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RECIFE/2018
RESUMO
O presente artigo trata sobre a vida e o legado de William Carey para o que se
convenciona chamar de missão moderna, caracterizada por um despertamento da
consciência de se levar o evangelho para aqueles que não faziam parte do território
influenciado pela fé cristã e que compunham a chamada cristandade, isso tudo se
passando no final do século 18 e início do século 19 da era cristã.
William Carey foi alguém que levou a sério esta responsabilidade e, pela graça
divina, tornou-se o precursor das missões protestantes modernas. Saindo da Inglaterra
para viver na Índia, seu legado ainda inspira diversas pessoas que também atendem a
chamada de Cristo para levar as boas novas através de uma empreitada missionária
transcultural. São diversos homens e mulheres em campo que foram encorajados através
do contato com a biografia de Carey.
William Carey nasceu na Inglaterra, no ano de 1761. Sua família era ligada a
igreja da Inglaterra – Anglicana – e mesmo sendo uma família de poucos recursos,
William teve acesso a certo grau de educação devido aos seu pai ser professor de escola.
Ele foi o mais velho de 5 irmãos e nutria interesse pela botânica.
Ainda jovem, Carey foi aprender o ofício da sapataria e ali, tornou-se batista
graças a influência de outro aprendiz, um pouco mais velho que ele. Carey foi sapateiro
dos 16 aos 28 anos e aproveitava as horas vagas que tinha para ler a Bíblia. Também
tinha habilidade na área da linguagem. Aos 14 aprendeu latim sozinho, e quando
aprendiz, acabou assimilando o grego, graças a um morador da vila que era
universitário. Tornou-se um poliglota, dominando, além dos idiomas supracitados, o
hebraico, o italiano, o francês e o holandês. Ia aprendendo enquanto fabricava os seus
sapatos.
Aos dezenove anos, William Carey se casou com Dorothy. Ela era cunhada de
seu patrão e tinha cinco anos a mais que ele. Dorothy não sabia ler – sua assinatura no
registro de casamento foi uma cruz –e tinha um temperamento forte. O casal passou por
muitas dificuldades financeiras, que só se agravaram na medida em que a família ia
aumentando. No total tiveram 6 crianças, metade delas foram a óbito. Ademais, a
responsabilidade de cuidar de sua cunhada e de quatro sobrinhos, após a morte do seu
patrão, recaiu sobre os ombros de William.
DESPERTAMENTO MISSIONÁRIO
Mas com intrepidez de quem está ciente da tarefa da Igreja, Carey prega para
um grupo de pastores batistas. Ministrando o texto de Isaías 54. 2-3 ele fala para sua
plateia ouvinte: “Esperai grandes coisas de Deus e empreendei grandes coisas por
Deus”. Esta frase tornou-se icônica, sendo o mote de todo o seu ministério. Logo,
alguns pastores foram se convencendo de que era da vontade de Deus levar o Evangelho
até os povos pagãos. Este foi o embrião para formar a Sociedade Missionária Batista. A
inauguração se deu em 1792 e menos de um ano depois, William seria um dos enviados
da Sociedade para trabalhar diretamente com o povo indiano.
William Carey morreu aos 73 anos no dia 9 de Julho de 1834. Faleceu em solo
indiano e sua morte foi lamentada por muitos, que viram nele um bem feitor, respeitado
por estrangeiros e nativos. Órgãos governamentais, para demonstrar o luto, içaram suas
bandeiras a meio mastro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa não é uma história singular. Na Bíblia vemos como Deus se utiliza de
pessoas comuns, muitas consideradas inferiores ou pertencentes a lugares de pouca
expressão. De uma prostituta de Canaã chamada Raabe e de uma viúva moabita, -
chamada Rute - a linhagem do Rei Davi (que sendo o menos notável de seus irmãos se
torna o principal rei da monarquia judaica) foi sendo estruturada. E desta linhagem vem
José, belemita, casado com uma humilde moça que recebeu do Espírito Santo a divina
semente para gestar o Messias, o Deus-Homem, que se fez um carpinteiro nazareno e
habitou numa inexpressiva Palestina, anexada ao grandioso Império Romano. Esse
Jesus, o Filho de Deus escolhe doze homens comuns para levar a sua mensagem aos
povos. Dentre os primeiros discípulos há simples pescadores, e a eles uma promessa:
“Sigam-me e lhes farei pescadores de homens”. Mais tarde, dois destes pescadores
diante de estudiosos da Lei, homens de autoridade, falam com uma desenvoltura tal, que
seus ouvintes doutores se perguntam de onde veio a sabedoria daqueles homens que, em
sua ótica, só deveriam entender de peixe. Paulo, o apóstolo, esclarece:
1 Coríntios 1:26-31
Por isso, não importa se somos pequenos aos olhos dos homens. O Deus a
quem servimos é grande e em sua grandeza inverte todo tipo de valor mundano e faz o
que lhe apetece, pois é soberano. A máxima proferida por William Carey faz todo
sentido: “Esperem grandes coisas de Deus, empreendam grandes coisas para Deus".
Como cristãos, membros da Igreja de Cristo, devemos atentar para este dever e
proclamar com mais afinco o Evangelho. A Igreja não tem o direito de decidir ser
missionária, pois o seu Senhor já decidiu por ela e impôs a sua vocação. Não ser
missionária é uma impossibilidade à Igreja. Todavia, é preciso analisar até que ponto
isto tem sido a realidade de nossas congregações.
Obviamente, nem todos vão estar na ponta, sendo enviados para outras nações.
Mas a tarefa da membresia da igreja é a de começar a proclamação onde está inserida.
Ela deve ser missional, isto é, empreender a missão em seu contexto local. Ademais,
também compete aos membros auxiliarem os missionários transculturais tanto
financeiramente como relacionalmente. Muitos que estão nos campos sofrem com o
isolamento e não são poucas as vezes em que pensam terem sidos abandonados pela
igreja que os enviou. Oração, telefonemas, trocas de correspondência e visitas in loco
são de muita ajuda e fazem com que o ânimo dos missionários seja revigorado.
Por fim, precisamos atentar para a boa mão de Deus em fazer a obra frutificar,
mesmo que as dificuldades sejam imensas. Carey passou por isso, como vimos neste
pequeno artigo. Mas, numa de suas correspondências para a Inglaterra ele escreveu:
“(...) há dificuldades por toda parte, e muitas mais adiante. Portanto, teremos de seguir
em frente”.