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Texto original: 56 linhas.

Mudar? só aprendendo a gostar!

Em toda escola que passamos, sempre há aquele aluno “zero à esquerda”. Os professores

têm dor de cabeça só em ouvir o nome dele, a diretora já ligou até para a avó do garoto e seu

boletim é reconhecido de longe pelas notas vermelhas.

Assim era Eugênio, que, como diziam os colegas, de gênio só tinha o nome.

O que nem os colegas, professores, pais ou diretores sabiam, é que Eugênio, de tanto ouvir

que seu caso não tinha mais solução, já desistira de tentar mudar: “- Como posso mudar, se

ninguém, nem eu mesmo, acredito mais que eu consiga?” – pensava ele, desconsolado.

Aconteceu que, certo dia, entrou um novo professor de história na escola. E, pela primeira

vez, Eugênio começou a se interessar pela matéria, pois o professor explicava tão bem que, em

sua aula, não se ouvia um pio de conversa.

Certa manhã, enquanto o professor falava sobre alguns filósofos importantes da história,

escreveu uma frase no quadro que chamou a atenção de Eugênio: “A vontade humana não tem

fronteiras”:

- Aquilo que o senhor escreveu no quadro é verdade mesmo ou só uma frase de efeito?-

perguntou Eugênio.

- Sim, é verdade. A vontade é a arma mais poderosa que o ser humano tem- diz o professor.

- Quer dizer que podemos ser o que quisermos, basta querer?-

- Bom, querer de verdade é o primeiro passo.

- Desculpe professor, mas não acredito nisso.

- Por que não?- pergunta o professor, curioso.

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- Porque a coisa que eu mais quero é me tornar um bom aluno, mudar de verdade. Mas,

até hoje, nunca consegui nada!

O professor pára, pensa um pouco e depois pergunta:

- Você gosta de estudar, de aprender coisas novas ou de assistir as aulas, Eugênio?

- Ih, professor... sinceramente? não gosto nem um pouco. Mas o que isto tem a ver com a

história? Eu não preciso gostar de estudar pra tirar notas boas... é só decorar o que vai cair na

prova, ué!

- É aí que você se engana. Um bom aluno de verdade gosta de estudar e de aprender.

Decorar, qualquer um consegue... assim como colar na prova.

- Mas... então esse negócio não é pra mim mesmo. Eu nunca gostei de estudar.

- Você pode aprender, se quiser!

- Aprender a gostar, professor? como é isso? – perguntou Eugênio, espantado.

- Bom, primeiro, quero que você pense nas coisas de que gostava há dez anos. São as

mesmas coisas que gosta hoje?

- Claro que não.

- Pois é! Isso mostra como nossos gostos mudam. E nem demora tanto quanto dez anos. Se

os nossos gostos vivem mudando tanto, você não acha que também pode controlá-los para que

possamos gostar daquilo que é bom pra gente, como estudar?

- Huumm, sabe que eu nunca tinha pensado nisso, professor?

- Então tente! Se realmente quiser se tornar um bom aluno, sei que vai conseguir. Eu

acredito que você pode.

Eugênio ficou surpreso. Era a primeira vez em que alguém falava que acreditava nele. Nesse

momento, algo novo começou a nascer dentro dele. Um misto de entusiasmo, coragem, força

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de vontade e confiança. Algo que ele nunca havia sentido antes, mas que reconheceu na hora

como sendo a força da vontade.

A partir desse dia, Eugênio começava a mudar pouco a pouco. Começou a prestar atenção

em todas as aulas e estudar diariamente. Fazia todas as tarefas de casa e tirava todas as dúvidas

com os professores. Seus colegas já começavam a lhe pedir ajuda para estudar.

E até fisicamente Eugênio mudou. Já não andava mais com as roupas desleixadas de

sempre, e estava com uma postura firme e autoconfiante.

Até que ao final do ano, o inesperado aconteceu. Eugênio conseguiu nota 10 em todas as

matérias do quarto bimestre, conseguindo o prêmio de melhor aluno. Nunca alguém se sentira

tão feliz quanto Eugênio. Porém, o aluno ainda não havia esquecido seu professor, a quem

abraçou emocionado e disse:

- Muito obrigado, professor. O senhor me ensinou muito mais do imagina, e essa lição eu

não vou esquecer nunca!

Extraído do livro “Histórias para Despertar”, de Isabella Arruda.

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