Você está na página 1de 4

Sistema penitenciário brasileiro: caos que demonstra muito da ausência de

políticas públicas no país.


No Brasil onde as diferenças socioeconômicas se aprofundam em um Estado Neoliberal que
preconiza a diminuição da interferência estatal em políticas públicas de “bem-estar” social, tal
modelo reitera os baixos investimentos destinados a adoção de políticas públicas que possibilite ao
sistema penitenciário brasileiro as condições estruturais necessárias para o cumprimento de seus
objetivos: cumprimento da pena, educação e a consequente ressocialização do apenado.

Se as políticas públicas propagadas pelo Estado, entendidas como ações efetivas do Estado que visam
garantir direitos, assistências ou prestação de serviços a sociedade, são ineficientes para cumprir a
inclusão social diminuidora de desigualdades aos ditos “cidadãos de bem”, o que imaginar da
efetivação políticas públicas que norteiam o sistema prisional. Os princípios normativos da politica
prisional brasileira se encontra bem delineado dentro do viés teórico, vide o modelo de gestão
publicado em Brasília no ano de 2016, pelo Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN em
parceria com o programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o fato é que o
idealizado está distante do efetivado nas unidades prisionais brasileira.

Conforme informado pela ONG Conectas (2017), 53% da população encarcerada, 40% são fruto de
prisões provisórias, oriunda de crimes sem violência que poderiam aguardar o julgamento em
liberdade e de crimes e 13% de condenações de até 8 anos.

O acesso restrito à Justiça, devido ao baixo número de Defensores Públicos, que poderiam solicitar
tal pleito ou o cumprimento de penas alternativas e no caso de penas já cumpridas parcialmente a
progressão de regime, nas cumpridas integralmente o alvará de soltura. Em qualquer das situações,
por ser a superlotação o principal problema do sistema prisional, se tal fosse adotada, possibilitaria a
redução imediata dessa população que conforme Depen (2020) crescente à 8,3% ao ano, totalizando
em 2019 de um contingente prisional de 773 mil pessoas privadas de liberdade em todos os regimes.

Seguindo a qualificação excessiva de delitos de baixa periculosidade, cito a Lei de Drogas nº


11.343/2006, onde a “tolerância zero” ao uso/comércio em pequenas proporções de entorpecentes,
na prática, fica sob o julgamento de policiais e delegados, de forma precária definem quem é
traficante e quem é usuário, geralmente validada pelo judiciário. O que se percebe é um
aprofundamento da criminalização onde a pobreza é representada por uma maioria de negros e
pardos, além da distorção do problema de saúde publica gerado pelo uso e dependência química das
drogas que no meio midiático se consolida como “guerra as drogas”. O aparente sucesso, desde do
vigor dessa lei, aumentou o número de encarceramento em 348%, Ministério da Justiça (2014).
Como dito anteriormente, a lei atinge diretamente o pequeno traficante que por vezes é dependente
químico da própria droga que vende ou financeiro por não ter inserção no mercado formal de
trabalho, em suma, não representa perigo para a sociedade. Conforme especialistas, a exemplo do
assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Paulo Cesar Malvezzi Filho, a descriminalização do uso e
consumo tiraria 30% de pessoas do sistema prisional brasileiro.

Para os que seguem a rotina diária no encarceramento, politicas eficientes de acesso ao trabalho ora
pela formação profissionalizante de ofícios técnicos, ora pela educação básica e superior, a ser
ministradas na modalidade semipresencial ou a distância, em espaços internos no sistema prisional,
garantiria junto a empresas parceiras a oportunidade de ressocialização almejada por muitos como
uma utopia quase que inalcançável.
Para uma população carcerária com o perfil: 55,08% com 18 a 29 anos, onde 61,67% são
negros/pardos, 75,08% possuem até ensino fundamental completo, percebe-se que a política de
encarceramento por crimes de baixa periculosidade, atua como controle socioeconômico da
pobreza, mesmo após o cumprir a pena, carregar o estigma de reeducando, prolonga o cumprimento
da punição, ampliando as discrepâncias entre o dois mundo, geralmente por falta de oportunidade
de ressocialização, o regresso do mesmo ao sistema carcerário. Estima-se, para além de números
oficiais, que no Brasil 90% dos reeducandos voltam a cometer crimes, ou seja, a política de
ressocialização é falha, o art. 25 da Lei de Execução Penal, Lei 7.210/1984, prevê assistência para o
egresso que esteja empenhado em obter emprego, onde dificilmente se faz cumprir.

Embora o país tenha vários dispositivos legais e programas que objetivam a ressocialização, o
processo de implementação não atingiu patamar desejável. Os altos índices de desvios de verbas são
determinantes na negação de acesso aos direitos que deveriam ser efetivados através dessas
políticas. O preconceito da sociedade é mais um desafio a ser enfrentado, haja vista que a população
brasileira historicamente estigmatiza os encarcerados e não favorece um recomeço de vida social,
assim, há necessidade de superação por parte da sociedade, de noções pré-concebidas acerca
daqueles que sempre estiveram em situação de exclusão e subalternidade.

A população “livre” em sua maioria não tem o mínimo para viver com dignidade humana, e o acesso
aos direitos fundamentais são negados diariamente, se o Estado não proporciona o mínimo para
aqueles que são considerados “cidadãos de bem”, após o encarceramento as condições de sobrevida
nos presídios são mais degradantes ainda, tornando a ressocialização um objetivo inatingível.

Referencias

https://www.conectas.org/noticias/10-medidas-para-o-sistema-prisional?
gclid=CjwKCAjw8MD7BRArEiwAGZsrBR8pfeCzWmz21S2smt3cGIRlGgKQcGN6G1_2Kt60UGcLCzO66lHi
IRoC0oUQAvD_BwE

https://www.gov.br/pt-br/noticias/justica-e-seguranca/2020/02/dados-sobre-populacao-carceraria-
do-brasil-sao-atualizados#:~:text=O%20percentual%20de%20presos%20provis%C3%B3rios,chegou
%20a%202%2C97%25.

https://www.dw.com/pt-br/seis-medidas-para-tentar-solucionar-o-caos-nos-pres%C3%ADdios/a-
37152997

o abismo entre

 os direitos fundamentais, a exemplo no que diz o Art. 5° inc. XLIX da Constituição Federal de
1988 que assegura aos presos o respeito à integridade física e moral.
 bem como a responsabilidade de criar um vínculo de confiança e credibilidade, pois,
neste momento inicia-se uma nova etapa da vida do apenado, etapa da reeducação,
ressocialização e de resgaste dos princípios básicos da cidadania.
 a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que defende que todo ser humano tem
direito à vida, à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e
à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
 Dessa forma, a superlotação dificulta o processo de ressocialização, pois o número de
profissionais dentro dessas unidades é reduzido e, segundo Angélico (2008), o trabalho
visando a reinserção do preso à sociedade existe, porém torna-se insuficiente devido ao
número mínimo de profissionais contratados pelo Estado para esse fim.
 nota-se uma generalização da punição sem nenhum avanço em relação aos projetos,
programas e políticas, na perspectiva de amenizar a situação precária em que os
detentos se encontram. Posto isso, é possível decifrar a dramática situação do sistema
carcerário brasileiro, tendo em vista que, o que se tem feito é agigantar as normas
penais, criar novos discursos jurídicos, depositar indivíduos nas prisões e esperar a glória
da punição, a ressocialização do encarcerado, o que caracteriza uma prisão de caráter
punitivo.
 os direitos humanos são constantemente violados, celas superlotadas, locais insalubres,
presidiários sem acesso ao atendimento médico e expostos à ociosidade.
 A demora na realização de audiências e o pequeno número de Defensores Públicos
dificultam o acesso à justiça, aumentando a permanência nas prisões enquanto muitos já
fazem jus à liberdade.
 A população “livre” em sua maioria não tem o mínimo para viver com dignidade
humana, e o acesso aos direitos fundamentais são negados diariamente, se o Estado não
proporciona o mínimo para aqueles que são considerados “cidadãos de bem”, após o
encarceramento as condições de sobrevida nos presídios são mais degradantes ainda,
tornando a ressocialização um objetivo inatingível.
 O perfil do encarcerado brasileiro demonstra essa desigualdade, em que o cárcere é
utilizado como forma de controle social e da pobreza, desencadeando reação
proporcional à violência sofrida dentro das prisões e mesmo após o cumprimento da
pena, o desafio continua, devido o estigma sofrido por parte de uma sociedade
excludente, as possibilidades de reintegração social são reduzidas.
 o sistema penitenciário, apesar de todos os esforços para convertê-lo em instrumento de
ressocialização, não pode deixar de cumprir o papel de eficaz instrumento de controle e
dominação”.
 O cárcere configura-se na possibilidade de Educação para uma nova vida em sociedade,
proporcionando ao detento adotar posicionamentos e atitudes voltadas para a boa
convivência na coletividade, de modo a abandonar a conduta delitiva e a transgressão às
regras. À reintegração é executada através de uma política penitenciária, que tem como
finalidade inserir os encarcerados na sociedade para que possam dar continuidade às
suas vidas de forma honesta, e que não volte a cometer delitos e acabe retornando à
prisão.
 Importa reiterar, que é direito de todos os cidadãos mesmo que tenha cometido ato
delituoso, serem tratados com dignidade e respeito no intuito de amenizar a privação de
liberdade e de garantir a reinserção ao convívio social. Para tanto, se faz necessário
adotar políticas que promovam a recuperação do preso, tendo como ferramenta básica a
Lei de Execução Penal e seus dois eixos: punir e ressocializar.
 neste momento inicia-se uma nova etapa da vida do apenado, etapa da reeducação,
ressocialização e resgaste dos princípios básicos da cidadania.
 mesmo não havendo números oficiais, calcula-se que no Brasil 90% dos ex-detentos
voltam a cometer delitos, ou seja, a política de ressocialização é falha, o art. 25 da Lei de
Execução Penal prevê assistência para o egresso que esteja “empenhado em obter
emprego”, (Lei 7.210/1984).
 Nessa concepção, Foucault (2001) pontua que “as prisões não diminuem a taxa de
criminalidade: pode-se aumentá-las, multiplicá-las ou transformá-las, a quantidade de
crime e de criminosos permanece estável, ou ainda pior, aumenta”. O modelo prisional
vigente é incapaz de promover a ressocialização, pois enquanto não houver mudanças
nesse sistema defasado, “ressocialização” continuará a ser utopia.
 embora o país tenha vários dispositivos legais e programas que objetivam a
ressocialização, o processo de implementação não atingiu patamar desejável.
 Os altos índices de desvios de verbas são determinantes na negação de acesso aos
direitos que deveriam ser efetivados através dessas políticas.
 O preconceito da sociedade é mais um desafio a ser enfrentado, haja vista que a
população brasileira historicamente estigmatiza os encarcerados e não favorece um
recomeço de vida social, assim, há necessidade de superação por parte da sociedade, de
noções pré-concebidas acerca daqueles que sempre estiveram em situação de exclusão e
subalternidade.

Você também pode gostar