Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

D I S C I P L I N A Leitura, Interpretação e Produção Textual

A escrita
como processo

Autores

Maria Divanira de Lima Arcoverde

Rossana Delmar de Lima Arcoverde

aula

10
Governo Federal
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância – SEED
Carlos Eduardo Bielschowsky

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Universidade Estadual da Paraíba


Reitor Reitora
José Ivonildo do Rêgo Marlene Alves Sousa Luna
Vice-Reitora Vice-Reitor
Ângela Maria Paiva Cruz Aldo Bezerra Maciel
Secretária de Educação a Distância Coordenadora Institucional de Programas Especiais - CIPE
Vera Lúcia do Amaral Eliane de Moura Silva

Coordenador de Edição Revisores de Estrutura e Linguagem


Ary Sergio Braga Olinisky Rossana Delmar de Lima Arcoverde (UFCG)

Projeto Gráfico Revisoras de Língua Portuguesa


Ivana Lima (UFRN) Maria Divanira de Lima Arcoverde (UEPB)

Revisora Tipográfica
Nouraide Queiroz (UFRN)
Thaísa Maria Simplício Lemos (UFRN)

Ilustradora
Carolina Costa (UFRN)

Editoração de Imagens
Adauto Harley (UFRN)
Carolina Costa (UFRN)

Diagramadores
Bruno de Souza Melo (UFRN)
Dimetrius de Carvalho Ferreira (UFRN)
Ivana Lima (UFRN)
Johann Jean Evangelista de Melo (UFRN)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - UEPB

A6751 Arcoverde, Maria Divanira de Lima.


   Leitura, interpretação e produção textual./ Maria Divanira de Lima Arcoverde, Rossana Delmar de Lima Arcoverde. – Campina
Grande; Natal: UEPB/UFRN, 2007.

15 fasc.
“Curso de Licenciatura em Geografia – EaD”.
Conteúdo:  Fasc. 1- Linguagem: diferentes concepções;  Fasc. 2 - leitura – perspectivas teóricas;  Fasc. 3 - o jogo discursivo
no processo de leitura;  Fasc. 4 - leitura – antes e além da palavra;  Fasc. 5 - a leitura como prática social;  Fasc. 6 – produção
textual-perspectivas teóricas;  Fasc. 7 – a tessitura do texto;  Fasc.  8 – gêneros textuais ou discursivos;  Fasc. 9 – gêneros
textuais e ensino;  Fasc. 10 – a escrita como processo;  Fasc. 11 – recursos de textualidade – coesão;  Fasc. 12 – recursos
de textualidade – coerência;  Fasc. 13 – produzindo gêneros textuais – o resumo;  Fasc. 14 – produzindo gêneros textuais –
a resenha;  Fasc. 15 – produzindo gêneros textuais – o memorial

ISBN: 978-85-87108-59-3
1. Leitura (Lingüística).  2. Produção de textos.  3. Educação a Distância.  I. Título.
22 ed. CDD 418.4

Copyright © 2007  Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte e da UEPB - Universidade Estadual da Paraíba.
Apresentação
Os conteúdos trabalhados até aqui deram a você um panorama geral sobre as teorias
que cercam o ato de ler e de escrever.

Nesta aula, vamos nos deter ao caso específico da escrita como processo, dando
continuidade à prática de escrever, o que ajudará a você a ser um eficiente produtor de texto
bem diferente, talvez, do que você já estudou e trabalhou como “redação”, texto considerado
como tarefa escolar.

A exemplo das outras aulas, teremos teoria e prática fazendo parte dessa jornada de
trabalho. Assim, é importante que você permaneça assíduo no cumprimento das atividades
e nas interações com colegas, tutores e professores.

Objetivos
Com esta aula, esperamos que você reconheça que

a escrita como atividade de uso da linguagem tem


1 funções sociais;

o processo de produção de um texto consiste em


2 planejar, escrever, revisar e reescrever.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 


Para começo de conversa...

A
escola, considerada como instituição formadora do saber, tem como função primeira
apontar caminhos que possibilitem aos alunos a apropriação de conhecimentos que os
habilitem a se posicionar criticamente em seu espaço social, por meio da linguagem.
No entanto, as práticas pedagógicas tradicionais têm demonstrado que o ensino de língua
não promove situações de aprendizagem que favoreçam a efetivação desse domínio.

Você poderá testemunhar que, ao longo desse percurso de, no mínimo, onze anos de
estudo de Língua Portuguesa (oito anos de Ensino Fundamental e três de Ensino Médio),
tenha se deparado com uma situação de angústia, dúvida ou incerteza ao ser solicitado para
escrever um texto, não é verdade?

Pois bem! Tudo isto acontece porque as distorções ocorridas na prática pedagógica
ou na concepção de língua do professor de Língua Portuguesa, especificamente, no que diz
respeito à produção textual, tenham concorrido para tal.

Sendo assim, o leitor/escritor, cuja formação está essencialmente condicionada


à escolarização, fica à mercê de metodologias tradicionais, em que o professor se deixa
Gramática
aprisionar pelo ensino da gramática como um fim em si mesma. Isto não significa que não
A gramática, sozinha, é precisemos dela. Mas ela, sozinha, não pode dar conta do recado. O conteúdo gramatical
incapaz de preencher as
deve ser visto de forma pragmática para que a linguagem seja entendida na sua abrangência,
necessidades interacionais
de quem fala, escuta, de modo que o aluno utilize a língua em contextos reais de interação. Só assim, ele será
ler ou escreve textos capaz de interagir com variedades distintas da língua, inclusive a norma culta, que é a
(ANTUNES, 2007,
privilegiada pela sociedade.
p. 51-52).

“Língua e gramática podem ser uma solução se soubermos ir adiante, muito além
da gramática; muito além até mesmo da língua, para alcançar a nós mesmos e aos
vestígios mais sutis da cultura, da história, dos discursos todos que teceram e tecem
os versos de cada um.
Teríamos cumprido a missão tão sonhada de fazer a travessia do ensino de línguas sem
tantas pedras no caminho!”.

ANTUNES, 2007, p. 161.

É neste sentido, que pretendemos direcionar este estudo, explicitando novas


metodologias para a prática de produção de textos, que não se reduzam a simples técnicas.
Pretendemos banir a pedagogia obsoleta da “expressão escrita”, em que se exercitam noções
gramaticais e desenvolvem-se temas de “redação”, pré-estabelecidos pelo professor(a).

 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Atividade 1
Vamos refletir um pouco mais sobre o que o processo de escrever?

Imagine a seguinte situação:


1
Você precisa produzir um texto sobre a transposição do rio São
Francisco para compor uma importante revista nacional.

Que procedimentos você deverá assumir para cumprir essa tarefa, de


modo que seu texto fique pronto para ser publicado?

Com base em nossos estudos sobre a produção de gêneros textuais,


2 avalie sua resposta e verifique se você contemplou todos os elementos
adequadamente. A que resultado você chegou?

1.

sua resposta

2.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 


al, e

Continuando nossa conversa...


Pressupondo a linguagem como atividade discursiva, produzir textos é uma atividade
dialógica e interacional, resultado da interação sujeito/interlocutor.

Nesse sentido, enfoques diferenciados têm sido discutidos e investigados no âmbito da


produção textual. Passa-se a refletir sobre as práticas de letramento que têm lugar na escola
e fora dela, em diferentes esferas de circulação da escrita e da linguagem.

É preciso, pois, que a sala de aula seja um espaço instigante para a produção de textos
variados e que o professor crie situações e provoque no aluno, por meio dessa atividade,
formas de interagir com o mundo. É no espaço de interlocução que se constituem os sujeitos
e a linguagem.

A construção do texto como processo


O texto escrito não é uma atividade solitária, como já se propagou por algum tempo.

Koch (1997, p. 22) defende a posição de que

a) a produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, portanto, inserida
em contextos mais complexos de atividades;

b) trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de


estratégias concretas de ação e a escolha de meios adequados à realização dos objetivos;
isto é, trata-se de uma atividade intencional que o falante, de conformidade com as
condições sob as quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus
propósitos ao destinatário através da manifestação verbal;

c) é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras diversas, se acham


envolvidos na atividade de produção textual.

Os estudos mostram que a produção escrita deve ser uma atividade organizada em
quatro níveis de operações:

a)  o planejamento

b)  a textualidade

c)  a revisão

d)  a reescrita ou refacção

 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


O planejamento é o pré-requisito de todo o trabalho. Supõe o emprego de capacidades
cognitivas gerais e variadas entre os pólos da seleção e organização das idéias. A textualização
agrupa todas as operações de determinação e estruturação propriamente lingüísticas da
etapa de planejamento. A revisão que propicia o reexame crítico do texto produzido e a
possibilidade de modificações, levando a operações de adequação definitiva. Finalmente, a Revisão
essa possibilidade de modificações e adequação definitiva, nós damos o nome de reescrita Planejamos
ou refacção do texto. Assim, você refaz o texto, dando a legibilidade necessária para que seu cuidadosamente o nosso
texto para assegurar
destinatário construa sentidos para o que você escreveu.
que o leitor compreenda
nossas idéias sem precisar
Quem já não precisou “passar a limpo” algum texto? É justamente essa prática que
de mais explicações,
dá legibilidade ao texto, sem necessariamente passar pelo processo de “higienização” feita pois não temos o apoio
pelos professores, ao corrigirem os textos escolares, detendo-se apenas a apontar “erros” do contexto, ou seja,
não podemos resolver
de superfície lingüística, ou seja, de ordem gramatical.
dúvidas imediatamente,
não dispomos de
recursos como gestos,
voz, expressões faciais (

Atividade 2 GARCEZ, 2002, p. 74).

Higienização

Vamos trabalhar um pouco mais e ver como funcionam essas etapas. A “higienização do texto”
consiste em eliminar os
Leia as três situações a seguir, em relação a uma proposta de produção textual, “erros gramaticais” e
analisar o texto apenas no
e identifique a que etapa cada uma se adequa. Justifique sua resposta. nível da transgressão da
norma.

Procedimento 1:
Leia o texto que você produziu e

a)  revise-o, observando os problemas caso existam;

b)  peça ao professor para ler e indique as alterações necessárias;

c)  reescreva seu texto, seguindo os critérios dados no planejamento.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 


Procedimento 2:
Na hora de produzir, fique atento:

a)  aos objetivos do texto;

b)  ao assunto que vai tratar;

c)  ao leitor provável;

d)  ao nível de linguagem que deve ser usado;

e)  ao formato do texto.

Procedimento 3:
Algumas atitudes podem ajudar no processo de produção textual:

a) construir um parágrafo para desbloquear e depois ir desenvolvendo as


idéias ali expostas;

b) ler e organizar a idéia principal e as secundárias em frases isoladas para


depois interligá-las;

c)  cuidar da linguagem escrita, conforme a norma culta.

 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Um pouco mais de conversa...

A
o construir um texto, o escritor faz uso de diferentes tipos de conhecimentos e
produz textos para interagir com outros indivíduos dentro de determinados contextos
sociais. Além disso, ao interagir com outros indivíduos, o escritor faz também uso de
conhecimentos sobre mecanismos de interação.

Desta forma, ao vivenciar o processo de escrita, o escritor observa que escrever não
é resultado de uma inspiração divina, mas que para escrever adequadamente, conforme
propósitos definidos, quem escreve constrói os sentidos necessários para aquilo que quer
enunciar. Por isso, ele deve ler e reler o que escreveu, organizar e reorganizar as idéias, identificar
os problemas gramaticais e compor o texto, de modo que corresponda aos objetivos iniciais.

Atividade 3

Vamos aprofundar nosso estudo sobre o processo de produção textual.

Nossa tarefa é criar uma situação de produção textual. Agora, o trabalho de


criação é seu. Nesse caso, considerando nossos estudos:

a) crie uma situação de produção textual, levando em conta o processo de


planejamento e textualidade para um gênero de sua preferência. Seja
criativo e crítico, observando todos os aspectos para que sua atividade
fique completa;

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 


b) produza o texto que você sugeriu no item anterior. Você deve reler seu
texto e fazer alterações caso necessário.

Importante – guarde a primeira versão de sua produção textual.


Você vai precisar para a atividade 4.

Bilhetes

Lembre-se de consultar
as instruções sobre
a produção de
bilhetes na aula 9

 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Ampliando nossa conversa...
A revisão e a reescrita
A noção de escrita na perspectiva de produto cria no escrevente uma visão limitada
sobre o ato de escrever, tendo em vista que o texto passa a ser julgado e avaliado, levando
em consideração, em geral, aspectos formais lingüísticos e características superficiais. As
avaliações são feitas mais em termos de sentenças do que de conteúdos.

Ao escrevente é negada a possibilidade de revisar o texto e reescrevê-lo, principalmente,


em sala de aula. Nesse caso, o professor se coloca, como um juiz implacável, que dita
comportamentos lingüísticos, sem considerar a intenção de quem escreveu e a relação com
seu destinatário.

Na escrita como processo, o foco não é o texto como produto final, mas o processo,
que deve ter levar em consideração a situação da enunciação e as condições discursivas que
são determinantes na função da linguagem, de seu significado e de sua interpretação. Quem
escreve deve ter clareza sobre seus objetivos, de sua audiência e da necessidade de interagir
com seu destinatário para que ele construa significados. Além do mais, nessa visão, o texto
é produzido imerso numa situação social de produção definida.

Essa concepção enfatiza a importância da revisão, investido no potencial do escritor


e no sucesso da reescrita, que permite ao escritor um redirecionamento de suas idéias.
A escrita é vista numa perspectiva global, efetivando mudanças que reordenam o todo ou
atingem segmentos do discurso.

Dessa forma, a escrita é uma construção que se processa na interação e a revisão é um


momento que demonstra a vitalidade desse processo construtivo.

Assim, o ato de escrever, como já afirmamos em aulas anteriores, deixa de ser considerado
um “dom” e passa a ser concebido como uma produção textual, que exige trabalho, e não,
inspiração. Uma aprendizagem, por meio do trabalho da reescrita, demonstra a dimensão
das múltiplas possibilidades de realização da linguagem, resultado do texto original e dos
textos dele decorrentes.

A revisão e a reescrita do texto são alternativas que poderão ser bem sucedidas,
contrapondo-se às formas mais tradicionais de redação escolar, cujo resultado poderá ser
visto como uma matriz de problemas e soluções.

Produzir textos, seguindo essa orientação é estar aberto a operações de auto-correção,


tais como:

a)  substituição c)  deslocamento

b)  apagamento d)  acréscimo

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 


Ao revisar um texto, podemos substituir termos, insistentemente usados, por outros,
que se adeqüem melhor ao contexto de produção. Podemos, também, apagar ou deletar
termos que decidimos retirar do texto para melhorar o sentido dos enunciados. Podemos,
ainda, deslocar termos que por alguma razão não devem estar naquele local e, finalmente,
podemos acrescentar termos para ampliar nossas idéias, dando maior consistência
ao que queremos enunciar.

Como afirma Garcez (2002), na produção de textos há idas e vindas e todas


essas ações estão profundamente articuladas ao contexto em que se originou e em
que acontece a produção.

O quadro abaixo sintetiza com clareza esse processo.

PRÁTICA SOCIAL DE ESCRITA

Contexto da produção do texto

Texto em processo de construção ou já produzido


Assunto
Motivação Processamento Escrita Reescrita
Necessidade geração versões releituras
Idéia de leitor
ORGANIZAÇÃO REVISÕES

Memória
Assunto Monitoração
Língua Avaliação constante do processo
Gêneros

FONTE: GARCEZ, 2002, p. 1

Para tanto, essa autora recomenda que nesse processo é preciso:

n  enfatizar as idéias principais;

n  reordenar as informações;

n  substituir idéias inadequadas;

n  eliminar idéias desnecessárias;

n  alcançar maior exatidão para as idéias;

n  acrescentar exemplos, conceitos, citações, argumentos;

n  eliminar incoerências;

n  estabelecer hierarquia entre as idéias;

n  criar vínculos entre uma idéia e outra.

GARCEZ, 2002, p. 18

Como você deve ter percebido, escrever exige esforço, disciplina, atenção e paciência.
Ninguém escreve por simples inspiração e todo bom produtor de texto deve procurar rever sua
primeira versão para depois de muitas releituras e reescritas, escrever a versão definitiva.

10 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Atividade 4
Vamos revisar nossa produção textual.

1) Seguindo as orientações de revisão e reescrita, releia a primeira versão do texto que você
produziu na atividade 3.

Reveja sua produção textual e analise-a.

Siga este roteiro para sua revisão:

Organize
n   as idéias de forma seqüenciada.

n  Use a linguagem adequada (formal ou informal), conforme o gênero textual produzido.

n 
 Observe se as características do gênero textual atendem à forma composicional
adequada.

Veja
n   se você escreveu, levando em conta o destinatário de seu texto.

Verifique inadequações lingüísticas de ordem gramatical (pontuação, concordância,


n  

ortografia, regência).

2)  Reescreva, então, uma segunda versão do texto.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 11


3)  Faça uma auto-avaliação, verificando o seu progresso como escritor.

12 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Após a atividade de reescrita, você deve ter concluído que nesse processo foi necessário:

n  tentar conhecer e analisar o seu próprio processo de produção de texto;

n  afastar o desânimo se a primeira versão do texto não for satisfatória;

n  cultivar a paciência;

n  compreender que várias releituras garantem o aperfeiçoamento do texto;

n  reconhecer que reescrever é o processo natural de construção de um bom texto;

n 
 mostrar para outra pessoa e aceitar sugestões, pois é uma prática muito produtiva.

GARCEZ, 2002, p. 21.

Concluindo nossa conversa...

N
o trabalho com a produção de textos, é importante destacar que a criação e a
articulação de espaços de interlocução são fundamentais como condição para o
processo de produção textual. Nesse processo, o aluno precisa vivenciar ou supor
situações significativas de linguagem e, em função dessas situações, escolher os recursos
lingüísticos-discursivos necessários à composição textual.

Sendo assim, é bom lembrar que nesse trabalho é preciso oportunizar situações de escrita
como uma prática social. Para isso, faz-se necessário possibilitar a produção de diversos
gêneros textuais, levando em consideração as condições de produção e tendo em vista que o
escritor deve usar os procedimentos de planejamento, escrita, revisão e reescrita.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 13


Leituras complementares
Sugerimos como leituras fundamentais para o aprofundamento da conversa que
iniciamos nesta aula:

SALVADOR, A. e SQUARISI, D. A arte de escrever bem. São Paulo: Contexto, 2004.

Este livro, inicialmente destinado a jornalistas e profissionais do texto, é claro e bem


humorado. Donas de texto impecável, agradável e atual, Dad Squarisi e Arlete Salvador
mostram como é possível redigir de modo adequado e elegante. As autoras destacam, assim,
que escrever é uma atividade fundamental.

PERROTA, C. Um texto pra chamar de seu: preliminares sobre a produção do texto acadêmico.
São Paulo: Martins Fontes, 2004.

O livro é uma contribuição para a produção de trabalhos acadêmicos sem fórmulas


mágicas ou padronizadas que visem à eliminação das dificuldades inerentes a esse processo
de produção. A autora discute aspectos importantes de cada momento da elaboração do texto
acadêmico e apresenta dez atividades de escrita com o objetivo de possibilitar que o autor do
texto acadêmico crie e desenvolva capacidades lingüísticas em várias situações discursivas.

Resumo
Vimos nesta aula que a escola tem como função primeira ensinar o aluno a
ler e a escrever. No entanto, verificamos que na sala de aula o ato de escrever,
tradicionalmente, era ensinado de maneira mecânica, vendo essa atividade
como um produto acabado, na qual o aluno era punido por observações apenas
de erros gramaticais e de superfície do texto. Numa outra perspectiva, a prática
de produção textual é um processo em que devem ser observadas as etapas de
planejamento, textualização, revisão e reescrita. O texto passa a ser visto por
outro ângulo e o produtor de texto pode se auto-avaliar, relendo seu próprio
texto com olhos, também, de leitor. Nesse processo, é preciso vivenciar ou supor
situações significativas de linguagem e, em função dessas situações, escolher
os recursos lingüísticos-discursivos necessários à composição textual.

14 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


Auto-avaliação
Leia as afirmações a seguir e teça comentários.

Seus comentários ajudarão você a identificar os pontos positivos de sua


aprendizagem e também os aspectos que você ainda deverá melhorar. Assim,
avalie seu desempenho como aluno nesta aula.

Produzir um texto significa vivenciar situações de uso da linguagem.

Escrever um gênero textual é considerar o processo de planejamento,


escrita, revisão e reescrita.

Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual 15


Referências
ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola. 2003.

_____. Muito além da gramática: por um ensino de língua sem pedras no caminho. São
Paulo: Parábola, 2007.

BUNZEN, C. e MENDONÇA, M. (Orgs.) Da era da composição à era dos gêneros: o ensino


de produção de textos no ensino médio. In: Português no ensino médio e formação do
professor. São Paulo: Parábola, 2006, p. 139-161.

GARCEZ, L. H. do. Técnica de redação: o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo:
Martins Fontes, 2002.

_____. A escrita e o outro: os modos de participação na construção do texto. Brasília,


Editora UnB, 1998.

GOMES-SANTOS, S. N. Recontando histórias na escola: gêneros discursivos e produção


escrita. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2003.

_____. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Contexto, 1997.

Anotações

16 Aula 10  Leitura, Interpretação e Produção Textual


SEB/SEED

Você também pode gostar