Passamos mais um “7 de setembro”. Em todo país ocorreram desfiles militares e
civis do “Dia da Pátria”, com muitos espectadores. Mas, além disso, vigora pouco interesse nacional pelo assunto. O tema ainda é muito militarizado, revelando a fragilidade histórica da sociedade civil. Então, o que dizer e o que fazer com referência à data símbolo do nosso Estado-nação, para além de uma Independência como evento isolado e de personagens míticos? O assunto merece ampla e contínua reflexão conjugando-o no eixo passado- presente-futuro. Misto de negociações palacianas e guerra de independência cruenta, mobilizando massas militares e civis de grande vulto - segundo o historiador Honório Rodrigues -, a Independência do Brasil não representou independência de fato, pois tornamo-nos uma quase colônia inglesa por todo o século XIX, através de tratados, endividamento e monopólios que emperraram nosso desenvolvimento econômico e social. Exceção foi a positiva pressão inglesa contra o tráfico negreiro, para atender seus interesses lá e cá. Era o começo do fim da escravidão... No plano cultural nossas elites nada fizeram pela educação do povo, atarefadas em sorver a cultura da Europa “civilizada”. Com a República e seu ufanismo modernizante, o Brasil manteve-se por quase todo o século XX, como nação agrário-exportadora, endividada, vulnerável às crises mundiais e às panacéias ideológicas de cores variadas, mal entendidas e mal aplicadas à realidade brasileira. Hoje, no mundo globalizado, deve-se elevar a consciência nacional cultivando a soberania como alternativa à ilusória Independência. Cabe aos brasileiros a defesa de nossas riquezas do solo, subsolo e mar territorial ante as investidas sorrateiras das nações desenvolvidas, sob pretextos de proteção ambiental, defesa dos índios e combate ao narcotráfico. Urge firmar opinião soberana sobre nosso patrimônio natural e histórico-cultural, direcionando competências intelectuais e científicas para o bem-estar da nossa gente. Passado e presente em interação, superando o maltrapilho civismo por um orgânico soberanismo.
Capítulo 9 - A Democracia Liberal em Face Das Ideologias Dissolventes - A Maçonaria Cearense Frente À Aliança Nacional Libertadora e Ao Integralismo em 1935. Marcos José Diniz Silva