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PONTOS NEGATIVOS
CRITÉRIOS AVALIATIVOS:
A. Coerência textual: Valor 6,0 / NOTA: 5,5
B. Organização estrutural: Valor 1,0 / NOTA: 0,5
C. Amplitude da pesquisa bibliográfica: Valor 2,5 / NOTA: 2,5
D. Pontualidade na data da entrega: Valor 0,5 / NOTA: 0,5
INTRODUÇÃO
Será tratado neste artigo um breve comentário da vida e filosofia do pensador John
Locke (1632-1704). Será objetivado aqui expor sua linha de pensamento, bem como sua
contribuição para o pensamento filosófico. Assim, abordaremos sua vida, bem como seus
escritos e como ele pôde ser chamado de até mesmo de o “pai do empirismo moderno”.2
Ele é um dos grandes nomes da corrente filosófica chamada de empirismo, a qual
afirma ser a “experiência ... critério ou norma de verdade”. 3 Questionou o racionalismo por
conta de sua ideia de conhecimentos inatos, se propondo a investigar e explicar como o
conhecimento humano é adquirido e o que se pode conhecer.
É também famoso por sua proposição da mente humana, a conhecida tábula rasa, a
qual a mente seria como uma “folha em branco” na qual a experiência é quem deixa as marcas
1
Aluno do curso Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Brasil Central. E-mail:
matheusppl2011@gmail.com
2
SPROUL, R. C. Filosofia para iniciantes. 1ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2002, p. 94.
3
ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 326.
no homem. Em seu raciocínio as ideias representam as coisas em nossa mente, como cita
Marcondes (2008, s/p, apud LOCKE, 1975, II, I, seç. 3):
“Os objetos externos fornecem à mente as ideias das qualidades sensíveis, que são as
diferentes percepções que produzem em nós, e a mente fornece ao entendimento as
ideias de suas próprias operações.”4
PENSAMENTO
UMA EXPOSIÇÃO INTRODUTÓRIA ACERCA DO SEU PENSAMENTO
Locke é sempre lembrado como o “pioneiro da abordagem empirista ao
conhecimento”.9 Ele “vê a filosofia como uma tarefa crítica e preparatória para a construção
da ciência”10. Em seu tratado filosófico, o Ensaio sobre o entendimento humano, ele trabalha
um modelo “empirista, antiespeculativo e antimetafísico” do conhecimento, como aponta
Marcondes. Como falado anteriormente, Locke afirma que a mente é como uma tábula rasa, a
“folha em branco”. Marcada pela experiência, produzindo o conhecimento - para ele a nossa
percepção dos objetos externos e sensíveis é o que fornece ao nosso entendimento matérias
para pensar.
4
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 6a ed. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
5
LOCKE, John. Ensaio acerca do entendimento humano. 1ª ed. São Paulo: Nova Cultura, 1999, p. 11
6
Marcondes (2001, p. 79) destaca que essa obra foi escrita ao longo de vinte anos, como o próprio Locke deixa
claro, a partir de suas discussões com os cientistas membros da Royal Society.
7
COLIN, Brown. Filosofia e Fé Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 54.
8
PADOVANI, Umberto.; CASTAGNOLA, Luís. História da filosofia.17ª ed. São Paulo: Melhoramento, 1995,
p. 321.
9
COLIN, 2007, p. 54. Está errado: o correto é:
COLIN, Brown. Filosofia e Fé Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2007, p. 54.
10
MARCONDES, 2001, p. 79.
Assim, seu objeto de estudo é “explicar como o conhecimento humano é adquirido e
[...] descobrir o que podemos conhecer”. 11 Para isso, como bem pontua Sproul, para conseguir
descobrir tudo o que se pode conhecer se fazia necessário explicar como o homem adquire
conhecimento. Sua resposta: a experiência! Para ele, o que conhecemos ou são ideias –
“impressões da mente como ‘amarelo, branco, calor, frio, macio [etc] e todos aqueles
atributos aos quais chamamos de sensíveis”12 – ou são reflexões da própria mente. A partir
disso, sua conclusão foi de que a mente humana possui como objetivo imediato suas próprias
ideias e que o conhecimento é a “percepção da concordância ou discordância entre duas
ideias”.13
Em toda sua teoria Locke definiu alguns termos, e para entendê-lo é necessário
explanar a respeito desses termos. Ao longo do texto conceituou-se ideia e reflexão, mas essas
concepções se estendem a compreensões mais complexas das teorias de Locke. Para começar,
é necessário entender suas “divisões” de ideias. Compostas de “ideias simples” e
“complexas”. Em sua concepção, uma ideia simples é “uniforme e não misturada”, e ainda
identificava quatro tipos de ideias simples – as informações sensoriais comuns, as reflexões
comuns, as descobertas feitas pela “cooperação” dos sentidos e por último, as ideias que são
derivadas da “cooperação” dos sentidos e da reflexão. 14 Sproul exemplifica a relação das
ideias simples e complexas com o exemplo de uma orquestra, segundo ele “a música de
Johann Sebastian Bach [...] pode ser dividida em pequenas notas individuais. As notas em si
são simples, mas sua organização em uma cantata é complexa”. 15 A concepção das ideias
compostas reclama para si uma “atividade cerebral” – para a concepção de ideias simples a
“mente pode estar relativamente passiva”, mas para que conceba ideias “complexas” a mente
“enceta as atividades básicas de combinar, comparar e separar [...] neste processo a mente
junta as ideias e as individualiza e separa”.16
Porém essas definições do pensamento esbarram num problema, por exemplo,
conceber a ideia de espaço ou tempo é uma ação de apreensão de uma ideia simples? Neste
ponto, Locke esbarra sobre a compreensão do que são os “universais”. Para ele, estes não
possuíam existência real por não serem indivíduos, porém não admite a possibilidade de
serem meros nomes – sua conclusão é que a mente conhece “universais”, mas é incapaz de
conhecer o que ele chama de “verdadeira essência das coisas”.17 Assim, ele adota a teoria de
“correspondência” da verdade – para ele “verdade” (ou “verdade verdadeira” como denomina
Schaeffer18) é o que corresponde à realidade. Assim, levanta-se o questionamento: como saber
se a realidade é o que ela realmente se apresenta? Para isso Locke precisa definir o que são
qualidades primárias e secundárias.
Em seu livro “De Tales a Dewey: uma história da filosofia”, Gordon Clark destaca que
no início do Livro IV, após repetir sua tese de que “somente os objetos do conhecimento
imediato são ideias propriamente nossas”19, àquela altura de sua explanação, torna o
conhecimento a “percepção da concordância ou discordância entre duas ideias” 20 e que isso
11
SPROUL, 2002, p. 95.
12
COLIN, 2007, p. 54.
13
COLIN, 2007, p. 54, apud LOCKE, [An Essay Concerning Human Understanding, IV.I.2]
14
SPROUL, 2002, p. 96.
15
Ibid, 2002, p. 96.
16
Ibid, 2002, p. 96.
17
Ibid, 2002, p. 97.
18
Ibid, 2002, p. 97.
19
CLARK, Gordon H. De Tales a Dewey: uma história da filosofia. 1ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, p.
305.
20
Ibid, 2008, p. 305.
poderia, em algum nível, corresponder a mera fantasia, e dessa forma, não correspondendo
com a realidade. Assim, partindo da suposição da amplitude do conhecimento humano, Clark
mostra como a ideia sensível do corpo humano – como a alma afeta a matéria e o fato de ser
impossível compreender essa relação torna notável que o conhecimento humano é “confinado
a estreitos limites”.21 Dessa forma, Locke precisa encontrar um modo de explicar como o
indivíduo entra em contato com a realidade.
Diante dessas limitações do conhecimento e a incerteza sobre a concepção da
realidade, Locke afirma que esse contato é feito pela percepção das “qualidades” dos objetos.
Essas “qualidades” são distintas, sendo as primárias aquelas que “definem as propriedades do
objeto, por exemplo seu volume, forma e extensão” 22, e “tais qualidades são expressamente
inseparáveis de um corpo, em qualquer estado que esteja” 23. Já as qualidades secundárias “são
aquelas que não inerentes ao objeto” 24 como por exemplo a cor, o odor, a textura etc.
Marcondes exemplifica da seguinte maneira:
O ouro, por exemplo, é uma substância composta de propriedades como solidez,
extensão, maleabilidade, divisibilidade etc. Essas propriedades pertencem ao ouro
em função de serem qualidades dos corpúsculos que o constituem – uma teoria
derivada do atomismo antigo e bastante aceita na época –, e por isso são
consideradas qualidades primárias. Por sua vez, características como a cor amarela,
o gosto, o fato de ser solúvel em ácido etc. pertencem não ao ouro como substância,
mas a um pedaço de ouro e, nesse sentido, são denominadas qualidades
secundárias.25
Quanto as substâncias que produzem essas tais qualidades, ele presume que essas
sensações são causadas por “algo que não a projeção da nossa mente”.
Voltando às observações de Gordon Clark sobre as questões a respeito do empirismo
de Locke, ele se aplica ainda a mostrar a relação entre as ideias correspondentes e não
correspondentes com a existência do EU e de Deus. Locke não nega a existência de Deus,
pelo contrário, afirma que Ele não está sujeito a observação, mas totalmente possível conhecê-
lo por meio da observação.
A resposta de Locke sobre essas correspondências é em “vários estágios”. A primeira
está baseada na bondade de Deus que assegura a conformidade das ideias simples,
involuntárias e naturais com as necessidades humanas. A segunda é de que as ideias
complexas não “professam representar algo fora da mente” assim, o “problema não
aparece”.26 E terceiro, sua ideia de substâncias têm de corresponder a arquétipos reais. Dessa
forma, Locke conclui que o conhecimento que temos é real, ainda que pouco. Que fique claro,
aqui afirmamos sobre a qualidade do conhecimento apreendido, enquanto mais acima a
questão levantada era sobre a certeza sobre a realidade.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluindo o que foi exposto a respeito do filósofo, faz-se coro ao comentário de
Copleston, citado por Giovani Reale:
21
Ibid, 2008, p. 306.
22
MARCONDES, 2001, p. 79.
23
CLARK, 2008, p. 301.
24
SPROUL, 2002, p. 98.
25
MARCONDES, 2001, p. 79.
26
Ibid, 2008, p. 306.
Locke foi um homem muito moderado. Empirista, quando afirma que todo material
do nosso conhecimento é fornecido pela percepção sensível e pela reflexão, mas não
extremista quando não pensa que nós só conhecemos as coisas percebidas através
dos sentidos. De forma elementar, ele é [também] racionalista [...] porque desaprova
substituição de expressões emocionais e sentimentos em lugar de juízos fundados na
razão.27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
27
ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni. História da Filosofia: do humanismo a Kant (vol. III). São Paulo:
Paulus, 1990, p. 527-528.