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•Direito Agrário → toda e qualquer ocupação, posse e

propriedade deve atender ao comando constitucional e


legal de “respeitar a função social”. Neste momento, o
nosso estudo enfocará o imóvel rural, suas características
e suas implicações (ocupação, posse e propriedade da
terra).
•Imóvel Rural → os imóveis são bens que o Direito Civil
sempre tutelou. Vamos recordar as definições deste ramo
do Direito:

Os bens imóveis, segundo preleciona Clóvis Beviláqua,


são aqueles que não podem ser removidos de um lugar
para outro sem destruição, sem alteração de sua
substância.
•No estudo do nosso Direito Agrário é o Estatuto da Terra
que define o que é imóvel rural:

Art. 4º- Para os efeitos desta Lei, definem-se:


I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua
qualquer que seja a sua localização que se destina à
exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial,
quer através de planos públicos de valorização, quer
através de iniciativa privada...
•São, então, características do imóvel rural:

•1. ser prédio rústico (“ager” ou “praedium rusticum” do direito romano), que são
as propriedades, edificações e benfeitorias nas quais podem ser acomodados
animais, cultivadas as lavouras, realizados os depósitos de bens, maquinários e
toda espécie de material empregado no campo.
•2. ser área contínua, não importa se há algum acidente geográfico ou construção
(uma ponte, um rio, uma depressão, uma estrada, etc.), se a destinação e o
proveito econômico da porção de terra integram a propriedade ela é tida como
contínua.
•3. independente da localização: qualquer que seja a zona de inserção da
propriedade (urbana ou rural);
•4. ter destinação para explorar agricultura, pecuária ou produção agro-
industrial.
•1. Imposto Territorial Rural e a Localização do Imóvel:

art. 29 do Código Tributário Nacional: “O imposto, de competência da União, sobre a


propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a
posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona
urbana do Município”.

•A lei municipal determina quais propriedades integram sua zona urbana e quais
estão alheias a esta denominação. As propriedades que, portanto, permanecem na
circunscrição rural do município podem gerar a tributação, pela União, do ITR
(Imposto Territorial Rural). Evidente que há imóveis que estão na zona urbana do
município e exploram uma horta, uma granja, etc. Neste caso, o imóvel cadastrado
como rural pagará o ITR.
• A lei federal que regula o ITR é a Lei 9.393/1996:
• Do Fato Gerador do ITR Definição Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial
Rural - ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou
a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de
janeiro de cada ano.
§ 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de
reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão
prévia na posse.
§ 2º Para os efeitos desta Lei, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de
uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município.
§ 3º O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser enquadrado no
município onde fique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no
município onde se localize a maior parte do imóvel.
A imunidade deste imposto exclui a cobrança sobre a pequena propriedade rural, cujo
titular possua apenas aquela pequena gleba para si e para sua família, visando sua
sobrevivência, sua exploração (art. 3o ):
• Estatuto da Terra:

Art. 4o . II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente


explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho,
garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área máxima
fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho com a ajuda de
terceiros;

III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior...

O módulo rural é “uma medida ou unidade agrícola padrão, que serve de ponto de
referência para a fixação da dimensão econômica dos imóveis rurais” (Maria Helena
Diniz).

Pode ser aferido de acordo com a região do Brasil em que está inserida a terra e com a
exploração econômica ali empregada (daí ser variável o módulo rural).
• Na nossa realidade atual, a impossibilidade de dividir imóveis rurais em certas
circunstâncias levou a lides e controvérsias crescentes entre condôminos.

• O próprio Estatuto da Terra já reconhecia que uma área podia ser inferior àquela
delimitada como propriedade familiar, tendo a consequência de o pedaço ocupado não
ser adequado ou suficiente para sobrevivência do grupo social ali inserido (minifúndio -
art. 4o . IV).

• Tudo isso fez o legislador adotar a aprovação de dois institutos:

• FMP (fração mínima do parcelamento) e o

• Módulo Fiscal (art. 65 do E.T.) A fração mínima do parcelamento (FMP) é a menor


área em que um imóvel rural pode ser desmembrado em um determinado município.
• Art. 8º - Para fins de transmissão, a qualquer título, na forma do Art. 65 da Lei
número 4.504, de 30 de novembro de 1964, nenhum imóvel rural poderá ser
desmembrado ou dividido em área de tamanho inferior à do módulo calculado para o
imóvel ou da fração mínima de parcelamento fixado no § 1º deste artigo, prevalecendo
a de menor área.
§ 1º - A fração mínima de parcelamento será:
a) o módulo correspondente à exploração hortigranjeira das respectivas zonas típicas,
para os Municípios das capitais dos Estados;
b) o módulo correspondente às culturas permanentes para os demais Municípios
situados nas zonas típicas A, B e C;
c) o módulo correspondente à pecuária para os demais Municípios situados na zona
típica D.
§ 2º - Em Instrução Especial aprovada pelo Ministro da Agricultura, o INCRA poderá
estender a outros Municípios, no todo ou em parte, cujas condições demográficas e
sócio-econômicas o aconselhem, a fração mínima de parcelamento prevista para as
capitais dos Estados.
• Art. 65. O imóvel rural não é divisível em áreas de dimensão inferior à constitutiva
do módulo de propriedade rural.
§ 1° Em caso de sucessão causa mortis e nas partilhas judiciais ou amigáveis, não se
poderão dividir imóveis em áreas inferiores às da dimensão do módulo de propriedade
rural.
§ 2º Os herdeiros ou os legatários, que adquirirem por sucessão o domínio de imóveis
rurais, não poderão dividi-los em outros de dimensão inferior ao módulo de
propriedade rural.
§ 3º No caso de um ou mais herdeiros ou legatários desejar explorar as terras assim
havidas, o INCRA poderá prover no sentido de o requerente ou requerentes obterem
financiamentos que lhes facultem o numerário para indenizar os demais condôminos.
§ 4° O financiamento referido no parágrafo anterior só poderá ser concedido mediante
prova de que o requerente não possui recursos para adquirir o respectivo lote.
§ 5° Não se aplica o disposto no caput deste artigo aos parcelamentos de imóveis rurais
em dimensão inferior à do módulo, fixada pelo órgão fundiário federal, quando
promovidos pelo Poder Público, em programas oficiais de apoio à atividade agrícola
familiar, cujos beneficiários sejam agricultores que não possuam outro imóvel rural ou
urbano. (Incluído pela Lei nº 11.446, de 2007).
§ 6° Nenhum imóvel rural adquirido na forma do § 5o deste artigo poderá ser
desmembrado ou dividido. (Incluído pela Lei nº 11.446, de 2007).
Lei 8.629/93
Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se:
I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua
localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária,
extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial;
II - Pequena Propriedade - o imóvel rural: a) de área compreendida entre 1 (um) e 4
(quatro) módulos fiscais; Lei 11.326/06
Art. 3º Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor
familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo,
simultaneamente, aos seguintes requisitos:
I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais;
II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades
econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento;
III - tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas
vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento;
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
• Verifica-se que o termo legal utilizado é o MÓDULO FISCAL, ou seja, a medida
expressa em hectares, que é pré-determinada, mas fixa para cada município, graças ao:
tipo de exploração predominante no município, a renda obtida pelos trabalhadores
rurais com esta exploração e as peculiaridades da região (em função da renda ou da
área utilizada), inclusive caracteres da propriedade familiar. Distingue-se o Módulo
Rural do Fiscal.

• O módulo rural é calculado para cada imóvel rural em separado, e sua área reflete o
tipo de exploração predominante no imóvel rural, segundo sua região de localização. Já
o Módulo Fiscal é estabelecido para cada município, e procura refletir a área mediana
dos Módulos Rurais dos imóveis rurais do município.
• A doutrina e a lei classificam o imóvel rural em:
• a) "Minifúndio", o imóvel rural cuja área e possibilidades de exploração econômica
são inferiores às da propriedade familiar – corresponde ao módulo fiscal; Silvia Opitz
enfatiza que tal propriedade “pela sua pequenez, não garante toda a atividade do
conjunto familiar, de modo a lhe propiciar os meios de sobrevivência e um certo
progresso econômico”, assim o minifúndio deve “desaparecer ou pela venda, ou pela
desapropriação, ou pela agregação a outro prédio, para dar lugar ao prédio rústico
ideal representado pelo chamado módulo rural”.
• b) “Pequena Propriedade, Propriedade Familiar ou Módulo Rural”, corresponde ao
imóvel que, direta e pessoalmente, é explorado pelo agricultor e sua família, e que lhes
absorva toda a força de trabalho, garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e
econômico, com área máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e
eventualmente trabalho com a ajuda de terceiros. Varia de 1 a 4 módulos fiscais (Lei
8.629/93, art. 4o , inciso II). O título do bem é conferido a membro da família e a
propriedade é por força da CF considerada impenhorável e insuscetível de
desapropriação para fins de reforma agrária.
• c) “Média Propriedade” corresponde ao imóvel rural de área compreendida entre 4 a
15 módulos fiscais (art. 4º , inciso III da Lei 8.629/93). Estas áreas também são
insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária, desde que o seu
proprietário não possua outra propriedade rural.
• d) "Latifúndio" é o imóvel rural que:
→ Exceda a dimensão máxima fixada de 600 vezes o módulo5 ou 600 vezes a área
média dos imóveis rurais na respectiva zona, tendo-se em vista as condições
ecológicas, sistemas agrícolas regionais e o fim a que se destine – latifúndio por
extensão ou por dimensão;
→ Não excedendo o limite referido(600 vezes), e tendo área igual ou superior à
dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado em relação às
possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins especulativos, ou seja
deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-lhe a inclusão no
conceito de empresa rural – latifúndio por exploração.
• Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como
seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.

• Não podem ser objeto de usucapião, nos termos do art. 3º. da Lei 6.969/1981:

Art. 3º - A usucapião especial não ocorrerá nas áreas indispensáveis à segurança


nacional, nas terras habitadas por silvícolas, nem nas áreas de interesse ecológico,
consideradas como tais as reservas biológicas ou florestais e os parques nacionais,
estaduais ou municipais, assim declarados pelo Poder Executivo, assegurada aos atuais
ocupantes a preferência para assentamento em outras regiões, pelo órgão competente.
• Modalidade da usucapião pretendida:
• Usucapião Extraordinário: Artigo 1.238 do CC Prazo de 15 anos: Posse mansa,
pacífica e ininterrupta, com animus domini; Independe de Justo Título e Boa-fé.
• Usucapião Especial ou Pro Labore de Imóvel Rural Art. 191 da CF Prazo 05 anos: a
parte não pode ser proprietário de outro imóvel, rural ou urbano. A área deve ser
produtiva pelo trabalho do interessado e/ou de sua família, estabelecendo no imóvel
moradia;
• Usucapião Especial Urbano Estatuto da Cidade Prazo de 05 anos: Possuir sem
oposição e ininterruptamente área urbana ou edificação de até 250m²; Utilização para
sua própria moradia ou de sua família;
• Usucapião Coletivo Estatuto da Cidade Prazo de 05 anos; Visa contemplar a
população de baixa renda; Impossibilidade de identificar o terreno de cada possuidor;
Área Urbana com mais de 250m²; Bens improdutivos que possam ter destino
econômico.
• Usucapião Familiar Art. 1240-A CC Prazo de 02 anos: posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² cuja propriedade divida com ex-
cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de
sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural

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