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LUCRO REAL

Obrigatoriedade de apuração pelo lucro real

São obrigadas ao regime de tributação com base no lucro real as pessoas jurídicas: (Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 59)

a) cuja receita total no ano-calendário anterior tenha excedido o limite de R$ 78.000.000,00 ou


de R$ 6.500.000,00 multiplicado pelo número de meses de atividade no período, quando inferior
a 12 meses;

b) cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de


desenvolvimento, agências de fomento, caixas econômicas, sociedades de crédito,
financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de
arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de
capitalização e entidades de previdência privada aberta;

c) que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

d) que, autorizadas pela legislação tributária, usufruem de benefícios fiscais relativos à isenção
ou redução do imposto;

e) que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de


estimativa, na forma prevista nos artigos 33 e 34 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017;

f) que exploram as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria


creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar
e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de
prestação de serviços (factoring); ou

g) que exploram as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do


agronegócio.

Conceito de lucro real

Segundo o artigo 258 do regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n°


9.580/2018 (RIR/2018) e o artigo 61 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, lucro real é o
lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações
prescritas ou autorizadas pela legislação do IRPJ.

Resultado ajustado é o lucro líquido do período de apuração antes da provisão para a CSLL,
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação
da CSLL.

A determinação do lucro real e do resultado ajustado será precedida da apuração do lucro líquido
de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais.

Ajustes do lucro líquido

Adições

Serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração para apuração do lucro real e do
resultado ajustado (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 62):
a) os custos, as despesas, os encargos, as perdas, as provisões, as participações e quaisquer
outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação do IRPJ
ou da CSLL, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real ou do resultado ajustado; e

b) os resultados, os rendimentos, as receitas e quaisquer outros valores não incluídos na


apuração do lucro líquido que, devam ser computados na determinação do lucro real ou do
resultado ajustado.

O Anexo I da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 traz uma lista (não exaustiva) das adições
ao lucro líquido do período de apuração para determinação do lucro real e do resultado ajustado.

Exclusões

Serão excluídos do lucro líquido do período de apuração para apuração do lucro real e do
resultado ajustado (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 63):

a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação do IRPJ ou da CSLL e que não tenham
sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração; e

b) os resultados, os rendimentos, as receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração


do lucro líquido que, de acordo com essa mesma legislação, não sejam computados no lucro
real ou no resultado ajustado.

O Anexo II da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 traz uma lista (não exaustiva) das
exclusões do lucro líquido do período de apuração para determinação do lucro real e do resultado
ajustado.

Compensações

O lucro líquido, depois de ajustado pelas adições e exclusões autorizadas pela legislação do
IRPJ, poderá ser reduzido pela compensação de prejuízos fiscais de períodos de apuração
anteriores em até, no máximo, 30% do referido lucro líquido ajustado, desde que, observado
os artigos 203 a 213 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017.

De igual forma, o lucro líquido, depois de ajustado pelas adições e exclusões prescritas ou
autorizadas pela legislação da CSLL, poderá ser reduzido pela compensação de bases de
cálculo negativas da CSLL de períodos de apuração anteriores em até, no máximo, 30% do
referido lucro líquido ajustado, desde que, observado os artigos 203 a 213 da Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 64)

Base de cálculo

Para a apuração da base de cálculo da apuração trimestral ou por estimativa mensal, deverão
ser somadas as receitas operacionais e as demais receitas (receitas que não estão previstas no
objeto social) e ganho de capital, no mês em que forem auferidos conforme prevê o artigo
39 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017. Podemos citar como exemplo: descontos
financeiros obtidos, receita de locação de bens imóveis que não constituem objeto social da
empresa, receita de juros e variações monetárias ativas, entre outras. Contudo, esta análise deve
ser feita pelo contribuinte, uma vez que o critério está diretamente relacionado as características
da empresa, não havendo uma norma aplicada à todas as empresas de uma forma direta.

Segundo o artigo 40 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017 não devem ser somadas à base
de cálculo apurado na forma estimativa conforme artigos 33, 34 e 39, as seguintes receitas:

a) as receitas provenientes de atividade incentivada, na proporção do benefício de isenção ou


redução do tributo a que a pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro
real ou resultado ajustado fizer jus;
b) as recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas;

c) a reversão de saldo de provisões, exceto as mencionadas nos incisos I a IV do artigo


70 da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017;

d) os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias não avaliadas pelo método da


equivalência patrimonial, em empresas domiciliadas no Brasil;

e) os lucros, rendimentos e ganhos de capital decorrentes de participações societárias em


empresas domiciliadas no exterior;

f) as parcelas referentes aos ajustes de preços de transferência;

g) a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos avaliados pelo método da


equivalência patrimonial;

h) o ganho proveniente de compra vantajosa de que trata o § 9° do artigo 178 da Instrução


Normativa RFB n° 1.700/2017, que integrará as bases de cálculo estimadas no mês em que
houver a alienação ou baixa do investimento; e

i) as receitas de subvenções para investimento de que trata o artigo 198 da Instrução Normativa
RFB n° 1.700/2017 e as receitas relativas a prêmios na emissão de debêntures de que trata
o artigo 199 também da Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, desde que os registros nas
respectivas reservas de lucros sejam efetuados até 31 de dezembro do ano em curso, salvo nos
casos de apuração de prejuízo previstos no § 3° do artigo 198 e no § 3° do artigo 199 da referida
instrução normativa.

Os juros sobre o capital próprio e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e renda
variável, que não houverem sido submetidos à incidência na fonte ou ao recolhimento mensal
previstos nas regras específicas de tributação a que estão sujeitos, não deverão integrar a base
de cálculo estimada do IRPJ, devendo-se somar à base de cálculo estimada da CSLL. (Instrução
Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 40, §§ 1° e 3° e artigo 30, § 17)

Apuração trimestral

A apuração do IRPJ e da CSLL das pessoas jurídicas optantes pelo lucro real poderá ser de
forma trimestral, com os períodos encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro
e 31 de dezembro de cada ano-calendário ou, por opção, através da estimativa mensal.
(Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 31, caput e § 3°)

IRPJ

Para apuração do Imposto de Renda devido, será aplicada a alíquota de 15% sobre a base de
cálculo. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 29)

O valor resultante que exceder da multiplicação de R$ 20.000,00 pelo número de meses do


respectivo período de apuração ficará sujeito à incidência de adicional do Imposto de Renda à
alíquota de 10%. (Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 29, § 1°)

Despesas Dedutíveis

1. Introdução
As empresas de Lucro Real efetuam a tributação de IRPJ e CSLL através dos resultados
apurados entre as receitas e despesas, e ajustando através do LALUR (Livro de Apuração do
Lucro Real), ocorre que nem todas as despesas pagas pela empresa serão consideradas
dedutíveis, devendo ser analisada a utilização e aplicabilidade da mesma sobre a ótica da
atividade explorada. Neste trabalho vamos analisar as despesas que podem ser consideradas
como dedutíveis para apuração do Lucro Real.

2. Documentação Comprobatória
A legislação fiscal exige, que as despesas operacionais estejam devidamente suportadas por
documentos hábeis e idôneos a comprovarem a sua natureza, a identidade do beneficiário, a
quantidade, o valor da operação etc.

Em se tratando de uma nota fiscal de serviço por exemplo, ela precisa ter a especificação
completa do serviço executado, devendo seguir as regras estabelecidas pela legislação
municipal.

A Receita Federal considera como documento inidôneo quando emitido em nome da pessoa
jurídica que não exista de fato e de direito, apesar de constituída formalmente, não possua
existência de fato ou seja desativada, extinta ou baixada no órgão competente. Os documentos
inidôneos não servem para amparar custos ou despesas operacionais na determinação do lucro
real.

3. Despesa Dedutível
São dedutíveis os gastos não computados nos custos, mas necessários às transações ou
operações da empresa, e que, além disso, sejam usuais e normais na atividade por esta
desenvolvida, ou à manutenção de sua fonte produtiva, e ainda estejam intrinsecamente
relacionados com a produção ou comercialização dos bens e serviços.

Nos casos em que o contribuinte se deparar com a falta de legislação que mencione com
exatidão a dedução de uma possível despesa, logo deverá se voltar à menção contida no artigo
311 do Decreto 9.580/2018 (RIR/2018) nos casos em que a operação analisada satisfaça o
referido conceito, poderá então considerar como dedutível. São operacionais as despesas não
computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte
produtora. (Lei n° 4.506/64, artigo 47)

São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou


operações exigidas pela atividade da empresa. As despesas operacionais admitidas são as
usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. O disposto neste
item aplica-se também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que
tiverem.

Aplicam-se aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de


rendimentos pagos a terceiros. (Lei n° 4.506/64, artigo 45, § 2°)

A seguir serão apresentadas despesas e suas classificações:

3.1. Conservação e Instalação de Bens


Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação
de bens e instalações destinadas a mantê-los em condições eficientes de operação.

Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida


útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando
aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a
depreciações futuras.

3.2. Juros Sobre Capital Próprio


A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos de apuração do lucro real, os juros pagos ou
creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital
próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da
Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados
antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual
ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados. (Lei n° 9.249/95, artigo
9°, § 1°).

3.3. Pesquisa Científica


Serão admitidas como operacionais as despesas com pesquisas científicas ou tecnológicas,
inclusive com experimentação para criação ou aperfeiçoamento de produtos, processos,
fórmulas e técnicas de produção, administração ou venda. (Lei n° 4.506/64, artigo 53)

3.4. Aluguel e Royalties


A dedução de despesas com aluguéis será admitida: (RIR/2018, artigos 361 a 363)

a) quando necessárias para que o contribuinte mantenha a posse, uso ou fruição do bem ou
direito que produz o rendimento; e

b) se o aluguel não constituir aplicação de capital na aquisição do bem ou direito, nem distribuição
disfarçada de lucros, ressalvado o disposto nos artigos 366 a 367 do RIR/2018 que dispõe sobre
contrato de arrendamento mercantil.

Não são dedutíveis:

a) os aluguéis pagos a sócios ou dirigentes de empresas, e a seus parentes ou dependentes,


em relação à parcela que exceder ao preço ou valor de mercado;

b) as importâncias pagas a terceiros para adquirir os direitos de uso de um bem ou direito e os


pagamentos para extensão ou modificação de contrato, que constituirão aplicação de capital
amortizável durante o prazo do contrato.

As despesas de aluguel de bens móveis ou imóveis somente serão dedutíveis quando


relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos bens e serviços.

A dedução de despesas com royalties será admitida quando necessárias para que o contribuinte
mantenha a posse, uso ou fruição do bem ou direito que produz o rendimento.

Nos termos do Artigo 365 do RIR/2018, as somas das quantias devidas a título de royalties pela
exploração de patentes de invenção ou uso de marcas de indústria ou de comércio, e por
assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, poderão ser deduzidas como
despesas operacionais até o limite máximo de 5% da receita líquida das vendas do produto
fabricado ou vendido.

Ademais, observa-se que, com a publicação do RIR/2018, a dedutibilidade dispostas nos artigos
501 e 504 do RIR/99 (programas do PDTI e PDTA), foi suprimida.

3.5. Leasing
Serão consideradas, como custo ou despesa operacional da pessoa jurídica arrendatária, as
contraprestações pagas ou creditadas por força de contrato de arrendamento mercantil.

As contraprestações de arrendamento mercantil somente serão dedutíveis quando o bem


arrendado estiver relacionado intrinsecamente com a produção e comercialização dos bens e
serviços.

3.6. Remuneração de Sócios e Dirigentes


Serão dedutíveis na determinação do lucro real as remunerações dos sócios, diretores ou
administradores, titulares de empresa individual e conselheiros fiscais e consultivos.
(RIR/2018, artigo 368)
A Instrução Normativa RFB n° 1.700/2017, artigo 78, determina que as retiradas dos sócios,
diretores ou administradores, titular de empresa individual e conselheiros fiscais e consultivos
será dedutível desde que sejam escriturados em custos ou despesas operacionais e
correspondam a remuneração mensal e fixa por prestação de serviços.

3.7. Participação dos Empregados nos Lucros


Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa
operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, dentro do
próprio exercício de sua constituição. (RIR/2018, artigo 369)

A Receita Federal por meio da Solução de Consulta n° 12/2013, da 7ª Região Fiscal, dispõe que
não será admitida a dedução de provisão para pagamento do PLR, cabendo a dedução apenas
da despesa quando for considerada incorrida.

EMENTA: PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES NOS LUCROS. PROVISÃO


MENSAL. INDEDUTIBILIDADE.
As participações dos trabalhadores nos lucros e resultados só poderão ser
consideradas despesas dedutíveis quando incorridas, ou seja, após o término de seu
período de apuração e no montante efetivamente calculado e devido. As provisões
mensais referentes à participação dos trabalhadores nos lucros e resultados não
representam despesas operacionais dedutíveis e devem ser adicionadas na apuração
do IRPJ com base no Lucro Real.

3.8. Despesa Médica de Empregados e de Dirigentes


Consideram-se despesas operacionais os gastos realizados pelas empresas com serviços de
assistência médica, odontológica, farmacêutica e social, destinados indistintamente a todos os
seus empregados e dirigentes. (RIR/2018, artigo 372)

3.9. Despesa com Propaganda


São admitidos, como despesas de propaganda, desde que diretamente relacionados com a
atividade explorada pela empresa e respeitado o regime de competência, observado, ainda, o
disposto no artigo 260, parágrafo único, inciso VIII do RIR/2018. (Lei n° 4.506/64, artigo 54 e Lei
n° 7.450/85, artigo 54)

a) os rendimentos específicos de trabalho assalariado, autônomo ou profissional, pagos ou


creditados a terceiros, e a aquisição de direitos autorais de obra artística;

b) as importâncias pagas ou creditadas a empresas jornalísticas, correspondentes a anúncios


ou publicações;

c) as importâncias pagas ou creditadas a empresas de radiodifusão ou televisão,


correspondentes a anúncios, horas locadas ou programas;

d) as despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda;

e) o valor das amostras, tributáveis ou não pelo imposto sobre produtos industrializados,
distribuídas gratuitamente por laboratórios químicos ou farmacêuticos e por outras empresas que
utilizem esse sistema de promoção de venda de seus produtos, sendo indispensável:

e.1) que a distribuição das amostras seja contabilizada, nos livros de escrituração da empresa,
pelo preço de custo real;

e.2) que a saída das amostras esteja documentada com a emissão das correspondentes notas
fiscais;
e.3) que o valor das amostras distribuídas em cada ano-calendário não ultrapasse os limites
estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), tendo em vista a natureza do
negócio, até o máximo de cinco por cento da receita obtida na venda dos produtos.

3.10. Despesa com Formação de Empregados


Poderão ser deduzidos, como despesa operacional, os gastos realizados com a formação
profissional de empregados. (RIR/2018, artigo 382)

Pelo entendimento da Receita Federal, por meio da Solução de Consulta Cosit n° 74/2014, será
considerada despesa operacional aquela efetuada com a formação profissional de empregados,
devendo o gasto ser necessário, e ainda que esteja diretamente voltado para os objetivos da
pessoa jurídica.

EMENTA: DEDUTIBILIDADE DE DESPESAS. FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE


EMPREGADOS.
São dedutíveis as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da
respectiva fonte produtora, assim entendidas aquelas essenciais e usuais ou normais
a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades, principais ou
acessórias, que estejam vinculadas às fontes produtoras de rendimentos. No que se
refere à formação profissional de empregados, podem ser deduzidas como despesas
operacionais aquelas efetivamente pagas ou incorridas visando a esse fim, desde que
demonstrada sua essencialidade e usualidade ou normalidade conforme as atividades
da empresa e do empregado.

3.11. Alimentação de Empregados


Admitir-se-ão como dedutíveis as despesas de alimentação fornecida pela pessoa jurídica,
indistintamente, a todos os seus empregados, observado o disposto no inciso V do parágrafo
único do artigo 260 RIR/2018 que dispõe da adição das despesas com alimentação de sócios,
acionistas e administradores no ajuste do lucro líquido. (Lei n° 9.249/95, artigo 13, § 1°)

Quando a pessoa jurídica tiver programa aprovado pelo Ministério do Trabalho.

3.12. Vale Transporte


Poderão ser deduzidos, como despesa operacional, os gastos comprovadamente realizados, no
período de apuração, na concessão do vale-transporte. (Lei n° 7.418/85, artigo 4° e Medida
Provisória n° 2.189-49/2001, artigo 10, parágrafo único)

3.13. Dedução de Provisões


Na determinação do lucro real somente serão dedutíveis as provisões expressamente
autorizadas no Regulamento do Imposto de Renda, conforme mencionada nesse item.

3.13.1. Provisão Técnica Compulsória


São dedutíveis as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como
das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas
aplicável. (RIR/2018, artigo 340)

3.13.2. Provisão de Remuneração de Férias


O contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada período de
apuração, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração
correspondente a férias de seus empregados. (RIR/2018, artigo 342)
3.13.3. Provisão de Remuneração de Terceiro Salário
O contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada período de
apuração, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração
correspondente ao 13° salário de seus empregados. (RIR/2018, artigo 343)

3.14. Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS)


Os depósitos efetuados na conta vinculada de FGTS constituirão despesas dedutíveis na
apuração do lucro real das empresas. (Lei n° 8.036/90, artigo 29)

Os depósitos efetuados pela pessoa jurídica, para garantia do tempo de serviço de seus diretores
não empregados, também são dedutíveis na determinação do lucro real. (RIR/2018, artigo
353, parágrafo único)

3.15. Depreciação
Poderá ser computada, como custo ou encargo em cada período de apuração, a importância
correspondente à diminuição do valor dos bens do ativo resultante do desgaste pelo uso, ação
da natureza e obsolescência normal. (Lei n° 4.506/64, artigo 57)

A depreciação será deduzida pelo contribuinte que suportar o encargo econômico do desgaste
ou obsolescência, de acordo com as condições de propriedade, posse ou uso do bem.

A quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é instalado, posto em serviço
ou em condições de produzir

3.16. Amortização
Poderá ser computada, como custo ou encargo em cada período de apuração, a importância
correspondente à recuperação do capital aplicado, ou dos recursos aplicados em despesas que
contribuam para a formação do resultado de mais de um período de apuração.

Somente será permitida a amortização de bens e direitos intrinsecamente relacionados com a


produção ou comercialização dos bens e serviços. (Lei n° 9.249/95, artigo 13, inciso III)

3.1.7. Exaustão
Poderá ser computada, como custo ou encargo em cada período de apuração, a importância
correspondente à diminuição do valor de recursos minerais, resultante da sua exploração. (Lei
n° 4.506/64, artigo 59)

3.18. Perdas nos Recebimentos de Créditos


Para determinação do lucro real poderão ser deduzidas como despesas as perdas no
recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica observando as
disposições conforme previsto na legislação. (RIR/2018, artigo 347)

Para maiores orientações sobre as perdas, sugerimos o Boletim 24/2019: PERDAS NO


RECEBIMENTO DE CRÉDITO - Aspectos Contábeis e Fiscais a Partir de 08.10.2014

3.18.1. Inadimplência Antes da Lei n° 13.097/2015


Conforme o artigo 9° da Lei n° 9.430/96, poderão ser registrados como perda os créditos:

a) em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença


emanada do Poder Judiciário;

b) sem garantia, de valor, assim considerados:

1) até R$ 5.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de


iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;
2) de R$ 5.000,01 até R$ 30.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano,
independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém,
mantida a cobrança administrativa;

3) acima de R$ 30.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os


procedimentos judiciais para o seu recebimento;

c) com garantia, vencidos há mais de dois anos, desde que iniciados e mantidos os
procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias;

d) contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial, no


que se referem à parcela que exceder o valor que esta tenha comprometido a pagar, observado
o disposto conforme artigo 9° da Lei n° 9.430/96.

3.18.2. Inadimplência após a Lei n° 13.097/2015


Com a inclusão do § 7° no artigo 9° da Lei n° 9.430/96 determinando que em relação aos
contratos que ficarem inadimplentes a partir da sua publicação podem ser registrados como
perda os créditos, devendo observar as seguintes disposições:

a) em relação às pessoas que tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em


sentença emanada do Poder Judiciário;

b) sem garantia, de valor, considerado:

1) até R$ 15.000,00, por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de


iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento;

2) de R$ 15.000,01 até R$ 100.000,00, por operação, vencidos há mais de um ano,


independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, desde que
mantida a cobrança administrativa;

3) acima de R$ 100.000,00, vencidos há mais de um ano, desde que iniciados e mantidos os


procedimentos judiciais para o seu recebimento;

c) com garantia, vencidos há mais de dois anos, de valor:

1) até R$ 50.000,00, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu


recebimento ou o arresto das garantias; e

2) acima de R$ 50.000,00, desde que iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu
recebimento ou o arresto das garantias; e

d) contra devedor declarado falido ou pessoa jurídica em concordata ou recuperação judicial,


relativamente à parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar, observado
o disposto previsto no artigo 9° da Lei n° 9.430/96.

3.19. Despesas com Veículos


Em se tratando de despesas com veículos registrados no ativo imobilizado da empresa, as
despesas com combustíveis e manutenção, poderão ser consideradas como dedutíveis, pois por
presunção legal, são necessárias à atividade da empresa.

Porém em se tratando de despesas com combustíveis e manutenção em veículos dos


empregados, administradores ou sócios da empresa, dependerá muito da atividade dela.

Uma clínica médica, por exemplo, dificilmente conseguirá comprovar a necessidade da utilização
de um veículo, considerando que são os pacientes que vão até a clínica. Já para uma atividade
de engenharia ou consultoria, por exemplo, fica mais fácil de comprovar a necessidade da
utilização de um veículo na atividade da empresa.

As despesas de combustíveis e de manutenção de veículo de propriedade de empregado, pagas


pelo empregador como ressarcimento pelo uso no trabalho, desde que exigido pelas atividades
usuais ou normais desenvolvidas pela empresa, de acordo com o Parecer Normativo CST n°
643/71, são admitidas como operacionais. A empresa deve corroborar o ressarcimento das
despesas efetivamente ocorridas com a documentação original dos gastos.

3.20. Despesas com Viagens


As despesas com viagens e com veículos destinadas a custear diárias, despesas com
alimentação e pousada, para que possam ser aceitas como despesas operacionais, devem ser
comprovadas com documentos hábeis e idôneos.

Não serão aceitos apenas relatórios de viagens sem documentação que assegurem os requisitos
de normalidade e necessidade da empresa

3.21. Contribuições e Doações


A partir de 01.01.1996, somente são dedutíveis as doações para projetos culturais de que trata
a Lei n° 8.313/91, as efetuadas para instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido
autorizada por lei federal e que preencham os requisitos dos incisos I e II do artigo
213 da Constituição Federal e as efetuadas a entidades civis, sem fins lucrativos, que prestem
serviços gratuitos em benefício de empregados e dependentes da pessoa jurídica doadora ou
em benefício da comunidade local.

3.22. Brindes
As mercadorias que não constituam objeto normal da atividade da empresa, adquiridas com a
finalidade específica de distribuição gratuita ao consumidor ou ao usuário final, objetivando
promover a organização ou a empresa, em que a forma de contemplação é instantânea, embora
não tenham valor comercial, não são consideradas amostras, pois não se tratam de produto,
fragmento ou parte de mercadoria em quantidade estritamente necessária a dar a conhecer a
sua natureza, espécie e qualidade, por este motivo são consideradas indedutíveis na apuração
do Lucro Real.

A Solução de Consulta Cosit n° 58/2013 dispõe sobre a indedutibilidade das despesas com
brindes:

EMENTA: DESPESAS COM BRINDES. INDEDUTIBILIDADE. BRINDES. CONCEITO.


Nos termos do art. 13, VII, e do art. 35 da Lei n° 9.249, 26 de dezembro de 1995, são
indedutíveis, para efeito de apuração da base de cálculo da CSLL, as despesas com
brindes. O termo "brindes" do art. 13, inciso VII, da Lei n° 9.249, de 1995, refere-se às
mercadorias que não constituam objeto normal da atividade da empresa, adquiridas
com a finalidade específica de distribuição gratuita ao consumidor ou ao usuário final,
objetivando promover a organização ou a empresa, em que a forma de contemplação
é instantânea. Embora possam ser de diminuto ou nenhum valor comercial, como as
amostras, conceituadas no art. 54, inciso III, do Decreto n° 7.212, de 15 de junho de
2010, destas se diferenciam pois não se tratam de produto, fragmento ou parte de
mercadoria em quantidade estritamente necessária a dar a conhecer a sua natureza,
espécie e qualidade.
3.23. Perdão de Dívida
O perdão de dívida, por se tratar de uma mera liberalidade, não é uma despesa dedutível para
quem está concedendo o perdão e para quem está recebendo o perdão é uma receita tributável.
3.24. Despesas Financeiras
As despesas de financiamento decorrentes de empréstimos contraídos para aquisição de bens
do ativo imobilizado, sejam os obtidos diretamente junto aos fornecedores, sejam os pactuados
com terceiros com aquela finalidade, tais como juros e comissões, quando destacadas no
contrato, de acordo com o Parecer Normativo CST n° 127/73, são consideradas despesas
operacionais.

3.25. Furto e Apropriação Indébita


Somente são dedutíveis como despesas os prejuízos por desfalque, apropriação indébita e furto,
por empregados ou terceiros, quando houver inquérito instaurado nos termos da legislação
trabalhista ou quando apresenta queixa perante a autoridade policial. (RIR/2018, artigo 376)

3.26. Despesas com Multas


As multas por infrações fiscais, como regra geral, não são dedutíveis na determinação do lucro
real, como custo ou despesa operacional. Entretanto, poderão ser dedutíveis as multas de
natureza compensatória e as impostas por infrações de que não resultem falta ou insuficiência
de pagamento de tributo. (RIR/2018, artigo 352, § 5º).

3.27. Regime de Dedutibilidade


As receitas e despesas no lucro real acompanham sempre o regime de competência, portanto
as despesas serão dedutíveis na determinação do Lucro Real segundo o regime de
competência. (Lei n° 6.404/76, artigo 177)

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