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Já na década de 1950, Freitas

É BOM LEMBRAR QUE... (1950) levantava a hipótese da


ocorrência de manifestações
O entendimento da neotectônica resulta ser de
tectônicas no território brasileiro, para
grande valor prático, tendo em vista o crescimento
contínuo da população brasileira relacionado à sua ceticismo de muitos pesquisadores.
consequente demanda de recursos naturais, Freitas (1950) apontou, entre outros,
prevenção de eventuais catástrofes e o cuidado com os seguintes indícios desse fato:
o meio ambiente. É necessário considerar os drenagem dirigida para o interior da
movimentos contemporâneos como fator de risco ao Bacia do Paraná; altitudes
elaborar o planejamento e dimensionamento de crescentes das serras do Mar e da
obras de engenharia como: portos, fundações, Mantiqueira; arqueamento e ruptura
barragens, rodovias, viadutos, túneis, minas usinas da Serra do Mar e da Mantiqueira;
nucleares, depósitos subterrâneos, sistemas de inclinação do peneplano (sic)
irrigação, gasodutos e oleodutos (NETO, 2007,
nordestino de W.NW a E. SE; a
p.17).

Além desses fatos, o autor referido alertou para o escarpamento de falha do Planalto da
Borborema, que é voltado para o lado oriental, bem marcado em Pernambuco, descambando
gradualmente para o interior, exatamente como o planalto Atlântico, limitado pela escarpa da
Serra do Mar.
Hasui (1990) considera que houve, no território brasileiro, manifestações de um
tectonismo ativo a partir do Mioceno Médio (Terciário) e que manifestações desses eventos
endógenos são visualizadas no país, inclusive na região costeira.
Na década de 1990, Saadi (1993) apresentou um importante esboço de Geomorfologia
Estrutural com algumas interpretações preliminares da neotectônica da Plataforma Brasileira.
Nesse didático e bem estruturado trabalho de síntese, Saadi (1993) ressalta que um dos fatos
marcantes da Neotectônica no Nordeste brasileiro está representado por um domeamento
crustal de escala regional, composto por vários eixos menores de direção NE-SW. Outras
evidências do neotectonismo, apontadas pelo prof. Saadi, no Nordeste brasileiro, são
deslocamentos e dobramentos que teriam afetado sedimentos miocênicos e pleistocênicos no
Ceará, mais especificamente a formação Camocim e alguns terraços fluviais.
Bezerra (1999) identificou diversas falhas que teriam sido geradas ou reativadas, ao
longo do Cenozóico, na bacia sedimentar Potiguar, no Estado do Rio Grande do Norte. São
falhamentos transcorrentes e, em geral, segmentados.
Nas áreas tectonicamente ativas, as paisagens podem exibir diversos indícios de
movimentos neotectônicos. Eis alguns deles:
falhamentos em depósitos sedimentares plio-pleistocênicos.
dobramentos que afetam camadas sedimentares terciárias e/ ou quaternárias.
terraços marinhos e fluviais deformados.
superfícies de erosão desniveladas ou assimetricamente dispostas.
ocorrência de cachoeiras (excluindo-se as interferências litológicas).
lagos tectônicos na base de uma elevação.
abalos sísmicos freqüentes nas proximidades de uma escarpa de falhas.
meandros encaixados.

2.2.1.2 Estruturas geológicas antigas e o relevo terrestre


As estruturas geológicas antigas, presentes em terrenos cratônicos e em terrenos
fanerozóicos (bacias sedimentares; sinéclises etc), deixaram, nas paisagens, marcas
inconfundíveis de deformações rochosas e de diferenças litológicas de épocas geologicamente
remotas. O passado geológico foi conturbado ao longo da História do planeta, o que justifica a
existência de falhas, fraturas, dobras, flexuras, intrusões de rochas magmáticas, arqueamentos
etc.

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