pelo formando e a função de
controlo, sustentada no exercício de uma autoridade disciplinar por parte do formador que pretende
gerar um clima favorável à aprendizagem.
Outros autores perspetivam a avaliação como detendo essencialmente três funções correspondendo a
três objetivos pedagógicos (e sociais): a orientação, a regulação e a certificação aos quais correspondem
a avaliação diagnóstica (prognóstica ou preditiva), a avaliação formativa e a avaliação sumativa.
- Avaliação Sumativa ou Final – é a avaliação que surge no final da formação e visa avaliar o
resultado final da aprendizagem, em função do perfil de saída esperado. Controla as
competências adquiridas e verifica até que ponto os objetivos gerais foram atingidos.
Um critério é sempre uma marca de discernimento, ou seja, é sempre a operação que se espera que o
formando realize tendo em conta os objetivos da aprendizagem. Distingue-se portanto de norma, uma
vez que esta corresponde a um padrão geral que traduz a média ou o que se considera normal enquanto
que o critério, mais específico, é utilizado para aferir o nível de cumprimento da norma.
De acordo com o domínio de saber que se pretende aferir e dos objetivos definidos, estes critérios
podem ser comportamentais, cognitivos ou afetivos.
Fiabilidade significa precisão do instrumento de medida e pode ser averiguada através da análise da
consistência ou estabilidade desse instrumento. Um instrumento de medida fiável não deve produzir
resultados significativamente diferentes se for repetido sobre o mesmo indivíduo num espaço
relativamente curto de tempo.
Relativamente à validade pode afirmar-se que um instrumento de medida diz-se válido se conseguir
traduzir de forma correta a grandeza que pretende medir. Por exemplo, o número de anos e meses de
vida de uma pessoa constitui uma medida válida da sua idade, o mesmo já não acontece se usarmos a
sua altura para medir a idade.
Enquanto a fiabilidade diz respeito à consistência ou estabilidade de uma medida, a validade diz
respeito à sua veracidade. Uma medida pode ser muito fiável mas pode estar errada e portanto ser
inválida. A fiabilidade não implica validade mas é um requisito para avaliar a validade. Ou seja, uma
medida para ser válida deve antes de mais ser fiável.
Devemos então primeiro avaliar a fiabilidade dos instrumentos de medida e só depois avaliar a validade
dos mesmos.
1.4.3. Objetividade
Relativamente ao conceito de objetividade podemos afirmar que o teste deve produzir resultados
consistentes quando aplicado a diversos indivíduos, não pode depender de um único resultado devendo
a sua aplicabilidade poder ser generalizada.
É fundamental ter em atenção que a escolha das técnicas e instrumentos de avaliação deve variar em
função de um conjunto de fatores para além da dimensão de saber a constatar. Entre estes fatores,
encontram-se as características do contexto, a experiência e domínio que o formador detém sobre os
instrumentos e as próprias vantagens e desvantagens associadas a cada técnica.
1.6.1. Observação
É a técnica mais simples e também a mais usada pelos formadores. O formador utiliza esta técnica
constantemente, pois ele observa os seus formandos, as suas reações, comportamentos, gestos,
interesse, cuidados, os passos certos na realização de determinada tarefa. Como instrumentos desta
técnica podemos socorrer-nos:
- Grelhas ou Fichas de Avaliação – nela se registam factos que vão ocorrendo, com interesse para a
avaliação, durante uma sessão de formação, exercício prático, entre outros.
- Listas de Ocorrências – contêm uma listagem, previamente elaborada, dos comportamentos que
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esperamos que venha a ocorrer, tornando a observação mais fácil de registar, mais rápida e mais
objetiva.
- Escalas de classificação – permitem registar e atribuir um determinado grau, numa escala
crescente.
Para que uma observação seja eficaz é necessário considerar algumas regras. Entre elas, as seguintes:
1. Listar previamente os dados que se pretendem recolher. É importante planear e não improvisar.
3. Ter em consideração as características pessoais dos formandos. É importante não desvalorizar os mais
tímidos ou inibidos.
5. Ser prudente no tratamento, generalização e utilização dos resultados da avaliação. É importante ver
a avaliação como um instrumento ao serviço da aprendizagem.
6. Construir instrumentos objetivos, em que os factos não se misturem com opiniões ou preconceitos. É
importante garantir a objetividade do instrumento que sustenta a técnica de observação, recorrendo a
critérios ajustados aos objetivos.
A formulação de perguntas tem assumido, tanto no contexto educativo como no formativo, o estatuto
de técnica dominante, pela facilidade de execução e redução do tempo e custos associados. Não se
trata, contudo, de uma técnica simples ou desprovida de desvantagens.
As perguntas (questões ou itens) podem ser feitas aos formandos por 2 formas: Oralmente (avaliação
oral) ou por escrito (avaliação escrita).
- Avaliação Oral - É uma forma eficaz de avaliação principalmente quando se pode avaliar um
formando de cada vez. Esta avaliação dá-nos uma ideia clara do grau de conhecimentos do
formando. Muito utilizada na avaliação sumativa, esta técnica de avaliação oral permite o diálogo
direto entre formador e formando, focando a aprendizagem construída e possibilitando a recolha de
informação fidedigna sobre o grau de conhecimento detido. Tratando-se de uma técnica onde o
diálogo é privilegiado, ela permite a clarificação de questões específicas no momento da avaliação e
estimula o treino da expressão oral. Menos morosa no planeamento, esta técnica exige tempo para
- Avaliação Escrita - Nesta avaliação apresenta-se ao formando documentos escritos aos quais ele
terá de responder também por escrito. Focada essencialmente no registo escrito, esta avaliação
integra os inquéritos e os testes. Para que a formulação de perguntas seja eficaz é necessário
considerar algumas regras. Entre elas, as seguintes:
1. Listar previamente as perguntas que se pretendem realizar. É importante garantir que estas questões
são objetivas e representativas da matéria a avaliar.
2. Procurar uma avaliação dos saberes adquiridos centrada nos objetivos. É importante utilizar a
avaliação ao serviço da aprendizagem e não à sinalização das falhas dos formandos.
3. Elaborar questões claras, curtas e numa linguagem ajustada ao contexto formativo. É importante que
as perguntas formuladas sejam compreendidas pelos formandos para que possam avaliar o que
pretendem avaliar.
4. Não fornecer pistas ou facilitar a resposta correta. É importante que o desempenho real seja aferido
com o maior rigor possível.
1.6.3. Medição
- Tempo de execução.
Para a recolha e registo da informação, o formador pode contar com um conjunto de instrumentos
desde as listas de verificação, até às grelhas de observação, passando pelo registo de incidentes críticos
e pelas escalas de observação.
A principal limitação das listas de verificação corresponde à grande força das grelhas de observação, na
medida em que permitem registar a frequência dos comportamentos e observar a sua progressão. Têm
como principal vantagem o desenvolvimento de atividades de auto e heteroavaliação e como
desvantagem maioritária a necessidade de um registo rápido e simultâneo ao acontecimento. Apesar
desta limitação este é o instrumento mais completo no âmbito da observação.
Se o formador optar pela formulação de questões suportadas oralmente, deverá então desenvolver
instrumentos que guiem o processo de colocação de perguntas, bem como o registo das respostas
fornecidas. No primeiro caso, através de uma lista de perguntas, para maior proximidade aos objetivos
propostos, no segundo caso, através de uma ficha de registo de respostas, para posterior tratamento e
análise.
Questionários
De salientar, ao mesmo tempo, que este é um instrumento muito sujeito aos efeitos da desejabilidade,
não sendo por vezes fácil distinguir se a resposta se refere ao que os formandos pensam, sentem e se
comportam ou se expressa o que estes consideram ser a resposta desejada pelo questionador.
Testes de produção
Note-se que este instrumento é o único que permite avaliar os objetivos de maior complexidade que
incluem necessariamente a criatividade. Consequentemente é também o mais subjetivo.
Todavia é o mais moroso de corrigir e cotar. Acresce ainda o facto de estar sujeito a um conjunto de
variáveis alheias ao processo de avaliação, como o cansaço, tipos de letra, desacordo entre avaliadores
Vantagens:
- Apresentam-se como instrumentos ideais para avaliar matérias complexas (objetivos complexos);
- Relativamente a algumas matérias, são os únicos instrumentos que garantem a existência ou não de
aprendizagem.
Desvantagens:
Criar um texto claro e curto onde explique o tamanho da resposta bem como o âmbito e as subdivisões
de resposta.
Testes de seleção
Os testes de seleção são elaborados em torno de questões de resposta condicionada (fechadas) que
podem ser de verdadeiro/falso, de completamento, de emparelhamento ou questões de escolha
múltipla. Independentemente dos itens eleitos na construção do teste e mesmo do tipo de teste que se
pretende realizar, é importante não esquecer que este instrumento deve medir os objetivos e
conteúdos que se pretendem medir (validade do conteúdo) e deve diminuir o erro de medida (o que se
prende com a fidelidade), posicionando todos os alunos na mesma condição.
Escolha múltipla
Pertencendo ao grupo das perguntas objetivas, apresentam-se como as mais completas, uma vez que
inviabilizam as respostas ao acaso, pelo facto de o processo mental de seleção ter várias opções.
Vantagens:
Desvantagens:
Possibilidade de favorecer os formandos que tenham aptidões para este tipo de itens.
- Evitar associações verbais entre o conteúdo do corpo da pergunta e a opção correta, dado que pode
facilitar a resposta (Exemplo: Psicanálise e Psicodinâmico).
Constituem um caso de escolha entre duas opções: uma verdadeira, a outra falsa. Desta forma, são
claramente mais fáceis de construir do que os exercícios de escolha múltipla que tratamos
anteriormente. A sua utilização é, por conseguinte, muito frequente. Medem a capacidade de identificar
conceitos muito precisos ou de descriminar o correto do incorreto. São também designadas por
Respostas Alternativas ou Dicotómicas (Sim e Não).
Vantagens:
- Resposta rápida;
Desvantagens:
Emparelhamento
Este tipo de questões diz respeito ao ato de estabelecer relações ou correspondências entre os
elementos fornecidos ou ao ato de ordenar ou hierarquizar listas de dados, de acordo com um critério
previamente estabelecido (cronológico, evolutivo, lógico, etc.).
Como os itens podem assumir vários formatos, são úteis para avaliar uma grande variedade de
objetivos, particularmente os que têm a ver com o ato de relacionar, vincular, classificar, aplicar leis ou
princípios, aferir, etc…
Desvantagens:
Têm um âmbito muito limitado, dado que só permitem avaliar processos de identificação e
reconhecimento muito elementares. Assim sendo, o desenvolvimento mental resume-se à
memorização.
- Colocar mais itens numa lista do que na outra (para evitar acertar ao acaso);
- Evitar que a lista mais longa seja muito extensa (menor ou igual a 7 itens), para não distrair;
Completamento
Este tipo de questão consiste em completar uma frase ou um texto com as palavras ou expressões em
falta.
Permite avaliar a capacidade do formando para selecionar o conceito ou ideia em falta, num contexto
que ele tem de identificar.
A sua elaboração é simples. Basta retirar algumas palavras ou expressões “chave” de uma determinada
frase ou texto. Contudo deve assegurar-se que o contexto continua legível, apesar das supressões
efetuadas.
Vantagens:
- Resposta célere;
- Avaliação objetiva.
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Desvantagens:
- Evitar a ambiguidade;
Para a diferenciação do grau de aprendizagem alcançado, o formador pode recorrer a diferentes tipos
de escalas que, entre si, detêm uma correspondência interpretativa.
1.8.2. Literal
Outras escalas, como a literal, partem de uma correspondência entre uma sequência – neste caso a
alfabética – e a posição alcançada pelos formandos na distribuição classificativa. São contudo menos
comuns no contexto formativo e educativo português.
1.8.3. Descritiva
A escala descritiva, que varia normalmente entre muito bom e mau, representa a classificação atingida
pelos formandos pelo recurso a uma dimensão qualitativa.
Atendendo à interação destes fatores, o formador identifica o tipo de avaliação a realizar, adequa os
instrumentos à finalidade dessa avaliação e seleciona os objetivos, criando questões que permitam a
equivalência entre o desempenho, as condições de realização e os critérios previstos pelos objetivos.
Deve então testar as questões com amostras adequadas, tratando os dados e validando as questões (no
caso de ter produzido o efeito esperado) ou reformulando (retomando o processo anterior até a
validação). Nesta fase, o formador deverá elaborar a corrigenda, onde são incluídas as respostas-tipo
corretas e desejadas, bem como tabelas de cotação, determinando a decisão face à demonstração do
limite mínimo de conhecimentos atingido (por exemplo, aprovação) ou não atingido (por exemplo,
reprovação).
2
2.1. PRINCÍPIOS E MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO
A proliferação de teorias e modelos no domínio da avaliação esclarece a complexidade da temática. No
contexto onde múltiplas abordagens são defendidas, existe algum consenso no que diz respeito à
operacionalização de estratégias avaliativas a implementar no contexto da formação profissional.
Destes consensos deriva a utilização preferencial de alguns modelos, dos quais se destacam:
No que concerne à avaliação inicial da aprendizagem é fundamental que cada conteúdo programático
tenha identificados os objetivos de aprendizagem e os seus resultados esperados uma vez que estes
são condições cruciais para definir o processo de avaliação.
Não basta identificar os objetivos e os resultados esperados, bem como os parâmetros, critérios e
instrumentos de avaliação. Em vez disso, é fundamental transmiti-los de uma forma clara e
inequívoca aos participantes. Para o efeito, é importante registar estes dados num documento de
avaliação. Adicionalmente, é fundamental identificar no plano de sessão os objetivos, os resultados
esperados, os critérios de sucesso e os instrumentos de avaliação.
Relativamente à avaliação da formação, é fundamental que cada participante se posicione e evidencie
as suas competências iniciais, as suas expectativas, motivações e modo de aprendizagem, de modo a
permitir a adaptação da metodologia e do desempenho do formador ao perfil do grupo-alvo.
Neste contexto, propõe-se a introdução de um cartão de identificação de perfil, adaptado aos
objetivos e resultados esperados de cada curso. Este cartão pode revelar-se útil como um instrumento
de seleção de formandos nos casos em a análise curricular se revele insuficiente.
Relativamente à formação, tendo os planos de sessão e os registos da avaliação, o formador, no início
da sua intervenção, deve informar os participantes sobre o processo de avaliação (momentos,
critérios, parâmetros e instrumentos de avaliação).
No que diz respeito à avaliação da formação, deve aplicar-se um conjunto de instrumentos e
A abordagem proposta por este autor tem sido até à presente data, a mais aplicada por parte das
entidades que realizam formação. Considerada por muitos autores como uma taxionomia, integra uma
sequência lógica da intervenção avaliativa que se processa, segundo o autor, em quatro níveis de
avaliação que genericamente se apresentam da seguinte forma:
- • Nível 1: Avalia a reação dos participantes à formação (questiona: Em que medida os formandos
ficaram satisfeitos com a formação?); diz respeito ao grau de satisfação dos participantes relativamente
aos conteúdos, métodos, condições relativas à sala e suportes pedagógicos. Trata-se de um nível
cuja mediação é feita, normalmente, com recurso a questionários.
• Nível 2: Avalia as aprendizagens efetuadas (questiona: Em que medida os formandos aprenderam com
a formação realizada?); procura-se conhecer o que de facto foi aprendido, o que não sabiam antes e
passaram a saber. Este nível de avaliação deve ser quantitativo, devendo, no início da ação, aplicar-se
um teste e, no fim, identificar a diferença entre o antes e o depois.
• Nível 4: Avalia os resultados da formação (questiona: Em que medida a transferência dos adquiridos
para os contextos reais de trabalho provocou impactos no desempenho da organização?); este nível de
avaliação não se refere propriamente aos formandos, centra-se na organização. Procura identificar o
impacto da formação ministrada no desempenho da organização. Os instrumentos utilizados
Modelo CIRO
O modelo CIRO foi desenvolvido por Warr, Bird e Rackham, visando na altura disponibilizar uma
abordagem de avaliação especificamente focalizada na aferição dos resultados da formação no contexto
das empresas. Esta abordagem introduziu um conceito de avaliação mais abrangente, revolucionando,
em grande medida, as práticas avaliativas da época uma vez que o contexto anterior à formação assume
uma dimensão de observação importante.
• (C) Contexto ou ambiente de partida da formação, onde a avaliação compreende: As razões que
justificam a intervenção formativa;
O gap entre as competências detidas pelos formandos e as competências desejadas pela empresa;
• (I) “Inputs” (Entradas) a mobilizar para a intervenção formativa, onde a avaliação compreende:
Os recursos financeiros…
Uma das mensagens centrais da abordagem CIRO é a recomendação para serem considerados todos os
aspetos associados ao ciclo da formação. Neste sentido, esta abordagem constituiu uma perspetiva
sistémica já que se apresenta focalizada nos aspetos cruciais associados aos vários domínios de um ciclo
formativo.
Abordagem CIPP
As características do contexto;
Resultados da formação;
O modelo pode ser utilizado tanto numa perspetiva formativa procurando responder a questões como:
Nesta perspetiva, o avaliador submete relatórios internos atendendo a estas questões, mantendo os
envolvidos informados sobre as respostas providas e ajudando os decisores no processo de tomada de
decisão.
Pode também ser utilizado numa perspetiva sumativa, através de um relatório final onde o avaliador
responde a questões retrospetivas como:
Nas duas formas de conceber e utilizar o modelo, na avaliação formativa e na sumativa, contexto,
entradas, processo e produtos são entendidos diferentemente.
• O programa: aferição da adequação do conteúdo às necessidades, aos destinatários e aos fins a que se
destina;
• Os formadores: domínio dos conteúdos a abordar, experiência, métodos eleitos, claridade no processo
de comunicação, facilidade de relacionamento interpessoal, métodos e técnicas escolhidas e sua
adequação às temáticas e grupo de formandos;
• As entidades participantes: aferindo a sua satisfação com a condução do processo formativo e outros
critérios considerados pertinentes para o processo de avaliação e meta-avaliação;
• A estrutura formativa: determinando a sua adequação face aos resultados esperados, o nível de
execução sustentado e a flexibilidade na introdução de alterações e ajustamentos;
Ao longo destas fases do ciclo formativo, a avaliação é perspetiva no sentido da medição entre o
pretendido e o efetuado, do controlo dos resultados obtidos e da validação do sucesso alcançado.
Contudo, na última fase do ciclo formativo, referente à avaliação, propriamente dita, o seu sentido é
ampliado, integrando em si mesmo um ciclo que integra:
• A elaboração da abordagem;
- Escolham os instrumentos mais adequados para avaliar a aprendizagem nas três dimensões;
Para a avaliação do impacto será também necessário associar os resultados da formação na sua relação
com fatores de negócio, como as vendas, a produtividade, o lucro, os cursos, qualidade, absentismo,
etc…
- Fique satisfeito com a evidência se não for possível atingir as provas absolutas.
Nesta modalidade de ensino cabe ao formador ministrar as sessões presenciais, momentos de extrema
importância nos cursos, visto que, são regra geral eminentemente práticas e específicas abordando os
conteúdos que por alguma limitação não possam ser ministrados à distância.
Cabe então ao Tutor a parte da formação ministrada à distância (de uma forma simplista podemos dizer
que é o equivalente ao formador na formação presencial): deve ver-se como participando num diálogo
entre iguais, estar aberto à mudança e novas experiências, orientando, aconselhando, questionando e
dando feedback. Deverá dominar o software da web e as diferentes estratégias de formação online,
sendo capaz de fomentar a interação entre os formandos e os conteúdos.
O seu papel pode variar segundo os objetivos do curso, as metodologias de aprendizagem utilizadas e os
meios tecnológicos que lhe são disponibilizados.
Vejamos, de seguida, situações que exigem know-how distintos. A presença do tutor num "chat" ou em
video-conferência (formação síncrona) tem requisitos diferentes do acompanhamento de fóruns (onde
a comunicação ocorre em momentos diferidos). O mesmo acontecerá quando estão em causa as
metodologias de aprendizagem autodirigidas ou colaborativas. Independentemente da designação e do
enquadramento espera-se que estes profissionais possuam determinadas competências de base, que se
referem a questões tão distintas como a organização, a comunicação ou o relacionamento interpessoal.
É importante que demonstrem abertura para a formação online. Outro aspeto primordial refere-se aos
conhecimentos básicos de tecnologias de informação e comunicação. Por fim - e como em qualquer
contexto formativo - deverão possuir curiosidade para aprender novos assuntos, dominar os conteúdos
ministrados e estar muito motivados.
Utilizaremos, de seguida, o termo tutor como forma de abarcar todas as características e possíveis
designações.
- Dominar e possuir conhecimentos técnicos, bem como experiência sobre as matérias ministradas;
- Facultar feedback às suas dúvidas e questões, utilizando um discurso construtivo e uma linguagem
clara e objetiva;
Estes fatores deverão estar sempre presentes quando são efetuadas abordagens avaliativas a cursos
que seguem a modalidade b-learning.
Embora a sua utilização varie entre os avaliadores, de acordo com as suas preferências teóricas ou
experiências prévias, tem vindo a tornar-se cada vez mais comum a opção por referenciais definidos por
entidades credíveis no domínio da formação. Um desses referenciais é o Guia para Avaliação da
Formação, uma proposta metodológica difundida pelo Instituto para a Qualidade na Formação. O Guia
defende um percurso de cinco grandes fases a ter em consideração na avaliação da formação, mais
especificamente
Adicionalmente, a elaboração de uma estratégia tomada como a mais adequada para as características
identificadas, implica o planeamento da própria intervenção. Neste caso, as tarefas essenciais residem
na:
• Construção de uma estratégia de avaliação que contemple uma conceção de avaliação tal como
definida e descrita em momentos anteriores deste manual.
Nesta fase, as principais tarefas da avaliação passam por enquadrar o projeto formativo, proceder à
caracterização do contexto e do público-alvo e construir uma estratégia atendendo às abordagens
possíveis, às abordagens com sucesso comprovado e à abordagem de avaliação segundo o modelo de
Kirkpatrick.
A construção de uma estratégia avaliativa que tenha por base o conhecimento prévio do contexto de
formação (isto é, a apropriação das razões que deram origem ao projeto formativo, do proposta
formativa em si mesma, das características dos destinatários e dos beneficiários) realiza-se ao longo de
7 passos essenciais:
• Elaborar uma bateria de instrumentos adequados ao contexto formativo em que se apresenta o que
pode implicar o refinamento das ferramentas já desenvolvidas ou a criação de novos instrumentos;
No que se refere a esta fase, importa reconhecer que uma estratégia avaliativa surge sempre associada
a técnicas ou instrumentos de recolha de informação mais quantitativos ou qualitativos. As opções
metodológicas tomadas pela equipa de avaliação dependem em grande medida:
Esta fase do processo avaliativo é a que implica um envolvimento mais próximo da equipa e dos
restantes atores da formação, pois nela se procede à:
• Recolha contínua de informação relevante, proporcionada pelos atores envolvidos, nos diferentes
momentos estratégicos;
• Definição da necessidade e adequação de uma abordagem avaliativa profunda, que envolve todos os
níveis da taxionomia adotada.
O tratamento e análise dos dados recolhidos e a elaboração dos relatórios são fundamentais para o
processo de avaliação. No primeiro caso, trata-se do momento em que se definem os métodos de
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Módulo VIII – Avaliação da Formação e das Aprendizagens 39
tratamento e análise e se transformam resultados qualitativos e quantitativos em informação relevante
e em evidências avaliativas. No segundo caso, trata-se da elaboração de um produto que sinaliza as
principais conclusões avaliativas e que finda o processo de recolha de informação num conjunto de
recomendações que devem ser implementadas.
A fase IV desta abordagem reúne um conjunto de tarefas que devem ser implementadas pela equipa
responsável pela avaliação, nomeadamente:
• Definição da forma de tratamento dos dados recolhidos durante a realização das atividades de
avaliação;
• Produção de conteúdos coerentes, sustentados e relevantes num relatório claro, sintético e útil.
Mas que tratamento é o mais adequado para cada dado recolhido? A opção põe um determinado modo
de tratamento está diretamente dependente da natureza do dado a tratar, mas também dos objetivos
desse mesmo tratamento. Entre as alternativas possíveis, a equipa de avaliação encontra-se o
tratamento temático dos dados, o tratamento quantitativo dos dados e o tratamento qualitativo dos
dados.
Aplicando habitualmente mais do que um método de tratamento dos dados, a equipa de avaliação
deverá nesta fase percorrer um conjunto de passos para garantir que o processo avaliativo seja rigoroso
e produza os resultados desejados:
A apresentação dos resultados além de um relatório e a sua posterior disseminação está dependente do
nível de apropriação e investimento desejados para a informação produzida. Muitas vezes o relatório é a
principal fonte de apresentação e diálogo entre a equipa de avaliação e os destinatários finais. Nos dois
casos, seja a decisão centrada na apresentação e disseminação do relatório ou orientada para
estratégias alternativas, é fundamental que a equipa de avaliação defina uma estratégia que contemple
os seguintes passos:
No decurso de um processo avaliativo, como referido, vários indicadores podem ser aferidos, em
diferentes momentos, recorrendo a instrumentos distintos e tomando em consideração objetivos
específicos. Entre os aspetos mais comummente avaliados no processo formativo encontram-se:
• Conteúdo programático;
• Envolvimento pessoal;
• Clima da formação;
• Carga horária;
De salientar o carácter incompleto da lista, na medida em que os indicadores devem ser definidos de
acordo com os objetivos previstos para um determinado projeto formativo. Os indicadores sinalizados
são relevantes e transversais na maioria das situações, mas não exclusivos.
No contexto da avaliação da formação, distinguem-se 7 regras básicas que não devem ser esquecidas:
2. Devem ser definidos indicadores pertinentes para avaliar, com base em critérios de desempenho
observáveis e mensuráveis definidos por um referencial, ou seja, identificar o que se pretende medir;
3. O sistema de avaliação tem de ser conhecido e aceite pelos diferentes atores participantes, ou seja,
todos devem conhecer o que se está a avaliar;
4. É importante garantir que a formação seja o único elemento explicativo para o resultado observado,
ou seja, discriminar todas as variáveis e clarificar se os resultados alcançados dependem da formação;
5. É fundamental não querer avaliar tudo de uma só vez, tendo em consideração se os custos da
avaliação não serão superiores aos seus benefícios, ou seja, selecionar o que importa avaliar em cada
momento;
6. Devem difundir-se os resultados pelos clientes da formação, ou seja, dar feedback sobre os resultados
a quem é importante o seu conhecimento;
3
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