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A partir dos gráficos apresentados por Pfafstetter (1957), geográfica, em face dos principais sistemas atmosféricos que
Denardin & Freitas (1982) ajustaram equações matemáticas que ali atuam. O caráter transicional de seu espaço leva à dificul-
possibilitaram o cálculo das alturas pluviométricas, em função dade de identificar-se, com maior precisão, os sistemas
da duração da precipitação e do período de retorno, utilizando- meteorológicos que atingem essa área.
se o método de regressão linear múltipla, para 80 estações O território baiano é atingido por diferentes correntes de
pluviográficas distribuídas por todo o Brasil. Nesse estudo, circulação, sendo que as de atuação mais efetivas se referem
no Estado da Bahia foi feita a determinação apenas para a ao anticiclone semifixo do Atlântico Sul, notadamente pela sua
cidade de Salvador. Froehlich (1993) descreveu um método periferia mais seca (alísios de sudeste) responsáveis, em parte,
gráfico considerando mapas de precipitações já disponíveis pela tendência à aridez no Estado da Bahia. Os alísios de
que permitiu obter-se, para qualquer localidade dos Estados sudeste atuam e ultrapassam o Estado da Bahia durante todo o
Unidos, os parâmetros associados à várias formas de equações ano, implicando em bom tempo, na maioria das vezes.
de intensidade de precipitação para durações de uma hora ou Um outro sistema mais complexo e que se configura também
menos. Fendrich (1998) obteve as equações de chuvas intensas no corpo do anticiclone mencionado, refere-se às correntes
e gerou os gráficos de intensidade-duração-freqüência para 31 perturbadas de leste, que produzem instabilidade e mau tempo.
estações pluviográficas localizadas no Estado do Paraná. As As correntes do sul constituem outra poderosa corrente de
séries históricas utilizadas no estudo possuíam períodos de 10 circulação; são geradas no anticiclone migratório polar,
a 37 anos, com exceção da estação de Curitiba–Prado Velho atravessando o Estado da Bahia, notadamente no setor
(PUC), com apenas oito anos de dados. Pinto et al. (1996) litorâneo, precedidas pela Frente Polar Atlântica (FPA). A
obtiveram as equações de intensidade-duração-freqüência da distância, consideravelmente grande, da sua fonte, faz com
precipitação pluvial para 29 estações pluviográficas do Estado que essas correntes cheguem ao território baiano bastante
de Minas Gerais, com base num período de 11 anos (1983- tropicalizadas; entretanto, causam efeitos no regime pluvio-
1993) com exceção de três estações, nas quais foi empregado métrico da região. Do interior do continente pode atingir o
um período-base de oito anos. Silva et al. (1999) estimaram os território baiano outro tipo de corrente, também associada ao
parâmetros da equação de intensidade-duração-freqüência da dinamismo de propagação da FPA.
precipitação para 13 localidades do Estado do Rio de Janeiro Na faixa litorânea, a regularidade das precipitações é
e nove do Espírito Santo e realizaram, também, com base assegurada pela atuação de dois sistemas meteorológicos: as
em técnicas de interpolação disponíveis em Sistemas de perturbações de leste, que produzem instabilidade e mau tempo,
Informações Geográficas (SIG’s), a espacialização dos especialmente no setor setentrional, e as frentes frias, que
parâmetros de ajuste da referida equação, para qualquer causam chuvas frontais no setor litorâneo.
localidade dos dois Estados. Freitas et al. (2001) analisaram as Devido a grande carência de informações relativas às
séries históricas de precipitação pluvial de 193 estações equações de chuvas intensas para a maioria das localidades
pluviográficas localizadas no Estado de Minas Gerais e nos do Estado da Bahia, a alternativa para a realização de projetos
limites dos Estados da Bahia e Espírito Santo, objetivando de obras hidráulicas tem sido utilizar-se informações dos
ajustar modelos teóricos de distribuição de probabilidade postos pluviográficos mais próximos da localidade na qual o
aos dados de chuvas intensas e estabelecer a relação entre projeto é realizado; este procedimento, entretanto, pode
intensidade, duração e freqüência da precipitação pluvial, levar a estimativas pouco confiáveis, em função da grande
para essas estações. A análise dos resultados obtidos permitiu variabilidade espacial dos dados de precipitação pluvial. Neste
verificar-se que existe grande variabilidade das intensidades contexto, tendo em vista a importância que representa o
máximas ao longo do tempo, fato comprovado pelos altos conhecimento da equação que relaciona intensidade, duração
desvios-padrão das séries anuais de intensidades máximas e freqüência da precipitação pluvial para a realização de pro-
médias de precipitação pluvial encontrados para as diversas jetos hidroagrícolas, desenvolveu-se o presente trabalho, com
estações e durações estudadas. Verificaram, também, que o os seguintes objetivos: (1) ajustar modelos teóricos de
modelo de Gumbel foi o que apresentou melhor ajuste aos distribuição de probabilidade aos dados de chuvas intensas
dados de intensidades máximas médias de precipitação pluvial de 19 estações pluviográficas localizadas no Estado da Bahia,
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, a 20% de probabilidade, e (2) estabelecer a relação entre intensidade, duração e
para todas as durações estudadas. freqüência da precipitação, a partir dos registros pluviográficos
Em decorrência da grande dificuldade na obtenção dos das referidas estações.
dados pluviográficos, a maioria dos estudos de chuvas intensas
possui séries inferiores àquela recomendada pela Organização MATERIAL E MÉTODOS
Mundial de Meteorologia (OMM), que é de 30 anos. Entretanto,
Aron et al. (1987), objetivando determinar curvas regionais de Neste trabalho foram utilizados os dados pluviográficos
intensidade, duração e freqüência de precipitação pluvial para disponíveis para o Estado da Bahia, pertencentes à rede
o Estado da Pennsylvania (EUA) utilizaram séries históricas hidrometeorológica da Agência Nacional de Energia Elétrica-
de 10 anos de duração. Já Button & Ben-Asher (1983) utilizaram ANEEL, perfazendo 19 estações pluviográficas selecionadas
séries com oito anos de dados para obtenção da relação entre (Tabela 1), com séries históricas de 10 a 24 anos de observações,
intensidade, duração e freqüência, na região de Avdat, Israel. abrangendo o período de 1975 a 1999. Ressalta-se que não foi
Segundo Aouad (1982) uma dificuldade imposta à análise adotado um período-base de estudos para todas as estações
da dinâmica do clima no Estado da Bahia é a sua própria posição pois, ao se analisar os dados disponíveis para as estações
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
364 D.D. da Silva et al.
k Ta
i=
(t + b )c
em que:
i - intensidade máxima média de chuva, mm h-1
T - período de retorno, anos
t - duração da chuva, min
k, a, b, c - parâmetros empíricos que dependem da estação
pluviográfica
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Chuvas intensas no Estado da Bahia 365
As séries históricas de intensidades máximas médias de Newton e com base nos valores de intensidade de precipitação
precipitação pluvial, correspondentes às diversas durações, máxima correspondentes aos períodos de retorno de 2, 5, 10, 20,
foram submetidas à análise estatística para identificação do 50 e 100 anos e duração de 10, 20, 30, 40, 50, 60, 120, 240, 360, 720
modelo probabilístico que apresentasse melhor ajuste aos dados. e 1.440 min, foram obtidos os parâmetros da equação de
Os modelos de distribuição de eventos extremos máximos intensidade-duração-freqüência de cada estação pluviográfica.
ajustados, foram: Gumbel, Log-Normal a dois e três parâmetros,
Pearson e Log-Pearson III e a seleção da distribuição de RESULTADOS E DISCUSSÃO
probabilidade que melhor se ajustou às séries históricas foi
efetuada utilizando-se o teste de aderência de Kolmogorov- Na Tabela 2 são apresentados as médias e os desvios-padrão
Smirnov. Utilizando-se o método de regressão não-linear Gauss- das séries anuais de intensidades máximas de precipitação pluvial
Tabela 2. Médias (x) e desvios-padrão (s)* em mm h-1, das séries anuais de intensidades máximas médias de precipitação pluvial com
duração de 10 a 1440 minutos, para as estações pluviográficas localizadas no Estado da Bahia
Duração (min)
Estação 10 20 30 40 50 60 120 180 240 360 720 1440
x x x x x x x x x x x x
95,1 75,1 61,9 53,3 45,4 39,7 22,6 16,3 12,8 9,0 4,8 2,5
Argoim
(34,9) (30,8) (28,0) (27,3) (24,7) (22,8) (14,4) (10,6) (8,2) (5,5) (3,0) (1,5)
98,0 81,0 68,6 59,2 52,9 46,9 28,5 20,3 15,8 11,2 5,9 3,2
Barreiras
(29,3) (16,6) (16,2) (15,0) (12,8) (11,7) (8,0) (6,0) (4,9) (3,0) (1,4) (0,7)
91,7 73,9 60,9 52,2 45,1 38,7 21,0 15,1 11,7 8,4 4,4 2,2
Brotas de Macaúbas
(26,3) (19,0) (17,5) (16,1) (13,9) (12,1) (7,0) (5,4) (4,3) (3,2) (1,7) (0,9)
80,4 66,6 56,4 49,2 43,4 38,1 22,2 15,9 12,7 9,5 5,4 3,0
Cândido Sales
(25,5) (20,8) (17,7) (14,8) (14,6) (13,6) (7,8) (5,8) (4,9) (3,9) (2,0) (1,0)
101,8 73,2 61,8 51,7 44,0 38,6 23,2 16,4 12,9 9,1 5,0 2,7
Carinhanha
(37,3) (24,9) (23,4) (20,4) (17,8) (15,8) (7,3) (4,9) (3,7) (2,9) (1,8) (1,0)
88,3 74,3 64,9 56,5 50,2 44,6 25,8 18,5 14,3 10,2 5,7 3,4
Fazenda Porto Alegre
(23,0) (21,1) (17,9) (16,7) (15,1) (14,5) (7,6) (4,9) (3,9) (3,1) (2,2) (1,4)
85,1 72,4 58,1 49,3 43,0 38,7 22,1 15,8 12,5 9,0 5,0 2,6
Fazenda Refrigério
(28,6) (28,8) (23,1) (19,4) (16,1) (13,5) (8,1) (5,2) (4,0) (3,0) (1,7) (0,9)
96,4 74,5 64,7 55,7 47,9 41,4 24,5 18,0 14,2 10,0 5,6 3,0
Formosa do Rio Preto
(25,8) (16,1) (16,2) (13,4) (12,1) (10,4) (6,3) (5,2) (4,1) (2,7) (1,6) (0,9)
87,5 70,8 57,6 51,4 44,1 39,5 25,0 18,8 14,7 10,4 5,3 2,8
Ipiaú
(30,6) (28,1) (24,3) (20,9) (18,5) (16,4) (11,5) (10,0) (7,6) (4,9) (2,5) (1,3)
89,6 69,2 57,1 48,5 42,2 37,4 23,2 16,7 13,2 9,5 5,3 3,2
Itamaraju
(32,8) (27,5) (23,8) (18,2) (14,6) (12,5) (7,0) (4,8) (3,7) (2,6) (1,5) (0,9)
84,0 68,2 58,2 51,6 45,9 40,8 23,9 17,0 13,8 9,7 5,4 2,9
Itapebi
(29,9) (22,5) (18,1) (19,0) (17,9) (16,4) (10,0) (7,0) (5,2) (3,6) (1,9) (1,1)
79,8 65,3 54,7 50,1 45,0 40,0 24,5 18,6 14,9 11,1 6,5 3,9
Ituberá
(25,9) (17,7) (15,2) (17,5) (17,8) (16,9) (8,8) (6,5) (5,1) (3,8) (1,7) (1,1)
80,0 65,0 57,5 49,2 41,9 36,9 21,7 16,0 12,7 8,8 4,6 2,4
Juazeiro
(35,7) (29,5) (23,9) (21,1) (18,8) (17,5) (9,3) (7,2) (5,4) (3,6) (1,9) (1,0)
95,3 78,3 66,1 55,8 48,2 42,5 24,9 18,4 14,4 10,2 5,5 3,0
Medeiros Neto
(39,6) (33,0) (28,0) (25,1) (22,0) (19,2) (10,8) (8,2) (6,2) (4,2) (2,1) (1,1)
79,8 69,8 54,9 48,2 42,2 37,3 22,1 16,4 13,7 9,7 5,0 2,5
Morpará
(32,4) (26,8) (21,4) (18,2) (15,8) (14,4) (9,7) (8,9) (7,8) (5,5) (2,7) (1,4)
84,6 72,0 58,8 47,5 40,5 35,5 19,8 14,4 11,2 7,6 4,3 2,5
Ponte Serafim
(23,9) (19,9) (14,4) (11,7) (10,3) (8,8) (5,0) (4,1) (3,4) (2,4) (1,3) (0,8)
85,3 72,0 61,4 52,4 44,5 39,0 21,6 15,5 12,2 9,1 4,9 2,6
Santa Cruz da Vitória
(33,0) (32,2) (26,1) (23,2) (20,3) (17,9) (9,6) (6,1) (4,4) (3,2) (1,6) (0,9)
93,8 76,7 64,3 54,1 46,8 42,4 25,2 18,5 14,9 10,7 6,1 3,1
Santa Maria da Vitória
(31,9) (27,0) (23,2) (19,8) (16,1) (14,3) (10,2) (7,2) (5,6) (4,0) (2,3) (1,1)
97,1 79,5 70,9 61,1 53,5 47,3 27,7 19,2 14,7 10,6 6,1 3,2
Teodoro Sampaio
(26,6) (24,2) (25,1) (22,6) (20,1) (17,7) (11,4) (7,8) (5,8) (4,4) (2,4) (1,2)
89,1 72,5 61,0 52,5 45,6 40,3 23,6 17,1 13,5 9,7 5,3 2,9
Média
(30,2) (24,6) (21,2) (19,0) (16,8) (15,1) (8,9) (6,6) (5,2) (3,6) (2,0) (1,1)
7,0 4,5 4,6 3,8 3,6 3,2 2,2 1,6 1,2 0,9 0,6 0,4
Desvio
(4,7) (5,3) (4,4) (4,0) (3,5) (3,3) (2,2) (1,8) (1,4) (0,9) (0,5) (0,2)
7,8 6,3 7,5 7,2 7,9 8,0 9,4 9,3 9,2 9,7 11,3 14,3
CV (%)**
(15,6) (21,6) (20,6) (20,9) (21,1) (22,1) (24,5) (27,4) (27,3) (25,1) (23,5) (20,8)
Relação max./min.*** 1,28 1,25 1,30 1,29 1,32 1,33 1,44 1,41 1,42 1,47 1,52 1,76
* Os valores entre parênteses referem-se ao desvio-padrão
** CV - Coeficiente de variação
*** A relação max/min expressa o quociente entre os valores externos de intensidade de precipitação máxima e mínima entre as localidades, para cada período
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366 D.D. da Silva et al.
correspondentes às durações estudadas, para cada uma das 19 Na Tabela 3 são apresentadas as equações de intensidade-
estações do Estado da Bahia. Nesta tabela constam, também, duração-freqüência para as localidades estudadas, com seus
para cada duração, as relações máxima/mínima entre os valores respectivos coeficientes de determinação. Observa-se que os
extremos de intensidade de precipitação máxima entre as diversas
localidades. Tabela 3. Equações de intensidade máxima média de precipitação
Foram observados os menores valores de intensidade máxima pluvial (i), em mm h-1, em função do período de retorno (T),
média de precipitação pluvial para as durações de 10 e 30 min em em anos, e da duração da precipitação (t), em minutos, para 19
Ituberá; Juazeiro, para 20 min; Brotas de Macaúba, para a duração estações pluviográficas do Estado da Bahia
de 1.440 min e Porto Serafim, para as demais durações. Por Estação Equação R2
outro lado, maiores valores de intensidade máxima média da 8999,000T 0, 245
precipitação pluvial foram observados em Carinhanha, para a Argoim i= 0,990
( t + 56,068)1,119
duração de 10 min; Barreiras, para as durações de 20, 120, 180,
240 e 360 min; Teodoro Sampaio, para as durações de 30, 40, 50 1525,758T 0,178
Barreiras i= 0,992
e 60 min e Ituberá, para 720 e 1.440 min. Observa-se, ainda, que ( t + 19,457) 0,820
Ituberá, estação localizada no litoral baiano, mesmo apresentando 4210,017T 0,192
os menores valores de intensidade máxima média de precipitação Brotas de Macaúbas i= 0,995
( t + 32,453)1,042
pluvial para as pequenas durações (10 e 30 min) foi também
a localidade que apresentou as maiores intensidades de 2828,391T 0, 204
Cândido Sales i= 0,995
precipitação máxima média para as maiores durações (720 e ( t + 34,463) 0,956
1.440 min). Conforme relatado por Aouad (1982) as correntes de
2718,147T 0, 214
circulação que atuam no Estado da Bahia, oponentes em direção, Carinhanha i= 0,996
conferem padrões diferenciados de comportamento atmosférico, ( t + 21,193) 0,978
gerando fragmentação complexa do seu território. 2500,000T 0,184
Fazenda Porto Alegre i= 0,996
A análise das relações entre os valores extremos de in- (t + 34,478)0,902
tensidade máxima média de precipitação pluvial para cada
duração revela valores crescentes com o aumento da duração. A 3950,000T 0, 222
Fazenda Refrigério i= 0,993
relação entre os valores máximo e mínimo da intensidade máxima (t + 33,862)1,028
média de precipitação foi de 1,28, para a duração de 10 minutos, 1719,054T 0,174
e de 1,76 para o tempo de 1.440 min. Isso indica que os erros Formosa do Rio Preto i= 0,994
(t + 20,021)0,865
advindos da estimativa da intensidade máxima média para
determinada localidade, considerando-se os dados pertinentes 2194,929T 0, 232
Ipiaú i= 0,991
a outra localidade, tendem a crescer com o aumento da duração. (t + 32,891)0,882
Esse fato é também evidenciado a partir da análise dos coe- 4032,860T 0, 211
ficientes de variação obtidos para as diversas durações, os quais Itamaraju i= 0,997
também apresentam tendência crescente com o aumento da
(t + 28,605)1,060
duração da precipitação pluvial. Face às grandes diferenças 3586,593T 0, 204
Itapebi i= 0,996
observadas entre as intensidades máximas médias de precipitação (t + 39,135)0,987
obtidas nas diferentes localidades para cada duração, sobretudo
3228,481T 0, 207
as maiores, constata-se a necessidade de obtenção de equações Ituberá i= 0,990
que representem as condições das chuvas intensas para a (t + 45,386)0,948
localidade de interesse. Assim, a melhor maneira de minimizar as 5592,554T 0, 242
Juazeiro i= 0,992
imprecisões na estimativa da intensidade máxima média de ( t + 40,039)1,093
precipitação pluvial, é por intermédio da ampliação de estudos,
6899,271T 0, 227
como o proposto, para um número cada vez maior de localidades. Medeiros Neto i= 0,997
De acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov, os modelos ( t + 40,913)1,107
teóricos de distribuição de probabilidade de Gumbel e Log-Normal 1121,260T 0, 233
a dois parâmetros, foram os que melhor se ajustaram, ao nível de Morpará i= 0,990
( t + 19,746) 0,783
significância de 20% de probabilidade, às séries de intensida-
des máximas anuais. O modelo de Gumbel apresentou melhor 4073,933T 0,181
Ponte Serafim i= 0,994
comportamento em número maior de ocorrências (considera-se ( t + 27,902)1,073
“ocorrência” cada combinação de estação pluviográfica e duração 3450,000T 0, 239
da precipitação pluvial). O modelo Pearson tipo III apresentou, Santa Cruz da Vitória i= 0,993
( t + 34,012) 0,989
também, bom comportamento, mas em número menor de ocor-
rências. O modelo Log-Normal a três parâmetros apresentou ajuste 2873,405T 0, 216
Santa Maria da Vitória i= 0,994
adequado às séries de intensidades máximas, embora em número ( t + 29,656) 0,946
ainda mais reduzido que o modelo Pearson tipo III, enquanto o 5850,000T 0, 212
modelo Log-Pearson tipo III mostrou ajuste inadequado para a Teodoro Sampaio i= 0,994
( t + 51,820)1,021
maioria das séries de intensidades máximas analisadas.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002
Chuvas intensas no Estado da Bahia 367
valores dos parâmetros de ajuste (k, a, b, c) das equações Aron, G.; Wall, D.J.; White, E.I.; Dunn, C.N. Regional rainfall
variaram bastante de uma estação para outra. O valor do intensity-duration-frequency curves for Pennsylvania. Water
coeficiente k variou de 1121,260 a 8999,000, para as estações
Resources Bulletin, Salt Lake City, v.23, n.2, p.479-485, 1987.
de Morpará e Argoim, respectivamente, o coeficiente a, de 0,174
a 0,245, referentes às estações de Formosa do Rio Preto e Button, B.J.; Ben-Asher, J. Intensity-duration relationships of
Argoim, respectivamente, o coeficiente b variou de 19,457 a desert precipitation at Audat-Israel. Journal of Arid Enviro-
56,068, relativos às estações de Barreiras e Argoim, res- mentals, London, v.6, n.5, p.1-12, 1983.
pectivamente e o coeficiente c variou de 0,783 a 1,119, para as Denardin, J.L.; Freitas, P.L. Características fundamentais da
estações de Morpará e Argoim, respectivamente. Na maioria chuva no Brasil. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
das estações, os maiores valores do coeficiente b foram v.17, n.10, p.1409-1416, 1982.
relacionados aos maiores valores do coeficiente k. Ressalta-se
que outras combinações de coeficientes podem ser obtidas Fendrich, R. Chuvas intensas para obras de drenagem no
para a relação entre intensidade, duração e freqüência, sem Estado do Paraná. Curitiba: Champangnat, 1998. 99p.
causar perda significativa na precisão dos resultados. Freitas, A.J.; Silva, D.D.; Pruski, F.F.; Pinto, F.A.; Pereira, S.B.;
Gomes Filho, R.R.; Teixeira, A.F.; Baena, L.G.N.; Mello,
CONCLUSÕES L.T.A.; Novaes, L.F. Equações de chuvas intensas no Estado
de Minas Gerais. Belo Horizonte: Companhia de Saneamento
Os resultados aqui apresentados permitem as seguintes
conclusões: de Minas Gerais: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 65p.
1. Existe grande variabilidade dos valores de intensidade Froehlich, D.C. Short-duration-rainfall intensity equations for
máxima média de precipitação, para uma mesma duração, entre drainage design. Journal of Irrigation and Drainage Enginee-
as localidades estudadas. ring. New York, v.119, n.5, p.814-828. 1993.
2. As relações obtidas dos valores extremos de intensidade Hernandez, V. Ainda as equações de chuvas intensas - pode-se
máxima média de precipitação pluvial para cada duração generalizar? In: Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos, 9:
apresentam comportamento crescente com o aumento da
Simpósio Luso Brasileiro de Hidráulica e Recursos Hídricos,
duração da precipitação pluvial.
3. Os erros advindos da estimativa da intensidade máxima 5, Rio de Janeiro, 1991. Anais... Fortaleza: Associação Brasi-
média para determinada localidade, considerando-se os dados leira de Hidrologia e Recursos Hídricos,1991. p.193-202.
pertinentes a outra localidade, tendem a crescer com o aumento Pfafstetter, O. Chuvas intensas no Brasil. Rio de Janeiro:
da duração da precipitação pluvial. Ministério da Viação e Obras Públicas; DNOS, 1957. 420p.
4. Os modelos teóricos de distribuição de probabilidade de Pinto, F.A.; Ferreira, P.A.; Pruski, F.F.; Alves, A.R.; Cecon, P.R.
Gumbel e Log-Normal a dois parâmetros, foram os que melhor
Estimativa de chuvas intensas no Estado de Minas Gerais,
se ajustaram às séries de intensidades máximas anuais, sendo
o modelo de Gumbel o que apresentou melhor comportamento utilizando-se registros diários. Revista de Engenharia
para a maior parte das combinações entre estações pluvio- Agrícola, v.16, n.2, p.8-21, 1996.
gráficas e durações estudadas. Silva, D.D.; Pinto, F.R.L.P.; Pruski, F.F.; Pinto, F.A. Estimativa e
espacialização dos parâmetros da equação de intensidade-
LITERATURA CITADA duração-freqüência da precipitação para os Estados do Rio
de Janeiro e Espírito Santo. Revista de Engenharia Agrícola,
Aouad, M.S. Tentativa de classificação climática para o Estado
da Bahia: uma análise quantitativa dos atributos locais, v.18, n.3, p.11-21, 1999.
associada à análise qualitativa do processo genético. Rio Villela, S.M.; Mattos, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: Editora
de Janeiro: IBGE, 1982. 80p. McGraw-Hill do Brasil Ltda., 1975. 245p.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, Campina Grande, v.6, n.2, p.362-367, 2002