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A PRÁTICA DA SUBSCRIÇÃO CONFESSIONAL

Ewerton B. Tokashiki

Objetivo da palestra: instruir sobre a natureza, extensão, prática e propósito da subscrição


confessional, e a posição da IPB, enquanto subscritora dos Padrões da Fé de Westminster.

“Seja, porém, a tua palavra: sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno.”

A NATUREZA DA AUTORIDADE DOS PADRÕES DE FÉ

A distinção necessária:1
1. Norma normans [norma padronizadora]: sola Scriptura - a única fonte e regra de fé e prática.
2. Norma normata [norma padronizada]: credos, confissões e catecismos

1 NORMA NORMANS 2 NORMA NORMATA


1.1 É a Palavra de Deus 2.1 É resposta humana à Palavra de Deus
1.2 É a fonte e regra de fé/doutrina 2.2 É delineadora de declaração de doutrina
1.3 Tem autoridade divina e absoluta 2.3 Tem autoridade relativa e eclesiástica
1.4 Regula a essência da religião cristã 2.4 Regula o ensino público da igreja

A EXTENSÃO DA SUBSCRIÇÃO DOS PADRÕES DE FÉ

A distinção necessária:
1. O critério quia [lit. porque]: A subscrição é obrigatória porque o documento representa com
precisão o ensino da Escritura.
2. O critério quatenus [lit. A medida que]: A subscrição é relativa à medida que o documento
está em harmonia com o ensino da Escritura.

O critério quia produz a subscrição integral/estrita, enquanto que o critério quatenus produz a
subscrição ampla/sistema de doutrina.

A POSIÇÃO E PRÁTICA DA IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL É “QUIA”:


Perguntas constitucionais de ordenação
1º. Vocês confessam crer que as Escrituras do Velho e Novo Testamento são a Palavra de Deus,
e que esta palavra é a única regra infalível de fé e prática?
2º. Vocês recebem e adotam a Confissão de Fé e os Catecismos desta Igreja como fiel

1
Philip Schaff, The Creeds of Christendom, vol. 1, pp. 7-8. Veja Richard A. Muller, Dictionary of Latin and Greek Theological
Terms, p. 203.
exposição do sistema de doutrina ensinado nas Santas Escrituras?
3º. Vocês sustentam e aprovam o Governo e a Disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil?
4º. [...]
5º. [...]

QUAL ERA O MODELO DE SUBSCRIÇÃO DA ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER?

A CONFISSÃO NEGATIVA OU CONFISSÃO DO REI [ESCOCESA] - 1581


“Nós cremos com os nossos corações, e confessamos com as nossas bocas, e subscrevemos
com as nossas mãos, e constantemente afirmamos diante de Deus e do mundo que este é a
verdadeira religião e fé cristã ... recebemos, cremos e defendemos pelas muitas igrejas e reinos,
mas principalmente pela Igreja da Escócia e a majestade do rei, e os três estados deste reino
como sendo a eterna verdade de Deus e único fundamento de nossa salvação; e mais
particularmente expressa em nossa confissão de fé .... Para que por esta confissão e a forma da
religião sejam voluntariamente aceitas em nossas consciências, em todos os pontos, como a
indubitável e verdadeira, baseada somente sobre a sua Palavra escritura. E, ainda, aborrecemos
e detestamos toda contrária religião e doutrina, mas principalmente toda espécie de papismo,
quer em seus princípios gerais, ou particulares.”2

Assembleia em EDIMBURGO, 17 de agosto de 1643. Sessão 14.


A ASSEMBLEIA GERAL DE APROVAÇÃO DA LIGA SOLENE E ALIANÇA
“I. Que nós iremos sincera, real e constantemente, pela graça de Deus, nos esforçar, em nossas
próprias localidades e funções, pela preservação da religião reformada na Igreja da Escócia, em
doutrina, adoração, disciplina, e governo, contra nossos inimigos comuns; pela reforma da
religião nos reinos da Inglaterra e Irlanda, em doutrina, adoração, disciplina e governo, de
acordo com a palavra de Deus, pelo exemplo das melhores Igrejas reformadas; e nos
esforçaremos para trazer as Igrejas de Deus nos três reinos para a mais próxima união e
uniformidade na religião, Confissão de Fé, Forma de Governo, Diretório para Adoração e
Catecismos, de forma que nós e nossa posteridade possamos viver como irmãos, em fé e amor,
e que o Senhor possa ter prazer em habitar em nosso meio.”

A ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER
CFW I.6
“Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a
salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e
claramente deduzido dela . À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas
revelações do Espírito, nem por tradições dos homens; reconhecemos, entretanto, ser
necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das coisas
reveladas na Palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da
Igreja, comuns às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da
natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser
observadas.”
2
J. Lumsde, The Covenants of Scotland, p. 108.
CFW XXII - DOS JURAMENTOS LEGAIS E DOS VOTOS
I. O Juramento, quando lícito, é uma parte do culto religioso em que o crente, em ocasiões
próprias e com toda a solenidade, chama a Deus por testemunha do que assevera ou promete;
pelo juramento ele invoca a Deus a fim de ser julgado por ele, segundo a verdade ou a falsidade
do que jura.
II. [...].
III. Quem vai prestar um juramento deve considerar refletidamente a gravidade de ato tão
solene, e nada afirmar senão do que esteja plenamente persuadido ser a verdade, obrigando-se
tão-somente por aquilo que é justo e bom, e que tem como tal, e por aquilo que pode e está
resolvido a cumprir. É, porém, pecado recusar prestar juramento concernente a qualquer coisa
justa e boa, que seja exigido pela autoridade legal.
IV. O juramento deve ser prestado conforme o sentido comum e claro das palavras, sem
equívoco ou reserva mental. Não pode obrigar a pecar; mas, sendo prestado com referência a
qualquer coisa não pecaminosa, obriga ao cumprimento, mesmo com prejuízo de quem jura.
Não deve ser violado, ainda que feito a hereges ou infiéis.

PROPÓSITO DA PRÁTICA DA SUBSCRIÇÃO CONFESSIONAL3


1. O propósito confessional: expressar a unidade da fé.
2. O propósito apologético: defender a unidade da fé.
3. O propósito fraternal: estabelecer a base e unidade comum da fé.
4. O propósito pedagógico: instruir aos jovens e novos convertidos e futuros líderes.
5. O propósito da uniformidade: padronizar a declaração e prática doutrinária no contexto
eclesiástico.
6. O propósito de ortodoxia: requerer clareza de sua fé diante dos desvios morais e heresias
doutrinárias.
7. O propósito da qualificação: avaliar a admissão da liderança aos ofícios da igreja.
8. O propósito de definição: distinguir uma perspectiva religiosa contra outra.
9. O propósito polêmico: atacar uma perspectiva teológica divergente.
10. O propósito restritivo: prevenir o avanço de divergências teológicas.
11. O propósito coercitivo: conduzir à submissão quanto à doutrina e prática.

“Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, E
vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o
criou; onde não há grego, nem judeu, circuncisão, nem incircuncisão, bárbaro, cita, servo ou
livre; mas Cristo é tudo, e em todos” (Cl 3:9-11).

3
Peter A. Lillback, “Confessional subscription among the Sixteenth Century Reformers” in: David W. Hall, The practice of
confessional subscription, p. 58.
BIBLIOGRAFIA

1. Hall, David W., ed., The practice of confessional subscription (Oak Ridge, The Covenant
Foundation, 2a.ed., 2001).
2. Hetherington, William M., History of the Westminster of Divines (Elgin, Puritan Publications,
2006).
3. Letham, Robert, The Assembly Westminster - reading its theology in historical context
(Philipsburg, P&R Publishing, 2009).
4. Lumsde, J., The Covenants of Scotland (Paisley: Alexander Gardner, 1940).
5. Muller, Richard A., Dictionary of Latin and Greek Theological Terms, (Grand Rapids, Baker
Books, 2001).
6. Philip Schaff, The Creeds of Christendom, (Grand Rapids, Baker Books, 2004), vol. 1.
7. Smith, Morton H., Holding fast the faith: a brief history of subscription to creeds &
confessions with particular reference to presbyterian churches (Brevard, Presbyterian Integrity,
2003).

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