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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

CULTURA E SOCIEDADE

Acácio Mateus
Código:708212311

Curso: Licenciatura em História

Disciplina: Históriaa

IºAno

Nampula, Novembro 2021

Índice
Introdução

Cultura material e não material

Os elementos culturais

Hierarquia de Culturas

A cultura dominante

Subcultura

Contracultura

Interações Culturais

Assimilação e multiculturismo

Etnocentrismo

Relativismo Cultural

Choques Culturais

Cultura Global e Difusão Global.

Conclusão

Bibliografia
1. Introdução
2. CULTURA E SOCIEDADE
2.1.Cultura

Cultura significa tudo que é feito, aprendido ou compartilhado por membros de uma
sociedade: valores, crenças, comportamentos, símbolos, línguas e objetos materiais.
Sociedade significa um grupo de pessoas que vivem em um território definido e que
compartilham uma cultura. Evidentemente, cultura é um componente fundamental de
toda sociedade.

A cultura influencia crenças e comportamentos. Alguém que mora no Brasil


provavelmente tem hábitos diferentes de pessoas que moram em outros países – nos
Estados Unidos, na China, na Índia ou na França. A cultura influencia não apenas a
língua, mas até a linguagem corporal das pessoas, a forma como se cumprimentam e os
valores considerados importantes.

A teoria funcionalista ensina que a cultura contribui para uma ordem social contínua,
pois transmite a forma como as pessoas devem se comportar em determinadas situações.
A cultura também permite com que as pessoas se beneficiem dos sucessos realizados
por gerações passadas.

A Teoria do Conflito de Karl Marx, por outro lado, sustenta a ideia de que a cultura
justifica a desigualdade. De acordo com o pai do socialismo, a classe dominante, isto é,
a burguesia, produz uma cultura que promove seus próprios interesses e que,
simultaneamente, reprime os do proletariado.

2.1.1. Cultura material e não material

Cultura é algo que se aprende e que varia muito de sociedade para sociedade. Os seres
humanos passam a aprender a respeito de sua cultura assim que nascem, pois, na
maioria dos casos, seus pais os educam para que adotem os valores da sociedade.

Apesar das muitas diferenças entre culturas, todas são constituídas por dois elementos
fundamentais: cultura material e cultura não material.
 Cultura material engloba os objetos físicos de uma sociedade: as ferramentas, a
tecnologia, as vestimentas, os meios de transporte, etc. Por exemplo, alguns
símbolos da cultura material do Brasil são o telefone celular, o computador, o
iPod, etc.

Um componente da cultura material que foi adotado por diversas sociedades é o uso de
joias para indicar que uma pessoa é casada. Por exemplo, no Brasil e nos Estados
Unidos, usa-se um anel no dedo anelar da mão esquerda. Em sociedades não
industrializadas, constituídas por poucos habitantes, isso é desnecessário, pois quase
todas as pessoas se conhecem e sabem quem é e quem não é casado. Em certas regiões
da Índia, as mulheres usam um colar para indicar que são casadas.

 Cultura não material compreende os aspectos intangíveis de uma cultura: os


valores e crenças que influenciam seus membros e que os diferenciam dos
indivíduos que constituem outras sociedades.

2.1.2. Os elementos culturais

Cultura é a língua, os símbolos, as normas, os valores, as crenças, os rituais e os


artefatos que fazem parte de toda sociedade. A língua é a forma de comunicação que
permite que, por meio de palavras, informações sejam transmitidas a um indivíduo ou a
um grupo de pessoas. A língua é transmitida de geração em geração. A maioria dos
cientistas sociais acredita que a forma como uma sociedade utiliza a língua revela o que
seus membros consideram importante. A comunicação não verbal – expressões faciais e
movimentos corporais – também fazem parte da cultura.

Toda cultura é repleta de símbolos. Estes evocam, representam ou substituem algo


abstrato ou ausente, e geralmente despertam reações e emoções entre as pessoas que os
consideram significativos. Alguns objetos são símbolos importantes. Por exemplo, uma
bandeira nacional simboliza um país e possui uma conotação patriótica. A maioria das
religiões também possui símbolos. Apesar de serem apenas objetos, os símbolos
possuem grande importância para seus seguidores. Por exemplo, queimar a bandeira de
um país é considerado um grande desrespeito, apesar de se estar queimando apenas
plástico ou tecido.

As sociedades também possuem símbolos não verbais – gesticulações ou movimentos


feitos com as mãos, os braços ou outras partes do corpo, que transmitem ideias e
emoções. Uma certa gesticulação feita nos Estados Unidos significa “OK”, mas no
Brasil, significa algo completamente diferente, sendo considerada obcena e ofensiva.

As culturas também variam muito quanto às suas normas e formas de comportamento.


Normas são princípios e preceitos: são as expectativas da sociedade – a forma como se
espera que seus membros se comportem em dadas circunstâncias. Dependendo da
cultura, as normas podem variar muito. Por exemplo, nos Estados Unidos, é um sinal de
respeito olhar nos olhos de outra pessoa enquanto se conversa com ela. Já em muitos
países asiáticos, o inverso é verdadeiro: não olhar diretamente para uma pessoa
enquanto se fala com ela é considerado um sinal de educação e respeito.

As normas de uma sociedade mudam com o passar do tempo. No século passado,


muitas sociedades mudaram suas visões sobre diversos assuntos de grande importância:
por exemplo, os direitos das mulheres e das minorias. Um número maior de mulheres
passou a adentrar o mercado de trabalho, o divórcio se tornou mais aceitável
socialmente e membros de minorias passaram a sofrer menos discriminação.

Os valores de uma sociedade são os princípios ou os padrões aceitos: certo ou errado,


bom ou ruim. Dependendo da sociedade, os valores podem variar muito. Por exemplo,
no Brasil, muitas mulheres consideram que ser magra é sinônimo de beleza: a maioria
das modelos profissionais é magra. Já em Gana, são consideras belas as mulheres
robustas, não as magras.

É importante ressaltar que uma mesma cultura pode apresentar valores conflituantes.
Isto é, os membros de uma sociedade podem não agir conforme seus próprios valores.
Por exemplo, uma sociedade como um todo pode valorizar a caridade e a ajuda aos
pobres, mas muitos de seus membros podem não estar dispostos a compartilhar parte de
sua riqueza com os menos afortunados. Os sociólogos fazem distinção entre o que as
pessoas fazem e o que elas dizem. A cultura real constitui os valores e normas que uma
sociedade segue. Já a cultura ideal é um conjunto de comportamentos que a sociedade
considera positivo, mas que não necessariamente é seguido por seus membros.
2.1.2.1. Crenças

As crenças são as opiniões adotadas com fé e convicção e que são sustentadas pelos
valores de uma sociedade. Por exemplo, a sociedade norte-americana crê no direito da
livre expressão: no direito de uma pessoa falar o que quiser a respeito de seu país e do
seu governo sem ter medo de sofrer represálias.

2.1.2.2. Rituais ou crenças

Rituais ou cerimônias culturais variam de sociedade para sociedade. Os rituais marcam


as transições da vida: refletem e transmitem, de geração em geração, as normas de uma
cultura. As cerimônias de formatura são um exemplo de tais rituais.

Em algumas sociedades, comemoram-se os períodos de transição da vida. Por exemplo,


em algumas sociedades, comemora-se o primeiro ciclo menstrual da mulher.

Em muitas culturas, os homens têm suas próprias cerimônias de iniciação. Uma das
mais famosas é a circuncisão. Nos Estados Unidos, por exemplo, a maioria dos bebês de
sexo masculino é circuncidada poucos dias após o nascimento. Se o menino é judeu, é
realizada, no oitavo dia de seu nascimento, uma cerimônia religiosa em que ele é
circuncidado. Entre os Masai, uma tribo da África Oriental, a circuncisão serve como
teste de bravura.

Os artefatos – objetos manufaturados –constituem outro importante elemento da cultura.


Em sociedades mais simples, os artefatos são as ferramentas utilizadas para o trabalho,
as cabanas construídas para habitação e as vestimentas típicas de seus habitantes.

2.1.3. Hierarquia de Culturas

Diversidade cultural significa a existência de várias culturas e de diferenças culturais:


toda sociedade possui sua própria cultura. Mas diversidade cultural pode existir também
dentro da própria sociedade. É o que ocorre quando há subculturas e contraculturas.
Em sociedades onde há uma grande diversidade de pessoas, há, geralmente, um grupo
que é maior ou mais poderoso que os outros. Isto é, uma sociedade é constituída por
uma cultura dominante e por subculturas e contraculturas.

 A cultura dominante

A cultura dominante de uma sociedade é o grupo constituído pelo maior número de


pessoas ou o grupo que exerce mais poder sobre os outros.

É importante ressaltar que um grupo não precisa ser constituído pela maioria dos
habitantes de um país para que seja a cultura dominante. Na África do Sul, por exemplo,
havia quatro vezes mais negros do que brancos. Contudo, sob o apartheid, regime de
segregação racial e dominação, que esteve vigor de 1948 a 1991, a população branca
controlava o país, política e economicamente. Era, portanto, a cultura dominante da
África do Sul.

 Subcultura

Uma subcultura é um grupo que vive de forma diferente do que a classe dominante, mas
que não se opõe a ela. Uma subcultura é uma cultura que existe dentro de outra. Por
exemplo, o espiritismo é uma subcultura que existe no Brasil – um país
predominantemente cristão. Os seguidores das Igrejas Protestantes do Brasil também
constituem uma subcultura, pois a maioria da população brasileira é católica. É
importante ressaltar que membros de tais subculturas também fazem parte da cultura
dominante. Todavia, também possuem sua própria cultura, tanto material como não
material, que constitui uma subcultura.

A religião não é o único elemento que define uma subcultura. Localização geográfica,
idade, ideias políticas, status financeiro e preferência sexual também são fatores que
podem constituir subculturas.

 Contracultura
Uma contracultura é um grupo cujos valores se opõem aos da cultura dominante. Uma
contracultura pode ser violenta ou pacífica. Por exemplo, os hippies brasileiros da
década de 1960 constituíam uma contracultura, pois eles se opunham a muitos dos
valores compartilhados pela maioria da população brasileira. Os hippies eram, em geral,
pacíficos, mas se opunham a vários elementos da cultura dominante, como o casamento
e a acumulação de riquezas.

A maioria dos integrantes de contraculturas, como os hippies e os grupos que organizam


protestos, é geralmente adolescente ou jovem. O motivo desse fenômeno é que a
juventude é uma época em que muitas pessoas vivem uma crise de identidade e buscam
novas experiências. Cedo ou tarde, a maioria dos membros de contraculturas se adapta
aos valores e normas da classe dominante.

2.1.4. Interações Culturais

Há sociedades em que coexistem diversas culturas. É quase inevitável que haja


desentendimentos, preconceitos e até conflitos entre membros de diferentes culturas.
Contudo, é possível que aprendam e viver em harmonia e que uma cultura passe a
apreciar as outras. É necessário que haja coexistência entre as diferentes culturas de uma
sociedade porque é praticamente impossível mantê-las isoladas. A interação entre elas é
inevitável. É importante, portanto, que a existência de diversas culturas enriqueça e
fortaleça a sociedade, e não, que represente uma fonte de conflitos e desentendimentos
entre seus membros.

1. Assimilação e multiculturismo

A assimilação é o fenômeno em que a cultura dominante absorve grupos culturais,


subculturais e contra culturais. Assimilação significa que uma subcultura ou
contracultura adota os valores e hábitos da cultura dominante.

Hoje, passou-se a aceitar a ideia de que é possível que haja coexistência ente culturas
sem que haja assimilação. Essa perspetiva, denominada multiculturismo, respeita as
diferenças culturais em vez de exigir que a cultura dominante assimile as demais. O
multiculturismo ensina que é importante que certos valores culturais sejam
compartilhados por toda a sociedade, mas que é também desejável que haja diferenças
culturais. Por exemplo, hoje, em certas escolas nos países ocidentais, os alunos
aprendem que sua cultura não é a única e nem superior às outras e que há muito a
aprender das demais culturas.

2. Etnocentrismo

Etnocentrismo é o fenômeno que ocorre quando um indivíduo ou um grupo de pessoas


discrimina os membros de outra cultura.

Um dos efeitos negativas do etnocentrismo é o menosprezo de culturas cujos padrões


morais sejam diferentes. As culturas que se consideram mais avançadas que as demais
podem tentar impor seus valores sobre as demais. O etnocentrismo pode, portanto, se
tornar uma fonte de hostilidade, preconceito e conflito entre membros de diferentes
culturas.

Por exemplo, alguns indivíduos podem considerar absurda a adoração às vacas que
ocorre na Índia. Mas esse fenômeno é de grande importância para a cultura indiana e
não deve ser ridicularizado por membros de outras culturas.

Vale notar que os missionários que viajam para outros países para converter a
população local para o cristianismo praticam uma forma de etnocentrismo: incentivam
pessoas a trocar sua religião por outra.

Um país que é frequentemente acusado de fomentar o etnocentrismo é os Estados


Unidos. Os norte-americanos dão imenso valor aos avanços tecnológicos, à
industrialização e à acumulação de riquezas. Para muitos norte-americanos, as culturas
que não valorizam os avanços tecnológicos e o capitalismo são “atrasadas” ou “não
civilizadas”. Tal ponto de vista constituiu etnocentrismo: afirma categoricamente que o
estilo de vida preferível é o urbanizado e o industrializado.

Por outro lado, um repúdio à cultura norte-americana também constitui uma forma de
etnocentrismo. Muitos europeus consideram que a cultura europeia é superior a dos
Estados Unidos e que os norte-americanos são materialistas, arrogantes e
intelectualmente inferiores aos europeus. Evidentemente, muitos norte-americanos não
concordam com esse ponto de vista.
Uma forma de etnocentrismo que pode ser bastante problemática é o nacionalismo. Esse
fenômeno ocorre quando uma nação se considera superior às outras. A Alemanha
Nazista serve como exemplo de como o nacionalismo pode resultar em terríveis
consequências.

3. Relativismo Cultural

O relativismo cultural é um ponto de vista oposto ao etnocentrismo. Relativismo


cultural significa observar os sistemas culturais sem que haja qualquer tipo de visão
etnocêntrica. Os relativistas culturais buscam compreender os valores e as normas de
outras culturas de forma objetiva. Relativismo cultural significa não considerar
nenhuma cultura superior ou inferior às outras. Significa reconhecer que todas as
culturas possuem prós e contras e que não devemos presumir que nossa cultura seja
melhor que as demais.

Exemplificando: na Índia, os conceitos de namoro, amor e casamento são bastante


diferentes do que no Brasil. Na Índia, o conceito de amor é importante, mas os pais
escolhem os cônjuges de seus filhos. Os critérios para tal escolha são: preparo
educacional, religião, casta e família. Na sociedade indiana, acredita-se que o amor
entre marido e mulher se manifestará após o casamento. Na perspectiva etnocêntrica
brasileira, o conceito de casamento arranjado é um anacronismo, que limita o poder de
escolha e, consequentemente, a felicidade do casal. Um relativista cultural brasileiro não
criticaria o conceito de casamento na Índia e concordaria que os casamentos arranjados
exercerem uma importante função social no país.

Tanto o relativismo cultural como o etnocentrismo levantam muitas questões difíceis no


mundo globalizado de hoje. Não é fácil determinar se devemos ou não condenar as
práticas de outras culturas que consideramos ofensivas ou abomináveis. Por exemplo,
na China, na Coreia e em outros países asiáticos, carne canina é uma iguaria. Muitos
brasileiros, principalmente aqueles que amam os cães, abominam tal fenômeno. Temos
o direito de condenar esse aspecto da cultura asiática? Por que é justificável abater vacas
e porcos e não cães?

Evidentemente, há certas práticas de outras culturas que são mais facilmente


condenáveis. Por exemplo, em certas culturas, uma mulher que cometeu um ato que
“desonrou” sua família pode ser executada pelos seus próprios familiares. Em certas
culturas, o conceito de uma mulher “desonrar” sua família significa recusar um
casamento arranjado, ter relações sexuais com alguém que não seja seu marido, ter
relações homossexuais ou ser estuprada.

4. Choques Culturais

Mesmo os relativistas culturais não estão imunes ao choque cultural. Choque cultural
significa a surpresa, a desorientação e o medo que as pessoas podem sentir quando se
defrontam com uma nova cultura.

Por exemplo, muçulmanos muito religiosos vivenciam um choque cultural quando


visitam a Europa Ocidental e veem pessoas se beijando em público e mulheres que se
vestem com roupas que não cobrem todo o corpo.

5. Cultura Global e Difusão Global

Difusão cultural é o processo por meio do qual traços culturais são difundidos. Um traço
cultural pode ser difundido tanto dentro da própria cultura como entre as demais. À
medida que há mais interação entre culturas, aumenta a difusão cultural.

Um exemplo de difusão cultural: vários aspectos da cultura norte-americana – os


hambúrgueres do McDonald’s, a Coca-Cola, os produtos da Apple, como o iPhone e o
iPad – se tornaram muito populares ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, alimentos
típicos de países orientais – como o sushi – passaram a ser muito apreciados e
consumidos em países ocidentais.

Alguns sociólogos preveem que o mundo caminha em direção à cultura global, que
significa a ausência de diversidade cultural. As culturas passam a se assemelhar graças à
difusão cultural. De fato, praticamente toda cultura é influenciada por outras. A difusão
cultural ocorre graças ao comércio internacional, aos movimentos migratórios, às
conquistas de terras e ao turismo.

A difusão cultural geralmente ocorre em regiões onde habitam pessoas de diferentes


culturas. A interação entre elas gera difusão cultural. À medida que o mundo se torna
mais globalizado, aumenta a difusão cultural. Nos últimos anos, cresceu muito o
turismo internacional.

3. Conclusão

Contudo, mesmo que alguns aspectos da cultura tenham sido globalizados, a grande
maioria das sociedades se mantém fiel às suas raízes culturais. O crescimento dos meios
de comunicação internacionais, principalmente da Internet, tem ajudado a criar uma
cultura global. Graças à Internet e às Mídias sociais, nunca houve tanto contato entre
pessoas de todo o mundo, que representam uma grande variedade de culturas.

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