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DISCIPLINA: HISTÓRIA DA ENFERMAGEM

PROFESSOR(A): ALANNA RUTH


ASSUNTO: TEORIAS DE ENFERMAGEM
RESUMO 3ª AULA

O que é teoria?

Teoria é um conjunto de conceitos, definições, relacionamentos e hipóteses


que projetam a visão sistêmica de um fenômeno (fato ou evento que pode ser
explicado e descrito de forma científica.
A teoria de enfermagem vai ser definida por um conjunto de conceitos com
aspectos da enfermagem com a finalidade de descrever, explicar, diagnosticar
ou prescrever algum cuidado de enfermagem.
As práticas da enfermagem ocorriam devido à necessidade de executar as
ações, só havia o “fazer”.
E lá na era moderna, sob influência de Florence Nightingale, os cuidados
eram voltados às medidas de alívio dos desconfortos e à manutenção de um
ambiente limpo para recuperação dos doentes. Não tinha reflexão sobre o “por
que fazer” ou “quando fazer”
Foi apenas na década de 1940 que começaram a surgir discussões acerca de
um cuidado de enfermagem como um processo interpessoal. Por quê?
Percebia-se, aqui, que nem todas as pessoas respondiam da mesma maneira
aos cuidados prestados. Além disso, o próprio paciente começou a dizer que o
cuidado não era executado da mesma maneira, nem com o mesmo zelo por
todos os enfermeiros. Cada um fazia de uma maneira baseado na sua
experiência.
Assim, surge a discussão acerca das Teorias e práticas de enfermagem
interferentes no cuidado prestado. As décadas de 1950 e 1960 foram marcadas
por inúmeras discussões entre estudiosas daquela época. Cada uma explicava
as ações segundo o seu ponto de vista, já que cada uma tinha uma vivência e
experiência diferentes. Pode-se dizer que esse foi o “embrião” das teorias de
enfermagem.
A enfermagem nem sempre foi ciência, tinha-se o conceito que a enfermagem
era por amor, por caridade, a enfermagem que era por devoção, a enfermagem
que não é conhecimento e nem técnica. Mas sabemos que a enfermagem é
feita com amor, que prestamos nosso cuidado e assistência com amor, mas
não fazemos por amor e sim por profissão, por ciência e por conhecimento. E
isso, essas enfermeiras entenderam e desenvolveram teorias para que a
enfermagem chegasse ao que conhecemos hoje.

Teoria Ambientalista
“É preciso manipular o ambiente do paciente para facilitar os processos
reparadores do corpo”

A primeira de todas não poderia não ser esta; a teoria da precursora da


Enfermagem, Florence Nightingale. Esta teoria relaciona as interferências e
condições do ambiente que afetam a vida e o funcionamento do organismo,
que podem auxiliar na prevenção da doença ou contribuir para a morte. Tinha
característica reparadora.

Ambiente ruim, saúde ruim. Ambiente bom, saúde boa.

Florence, em suas anotações, cita os elementos do ambiente que devem ser


ajustados e controlados para a recuperação da saúde do paciente, são eles:

 ar puro;
 claridade;
 limpeza;
 aquecimento;
 silêncio;
 fazer as intervenções na hora certa e na oferta da dieta adequada.

Florence quando atuou na guerra da Criméia, observou e analisou como o


ambiente implicava diretamente no processo de recuperação dos feridos, pois
tinha uma ambiente, sujo, frio, escuro e muito desorganizado. Ela teve noção
que ações voltadas a separar os pacientes com tosse, paciente com feridas
secretivas ou com membros amputados e melhorar a infraestrutura do hospital
iria diminuir a taxa de mortalidade hospitalar.
Papel da enfermagem: modificar os aspectos não-saudáveis do ambiente a
fim de colocar o paciente na melhor condição para a ação da natureza.
Assim, Florence ensinou a criar ambientes favoráveis à recuperação da saúde
do paciente e, mais tarde, propôs modificações na forma de construir hospitais
e gerenciá-los.
Exemplo: Hoje em dia temos ambientes de hospitais limpos e higienização das
mãos. A gente sabe que o ambiente limpo e organizado vai influenciar
diretamente na manutenção da saúde do paciente para prevenção de outras
doenças.
Exemplo: Infecção hospitalar, devido à má organização local, não higienização
das mãos entre os profissionais. Desencadeia uma doença que não era pra
existir.

Teoria das definições das práticas de enfermagem

“O homem necessita de cuidado direto”

Papel da enfermagem: Auxílio ao indivíduo sadio ou doente, na realização de


atividades que contribuam para a saúde, recuperação ou morte pacífica.
A ideia da Virginia Handerson era que o ser humano necessitava de cuidado
direto da enfermagem o tempo inteiro, em todas as suas ações de vida, um
cuidado ininterrupto. Aqui nessa teoria o paciente não tinha muita autonomia,
quem realizaria todos os cuidados era a enfermagem.
Trazendo para hoje, nós cuidamos do indivíduo através da assistência de
enfermagem, o paciente tem os seus aspectos de saúde melhorados, mas
sabemos que a problemática da teoria é dada pelo foco na dependência do
paciente ao profissional, uma vez que tal ação não colabora no processo de
recuperação da saúde do paciente.

Teoria do Autocuidado

Dorothea E. Orem nasceu em 1914, nos Estados Unidos. Formou-se em


Enfermagem em 1939 e em 1945 terminou seu mestrado. A primeira
publicação da sua teoria foi em 1959 e sofreu diversas alterações nos anos
seguintes, sendo a última versão publicada em 1991. A autora desenvolveu
sua teoria fundamentada no conceito de que as pessoas devem cuidar de si
mesmas, desde que tenham condições.
Quando a pessoa em questão é uma criança, ela considerou a capacidade
para cuidar apresentada pelos pais.

Orem define que a necessidade de intervenção de enfermagem surge


quando há ausência ou diminuição da capacidade de autocuidado

Este autocuidado é a prática de atividades realizadas pelo próprio indivíduo


para cura ou melhora de sua realidade; são práticas que buscam a
manutenção da vida, da saúde e bem-estar.

A saúde é um processo gradual. A pessoa vai conseguindo recuperar seu


estado de saúde de forma progressiva, não de um dia para o outro.

A ideia dela consistia em que, quando capazes, os indivíduos devem


cuidar de si mesmos. Quando existe incapacidade no cuidado, entra a
enfermagem.

Ou seja, quando possível, o indivíduo deve cuidar de si mesmo, quando existe


incapacidade, entra o trabalho da enfermagem no processo de cuidar.
É contrária à teoria de Virginia, que diz que o paciente tem que ter cuidado
direto da equipe de enfermagem. Nessa teoria, há ideia de empoderar o
paciente sobre o autocuidado, promovendo a autonomia nos seus cuidados
mais básicos. Até porque o paciente não terá um técnico de enfermagem ou
um enfermeiro para todo o sempre, então é necessário promover esse
autocuidado.
Exemplo é a pessoa idosa, devido ao processo de envelhecimento, em
consequência disso eles tem dificuldade de desempenhar atividades do
cotidiano e até mesmo atividades de autocuidado, então eles acabam se
sentindo meio inúteis, acham que não são capazes de cuidar nem de si
mesmos, e alguns casos levam a problemas psicológicos, a dependência e o
paciente acaba se entregando aquele estado de adoecimento. Não é algo
positivo para recuperação em algumas doenças, o psicológico interfere muito.
Aqui nós vemos o tamanho da importância de empoderar o paciente, de
promover o autocuidado quando este é capaz de desempenhar tais funções.
Outro exemplo: Se você é um técnico de enfermagem de um hospital, seu
paciente é um idoso, que tem dificuldade de andar, então esse paciente precisa
dos seus cuidados de higiene, ele precisa tomar banho. Mas se esse paciente
podendo ser levado na cadeira, para tomar um banho no chuveiro, podendo ser
auxiliado, há necessidade de dar um banho no leito para o paciente? Pra ele se
sentir inútil, desconfortável, pra ele pensar que nem consegue tomar o seu
próprio banho sozinho, sendo que ele consegue?
Temos que ter em mente que no que o paciente precisar de mim, eu vou
prestar o cuidado, eu vou prestar a assistência, eu vou aplicar o processo de
enfermagem, eu vou aplicar o plano de enfermagem. Mas se o paciente não
necessita de mim para aquela determinada atividade, ele consegue
desenvolver aquela ação de autocuidado e independente, então eu não vou
prestar ali porque é necessário que esse indivíduo tenha a autonomia dele
preservada.

Teoria das Necessidades Humanas Básicas

No Brasil, na metade da década de 1960, Wanda de Aguiar Horta, a primeira


enfermeira brasileira a abordar uma teoria de enfermagem no seu campo de
prática, elaborou a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB)
Nessa teoria, uma necessidade é substituída pela seguinte na hierarquia, na
medida em que começa a ser satisfeita. Dessa forma, as etapas estão por
ordem decrescente de importância, e as necessidades estão divididas em cinco
níveis: fisiológicas, de segurança, de amor e pertencimento, de estima e de
autorrealização.
O foco nessa teoria são as necessidades humanas básicas do indivíduo.
Homem aqui ele também é independente, o cuidado também é realizado
quando necessário, como na teoria do autocuidado.
Então qual é o papel da enfermagem aqui?
Assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, e para
que isso seja possível, buscar sempre conhecimento e técnicas relacionadas
entre si que procuram explicar os fatos à luz do universo natural.
Ou seja, a enfermagem precisa cuidar para que o ser humano tenha suas
necessidades básicas preservadas, e para isso, a enfermagem precisa estudar,
acumular conhecimento e técnica.
Nessa teoria, o nosso foco é buscar entender quais são as necessidades do
paciente, e para isso, temos uma pirâmide, das necessidades humanas
básicas. Ela traz pra gente a importância das necessidades, tudo o que tem na
base é mais importante e depois vai subindo até o que não é necessário para
vida do ser humano, segundo a teoria da Wanda Horta.
O que ela entendia de mais importante para o ser humano eram as questões
fisiológicas e biológicas. Que seriam basicamente: respiração, alimentação,
água, sexo, sono, homeostase (equilíbrio de circulação) e excreção,
eliminações fisiológicas, como urina, fezes, suor.
Depois disso, com as questões fisiológicas todas intactas, subimos para outra
categoria, que seria a segurança, que é importante, mas não tão importante
quanto fisiologia. Segurança de que? Segurança do seu corpo, emprego, de
recursos financeira, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade. O ser
humano precisa sentir essa sensação de segurança, que tem o controle da
situação.
Logo acima temos o Amor forma de relacionamentos. Relações que você tem
com outras pessoas. Relacionamentos que você tem com amizade, família e
intimidade sexual.
Mais acima temos a estima, a autoestima, confiança, conquista, respeito dos
outros e respeito aos outros. É como você se enxerga em relação a outras
pessoas e em relação a você mesmo.
E por fim nós temos aqui a realização pessoal, se você consegue manter ali
seus valores morais, criatividade, espontaneidade, solução de problema,
ausência de preconceito e aceitação dos fatos.
Quando a gente olha pra essa pirâmide das Necessidades Humanas Básicas,
nós conseguimos ver que é uma vida perfeita e sabemos também que nem
sempre temos essa vida perfeita, é muito difícil atingir todos os graus da
pirâmide, sempre falta alguma coisa, e tá tudo bem. É normal você ter algum
degrau faltando dessa pirâmide.
O problema dessa pirâmide é a hierarquização das necessidades, onde traz a
fisiológica como mais importante e as demais como menos importante, algo
que pode ser deixado de lado. Hoje em dia a gente não utiliza mais esse
modelo piramidal. Nos sabemos que o ser humano não tem essa hierarquia,
tratamos hoje em dia como algo mais holístico, mais integral, como se tudo isso
se conectasse. Atualmente nós falamos que o ser humano é Biopsicossócio-
espiritual, o que seria isso?
 O Bio é o Biológico;
 O Psico é o psicológico;
 O Sócio é o social;
 O espiritual é o espiritual.

Diante disso, nós não podemos ver o ser humano apenas pela doença física
que ele tem. Não tratar o paciente apenas pelo lado biológico, como alguém
que está precisando de uma reparação. Mas é tratar o paciente de forma
integral e holística, visualizando tudo que contempla esse paciente, o lado
biológico, psicológico, social e espiritual, tudo isso pode influenciar
negativamente para a saúde do paciente.
Sabemos então que não tem mais essa hierarquia, não tem um que se
sobreponha ao outro. As vezes o meu paciente está tranquilo no lado biológico,
mas o psicológico dele não está bom, nosso paciente é integral e precisávamos
vê-lo assim.

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