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Diálogo imaginário da personagem Erin Greene (Kate Siegel) enquanto morria sobre a
morte com o falecido Riley, seu grande amor, em Midnight Mass (Netflix, ultimo
episódio da 1 temporada, nº 7 – Livro VII – Apocalipse):
“O que acontece? O que acontece quando morremos? É, o que acontece? Então, para
você, o que acontece quando morremos? Falando por mim mesma? Sim, falando por
você mesma. Falando por mim. Eu mesma (myself). Eu mesma (myself). É esse o
problema. É esse o problema com a coisa toda. Essa palavra, “self”. Não é essa a ideia.
Não está certo, não está. Não está. Como fui esquecer isso? Quando eu esqueci isso? O
corpo morre uma célula de cada vez, mas os neurônios continuam em atividade.
Pequenos relâmpagos, como fogos de artifício dentro. Eu achei que ficaria desesperada
ou com medo, mas não sinto nada disso. Nada disso. Estou muito ocupada. Estou muito
ocupada neste momento. Lembrando-me. É claro. Eu me lembro de que cada átomo do
meu corpo foi criado em uma estrela. Essa matéria, este corpo é basicamente espaço
vazio. E a matéria sólida? É apenas energia vibrando bem devagar, e não há um “eu”
(me). Nunca houve. Os elétrons do meu corpo dançam e se misturam com os elétrons do
chão embaixo de mim e do ar que já não respiro. E eu me lembro de que não existe um
ponto onde tudo isso acaba e eu começo. Eu lembro que sou energia. Não memória. Não
um “eu”. Meu nome, personalidade e escolhas vieram depois de mim. Eu existia antes
deles e existirei depois e tudo o mais são imagens que recolhi pelo caminho. Sonhos
fugazes impressos no tecido do meu cérebro moribundo. E eu sou a eletricidade
correndo por ele. Sou a energia ativando os neurônios. E estou voltando. Só de lembrar,
estou voltando pra casa. Como uma gota d’água voltando para o oceano, do qual sempre
fez parte. Todas as coisas ...uma parte. Todos nós... uma parte. Você, eu minha menina,
minha mãe e meu pai, todos que já viveram, cada planta, cada animal, cada átomo, cada
estrela, cada galáxia, tudo. Há mais galáxias no Universo do que grãos de areia na praia.
É disso que falamos quando dizemos “Deus”. O Único. O cosmos e seus sonhos
infinitos. Somos o cosmos sonhando consigo mesmo. O que acho ser minha vida é
simplesmente um sonho, toda vez. Mas me esquecerei disso. Sempre esqueço. Sempre
esqueço meus sonhos. Mas nesta fração de segundo, no momento em que eu lembro, no
instante em que lembro, compreendo tudo de uma vez. Não existe o tempo. Não existe
morte. Avida é um sonho. É um desejo (wish) feito repetidamente por toda a eternidade.
E eu sou tudo isso. Sou tudo que há. Sou o todo. Sou o que sou.”