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1.

INTRODUÇÃO

A eletrocoagulação se obtém com a passagem de eletricidade pela água


desestabilizando a solução e coagulando os contaminantes. É considerada uma tecnologia
amigável, sem impacto ambiental. O processo é uma alternativa econômica e ambiental para
tratamento e recuperação de água dentro dos padrões. Um reator de eletrocoagulação simples
é composto de um anodo e de um catodo. As placas ou as hastes consumíveis do metal usadas
na fabricação dos eletrodos de eletrocoagulação são conhecidas geralmente como “eletrodos
de sacrifício”, que produzem o coagulante in situ. A essência de um reator de
eletrocoagulação é uma pilha eletroquímica na qual um anodo de sacrifício de metal é usado
para adicionar à água poluída um agente coagulante. O material do eletrodo usado determina
o tipo do coagulante. O eletrodo de sacrifício e o catodo podem ser compostos do mesmo ou
de diferentes materiais. Em geral, os materiais utilizados para a eletrocoagulação são o
alumínio e o ferro em forma de chapas.
A eletrocoagulação envolve a geração de íons metálicos no anodo enquanto que gás
hidrogênio é liberado no catodo. Dependendo das condições de operação do reator e do
poluente, estas bolhas podem flotar alguma parcela do poluente coagulado à superfície,
sendo este processo algumas vezes chamado de eletrofloculação. Neste processo, um
potencial é aplicado aos anodos do metal, fabricados tipicamente de ferro ou de alumínio,
que causam duas reações separadas. Em uma das reações o Fe/Al é dissolvido do anodo
gerando íons correspondentes do metal, que é hidrolisado quase imediatamente ao hidróxido
polimérico de ferro ou de alumínio. Estes hidróxidos poliméricos são agentes coagulantes
excelentes. Os anodos consumíveis do metal são usados para produzir continuamente
hidróxidos poliméricos na vizinhança do anodo. A coagulação ocorre quando estes cátions
do metal se combinam com as partículas negativas carregadas para o anodo pelo movimento
eletroforético. Os contaminantes presentes na corrente de água residuária são tratados tanto
por reações químicas e precipitação ou ligação física e química aos materiais coloidais que
estão sendo gerados pela erosão do eletrodo. Eles são então removidos por eletroflotação,
ou sedimentação e filtração. Assim, ao invés da adição de produtos químicos coagulantes
como no processo convencional de coagulação, estes agentes coagulantes são gerados in
situ. Em uma reação paralela a água também é eletrolisada.
A eletroflotação é um processo simples que flota os poluentes para a superfície da
água por bolhas minúsculas de hidrogênio e oxigênio geradas pela eletrólise da água. A
diferença principal entre a remoção do poluente por sedimentação ou flotação parece ser a
densidade de corrente empregada no reator. Uma corrente baixa produz uma densidade baixa
de bolhas, conduzindo às baixas condições ascendentes de fluxo – o que favorece a
sedimentação sobre a flotação. Assim que a corrente é aumentada, a densidade de bolhas
aumenta resultando um fluxo ascendente maior e assim uma remoção mais provável por
flotação.

2. PRÁTICA EXPERIMENTAL E DESCRIÇÃO DO PROCESSO

O experimento foi realizado em um sistema composto por condutores eletrolíticos,


catodo e anodo, uma fonte de tensão para permitir a transferência de corrente elétrica entre os
condutores e solução, além de permitir a agitação da barra magnética para auxiliar na
coagulação e flotação dos compostos sólidos dispersos e dissolvidos no meio aquoso. Em um
recipiente de vidro com agua ocupando boa parte de seu volume estavam inseridos os
condutores elétricos de alumínio, capazes de formar bolhas e complexos hidro-alumínio
extremamente importantes para o processo, uma barra magnética para agitar a solução e o
corante vermelho para se dissolver na água e representar um agente poluidor. Durante o
processo de eletrocoagulação, devido a fonte potenciométrica são realizadas reações químicas
que envolvem os compostos inseridos na solução gerando as seguintes equações no anodo,

Al → Al3+(aq) + 3e- (Equação 1)

Al3+(aq) + 3 H2O → Al(OH)3 + 3H+(aq) (Equação 2)

n Al(OH)3 → Aln(OH)3n (Equação 3)

em que na equação 1 o alumínio é reduzido gerando espécies catiônicas monoméricas que


quando interagem com a água geram complexos, inicialmente simples, que tendem a se
polimerizar gerando complexos cada vez maiores e mais eficientes na blindagem do corante.
Enquanto acontece a redução no anodo, ocorre uma reação no catodo em que se produz o gás
H2 permitindo a geração de bolhas capazes de ascender o efluente floculante, sendo que a
reação pode ser em meio básico (Equação 4) ou em meio ácido (Equação 5).
2 H2O + 2e- → H2 EC 0 = -0,83V (Equação 4)

2 H+ + 2e- → H2 EC 0 = 0V (Equação 5).

Inicialmente é aplicada uma corrente elétrica que percorre os eletrodos para permitir que
as reações eletroquímicas ocorram em cada um dos eletrodos de alumínio. No anodo a reação
realizada permite a liberação do cátion de alumínio que reage com a água formando o hidróxido
de alumínio que está carregado positivamente, devido a essa carga ele consegue neutralizar o
corante presente na água pois os íons de carga contrária reduzem a repulsão eletrostática entre
as partículas de modo que a atração de Van der Waals predomine e essas partículas de impureza
sofram aglutinação no Al(OH)3 formando flocos que aumentam cada vez mais devido a união
entre os vários flocos sintetizados. Enquanto no anodo há a formação de flocos capazes de
retirar os contaminantes sólidos (corante) do fluido o catodo faz uma reação de redução da água
(em meio básico) ou dos prótons (em meio ácido) liberando o gás hidrogênio, que provoca a
geração de bolhas que são extremamente úteis no processo de flotação, pois as bolhas geradas
fazem com que os flocos aglutinados se ascendam e ocupem a superfície do sistema. Outro
fator extremamente importante para um bom funcionamento do experimento foi a rotação do
bastão magnético, influenciado diretamente pela potência aplicada na corrente elétrica, que foi
capaz de promover uma agitação no sistema fazendo com que exista mais contato entre os
flocos e um espalhamento mais eficiente das substâncias presentes na solução, ou seja, a
agitação magnética atuou como uma catalisador na reação de eletroflotação.
3. DISCUSSÃO DE AJUSTES DE PROCESSO

Alguns fatores são extremamente importantes para a otimização e um bom funcionamento do


sistema durante um processo eletrocoagulativo como a aplicação de um pH ideal, o tamanho
das partículas a serem removidas, concentração dos compostos químicos presentes na solução,
a condutividade envolvida no transporte de cargas pelos eletrodos, o tempo de exposição da
substância a ser removida com o sistema eletro coagulador e a temperatura aplicada no meio.
Sabe-se que eletrocoagulação requer a corrosão do alumínio, entretanto em um sistema prático
existem momentos em que a corrosão não acontece e se inicia um processo de passivação,
formação de uma camada indesejada de óxido, diminuindo ou cessando a troca iônica na
solução. O pH do meio afeta a eficiência da corrente e a solubilidade dos hidróxidos metálicos,
para a remoção de contaminantes no meio o pH mais adequado é em torno de 7 e 8 que deve
ser controlado para manter-se neste nível, pois com o decorrer das reações o hidróxido de
alumínio se dissolve aumentando o pH da solução.

Figura 1: Gráfico de pH versus eficiência de remoção(%)- fonte: PUC- Rio

Para um pH ácido a quantidade adsorvida, floculada não é tão satisfatória devido a uma
forte competição entre os íons H+ e o alumínio resultante das hidrólises dificultando assim a
adsorção, enquanto que em um aumento de pH que ultrapassa a 9 a formação excessiva de
complexos gerada devido à grande concentração de OH- na solução também afeta
negativamente a adsorção formando espécies aniônicas como Al(OH)4- não realizando uma
troca iônica eficiente com as partículas sólidas devido a coincidência das cargas, por isso a
adsorção é otimizada em condições neutras ou um pouco alcalinas pois os excessos são
limitantes para o processo.
Existem três pontos em relação ao potencial que devem ser descritos devido a sua
grande influência. O primeiro ponto a ser analisado é quando a corrente está elevada e
concentração do reagente está baixa, um sistema com essas características leva a um
esgotamento de reagente e o potencial se desvia do equilíbrio. O segundo ponto é composto por
uma corrente baixa e grande concentração de reagentes e esse tipo de composição faz com que
a etapa determinante de velocidade seja limitada pela energia de ativação dos compostos do
sistema. O último ponto se trata de um sistema que apresenta uma corrente muito elevada, ou
uma baixa concentração iônica que fazem com que exista dificuldades na manutenção elétrica
na solução retardando assim o processo reativo.

Figura 2: Tensão aplicada (V) versus eficiência na remoção (%)- fonte: PUC- Rio

Analisando o processo experimental observa-se que há um grande aumento na eficiência da


remoção das partículas de corante quando se aumenta o potencial elétrico, entretanto, após
aplicar cerca de 3 Volts a quantidade de partículas colorimétricas removidas não se alteram na
mesma intensidade da corrente aplicada. Pode-se notar que existe uma estagnação remoção da
cor mesmo com o aumento da corrente, esse fenômeno acontece pois o processo reativo de
evolução do oxigênio que acontece no anodo consome grande parte dessa corrente inserida no
sistema e o aumento da corrente não gerará grandes alterações na eficiência do processo.
4. CONCLUSÃO

Atualmente, as tecnologias eletroquímicas são não somente comparáveis com outras


tecnologias em termos de custo, mas são também mais eficientes e mais compactas. Os
processos eletroquímicos apresentam vantagens interessantes e ecológicas para o tratamento
de efluentes, como a economia da energia, desde que funcionem na temperatura ambiente; o
melhor desempenho, porque a geometria da pilha pode ser projetada para maximizar o
rendimento do produto; e a facilidade de controle, desde que a cinética dos processos seja
determinada pelo potencial de trabalho e/ou densidade de corrente que pode prontamente ser
ajustada conforme necessário. Além disso a eletrocoagulação tem algumas vantagens
significativas como equipamento simples e operação e automatização fáceis; tempo de
retenção mais curto; velocidades de sedimentação elevadas; baixa produção de lodo, devido
ao teor de água mais baixo; o tratamento de água residuária fornece água incolor e inodora;
produz efluente com menos sólidos totais dissolvidos em comparação aos tratamentos
químicos; bolhas de gás produzidas durante a eletrólise podem carregar o poluente ao topo da
solução onde pode ser mais facilmente concentrado, coletado e removido através da flotação;
pode ser convenientemente usada nas áreas rurais onde a eletricidade não está disponível,
desde que um painel solar unido à unidade seja suficiente para realizar o processo. Entretanto,
a eletrocoagulação também possui desvantagens, entre as principais estão a necessidade de
substituição regular dos eletrodos que são dissolvidos na água residuária em consequência da
oxidação; o custo da energia elétrica, que pode ser muito elevado em alguns lugares; a
possibilidade de passivação do eletrodo que ocorre em virtude do acúmulo de óxidos na
superfície do cátodo, o qual promove a redução da eficiência; e a solubilização do hidróxido
gelatinoso em alguns casos.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Ana Christina Souza Wimmer, Aplicação
do processo eletrolítico no tratamento de efluentes de uma indústria petroquímica.

Universidade de Brasília- Faculdade de tecnologia departamento de engenharia civil e


ambiental, André Luiz Lopes Sinoti, Processo eletrolítico no tratamento de esgotos sanitários:
Estudo da sua aplicabilidade e mecanismos associados.

Universidade Federal do Paraná- setor de tecnologia departamento de química.

Prof. Dr. Haroldo de Araújo Ponte, Fundamentos de corrosão.

<scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422011000800030>

<maxwell.vrac.puc-rio.br/11608/11608_6.PDF>
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS ALTO PARAOPEBA

ELETROCOAGULAÇÃO E ELETROFLOTAÇÃO

Professor:

Dane Tadeu Cestarolli

Alunos:

Gabriel Caetano Araújo

Gabriel Dias Serenário

Luana Teixeira de Santana

Ouro Branco – MG

Dezembro/2017

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