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Título:
A EXCELÊNCIA DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Por
Robert Shaw
2020
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SUMÁRIO
PREFÁCIO À EDIÇÃO PORTUGUESA
PREFÁCIO ORIGINAL
I – A NECESSIDADE DE CREDOS E CONFISSÕES
II – A EXCELÊNCIA DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
III – UM BREVE CONTEXTO HISTÓRICO DA CONFISSÃO DE FÉ
DE WESTMINSTER
IV – UM CHAMADO A CONSIDERAÇÃO E UTILIDADE PARA
UNIDADE DA IGREJAS, HOJE, POR MEIO DA CONFISSÃO DE
FÉ DE WESTMINSTER
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PREFÁCIO À EDIÇÃO PORTUGUESA
Essa objeção tem sua origem em uma visão errônea do que, realmente, é
uma Confissão de Fé e qual a necessidade de uma Confissão ser concebida.
A necessidade para a formação de Confissões de Fé não tem sua natureza
na verdade sagrada revelada ao homem; mas na própria mente humana.
Uma Confissão de Fé não é uma revelação da verdade divina; “nem mesmo
[é] uma regra de fé e prática, mas uma ajuda em ambas”. Para usar as
próprias palavras de nossa Confissão: uma confissão é uma declaração da
maneira pela qual qualquer homem ou número de homens (qualquer
cristão ou qualquer igreja) entende a verdade que foi revelada. Seu
objetivo é, portanto, não ensinar a verdade divina; mas exibir uma
declaração clara, sistemática e inteligível de nossos próprios sentimentos; e
fornecer os meios de apurar as opiniões de outros, especialmente, em
controvérsias religiosas.
Suponha que seja uma frase única, pronunciada em uma voz ou escrita em
uma linguagem compreendida por todos, cada homem pode entender à sua
maneira, colocando sobre ela a construção que, para ele, parece a mais
clara. Seria impossível determinar se todos eles entenderam no mesmo
sentido ou não, apenas repetindo as próprias palavras que ouviram ou
leram, a menos que todos declarassem, cada um com suas próprias palavras,
o que entendem que isso significa. Então, cada homem poderia dizer:
“Acredito que seu significado tenha esse efeito”. Este seria, realmente, seu
Credo ou Confissão de Fé, respeitando essa verdade; e quando todos assim
declarassem sua crença, se algo como um consentimento harmonioso da
mente entre eles pudesse ser obtido, seria sua Confissão de Fé Comum, com
relação àquela verdade específica revelada e compreendida.
Não seria resposta para essa pergunta, apenas, repetir uma série de textos;
pois isso não daria informações em que sentido esses textos foram
entendidos. Isso deve se manifestar a todos que refletem por um momento.
Todos que se professam como cristãos, por mais discordantes que sejam
suas opiniões, pelo menos, assumem que acreditam na Bíblia. Mas, cada
sectário conflitante dá sua própria construção à linguagem daquele livro
sagrado; e é, apenas em consequência da afirmação, em suas próprias
palavras, do que é essa construção, que se pode saber se seus sentimentos
concordam ou diferem daqueles da maioria dos cristãos professos.
Outro elemento aparece agora: A Bíblia não apenas contém uma revelação
da verdade eterna, que é dever do homem receber e manter; mas também,
indica um corpo de homens para serem os depositários e professores dessa
verdade (uma Igreja), que não é uma associação voluntária de homens que
constatou que há uma harmonia de sentimentos suficiente para uma base de
união. Porém, [ela é] uma instituição divina, sujeita, diretamente, a Deus e
não tem autoridade sobre a consciência.
E, para completar essa ideia, observe-se, ainda mais, que Deus, ao instituir a
Igreja, prometeu conceder a ela o Espírito Santo, levando-a ao
conhecimento da verdade. Essa promessa, além disso, não é, para a Igreja,
somente em uma capacidade agregada, mas também, para cada membro
individual dela, a fim de preservar inviolável sua própria responsabilidade e
garantir sua união pessoal com Deus.
Desde que ela foi constituída a depositária da verdade de Deus, é seu dever
declarar, nos termos mais distintos e explícitos, o que ela entende que essa
verdade significa. Dessa maneira, ela não apenas proclama o que Deus
disse, mas também, acrescenta seu selo de que Deus é verdadeiro. Assim,
uma Confissão de Fé não é a própria voz da verdade divina, mas o eco
dessa voz das almas que ouviram seu pronunciamento, sentiram seu poder e
estão atendendo ao seu chamado. E, desde que ela foi instituída com o
objetivo de ensinar a verdade de Deus a um mundo que erra, seu dever, para
com o mundo, exige que ela faça isso sem [nenhuma dúvida] dúvida,
respeitando a maneira pela qual entende a mensagem que deve transmitir.
Sem isso, a Igreja não seria mestra e o mundo poderia permanecer sem
instrução, no que diz respeito a ela. Pois, quando a mensagem foi declarada
nas próprias palavras de Deus, todo ouvinte deve tentar, de acordo com a
constituição de sua própria mente, formar alguma concepção do que essas
palavras significam; e suas concepções podem ser muito vagas e obscuras,
ou mesmo muito errôneas, a menos que seja feita alguma tentativa para
defini-las, elucida-las e corrigi-las.
Não demorou muito para que essa simples e breve confissão primitiva fosse
ampliada; a princípio, a fim de encontrar as noções perversas dos
professores judaizantes e, a seguir, excluir aqueles que estavam começando
a ser contaminados pelas heresias gnósticas. Tornou-se, então, necessário,
não apenas confessar que Jesus Cristo era o Filho de Deus, mas também,
que Jesus Cristo veio em carne para impedir a admissão e verificar o ensino
daqueles que sustentavam que a natureza humana de Cristo era um mero
fantasma ou aparência.
Havia, desde o início, uma diferença muito forte e essencial entre as igrejas
reformadas da Inglaterra e da Escócia, surgindo, em grande parte, dos
elementos peculiares vigentes, na época, nos respectivos reinos. Na
Inglaterra, a Reforma foi iniciada, conduzida e interrompida, quase
inteiramente, de acordo com a vontade de um soberano reinante. Na
Escócia, foi iniciada, levada adiante e concluída, apesar da determinada
oposição do soberano. Na Inglaterra, portanto, a vontade do monarca foi um
elemento essencial desde o início, e continuou a sê-lo durante o curso da
Reforma, e a Igreja da Inglaterra foi, consequentemente, baseada e
permeada pela má influência do princípio erastiano, o soberano sendo
reconhecido como o juiz supremo tanto em causas eclesiásticas quanto
civis. A Igreja da Escócia assumiu uma base muito diferente e deu sua
lealdade total a um outro rei: ela assumiu como única regra a Palavra de
Deus somente, e toda a Palavra de Deus, em todas as questões de doutrina,
adoração, governo, e a disciplina, e prestou sua lealdade ao Senhor Jesus
Cristo, e somente a ele, como o único Cabeça e Rei da Igreja. Havia,
portanto, na Igreja da Escócia, desde o início, um grau de independência
espiritual—de verdadeira liberdade religiosa, que a Igreja da Inglaterra
nunca poderia atingir.
Seu filho mais severo, mas não menos enganoso, Charles I, instigado por
William Laud (cuja mente era estreita e cruel), procurando completar o que
seu pai havia começado, levou a Escócia à necessidade de se levantar em
defesa de suas liberdades civis e sagradas. Isso deu origem ao grande Pacto
Nacional de 1638, pelo qual o povo de quase todo o reino estava unido a
Deus e uns aos outros, em um vínculo solene, para a manutenção e defesa
da sagrada verdade e liberdade. Prosseguindo o concurso, uma Assembleia
Geral foi realizada em Glasgow no final do mesmo ano, na qual o sistema
de prelado foi abolido e a Igreja Presbiteriana da Escócia restaurada. Em
vão, o rei tentou derrubar esta segunda reforma, mesmo pela extrema
medida de uma tentativa de invasão. A maré da guerra recuou das fronteiras
da Escócia; e a Igreja e o reino continuaram sob um pacto nacional e livres.
Seria absurdo atribuir perfeição aos homens ou às suas obras. Porém, é mais
do que absurdo permitir que sejam difamados por assaltantes de todos os
tipos que, certamente, não são, em nenhum aspecto, iguais a esses homens,
sem pronunciar uma palavra em sua defesa. O melhor modo de defendê-los,
no entanto, é atrair para eles a atenção da mente do público. Que eles sejam
lidos e estudados, profundamente; que sejam expostos ao mais minucioso e
cuidadoso exame; que toda proposição seja severamente testada pelas mais
estritas leis de raciocínio e pelo padrão supremo da Palavra de Deus. Tudo o
que não puder suportar esta investigação, deixe de lado, como algo pesado
numa balança e achado em falta. Pois apenas isso é consistente com sua
própria admissão franca de que “todos os sínodos e concílios, desde os
tempos dos apóstolos, sejam gerais ou particulares, podem errar, e muitos
erraram. Portanto, eles não devem ser feitos a regra de fé ou prática, mas
para ser usado como uma ajuda em ambos”. Mas, na medida em que
aguarda um exame tão minucioso — e disso não temos medo —, deixe de
ser exposta a agressões arbitrárias de ignorância grosseira, calúnia ardilosa
ou amarga malevolência. Isso, e nada menos do que isso, é devido à
memória dos ilustres mortos e à confissão viva de sua fé, e ao nosso próprio
apego reverencial às sagradas doutrinas ali declaradas e mantidas.
IV
Visto que uma Igreja não pode existir sem alguma confissão, ou modo de
verificar se seus membros concordam em sua concepção geral do que eles
entendem que a verdade divina significa; e desde o surgimento sucessivo de
opiniões heréticas e sua sucessiva refutação, necessariamente, tende a uma
ampliação da Confissão e, ao mesmo tempo, a um desenvolvimento
crescente do conhecimento da verdade divina, não se deve seguir que as
várias confissões de igrejas separadas teriam uma tendência constante de se
aproximar, até que todas deveriam se fundir em uma confissão harmoniosa
de uma Igreja Geral?
Pode-se dizer, sem dúvida, que essa ideia era um tanto ingênua, em certo
sentido – pois isso não poderia ser realizado. Mas, a declaração disso não,
pois foi a declaração do grande resultado que deveria ter sido produzido
pela Reforma. Em outro sentido, também, não era ingênua, pois é como
plantar sementes na primavera, que esperamos colher no outono. A semente
deve ser semeada antes que a colheita possa ser produzida — e a ideia deve
ser declarada, antes que possa ser realizada. Deve-se, então, deixar que ela
penetre na mente dos homens. Crescer, fortalecer e expandir, até que, no
devido tempo, produza frutos em sua devida estação.
Não se pode esperar que a estação frutífera esteja próxima? Todas as coisas
parecem precipitar-se para alguma mudança ou desenvolvimento poderoso.
Por todos os lados, os elementos do mal estão se reunindo com rapidez e
poder quase sobrenaturais. O papado se recuperou, em um grau inesperado,
de sua ferida mortal e de sua debilidade exaurida, e está aplicando suas
energias destrutivas em todos os quadrantes do mundo. Na Inglaterra, o
aspecto terrível da Prelazia Laudeana reapareceu — chamado, na verdade,
por um novo nome, mas exibindo todas as características formidáveis de
seu predecessor; o mesmo em suas pretensões elevadas, em suas tendências
papistas, em seu desprezo arrogante por todas as outras igrejas, e em seu
espírito perseguidor. O governo civil parece ser impelido por algo como
paixão, e está introduzindo, ou dando apoio às medidas que são,
sombriamente, nefastas para a liberdade civil e religiosa, como se estivesse
apressando-se para uma crise que todos podem estremecer ao contemplar.
As massas da comunidade estão em um estado propenso a qualquer
convulsão, por mais terrível que seja deixada por gerações sem educação e
sem instrução na verdade religiosa. O estabelecimento eclesiástico escocês
foi dividido; sua constituição foi alterada, ou melhor, subvertida; aqueles
que, firmemente, mantiveram os princípios da Igreja da Escócia foram
obrigados a se separar do Estado, a fim de preservar esses princípios
intactos. A Igreja da Escócia é, novamente, desativada, como no passado;
mas ela é livre. Livre para manter todos aqueles princípios sagrados legados
a ela por reformadores, teólogos e mártires. Livre para oferecer a todas as
outras igrejas evangélicas a mão direita do amor fraterno e da comunhão.
Livre para se envolver com elas na formação de uma grande união
evangélica, na base firme da verdade sagrada e eterna. Certamente, esses
eventos concorrentes são suficientes para restringir todos os que são
capazes de compreendê-los, almejando um certo terreno de reunião em que
os defensores da verdade e da liberdade religiosas possam plantar seus
padrões.
Que eles sejam os que animam e guiam todas as Igrejas Cristãs agora. Eles
foram sentidos em nossas grandes uniões de oração. Eles devem ser
sentidos por todos os que veneram e podem compreender os Padrões da
Assembleia de Westminster. E, se assim for, então, podemos não apenas
cumprir o objetivo de sua Solene Liga e Aliança, concordar em sua
Confissão de Fé, e realizar sua grande ideia de uma união evangélica geral.
Mas também, podemos, se tal for a vontade de nosso Divino Cabeça e Rei,
ser um instrumento poderoso na promoção da propagação universal do
evangelho, e atrair de cima a resposta cumprida daquela oração sagrada em
que todos nos unimos. “Venha o Teu reino; faça-se a Tua vontade, assim na
terra como no céu” (Mateus 6:10).
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