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Abordagem na coinfecção tuberculose e HIV/aids na atenção primária à saúde

O HIV é o fator de risco mais importante na progressão da tuberculose para a fase ativa. O Mycobacterium tuberculosis ativa a transcrição do
vírus HIV, aumentando a replicação e, assim, a imunodeficiência. Estima-se que de um terço à metade dos pacientes com HIV desenvolverão a
tuberculose.

Diagnóstico
O diagnóstico de tuberculose na coinfecção é de alta complexidade com manifestações radiológicas atípicas e teste tuberculínico
frequentemente negativo, com altas taxas de mortalidade. A manifestação clínica no portador de HIV difere devido à maior frequência das
formas extrapulmonares. A investigação adequada exige a realização de exames de imagem e a coleta de espécimes clínicos por vezes
através de procedimentos invasivos.

Tuberculose e antirretrovirais
Os portadores da coinfecção necessitam do tratamento antirretroviral. A tuberculose acaba elevando a carga viral do HIV e diminuindo a
contagem de linfócitos T CD4+. De maneira geral deve-se realizar a contagem de linfócitos T CD4+ antes do início do tratamento com
antirretrovirais. Tanto os medicamentos tuberculostáticos como os antirretrovirais possuem certa toxicidade e o início concomitante pode
levar a intolerância medicamentosa um do outro, assim a seleção do esquema antirretroviral com as drogas disponíveis implica poucas
opções no uso simultâneo da rifampicina. Estudos recentes sugerem a efavirenz pode ser usado de maneira mais segura com a dosagem
habitual de 600 mg, pela noite. Portanto o esquema habitual inclui zidovudina (AZT) e lamivudina (3TC), associado ao efavirenz. Pacientes
que apresentarem intolerância ou efeitos colaterais no uso da efavirenz, inviabilizando seu uso, deve ser encaminhado para consulta com o
especialista.
COVID-19 e a tuberculose
Com as ambas as infecções afetando os pulmões, a Covid-19 de forma viral e a tuberculose por meio bacteriano, o quadro dos pacientes
acometidos pode ser muito mais grave e fatal. O tratamento mais efetivo se dá pela erradicação da tuberculose enquanto não apresenta
sintomas, através do diagnóstico preciso. As medidas adotadas na prevenção do Covid-19, como o uso de máscaras, higienização das mãos,
distanciamento social e o compartilhamento de objetos pessoais também contribuem para o controle da tuberculose. Entretanto, a restrição,
ausência de transportes e dificuldade de acesso aos serviços de saúde dificultam o tratamento, exigindo que mesmo na situação de isolamento
deve ser assegurado o acesso ao tratamento da tuberculose, que exige regularidade.

Pesquisas prevêem um grande aumento nos casos de tuberculose nos próximos anos, devido às restrições impostas para lidar com o
coronavírus, com muitos pacientes sem diagnósticos e portanto tratamento. Embora as restrições mais severas durar meses as consequências
pode ser um atraso de anos no combate à tuberculose. Para amenizar os danos deve-se reforçar a busca ativa por diagnósticos de novos casos,
o intenso envolvimento da comunidade e o rastreamento por meio de ferramentas digitais, todas capacidades sensíveis a atuação da atenção
primária básica de saúde.

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