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AUTISMO: CARACTERIZAÇÃO

Há princípio é preciso esclarecer que caracterizar não significa rotular,


por isso apresentamos algumas informações que julgamos essenciais ao
processo de conscientização da sociedade no que se refere as pessoas
diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autismo.
Para tanto, é preciso fazermos uma viagem dentro do contexto histórico
para compreendermos desde o surgimento do termo “Autismo” até as
definições que hoje enquadram a nomenclatura TEA. Hoje, o autismo é
considerado um Transtorno do Neurodesenvolvimento, mais conhecido como
TEA (Transtorno do Espectro Autismo) que se faz cada vez mais presente nas
famílias brasileiras.

Para Brites (2019) A estereotipia é um padrão de comportamento


baseado na repetição de ações, intenções, sensações e assuntos restritos e
atípicos sem que haja necessariamente uma função social ou um sentido
relacionado à circunstância e ao contexto. Podem ser vocais, motores
(esfregando o rosto, flapping de mãos) fala repetitiva, balanço de cabeça,
alinhamento de objetos, entre outros.
Os flapping de mãos são muito comuns entre os autistas e visivelmente
objeto de discriminação de muitos que, infelizmente, não se importam com a
vida alheia, e por isso não concernem o outro como ele é e sim como
gostariam que fossem.
As garatujas e a tentativa de vocalização dos autistas, que lhes
caracterizam como não verbais, de fato, são vocalizações que devem ser
trabalhadas e compreendidas como a possibilidade de aquisição de uma
linguagem verbal, ou até mesmo uma comunicação paralela, pois muito mais
importante do que a verbalização é que o autista consiga se comunicar e com
isso se tornar mais independente.
Importante salientar que antes mesmo da família ter o diagnóstico da
criança, pode-se perceber algumas características que pode levantar
suspeitas, mas, é muito importante conscientizar que as suspeitas devem ser
investigadas, para o quanto antes, se chegar a um diagnóstico, que quanto
mais precoce for, mais oportunizará a família a buscar tratamento.

É muito importante que todos possam perceber os sintomas que a


criança apresenta, porque eles são característicos da pessoa com autismo.
Lembrando que essa observação tanto no seio familiar quanto no ambiente
escolar pode contribuir para que seja feito por parte de profissionais
competentes, um diagnóstico e dar inicio a um tratamento capaz de atender
as suas necessidades, tanto cognitivas quanto afetivo/social.
Comumente, o autismo aumentado vertiginosamente nos lares
brasileiros, e cada vez mais as famílias tem se apoderado dos seus direitos e
procurado pô-los em prática, garantir aos seus entes queridos, autistas, a
oportunidade em participar da sociedade de forma igualitária.
Um dos sinais frequentes do Transtorno do Espectro Autismo e bastante
difundido no senso comum é o movimento estereotipado, seja de membro
superior ou de corpo, no entanto essa não é uma característica exclusiva dos
Autistas, assim como atraso da linguagem, não são suficientes para um
diagnóstico.
O comportamento motor repetitivo, aparentemente impulsivo e sem
motivo ou propósito, ocorrendo de forma primária, ou seja, isolada, caracteriza
o Transtorno do Movimento Estereotipado, que pode ter inicio antes dos 03
anos de idade, e persistir até a adolescência ou idade adulta.

É um verdadeiro quebra-cabeça a resultante das características do


Transtorno do Espectro Autismo, por isso a necessidade de uma avaliação
profissional para que se chegue ou descarte um diagnóstico conclusivo do
Transtorno. Nesse campo de atuação, não há espaço para achismos ou falsos
diagnósticos, em que supõe-se que o individuo é Autista, mas não preenche
os requisitos, dada a observância, apenas de algumas características. Nesse
caso, o melhor a se fazer é permanecer com o individuo em processo
diagnóstico profissional, até que haja, de forma conclusiva ou não, tal
suspeita.
Em síntese acerca das características frequentes associadas ao
Transtorno do Espectro Autismo, destacamos:
Sensorial: hipersensibilidade, hipossensibilidade, evitação sensorial, busca
sensorial, problemas de integração vestibular, proprioceptiva e sensorial.
Motor: atrasos no desenvolvimento motor, problemas ou dificuldades com a
coordenação motora fina ou grossa, baixo tônus motor, problemas ou
dificuldades de planejamento motor, falta de destreza.
Cognição: dificuldade de atenção, pensamento concreto, fraco aprendizado
incidental e por observação, falta de brincadeiras de faz-de-contas, problemas
do desenvolvimento metacognitivo e executivo, dificuldades na resolução de
problemas, baixo entendimento e interação social e sobre si mesmo.
Interação Social: deficiência no processo de imitação, atenção conjunta e
referências sociais, baixa iniciativa de interações sociais, tendência a isolar-
se, afeto social inapropriado, baixo uso de gestos sociais, falta
conscientização sobre protocolos sociais e amizades superficiais.
Linguagem/comunicação: falta de gestos sociais, ecolalia, deficiência na
linguagem expressiva e receptiva, fraca compreensão de leitura e linguagem
coloquial.
Autorregulação: falta de habilidades apropriadas de autorregulação,
dificuldades de automonitoramento, autoinstrução e autoavaliação,
deficiências na solução de problemas, dificuldades para solicitar e utilizar
apoio instrumentais e emocionais, comportamentos compulsivos e
ritualísticos.
Importa ainda ressaltar que para que seja identificado e diagnosticado
uma criança com autismo não precisa que essa, apresente todas as
características comumente próprias do autismo, uma vez que isso vai variar
de pessoa para pessoa
A individualização do autista, nos traz a percepção de que cada um
deles deve ser atendido individualmente dentro de suas necessidades e
desenvolvido, também individualmente dentro das suas potencialidades, com
isso, essa percepção contribuirá para que, em futuro bem próximo possamos
saber lidar de forma respeitosa e oportuna, com os autistas.

Há um longo percurso a ser percorrido para que a sociedade possa


compreender a diferença entre caracterização e rotulação. É preciso conhecer
para entender e ajudar, mas não é preciso conhecer para respeitar. O
respeito mútuo concerne a qualquer um de nós e por isso salientamos a
importância de que, em conhecendo algumas das características, poder
auxiliar no processo de desenvolvimento do individuo com Transtorno do
Espectro Autismo, seja no ambiente familiar, escolar ou em qualquer outro
segmento da sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITES, Luciana. Mentes Inicias. São Paulo: Editora Gente, 2019
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