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KELLER, Timothy, Igreja Centrada, Tradução de Eulalia P. Kregnes. 1.ed. 2014. São
Paulo: Editora Vida Nova, 2020. 464 p.
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Resenha acadêmica produzida como requisito parcial para a obtenção da aprovação na disciplina de Igreja local
ministrado pelo Prof. PRESTES, Filipe no semestre 2021.1.
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Aluno do Curso Livre de Teologia da Escola Teológica Charles Spurgeon (ETCS).
uma comunidade de fé cristã saudável, ele fala de uma visão teológica formada a partir da
fidelidade com as escrituras, mais que não descarta a habilidade do ministro e de sua liderança
em compreender a cultura em volta para mostrar o Evangelho fielmente, sem mutila-lo de sua
eficácia; pois o evangelho é universal e atemporal, sua mensagem comunica vida eterna aos
homens tem todas as culturas e em todos os tempos.
Ao tratar do Evangelho o autor faz-nos lembrar que o evangelho é sobre uma ação,
algo que aconteceu, é a notícia que trata sobre essa ação extraordinária que foi realizada por
Deus na pessoa de seu filho, e que tem efeitos concretos na vida dos seres humanos que
mantem contato com ela, Timothy alerta-nos nessa questão sobre a inclinação comum que
possuímos em confundir o Evangelho com as coisas que comumente fazemos ao sermos
alcançados pelo Evangelho. O argumento aqui é que o Evangelho é a noticia sobre o que o
Filho de Deus fez por nós, e que, aos termos contato com essas informações somos
conduzidos a ter posturas que se assemelhem aos sentimentos e ações idênticas aos do filho de
Deus, entretanto esses sentimentos e nossas ações não são o Evangelho, mas seus efeitos
sobre nossa vida.
Timothy ainda aborda vários outros temas dentro de sua apresentação sobre a
importância de compreendermos bem o evangelho, ele nos alerta sobre a inclinação legalista
de compreender o evangelho com a simples exposição de doutrinas, ou a de cristalização de
uma abordagem na apresentação do Evangelho, o autor esclarece que existem múltiplas
abordagens ou perspectivas para se expor o Evangelho, e que ele, além de nos salvar,
transforma todas as instancias de nosso ser e todo o ambiente onde está inserido, Timothy
apresenta argumentos históricos sobre os grandes avivamentos e o efeito que o evangelho
produziu não só na moral social mas acima de tudo na forma como as pessoas passaram a
enxergar a sua entrada e participação na igreja e na vida como pessoa responsável pelo
desenvolvimento da sociedade.
Timothy finaliza a cessão sobre o evangelho deixando a sensação em seus leitores de
um profundo confronto e uma sensação de alerta para que de tempos em tempos, sejamos
corajosos para reavaliar nossas percepções, discurso, e pratica sobre nosso envolvimento com
o Evangelho, pois é muito comum que sejamos seduzidos pelos dois grandes inimigos do
evangelho ou seja, o legalismo e o antinomismo.
Ao iniciar o tema da contextualização do evangelho na cultura Timothy defende que
não se pode negar que toda proclamação do evangelho realizada fora de seu contexto primário
passa por uma contextualização, sendo assim a tradução de um texto ou a proclamação em
uma língua diferente da original é em si uma contextualização. Com esse argumento o autor
traça linhas claras sobre uma contextualização equilibrada e biblicamente coerente ao mostras
como o apóstolo Paulo lidou com essa questão nos textos de Romanos e de 1Corintios, em
resumo uma contextualização equilibrada e bíblica identifica que em todas as culturas existe
um misto de graça comum, e corrupção fundamental, a função do ministro cristão é identificar
claramente o que é uma expressão da graça comum de Deus sobre determinada cultura e onde
a corrupção humana a corrompeu e a degenerou, para então à partir desse olhar conseguir usar
elementos da cultura como veículos de melhor compreensão e aproximação do Evangelho
para aquela cultura.
Uma outra questão ligada a cultura também são as cidades, elas são o resultado lógico
do agrupamento de pessoas, que na busca por segurança aglomeram-se em torno de um
símbolo que represente essa segurança, muros, exércitos e leis. O movimento de agrupamento
produz naturalmente uma cultura e uma ordem social que é logicamente coletiva e que gravita
entre manifestações de graça comum tanto quanto em corrupção de degradação da natureza
humana. O evangelho cria nos participantes da cidade uma nova percepção de seu papel e de
sua cidadania, os que são alcançados por sua mensagem e compreendem os fatos realizados
por Deus através de seu filho Jesus Cristo, são chamados para ser agora cidadãos da Santa
cidade onde se experimentam posturas e organização completamente distinta das cidades
humanas, entretanto a despeito de serem agora cidadãos dos Céus, não são convidados a se
retirarem do meio das cidades dos homens, ao contrario o convite é para que como peregrinos
e estrangeiros sejam agentes de mudança e transformação, a ideia é de uma revolução de
dentro para fora.
Concluímos assim que as duzentas páginas aqui resenhadas podem mostrar o quanto
este livro pode ajudar muitos cristãos e muitas igrejas que ao longo de suas histórias tem se
permitido ter uma visão simplória com relação a existência de uma igreja saudável e
Centrada, Timothy Keller escreve com clareza e promove um confronto profundo de maneira
hábil e cativante, seus leitores; ao menos esse que aqui escreve, se sente profundamente
cativado a continuar a leitura não só das páginas restantes do livro mais de seus outros
escritos.
Finalizo essa resenha com o senso de ter aprendido mais sobre o evangelho e sobre a
apresentação de sua mensagem para a cultura nestas poucas páginas, do que em toda as
minhas leituras ao longo dos últimos vinte anos.