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EXMO. SR.

DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA CÍVEL DA


COMARCA DO RECIFE - PE.

FLÁVIO OLIVEIRA, brasileiro, casado,


comerciante, portador do RG nº 1.234.543, inscrito no
CPF/MF sob o nº 123.345.678-00 – SDS/PE, com endereço na
Rua do Futuro, 574, Graças, Recife – PE, CEP: 52.000-000,
e-mail: foliveira@gmail.com, por meio do seu advogado ao
final assinado, constituído nos termos do instrumento
procuratório em anexo (vide doc 1 ou ID nº...), com
endereço profissional na Rua do Espinheiro, 800,
Espinheiro, Recife – PE, CEP: 52.020-020, e-mail:
fsilvaadv@gmail.com, onde deverá receber todas as
intimações que se fizerem necessárias, processuais, vem à
presença de V.Exa. propor a presente
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, pelo rito especial,

Em face do BANCO SANTANDER, pessoa jurídica


de direito privado, CNPJ: 12.432.78/0001-00, com sede na
Av. Conde da Boa Vista, nº 5.000, Boa Vista, Recife – PE,
CEP: 50.000-00, e-mail: contato@santander.com.br, pelos
motivos de fato e de direito que se expõem:

I – DOS FATOS

1. Conforme podemos perceber pela simples


análise das documentações, o consignante, comprou no dia
03/05/2020, um automóvel de modelo Gol, marca Volkswagen, 4
portas, potência 1.6, ano 2020, placa: XYZ-0909, chassi:
12343258764089, no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil
reais), financiado em 20 (vinte) prestações iguais de R$
2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) a serem pagas em
todo dia 20, ao Banco Santander, conforme contrato em anexo
(vide Doc. 2 ou ID...).
2. Durante a negociação, as partes avençaram o
valor supramencionado e o IPCA como índice de reajuste do
bem, este, seria acrescido ao final do primeiro ano do
contrato. Tal valor seria de 4,5% (quatro e meio por cento)
sobre o valor das parcelas vincendas.
3. Ocorre que, após o pagamento da 12ª (décima
segunda) parcela, o AUTOR recebera uma notificação da PARTE
RÉ informando que a partir da 13ª (décima terceira) parcela
até a 20ª (vigésima) o índice de reajuste seria o IPGM+
sobre as parcelas vincendas, cujo valor é de 14,5% (catorze
e meio por cento).
4. Diante de tal situação, o REQUERENTE
contactou o REQUERIDO algumas vezes através de e-mail e
telefonemas para solicitar a retificação do índice de
reajuste para o valor avençado entre as partes, e desta
forma pudesse realizar os pagamentos dentro da data de
vencimento, conforme e-mails e protocolos de ligações
devidamente apensados (vide Doc. 03 ou ID...)
5. Não obtendo êxito em suas tentativas de
solucionar o problema, o DEMANDANTE se viu obrigado a
formalizar AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO para ver sanada
a sua obrigação contratual, para que não venha a ser
constituído em mora, sofrendo prejuízo maiores no futuro.

II – FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

1. É inconteste que ao devedor assiste o direito de


solver suas dívidas, sendo para tanto, amparado pelo
ordenamento jurídico, que propugna, justamente, pelo
adimplemento das obrigações, conforme se pode facilmente
verificar, mediante disposição do Código Civil, transcritas
abaixo:
Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a
obrigação, o depósito judicial ou em
estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos
e forma legais.

2. Estipula, ainda, o mesmo diploma legal, as


hipóteses em que se entende cabível o pagamento em
consignação, sendo certo, a uma simples leitura, que o caso
ora em questão subsume-se, perfeitamente, à previsão do
artigo que se transcreve:

Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor


não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o
pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se
o credor não for, nem mandar receber a coisa no
lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor
for incapaz de receber, for desconhecido, declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso
perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre
quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do
pagamento.

3. Nessa mesma esteira o professor Pablo Stolze


adverte:

“Trata-se a consignação em pagamento, portanto, do


instituto jurídico colocado à disposição do devedor
para que, ante o obstáculo ao recebimento criado
pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias
impeditivas do pagamento, exerça, por depósito da
coisa devida, o direito de adimplir a prestação,
liberando-se do liame obrigacional”. (STOLZE.
235:2017)

4. No que concerne ao tema objeto desta ação, a


doutrina do professor Antônio Carlos Marcato diz o
seguinte:

“o pagamento por consignação é instrumento de


direito material destinado à solução de obrigações
que têm por objeto prestações já vencidas e ainda
pendentes de satisfação, pouco importando se essa
pendência decorre de causa atribuível ao credor ou
resulta de outra circunstância obstativa do
pagamento por parte do devedor; e este vale-se de
tal instrumento para liberar-se do vínculo que o
submete ao accipiens e livrar-se, em consequência,
dos ônus e dos riscos decorrentes dessa submissão”.
(MARCATO. 16:1996)

5. Por fim, a jurisprudência é pacífica sobre o


direito aqui pleiteado. Vide ementa em sucessivo, “ipsis
verbis”:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
DE PARCELAS DE FINANCIAMENTO DE AUTOMÓVEL -
DEPÓSITOS INSUFICIENTES - VALOR QUE DEVERIA SER
ACRESCIDO POR JUROS E ENCARGOS FINANCEIROS - ATRASO
NOS DEPÓSITOS DAS PARCELAS - MORA DO CREDOR -
RECUSA INJUSTIFICADA - NÃO-INCIDÊNCIA DOS ENCARGOS
FINANCEIROS - QUANTIA CORRETAMENTE DEPOSITADA -
AÇÃO CONSIGNATÓRIA PROCEDENTE - RECURSO IMPROVIDO.
Não incidem juros e encargos financeiros pelo
atraso no pagamento das parcelas convencionadas
quando o credor, injustificadamente, se recusa em
receber os pagamentos devidos. O depósito
correspondente ao valor pactuado apresenta-se
correto, de modo que a ação de consignação em
pagamento deve ser julgada procedente, para livrar
o devedor das obrigações consignadas. Recurso
improvido.

(TJ-MS - AC: 5697 MS 2006.005697-1, Relator: Des.


Paulo Alfeu Puccinelli, Data de Julgamento:
15/05/2006, 3ª Turma Cível, Data de Publicação:
07/06/2006).

6. Por fim, conclui-se pela pertinência e


procedência da presente Ação de Consignação, proposta em
razão da recusa injustificada do credor em receber o
pagamento.

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, pugna o AUTOR:

a) Digne-se V.EXª autorizar o depósito judicial da


parcela com vencimento para o dia 20/06/21, no valor
de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), bem como
das demais parcelas que terão vencimento no curso da
demanda;
b) Digne-se V.EXª determinar que seja citada a ré, no
endereço fornecido na preambular deste petitório, para
que, querendo, conteste a ação dentro do prazo legal,
sob pena de revelia;

c) Digne-se V.Exa declarar a nulidade do contrato firmado


entre as partes no dia 03 de maio de 2020, bem como os
demais instrumentos assinados a partir da mencionada
data;
d) Digne-se V.Exa, ao final, JULGAR PROCEDENTE a ação, em
todos os seus termos, declarando quitadas as
obrigações efetivamente depositadas pela peticionária,
reconhecendo a abusividade e a ilegalidade do aumento
perpetrado pela adversa parte, condenando-a ao
pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios, à base de 20% (vinte por cento) do valor
dado à causa;

Por fim, requer todos os meios de prova em direito


admitidos, tais como a juntada de novos documentos e o
depoimento pessoal da adversa parte, sob pena de confesso.

Dá-se à causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) de


acordo com o art. 292, §2º do CPCB/15.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Recife, 28 de maio de 2021

Fábio Ricardo Silva


OAB/PE XXXXXX

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