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De acordo com o

Edital de
Concurso
Público Nº
DP-1/321/21

PM-AL
Polícia Militar de Alagoas

Soldado
= Língua Portuguesa
= Noções de Informática

CONTEÚDO =
=
Matemática
Legislação Pertinente ao Policial
ON-LINE Militar de Alagoas
= Noções de Direito Administrativo
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« Geograa Geral: do Brasil e de = Noções de Direito Processual
Alagoas
Penal
« Noções de Direitos Humanos
Polícia Militar do Estado de Alagoas

PM-AL
Soldado Combatente

NV-004MA-21
Cód.: 7908428800543
Obra Produção Editorial

Polícia Militar – AL
Carolina Gomes
Josiane Inácio

Soldado Combatente Karolaine Assis

Organização

Arthur de Carvalho
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Saula Isabela Diniz
Giselli Neves e Renato Philippini

NOÇÕES DE INFORMÁTICA • Fernando Nishimura Revisão de Conteúdo

Ana Cláudia Prado


MATEMÁTICA • Kairton Batista (Prof.º Kaká) e Sérgio
Mendes Fernanda Silva
Jaíne Martins
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS • Maciel Rigoni
Ariel Zvoziak, Rodrigo Gonçalves e Renato Philippini
Nataly Ternero
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro
Zantedeschi e Jonatas Albino Análise de Conteúdo

Ana Beatriz Mamede


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich
João Augusto Borges
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL • Eduardo
Gigante Diagramação

Dayverson Ramon
Higor Moreira
Lucas Gomes
Willian Lopes

Capa

Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Maio/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso, pen-
sando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse livro
foi organizado de acordo com os itens exigidos no Edital nº
1 – PM-AL, de 17 de maio de 2021 da PM-AL para o cargo de
Soldado Combatente. O edital foi didaticamente sistematizado
em um sumário subdividido para otimizar o seu tempo e o seu
aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, além de Questões Comentadas e a seção Hora de
Praticar, trazendo exercícios gabaritados da banca organizado-
ra do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos On-line – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os conteú-


dos disponíveis online para este livro em nossa plataforma His-
tória Geral: do Brasil e de Alagoas, Geografia Geral: do Brasil e
de Alagoas, Noções de Direitos Humanos e o Curso com 5 horas
de videoaulas, conforme os assuntos cobrados no edital. Para
acessar, basta seguir as orientações na próxima página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à História Geral, do Brasil e de Alagoas: Aspectos históricos do Estado de Ala-
goas: colonização, povoamento, sociedade e indústrias
à Geografia Geral, do Brasil e de Alagoas : Aspectos geográficos do estado de
Alagoas
à Língua Portuguesa: Interpretação de Texto: Conceitos Importantes

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• História Geral: do Brasil e de Alagoas.


• Geografia Geral: do Brasil e de Alagoas.
• Noções de Direitos Humanos.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA.......................................................................................................9
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS.................................. 9

RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS................................................................... 12

Paródia............................................................................................................................................................... 22

DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL................................................................................................. 25

DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL..................................................................... 28

EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES


E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL...........................................................................28

EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS ...................................................................................................33

DOMÍNIO DA ESTRUTURA MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO....................................................... 34

EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS........................................................................................................34

RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO....................................50

RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO...................................51

EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.........................................................................................................52

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................................55

REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.......................................................................................................................60

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE..................................................................................................62

COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS ........................................................................................................64

REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS DO TEXTO....................................................................... 64

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS.......................................................................................................................64

SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE TRECHOS DE TEXTO..........................................................................66

REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE.......................................66

NOÇÕES DE INFORMÁTICA...........................................................................................73
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL (AMBIENTES LINUX E WINDOWS)................................... 73

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSO-FT OFFICE E


BROFFICE)............................................................................................................................................ 87

REDES DE COMPUTADORES............................................................................................................119
CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS, APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET E
INTRANET........................................................................................................................................................128

PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E GOOGLE


CHROME)..........................................................................................................................................................135

PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK EXPRESS E MOZILLA THUNDERBIRD)..................137

SÍTIOS DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET..............................................................................................143

GRUPOS DE DISCUSSÃO.................................................................................................................................144

REDES SOCIAIS................................................................................................................................................146

COMPUTAÇÃO NA NUVEM (CLOUDCOMPUTING)........................................................................................147

CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ARQUIVOS,


PASTAS E PROGRAMAS...................................................................................................................150

SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO......................................................................................................165

Procedimentos de Segurança........................................................................................................................ 166

NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS.......................................................................................169

APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS, FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.).................................175

PROCEDIMENTOS DE BACKUP.......................................................................................................................178

MATEMÁTICA.................................................................................................................... 189
MODELOS ALGÉBRICOS...................................................................................................................189

GEOMETRIA DAS SUPERFÍCIES PLANAS......................................................................................201

PADRÕES NUMÉRICOS ....................................................................................................................221

MODELOS LINEARES........................................................................................................................225

MODELOS PERIÓDICOS ...................................................................................................................229

GEOMETRIA DOS SÓLIDOS..............................................................................................................237

MODELOS EXPONENCIAIS E LOGARÍTMICOS...............................................................................237

PRINCÍPIOS DE CONTAGEM............................................................................................................242

ANÁLISE DE DADOS..........................................................................................................................248

GEOMETRIA DO PLANO CARTESIANO...........................................................................................254

GEOMETRIA DO PLANO COMPLEXO..............................................................................................257


LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS............ 269
LEI ESTADUAL Nº 5.346/1992 (ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DE
ALAGOAS)..........................................................................................................................................269

DECRETO ESTADUAL Nº 37.042/1996 (APROVA O REGULAMENTO DISCIPLINAR


DA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS)..........................................284

DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 E SUAS ALTERAÇÕES (PARTE GERAL DO CÓDIGO PENAL).......293

DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL.......................................................................................................................293

DO CRIME.........................................................................................................................................................304

DA IMPUTABILIDADE PENAL..........................................................................................................................313

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................. 319


PRINCÍPIOS........................................................................................................................................................319

REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO............................................................................................................322

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .....................................................................................................323

SERVIÇO PÚBLICO............................................................................................................................................329

ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................................338

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E LICITAÇÃO............................................................................................342

BENS PÚBLICOS ...............................................................................................................................................365

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA...........................................................................................................371

CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..................................................................................................376

RESPONSABILIDADE DO ESTADO...................................................................................................................381

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL............................................................. 387


DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.....................................................................................387

ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO............................................................400

DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.....................................................417

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL....................................................... 423


INQUÉRITO POLICIAL.......................................................................................................................423

AÇÃO PENAL.....................................................................................................................................428
Por isso, convidamos você a estudar com afinco
e dedicação, sem esquecer de praticar seus conheci-
mentos realizando os exercícios de cada tópico, bem
como, a seleção de exercícios finais, selecionados

LÍNGUA PORTUGUESA
especialmente para que este material cumpra o pro-
pósito de alcançar sua aprovação.

Inferência

COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE A inferência é uma relação de sentido conhecida


desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS interpretação de texto.

A interpretação e a compreensão textual são aspec-


tos essenciais a serem dominados por aqueles candida-
Dica
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões to, nas linhas apresentadas.
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
a aprovação. A primeira e mais importante delas é identificar a
Além disso, seja a compreensão textual, seja a orientação do pensamento do autor do texto, que fica
interpretação textual, ambas guardam uma relação de perceptível quando identificamos como o raciocínio
proximidade com um assunto pouco explorado pelos dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- da análise de dados, informações com fontes confiáveis
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
linguística pode assumir. das consequências, a fim de se identificar as causas.
Portanto, neste material você encontrará recursos Por isso, é preciso compreender como podemos
para solidificar seus conhecimentos em interpreta- interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
ção e compreensão textual, associando a essas temá-
Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi-
zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que
ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
precisa ser reconhecido por quem o lê.
A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma
que focam nas formas de inferência sobre um texto.
breve diferença entre os termos compreensão e
Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
interpretação textual.
o processo de inferência, que se dá por dedução ou
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor O marido da minha chefe parou de beber.
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a Observe que é possível inferir várias informações
interpretação realiza ligações com o texto a partir a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. ciador é casada (informação comprovada pela expres-
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no são “marido”), a segunda é que o enunciador está
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma trabalhando (informação comprovada pela expressão
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
essencialmente relacionados à significação das palavras são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
Sabendo disso, é importante separarmos os con- essas informações.
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou Tratando-se de interpretação textual, os processos
compreensivo. Neste material, você encontrará um de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
LÍNGUA PORTUGUESA

forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- texto junto da articulação com as informações acessa-
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na das pelo leitor do texto.
compreensão e semântica, os principais tópicos são: A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e senta como ocorre a relação desses processos:
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin-
DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR
guísticas e suas consequências para o sentido.
Todos esses assuntos completam o estudo basilar INFERÊNCIA
de semântica com foco em provas e concursos, sem- INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
pre de olho na sua aprovação. 9
A partir desse esquema, conseguimos visualizar A dedução
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora,
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- A leitura de um texto envolve a análise de diversos
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos maneira implícita no enunciado.
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu- Em questões de concurso, as bancas costumam
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
de mundo na interpretação de textos. para abordar em suas provas.
No momento de ler um texto, o leitor articula seus
conhecimentos prévios a partir de uma informação
A indução
que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
As estratégias de interpretação que observam
forme Kleiman (2016, p. 47):
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no tema; ele estará também postulando uma possí-
texto e que variam conforme o tipo textual. vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos vando seu conhecimento prévio, e na testagem
identificar uma organização cronológica e espacial no ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo, conhecimento.
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode-
Fique atento a essa informação, pois é uma das
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação
primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu-
pretação textual: formular hipóteses, a partir da
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado
macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma
cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
ideia/ponto de vista. ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
No processo interpretativo indutivo, as ideias são entre outras informações que podem vir como “aces-
organizadas a partir de uma especificação para uma sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
generalização. Vejamos um exemplo: leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
espécie de animal. O que observei neles, no tempo um objetivo mais definido.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- O processo de interpretação por estratégias de dedu-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos z Conhecimento Linguístico;
detalhados e impotentes para generalizar, cur- z Conhecimento Textual;
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento de Mundo.
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia-
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
critério de beleza. assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
(BARRETO, 2010, p. 21) Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.

O trecho em destaque na citação do escritor Lima Conhecimento Linguístico


Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento Esse é o conhecimento basilar para compreensão
indutivo compõe a interpretação e decodificação de e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté- das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- nhecimento das regras de uma língua.
ção cronológica de um texto. É importante salientar que as regras de reconhe-
cimento sobre o funcionamento da língua não são,
necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
A propriedade vocabular leva que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
o cérebro a aproximar as pa- tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
PROCURE SINÔNIMOS que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
lavras que têm maior asso-
ciação com o tema do texto bo-objeto (SVO) etc.
Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
Os conectivos (conjun- linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
ções, preposições, pro- sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
ATENÇÃO AOS nomes) são marcadores cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
CONECTIVOS claros de opiniões, es- o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
paços físicos e localiza- Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
dores textuais
10 dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores vio que é essencial para a interpretação de questões.
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que EXERCÍCIOS COMENTADOS
podemos usar métodos dedutivos.
1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o
Conhecimento Textual necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-
-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores”.
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- Indução é um processo lógico que parte do particular
mento linguístico e se desenvolve pela experiência para o geral, como ocorre no seguinte raciocínio:
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe-
também;
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque
b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que
chovido durante toda a noite;
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê
c) A torcida do Corinthians está presente em todos os
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma
jogos; domingo não deve ser diferente;
reportagem como se lê um poema.
d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros;
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
o lucro desse restaurante deve ser alto;
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais. meu automóvel enguiçou ontem.

Conhecimento de Mundo Indução é um processo lógico que parte do particu-


lar para o geral. Se houver alguma dúvida na reso-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental lução, é só ir por exclusão das alternativas
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre a) Todos os dias.../ hoje...
importante que o candidato a cargos públicos reserve b) as ruas/ toda a noite
LÍNGUA PORTUGUESA

um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes c) em todos os jogos/ domingo...
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- d) Resposta certa
tar seu conhecimento de mundo. e) Os carros.../ meu automóvel... Resposta: Letra D.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo à
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso dedução e indução.
cérebro associar informações, a fim de compreender A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
o novo texto que está em processo de interpretação. sequência necessária da verdade da conjunção das
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- premissas, o que significa que, sendo verdadeiras
cício para atestarmos a importância da ativação do as premissas, é impossível a conclusão ser falsa.
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: ( ) CERTO  ( ) ERRADO 11
O pensamento dedutivo parte do conhecimento
GÊNERO TEXTUAL
geral, visando ao conhecimento particular, assim,
para a lógica dedutiva as premissas verdadeiras
não podem gerar enunciados falsos. Resposta:
Certo. FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO

3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica,


leia o texto a seguir sobre os tipos de inferência: A partir desse esquema, podemos identificar que a
A dedução e a indução são conhecidas com o nome orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
de outra já conhecida. Sobre a indução e a dedu- predominante que o texto deve manter, organizado
ção, entende-se como inferências mediatas. pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.)
Adaptado.
TIPO TEXTUAL
A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de Classifica-se conforme as marcas linguísticas apresen-
inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso, tadas no texto. Também é chamado de sequência textual
observe a seguinte inferência:
Sócrates é homem e mortal  GÊNERO TEXTUAL
Platão é homem e mortal  Classifica-se conforme a função do texto, atribuída
Aristóteles é homem e mortal   socialmente
Logo, todos os homens são mortais.  

A inferência expressa o raciocínio: Uma última informação muito importante sobre


tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
a) Dialético. texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
b) Disjuntivo. re é a existência de predominância de algumas sequên-
c) Indutivo. cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
d) Conjuntivo. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
e) Argumentativo. diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
suas principais características e marcas linguísticas.
O raciocínio é indutivo porque parte de premissas
particulares para outras mais genéricas. Resposta: Narrativo
Letra C.
Os textos compostos predominantemente por se-
quências narrativas cumprem o objetivo de contar
uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
RECONHECIMENTO DE TIPOS E ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
de algumas estratégias, como a organização dos fatos
GÊNEROS TEXTUAIS
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
TIPOS TEXTUAIS de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
Tipos ou sequências textuais são unidades que Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud CAVAL- vo pode ser caracterizado por sete aspectos:
CANTE, 2013), “são unidades estruturais, relativamente
autônomas, organizadas em frases”. Os tipos textuais z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
marcam uma forma de organização da estrutura do líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
texto que se molda a depender do gênero discursivo e z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
da necessidade comunicativa. Por exemplo, há gêneros sentada inicialmente;
que apresentam a predominância de narrações – con- z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
tos, fábulas, romances, história em quadrinhos etc –, ampliam a tensão;
em outros predomina a argumentação – redação do z Resolução: Momento de solução da tensão;
ENEM, teses, dissertações, artigo de opinião etc. z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos a resolução;
essa figura que demonstra como podemos identificar os z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
tipos textuais e suas principais características, tendo em ria possa ter apresentado.
vista que cada sequência textual apresenta característi-
cas próprias as quais, conforme mencionamos, pouco Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
ou nada sofrem em alterações, mantendo uma estrutu- te exemplo, a canção Era um garoto que como eu...
ra linguística quase rígida que nos permite classificar os Vamos ler e identificar essas características, bem
tipos textuais em 5 categorias (Narrativo; Descritivo; como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
12 Expositivo; Instrucional; Argumentativo). tual narrativo.
Era um garoto que como eu z Narrador: também conhecido como foco narrati-
1. Situação ini- vo é o responsável por contar os fatos que com-
Amava os Beatles e os Rolling Stones
cial: predomínio põem o texto
Girava o mundo sempre a cantar
de equilíbrio z Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª
As coisas lindas da América
Não era belo, mas mesmo assim pessoa. O narrador participa dos fatos
Havia uma garota afim z Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª
Cantava Help and Ticket to Ride pessoa. O narrador tem propriedade dos fatos con-
Oh Lady Jane, Yesterday tados, porém não participa das ações
2. Complicação: z Narrador onisciente: Os fatos podem ser conta-
Cantava viva à liberdade
início da tensão dos em 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou os fatos e não participa das ações, porém o flu-
Fora chamado na América xo de consciência do narrador pode ser exposto,
Stop! Com Rolling Stones levando o texto para a 1ª pessoa
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
Lutar com vietcongs predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Era um garoto que como eu rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Girava o mundo, mas acabou narrativos não significa que não possam apresentar
outras sequências em sua composição.
Fazendo a guerra no Vietnã
Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Cabelos longos não usa mais
classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
Não toca a sua guitarra e sim
ção nas marcas que predominam no texto.
Um instrumento que sempre dá
6. Situação final Após demarcarmos as principais características do
A mesma nota,
7. Avaliação tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas cas mais importantes da sequência textual classifica-
Só gente morta caindo ao chão da como descritiva.
Ao seu país não voltará
Pois está morto no Vietnã Descritivo
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
8. Moral nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
Mas duas medalhas sim cia descritiva como suporte para um propósito maior.
São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra- te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
tivo podem ser resumidas em marcas de organização classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
linguística caracterizadas por: presença de marcado- Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
res temporais e espaciais; verbos, predominante- sões a respeito de alguns aspectos do território que
mente, utilizados no passado; presença de narrador viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
e personagens.
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
Importante! que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
Os gêneros textuais que são, predominantemen-
assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex-
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
tuais em sua composição, tendo em vista que ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
nenhum texto é composto exclusivamente por da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
uma sequência textual. Por isso, devemos sem- com as curvas assim tintas, e também os colos dos
pre identificar as marcas linguísticas que são pre- pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo. cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
gonha nenhuma.

Para sua compreensão, também é preciso saber o Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-


que são marcadores temporais e espaciais. caminha
LÍNGUA PORTUGUESA

São formas linguísticas como advérbios, prono-


mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço Note que apesar da presença pontual da sequência
físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar- narrativa, há predominância da descrição do cenário
rativos, esses elementos são essenciais para marcar o e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento, de relato descritivo para manter a comunicação entre
aqui, ali, então... a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
Um outro indicador do texto narrativo é a pre- siderando as emergências comunicativas do mundo
sença do narrador da história. Por isso, é importante moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
aprendermos a identificar os principais tipos de nar- aos poucos, substituído por outros gêneros como, por
rador de um texto: exemplo, o e-mail. 13
Expositivo z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-
sença de verbos de estado;
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo organizam a informação;
textual, é muito comum a presença de dados, informa- z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Presença de figuras de linguagem como metáfora
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- e comparação;
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o
Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- horóscopos e também nos manuais de instrução.
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua A principal marca linguística dessa tipologia é a
presença de verbos conjugados no modo imperati-
O infográfico acima apresenta as informações per- vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve
tinentes sobre o panorama mundial da situação da ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e
água no ano de 2016. O gênero foi construído com o levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
objetivo de deixar o leitor informado a respeito do Para que possamos identificar corretamente essa
tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin- tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin- ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
gir esse objetivo. exemplo a seguir:
Assim como os tipos textuais apresentados ante-
riormente, os textos expositivos também apresentam Como faço para criar uma conta do Instagram?
uma estrutura que mistura elementos tipológicos de Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo:
outras sequências textuais, tendo em vista que, para 1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone)
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti- ou Google Play Store (Android).
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos. 2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone
É importante destacar que os textos expositivos
para abri-lo.
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira
mentativos que são classificados como expositivos,
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi-
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam-
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma cadastrar com sua conta do Facebook.
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem 4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
para a argumentação, uma vez que o fato exposto lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
sobre uma questão não é posto em debate. se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte- conta do Facebook, caso tenha saído dela.
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões. Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
14 Marcas linguísticas do texto expositivo: 07/09/2020.
No exemplo acima, podemos destacar a presença
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai- EXERCÍCIOS COMENTADOS
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte- 1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos abaixo.
a serem cumpridos para a realização correta da tare-
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais Há vida fora da Terra?
didática.
1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do
É importante lembrar que a principal marca
Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”,
linguística dessa tipologia é a presença de verbos
na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi-
estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar segundos, só que muito mais intenso que os ruídos
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões
nadas pelo gênero. em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman
tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes
Argumentativo mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais que circulou os dados do computador e escreveu ao
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
grau de dificuldade na identificação, bem como em nal  (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a e outras instituições tentaram detectar o sinal várias
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
tos que visam sustentar essa tese. 2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen- que o contato com extraterrestres é mera questão
de tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto,
(muito provável), eu diria que nossa chance de fazer
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser
contato com ETs em meados deste século é 8”, acre-
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No
dita o físico Michio Kaku, da City College de Nova York.
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare-
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre- cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja:
senta possíveis soluções para o problema em questão. pela lei das probabilidades, é muito possível que haja
Outro aspecto importante dos textos argumentati- civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde
cas conhecidas como operadores argumentativos, que água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais
organizam as orações subordinadas, estruturas mais “próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um
comuns nesse tipo textual. ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros).
A seguir, apresentamos um quadro sintético com 3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan-
algumas estruturas linguísticas que funcionam como çadas, essa distância não seria um problema – pois
elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar
operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí-
a leitura de textos argumentativos:
fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não
veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não
OPERADORES ARGUMENTATIVOS estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a
É incontestável que... gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
Tal atitude é louvável, repudiável, notável... -nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a
É mister, é fundamental, é essencial... existência de civilizações avançadas é mera especula-
ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já
é querer dar uma de psicólogo de aliens.
Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no
4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E
texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju-
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran-
LÍNGUA PORTUGUESA

dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você
estrutura argumentativa desse tipo textual. pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei-
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe
Importante! há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres
O tipo textual argumentativo não pode ser
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de
confundido com o gênero textual dissertativo-
algas verdes e azuis.
-argumentativo. Esse gênero é composto por 5º Além disso, não basta o tempo passar para que as
sequências argumentativas, mas também há formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de função essencial da vida é se adaptar bem ao ambiente
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. onde ela está. A vida só muda – na esteira de alguma 15
mutação genética – se uma mudança ambiental exigir relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar e a vida bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
estiver bem adaptada, as mutações genéticas que, em zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
geral, aparecem ao longo de gerações não vão fazer fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
diferença. Tudo depende da história de cada planeta. Se xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz,
o asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras,
anos não tivesse caído aqui na Terra, e os dinossauros copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
não tivessem sido extintos, não estaríamos aqui. Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone,
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
diz Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
entendemos bem como a evolução varia de planeta relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
para planeta, é muito difícil prever ou responder se telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
existe ou não vida inteligente fora daqui”, completa. ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço
“Se existe, a vida inteligente fora da Terra é muito rara.” de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
Decepcionante. trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,
7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia. foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos,
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que Coberta, cama, travesseiro.
quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>. Acesso em: 17 jul.
bom para os índios nativos”, afirmou, certa vez, o físi- 2019.
co Stephen Hawking.
Disponível em:< http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da- A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar
terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado] que ele é:

No primeiro e no segundo parágrafos, predominam, a) dissertativo-argumentativo.


respectivamente: b) dissertativo-expositivo.
c) descritivo.
a) Narração e descrição. d) narrativo.
b) Narração e explicação.
c) Explicação e descrição. O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-
d) Explicação e injunção. ça de formas nominais, conforme o texto em debate.
Resposta: Letra C.
No primeiro parágrafo, há a narração de uma his-
tória sobre um contato de possíveis extraterrestres GÊNEROS TEXTUAIS
com a Terra; para contar essa história, o autor
utilizou muitos verbos no passado, predominando
Quando pensamos em uma definição para gêne-
trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou
ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
um susto”. Já o segundo parágrafo apresenta a pre-
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
dominância de informações que visam a explicar o
cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro
ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati-
remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E,
rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas
nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei-
seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
ser”. Resposta: Letra B.
em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen-
sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
2. (FUNDEP – 2019)
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res-
peita um padrão textual estabelecido e reconhecido
Circuito Fechado
na época em que foram escritas.
Ricardo Ramos De maneira análoga, quando pensamos em gêne-
ros textuais, devemos identificar os elementos que
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco- caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes.
va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin- Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas
cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças
água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem-
camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, plo, e também é fundamental identificar as razões que
paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, nos levam a classificar cada um desses gêneros com
lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor- termos diferentes.
nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, Importante!
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso Esse ponto de interseção é o que podemos esta-
com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande- belecer como os principais aspectos de classifi-
16 ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, cação de um gênero textual.
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p. fada tanto na porção textual do anúncio que começa
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
comportamentos estereotipados e anônimos que se Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro também a escrever esse gênero quando necessitam.
elemento que precisamos identificar para classificar Isso é o que torna a característica da prototipicidade
um gênero é o papel social, marcado pelos compor- tão importante no reconhecimento e na classificação
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com- um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
preender tão bem quanto ser compreendido. nidade, reafirmando o teor social desses elementos e
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- gêneros se é exposto.
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O Portanto, a partir de todas essas informações sobre
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
nar outros aspectos importantes na classificação des- resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social cas situadas socialmente que servem a propósitos
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de específicos e são reconhecidos pelos seus traços
alterações em sua estrutura. em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, as características básicas para a correta identificação
tornando o gênero completamente modificado, como dos gêneros textuais:
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem-
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam
a uma finalidade específica e momentânea, como GÊNEROS TEXTUAIS SÃO
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da z Ações sociais
loja “O Boticário”: z Ações com configuração prototípica
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade
z O propósito de uma ação social
z Divididos em classes

Outra importante característica que devemos refor-


çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis,
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não
há um número exato de gêneros textuais que possamos
estudar, diferentemente dos tipos textuais.

GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS


Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020. Relação com aspectos Associação a aspectos
sociais linguísticos
O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des- Não podem sofrer altera-
se gênero que é, predominantemente, narrativo foi Podem ser alterados ção, sob pena de serem
modificada para que o propósito do anúncio fosse reclassificados
alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui- Estabelecem uma função Organizam os gêneros
rir os produtos da marca. No caso do gênero anún- social textuais
cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua
estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
fim de que a principal função do anúncio se cumpra, Apesar de não existir um número quantificável
qual seja: vender um produto. de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
A partir desses exemplos, já podemos enumerar gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
mais algumas características comuns a todos os tipos fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o na resolução de questões que envolvam esse assun-
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
LÍNGUA PORTUGUESA

propósito de um gênero, para alguns autores, como


Swales (1990), chamado de propósito comunicativo. gêneros textuais abordados em importantes bancas
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea- de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a tões de provas de concursos anteriores que irão nos
posição de que o propósito comunicativo é o critério auxiliar a praticar esse conteúdo.
de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
é vinculado ao poder do autor. Notícia
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o A notícia é um gênero textual de caráter jornalís-
qual também pode ser reconhecido como estereótipo tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de
textual, que resguarda características básicas do gêne- maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio- tar sequências textuais narrativas e descritivas na
nado acima, identificamos traços do gênero contos de sua composição linguística, por isso, é fundamental 17
sempre termos em mente as características basilares para a criação de notícias falsas que se baseiam nesse
de todos os principais tipos textuais, os quais tratamos esquema de organização das notícias tentando passar
anteriormente. alguma credibilidade ao público. Então, atualmen-
Como aprendemos no início deste capítulo, os te, podemos afirmar que a fonte de publicação é tão
gêneros textuais possuem características que os dis- importante para o reconhecimento de uma notícia
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter quanto a estrutura padrão do gênero da qual tratamos
um apelo a questões sociais, um propósito comunica- acima.
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos O próximo gênero que trataremos é a reportagem
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
cia e também é muito abordada em provas de concursos.
entre os gêneros.
Por ser um gênero, a notícia também apresenta
Reportagem
essas características. Seu propósito comunicativo é
informar uma comunidade sobre assuntos de inte-
A reportagem é um gênero textual que, diferen-
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada
temente da notícia, além de oferecer informações
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a
acerca de um assunto, também apresenta os pontos
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra
de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
importante característica da notícia é a sua configura- argumentativo; essa é a principal diferença entre os
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por gêneros notícia e reportagem.
leitores de uma comunidade. Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
Essa configuração própria da notícia é reconheci- buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
totípico desse gênero: tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista.
Casal suspeito de assaltos é preso após Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre
colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
da polícia, em Fortaleza diente” dos textos desse gênero que são representados,
predominantemente, pela sequência argumentativa.
Foram apreendidos três aparelhos celu-
É importante relembrarmos que o tipo textual
lares roubados e uma arma de fogo com Lead
argumentativo é organizado em três macro partes:
seis munições.
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse
Um casal suspeito de realizar assaltos foi padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais
preso após capotar um carro ao dirigir na de ampla repercussão e interesse do público, algo que
contramão enquanto fugia da polícia na não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia
tarde deste domingo (13), no Bairro Henri- busca apenas a divulgação da informação.
que Jorge, em Fortaleza. Diante disso, o suporte de veiculação das repor-
Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo,
tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia como a televisão, o computador, o tablet, o celular.
em alta velocidade pelas ruas após abor- As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
dar de forma fria os pertences. “A mulher ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
estava conduzindo o carro e o comparsa podem ser veiculadas em suportes escritos, como
dela abordava as pessoas colocando a revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
arma na cabeça”, afirmou. redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020. ção desse gênero atualmente.
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor-
Na formulação de uma notícia, para que ela atinja tagem apresenta informações mais detalhadas sobre
seu propósito de informar, é fundamental que o autor um fato e/ou fenômeno de grande relevância social.
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor- Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados
nar seu texto imparcial e objetivo: que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons-
trua sua própria opinião sobre o tema.
A despeito dessas diferenças na construção dos
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar-
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
primeira por seu caráter essencialmente informativo.

NOTÍCIA REPORTAGEM

Apresenta um fato de Questiona fatos e efeitos


forma simples e objetiva; de um fato determinado;

Apresenta argumentos
É importante ressaltar que, com o advento das Objetivo é informar;
redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que sobre um mesmo fato;
o gênero notícia seja divulgado por meio de plata- Apuração dos fatos
formas diferentes, como as redes sociais. Isso demo- Apuração extensa;
objetiva;
18 cratiza a informação, porém também abre margem
Por isso, normalmente, os autores de artigos de
NOTÍCIA REPORTAGEM
opinião são especialistas no assunto por eles aborda-
Conteúdo sem ordem do. Ao escolherem um assunto, os autores devem con-
determinada, pode apre- siderar as diversas “vozes” já existentes sobre mesmo
Conteúdo de curto prazo; assunto. E, dependendo da intenção, apoiar ou negar
sentar entrevistas, dados,
imagens, etc. determinadas vozes.
Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de
Conteúdo segue o mode- um texto de opinião deve ser simples, direta, convin-
lo da pirâmide invertida cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei-
(conf. acima). ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal;
porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado.
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique
centrada só em suas próprias opiniões.
É importante ressaltar que nenhum gênero é com-
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
posto apenas por uma única sequência textual e que,
guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
portanto, a reportagem também apresentará esse
estruturação:
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
textuais a fim de alcançar seu objetivo final. cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu- z Tomada de posição, exposição de argumentos de
dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro- modo a justificar a tese;
vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
provas de seleções: o artigo de opinião. dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
culadas e o texto é concluído.
Artigo de opinião
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen- Identificação da questão polêmica
Introdução
tação para analisar, avaliar e responder a uma ques- alvo de debate no texto
tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no Tese do autor (posicionamento
âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que defendido) – Tese contrária (posi-
circula, principalmente, em jornais e revistas impres- Desenvolvimento cionamentos de terceiros) – Acei-
sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis- tação ou refutação – Argumentos
cussão de um problema de âmbito social. E, por meio a favor da tese do autor do texto
dessa discussão, podemos defender nossa opinião, Fechamento do texto e reforço do
Conclusão
como também refutar opiniões contrárias às nossas, posicionamento adotado
ou ainda, propor soluções para a questão controversa.
A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi- No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele so estar atento aos elementos de coesão que ligam as
terá que usar de informações, fatos, opiniões que ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar- tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais
bosa aponta: atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos.
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que A fim de mantermos a linha de pensamento nos
se busca convencer o outro de uma determinada estudos de textos argumentativos, seguimos nossa
ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por abordagem apresentando outro gênero sempre pre-
meio de um processo de argumentação a favor de sente nas provas de língua portuguesa em concursos
uma determinada posição assumida pelo produtor públicos: o editorial.
e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
um processo que prevê uma operação constante de Editorial
sustentação das afirmações realizadas, por meio
da apresentação de dados consistentes que possam Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân-
convencer o interlocutor (2011. p. 305). cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi-
torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e
LÍNGUA PORTUGUESA

Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero, que expressa a opinião de um veículo de comunicação.
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como: Como já debatemos muito sobre a estrutura dos
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos. textos argumentativos de uma forma geral, iremos
É por meio da escolha de determinados recursos lin- nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois,
opinião, por exemplo.
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade
de interpretação presente no cotidiano da linguagem
z Editorial - Características
fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas
intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22). „ Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito
Quando queremos dar uma opinião sobre determi- de um tema atual
nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento „ O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar
sobre ele. os leitores sobre alguma temática importante 19
„ Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a z Crônica Narrativa
favor de uma causa de interesse coletivo
„ Sua estrutura também é baseada em: Introdu- „ Limita-se a contar fatos do cotidiano
ção, Desenvolvimento e Conclusão „ Pode apresentar um tom humorístico
„ Foco narrativo em 1ª ou 3ª pessoa
O início de um editorial é bem semelhante ao de
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central z Crônica Argumentativa
ou problema social a ser debatido no texto, poste-
riormente segue-se a apresentação do ponto de vista „ Defesa de um ponto de vista, relacionado ao
defendido e conclui-se com a retomada da opinião assunto em debate
apresentada incialmente. A principal diferença entre „ Uso de argumentos e fatos
editorial e artigo de opinião é que aquele representa „ Também pode ser escrita em 1ª ou 3ª pessoa
a opinião de uma corporação, empresa ou instituição. „ Uso de argumentos de modo pessoal e subjetivo

z Editorial – Marcas Linguísticas Apesar de as formas de texto verbais serem o for-


mato mais comum na construção de uma crônica,
„ Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas
„ Uso do modo indicativo nas formas verbais em outros formatos, como vídeo, muito divulgados nas
predominante redes sociais.
„ Linguagem clara, objetiva e impessoal No tocante ao estilo da crônica argumentativa,
trata-se de um texto com estrutura argumentativa
O editorial, além de ser um gênero muito comum padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão),
nas provas de interpretação textual em concursos muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é
públicos, também é, recorrentemente, cobrado por um gênero que passeia pelos ambientes literários e
muitas bancas em provas de redação. Por isso, a jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com
seguir, apresentamos um breve esquema para facili- observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac-
tar a escrita desse gênero, especialmente em certames terística presente nesse gênero é o uso de figuras de
que cobrem redação. linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
z Editorial – Estrutura textual por parágrafos A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O que
é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que pode-
„ Parágrafo 1: Apresentação do tema (situando mos identificar as principais características desse gênero:
o leitor) e já com um posicionamento definido.
Ser didático ao apresentar o assunto ao leitor
„ Parágrafo 2: Contextualização do tema, com- O que é um livro?
parando-o com a realidade e trazendo as cau-
sas e indicativos concretos do problema. Mais O que é um livro? A pergunta se impõe neste
uma vez, posicionamento sobre o assunto momento em que que a isenção de impostos sobre
„ Parágrafo 3: Análise e as possíveis motivações o objeto primeiro da cultura e do conhecimento
que tornam o tema polêmico (ou justificativas está em risco. Uma contribuição tributária de 12%
de especialista da área). É preciso trazer dados afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre-
factuais, exemplos concretos que ilustram a cisa dela.
argumentação Um livro é:
„ Parágrafo 4: Conclusivo, com o posicionamen- – A casa das palavras. Acabei de gravar um
to crítico final, retomando o posicionamento vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o
inicial sem se repetir ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la,
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi-
A seguir, apresentamos nosso último gênero tex- da, vesti-las com harmonia.
tual abordado neste material. Lembramos que o –  A nave espacial que nos permite viajar no
universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa-
impossível apresentar uma compilação de estudos
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de
com todos os gêneros; apesar disso, trazemos aqui os
principais gêneros cobrados em avaliações de língua outro ponto de vista, inalcançável quando o passa-
portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero do aconteceu: o do presente, com todos os conhe-
estudado é a crônica. cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver.
[…]
Crônica - Ao mesmo tempo, espelho da realidade e
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia.
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite- Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra.
rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de pre-
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer- servação do alheio e ponto de encontro com nosso
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão
um gênero curto de cunho social voltado para temas disponíveis, para que cada um possa abrir a sua.
atuais, é muito usado em provas de concurso para –  A selva na qual, entre rugidos e labaredas,
ilustrar questões de interpretação textual e também dragões enfrentam centauros. O pântano onde as
para contextualizar questões que avaliam a compe- hidras agitam suas múltiplas cabeças.
tência gramatical dos candidatos. –  Todas as palavras do sagrado, todas elas
As crônicas apresentam uma abordagem cotidia- foram postas nos livros que deram origem às reli-
na sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou giões e neles conservadas.
argumentativas.
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
20
Como podemos notar, a crônica trata de um assun- festa e os pais dão, ensinamos que o que consumi-
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- mos é mais importante do que o que somos.
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua Não há problema em consumir; o problema passa a
opinião e segue argumentando sobre a importância existir quando o consumo determina a vida. Isso é
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea- extremamente perigoso, principalmente quando os
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. filhos chegam à adolescência. Há um mercado gene-
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex-
roso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir des-
tuais, é importante deixarmos uma informação rele-
de cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os
eles recusem essa oferta. Como?!
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas
Na educação, essa nossa característica leva a conse-
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em
algumas metodologias (e também em alguns editais de quências sutis, mas decisivas na formação dos mais
concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes
aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparen-
Dica tam poder consumir e não por aquilo que são e pelas
ideias que têm e que o grupo social deles é formado por
Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
ração verbal; como todo discurso materializa-se pares que consomem coisa semelhantes. Não é à toa
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex- que os pequenos furtos são um fenômeno presente em
tuais torna-se mais adequada para essa pers- todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas Nessa ideologia consumista, é importante considerar
variantes vocabulares de acordo com as deman- que os objetos perdem sua primeira função. Um car-
das sociais e culturais de estudo dos gêneros. ro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone
celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos
passam a significar status, poder de consumo, condi-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ção social, entre outras coisas.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autôno-
1. (CPCON – 2016) Leia o texto a seguir para responder
mas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses
à questão 1
dois conceitos se transformaram completamente e
Tempos Loucos – Parte 2 perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acre-
ditam que têm liberdade para escolher qualquer coi-
Os adultos que educam hoje vivem na cultura que sa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem
incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a estão, na maioria das vezes, determinadas pelo con-
consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais, sumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
consumimos informações, ideias, estilos de ser e de Rosely Sayão.
viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de
Fonte: https://bit.ly/3jCKFT1. Acessado em 18/09/2020.
vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas
variadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser
feliz etc. Até a educação escolar virou item de consu- O texto pode ser considerado:
mo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas
vezes cegamente a esse imperativo. a) Resenha, porque tem a finalidade de criticar, avaliar e
Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo orientar o leitor, estimulando ou desestimulando-o ao
não sabe mais como seria a vida sem essa inovação consumismo.
tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta b) Relato pessoal, pois tem o objetivo de relatar expe-
cria a demanda em sociedades consumistas, que é o riências vividas, episódios marcantes na vida de quem
caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado escreve.
oferece passam a ser considerados absolutamente c) Gênero Jornalístico Notícia, pois tem a intenção de
necessários a partir de então. informar o leitor sobre os valores que regem o consu-
A questão é que temos tido comportamento exemplar mismo, de forma objetiva e impessoal.
de consumistas, boa parte das vezes sem crítica algu- d) Artigo de opinião, por ser um texto argumentativo que
ma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples aborda um tema polêmico e de interesse social.
porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais
e) Depoimento, por narrar acontecimentos de vida dos
LÍNGUA PORTUGUESA

etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido


jovens.
para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja:
para descansar de uma atividade, nos ocupamos com
Como podemos notar pela leitura, o texto apresenta
outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
a opinião da autora sobre um tema bem atual que
Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais
do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de envolve o consumo de bens em excesso e a criação
oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensi- de indivíduos nesse sistema. Sobre a configuração
namos a consumir o que é oferecido; quando um filho do texto, podemos identificar bem a tese defendida
pede para o pai levá-la ao show do RBD, e este leva por Sayão, as informações que compreendem os
mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a argumentos desenvolvidos e a retomada da tese ini-
consumir, seja qual for a estética em questão; quan- cial na conclusão, dando ao texto um teor de gênero
do um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma opinativo. Resposta: Letra D. 21
2. (PREFEITURA DE CONTAGEM – 2016)

Fonte: COLARES, 2020, informação verbal.

Compreendida a ideia de intertextualidade e apre-


sentada sua importância para a análise textual em
provas, questões e textos, faz-se necessário conhecer
algumas das principais formas de realização da inter-
textualidade em textos e em gêneros utilizados por
Fonte: Internet. Acessado em: 01/03/21.
bancas de concurso.

Antes, porém, é necessário apontar que, confor-


Considerando-se que os gêneros textuais apresentam me Koch e Elias (2015), todos os textos são, em algu-
objetivos distintos, pode-se afirmar que é objetivo do ma medida, recuperadores de outros. Quando o leitor
texto: acessa as ideias e reconhece essa intertextualidade,
estamos diante de um processo de intertextualidade
a) Apresentar um produto para o leitor. stricto senso. Quando não é possível acessar esse teor
b) Persuadir o leitor a aderir a uma determinada ideia. intertextual, trata-se de uma intertextualidade lato
c) Discutir um problema importante do cotidiano. senso. Desenvolvemos o quadro abaixo para tornar
d) Argumentar sobre a importância da preservação da essa divisão mais didática:
água.

INTERTEXTUALIDADE
O texto apresenta uma peça publicitária que busca
persuadir o leitor a realizar uma determinada ação.
No caso em questão, busca-se que o leitor economi-
ze água. Os gêneros publicitários usam, predomi-
Stricto Senso Lato Senso
nantemente, a sequência textual injuntiva, na qual
predomina verbos no imperativo, como os verbos
utilizados na primeira oração do cartaz avaliado.
Resposta: Letra B. Temática
Estilística
Explícita
INTERTEXTUALIDADE Implícita

Existem diversos mecanismos que são meios


importantes e, muitas vezes, imprescindíveis à cons- Paródia
trução de sentido dos gêneros textuais, dentre eles, a
intertextualidade. Como vimos neste material, ao nos A paródia é um tipo de intertextualidade estilística
referirmos à ideia de construção dos sentidos median- em que o autor recupera o estilo de outro texto, seja
te o uso de gêneros textuais destacamos a estrutura, o verbal ou não-verbal. É muito comum tanto em tex-
propósito comunicativo e a função dos gêneros. Um tos musicais, nos quais são recuperados a melodia e o
outro elemento importante para a compreensão tex- estilo do intérprete original, quanto em textos visuais,
tual é a intertextualidade, que diz respeito à proprie- como no exemplo a seguir:
dade de um texto se relacionar com outros.
Para se entender melhor a estrutura e a função
do termo intertextualidade, pode-se separar a pala-
vra em partes: “inter” é de origem latina e refere-se
à noção de dentro, ou seja, o que está dentro do texto,
e “textualidade” tem a noção de conteúdo, palavras.
Unindo as duas, forma-se a intertextualidade, a partir
da qual podemos dar origem a um outro texto.
A intertextualidade está presente em nosso dia
a dia, sendo muito comum em gêneros oriundos da
internet e também da publicidade. A seguir, apresen-
tamos esse exemplo retirado da aula da professora
Cátia Colares que resume a ideia de intertextualidade
22 que iremos trabalhar neste material: Fonte: https://bit.ly/3mx0k7X. Acessado em: 12/10/2020.
Uma das caraterísticas da paródia é o tom irônico e As referências também são muito comuns em textos
humorístico que pode variar, dependendo da sua fina- jurídicos, nos quais é praxe citar leis, decretos e demais
lidade textual. documentos que sirvam de embasamento teórico.

Paráfrase Citação

A paráfrase é uma estratégia intertextual que consis- A citação também é um tipo de intertextualidade
te em recuperar aspectos do tema do texto-fonte, o explícita e diz respeito às formas de citação de uma
qual baseia a paráfrase. Dessa forma, é considerada
obra. Em um trabalho acadêmico, por exemplo,
um tipo de intertextualidade temática.
quando utilizamos as palavras de outros autores,
Um bom exemplo desse tipo de intertextualidade é devemos mencioná-los direta ou indiretamente. A
a música Monte Castelo, do grupo Legião Urbana, que transcrição fiel das palavras do autor do texto-fonte
versa sobre o mesmo tema que a passagem bíblica “I é chamada de citação direta. Quando nos baseamos
carta de São Paulo aos Coríntios” e também dos versos na ideia do autor e escrevemos de outra forma suas
de Luís Vaz de Camões. palavras, a citação passa a ser indireta.

Monte Castelo – Legião Urbana Independente da maneira como citamos em um tex-


to, é imprescindível dar os créditos aos autores das obras
Ainda que eu falasse a língua dos homens citadas, por isso, devemos mencioná-los nas citações que
E falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada também seguem o padrão estabelecido pela ABNT.
seria. É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade z Citação direta:
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece [...] “A confiabilidade das fontes citadas confere rele-
vância ao trabalho acadêmico, cabendo, portan-
I carta de São Paulo aos Coríntios to, ao produtor do texto, selecioná-las com rigor”
(BOAVENTURA, 2004, p. 81).
1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que
z Citação indireta:
soa ou como o sino que tine. 2 E ainda que tivesse
o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios
e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de Segundo Boaventura (2004, p. 81), o respeito ao
maneira tal que transportasse os montes, e não trabalho acadêmico é diretamente proporcional à
tivesse amor, nada seria [...] credibilidade das fontes utilizadas, por isso é neces-
sário atentar-se para os diversos tipos de citação
aqui mencionados.
11 Soneto – Luis Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver, Dica


é ferida que dói, e não se sente; A citação indireta é um tipo de paráfrase.
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
Alusão
É um não querer mais que bem querer; A alusão é um intertexto que faz referência a uma
é um andar solitário entre a gente; obra de arte, a um fato histórico, a textos de conheci-
é nunca contentar se de contente; mento comum. A alusão pode ocorrer de forma explí-
é um cuidar que ganha em se perder. cita ou implícita.

É querer estar preso por vontade; Ex.: Ganhei um jogo de aniversário que foi um verda-
é servir a quem vence, o vencedor; deiro presente de grego.
é ter com quem nos mata, lealdade [...]
A expressão “presente de grego” faz alusão aos
fatos da Guerra de Tróia, em que os gregos fingiram
Referência
presentear os troianos com um cavalo de madeira
que fazia parte da estratégia grega para conseguirem
A referência é um tipo de intertextualidade explí-
invadir a cidade de Tróia e destruí-la por dentro.
cita, muito comum e necessária em trabalhos acadê-
micos, pois ao mencionar uma obra ou autor e suas
Epígrafe
LÍNGUA PORTUGUESA

ideias, o pesquisador deverá realizar as devidas refe-


rências, indicando os nomes dos títulos mencionados
ao final do trabalho. A epígrafe é uma pequena citação colocada no iní-
Para realizar esse tipo de intertextualidade, deve- cio de capítulos de livros, seções de trabalhos acadê-
mos seguir as regras da Associação Brasileira de Nor- micos ou de outros gêneros para manter uma relação
mas Técnicas – ABNT. A seguir, disponibilizamos um dessa citação com o assunto abordado na obra.
exemplo de referência com a indicação de uma das Ex.: No início deste capítulo, poderíamos ter colo-
obras citadas neste material: cado a epígrafe: “Sei que às vezes uso palavras repe-
tidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas”
(trecho da música Quase sem querer da banda Legião
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça; ELIAS, Vanda Urbana), para iniciar nosso debate sobre intertextua-
Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 3. lidade e as possibilidades de escrevermos algo com-
ed. São Paulo: Contexto, 2015. pletamente inédito em nosso contexto atual. 23
Bricolagem
Enxadachim:  Designa um trabalhador do campo,
que luta pela sobrevivência. A palavra reúne “enxa-
A bricolagem é um tipo de intertextualidade que
da” e “espadachim”.
atua explicitamente no texto, pois se refere à mes-
Taurophtongo:  Significa mugido, sendo a palavra
cla de vários elementos advindos de vários textos ou uma junção de dois termos gregos, relativos a touro
de várias obras de arte, em geral. Assim, a principal (táuros) e ao som da sala (phtoggos).
característica da bricolagem é o uso de outros frag- Embriagatinhar:  A mistura de “embriagado” e
mentos textuais para a formação de uma nova com- “(en)gatinhar” serve para designar uma pessoa que,
posição textual. de tão bêbada, chega a engatinhar.
Esse recurso foi utilizado na letra da canção Amor Velvo:  Adaptação do inglês  velvet, que significa
I love you, de Marisa Monte, na qual a cantora inseriu “veludo”. Na linguagem de Guimarães Rosa, é o
um trecho da obra O primo Basílio, de Eça de Queiroz, nome dado para uma planta de folhas aveludadas.
para compor a letra da música. Circuntristeza:  Como a própria palavra sugere,
refere-se à “tristeza circundante”.
“Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamen- Fonte: https://bit.ly/34DFj5D. Acessado em: 16/10/2020.
te! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas
sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao Diante desse complexo léxico, como traduzir
calor amoroso que saía delas, como um corpo res- expressões que até para um brasileiro pode ser difícil
sequido que se estira num banho lépido; Sentia um compreender? Por isso, a tradução é um texto inter-
acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe textual, pois cabe ao tradutor adaptar e parafrasear
que entrava enfim uma existência superiormente trechos cuja complexidade só poderia ser alcançada
interessante, onde cada hora tinha o seu intuito por falantes nativos.
diferente, cada passo conduzia um êxtase, e a alma
se cobria de um luxo radioso de sensações.” Pastiche
Eça de Queirós – O Primo Basílio
É um tipo de intertextualidade que ocorre quando
Amor I Love You – Marisa Monte um modelo estrutural serve para inspirar um novo
quadro, texto ou programa de TV. Um exemplo bem
Deixa eu dizer que te amo típico deste último era o programa de TV “Os trapa-
Deixa eu pensar em você lhões”; o modelo humorístico criado pelo trio “Os três
Isso me acalma, me acolhe a alma patetas”, na década de 1960, inspirou programas no
Isso me ajuda a viver mundo todo.
[...] O pastiche também é comum em textos imagéticos,
Meu peito agora dispara como o exemplo a seguir:
Vivo em constante alegria
É o amor que está aqui
Amor, I love you (x8)

Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente!


Era a primeira vez que lhe escreviam
Aquelas sentimentalidades
E o seu orgulho dilatava-se
Ao calor amoroso que saía delas
Como um corpo ressequido
Que se estira num banho tépido
Sentia um acréscimo de estima por si mesma
Fonte: https://www.letras.mus.br/marisa-monte/47268/. Acessado
em: 12/10/2020.

Tradução

A tradução é uma espécie de paráfrase para mui-


tos autores, pois, como sabemos, há palavras e expres-
sões que só existem na língua de origem do escritor
original. Dessa forma, a tradução de textos em línguas
Fonte: https://bit.ly/3e8lV3V. Acessado em: 12/10/2020.
diferentes é uma aproximação de sentidos, construída
a partir das leituras e do ponto de vista do tradutor.
Muitos escritores brasileiros são considerados como
“literatura complexa” por manterem em seus textos EXERCÍCIOS COMENTADOS
expressões tão brasileiras que se tornam difíceis de
expressar em outras línguas. É o caso do mineiro de 1. (UNIMONTES – 2017) Leia o texto e responda à
Cordisburgo, Guimarães Rosa, que apresenta uma questão:
linguagem peculiar repleta de neologismos, como os “Não há sinônimos em francês. Aliás, em língua
24 destacados a seguir: alguma”.
Foi o que me disse meu amigo suíço Didier Marlier, c) Citação indireta.
quando falávamos sobre a melhor palavra para definir d) Referência.
algo considerado perfeito, sem usar a palavra “perfei-
ção”, uma vez que perfeição, na verdade, só existe no A paródia, marcada na letra A, é a única alternativa
mundo das ideias. cuja marca de intertextualidade o autor não usou.
Tentamos o excelente, o maravilhoso, o sensacional, Lembramos que referência, citação direta e citação
mas nenhuma palavra atingia o objetivo. São pareci- indireta são marcas de intertextualidade que com-
das, mas diferentes, ao mesmo tempo. Acho que o preendem o mesmo tipo de intertextualidade explí-
Didier, mais uma vez, teve razão. Sua observação foi, cita. A paródia, por outro lado, diz respeito ao uso
digamos, perfeita... de um estilo para a criação de um novo texto. Res-
Por falar em palavras e em franceses, Gustave Flau- posta: Letra A.
bert era obcecado por usar a palavra certa para definir
um sentimento ou uma situação.  Consta que depois 2. (COPEVE-UFAL – 2017) Sobre a charge é correto
de escrever um texto, ele o relia à exaustão, e, cami- afirmar:
nhando pelo jardim, pronunciava em voz alta algumas
palavras até se certificar que eram as mais adequa-
Mas nós não somos
das. “Le mot just!” – dizia – “A palavra certa”. Só existe
povo. Somos
uma para cada mensagem, era sua convicção.
sobreviventes!..
Não é à toa que Flaubert é considerado o gênio do esti-
lo, o mago das palavras, a elegância personificada em
texto. Ao interpretar a tristeza de Emma, por exemplo,
escreveu: “Ela não era feliz e jamais o fora. Por que era
tão frustrante a vida que levava, por que tudo em que
se apoiava decompunha-se e ruía?”.
Ah, Flaubert, como não se enternecer com Emma
Bovary.
Ele também não acreditava em sinônimos. Pode haver Charge de Nunes Lima, publicada na Gazeta de Alagoas nos anor 80.
palavras que expressem o mesmo sentido, querem
dizer a mesma coisa, mas, na hora da aplicação, no a) a constituição texto e imagem resulta na ausência de
momento de construir a frase, considerando o instan- intertextualidade.
te, a situação, a carga emocional, a ênfase que se quer b) a mensagem é fundamentada na inexistência de ele-
dar, só há uma palavra adequada e pronto. Cabe-nos mentos básicos da narração.
encontrá-la para dar precisão e poesia ao escrito, ou c) a tese contida na fala do personagem está dissociada
ao dito. do conjunto de imagens.
Apesar disso, existe a sinonímica, o capítulo da lin- d) a expressão verbal é monológica, pois se refere a uma
guística que se dedica a estudar os sinônimos, suas reflexão individual do personagem.
semelhanças, peculiaridades e aplicações.  É quem e) apesar de pictórico, o conjunto expressivo se estrutura
nos explica que comprido e longo são sinônimos, nos principais elementos da narrativa: personagem,
mas que uma calça é comprida enquanto um vestido fala, espaço e enredo.
é longo. E que pedra e rocha são sinônimos também,
mas que a dinamite explode uma rocha da montanha, Temos o elemento da intertextualidade que se apre-
enquanto o garoto atira uma pedra no lago. senta tanto na fala da personagem como na situa-
Pois é. As palavras são parecidas, mas não semelhan- ção que podemos observar na charge: personagens
tes. Ou seria o contrário? Usá-las adequadamente pode que aparentam ter uma condição socioeconômica
parecer simples, mas não é fácil. Ôps! Sinônimos... debilitada e não se veem nem mesmo como mem-
A conversa com o filósofo dos Alpes  me fez pensar bros da sociedade, mas apenas sobreviventes nesse
sobre quantas palavras eu mesmo tenho alguma difi- sistema. Resposta: Letra E.
culdade em usar, e percebo que o mesmo acontece
com meus interlocutores. Vamos a alguns exemplos
de palavras frequentes, com seus erráticos sinônimos
ou antônimos.
Humildade e pobreza. A humildade é uma qualidade DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL
desejada e apreciada, com frequência atribuída a pes-
soas que admiramos, citada em várias passagens da As regras de ortografia são muitas e, na maioria
bíblia, e exaltada como marca de caráter e de sabedo- dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
ria. Humildade, com frequência, é usada como sinô- lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
LÍNGUA PORTUGUESA

nimo de pobreza – só que não é. É melhor interpretar vezes, é derivada de processos históricos de evolução
o significado de humildade por seu antônimo. Sim, o da língua.
oposto de humildade é a arrogância. O humilde não é Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
o pobre. É o sem soberba, esta sim, um bom sinônimo que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
de arrogância. leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
fia das palavras.
Para construir sua argumentação, o autor lança Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
mão de diversos tipos de intertextualidade, entre os parte das regras não são efêmeras, porém, são em
quais não se pode citar: grande número. Neste material, iremos apresen-
tar uma forma condensada e prática de nunca mais
a) Paródia. esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
b) Citação direta. vras são acentuadas. 25
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu- cada palavra. As palavras classificam-se em monossí-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras labas (se apresentam apenas uma sílaba) ou polissíla-
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto bas (mais de uma sílaba).
à escrita correta. Veja: Veja alguns exemplos:

z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. Separam-se:


Ex.: ameixa, frouxo, trouxe.
z Hiatos: sa-í-da; va-zi-o.
USAMOS X: USAMOS CH: z Dígrafos (RR, SS, SC, SÇ, XC): car-ro; ces-são; cons-
-ci-ên-cia; cres-ça; ex-ce-ção.
� Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se z Vogais iguais / grupo consonantal CC (Ç): Co-or-de-
a palavra não for derivada a palavra for derivada de -nar; ca-a-tin-ga/fic-ção; con-fec-cionar.
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH: z Encontros consonantais disjuntos (pt, dv, gn, bs,
CH: enxerido, enxada encher, encharcar tm, ft, ct, ls): Ap-ti-dão; ad-vo-ga-do; dig-no; ab-sol-
� Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas -ver; rit-mo; as-pec-to; con-vul-são.
xa, faixa de vocábulos que são gra-
� Depois da sílaba ini- fados com CH: recauchu-
Não se separam:
cial me se a palavra não tar, fechadura
for derivada de vocábulo
z Ditongos e Tritongos: Gló-ria/ U-ru-guai.
iniciado por CH: mexer,
mexilhão z Dígrafos (CH, LH, NH, GU, QU): cha-ve; ga-lho;
ni-nho; lin-gui-ça; quei-jo.
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020. z Encontros consonantais em sílaba inicial: psi-có-
-lo-go; pneu.
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi-
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem; TONICIDADE SILÁBICA
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio; Quanto à tonicidade, as sílabas são divididas em
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; monossílabas (átonas e tônicas), oxítonas, paroxítonas
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou e proparoxítonas. Para reconhecermos a sílaba tônica
-jer. Ex.: viajar, lisonjear; (forte) de uma palavra basta pronunciarmos o vocábu-
Termos derivados do latim escritos com j. lo e notar qual sílaba é pronunciada com mais força.
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente,
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando Monossílabas Átonas
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa.
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio- Os monossílabos átonos são designados assim, pois
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês não apresentam autonomia fonética, sendo, portanto,
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; pronunciados de forma fraca em seus contextos de uso.
inglês; marquesa; duquesa. Ex.: Essa chance nos foi dada.
Palavras que designam qualidade, cuja termina-
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: Monossílabas Tônicas
Embriaguez; lucidez; acidez.
Os monossílabos tônicos apresentam autonomia
Essas regras para correção ortográfica das pala- fonética e, por isso, são proferidos fortemente nos
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é contextos de uso em que aparecem. É importante fri-
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- sar que nem todo monossílabo tônico será acentuado,
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática. Ex.: “Essa chance foi dada a nós”.
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos Oxítonas
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de
informação, pois além de contribuir para seu conhe-
São chamadas assim as palavras que apresentam
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa
tonicidade na última sílaba, sendo esta, portanto, a
também aumentará.
sílaba mais forte.
Ex.: mo-co-tó, pa-ra-béns, vo-cê.
NÚMERO DE SÍLABAS

Antes de compreendermos os processos norteado- Paroxítonas


res da divisão silábica, é importante identificar uma
sílaba. Sílaba é um grupo de palavras que se pronun- São chamadas assim as palavras que apresentam a
cia em apenas uma emissão de voz, como a palavra sílaba tônica na penúltima sílaba.
“pá”, por exemplo. Ex.: a-çú-car.
Para compreender o processo de formação silábi-
ca e, consequentemente, reconhecer os números de Proparoxítonas
sílabas em uma palavra, é fundamental saber como
dividir a palavra em sílabas. São chamadas assim as palavras que apresentam a
Esse processo é chamado de divisão silábica e sílaba tônica na antepenúltima sílaba.
26 constitui a identificação e delimitação das sílabas de Ex.: rá-pi-do.
Notações Léxicas z Também devemos empregar hífen em palavras
formadas pelos sufixos de origem tupi-guara-
São notações léxicas todos os sinais e símbolos ni, como Açu, Guaçu, Mirim. Ex.: amoré-guaçu;
acessórios que servem para auxiliar a pronúncia das capim-açu.
palavras. Vejamos alguns exemplos:
Dica
z Acento agudo (´): sinal com um traço oblíquo para
direita que indica sílaba tônica em palavras que A reforma ortográfica de 2009 eliminou o hífen
precisam ser sinalizadas; das palavras compostas por justaposição com
z Acento circunflexo (^): sinal que indica vogal um termo de ligação. Assim, palavras como Pé
tônica e fechada em palavras que precisam ser de moleque, que antes contavam com o hífen,
sinalizadas; agora já não utilizam mais. Porém, não foram
z Acento grave (`): sinal com traço oblíquo para todas as palavras justapostas que foram atin-
esquerda que representa a junção de duas vogais gidas pela reforma; palavras justapostas que
A em funções sintáticas diferentes, fenômeno cha- designam plantas ou bichos ainda são escritas
mado de crase; com hífen. Ex.: Cana-de-açúcar; pimenta-do-rei-
z Diacrítico til (~): indica nasalização em som vocá- no; castanha-do-Pará; João-de-barro; bem-te-vi;
lico, não é considerado um sinal.
porco-da-Índia.
Uso do hífen
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
O hífen é um sinal diacrítico cujo uso foi reformu-
Muitas são as regras de acentuação das palavras
lado com a reforma ortográfica da língua que entrou
em vigor em 2009 no Brasil. da língua portuguesa; para compreender essas regras,
A reforma uniformizou o uso do hífen em muitos faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
contextos, o que podemos ver como uma facilitação respeitar a divisão das sílabas.
do aprendizado de quando usá-lo ou não.
A regra básica para o aprendizado do uso do hífen, Regras de Acentuação
conforme o novo acordo ortográfico, é esta:
z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-
z Palavras com final em vogais iguais: Usa-se hífen. labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
Ex.: micro-ondas, anti-inflamatório. chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
Porém, é preciso ficar atento às exceções a essa nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
regra geral. Por isso, iremos apresentar alguns exem- raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
plos para organizar o uso desse diacrítico e facilitar z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
seu aprendizado. nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
z Exceções: os prefixos Pre, Pro, Co, Re não serão abdômen, hímen.
unidos por hífen quando o segundo termo apre-
sentar vogal, seja igual seja diferente. Ex.: coo- Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
rientador, coautor, preenchimento, reeleição, ditongo.
reeducação, preestabelecer.
Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
z Nos prefixos Sub, Hiper, Inter, Super, o hífen rádio etc.
deve permanecer caso a palavra seguinte seja ini-
ciada pelas consoantes H ou R. Ex.: sub-hepático, z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
hiper-requintado, inter-racial, super-racional. fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
z Hífen com os dígrafos RR e SS: o hífen não é mais ser acentuadas!
utilizado em palavras formadas de prefixo termi-
nado em vogal seguido de palavra iniciada por R Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-
ou S. Ex.: antessala, autorretrato, contrarregra, mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
antirrugas etc. vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
z É importante esclarecer que em prefixos termina-
ou proparoxítona.
LÍNGUA PORTUGUESA

dos em vogais, aplicados a palavras cuja primei-


São as chamadas proparoxítonas aparentes.
ra letra seja H, o hífen permanece. Ex.: anti-herói;
Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
anti-higiênico; extra-humano; semi-herbáceo.
final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
z Já os prefixos Pré, Pró, Pós (quando acentuados), pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
Ex, Vice, Soto, Além, Aquem, Recém, Sem devem palavras:
ser empregados sempre com hífen. Ex.: pré-natal;
pró-democrata; pós-graduação; ex-prefeito; vice- HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A
-governador; soto-mestre; além-mar; aquém-ocea- VÁ-CUO/ VA-CU-O
no; recém-nascido; sem-teto. PÁ-TIO/ PÁ-TI-O
z Palavras formadas por Circum e Pan, adicionadas
a palavras iniciadas por vogal, H, M ou N, usam Antes de concluir, é importante mencionar o uso
hífen. Ex.: circum-navegação; pan-americano. do acento nas formas verbais TER e VIR: 27
Ele tem / Eles têm entre as ideias, fazendo com que o texto seja inteli-
Ele vem / Eles vêm gível e faça sentido em determinado contexto. A res-
peito disso, temos a coerência textual, que está ligada
Percebam que, no plural, essas formas admitem o diretamente à significação do texto, aos sentidos que
uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân- ele produz para o leitor.
cia verbal quando usar esses verbos.
COESÃO COERÊNCIA

Utiliza-se de elementos su- Subjacente ao texto, enfa-


EXERCÍCIOS COMENTADOS perficiais, dando-se ênfase tiza-se o conteúdo e a pro-
na forma e na articulação dução de sentido/relação
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir em relação à con- entre as ideias lógica
formidade com a norma-padrão da língua: “As opera-
ções de saída com destino a empresas do comercio Fonte: Elaborado pela autora.
varejista e insumos agropecuários dispõem de isen-
ção fiscal e redução de base de cálculo, conforme já Podemos usar uma metáfora muito interessante
prevê em lei, desde que observados os requisitos exi- quando se trata de compreender os processos de coe-
gidos para cada caso.” são e coerência.
Essa metáfora nos leva a comparar um texto com um
( ) CERTO  ( ) ERRADO prédio, tal qual uma boa construção precisa de um bom
alicerce para manter-se em pé; um texto bem construí-
Ainda que tenha sido respeitadas quase todas as do depende da organização das nossas ideias, da forma
regras gramaticais, faltou o acento da palavra como elas estão dispostas no texto. Isso significa que pre-
“comércio”, que deve ser acentuada, pois é uma paro- cisamos utilizar adequadamente os processos coesivos,
xítona terminada em ditongo. Resposta: Errado. a fim de defendermos nossas ideias adequadamente.
Por isso, neste capítulo, iremos apresentar as prin-
2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von- cipais formas de marcação, em um texto, de processos
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra que buscam organizar as ideias em um texto, princi-
mostra também nossos limites”. palmente, os processos de coesão que, como dissemos,
Numa nova e igualmente correta redação da frase apresentam um apelo mais forte às formas linguísti-
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um cas que os processos envolvendo a coerência.
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta Antes, porém, faz-se mister indicar mais algumas
coerente complementação: “não fosse a beleza que características da coerência em um texto e como esse
também têm na quebra mesma da nossa vontade”. processo liga-se não apenas às formas gramaticais,
mas, sobretudo, ao forte teor cognitivo. Tendo em
( ) CERTO  ( ) ERRADO vista que a coerência é construída, tal qual o sentido,
coletivamente, não por acaso, o grande linguista e
A forma verbal ter admite a marcação de plural estudioso da língua portuguesa, Luis Antonio Marcus-
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons- chi (2007) afirmou que a coerência é “algo dinâmico
trução da frase mencionada o sujeito está no singu- que se encontra mais na mente que no texto”.
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo Dito isso, usamos as palavras de Cavalcante (2013)
citado. Resposta: Errado. para esclarecer ainda mais o conceito de coerência e
passarmos ao estudo detalhado dos processos de coe-
são. A autora afirma que a coerência:
DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE [...] Não está no texto em si; não nos é possível
COESÃO TEXTUAL apontá-la, destacá-la ou sublinha-la. Ela se constrói
[...] numa dada situação comunicativa, na qual o
EMPREGO DE ELEMENTOS DE REFERENCIAÇÃO, leitor, com base em seus conhecimentos sociocogni-
SUBSTITUIÇÃO E REPETIÇÃO, DE CONECTORES tivos e interacionais e na materialidade linguística,
E DE OUTROS ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO confere sentido ao que lê (2013, p.31).
TEXTUAL
A seguir iremos nos deter aos processos de coesão
Ao elaborarmos um texto, devemos buscar organi- importantes para uma boa compreensão e elaboração
zar as ideias apresentadas de modo a torná-lo coeso e textual. É importante destacar que esses processos
coerente. Porém, como fazer para que essa organiza- de coesão não podem ser dissociados da construção
ção mantenha esse padrão? Para descobrir, primeiro de sentidos implícita no processo de organização da
é preciso esclarecer o que é coesão e o que é coerência coerência. No entanto, como nossa finalidade é tornar
e por que buscar esse padrão é importante. seu aprendizado mais fácil, separamos esses conceitos
Os textos não são somente um aglomerado de pala- com fins estritamente didáticos.
vras e frases escritas. Suas partes devem ser articula-
das e organizadas harmoniosamente de maneira que Coesão referencial
o texto faça sentido como um todo. A ligação, a rela-
ção, os nexos entre essas partes estabelecem o que se A coesão é marcada por processos referenciais
chama de coesão textual. Os articuladores responsá- relaciona termos e ideias a partir de mecanismos que
veis por essa “costura” do tecido (tessitura) do texto inserem ou retomam uma porção textual. Os proces-
são conhecidos como recursos coesivos que devem ser sos marcados pela referenciação caracterizam-se pela
28 articulados de forma que garanta uma relação lógica construção de referentes em um texto, os quais se
relacionam com as ideias defendidas no texto. Esse processo é marcado por vocábulos gramaticais e pode ser
reconhecido pelo uso de algumas classes de palavras, das quais falaremos a seguir.
Antes, porém, faz-se mister reconhecer os processos referenciais que envolvem o uso de expressões anafóricas
e catafóricas. Conforme Cavalcante (2013), “as expressões que retomam referentes já apresentados no texto por
outras expressões são chamadas de anáforas”. Vejamos o exemplo a seguir:

O Rocky Balboa era um humilde lutador de bairro, que vivia de suas discretas lutas, no início de sua carreira.
Segundo seu treinador Mickey, Rocky era um jovem promissor, mas nunca se interessou realmente em evoluir,
preferiu trabalhar para um agiota italiano chamado Tony Gazzo, com quem manteve uma certa amizade. Gaz-
zo gostava de Rocky por ele ser descendente de italiano e o ajudou dando US$ 500,00 para o seu treinamento, na
primeira luta que fez com Apollo Creed.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rocky_Balboa. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.

A partir da leitura, podemos perceber que todos os termos destacados fazem referência a um mesmo referente:
Rocky Balboa. O processo de referenciação utilizado foi o uso de anáforas que assumem variadas formas gramaticais
e buscam conectar as ideias do texto.
Já os processos referenciais catafóricos apontam para porções textuais que ainda não foram mencionadas ante-
riormente no texto, conforme o exemplo a seguir: “Os documentos requeridos para os candidatos são estes: Identi-
dade, CPF, Título de eleitor e reservista”

Dica
Em provas de concursos e seleções, ainda se encontra a terminologia “expressões referenciais catafóricas”,
remetendo ao uso já indicado no material. No entanto, é importante salientar que, para linguistas e estudiosos,
as anáforas são os processos referenciais que recuperam e/ou apontam para porções textuais.

Uso de pronomes ou pronominalização

Utilizar pronomes para manter a coesão de um texto é essencial, evitando-se repetições desnecessárias que
tornam o texto cansativo para o leitor. Como a classe de pronomes é vasta, vamos enfatizar neste estudo os prin-
cipais pronomes utilizados em recursos textuais para manter a coesão.
A pronominalização é a base de recursos anafóricos e recuperam porções textuais ou ainda um nome especí-
fico a que o autor faz referência no texto. Vejamos dois exemplos:

O primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden foi quente, com diversas interrupções e acusações
pesadas. […] O primeiro ponto discutido foi a indicação de Trump da juíza conservadora Amy Barrett para a
Suprema Corte, depois da morte de Ruth Bader Ginsburg. O presidente defendeu que tem esse direito, pois os
republicanos têm maioria no Senado [Casa que ratifica essa escolha] e criticou os democratas, dizendo “que
eles ainda não aceitaram que perderam a eleição”. […].
O segundo ponto discutido foi a covid-19. Os EUA são o país mais atingido pela pandemia - são 7 milhões
de casos e mais de 200 mil mortos. O âncora Chris Wallace perguntou aos dois o que eles fariam até que uma
vacina aparecesse. Biden atacou o republicano dizendo que Trump “não tem um plano para essa tragédia”. Já
Trump começou sua resposta atacando a China - “deveriam ter fechado suas fronteiras no começo” -, colocou
em dúvida as estatísticas da Rússia e da própria China e, com pouca modéstia, disse que fez um “excelente tra-
balho” nesse momento dos EUA.

Fonte: https://br.noticias.yahoo.com/eleicoes-eua-debate-025314998.html. Acessado em: 30/09/2020. Adaptado.

Após a leitura do texto, é possível notar que a recuperação da informação apresentada é feita a partir de mui-
tos processos de coesão, porém, o uso dos pronomes destacados recupera o assunto informado e ajuda o leitor
a construir seu posicionamento. É importante buscar sempre o elemento a que o pronome faz referência; por
exemplo, o primeiro pronome pessoal destacado no texto refere-se ao termo “republicanos”, já o segundo, faz
referência aos presidenciáveis que participavam do debate. Nota-se, com isso, que esses pronomes apontam para
uma parcela objetiva do texto, diferente do pronome “essa”, associado ao substantivo “tragédia”, que recupera
LÍNGUA PORTUGUESA

uma parcela textual maior, fazendo referência ao momento de pandemia pelo qual o mundo passa.
O uso de pronomes pode ser um aliado na construção da coesão, porém, o uso inadequado pode gerar ambiguida-
des, ocasionando o efeito oposto e prejudicando a coesão. Ex.: Encontrei Matheus, Pedro e sua mulher.
Não é possível saber qual dos homens estava acompanhado.
Por fim, destacamos que as classes de palavras relacionadas neste capítulo com os processos de coesão não
podem ser vistas apenas sob a ótica descritiva-normativa, amplamente estudada nas gramáticas escolares. O inte-
resse das principais bancas de concursos públicos é avaliar a capacidade interpretativa e racional dos candidatos,
dessa feita, a análise de processos coesivos visa analisar a capacidade do candidato de reconhecer a que e qual
elemento está construindo as referências textuais.

29
Uso de numerais acima, a oração “Belchior foi um cantor, compositor,
músico, produtor, artista plástico e professor” apre-
Conforme mencionamos anteriormente, o uso de senta seis nomes que funcionam como adjetivos de
categorias gramaticais concorre para a progressão tex- Belchior e, ao mesmo tempo, acrescentam informações
tual; uma das classes gramaticais que auxilia esse pro- sobre essa personalidade, referida anteriormente.
cesso é o uso de numerais. É importante recordar que não podemos identifi-
Neste subtópico, iremos focar no valor coesivo que car uma classe de palavra sem avaliar o contexto em
essa classe promove, auxiliando na ligação de ideias que ela está inserida. No exemplo mencionado, as
em um texto. Dessa forma, as expressões quantitati- palavras cantor, compositor, músico, produtor, artis-
vas, em algumas circunstâncias, retomam dados ante- ta, professor são substantivos que funcionam como
riores numa relação de coesão.
adjetivos e colaboram na construção textual.
Ex.: Foram deixados dois avisos sobre a mesa: o pri-
meiro era para os professores, o segundo para os alunos.
As formas destacadas são numerais ordinais que Uso de verbos vicários
recuperam informação no texto, evitando a repetição
de termos e auxiliando no desenvolvimento textual. O vocábulo vicário é oriundo do latim vicarius e
significa “fazer as vezes”; assim, os verbos vicários
Uso de advérbios são verbos usados em substituição de outros que já
foram muito utilizados no texto.
Muitos advérbios auxiliam no processo de recupe- Ex.: A disputa aconteceu, mas não foi como nós
ração e instauração de ideias no texto, auxiliando o esperávamos.
processo de coesão. As formas adverbias que marcam O verbo “acontecer” foi substituído na segunda
tempo e espaço podem também ser denominadas de oração pelo verbo “foi”.
marcadores dêiticos, caso dos seguintes elementos:
Hoje, aqui, acolá, amanhã, ontem...
ALGUNS VERBOS VICÁRIOS IMPORTANTES
Percebam que esses advérbios só podem ser asso-
ciados a um referente se forem instaurados no discur- Ser - “Ele trabalha, porém não é tanto assim”
so, isto é, se mantiverem associação com as pessoas Fazer - “Poderíamos concordar plenamente, mas não o
que produzem as falas. Assim, uma pessoa que lê fizemos”
“hoje não haverá aula” em um cartaz na porta de uma Aceitar - “Se ele não acatar a promoção não aceita por
sala compreenderá que a marcação temporal refere- falta de interesse”
-se ao momento em que a leitura foi realizada. Por Foi - “Se desistiu da vaga, foi por motivos pessoais”
isso, esses elementos são conhecidos como dêiticos.
Independentemente de como são chamados, esses Uso de elipse
elementos colaboram para a ligação de ideias no tex-
to, auxiliando também a construção da coesão textual.
A elipse é uma forma de omissão de uma informação
já mencionada no texto. Geralmente, estudamos a
Uso de nominalização
elipse mais detalhadamente na seção de figuras de
linguagem de uma gramática; neste material, iremos
As expressões que retomam ideias e nomes, já apre-
nos deter a maiores aspectos da elipse também nessa
sentados no texto, mediante outras formas de expressão,
seção. Aqui é importante salientar as propriedades
podem ser analisadas como processos nominalizado-
recategorizadoras e referenciais da elipse, com o pro-
res, incluindo substantivos, adjetivos e outras classes
nominais. pósito de manter a coesão textual.
Essas expressões recuperam informações median- Conforme Antunes (2005, p. 118), a elipse como
te novos nomes inseridos no texto, ou ainda, com o
recurso coesivo “corresponde à estratégia de se omitir
uso de pronomes, conforme vimos anteriormente.
um termo, uma expressão ou até mesmo uma sequên-
Vejamos um exemplo:
cia maior (uma frase inteira, por exemplo) já introdu-
zidos anteriormente em outro segmento do texto, mas
Antonio Carlos Belchior, mais conhecido como Bel- recuperável por marcas do próprio contexto verbal”.
chior foi um cantor, compositor, músico, produtor, Vejamos como ocorre, a partir do segmento abaixo:
artista plástico e professor brasileiro. Um dos mem-
bros do chamado Pessoal do Ceará, que inclui Fagner,
“O Brasil evoluiu bastante
Ednardo, Amelinha e outros. Bel foi um dos primeiros
desde o início do século
cantores de MPB do nordeste brasileiro a fazer sucesso
XXI. O país proporcionou a
internacional, em meados da década de 1970.
inclusão social de muitas
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Belchior. Acessado em: pessoas. A nação obteve SEM ELIPSE
30/09/2020. Adaptado. notoriedade internacional
por causa disso. A pátria,
Todas as marcações em negrito fazem referência ao porém, ainda enfrenta cer-
nome inicial Antônio Carlos Belchior; os termos que se tas adversidades...”
referem a esse nome inicial são expressões nominaliza-
dores que servem para ligar ideias e construir o texto. “O Brasil evoluiu bastante des-
de o início do século XXI e pro-
porcionou a inclusão social
Uso de adjetivos
de muitas pessoas, por causa COM ELIPSE
disso obteve notoriedade in-
Os adjetivos também são considerados expressões
ternacional, porém ainda en-
nominalizadoras que fazem referência a uma porção
frenta certas adversidades...”
30 textual ou a uma ideia referida no texto. No exemplo
Coesão sequencial
Trabalhou como um
COMPARATIVA
A coesão sequencial é responsável por organi- escravo.
zar a progressão temática do texto, isto é, garantir a Conforme o Ministro da
manutenção do tema tratado pelo texto de maneira a CONFORMATIVA Economia, os concursos
promover a evolução do debate assumido pelo autor. não irão acabar.
Essa coesão pode ser garantida, em um texto, a par-
tir de locuções que marcam tempo, conjunções, desi- Ainda que vivamos um
nências e modos verbais. Neste material, iremos nos período de poucos con-
deter, sobretudo, aos processos de conjunções que são CONCESSIVA
cursos, não podemos
utilizadas para garantir a progressão textual. desanimar.

Conjunções Coordenativas Se estudarmos, conse-


CONDICIONAL
guiremos ser aprovados!
As conjunções coordenativas são aquelas que
À proporção que aumen-
ligam orações coordenadas, ou seja, orações de valor
tava seus horários de
semântico independente. Na construção textual, elas PROPORCIONAL
estudo, mais forte o can-
são importantes, pois, com seus valores, adicionam
didato se tornava.
informações relevantes ao texto.
Exemplos de conjunções coordenativas atuando Estudava sempre com
na coesão: FINAL afinco, a fim de ser
aprovado.
Não apenas conversava
Quando o edital for pu-
com os demais alunos
ADITIVA TEMPORAL blicado, já estarei adian-
como também atrapalha-
tado nos estudos.
va o professor.
Eram ideias interessantes,
ADVERSATIVA porém ninguém concor- Importante!
dou com elas.
Não confundir:
Superou o estigma que pre-
ALTERNATIVAS gava “ou estuda, ou trabalha” Afim de – Relativo à afinidade, semelhança:
e conseguiu ser aprovada. “Física e Química são disciplinas afins”.
A fim de – Relativo a ter finalidade, ter como obje-
Ao final, faça os exercí-
EXPLICATIVA cios, pois é uma forma de
tivo, com desejo de: “Estou a fim de comer pastel”.
praticar o que aprendeu.
O candidato não cumpriu Conjunções Integrantes
sua promessa. Ficamos,
CONCLUSIVA
portanto, desapontados As conjunções integrantes fazem parte das orações
com ele. subordinadas, na realidade, elas apenas integram,
ligam uma oração principal a outra, subordinada.
Perceba que as ideias ligadas pelas conjunções Como podemos notar, o papel dessas conjunções é
precisam manter uma relação contextual, estabeleci-
essencialmente coesivo, tendo em vista que elas são
da pela coerência e demonstrada pela coesão. Por isso,
“peças” que unem as orações. Existem apenas dois
orações como esta: “Não gosto de festas de aniversá-
rio, mas não vou à sua” estão equivocadas, pois as tipos de conjunções integrantes: que e se.
ideias ligadas não estabelecem uma relação de adver-
sidade, como demonstra a conjunção “mas”. Quando é possível subs-
Quero que a prova esteja
tituir o que pelo pronome
Conjunções Subordinativas fácil.
isso, estamos diante de
Quero = isso
uma conjunção integrante
Tal qual as conjunções coordenativas, as subordi-
nativas estabelecem uma ligação entre as ideias apre- Sempre haverá conjunção
sentadas num texto, porém, diferentemente daquelas, integrante em orações Perguntei se ele estava
estas ligam ideias apresentadas em orações subordi- substantivas e, conse- em casa.
LÍNGUA PORTUGUESA

nadas, ou seja, orações que precisam de outra para quentemente, em perío- Perguntei = isso
terem o sentido apreendido. dos compostos
Exemplos de conjunções subordinativas atuando
na coesão: Uso de Repetições

Como não havia estudado As recorrências de repetições em textos são comu-


CAUSAL suficiente, resolvi não mente recusadas pelos mestres da língua portuguesa.
fazer essa prova. Sobretudo, quando o assunto é redação, muitos pro-
fessores recomendam em uníssono: evite repetir pala-
Falaram tão mal do filme vras e expressões!
CONSECUTIVA que ele nem entrou em
cartaz.
31
No entanto, a repetição é um recurso coesivo 1 O Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um
essencial para manter a progressão temática do texto, sistema público que organiza os serviços de assistência
isto é, para que o tema debatido no texto não seja per- social no Brasil. Com um modelo de gestão participativa, ele
dido, levando o escritor a fugir da temática.
4 articula os esforços e os recursos dos três níveis de governo,
Embora também não recomendemos as repetições
isto é: os dos municípios, dos estados e da União, para a
exageradas no texto, sabemos valorizar seu uso ade-
execução e o financiamento da Política Nacional de
quado em um texto; por isso, apresentamos, a seguir,
7 Assistência Social, envolvendo diretamente estruturas e
alguns usos comuns dessa estratégia coesiva.
marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais e do
Distrito Federal.
CONTEXTOS DE USO ADEQUADO DE REPETIÇÕES

O candidato foi encontra- A questão requer conhecimentos sobre a articula-


do com duzentos milhões ção textual, envolvendo aspectos de coesão textual.
Marcar ênfase É preciso localizar o elo que envolve o pronome ele e
de reais na mala, duzen-
tos milhões! o termo modelo, por isso, é eficaz retornar ao trecho
do texto.
Marcar contraste Existem Políticos e políticos. A partir de sua leitura, podemos observar que o
termo modelo faz parte de uma locução preposi-
“Agora que sentei na minha
tiva cujo valor semântico é de posse, logo, algo ou
cadeira de madeira, junto à
alguém possui um “modelo de gestão participativa”.
minha mesa de madeira,
Quem possui essa gestão é o suas, que é retomado
colocada em cima deste
anaforicamente pelo pronome ele.
assoalho de madeira, olho
Marcar a continuidade Portanto, ele retoma o sintagma Sistema Único de
minhas estantes de ma-
temática Assistência Social. Resposta: Errado.
deira e procuro um livro
feito de polpa de madeira
para escrever um artigo 2. (CPCON – 2019)
contra o desmatamento
florestal” Millôr Fernandes. O Ministério da Educação defende que a saída está na
iniciativa privada. É por aí?
Uso de Paráfrase
1 Num país tão injusto quanto o nosso, a educação deveria

A paráfrase é um recurso de reiteração que propor- 2 ser totalmente pública. Mas, diante dessa impossibilidade,

ciona maior esclarecimento sobre o assunto tratado no 3 não discordo da presença da iniciativa privada e penso nos

texto. A paráfrase é utilizada para voltar a falar sobre 4 benefícios que a opção trouxe para países como Chile e
algo utilizando-se de outras palavras. Conforme Antu- 5 Coreia do Sul. Ou nas parcerias público-privadas que
nes (2005, p. 63), “alguma coisa é dita outra vez, em 6 existem na Holanda. Mas prefiro centrar a resposta nos
outro ponto do texto, embora com palavras diferentes”. 7 estilos de gestão que caracterizam os sistemas público e
Vejamos o seguinte exemplo: 8 privado. A História demonstra que o ensino público é o
9 único que atinge as classes desfavorecidas. Mas o faz de
Ceará goleia Fortaleza no Fortaleza é goleado pelo 10 forma ineficiente, e por vezes, excludente. O setor privado é
Castelão. Ceará no Castelão. 11 muito mais eficiente, criativo e flexível, mas está dirigido a
12 quem pode pagar. As características de cada setor deveriam
Os textos acima poderiam ser manchetes de jornais
13 se completar. As bolsas oferecidas pelas privadas têm
da capital cearense. A forma como o texto se apresen-
ta indica que a ênfase dada ao nome dos times, em 14 remediado o problema. Já introduzir dinamismo na gestão

posições diferentes, cumpre um papel importante na 15 pública é bem mais difícil, diante do encruado corporativismo.
progressão temática do texto. 16 Sem contar a dificuldade de ter diretores que sejam gestores
17 e não executores de instruções. Já no privado, é fundamental
Além dessa função, a paráfrase pode ser marcada pelo
18 ter um controle rígido e punitivo sobre as universidades
uso de expressões textuais bem características, como: em
19 caça-níqueis, que roubam e enganam alunos pobres, além
outras palavras, em outros termos, isto é, quer dizer, em
20 de desqualificar o sistema. (Isto É, 24/04/19)
resumo, em suma, em síntese etc. Essas expressões indi-
cam que algo foi dito e passará a ser ressignificado no tex-
A respeito dos vínculos estabelecidos no texto, eviden-
to, garantindo a informatividade do texto.
ciam-se diferentes mecanismos de coesão, pois

I. O fato de a educação não ser totalmente pública e


o da presença da iniciativa privada são informações
EXERCÍCIOS COMENTADOS retomadas pelas expressões “dessa impossibilidade”
(2) e “opção” (4), respectivamente, caracterizando um
1. (QUADRIX – 2019) Quanto ao texto, julgue o item: misto de coesão referencial e lexical.
Na linha 3, o pronome “ele” substitui o termo “modelo”. II. A contraposição entre características atribuídas ao
setor privado (10 e 11), como “ser eficiente” e “restrin-
32 ( ) CERTO  ( ) ERRADO gir-se a quem pode pagar” é sinalizada pela conjunção
coordenativa “mas”, que atua como elemento de coesão z Ênfase: na verdade, efetivamente, certamente,
sequencial. com efeito.
III. As falhas quanto às gestões pública e privada, no z Dúvida: talvez, por ventura, provavelmente,
caso, diretores não serem gestores, mas executores possivelmente.
de instruções (16 e 17), e certas universidades rouba-
z Conclusão: portanto, logo, enfim, em suma.
rem e enganarem alunos (19) são informações intro-
duzidas por orações adjetivas explicativas, cuja marca
de coesão referencial é o “que”. EMPREGO DE TEMPOS E MODOS VERBAIS

A explicação correta está expressa na(s) proposi- Modos


ção(ões) citada(s) na alternativa:
Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
a) I e III. ção enunciada pelo verbo.
b) II e III.
c) I. z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-
d) I e II. dei muito para ser aprovado.
e) II.
z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
I. A opção está incorreta, pois as informações reto- possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
madas são acionadas no texto pelo uso de coesão
z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
sequencial e lexical. A coesão sequencial é usada
para manter a articulação textual; ela promove a ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
progressão do texto mediante uso de conjunções,
pronomes, locuções etc. Tempos
II. A opção está correta, pois há uma relação de opo-
sição na oração: “O setor privado é muito mais efi- O tempo designa o recorte temporal em que a ação
ciente, criativo e flexível, mas está dirigido a quem verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
pode pagar.”. Essa oposição é marcada pela conjun- o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
ção mas, que denota o uso de coesão sequencial. Porém, existem ramificações específicas.
III. A opção está incorreta, pois na oração: “Sem
contar a dificuldade de ter diretores que sejam
z Presente: pode expressar não apenas um fato
gestores e não executores de instruções” não
atual, como também uma ação habitual. Ex.:
encontramos uma oração adjetiva explicativa, mas
restritiva, tendo em vista que compreendemos pelo Estudo todos os dias no mesmo horário.
contexto ser difícil encontrar diretores que também Uma ação passada.
tenham a característica de gestores, restringindo a Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
classe. Resposta: Letra E. Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
Conectores e formas variantes
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
Conectivos ou conectores são palavras ou expres- passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
sões que têm a função de ligar os períodos e parágra- Pretérito imperfeito: ação inacabada, que pode
fos do texto. Os conectivos podem ser conjunções ou indicar uma ação frequentativa, vaga ou durativa.
advérbios/locuções adverbiais e sempre promovem Ex.: Estudava todos os dias.
uma relação entre os termos conectados. É muito Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior à ou-
importante saber identificar a relação que indicam, tra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já trans-
pois isso pode modificar o sentido de um texto. A bordara da banheira.
seguir veremos as principais relações que os conecto-
res expressam: z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
z Adição: e, também, além disso, mas também. rei bastante ano que vem.
z Oposição: mas, porém, contudo, entretanto, no
entanto. z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
z Causa: por isso, portanto, certamente. em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
z Tempo: atualmente, nos dias de hoje, na socieda- muito, se tivesse me planejado.
LÍNGUA PORTUGUESA

de atual, depois, antes disso, em seguida, logo, até


que. A partir dessas informações, podemos também iden-
z Consequência: logo, consequentemente. tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
z Confirmação/Reafirmação: Ou seja, nesse sentido, tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
nessa perspectiva, em suma, em outras palavras, mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
dessa forma. presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
z Hipótese/Probabilidade: A menos que, mesmo que,
formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
supondo que.
z Semelhança: do mesmo modo, assim como, bem nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
como. Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
z Finalidade: afim de, para, para que, com a finalida- dos tempos simples e compostos, respectivamente:
de de, com o objetivo de.
z Exemplificação: por exemplo, a exemplo de, isto é. Flexões modo-temporais – tempos simples 33
Analogamente, para compreender bem as funções
MODO MODO
TEMPO de uma forma, seja ela uma palavra, seja um órgão,
INDICATIVO SUBJUNTIVO
precisamos conhecer como essa forma se classifica
-e(1ªconjugação) e como se organiza. Por isso, em língua portuguesa,
Presente * e -a ( 2ª e 3ª estudamos as formas das palavras na morfologia, que
conjugações) organiza as classes das palavras em dez categorias.
Pretérito -ra(3ª pessoa do A seguir, iremos estudar detalhadamente cada uma
* delas, e também acrescentamos um “bônus” para seus
perfeito plural)
estudos: as palavras denotativas, atualmente, muito
-va (1ª conjuga-
Pretérito cobradas por bancas exigentes.
ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
conjugações)
ARTIGOS
Pretérito
mais-que-per- -ra * Os artigos devem concordar em gênero e número
feito com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
Futuro -rá e -re -r minantes dos substantivos.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
Futuro do
-ria * gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
pretérito
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
segundos funcionam como determinantes imprecisos.
* Nem todas as formas verbais apresentam desi-
nências modo-temporais. z Artigos definidos: o, os; a, as.

Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas.
(Indicativo) Os artigos podem ser combinados às preposições:
são as chamadas contrações. Algumas contrações
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a =
(presente do indicativo) + verbo principal particí- à; de + a = da.
pio. Ex.: Tenho estudado. Toda palavra determinada por um artigo torna-se
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver-
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
EXERCÍCIO COMENTADO
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.: 1. (SCT – 2020) Marque a alternativa cujo período apre-
Terei saído. senta apenas artigos indefinidos:
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER
a) Uma das vantagens de ser garçonete é que acabo
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no
conhecendo todas as pessoas.
particípio. Ex.: Teria estudado.
b) A garota prefere lutar por ele, pois o considera uma
boa pessoa.
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos c) A família está em festa com a chegada do bebê.
(Subjuntivo) d) Poderia me passar a colher, por favor?
e) Mariana é uma mulher com um coração de ouro.
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- Os artigos indefinidos são “um/uma” e suas flexões
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado. de plural. A única opção que apresenta somente
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- artigos indefinidos é a e Resposta: Letra E.
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse NUMERAIS
estudado
Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim- vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Os numerais podem ser:
Ex.: (quando eu) tiver estudado.
z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
meninos eram bons em português.
DOMÍNIO DA ESTRUTURA z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
novo emprego.
A palavra morfologia refere-se ao estudo das for- z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
mas; por isso, o termo é usado pelos linguistas e tam- nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
bém pelos médicos que estudam as formas dos órgãos de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
34 e suas funções. metade do pagamento.
Um numeral ou um artigo? Tipos de Substantivos

A forma um pode assumir na língua a função de A classificação dos substantivos admite nove tipos
artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como diferentes de substantivos. São eles:
podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso. z Simples: Formados a partir de um único radical.
Durante a votação, houve um deputado que se Ex.: vento, escola;
posicionou contra o projeto. z Composto: Formados pelo processo de justaposi-
ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
z Durante a votação, apenas um deputado se posi- z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
cionou contra o projeto. substantivo. Ex.: pedra, dente;
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
pedreiro, dentista;
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen- z Concreto: Designam seres com independência
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
contra o projeto é um deputado e não uma deputada, pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
por exemplo. Deus, fada, carro;
Já na segunda oração, a alteração do gênero não z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM z Comum: Designam determinados seres e lugares.
deputado, marcando a quantidade. Ex.: homem, cidade;
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o Maria, Fortaleza;
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral.
z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre-
manada.
cede será sempre no masculino
É importante destacar que a classificação de um
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje.
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
Dica O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
A forma 14 por extenso apresenta duas for- comum).
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
Flexão de Gênero
quatorze.
Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
EXERCÍCIO COMENTADO para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
formes. Os substantivos uniformes podem ser:
1. (CONSESP – 2018) Analise os itens a seguir:
z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª).
pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª).
/ a cliente; o líder / a líder.
III. Há uma década que não o vejo (10 anos). z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino; a
Os numerais entre parênteses foram grafados correta- diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
mente, conforme apresentados em destaque, em: ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
a) 1 e 2, apenas. girafa macho / girafa fêmea.
b) 2 e 3, apenas. z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que
c) 1 e 3, apenas. não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
LÍNGUA PORTUGUESA

d) 1, 2, e 3. ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:


A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
Todas as frases colocam adequadamente os nume-
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res- Os substantivos biformes, como o nome indi-
posta: Letra D. ca, designam os substantivos que apresentam duas
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
SUBSTANTIVO professor/professora.
Destacamos que alguns substantivos apresentam
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma formas diferentes nas terminações para designar for-
característica básica dessa classe é admitir um deter- mas diferentes no masculino e no feminino:
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio-
nam-se em gênero, número e grau. Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré. 35
Outros substantivos modificam o radical para Plural dos Substantivos Compostos
designar formas diferentes no masculino e no femini-
no, estes são chamados de substantivos heteroformes: Os substantivos compostos são aqueles formados
por justaposição; o plural dessas formas obedece às
Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora. seguintes regras:

Gênero e Significação z Variam os dois elementos:

É importante salientar que alguns substantivos substantivo + substantivo:


uniformes podem aparecer com marcação de gênero Ex.: mestre-sala / mestres-salas;
diferente, ocasionando uma modificação no sentido.
Substantivo + adjetivo:
Veja, por exemplo:
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime;
Adjetivo + substantivo:
z O testemunho: relato de experiência, associado a
Ex.: boas-vindas;
religiões.
Numeral + substantivo:
Algumas formas substantivas mantêm o radical,
Ex.: terça-feira / terças - feiras.
mas a alteração do gênero interfere no significado:
z Varia apenas um elemento:
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Substantivo + preposição + substantivo.
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Ex.: canas-de-açúcar;

Além disso, algumas palavras na língua causam Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Ex.: navios-escola.
das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese; Palavra invariável + palavra invariável.
a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o Ex.: abaixo-assinados.
telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Verbo + substantivo.
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no Ex.: guarda-roupas.
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. Redução + substantivo.
Ex.: bel-prazeres.
Flexão de Número
Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas.
saca-rolha.
Porém, podem apresentar outras terminações: males,
reais, animais, projéteis etc. Geralmente, devemos acres-
Variação de Grau
centar -es ao singular das formas terminadas em R ou Z,
como: flor / flores; paz / pazes. Porém, há exceções, como A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
mal/males. de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL diminuição.
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
aceitas meles e méis. Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem fogaréu, boqueirão, poetastro.
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
tantivos que admitem até três formas de plural: Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
pequenina, papelucho.
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
z Ancião: anciãos, anciões, anciães. Dica
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas vras, podendo assumir um valor:
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão / Afetivo: filhinha;
36 órgãos; órfão / órfãos. Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.
O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva,
O novo acordo ortográfico estabelece novas regras importantes para seu estudo:
para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com z Voo de águia / aquilino;
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam: z Poder de aluno / discente;
z Cor de chumbo / plúmbeo;
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil; z Bodas de cobre / cúprico;
Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da z Sangue de baço / esplênico;
Vice-presidência. z Nervo do intestino / celíaco ou entérico;
z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um É importante destacar que mais do que “decorar”
nome próprio, este também deverá ser escrito com formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
inicial maiúscula. damental reconhecer as principais características de
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri- apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
zes e Bases da Educação (LDB). tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
da on-line.
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
Vacina; Guerra Fria. posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre- ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen zando o substantivo “abertura”.
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã- Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
-Bretanha, Timor-Leste. bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
demonstrando seu caráter adverbial.
As locuções adjetivas também desempenham fun-
EXERCÍCIO COMENTADO ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: com açúcar.
Organiza-se o sentido, nos versos 1 e 3, por meio de Já as locuções adverbiais desempenham função
sequências verbais, das quais se destaca o uso recor- de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
rente do substantivo “seco” devidamente flexionado. orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
Terra seca árvore seca fome; agiu com rapidez.
E a bomba de gasolina
Casa seca paiol seco Adjetivo de Relação
E a bomba de gasolina
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
( ) CERTO  ( ) ERRADO o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
A palavra “seco” no contexto mencionado não é Para identificar um adjetivo de relação, observe as
substantivo, e sim funciona como adjetivo. Respos- seguintes características:
ta: Errado.
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
ADJETIVO sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan-
de quem o descreve.
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos
podem indicar: z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
relação sempre são posicionados após o substanti-
LÍNGUA PORTUGUESA

z Qualidade: professor chato. vo. Ex.: casa paterna.


z Estado: aluno triste. z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. tivo por derivação prefixal ou sufixal.
z Não admitem variação de grau: os graus compa-
Locuções Adjetivas rativo e superlativo não são admitidos.

As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
dos adjetivos, indicando as mesmas características te americano (não é subjetivo; posicionado após o
deles. substantivo; derivado de substantivo; não existe a
Elas são formadas por preposição + substantivo, forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. roteiro carnavalesco. 37
Variação de Grau

O adjetivo pode variar em dois graus: Comparativo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas respectivas
categorias.

z Grau comparativo: exprime a característica de um ser, comparando-o com outro da mesma classe nos seguin-
tes sentidos:

„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;


„ Superioridade: mais do que;
„ Inferioridade: menos do que.
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios (comparativo de igualdade);
O amor é mais suficiente do que o dinheiro (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulheres (comparativo de inferioridade).

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).
O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).
Ex.: A modelo é mais alta que magra.
Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos adjetivos compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
38 ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
Veja abaixo alguns deles:

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que possuem marcas
diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber
grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria:

a) Herói nacional.
b) Guerra mundial.
c) Diferença social.
d) Povo cordial.
e) Traço cultural.

Como vimos, uma outra característica dos adjetivos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam
LÍNGUA PORTUGUESA

questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de relação. Resposta: Letra D

PRONOME

Pronomes são palavras que representam ou acompanham um termo substantivo. Dessa forma, a função dos
pronomes é substituir ou determinar uma palavra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de posse, indefinição,
quantidade, localização no tempo, no espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem papel importante na análise sintática e também na interpreta-
ção textual, pois colaboram para a complementação de sentido de termos essenciais da oração, além de estruturar
a organização textual, contribuindo para a coesão e também para a coerência de um texto.

39
Pronomes Pessoais Pronomes de Tratamento

Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- Os pronomes de tratamento são formas que expres-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são: sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
apresentam algumas peculiaridades importantes:
PRONOMES PRONOMES
PESSOAS DO CASO DO CASO z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a
RETO OBLÍQUO 2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a
1º pessoa do Me, mim, esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
EU do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
singular comigo
Constituição.
2º pessoa do
TU Te, ti, contigo z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo
singular
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do
3º pessoa do Se, si, consigo, Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje
ELE/ELA à noite.
singular o, a, lhe

1ª pessoa do Como mencionamos anteriormente, os pronomes


NÓS Nos, conosco.
plural de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
2º pessoa do mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
VÓS Vos, convosco
plural instituídos pelos falantes.
3º pessoa do Se, si, consigo, Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes
ELES/ELAS de tratamento só devem ser utilizados em contextos
plural os, as, lhes
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre
Os pronomes pessoais do caso reto costumam outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. de tratamento com as funções sociais que designam:
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio-
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
com o namorado; Maura saiu comigo. ques e seus respectivos femininos;
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor- z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
mei-o sobre todas as questões. e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
respectivos femininos;
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes;
a ele). z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra-
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento
Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais cerimonioso a comerciantes importantes;
são pronomes substantivos; além disso, é importan- z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre- z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós Bispos.
podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
que exercem. Os exemplos acima fazem referência a pronomes
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados de tratamento e suas respectivas designações sociais
com força e precedidos de preposição. Costumam ter conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre-
função de complemento: sidência da República; portanto, essas designações
devem ser seguidas com atenção quando o gênero
z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco textual abordado for um gênero oficial.
(plural). Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata-
mento, é importante destacar:
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
(plural). dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s) Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o
Importante lembrar que não devemos usar prono- acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
mes do caso reto como objeto ou complemento ver- O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri-
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do da República nunca deve ser abreviado.
caso reto como complemento verbal, desde que ante-
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou Pronomes Indefinidos
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
trei apenas ela na festa. Os pronomes indefinidos indicam quantidade de
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci- maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni- pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
40 cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos. variar e podem ser invariáveis, vejamos:
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo, Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras; falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan- sa sua expressão.
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc. Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem;
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que. z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
As palavras certo e bastante serão pronomes quem é aquele ali perto da porta?
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e z Referência a um tempo muito remoto, um passado
serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer- muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
modelo de carro certo (adjetivo).
A palavra bastante frequentemente gera dúvida z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- conheço aquela mulher.
do, por isso, fique atento: z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro
termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan-
z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen- char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá,
te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas. aquela, refrigerante.
z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não Dica
foram bastantes para a festa.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban- função demonstrativa referencial, veja:
cos aumentaram os juros” O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
ceu de preencher o gabarito. ERRADO.
Pronomes Demonstrativos
O candidato fez a prova, porém esqueceu de
preencher o gabarito. CORRETO.
Os pronomes demonstrativos indicam a posição e
apontam elementos a que se referem as pessoas do
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa-
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço
textual.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FCC – 2018) “Tratando do estado de solidão ou da
z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas.
necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de soli-
z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
dão uma contrapartida da necessidade de convívio,
z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
assim como vê na necessidade de convívio uma aber-
z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
tura para encontrar satisfação no estado de solidão.”
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima subs-
Usamos este, esta, isto para indicar:
tituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por:
z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é a) naquele – desta – nesta – naquele.
minha; Entreguei-lhe isto como prova. b) nisso – daquilo – naquela – deste.
c) este – do outro – na primeira – no último.
z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana d) nisto – disso – naquela – desse.
começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última e) na primeira – do segundo – numa – noutra.
prestação da casa.
z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana Devemos lembrar das regras de proximidade e dis-
e Carla no shopping, esta procurava um presente tância que organizam o uso dos pronomes demons-
para o marido (o pronome refere-se ao último ter- trativos. Resposta: Letra A.
mo mencionado).
LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos
Usamos esse, essa, isso para indicar:
Uma das classes de pronomes mais complexas, os
z Referência ao espaço físico, indicando o afasta- pronomes relativos têm função muito importante na
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata língua, refletida em assuntos de grande relevância
combinou muito com você. em concursos, como a análise sintática. Dessa forma,
é essencial conhecer adequadamente a função desses
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente.
Não me fale mais nisso; A população não confia
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
nesses políticos.
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana, mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo. nado anteriormente) chamamos de antecedente. 41
São pronomes relativos: Pronomes Interrogativos

z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto, São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
quantas. Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. anos tem seu pai?
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
o homem que desapareceu; O cachorro que esta-
tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca
Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
recebi de volta.
nomes substantivos.

Em alguns casos, há a omissão do antecedente do Pronomes Possessivos


relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
que dizer). Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
discurso e indicam posse:
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos
1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas
nós quem fizemos o bolo.
SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo
3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
deve ser um pronome indefinido ou demonstra- 3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou- Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
pei a vida inteira. a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado
da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
para indicar posse e aparecer relacionando dois
relação do pronome é com o objeto da posse.
termos que devem ser um possuidor e uma coisa Outras funções dos pronomes possessivos:
possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua
portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos- z Delimitam o substantivo a que se referem;
suidor) a matéria (coisa possuída).
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
z Não concordam com o referente;
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
z O pronome possessivo que acompanha o substan-
ro com a coisa possuída. tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome
cujo: Cujo o, cuja a VERBO
Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo; Certamente, a classe de palavras mais complexa e
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona- importante dentre as palavras da língua portuguesa é
do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações
Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per- e os agentes desses atos, além de ser uma importante
gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire- classe sempre abordada nos editais de concursos; por
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o isso; fique atento às nossas dicas.
rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem? Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
Do rapaz.) em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um
z Emprego do pronome relativo onde: empregado fato.
para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade As flexões verbais são marcadas por desinências
onde meu pai nasceu. que podem ser: número-pessoal, indicando se o
verbo está no singular ou plural, bem como em qual
Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem-
do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a
O relativo onde pode ser empregado sem antece-
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém. cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi-
z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e nências modo-temporais, precisamos explicar o que
suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa- são o modo e o tempo verbais:
do em substituição a outros pronomes relativos,
sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin- Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
sado do qual (que) ninguém se lembra. As formas nominais do verbo são as formas infi-
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão determinados contextos. São chamadas nominais pois
42 textual, desfazendo estruturas ambíguas. funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios.
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu próprio para cada grupo verbal. Perceba como
valor indica duração de uma ação e, por vezes, ocorre uma sutil diferença na conjugação do verbo
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. estar que utilizamos como exemplo, isso é impor-
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se tante para não confundir os verbos irregulares
compadeceu. com os verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado,
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em PRETÉRITO PERFEITO
número e gênero. PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação Eu estou Estive
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
nado. Pode ser pessoal ou impessoal. Tu estás Esteves

Ele/ você está Esteve


„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
jugação, pois está ligado às pessoas do discurso. Nós estamos Estivemos
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem Vós estais Estiveste
que ele ensina.
Eles/ vocês estão Estiveram
„ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª z Anômalos: esses verbos apresentam profundas
conjugação; Partir - 3ª conjugação. alterações no radical e nas desinências verbais,
consideradas anomalias morfológicas, por isso,
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou recebem essa classificação. Um exemplo bem
orações reduzidas. usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi-
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver- ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a
bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de conjugação do verbo ser:
+ verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução. PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na Eu sou Fui
voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza- Tu és Foste
do sua missão.
Ele/ você é Foi
Classificação dos Verbos
Nós somos Fomos
Os verbos são classificados quanto a sua forma de Vós sois Fostes
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi- Eles/ vocês são Foram
nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
des de cada um a seguir:
tam uma forma específica de irregularidade, que oca-
z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são
de compreender, pois apresentam regularidade no classificados como anômalos.
uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
bais. Da mesma forma, os verbos regulares man- z Abundantes: são formas verbais abundantes os
têm o paradigma morfológico com o radical, que verbos que apresentam mais de uma forma de
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar. particípio aceitas pela norma culta gramatical.
Geralmente, apresentam uma forma de particípio
PRETÉRITO PERFEITO regular e outra irregular; falaremos disso poste-
PRESENTE INDICATIVO riormente, quando trataremos das formas nomi-
INDICATIVO
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes:
LÍNGUA PORTUGUESA

Eu canto Cantei
Tu cantas Cantaste
PARTICÍPIO PARTICÍPIO
Ele/ você canta Cantou INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR
Nós cantamos Cantamos
Acender Acendido Aceso
Vós cantais Cantastes
Afligir Afligido Aflito
Eles/ vocês cantam Cantaram
Corrigir Corrigido Correto
z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
alteração no radical e nas desinências verbais, Encher Enchido Cheio
por isso recebem esse nome, pois sua conjugação
Fixar Fixado Fixo
ocorre irregularmente, seguindo um paradigma 43
� Defectivos: são verbos que não apresentam algu- z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são empre-
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando gados nas formas compostas dos verbos e também
um defeito na conjugação, por isso o nome. São nas locuções verbais. Os principais verbos auxilia-
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. res dos tempos compostos são ter e haver.
Esses verbos não são conjugados na primeira pes-
soa do singular do presente do indicativo. Bem Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
como: Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extor-
concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
quir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir,
mina a regência estabelecida na oração.
computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir,
soer. Apresentam forte carga semântica que indica
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme- modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun-
nos temporais também apresentam essa caracte- to no tópico verbos auxiliares no final da gramática.
rística, como latir, bramir, chover. São importantes na formação da voz passiva
analítica.
� Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos
é importante lembrar que esses pronomes não
apresentam função sintática. Predominantemen- três formas nominais dos verbos:
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se „ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO „ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO,
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser
Eu me sento Sentei-me
classificado em particípio regular e irregular,
Tu te sentas Sentaste-te sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
e -IDO.
Ele/ você se senta Sentou-se

Nós nos sentamos Sentamo-nos A norma culta gramatical recomenda o uso do par-
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os
Vós vos sentais Sentastes-vos verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban-
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais.
z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-
nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta- „ Infinitivo: marca as conjugações verbais.
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR,
verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao PasseAR);
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum- ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER,
primentamos friamente. pÔR);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par-
z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc. tIR, SaIR)
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
O verbo haver com sentido de existir ou marcando ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia acontece com verbos que deste derivam.
muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público. Vozes verbais
Os verbos ser e estar também são verbos impes-
soais, quando designam fenômeno climático ou tempo. As vozes verbais definem o papel do sujeito na
Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos. oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
O verbo ser para indicar hora, distância ou data verbal ou se ele recebe a ação verbal.
concorda com esses elementos.
O verbo fazer também poderá ser impessoal, z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos.
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
muito calor. z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal.
Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin- Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente. siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas-
siva sintética.
Dica z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
O verbo ser será impessoal quando o espaço tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver-
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen- bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia.
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo
do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam- tempo, porém percebemos que há uma ação com-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos
44 Mariana” se olharam antes do julgamento.
A voz passiva é realizada a partir da troca de „ o sujeito da frase poderá estar explícito ou
funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos implícito. Ex.: Ele se via no espelho / Deu-se um
melhor desse processo no capítulo funções do SE em presente de aniversário.
verbos transitivos direto.
Só podemos transformar uma frase da voz ativa z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
com a presença do objeto direto. exerce essa função, jamais terá uma função sin-
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e
mãe, quando olhou a filha.
sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu.
Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram. sentido e na compreensão global do texto. A partícu-
No último caso, a voz reflexiva é também chamada la de realce não exerce função sintática, pois é desne-
de recíproca, por isso, fique atento. cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos.
Não confunda os verbos pronominais com as z Conjunção: o SE será conjunção condicional,
vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
quando sugerir a ideia de condição. A conjunção
sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
SE exerce função de conjunção integrante, ape-
-se, entre outros acompanham um pronome que faz
nas ligando as orações e poderá ser substituída
parte integrante do seu significado, diferentemente
das vozes verbais que acompanham o pronome SE pela conjunção caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser
com função sintática própria. aprovado.

Outras funções do “SE” Conjugação de Verbos Derivados

Como vimos, o SE pode funcionar como item essen- Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga-
cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
também acumula outras atribuições. Vejamos: preensão dessas conjugações verbais.
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais
feita com verbos transitivos direto (TD) ou transiti- que terminam em -iar. Os verbos com essa termina-
vos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE ção são, predominantemente, regulares.
junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado
partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
-se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu- PRESENTE - INDICATIVO
la apassivadora) Eu Crio
O SE exercerá essa função apenas:
Tu Crias
„ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
„ Verbos concordam com o sujeito; Ele/Você Cria
„ Com a voz passiva sintética. Nós Criamos

Lembramos que na voz passiva nunca haverá objeto Vós Criais


direto (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
Eles/Vocês Criam
z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
cionará nessa condição quando não for possível Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
identificar o sujeito explícito ou subentendido. mente, são irregulares e apresentam alguma modi-
Além disso, não podemos confundir essa função ficação no radical ou nas desinências. Assim como o
do SE com a de apassivador, já que para ser índi- verbo passear, são derivados dessa terminação os
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa verbos:
estar na voz ativa.
Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos PRESENTE - INDICATIVO
LÍNGUA PORTUGUESA

transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos Eu Passeio


de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus. Tu Passeias
z Pronome reflexivo: na função de pronome refle- Ele/Você Passeia
xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
cidade, auxiliando a construção dessas vozes Nós Passeamos
verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
Vós Passeais
cipais características são:
„ Sujeito recebe e pratica a ação; Eles/Vocês Passeiam
„ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
ou indireto; 45
Conjugação de Alguns Verbos Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algu-
mas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Vamos agora conhecer algumas conjugações de
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.
to de questões em concursos.
z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo
as mesmas desinências desse verbo, as formas z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
PRESENTE - INDICATIVO
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.
Eu Adiro
Novamente, chamamos sua atenção para a função
Tu Aderes que o advérbio deve exercer na oração. Como disse-
mos, essas palavras modificam um verbo, um adjetivo
Ele/Você Adere
ou um outro advérbio; por isso, para identificar com
Nós Aderimos mais propriedade a função denotada pelos advérbios,
é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
Vós Aderis As respostas sempre irão indicar circunstâncias
adverbiais expressas por advérbios, locuções adver-
Eles/Vocês Aderem
biais ou orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/
função adequada dos advérbios:
PRESENTE - INDICATIVO
Eu Ponho z O homem morreu... de fome (causa); com sua família
(companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
Tu Pões
Ele/Você Põe z A criança comeu... demais (intensidade); ontem
(tempo); com garfo e faca (instrumento); às cla-
Nós Pomos
ras (modo).
Vós Pondes
Eles/Vocês Põem Locuções adverbiais

São conjugados da mesma forma os verbos: dispor, As locuções adverbiais, como já mostramos ante-
interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en- riormente, são bem semelhantes às locuções adjeti-
trepor, supor. vas. É importante saber que as locuções adverbiais
apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
EXERCÍCIO COMENTADO Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução
adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se
1. (FCC – 2018) “Uma tendência que já coroava as edi-
invertermos a ordem e inserirmos um verbo na voz
ções anteriores do prêmio”.
passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que
se encontra acima está sublinhado em: Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e
apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte. destacada anteriormente é adverbial.
b) O novo prêmio atenderia o mercado. Ainda sobre esse assunto, perceba que em locu-
c) Ou o que o contraria. ções como esta: “Característica da nação”, o termo
d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas. destacado não terá o mesmo valor passivo, pois não
e) Ele contempla os títulos com mais chance. aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a
“Coroava”, assim como “definia”, está conjugado no estrutura gramatical da língua portuguesa, que não
pretérito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A. admite voz passiva em termos com função de posse,
caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura
ADVÉRBIO agramatical, por isso, inserimos um asterisco (*) para
indicar essa característica.
Advérbios são palavras invariáveis que modificam
um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em
alguns casos, os advérbios também podem modificar Dica
uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua por- Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
tuguesa apresentam uma lista exaustiva com as fun- Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
ções dos advérbios, porém; decorar as funções dos
advérbios, além de desgastante, pode não ter o resul- Com essa dica, esperamos que você seja capaz
tado esperado na resolução de questões de concurso. de diferenciar essas locuções em questões; ademais,
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às
buscamos desenvolver seu aprendizado para que não
principais funções designadas por um advérbio e, a
partir delas, consiga interpretar a função exercida nos seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas
enunciados das questões que tratem dessa classe de de locuções adverbiais. Lembre-se: o sentido está no
46 palavras. texto.
Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
Como foi a prova?
Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau:

GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras. 47
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, Locuções Prepositivas
não, é porque etc.
São grupos de palavras que equivalem a uma pre-
Algumas Observações Interessantes posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca
do tema da prova.
z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado A locução prepositiva na segunda frase substitui
após o verbo ou complemento verbal, caso venha perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
deslocado, em geral, separamos por vírgulas. positivas sempre terminam em uma preposição, e há
z Em uma sequência de advérbios terminados com o apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
alguns exemplos de locuções prepositivas:
terminação destacada.
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de;
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan-
EXERCÍCIOS COMENTADOS to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de.
Algumas locuções prepositivas apresentam seme-
lhanças morfológicas, mas significados completamen-
1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras te diferentes, como:
denotativas não foram bem classificadas: A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do
a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções público foram de encontro à proposta do programa
(explicação). = Discordância.
b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão). Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas
c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve = substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou
aqui (de adição). cedo = oposição.
d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão).
e) Ele também participou da homenagem (inclusão). Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020.

A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o Combinações e Contrações


item incorreto é a alternativa C. Resposta: Letra C.
As preposições podem ser contraídas com outras
2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: classes de palavras, veja:
O antônimo de “bem-estar” se constrói com o adjetivo
mau. z Preposição + artigo:
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos.
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das, do,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
dos, dum, duns, duma, dumas.
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin- Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, no,
do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos- nos, num, nuns, numa, numas.
ta: Errado.
z Preposição + pronome demonstrativo:
PREPOSIÇÃO A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: àque-
le, àqueles, àquela, àquelas, àquilo.
Conceito Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses,
essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aqui-
lo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nes-
São palavras invariáveis que ligam orações ou
sa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, na-
outras palavras. As preposições apresentam funções
queles, naquelas, naquilo.
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, es-
aspecto sintático, pois complementam o sentido de sas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo:
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa,
sem a presença da preposição, modificando a transiti- desses, dessas, disso, daquele, daquela, daque-
vidade verbal e colaborando para o preenchimento de les, daquelas, daquilo.
sentido de palavras deverbais1.
As preposições essenciais são: a, ante, até, após, z Preposição + advérbio:
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran- De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
te, por, sem, sob, trás. z Preposição + pronomes pessoais:
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais, De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
mas, ocasionalmente, funcionam como preposições.
Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a z Preposição + pronome relativo:
A + onde: aonde.
“de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo,
segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi- z Preposição + pronomes indefinidos:
valer a “por causa de”). De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
1  Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
48 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por c) III e IV, apenas.
Preposições d) II e III, apenas.
e) I, II, III e IV.
É importante ressaltar que as preposições podem
apresentar valor relacional ou podem atribuir um A preposição “para” indicará finalidade quando puder
valor nocional. As preposições que apresentam um ser substituída pela locução “a fim de”, como ocorre
valor relacional cumprem uma relação sintática nos itens II e III. Resposta: Letra D.
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
CONJUNÇÃO
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen-
tarão função deverbal. Assim como as preposições, as conjunções também
Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida são invariáveis e também auxiliam na organização
pela regência do verbo concordar). das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora-
Tenho medo da queda (preposição exigida pelo ções. Por manterem relação direta com a organização
complemento nominal). das orações nas sentenças, as conjunções podem ser:
Estou desconfiado do funcionário (preposição exi- coordenativas ou subordinativas.
gida pelo adjetivo).
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo Conjunções Coordenativas
advérbio).
Em todos esses casos, a preposição mantém uma As conjunções coordenativas são aquelas que
relação sintática com a classe de palavras a qual se liga, ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não
sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas
De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora-
nal é preponderante apresentam uma modificação
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são ção. As conjunções coordenadas podem ser:
componentes obrigatórios na construção da senten-
ça, divergindo das preposições de valor relacional. z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também,
As preposições de valor nocional estabelecem uma não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.:
noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
etc. Vejamos algumas: ferido, não só da filha, senão de toda família.
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre-
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
VALOR NOCIONAL DAS
SENTIDO Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a
PREPOSIÇÕES
população, senão dos vereadores (equivale a “mas
Posse Carro de Marcelo sim”).
O cachorro está sob a
Lugar „ Importante: a conjunção E pode apresentar
mesa
valor adversativo, principalmente quando é
Votar em branco, chegar antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
Modo
aos gritos mir, e o barulho não deixava.
Causa Preso por estupro
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja,
Assunto Falar sobre política ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
Descende de família
Origem
simples
„ Importante: a palavra senão pode funcionar
Olhe para frente! Iremos como conjunção alternativa: Saia agora, senão
Destino
a Paris chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou).

z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início


EXERCÍCIO COMENTADO da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é
mais leve que a enxada!
1. (FCC – 2018) Observe as seguintes passagens:
LÍNGUA PORTUGUESA

„ Importante: Pois com sentido explicativo ini-


I. Para o comitê, Brasília era um marco do desenvolvi- cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois
mento moderno.
sinto saudades.
II. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, preci-
sava de leis...
Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre
III. Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano...
IV. Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião. vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
subir.
Considerando-se o contexto, o vocábulo para exprime
ideia de finalidade em: z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim,
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra-
a) I e III, apenas. se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui
b) I, II e IV, apenas. aprovado. 49
As conjunções e, nem não devem ser empregadas z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
em redundância. Brasil é um país desigual (certo).

Conjunções Subordinativas

Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- EXERCÍCIO COMENTADO


dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
apresentadas em um texto; porém, diferentemente 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações “embora” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra sentido original do texto:
para terem o sentido apreendido.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
visto que, uma vez que, como (equivale a porque) Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques-
etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
tão para sabermos que o item está errado, pois
z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
conquanto, assim como embora, é uma conjunção
modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
concessiva. Resposta: Errado.
Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E
mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro. ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO
z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con- As orações são sintaticamente independentes. Isso
forme o planejado. significa que uma não possui relação sintática com
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes- verbos, nomes ou pronomes das demais orações no
mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que período.
aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado. Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que, (Fernando Pessoa)
a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse Oração coordenada 1: Deus quer
falar com você, teria respondido sua mensagem. Oração coordenada 2: o homem sonha
z Proporcional: À proporção que, à medida que, Oração coordenada 3: a obra nasce.
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.: Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
aprovado. Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro- Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
fessora dá exemplos para que você aprenda! porta da sala de Damasceno
z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
Conjunção adversativa: mas nada
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
guei à cidade, fui assaltado.
Orações Coordenadas Sindéticas
Os valores semânticos das conjunções não se
As orações coordenadas podem aparecer ligadas
prendem às formas morfológicas desses elementos.
O valor das conjunções é construído contextualmen- às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você, sindética. Veremos agora cada uma delas:
por que você não a procura? (SE = causal = já que);
Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou
puro no campo. (quando = causal = já que). simultaneidade.
Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Conjunções Integrantes bém, mas ainda, bem como, como também, se-
não também, que (= e).
As conjunções integrantes fazem parte das orações Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
subordinadas e, na realidade, elas apenas integram Os convidados não compareceram nem explica-
uma oração principal à outra, subordinada. Existem ram o motivo.
apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
z Quando é possível substituir o que pelo pronome traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
isso, estamos diante de uma conjunção integrante. Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso. contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
z Sempre haverá conjunção integrante em orações tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
substantivas e, consequentemente, em períodos Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa. “A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
50 Perguntei = isso. morte.” (Laurindo Rabelo)
z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou z Orações subordinadas substantivas objetivas
se excluem. diretas: exercem a função de objeto direto de um
Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ... verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi-
ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez reto da oração principal.
... talvez). Ex.: Desejo o seu regresso. (OD)
Ex.: Ora responde, ora fica calado. Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub.
Você quer suco de laranja ou refrigerante? subst. obj. dir.)
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica z Orações subordinadas substantivas completi-
sobre um raciocínio. vas nominais: exercem a função de complemento
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con- nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início da oração principal.
de frase). Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple-
Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima mento nominal)
semana. Tenho necessidade de que você me apoie. (com-
“Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com-
Mendes Campos) pl. nom.)
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem z Orações subordinadas substantivas predicati-
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque, vas: funcionam como predicativos do sujeito da
porquanto, pois. oração principal. Sempre figuram após o verbo de
Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale ligação ser.
a “pois”) Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do
Vamos almoçar de novo porque ainda estamos sujeito)
com fome. Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.)
RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE ORAÇÕES E
ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Formado por orações sintaticamente dependentes, de dois-pontos ou entre vírgulas.
considerando a função sintática em relação a um ver- Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
bo, nome ou pronome de outra oração. Só quero uma coisa: que você volte imediata-
Tipos de orações subordinadas: mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)
z Orações subordinadas adjetivas: desempenham
z Substantivas; função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Adjetivas;
raramente, aposto explicativo). São introduzidas
z Adverbiais.
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
Orações Subordinadas Substantivas
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
explicativas e restritivas.
São classificadas nas seguintes categorias:
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
são introduzidas pelas conjunções subordinativas tam uma explicação sobre o termo antecedente.
integrantes que e se. São consideradas termo acessório no período,
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
impostos. das por vírgulas.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
cria trinta gatos.
z Orações subordinadas substantivas justapos-
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto, especificam ou limitam a significação do termo
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
indispensável ao sentido. Não são isoladas por
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias
vírgulas.
roubadas.
Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
Não sei quem lhe disse tamanha mentira.
incurável.
LÍNGUA PORTUGUESA

z Orações subordinadas substantivas reduzidas:


não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica Dica
no infinitivo.
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras. Como diferenciar as orações subordinadas adje-
tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
z Orações subordinadas substantivas subjetivas:
exercem a função de sujeito. O verbo da oração
vas explicativas?
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica Ele visitará o irmão que mora em Recife.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe- (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
rir a nenhum termo na oração. visitar apenas o que mora em Recife)
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito) Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
Foi importante que você regressasse. (sujeito ora- (explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
cional) (or. sub. subst. subje.) mora em Recife) 51
� Orações subordinadas adverbiais: exprimem [que os rodeiam] – 3ª oração
uma circunstância relativa a um fato expresso em [e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª ora-
outra oração. Têm função de adjunto adverbial. ção (M. de Assis)
São introduzidas por conjunções subordinativas
(exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin- Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
tes grupos: basta, pertencente à 1ª (oração principal).
� Orações subordinadas adverbiais causais: são A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
introduzidas por: como, já que, uma vez que, por- ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração.
que, visto que etc.
Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por- EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO
que ficamos sem gasolina.
Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
� Orações subordinadas adverbiais comparati- mos a seguir as regras sobre seus usos.
vas: são introduzidas por: como, assim como, tal
qual, como, mais etc. Uso de Vírgula
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
que a importada. A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
� Orações subordinadas adverbiais concessivas: funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
indica certo obstáculo em relação ao fato expres- voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que, qualquer ambiguidade.
por mais que, se bem que etc. Quando se trata de separar termos de uma mesma
Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:

� Orações subordinadas adverbiais condicionais: � Para separar os termos de mesma função


são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
contanto que, a menos que etc.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
� Orações subordinadas adverbiais conformati- enumeração.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun- Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
do, consoante. arrastado pelo tsunami.
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: já apareceu na frase) do verbo
são introduzidas por: que (precedido na oração Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate.
anterior de termos intensivos como tão, tanto, Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado,
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma filmes de terror.
que, sem que.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. � Para separar palavras ou locuções explicativas,
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão per- retificativas
fumadas que me estontearam.” (Cecília Meireles) Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15
anos.
� Orações subordinadas adverbiais finais: indicam
um objetivo a ser alcançado. São introduzidas por: � Para separar datas e nomes de lugar
para que, a fim de que, porque e que (= para que). Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto
tivessem bom estudo.
e, nem, ou.
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro-
porção que, quanto mais, quanto menos etc. A vírgula também é facultativa quando a expres-
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a são de tempo, modo e lugar não for uma expressão,
aprecio. mas uma palavra só. Exemplos:
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
� Orações subordinadas adverbiais temporais:
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que,
em casa.
depois que, assim que, sempre que, cada vez que,
Ontem choveu o esperado para o mês todo. /
agora que etc.
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
Para separar as orações de um período composto, é
ficou com sono durante a aula.
necessário atentar-se para dois elementos fundamen-
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos
amanhã, se não chover.
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu-
ções verbais. Exs.:
� Entre o sujeito e o verbo
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª oração Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende-
52 [para fixar outros] – 2ª oração ram a explicação. (errado)
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
sertaram minha visão. (errado) Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
to, exausto.
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre-
dicativo do sujeito: � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
ção. (errado) ouvinte.
Os alunos precisam de, que os professores os aju- Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
dem. (errado) sorvete.
Os alunos entenderam, toda aquela explicação.
� Em enumerações, portarias, sequências
(errado)
Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
� Entre um substantivo e seu complemento nominal o Procurador-Geral da República;
ou adjunto adnominal. o Colégio de Procuradores da República;
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
pelos alunos. (errado)
Dois-pontos
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da
passiva:
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
professor para a feira. (errado) não foi concluída.
Servem para:
� Entre o objeto e o predicativo do objeto:
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) � Introduzir uma citação (discurso direto):
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”.

EXERCÍCIO COMENTADO � Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,


distributivo ou uma oração subordinada substan-
1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que não apresenta tiva apositiva
erro de pontuação: Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
sores, jornalistas, médicos.
a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos � Introduzir uma explicação ou enumeração após
cobertos por petróleo, são questões ambientais que expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
teriam suficiente relevância para alarmar a população, saber, como.
e automaticamente, motivar encontros e discussões. Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos Filosofia, Ciências...
apontados são faces de uma nova abordagem meto- z Marcar uma pausa entre orações coordenadas
dológica para a proteção do meio ambiente. (relação semântica de oposição, explicação/causa
c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des- ou consequência)
pender recursos financeiros com o recolhimento das Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve- homem culto.
dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com
a restituição, se julgada procedente a sua pretensão. cautela.
d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
zação entre os setores de planejamento e produção, � Marcar invocação em correspondências
privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma Ex.: Prezados senhores:
coordenada. Comunico, por meio deste, que...
e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou
discricionário –, há que ser praticado com a observân- Travessão
cia formal e ideológica da lei.
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de
No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a discurso de interlocutor: Ex.:
restituição, se julgada procedente a sua pretensão”, – Bom dia, Maria!
as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de – Bom dia, Pedro!
LÍNGUA PORTUGUESA

tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula


justifica-se pela condicional “se julgada procedente � Serve também para colocar em relevo certas
a sua pretensão”. Resposta: Letra C. expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou
Uso de Ponto e Vírgula colchetes:
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario-
É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
e vírgula (;): Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que
vamos jantar. (oração intercalada)
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu, Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui-
ficou triste. na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”. 53
Parênteses Reticências

Têm função semelhante à dos travessões e das São usadas para:


vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter-
mos, expressões ou orações. � Assinalar interrupção do pensamento:
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca) Ex.: ― Estou ciente de que...
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) ― Pode dizer...
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos
� Indicar partes suprimidas de um texto:
jantar. (oração intercalada) Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Ponto-final ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
depois desceu as escadas apressadamente.)
É o sinal que denota maior pausa.
Usa-se: � Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
período. � Para indicar hesitação:
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
Carlos Drummond de Andrade vergonha.
� Nas abreviaturas � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
Ex.: apart. ou apto. = apartamento mente com outras intenções:
sec. = secretário Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
a.C. = antes de Cristo
Uso das Aspas
Dica
São usadas em citações ou em algum termo que
Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
tos químicos não vêm com ponto final: por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
Exemplos: km, m, cm, He, K, C destaque.
Usam-se nos seguintes casos:
Ponto de Interrogação
� Antes e depois de citações:
Marca uma entonação ascendente (elevação da Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
voz) em tom questionador. afirma Dad Squarisi, 64.
Usa-se:
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
� Em frase interrogativa direta:
conotativas:
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia?
Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
� Entre parênteses para indicar incerteza: que desejava.
Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho Não gosto de “pavonismos”.
que havia palavra melhor no contexto. Dê um “up” no seu visual.
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar � Para realçar uma palavra ou expressão imprópria,
surpresa: às vezes com ironia ou malícia
Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?) Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão.
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não”
� E interrogações retóricas: sonoro.
Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
que não jogaremos comida fora à toa”). � Para citar nomes de mídias, livros etc.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”.
Ponto de Exclamação
Colchetes
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
entonação exclamativa: Representam uma variante dos parênteses, porém
Ex.: Que linda mulher! tem uso mais restrito.
Coitada dessa criança! Usam-se nos seguintes casos:

� Aparece após uma interjeição: � Para incluir num texto uma observação de nature-
Ex.: Nossa! Isso é fantástico. za elucidativa:
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de
� Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos: Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”.
Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”),
� É repetido duas ou mais vezes quando se quer a fim de indicar que, por mais estranho ou errado
marcar uma ênfase: que pareça, o texto original é assim mesmo:
Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50 Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga-
54 metros em 20 segundos!!! do.” (Machado de Assis)
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda � Para separar o numerador do denominador nos
Fonologia: números fracionários, substituindo a barra da fração:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] Ex.: 1/3 = um terço
� Para suprimir parte de um texto (assim como � Nas datas:
parênteses) Ex.: 31/03/1983
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
� Nos números de telefone:
desceu as escadas apressadamente. ou Ex.: 225 03 50/51/52
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des-
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí- � Nos endereços:
vel segundo as normas da ABNT) Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
� Na indicação de dois anos consecutivos:
Asterisco Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.

� É colocado à direita e no canto superior de uma � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:
palavra do trecho para se fazer uma citação ou Ex.: /s/
comentário qualquer sobre o termo em uma nota
de rodapé: Embora não existam regras muito definidas sobre
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
triste acrescido do sufixo -eza*. qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti- lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
vo, o que origina um novo substantivo.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
tuição a um substantivo próprio: umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
nhado aos responsáveis. Observe o exemplo:
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto A pequena garota andava sozinha pela cidade.
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: A: Artigo, feminino, singular;
Ex.: Parecer, do latim *parescere. Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Garota: Substantivo, feminino, singular.
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
da gramática. adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
Uso da Barra cia: verbal e nominal.

A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: Concordância Verbal

� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser É a adaptação em número – singular ou plural –
substituída pela conjunção “ou”: e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. sujeito.
Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. “De todos os povos mais plurais culturalmente, o
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais
� Para indicar inclusão, quando utilizada na separa- insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra-
ção das conjunções e/ou. sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros,
Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
e/ou escritos. peus, asiáticos e africanos.”
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela- Esse período, apesar de extenso, constitui-se de
ção entre si. um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor-
Ex.: A palavra será classificada quanto ao número respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no
(plural/singular). singular.
Destrinchando o período, temos que os termos
LÍNGUA PORTUGUESA

O carro atingiu os 220 km/h.


essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
� Para separar os versos de poesias, quando escritos “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas cado verbal.
barras para indicar a separação das estrofes. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que Ex.: Prefiro natação a futebol.
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon- Verbo bitransitivo: Prefiro
te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi- Objeto direto: natação
te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles Objeto indireto: a futebol
� Na escrita abreviada, para indicar que a palavra Popularmente, usa-se “do que” no lugar de “a”,
não foi escrita na sua totalidade: o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
Ex.: a/c = aos cuidados de; natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
s/ = sem drão, a forma correta é como consta no exemplo. 55
Concordância Verbal com o Sujeito Simples z Quando o sujeito é formado po um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o
Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do numerado ou com o número inteiro, mas pode
sujeito. concordar com o especificador dele. Se o numeral
Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário vier precedido de um determinante, o verbo con-
exorbitante. cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
Diferentes situações:
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é
z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de viver bem.
sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem.
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem.
multidão gritou entusiasmada.
Os 30% da população não sabem o que é viver mal.
z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do EXERCÍCIO COMENTADO
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
1. (FGV – 2008) “... mostram que um terço dos pagamen-
z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o tos realizados por intermédio de instituições financei-
verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós ras foi tributado apenas por aquela contribuição...”
quem resolveu a questão. Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo
“um terço”, não se tenha mantido a concordância em
Por questão de ênfase, o verbo pode também con- conformidade com a norma culta. Desconsidere a
cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos possibilidade de concordância atrativa.
nós quem resolvemos a questão.
a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por
z Quando o sujeito é um pronome interrogativo, intermédio de instituições financeiras foi tributado
demonstrativo ou indefinido no plural + de nós / apenas por aquela contribuição.
de vós, o verbo pode concordar com o pronome no b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol- dos por intermédio de instituições financeiras foram
viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos tributados apenas por aquela contribuição.
essa questão. c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza-
dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu-
z Quando o sujeito é formado por palavras plurali- tado apenas por aquela contribuição.
zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias, d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados
Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou- por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
ver artigo definido antes de uma palavra plura- tados apenas por aquela contribuição.
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados
artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados por intermédio de instituições financeiras foi tributado
Unidos continuam uma potência. apenas por aquela contribuição.
Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A cida- Em “grande parte dos pagamentos realizados...
de de Santos fica em São Paulo.”) foi tributado”, não houve concordância adequada,
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C.
Importante!
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a
verbo fica no singular ou no plural. palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não
Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões. chegou. (Duas horas deram...)
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu)
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez
z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais badaladas soaram)
de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de, Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio
obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.: da escola soou dez badaladas)
Mais de um aluno compareceu à aula.
z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
Mais de cinco alunos compareceram à aula.
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
dem-se casas de veraneio aqui.
A expressão mais de um tem particularidades: se a Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
frase indica reciprocidade (pronome reflexivo recípro- interessada.
co se), se houver coletivo especificado ou se a expres-
são vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.: Mais de z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
um irmão se abraçaram. verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Majestade está preocupada?
Suas Excelências precisam de algo?
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Mais de um aluno, mais de um professor esta- z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
56 vam presentes. exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
Concordância Verbal com o Sujeito Composto � Concorda com o predicativo quando o sujeito for
que ou quem
� Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama- Ex.: Quem foram os classificados?
ticais diferentes
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância
Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com Ex.: São nove horas.
Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che- É frio aqui.
garam ontem. Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada � O verbo fica no singular quando precede termos
ou nenhum como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais,
Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man- menos etc. junto a especificações de preço, peso,
ter o espírito esportivo. quantidade, distância, e também quando seguido
do pronome o
� Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no
singular Ex.: Cem metros é muito para uma criança.
Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju- Divertimentos é o que não lhe falta.
davam. (preferencialmente no singular) Dez reais é nada diante do que foi gasto.

� Gradação entre os núcleos do sujeito � Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora-


Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser
me acalmar. (preferencialmente no singular) ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o
verbo concordará com o termo não preposiciona-
� Núcleos do sujeito no infinitivo do entre eles.
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde. Ex.: Eles é que sempre chegam cedo.
� Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu- São eles que sempre chegam cedo.
mitivo (nada, tudo, ninguém) É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons-
Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu. trução adequada)
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
� Sujeito constituído pelas expressões um e outro, (construção inadequada)
nem um nem outro
Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui. Concordância do Infinitivo
� Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
foco nos estudos. Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei-
to esclarecido)
� Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito
como, menos, inclusive, exceto ou as expressões implícito “nós”)
bem como, assim como, tanto quanto Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site.
Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na (dois pronomes implícitos: eu, nós)
final. Até me encontrarem, vocês terão de procurar
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas muito. (preposição no início da oração)
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
como; não só... mas também etc.) (verbos pronominais)
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser
popularidade em alta. indicando tempo)
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni- ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
co núcleo, o verbo fica no singular concordando Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
com o núcleo único. Mas, se houver determinante foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no
sujeito passa a ser composto. particípio)
Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal:
combustíveis aumentaram. Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu-
ção verbal)
LÍNGUA PORTUGUESA

Concordância Verbal do Verbo Ser Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
sendo sujeito do infinitivo)
� Concorda com o sujeito
Ex.: Nós somos unha e carne. Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Concorda com o sujeito (pessoa)
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
� Em predicados nominais, quando o sujeito for repre- Navegar é preciso, viver não é preciso. (infinitivo
sentado por um dos pronomes tudo, nada, isto, isso, com valor genérico)
aquilo ou “coisas”, o verbo ser concordará com o São casos difíceis de solucionar. (infinitivo prece-
predicativo (preferencialmente) ou com o sujeito dido de preposição de ou para)
Ex.: No início, tudo é/são flores. Soldados, recuar! (infinitivo com valor de imperativo) 57
� Concordância do verbo parecer z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
Flexiona-se ou não o infinitivo. z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura
Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o brasileira.
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta- z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a
vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado ciência. (1,5% corresponde ao singular)
de acordo com o sujeito, no plural) z Chegaram/Chegou João e Maria.
Eles parecem estudar bastante. (locução verbal, z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram
logo o infinitivo será impessoal) aqui.
� Concordância dos verbos impessoais z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica brasileira.
sempre na 3ª pessoa do singular. z O problema do sistema é/são os impostos.
Ex.: Havia sérios problemas na cidade. z Hoje é/são 22 de agosto.
Fazia quinze anos que ele havia se formado. z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos
Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo a aprovação.
auxiliar fica no singular) z Deixei os rapazes falar/falarem tudo.
Trata-se de problemas psicológicos.
Geou muitas horas no sul. Silepse de Número e de Pessoa
� Concordância com sujeito oracional
Conhecida também como “concordância irregular,
Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos:
verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
singular.
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados. do número da palavra referente, para concordar
Ficou combinado que sairíamos à tarde. com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem
Urge que você estude. vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali-
Era preciso encontrar a verdade dade: todas as flores)
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
Casos mais frequentes em provas processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu-
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
Veja agora uma lista com os casos mais abordados diversas etnias, somos multiculturais.
em concursos:
Concordância Nominal
� Sujeito posposto distanciado
Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical Define-se como a adaptação em gênero e número
brasileira seres estranhos. que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
� Verbos impessoais (haver e fazer) adjetivos, numerais).
Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte. O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em
Havia problemas no setor.
gênero e número com o nome a que se referem.
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
Ex.: Parede alta. / Paredes altas.
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Muro alto. / Muros altos.
� Verbo na voz passiva sintética
Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta. Casos com adjetivos
� Verbo concordando com o antecedente correto
z Com função de adjunto adnominal: quando o
do pronome relativo ao qual se liga
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti-
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
tinham experiência. ver após os substantivos, poderá concordar com
as somas desses ou com o elemento mais próximo.
� Sujeito coletivo com especificador plural Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram. Encontrei colégios e faculdades ótimos.
� Sujeito oracional
Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no Há casos em que o adjetivo concordará apenas
singular) com o nome mais próximo, quando a qualidade per-
tencer somente a este.
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira.
to ou complemento no plural Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar
atrito. (verbo no singular) Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno-
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con-
Casos Facultativos cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.:
Existem complicadas regras e conceitos.
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o Quando houver apenas um substantivo qualifica-
estádio.
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad-
fizeram rir. jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa,
58 z Fui eu quem faltou/faltei à aula. francesa e alemã.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Quando significar “um pouco”: será invariável.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a
� Grama
língua inglesa, a francesa e a alemã.
Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
do significar unidade de medida, é masculino.
z Com função de predicativo do sujeito
Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
“A grama do vizinho sempre é mais verde.”
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará
com a soma dos elementos. � É proibido entrada / É proibida a entrada
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos rão com o determinante.
quanto com o nome mais próximo. Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- nhada está boa.
vam abandonados a casa e o quintal. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun- entrada de crianças.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
substantivos por um pronome:
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. � Menos / pseudo
(substitui-se por “eles”) São invariáveis.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Ex.: Havia menos violência antigamente.
existem complicados”. Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, to é pseudo-objetivo.
então é um adjunto adnominal.
� Muito / bastante
Quando modificam o substantivo: concordam com
z Com função de predicativo do objeto ele.
Quando modificam o verbo: invariáveis.
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor-
irritados.
dância com o termo mais próximo.
Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados.
tante irritados.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e
Se ambos os termos puderem ser substituídos por
seus subordinados.
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
Algumas convenções
� Tal qual
� Obrigado / próprio / mesmo Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. com o substantivo posterior.
A própria enfermeira virá para o debate. Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
Elas mesmas conversaram conosco. pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Dica quais os pais.
Silepse (também chamada concordância
O termo mesmo no sentido de “realmente” será figurada)
invariável. É a que se opera não com o termo expresso, mas o
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação. que está subentendido.
Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
z Só / sós linda!)
Variáveis quando significarem “sozinho” / Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos
“sozinhos”. com o estabelecimento aberto no final de semana.)
Invariáveis quando significarem “apenas, Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi-
somente”. leiros, estamos esperançosos.)
Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
apenas queriam ficar sozinhas.) � Possível
A locução “a sós” é invariável. Concordará com o artigo, em gênero e número, em
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”.
ficar a sós. Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Conheci crianças as mais belas possíveis.
� Quite / anexo / incluso
Concordam com os elementos a que se referem.
Ex.: Estamos quites com o banco.


Seguem anexas as certidões negativas.
Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
� Meio 1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os
Quando significar “metade”: concordará com o elementos que compõem a oração precisam estar em
elemento referente. harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que
Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa. NÃO há erro de concordância nominal: 59
a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!” foram leais.
b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas. Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei-
c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola. to (desprovido de preposição)
d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta. Pronome oblíquo átono: lhe
e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
bastantes livros de sua autoria. sujeito (desprovido de preposição).

Na alternativa A, a frase enunciada pela menina Regência Verbal


deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”,
portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti- Relação de dependência entre um verbo e seu
vo “inclusa” deve concordar em gênero e número, complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre retas, isto é, com ou sem preposição.
em C, portanto mais duas alternativas incorretas.
Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio, Há verbos que admitem mais de uma regência
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto, sem que o sentido seja alterado.
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já
na alternativa E termos “bastantes” corretamente Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos- V. T. D: esquecia
ta: Letra E Objeto direto: os favores recebidos.
Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de V. T. I.: se esquecia
concordância nominal: Objeto indireto: dos favores recebidos.

a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro- No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
cedimentos como a apuração da base de cálculos. que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos alterando seu significado.
por Maria e José.
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas. Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora (aspiramos = sorvemos)
aprazado. V. T. D.: aspiramos
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito Objeto direto: ar poluídos.
obrigado”. Os funcionários aspiram a um mês de férias.
(aspiram = almejam)
O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está V. T. I.: aspiram
correto porque o termo “necessária” concorda com Objeto indireto: a um mês de férias
o artigo definido feminino singular “a”. Resposta:
Letra A A seguir, uma lista dos principais verbos que
geram dúvidas quanto à regência:
3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a
porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu � Abraçar: transitivo direto
____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex- Ex.: Abraçou a namorada com ternura.
to fica gramaticalmente correto com a inserção de: O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto
a) meia – meio – meia – meia Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire-
b) meio – meia – meio – meia to com sentido de “acariciar”)
c) meia – meia – meia – meia A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto
d) meia – meio – meio – meia no sentido de “ser agradável a”)
e) meio – meio – meio – meio
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto;
Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria transitivo direto e indireto
[meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta- Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não
de do termo masculino grama] grama de sal e meia personificado)
porção [...]. Resposta: Letra D Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto
personificado)
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi-
reto: refere-se a coisas e pessoas)
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se � Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou preposição a, rege indiferentemente objeto direto
advérbio) exige complemento preposicionado, esse e objeto indireto.
nome é um termo regente, e seu complemento é um Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto)
termo regido, pois há uma relação de dependência Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo
entre o nome e seu complemento. indireto)
O nome exige um complemento nominal sempre ini- Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em rege apenas objeto direto:
60 forma de pronome oblíquo átono. Ajudaram o ladrão a fugir.
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto � Informar: transitivo direto e indireto
direto: Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudei-o muito à noite. coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
sobre
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Informaram o réu de sua condenação.
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- Informaram o réu sobre sua condenação.
sitivo direto com sentido de “angustiar”) Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com sa: objeto indireto, com a preposição a
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” Informaram a condenação ao réu.
como complemento) � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto reto, com as preposições em e por
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
vo direto com sentido de “respirar”) � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo tivo direto e indireto
indireto no sentido de “desejar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto sitivo com sentido de “cortejar”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
“prestar assistência” indireto com sentido de “desejar muito”)
O médico assistia os acidentados. “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
O médico assistia aos acidentados. ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” “encantar-se”)
Não assisti ao final da série. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha-
res de pessoas.” � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
tivo direto e indireto
Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
direto e indireto
indireto)
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo)
Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
direto e indireto)
vo indireto)
O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire- � Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto;
to e indireto) transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto)
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto)
predicativo do objeto
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e
Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
indireto)
to com sentido de “convocar”)
Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre- � Suceder: intransitivo; transitivo direto
dicativo do objeto com sentido de “denominar, Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
qualificar”) sentido de “ocorrer”)
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
� Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi- de “vir depois”)
reto; intransitivo
Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo Regência Nominal
indireto com sentido de “ser difícil”)
A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti- Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”) bios) exigem complementos preposicionados, exceto
Este vinho custou trinta reais. (intransitivo) quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.
� Esquecer: admite três possibilidades
Ex.: Esqueci os acontecimentos. Advérbios Terminados em “mente”
LÍNGUA PORTUGUESA

Esqueci-me dos acontecimentos.


Esqueceram-me os acontecimentos. Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
regência dos adjetivos:
� Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
transitivo direto e indireto análoga / analogicamente a
Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria. contrária / contrariamente a
(transitivo direto com sentido de “acarretar”) compatível / compativelmente com
Mamãe sempre implicou com meus hábitos. diferente / diferentemente de
(transitivo indireto com sentido de “mostrar má favorável / favoravelmente a
disposição”) paralela / paralelamente a
Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo próxima / proximamente a/de
direto e indireto com sentido de envolver-se”) relativa / relativamente a 61
Preposições Prefixos Verbais d) Estão corretas somente as proposições I, II e IV.
e) Todas as proposições estão corretas.
Alguns nomes regem preposições semelhantes a
seus “prefixos”: A forma correta de I seria: “Comunique aos candida-
tos que as provas serão realizadas em outro local”.
dependente, dependência de O verbo “comunicar” é transitivo direto e indireto,
inclusão, inserção em e, no contexto, o objeto direto é a oração subordina-
inerente em/a da substantiva “que as provas serão realizadas em
descrente de/em outro local”. Resposta: Letra A.
desiludido de/com
desesperançado de EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE
desapego de/a
convívio com Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
convivência com crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção
demissão, demitido de da preposição a + artigo feminino definido a, ou da
encerrado em junção da preposição a + os pronomes relativos aque-
enfiado em le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela
imersão, imergido, imerso em marcação (`) + (a) = (à).
instalação, instalado em
interessado, interesse em Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
intercalação, intercalado entre Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.
supremacia sobre
Regra geral: haverá crase sempre que o termo
antecedente exija a preposição a e o termo conse-
quente aceite o artigo a.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
1. (CEPERJ – 2013) “...não passa de uma manifestação ge preposição).
de racismo, do qual, aliás, o brasileiro gosta de decla- Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
rar-se isento”. Nessa oração, o emprego da forma “do palavra que não aceita artigo).
qual” está ligado à presença do termo “isento”, que Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
solicita a presença da preposição de. A frase criada no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
apresenta desvio da norma culta nesse mesmo tipo de dam no momento de identificação:
estrutura em:
Casos Convencionados
a) Os assaltos dos quais falam são cotidianos na cidade
de São Paulo. z Locuções adverbiais formadas por palavras
b) Os crimes contra os quais lutam os policiais oferecem femininas:
perigo à sociedade. Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
c) A pesquisa da qual foram submetidos revelou infor- Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
mações novas. Espero vocês à noite na estação de metrô.
d) As objeções contra as quais se levantaram não tinham Estou à beira-mar desde cedo.
qualquer fundamento.
e) As leis às quais se referem foram julgadas pela z Locuções prepositivas formadas por palavras
pesquisa. femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
O correto é “A pesquisa à qual foram submetidos”,
para respeitar a regência do nome “submetidos”. z Locuções conjuntivas formadas por palavras
Faz-se a pergunta: “Submetidos a quem ou a quê?”. femininas:
Resposta: Letra C. Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
2. (TJ-SC – 201) Analise as proposições sob o aspecto � Quando indicar marcação de horário, no plural
da regência verbal: Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
I. Comunique aos candidatos de que as provas serão que de = a / da = à, portanto:
realizadas em outro local. Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
II. Fundação, pilares, lajes, vigas, caixas-d’água, escadas Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
em concreto armado devem obedecer às normas da
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou aquilo:
ABNT.
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
III. Essa mudança de percepção dos riscos ambientais
àquele outono.
implica maior influência da participação popular nos
Por favor, entregue as flores àquela moça que está
projetos industriais.
sentada.
IV. Esperamos que cheguem logo a nossas mãos os
Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
documentos visando a instruir o processo.
� Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
a) Estão corretas somente as proposições II, III e IV. de:
b) Estão corretas somente as proposições I, II e III. Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
62 c) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. Referimo-nos à de preto.
� Com o pronome relativo a qual, as quais: � Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância
Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou sem determinante
de sair. Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h.
As alunas às quais atribuí tais atividades estão de Astronauta volta a Terra em dois meses.
férias. Os pesquisadores chegaram a terra depois da
expedição marinha.
Casos Proibitivos Vocês o observaram a distância.

Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor Crase Facultativa


orientação de quando não usar a crase.
Nestes casos, podemos escrever as palavras das
� Antes de nomes masculinos duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate- detalhadamente, observe as seguintes dicas:
rial agrada a todos.” (MM)
O carro é movido a álcool. � Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem
Venda a prazo. se tem proximidade
Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara.
� Antes de palavras femininas que não aceitam
artigos � Antes de pronomes possessivos no singular
Ex.: Iremos a Portugal. Ex.: Iremos a/à sua residência.
� Após preposição até, com ideia de limite
Macete de crase: Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Se vou a; Volto da = Crase há! “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Ex.: Vou à escola / Volto da escola. afeto.” (CBr. 1, 67)
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza.
Casos Especiais
� Antes de forma verbal infinitiva
Ex.: Os produtos começaram a chegar. Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
com franqueza, parecem dar a entender que o forem femininos, normalmente a crase não será utili-
fazem por exceção de regra.” (MM) zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
evitar ambiguidades.
� Antes de expressão de tratamento
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa
Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Excelência.
instrumento)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
a regência do verbo exigir preposição Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes. instrumento)
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja
Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos Nomes de Lugares
o pacote.
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- moro em Copacabana, passo por Copacabana)
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
contrato. passo pela Bahia)
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação
suspeita de fraude. Macetes
Eles estavam conservando a certa altura.
Faremos a obra a qualquer custo. z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade. por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
� Antes de demonstrativos a, com a, à moda de, durante a;
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: Não te dirijas a essa pessoa z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de
personalidades históricas z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin. ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
O pacote foi entregue a ti ontem. por a este, a esta e a isto;
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
lado) nomes de cidades quando esses termos estiverem
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
de justiça. tância de 200 metros do pico da montanha. 63
A compreensão da crase vai muito além da estética z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão. Casos que atraem o pronome para ênclise:
Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi- „ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações to honrada com esse título.
como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o „ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
advérbio de instrumento da ação de pintar. „ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
quanto sou importante.

Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader-


EXERCÍCIO COMENTADO no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo).
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou
1. (TJ-SC – 2010) Quanto ao uso da crase: de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada
(correto).
I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs Twirter, Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
à qual ele aderiu duas semanas atrás. (errado) / Tinha se lembrado do fato (correto).
II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã.
III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do
dinheiro à da honra.
IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida.
REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS
a) Somente as proposições II e IV estão corretas. DO TEXTO
b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV.
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV. SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS
d) Estão corretas somente as proposições I, II e III.
e) Todas as proposições estão corretas. Denotação

Justificativa do erro no item II: a palavra “desde” O sentido denotativo da linguagem compreende
é uma preposição que “designa o ponto de partida o significado literal da palavra independente do seu
de um movimento ou extensão (no espaço, no tem- contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais
po ou numa série), para assinalar especialmente a objetivo e literal associado ao significado que aparece
distância” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar
correta é “desde as 8h”.As outras alternativas estão ênfase à informação que se quer passar para o recep-
corretas: na I, cabe crase antes do pronome relativo; tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por
na III, há paralelismo – no primeiro termo, “a pista” isso, é muito utilizada em textos informativos, como
tem artigo, no segundo, deverá ter também, além da notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
preposição a, originando a crase. ticos, entre outros.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
COLOCAÇÃO DOS PRONOMES ÁTONOS chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
Estudo da posição dos pronomes na oração. o corpo. (coração: parte do corpo)

z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. Conotação

Casos que atraem o pronome para próclise: O sentido conotativo compreende o significado
figurado e depende do contexto em que está inserido.
„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.: A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
Não me submeto a essas condições. dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se à expressividade da mensagem de maneira que ela
apresente como um rico investidor, ele nada tem. possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
„ Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe-
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.: publicitários e outros.
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”.
agradecemos. Você mora no meu coração.
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes! Outras relações de significação

z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo. Quando escolhemos determinadas palavras ou


expressões dentro de um conjunto de possibilidades
Casos que atraem o pronome para mesóclise: de uso, estamos levando em conta o contexto que
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que influencia e permite o estabelecimento de diferentes
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum relações de sentido. Essas relações podem se dar por
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní-
64 jos agora...” mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
Importante! acender (colocar fogo) ascender (subir)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres- acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
sões de um idioma. acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
que cada falante seleciona do léxico para se bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
comunicar. bucho (estômago) buxo (arbusto)
caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
z Sinonímia
sela (forma do verbo selar;
cela (pequeno quarto)
arreio)
São palavras ou expressões que, empregadas em censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
um determinado contexto, têm significados seme- céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
lhantes. É importante entender que a identidade dos
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
cerrar (fechar) serrar (cortar)
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
cervo (veado) servo (criado)
o que pode não acontecer em outras situações. O
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti- cheque (ordem de xeque (lance no jogo de
pagamento) xadrez)
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
de suas significações é diferente. círio (vela) sírio (natural da Síria)
O emprego dos sinônimos é um importante recur- cito (forma do verbo citar) sito (situado)
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a concerto (sessão musical) conserto (reparo)
capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi- coser (costurar) cozer (cozinhar)
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura exotérico (que se expõe em
esotérico (secreto)
do texto. público)
espectador (aquele que expectador (aquele que tem
z Antonímia assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito)
São palavras ou expressões que, empregadas em espiar (observar) expiar (pagar pena)
um determinado contexto, têm significados opostos. espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
As relações de antonímia podem ser estabelecidas em estático (imóvel) extático (admirado)
gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci- esterno (osso do peito) externo (exterior)
dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é extrato (o que se extrai de
estrato (camada)
casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir: algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar)
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido)
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php.
Acessado em: 17/10/2020.

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020. z Absorver/absolver


LÍNGUA PORTUGUESA

A relação de sentido estabelecida na tirinha é „ Tentaremos absorver toda esta água com
construída a partir dos sentidos opostos das palavras esponjas. (sorver)
“prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
se contexto.
de seus pecados. (inocentar)
z Homonímia
z Aferir/auferir
Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
núncia ou grafia, porém apresentam significados dife- „ Realizaremos uma prova para aferir seus
rentes. É importante estar atento a essas palavras e a conhecimentos. (avaliar, cotejar)
seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô- „ O empresário consegue sempre auferir lucros
nimos importantes: em seus investimentos. (obter) 65
z Cavaleiro/cavalheiro SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU TRECHOS DE
TEXTO
„ Todos os cavaleiros que integravam a cava-
laria do rei participaram na batalha. (homem A substituição é essencial também para não haver
que anda de cavalo) repetição de palavras. Podemos usar outras palavras
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre para nos referirmos à anterior, mesmo que não seja
sempre as portas para eu passar. (homem edu- um sinônimo.
cado e cortês)
z Lucas viajou para a Europa nas últimas férias.
z Cumprimento/comprimento Também preciso ir para lá um dia.
z Pedro esqueceu a bola na rua e ela foi roubada.
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de z Antônia passou em primeiro lugar no concurso,
3,50 metros. (tamanho, grandeza) ela é muito inteligente.
„ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES GÊNEROS
z Delatar/dilatar E NÍVEIS DE FORMALIDADE

„ Um dos alunos da turma delatou o colega que A linguagem, em termos bem simples, é a capacida-
chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar) de que nós, seres humanos, possuímos de expressar nos-
„ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan- sos pensamentos, ideias, sentimentos e opiniões. Ou seja,
do seu estômago. (alargar, estender) é um código utilizado para estabelecer comunicação.
Existem dois tipos principais de linguagem: a lin-
z Dirigente/diligente guagem não verbal e a linguagem verbal. A lingua-
gem não verbal não utiliza palavras para constituir
„ O dirigente da empresa não quis prestar decla- a comunicação: ela faz uso de formas de comunica-
rações sobre o funcionamento da mesma. (pes- ção como gestos, sinais, símbolos, cores luzes etc. (por
soa que dirige, gere) exemplo, quando se observa um semáforo de trânsito,
„ Minha funcionária é diligente na realização de com suas luzes vermelha, amarela e verde e se enten-
suas funções. (expedito, aplicado) de que se deve ou não avançar; ou ainda, quando se
ouve o apito de um agente de trânsito).
z Discriminar/descriminar Já a linguagem verbal usa palavras para estabe-
lecer a comunicação: esse uso pode se dar na forma
„ Ela se sentiu discriminada por não poder oral ou na forma escrita (como, por exemplo, em uma
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar) entrevista na TV ou em um e-mail). Observe a tabela
„ Em muitos países se discute sobre descrimi- abaixo que traz exemplos que ajudam a diferenciar a
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar, linguagem não verbal da linguagem verbal (em suas
inocentar) duas formas).

Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par LINGUAGEM


onimas/. Acessado em 17/10/2020. LINGUAGEM VERBAL - ORAL
NÃO VERBAL

Polissemia (Plurissignificação) Telefonemas;


Sinais de trânsito; conversas;
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu- Cores; Discursos;
Desenhos; Aulas;
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
Gestos; Entrevistas etc.
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
Postura;
si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis- LINGUAGEM VERBAL - ESCRITA
Placas;
semia é encontrada no exemplo a seguir:
Pinturas; Livros;
Bandeiras; E-mails;
Buzinas; Jornais;
Músicas etc. Cartas;
Leis etc.

A linguagem oral e a linguagem escrita são, pois,


Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020. duas manifestações da linguagem verbal, cada uma
com suas características próprias (a linguagem oral
z Hipônimo e Hiperônimo permite um contato direto com o destinatário, é mais
espontânea, mais livre, não requer escolarização,
Relação estabelecida entre termos que guardam renova-se permanentemente; já na linguagem escrita
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra- há maior distância entre emissor e receptor, sendo o
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos – contato indireto e requer escolarização e aprendiza-
66 carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus... gem formal da escrita).
A linguagem formal Note que o fato é o mesmo: o acidente de trânsito
no caminho para o trabalho. No entanto, função das
Dependendo da situação, a linguagem verbal duas diferentes situações (avisar duas pessoas com as
(escrita e oral) pode ser mais ou menos formal. Quan- quais tem diferentes níveis de intimidade), o registro
do você conversa ao telefone com um velho amigo ou se faz necessário em suas duas espécies: no registro
envia uma mensagem de texto para um parente, se formal e no registro informal.
comunica de uma forma mais livre; já numa entrevista Assim, ao elaborar o texto da redação oficial,
de emprego ou ao escrever um e-mail solicitando algo a deve-se atentar para o uso do registro formal, uma
uma autoridade, você escolhe melhor as palavras. vez que se espera o uso da modalidade escrita formal
Ou seja, o nível de formalidade nas comunica- da língua portuguesa.
ções varia conforme a circunstância. Resumindo, a diferença entre linguagem formal e
A linguagem informal (oral ou escrita) geralmen- linguagem informal está no contexto em que elas são
te é usada quando temos certo nível de intimidade utilizadas e na escolha das palavras e expressões
entre os interlocutores, como nas correspondências utilizadas para comunicar.
entre familiares ou amigos. Já a linguagem formal (na A tabela abaixo apresenta uma comparação entre
sua forma oral ou escrita), caracterizada pela polidez as duas formas de linguagem.
e escolha cuidadosa das palavras, é normalmente
empregada quando nos dirigimos a alguém com quem LINGUAGEM LINGUAGEM
não temos proximidade, como no exemplo da seleção FORMAL INFORMAL
de emprego e em outras situações que exigem tal pro-
tocolo, como na escrita de um texto científico, um livro A linguagem formal
didático, na correspondência entre empresas e, como é aquela utilizada A linguagem in-
veremos mais adiante, na comunicação oficial. em situações que formal é utilizada
O termo “registro” é usado para se fazer referência exigem maior em situações
aos níveis de formalidade na língua falada e na língua protocolo (situa- mais descon-
O que é
escrita. Os níveis de formalidade são chamados, ain- ções profissionais, traídas, quando
da, de níveis de fala ou níveis de linguagem. acadêmicas ou existe maior li-
Em qualquer ato de linguagem, para a escolha do quando não existe berdade entre os
registro (do nível de formalidade), o indivíduo leva intimidade entre os interlocutores.
em conta, mesmo que de forma inconscientemente, interlocutores).
a situação em que se encontra ao produzir seu tex-
Não requer o uso
to (oral ou escrito). Em outras palavras, ao praticar
da norma culta,
a comunicação, o autor escolhe um nível maior ou
sendo normal
menor de formalidade e, para isso, leva em considera-
Uso da norma culta o uso de gírias,
ção, entre outras coisas:
(respeito rigoroso expressões popu-
às normas grama- lares, neologismos
z O seu interlocutor; Caracte-
ticais) e utilização (palavras inven-
z Ambiente em que se encontra; rísticas
de vocabulário tadas) e palavras
z O assunto a ser tratado; e extenso; abreviadas, como
z A intenção, objetivo a ser atingido (informar, soli- vc, cê e tá.
citar, persuadir etc.). Sofre influência de
variações culturais
É observando esses elementos que o autor adequa: e regionais.

z Os vocábulos; Situações mais


z A pronúncia (no caso da fala); formais, como
Utilizada em con-
z A ortografia (no caso da escrita); e entrevistas de em-
versas cotidianas,
z A estruturação das sentenças. pregos, palestras,
em mensagens de
concursos públicos
texto enviadas por
Quanto mais formal for um ato de linguagem, mais e documentos
celular, chats.
cuidado deve ser dedicado aos itens acima. Quando oficiais.
Normalmente é
Observe a tabela baixo, retirada do manual de Tex- se usa Geralmente, é uti-
usada em conver-
tos Dissertativo-Argumentativo do Inep, que ilustra os lizada quando se
sas entre amigos
dois tipos de registro, o formal e o informal. dirige a superiores,
e familiares. O uso
autoridades ou ao
mais comum se dá
REGISTRO FORMAL REGISTRO INFORMAL público em geral.
LÍNGUA PORTUGUESA

quando se fala.
É mais utilizada
Jovem para o chefe: Jovem para a mãe: quando se escreve.

Boa tarde, chefe. Infeliz- Que droga, mãe! Bateram Estou muito Caramba, tô muito
mente, acabei de sofrer no meu carro! atrasado. atrasado.
um acidente de trânsito e Tô bem, não se preocupe.
devo me atrasar, pois es- Me mande o Quando se fala em linguagem oficial é importante
tou aguardando a polícia, número da seguradora. dar atenção aos vícios de linguagem, a fim de que sejam
para os trâmites formais, Depois te ligo. evitados. Os vícios de linguagem são defeitos, erros
e a seguradora, para o re- cotidianos que cometemos no emprego da língua, nor-
colhimento do veículo. malmente por falta de atenção e pouco conhecimento
dos significados das palavras. Confira alguns vícios de 67
linguagem (lembre-se quando estudarmos a redação A palavra violência frequentemente nos remete a cri-
oficial que estes são defeitos que não podem constar mes como assassinato, estupro, roubo e lesão corpo-
nas comunicações emitidas pelo poder público): ral, ou mesmo a guerras e terrorismo. Pensamos que
violência e crime violento são a mesma coisa e não
z Barbarismo: grafia ou pronúncia de uma pala- levamos em conta que nem toda violência é conside-
vra em desacordo com a norma culta (como por rada crime.
exemplo escrever “previlégio” ao invés de “privi-
légio” ou pronunciar “RUbrica” quando o correto é A sociedade, para reafirmar seus valores e se man-
“ruBRIca”); outra forma de barbarismo é o estran- ter, pune as transgressões, com a intenção de que a
geirismo: vício que se caracteriza pelo uso indevi- punição aplicada ao transgressor seja útil para que os
do de expressões ou frases estrangeiras em nossa demais indivíduos não sigam o mau exemplo, tendo
língua, como o uso de “performance” ao invés de em vista as consequências. Nesse caso, considera-se
“desempenho, exibição”; ou “show”, no lugar de crime a transgressão de regras socialmente preesta-
“espetáculo”; belecidas, que variam de acordo com(1) a sociedade e
z Solecismo: desvio da norma em relação à sinta- o contexto histórico.
xe. Ex.: “Fazem dois anos que não nos vemos”, no
lugar de “Faz dois anos”; ou “Vamos no restauran-
Lançadas com o intuito de encontrar respostas para
te”, no lugar de “Vamos ao restaurante”;
as possíveis causas da violência, hipóteses clássicas
z Cacofonia: mal uso de sons, causado pela junção
na sociologia do crime acabaram por defender a tese
de palavras, como em ela tinha muito dinheiro
de associação entre o aumento nos índices de crimi-
(parece o som de: “é latinha”); beijou na boca dela
nalidade e a pobreza. Essa associação sustenta a pre-
(“cadela”);
missa de que o crime seja combatido e punido com
z Neologismo: ocorrem quando da criação de uma
maior rigor e frequência nas classes economicamente
palavra nova, ou ainda quando uma palavra exis-
tente assume outro significado. Ex.: “deletar”, que mais desfavorecidas, em contraposição à tolerância
surge principalmente por conta do contexto da e à impunidade de crimes cometidos tipicamente ou
informática; e ocasionalmente por indivíduos detentores de poder.
z Eco: repetição de um som numa sequência de
palavras (como por exemplo, O acusado foi inter- O mito da criminalidade associada à pobreza cria este-
rogado pelo magistrado). reótipos, marginaliza e criminaliza a pobreza — que,
em si, é uma violência. Rotula os que são tidos como
Além disso, evite ainda: pobres e faz uma proporção extremamente grande da
população ser prejulgada por atos ilícitos praticados
z O emprego de gírias ou expressões populares (isso por uma minoria.
não significa usar palavras difíceis e rebuscadas);
z O uso de jargões (terminologia técnica comum a A violência nas cidades deve ser vista sob duas vias.
uma atividade ou grupo específico, comumente Um tipo de violência é a dos crimes praticados nas
usada em grupos profissionais ou socioculturais, ruas, principalmente nas grandes cidades, que pode
como por exemplo, “peticionar”, de uso comum atingir qualquer pessoa. O segundo tipo é a violên-
pelos advogados). Mas isso não quer dizer que não cia praticada pela própria cidade, que massacra os
se pode utilizar uma terminologia específica quan- pobres, marginalizando e criminalizando esses cida-
do necessário (somente se você tiver certeza do dãos. Enquanto se diz que os pobres da cidade são
que determinada palavra significa); violentos, a atenção da violência que eles sofrem é
z As palavras reduzidas, como “tá” em lugar de invertida. A violência contra quem mora próximo de
“estar”, “cê” em vez de “você”, ou “pra” em vez de condomínios de luxo e mansões fortificadas, sem ter
“para”; acesso a bens básicos para garantir razoáveis condi-
z Os verbos de sentido muito geral, como “dar”, ções de vida, é esquecida.
“ter”, “fazer”, “achar”, no lugar de verbos de senti-
do mais exato; e Geélison Ferreira da Silva. Considerações sobre criminalidade:
z As expressões típicas da oralidade, como “bem”, marginalização, medo e mitos no Brasil. In: Revista Brasileira de
“veja bem”, “entendeu?”. Segurança Pública. ano 5, 8.ª ed. São Paulo, fev. – mar./2011, p. 91-
102 (com adaptações)

Outro fenômeno linguístico que deve ser evitado


na comunicação formal é o uso de regionalismos. O No que se refere aos sentidos e às propriedades lin-
regionalismo é o modo de falar particular de deter- guísticas do texto, julgue o item a seguir. No texto, a
minada região geográfica, como, por exemplo, a pala- expressão “de acordo com” (1) tem o mesmo sentido
vra “piá” (o regionalismo usado no sul do Brasil que se de conforme.
refere a menino) e o termo “semáforo” pode ser desig-
nado por “farol” em São Paulo, e “sinal” ou “sinaleiro” ( ) CERTO  ( ) ERRADO
no Rio de Janeiro.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação às ideias do
texto, julgue o item que se segue.

HORA DE PRATICAR! O texto visa comprovar que o aumento dos índices de


criminalidade está relacionado à pobreza.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Leia o texto a seguir para
68 responder às questões 1 a 6. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação às ideias do Uma estação com indecifrável plataforma, onde
texto, julgue o item que se segue. espreitávamos um cargueiro para ignorado destino.
Não se desata com delicadeza o nó que nos amarra à
De acordo com o texto, um dos mecanismos utiliza- mãe. Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nos-
dos para a manutenção da ordem social é a punição so bilhete de partida. Sem poder recuar, os trilhos cor-
de crimes, isto é, de condutas compreendidas como riam exatos diante de nossos corações imprecisos. Os
transgressão de qualquer tipo de regra. cômodos sombrios da casa — antes bem-aventurança
primavera — abrigavam passageiros sem linha do hori-
( ) CERTO  ( ) ERRADO zonte. Se fora o lugar da mãe, hoje ventilava obstinado
exílio.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos sen-
Bartolomeu Campos de Queirós. Vermelho amargo. São Paulo:
tidos e às propriedades linguísticas do texto, julgue o
Cosac Naify, 2013, p. 5 (com adaptações).
item a seguir.
Ainda a respeito de aspectos linguísticos e dos senti-
A forma verbal “diz” (1) poderia ser substituída por dis-
dos do texto 1A1-I, julgue o item que se segue.
ser, sem prejuízo da correção gramatical do texto.
O emprego do acento gráfico nas palavras “Dói”, “só” e
“nós” justifica-se pela mesma regra de acentuação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos sen-
tidos e às propriedades linguísticas do texto, julgue o
8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que concerne aos
item a seguir.
aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I,
julgue o seguinte item.
Os sentidos e a correção gramatical do texto seriam
preservados caso o último período (em destaque no
Infere-se do texto que o narrador não era filho único.
texto) fosse assim reescrito: É esquecida a violência
contra quem vive na vizinhança de condomínios de luxo
e mansões fortificadas, mas não tem acesso a bens ( ) CERTO  ( ) ERRADO
básicos para garantir razoáveis condições de vida.
9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que concerne aos
( ) CERTO  ( ) ERRADO aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I,
julgue o seguinte item.
6. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos sen-
tidos e às propriedades linguísticas do texto, julgue o Seriam mantidos os sentidos e a correção gramatical
item a seguir. do texto caso o adjetivo “inteiro” fosse substituído por
inteiramente.
A posição do advérbio “frequentemente”(1) justifica a
ocorrência de próclise em “nos remete”. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

( ) CERTO  ( ) ERRADO 10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Ainda a respeito de aspec-


tos linguísticos e dos sentidos do texto 1A1-I, julgue o
item que se segue.
7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Leia o texto para respon-
der às questões 7 a 11.
A mesma regra de pontuação justifica o emprego do
sinal de dois-pontos destacados em amarelo.
Texto 1A1-I
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Dói. Dói muito. Dói pelo corpo inteiro. Principia nas
unhas, passa pelos cabelos, contagia os ossos, pena-
liza a memória e se estende pela altura da pele. Nada 11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que concerne aos aspec-
fica sem dor. Também os olhos, que só armazenam tos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o
as imagens do que já fora, doem. A dor vem de afas- seguinte item.
tadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes
lugares, inseguros futuros. Não se chora pelo amanhã. A palavra “ligeiro” foi empregada no texto com o senti-
Só se salga a carne morta. do de brando.

No princípio, se um de nós caía, a dor doía ligeiro. ( ) CERTO  ( ) ERRADO


Um beijo seu curava a cabeça batida na terra, o dedo
espremido na dobradiça da porta, o pé tropeçado no 12. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Leia o texto para respon-
der às questões 12 a 16.
LÍNGUA PORTUGUESA

degrau da escada, o braço torcido no galho da árvore.


Seu beijo de mãe era um santo remédio. Ao machucar,
pedia-se: mãe, beija aqui! Texto 1A12-I

Há que experimentar o prazer para, só depois, bem Preguiça e covardia são as causas que explicam por
suportar a dor. Vim ao mundo molhado pelo desen- que uma grande parte dos seres humanos, mesmo
lace. A dor do parto é também de quem nasce. Todo muito após a natureza tê-los declarado livres da orien-
parto decreta um pesaroso abandono. Nascer é afas- tação alheia, ainda permanecem, com gosto e por
tar-se — em lágrimas — do paraíso, é condenar-se à toda a vida, na condição de menoridade. As mesmas
liberdade. Houve, e só depois, o tempo da alegria ao causas explicam por que parece tão fácil outros afir-
enxergar o mundo como o mais absoluto e sucessi- marem-se como seus tutores. É tão confortável ser
vo milagre: fogo, terra, água, ar e o impiedoso tempo. menor! Tenho à disposição um livro que entende por
Sem a mãe, a casa veio a ser um lugar provisório. mim, um pastor que tem consciência por mim, um
69
médico que me prescreve uma dieta etc.: então não 17. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Leia o texto para respon-
preciso me esforçar. Não me é necessário pensar, der às questões 17 a 20.
quando posso pagar; outros assumirão a tarefa espi-
nhosa por mim. Os meninos deitaram-se e pegaram no sono. Sinha
Vitória pediu o binga ao companheiro e acendeu o
A maioria da humanidade vê como muito perigoso,
cachimbo. Fabiano preparou um cigarro. Por enquanto
além de bastante difícil, o passo a ser dado rumo à
maioridade, uma vez que tutores já tomaram para si de estavam sossegados. Voltaram a cochichar projetos,
bom grado a sua supervisão. Após terem previamente as fumaças do cigarro e do cachimbo misturaram-se.
embrutecido e cuidadosamente protegido seu gado, Fabiano insistiu nos seus conhecimentos topográfi-
para que essas pacatas criaturas não ousem dar qual- cos, falou no cavalo de fábrica. Ia morrer na certa, um
quer passo fora dos trilhos nos quais devem andar, os animal tão bom. Se tivesse vindo com eles, transpor-
tutores lhes mostram o perigo que as ameaça caso taria a bagagem. Ia morrer o amigo, num canto de cer-
queiram andar por conta própria. Tal perigo, porém, não ca, vendo os urubus chegarem banzeiros, saltando, os
é assim tão grande, pois, após algumas quedas, apren- bicos ameaçando-lhe os olhos. A lembrança das aves
deriam finalmente a andar; basta, entretanto, o exemplo
medonhas, que ameaçavam com os bicos pontudos
de um tombo para intimidá-las e aterrorizá-las por com-
pleto para que não façam novas tentativas. os olhos de criaturas vivas, horrorizou Fabiano. Sinha
Vitória percebeu-lhe a inquietação na cara torturada
Kant. Resposta à pergunta: Que é esclarecimento? Tradução de e levantou-se, acordou os filhos, arrumou os picuás.
Pedro Caldas. In: Danilo Marcondes. Textos básicos de ética: de Fabiano retomou o carrego. Pouco a pouco uma vida
Platão a Foucault. Zahar, 4.ª edição, 2008 (com adaptações). nova, ainda confusa, se foi esboçando. Fabiano estava
contente e acreditava nessa terra, porque não sabia
Acerca das ideias e dos sentidos do texto 1A12-I, jul- como ela era nem onde era. E andavam para o sul,
gue o seguinte item. metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de
pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo
Conforme o texto, preguiça e covardia justificam a per- coisas difíceis e necessárias. Chegariam a uma terra
manência de certos seres humanos na condição de desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o
menoridade e também a existência de pessoas que sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão
assumem para si as responsabilidades de tais seres mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como
humanos. Fabiano, Sinha Vitória e os dois meninos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Graciliano Ramos. Vidas Secas.

13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito das proprieda- Acerca dos sentidos do texto, julgue o item subsequente.
des linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.
A afirmativa “E o sertão continuaria a mandar gente
A palavra “porém” poderia ser corretamente substituí- para lá” denota uma expectativa de continuidade do
da por “mas”, sem alteração da coesão e dos sentidos êxodo rural.
do texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
18. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Acerca dos sentidos do
14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito das proprieda-
texto, julgue o item subsequente.
des linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.
O trecho “Uma cidade grande [...] presos nela” descre-
Os termos “essas pacatas criaturas”, “lhes” e “as”
ve os acontecimentos que sucederam com Fabiano e
fazem referência a termos mencionados anteriormen-
te e, por isso, constituem recursos de coesão textual sua família depois de terem chegado à cidade grande.
que permitem evitar repetições no texto.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
19. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Acerca dos sentidos do
15. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito das proprieda- texto, julgue o item subsequente.
des linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.
Embora rumasse na direção sul, em busca de uma
Seriam preservadas a correção e a coesão do texto cidade grande, Fabiano não sabia exatamente onde
caso fosse inserida uma vírgula imediatamente após seria seu destino final.
“explicam”.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
20. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Acerca dos sentidos do
16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca das ideias e dos texto, julgue o item subsequente.
sentidos do texto 1A12-I, julgue o seguinte item.
Depreende-se da narrativa que Fabiano e sua família
A palavra “espinhosa” foi empregada no texto com o são retirantes emigrando do sertão em direção a uma
sentido de árdua, difícil. região considerada mais promissora.

70 ( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO


9 GABARITO

1 CERTO

2 ERRADO

3 ERRADO

4 ERRADO

5 CERTO

6 CERTO

7 ERRADO

8 CERTO

9 ERRADO

10 ERRADO

11 ERRADO

12 CERTO

13 ERRADO

14 CERTO

15 ERRADO

16 CERTO

17 CERTO

18 ERRADO

19 CERTO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

LÍNGUA PORTUGUESA

71
ANOTAÇÕES

72
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
ma Kinect do videogame xBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e supor-
tes avançados são raramente questionados. As questões
NOÇÕES DE INFORMÁTICA aplicadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o
modo de operação do sistema operacional em um dispo-
sitivo computacional padrão (ou tradicional).
O sistema operacional Windows é um software pro-
prietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) disponível e o
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL usuário precisa adquirir uma licença de uso da Microsoft.
(AMBIENTES LINUX E WINDOWS)
O sistema operacional proporciona a base para Importante!
execução de todos os demais softwares no computa-
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para A banca prioriza o conhecimento básico das
comunicação com o hardware (através dos drivers). configurações do sistema operacional. O usuário
Os computadores podem receber diferentes sistemas, não encontrará muitas questões sobre a “parte
segundo a sua arquitetura de construção. prática”, como ocorrem com outras organiza-
É possível termos dois ou mais sistemas operacionais doras de concursos. Em outras palavras, as pri-
instalados em um dispositivo. No caso dos computado- meiras páginas do material sobre Windows são
res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no as mais importantes para as provas da banca
disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win- CESPE/Cebraspe.
dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá
executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi-
ne), conforme detalhado no tópico Virtualização. Funcionamento do Sistema Operacional
O que os sistemas operacionais têm em comum?
Do momento em que ligamos o computador até o
z Plataforma para execução de programas: eles momento em que a interface gráfica está completa-
oferecem recursos que são compartilhados pelos mente disponível para uso, uma série de ações e con-
programas executados, desenvolvidos para serem figurações são realizadas, tanto nos componentes de
compatíveis com o sistema operacional; hardware como nos aplicativos de software. Acompa-
z Núcleo monolítico: arquitetura monobloco, onde nhe a seguir estas etapas.
um único processo centraliza e executa as princi-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe;
HARDWARE SOFTWARE
z Interface gráfica: mesmo oferecendo uma inter-
face de linha de comandos, a interface gráfica é POST - Power On Self Test
Energia elétrica - botão ON/OFF
a mais utilizada e questionada em provas, com
ícones que representam os itens existentes no BIOS - Carregado para a
Equipamento OK
dispositivo; memória RAM
z Multiusuário: os sistemas permitem que vários
Disco de Inicialização Gerenciador de Boot
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
respectiva conta e credenciais de acesso;
Memória RAM
z Multiprocessamento: os sistemas possibilitam a Núcleo do Sistema Speracional
execução de vários processos simultaneamente,
Periféricos de Entrada
gerenciando os recursos oferecidos pelo processador; Drivers
z Preemptivo: o sistema operacional poderá inter-
romper processos durante a sua execução; Interface Gráfica
z Multitarefas: os sistemas operacionais possibilitam
a execução de várias tarefas de forma simultânea Aplicativos
e concorrentes entre si, através do gerenciamento
profundo da memória do dispositivo; Todo dispositivo possui um sistema de inicializa-
z Interface com o hardware: o sistema operacio- ção. Quando colocamos a chave no contato do carro
nal contém arquivos que atuam como tradutores, e damos a primeira mexida, todas as luzes do painel
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

possibilitando a comunicação do software com o se acendem e somente aquelas que estiverem ativa-
hardware. das permanecem. Quando ligamos o micro-ondas, ele
acende todo o painel e faz um beep. Quando ligamos
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS: o nosso smartphone, ele acende a tela e faz um toque.
WINDOWS 10 Estes procedimentos são úteis para identificar que os
recursos do dispositivo estão disponíveis corretamen-
O sistema operacional Windows foi desenvolvido te para utilização.
pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em
meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi- z POST – Power On Self Teste: autoteste da inicia-
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores lização. Instruções definidas pelo fabricante para
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis), verificação dos componentes conectados;
canetas e mesas digitalizadoras. z BIOS – Basic Input Output System: sistema
Atualmente o Windows é oferecido na versão 10, básico de entrada e saída. Informações gravadas
que possui suporte para os dispositivos apontadores em um chip CMOS (Complementary Metal Oxidy 73
Semiconductor) que podem ser configuradas pelo z Usuário: poderá executar os programas que foram
usuário usando o programa SETUP (executado instalados pelo administrador, mas não poderá
quando pressionamos DEL ou outra tecla específi- desinstalar ou alterar as configurações;
ca no momento que ligamos o computador, na pri- z Convidado ou Visitante: poderá acessar apenas os
meira tela do autoteste – POST Power On Self Test); itens liberados previamente pelo administrador. Esta
z KERNEL – Núcleo do sistema operacional: O Windo- conta geralmente permanece desativada nas confi-
ws tem o núcleo fechado e inacessível para o usuário. gurações do Windows, por questões de segurança.
O Linux tem núcleo aberto e código fonte disponível
para ser utilizado, copiado, estudado, modificado e No Windows, as permissões NTFS podem ser atri-
redistribuído sem restrição. O kernel do Linux está buídas em Propriedades, guia Segurança. Através de
em constante desenvolvimento por uma comunidade permissões como Controle Total, Modificar, Gravar,
de programadores, e para garantir sua integridade e entre outras, o usuário poderá definir o que será aces-
qualidade, as sugestões de melhorias são analisadas e sado e executado por outros usuários do sistema. As
aprovadas (ou não) antes de serem disponibilizadas permissões do sistema de arquivos NTFS não são compatí-
para download por todos; veis diretamente com o sistema operacional Linux, e caso
tenhamos dois sistemas operacionais ou dois dispositivos
z Gerenciador de BOOT : O Linux tem diferentes
na rede com sistemas diferentes, um servidor Samba será
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são
necessário, para realizar a ‘tradução’ das configurações.
o LILO e o Grub;
O Windows oferece a interface gráfica (a mais usa-
z GUI - Graphics User Interface: Interface gráfica, por-
da e questionada) e pode oferecer uma interface de
que o sistema operacional oferece também a interfa- linha de comandos para digitação. O Prompt de Coman-
ce de comandos (Prompt de Comandos ou Linha de dos é a representação do sistema operacional MS-DOS
Comandos). (Microsoft Disk Operation System), que era a opção
padrão de interface para o usuário antes do Windows.
Quando o sistema Windows não consegue ini- O Windows 10 oferece o Prompt de Comandos ‘bási-
ciar de forma correta, é possível recuperar o acesso co’ e tradicional, acionado pela digitação de CMD segui-
através de ferramentas de inicialização. Para acesso do de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta pelo
a estes recursos, pode ser necessária uma conta com atalho de teclado Windows+R = Run). Além dele, existe
credenciais de administrador. o Windows Power Shell, que é a interface de comandos
programável, acessível pelo menu do botão Iniciar.
z Restauração do Sistema: a cada vez que o Win- Para conhecer as configurações do dispositivo, o
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res- usuário pode acessar as Propriedades do computa-
tauração foi criado. A cada instalação de software dor no Explorador de Arquivos, ou o item Sistema em
ou alterações significativas das configurações, um Configurações (atalho de teclado Windows+I), ou pela
ponto de restauração é criado. Em caso de insta- Central de Ações (atalho de teclado Windows+A), ou
bilidade, o usuário pode retornar o Windows para acionar o atalho de teclado Windows+Pause.
um ponto de restauração previamente criado. A interface gráfica do Windows é caracterizada
z Reparação do Sistema: se arquivos do sistema foram pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do
seriamente modificados ou se tornaram inacessíveis, Windows exibe ícones de pastas, arquivos, programas,
o Windows não iniciará e não conseguirá recuperar atalhos, Barra de Tarefas (com programas que podem
para um ponto de restauração. O Windows permite a ser executados e programas que estão sendo executa-
criação de um disco de recuperação do sistema, que dos) e outros componentes do Windows.
restaura o Windows para as configurações originais.
z Histórico de Arquivos: a cada alteração, o Windo-
ws armazena cópias dos arquivos originais e grava Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o
usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e
retornar para uma cópia anterior do mesmo item. W X

Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas


z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra): alte- Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
rações de conteúdos de pastas são monitorados
pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu Digite Aqui Para Pesquisar
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante-
riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res- Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.
taurando e descartando as alterações posteriores. Navegador padrão Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos

O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as


credenciais.
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
z Administrador: usuário que poderá instalar pro- Pasta de Arquivos

gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as Arquivos

configurações. Os programas podem ser desinsta- W X

Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas


lados ou reparados pelo administrador; Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Barra de Tarefas
„ Administrador local: configurado para o Digite Aqui Para Pesquisar
dispositivo;
„ Administrador domínio: quando o dispositivo Cortana Área de Notificação
está conectado em uma rede (domínio), o admi- Botão Iniciar Visão de tarefas
Central de Ações
nistrador de redes também poderá acessar o Barra de acesso rápido
74 dispositivo com credenciais globais; Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.
A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do z Bloquear o computador: com o atalho de teclado
papel de parede personalizada pelo usuário, poderá Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
ter uma proteção de tela ativada. Após algum tempo putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
sem utilização dos periféricos de entrada (mouse e sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
teclado), uma imagem ou tela será exibida no lugar da z Gerenciador de Tarefas: para controlar os aplica-
imagem padrão. tivos, processos e serviços em execução. Atalho de
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- teclado: Ctrl+Shift+Esc;
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos z Minimizar todas as janelas: com o atalho de tecla-
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. do Windows+M (Minimize), o usuário pode minimi-
A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou zar todas as janelas abertas, visualizando a área de
duplicada, com os recursos de projeção. Ao acionar o ata- trabalho;
lho de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá: z Criptografia com BitLocker: o Windows oferece o
sistema de proteção BitLocker, que criptografa os
z Tela atual: exibir somente na tela atual. dados de uma unidade de disco, protegendo contra
z Estender: ampliar a área de trabalho, usando dois acessos indevidos. Para uso no computador, uma
ou mais monitores, iniciando em uma tela e ‘conti- chave será gravada em um pendrive, e para aces-
nuando’ na outra tela. sar o Windows, ele deverá estar conectado;
z Duplicar: exibir a mesma imagem nas duas telas. z Windows Hello: sistema de reconhecimento facial
z Somente projetor: desativar a tela atual (no note- ou biometria, para acesso ao computador sem a
book, por exemplo) e exibir somente no projetor necessidade de uso de senha;
ou Datashow. z Windows Defender: aplicação que integra recur-
sos de segurança digital, como o firewall, antivírus
O Windows 10 apresenta algumas novidades em e antispyware.
relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
dor de Internet, locais que centralizam informações etc.
Atente-se: A banca prioriza o conhecimento de novos
recursos dos softwares constantes do edital publicado.
z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instala-
No Windows, algumas definições sobre o que está sen-
dos no computador, com os itens recentes no início da
do executado podem variar, segundo o tipo de execução.
lista e os demais itens classificados em ordem alfabé-
Confira:
tica. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Win-
dows 8 com a lista de programas do Windows 7;
z Aplicativos: são os programas de primeiro plano,
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, permite
que o usuário executou.
localizar a partir da digitação de termos, itens no
z Processos: são os programas de segundo plano,
dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
carregados na inicialização do sistema operacional,
teclado: Windows+S (Search);
componentes de programas instalados pelo usuário.
z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
z Serviços : são componentes do sistema operacio-
informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
nal carregados durante a inicialização para auxi-
z Visão de Tarefas: permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba- liar na execução de vários programas e processos.
lho. Atalho de teclado: Windows+TAB;
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do Os aplicativos em execução no Windows poderão
Windows 10. Ele está configurado com o buscador ser acessados de várias formas, alternando a exibição
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado; de janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário bai-
xar novos aplicativos para Windows; z Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução,
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuá-
carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se tor- rio escolher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção
nar um hub de e-mails com adição de outras contas; passa para o próximo item, retornando ao começo
z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de pro- quando passar por todos;
gramas para acessar rapidamente; z Alt + Esc: alterna diretamente para o próximo apli-
z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão cativo em execução, sem exibir nenhuma janela de
seleção;
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

direito (secundário) do mouse, será mostrado o


menu rápido, que permite fixar arquivos abertos z Ctrl + Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em
recentemente e fixar o ícone do programa na barra execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece em
de acesso rápido; exibição, podendo usar as setas de movimentação
z Central de Ações: centraliza as mensagens de segu- para escolha do programa;
rança e manutenção do Windows, como as atuali- z Windows + Tab: mostra a Visão de Tarefas, para
zações do sistema operacional. Atalho de teclado: escolher programas em execução ou outras áreas
Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa de trabalho abertas.
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automa-
ticamente quando o Windows é inicializado; Vários recursos presentes no sistema operacional
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamente Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Pro-
a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam cure praticar as combinações de atalhos de teclado, por
em primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e
(Desktop); elas caem em provas de concursos. 75
4 - Maximizar Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 Fechar
1 - Barra de Menus
TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Unidade de disco de armazenamento


Disco de permanente, que possui um siste-
armazenamento ma de arquivos e mantém os dados
gravados.

Área de trabalho
Estruturas lógicas que endereçam as par-
Sistema de tes físicas do disco de armazenamento.
Arquivos NTFS, FAT32, FAT são alguns exemplos
de sistemas de arquivos do Windows.

Circunferência do disco físico (como


Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.
Trilhas um hard disk HD ou unidades removí-
veis ópticas).

1 . Barra de menus: são apresentados os menus com Setores


São ‘fatias’ do disco, que dividem as
os respectivos serviços que podem ser executados trilhas.
no aplicativo. Unidades de armazenamento no dis-
2 . Barra ou linha de título: mostra o nome do arqui- Clusters co, identificado pela trilha e setor onde
vo e o nome do aplicativo que está sendo execu- se encontra.
tado na janela. Através dessa barra, conseguimos Estrutura lógica do sistema de arqui-
mover a janela quando a mesma não está maximi- Pastas ou diretórios vos para organização dos dados na
zada. Para isso, clique na barra de título, mante- unidade de disco.
nha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você Arquivos Dados. Podem ter extensões.
estará movendo a janela para a posição desejada.
Pode identificar o tipo de arquivo, asso-
Depois é só soltar o clique.
ciando com um software que permita
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento Extensão visualização e/ou edição. As pastas
ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela podem ter extensões como parte do
para seu tamanho e posição anteriores, clique neste nome.
botão ou clique duas vezes na barra de títulos. Arquivos especiais, que apontam para
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de docu- outros itens computacionais, como
mento ou aplicativo para preencher a tela. Para unidades, pastas, arquivos, dispositi-
Atalhos
vos, sites na Internet, locais na rede
restaurar a janela para seu tamanho e posição
etc. Os ícones possuem uma seta,
anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes para diferenciar dos itens originais.
na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento.
O disco de armazenamento de dados tem o seu
Solicita que você salve quaisquer alterações não
tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e
salvas antes de fechar. Alguns aplicativos, como
até trilhões de bytes de capacidade. Os nomes usados
os navegadores de Internet, trabalham com guias
são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão
ou abas, que possui o seu próprio controle para
listados na escala a seguir.
fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do
Exabyte
lado direito (e inferior de uma janela de documento). (EB)
Petabyte
Para deslocar-se para outra parte do documento, arras- Terabyte (PB)
te a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem. Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
Conceito de Pastas, Diretórios, Arquivos e Atalhos milhão
Byte (KB) mil
(B)
No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas.
E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos, Ainda não temos discos com capacidade na ordem
chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Docu- de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos
mentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá comercialmente, mas quem sabe um dia? Hoje estas
criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas oti- medidas muito altas são usadas para identificar gran-
mizam a organização dos arquivos e pastas, inserindo des volumes de dados na nuvem, em servidores de
apenas ligações para os itens em seus locais originais. redes, em empresas de dados etc.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File 1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbo-
System) armazena os dados dos arquivos em localiza- lo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que
ções dos discos de armazenamento. Os arquivos pos- vale zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam
suem nome, e podem ter extensões. o sistema binário para representação de informações.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi-
armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes) tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava-
76 O FAT32 suporta unidades de até 2 TB. da na memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um pacote
de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua residência está
operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arquivo com 75 MB de tama-
nho, levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.

Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos

Pastas e Subpastas Tronco e Galhos

Diretório Raiz Raiz

Figura 4. Árvore de diretórios

No Windows 10, a organização segue a seguinte definição:

Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users),


Estruturas do sistema operacional Windows. A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da ár-
vore de diretórios), representada pela barra invertida.

Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Ví-


Estruturas do Usuário
PASTAS deos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – BIBLIOTECAS

Desktop, que permite acesso a Lixeira, Barra de Tarefas, pas-


Área de Trabalho
tas, arquivos, programas e atalhos.

Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos,


Lixeira do Windows
permitindo a recuperação dos dados.

Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT


ATALHOS Arquivos que indicam outro local
ou CTRL+SHIFT pressionado.

Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software


DRIVERS Arquivos de configuração
com o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (formatar
discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador
de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

Extensões de Arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows. 77
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de docu-
PDF mento portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias
plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser
editados pelo LibreOffice Writer.
DOCX

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas
pelo LibreOffice calc.
XLSX

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo Li-
PPTX breOffice Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser
aberto por vários programas do computador.
TXT

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este docu-
mento de texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.
RTF

Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a


miniatura do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos
MP4, AVI, MPG de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player
e o Groove Music, podem reproduzir o som.
MP3

Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone


BMP, GIF, JPG, a miniatura da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arqui-
PCX, PNG, TIF vos de imagens.

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de pro-
gramas adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.
ZIP

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que


podem ser usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.
DLL

Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem


executados.
EXE, COM, BAT

Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão. Alteran-
do esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajustes do
Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
78 além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar),
acessado pela opção Configurações, localizada na lista estamos copiando o item para a memória RAM, para
exibida a partir do botão Iniciar, é possível configu- ser inserido em outro local, mantendo o original e
rar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ criando uma cópia.
Modo avião/ Status da rede/ Ethernet/ Conexão disca- Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
da/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy. mos copiando uma ‘foto da tela inteira’ para a Área de
Modo Avião é uma configuração comum em smar- Transferência, para ser inserida em outro local, como
tphones e tablets que permite desativar, de manei- em um documento do Microsoft Word ou edição pelo
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que acessório Microsoft Paint.
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos.
mentos da tela do Windows.
Como resolver?
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
O Explorador de Arquivos possui diferentes modos
conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
de exibição. Poderá ser em Lista, ou Detalhes, ou Con-
rência será inserido no local atual.
teúdo, entre outras. O usuário poderá ativar ou desati-
As ações realizadas no Windows, em sua quase
var a exibição das extensões dos arquivos, facilitando totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
a manipulação dos itens. teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
informações, como, por exemplo, a data de modifica- (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
ção e o tamanho de cada arquivo. sidade de acessar a Lixeira do Windows.
E outras ações podem ser repetidas, acionando o
Modos de Exibição do Windows 10 atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem cap-
turada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na
pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão)

Ícones Grandes
Ícones Grandes com nome (e extensão) Importante!
Ícones Médios
Ícones médios com nome (e extensão) A área de transferência é um dos principais
organizados da esquerda para a direita recursos do Windows, que permite o uso de
Ícones Pequenos
Ícones pequenos com nome (e extensão) comandos, realização de ações e controle das
organizados da esquerda para a direita
ações que serão desfeitas.
Ícones pequenos com nome (e extensão)
Lista
organizados de cima para baixo
Ícones pequenos com nome, data de Operações de Manipulação de Arquivos e Pastas
Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
Ícones médios com nome, tipo e tamanho,
Lado a Lado Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
organizado da esquerda para a direita.
cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
Ícones médios com nome, autores, data de
Conteúdo
modificação, marcas e tamanho. zada com sucesso.

z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-


Área de Transferência
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um arquivo chamado documento.docx será consi-


Um dos itens mais importantes do Windows não é
derado igual ao nome Documento.DOCX;
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans-
z O Windows não permite que dois itens tenham o
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
uma informação de cada vez. A informação armaze- rem armazenados no mesmo local;
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba z O Windows não aceita determinados caracteres
trabalhando em praticamente todas as operações de nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
manipulação de pastas e arquivos. para outras operações, que são proibidos na hora
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
estamos movendo o item selecionado para a memória vos e pastas podem ser compostos por qualquer
RAM, para a Área de Transferência. caractere disponível no teclado, exceto os carac-
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
Windows+V (View). opção), | (barra vertical, significa concatenador de 79
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída);
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas, pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. A
banca organizadora CESPE/Cebraspe não costuma questionar ações práticas nas provas, e raramente utiliza ima-
gens nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO

Atalhos de Teclado Resultado da Operação

Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma men-
Ctrl+X e Ctrl+V na mesma pasta
sagem de erro.

Ctrl+X e Ctrl+V em locais diferentes Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido

Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia)


Ctrl+C e Ctrl+V na mesma pasta
para diferenciar do original.

Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo
Ctrl+C e Ctrl+V em locais diferentes
o nome e extensão.

Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar de-


Tecla Delete em um item do disco rígido pois, se o item estiver em um disco rígido local interno ou externo conec-
tado na CPU.

Tecla Delete em um item do disco Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens
removível de unidades removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.

Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído


Shift+Delete
definitivamente

Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item


com o mesmo nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicio-
F2
nado para diferenciar os itens. Não é permitido renomear um item que
esteja aberto na memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens excluí-
dos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira, não poderão ser recuperados. É possível recuperar com progra-
mas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente, e configurar Lixeiras
80 individuais para cada disco conectado.
OPERAÇÕES COM MOUSE

Ação do usuário Resultado da operação

Clique simples no botão principal. Selecionar o item.

Clique simples no botão secundário. Exibir o menu de contexto do item.

Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for edi-


tável, com o programa padrão que está associado. Nos
Duplo clique.
programas do computador, poderá abrir um item através
da opção correspondente.

Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será


Duplo clique pausado.
sugerido numerar o item renomeado com um sufixo.

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar na


O item será movido.
mesma unidade de disco.

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar em ou-


O item será copiado.
tra unidade de disco.

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar na mesma unidade. onde soltar).

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar em outra unidade de disco. onde soltar) ou “Mover aqui”.

Ação do usuário Resultado da operação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, in-
a tecla CTRL pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, in-
a tecla SHIFT pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT). gem ou do destino da ação.

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens.
a tecla CTRL pressionada.

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o iní-


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
cio, e o último item será o final, de uma região contínua
a tecla SHIFT pressionada.
de seleção.

As ações envolvendo tela touchscreen foram questionadas quando o Windows 8 estava disponível. No Windo-
ws 10, apesar de ter suporte para telas sensíveis ao toque, não temos questões sobre as ações no sistema opera-
cional com esta interface.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Foi solicitado a Paulo criptografar um pendrive, que contém arquivos sensíveis no siste-
ma operacional Windows 10, de modo a proteger os dados desse dispositivo contra ameaças de roubo. Nessa situa-
ção, uma das formas de atender a essa solicitação é, por exemplo, utilizar a criptografia de unidade de disco BitLocker,
um recurso de proteção de dados nesse sistema operacional.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O BitLocker é uma ferramenta de criptografia da Microsoft, disponível no Windows Vista, Windows 7, Windows 8
e Windows 10. Com este recurso, o usuário pode encriptar o disco rígido do computador, protegendo os documen-
tos e arquivos contra o acesso não autorizado. Ao ativar, o sistema codifica as informações e impede que hackers
façam uso delas sem inserir a chave definida pelo usuário. A chave de descriptografia será gravada em um disco
removível do tipo pendrive, e ele precisará estar conectado para que o dispositivo seja reconhecido e liberado
para uso. A partir do Windows 7, a Microsoft incluiu a funcionalidade BitLocker To Go, que é capaz de proteger
unidades de dados externas, como pendrives e HDs portáteis. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Marta utiliza uma estação de trabalho que executa o sistema operacional Windows 10 e
está conectada à rede local da empresa em que ela trabalha. Ela acessa usualmente os sítios da intranet da empresa
e também sítios da Internet pública. Após navegar por vários sítios, Marta verificou o histórico de navegação e identi-
ficou que um dos sítios acessados com sucesso por meio do protocolo HTTP tinha o endereço 172.20.1.1. 81
Tendo como referência essa situação hipotética, jul- z O código fonte está disponível para ser baixado,
gue o item a seguir.
estudado, modificado e distribuído gratuitamente;
O sistema operacional utilizado na estação de traba-
z As distribuições oferecem recursos específicos
lho de Marta inclui nativamente a plataforma Windo-
ws Defender, composta por ferramentas antivírus e de para cada proposta, mantendo o núcleo comum do
firewall pessoal, entre outras. sistema;
z Cada distribuição poderá ter uma ou mais interfa-
( ) CERTO  ( ) ERRADO ces de usuário, e elas podem ser usadas em outras
distribuições;
O dispositivo que possui o sistema operacional Windows
z Possui modo gráfico e terminal de comandos;
10, tem a ferramenta de segurança Windows Defender
z Existem distribuições gratuitas e pagas;
disponível nativamente. Incluir nativamente significa
que ela está disponível na versão original de instalação, z As modificações realizadas pelos usuários serão
não sendo necessário instalar separadamente o recurso. submetidas para avaliação da comunidade de
O Windows Defender é um software de segurança com desenvolvedores, que determinarão a importância
recursos de firewall (filtro de conexões TCP), antivírus e relevância delas, antes de tornar as modificações
(contra vírus de computador) e antimalware (contra oficiais para todo o mundo;
softwares maliciosos). Resposta: Certo.
z Como todo sistema operacional, possui suporte
NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL GNU para protocolos TCP, permitindo o acesso às redes
LINUX – CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA de computadores com browsers ou navegadores;
OPERACIONAL GNU LINUX z Geralmente instalado em dispositivos com Windo-
ws, o Linux oferece gerenciador de boot (bootloa-
O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema der) para gerenciar a inicialização, exibindo um
operacional Windows, com outras características próprias. menu para o usuário escolher qual sistema opera-
O sistema operacional Linux é mais utilizado em
cional será usado na sessão atual;
sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribui-
ções para diferentes modelos de computadores. Por z LILO e GRUB são os gerenciadores de boot mais
ser um sistema de código aberto, deu origem a outros comuns nas distribuições Linux;
sistemas como o iOs (Apple) e o Android (Google). z O Linux é um sistema operacional do tipo case
Por ser um sistema operacional livre e licenciável, sensitive, ou seja, diferencia letras maiúsculas de
possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto letras minúsculas nos nomes de arquivos, diretó-
GNU foi lançado no começo dos anos 80 e atualmen-
rios e comandos.
te é patrocinado pela FSF (Free Software Foundation).
Muitos usuários descobrem que no contexto de soft-
Kernel (núcleo)
wares livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao
contrário do termo freeware, que identifica uma cate-
goria de softwares gratuitos para utilização, o termo Shell (interpretador)
free no Linux está relacionada às liberdades de uso.
A GPL (GNU Public Licence) baseia-se em 4 liberda- Terminal
des ‘essenciais’: (linha de comandos)

z A liberdade de executar o programa, para qual- Interface gráfica


quer propósito (liberdade nº 0);
z A liberdade de estudar como o programa funciona
e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade nº 1).
O acesso ao código-fonte é um pré-requisito para
esta liberdade;
z A liberdade de redistribuir cópias de modo que
você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2);
z A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que
seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comu- separam os recursos.
nidade beneficie deles (liberdade nº 3). O acesso ao
código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade. Distribuições Linux

Disponível em < https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html


Distribuição é um conjunto de personalizações
>. Acesso em: 27 nov. 2020.
que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas
Características Básicas do Sistema Linux apresentável de forma diferenciada.
Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat,
O Linux tem as seguintes características básicas: SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são
alguns exemplos de distribuições.
z Possui um kernel (núcleo) comum em todas as Ubuntu é a distribuição mais cobrada em con-
distribuições;
cursos públicos, baseada na distribuição Debian. O
z FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de
Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas Ubuntu é uma versátil distribuição Linux que pode
as distribuições Linux devem seguir para organi- ser instalada em várias construções computacionais,
82 zar os seus diretórios; desde que adaptadas (drivers).
Big Linux Brasil
Gnoppix Alemanha
ImpiLinux África do Sul
Kurumim Brasil
Mint Irlanda

DeMuDi Europa
Finnix EUA
Insigne GNU Brasil
KeeP OS Brasil

Knoppix Alemanha
Linspire EUA
MeNTOPPIX Indonésia
MEPIS EUA
Rxart Argentina
Satux Brasil
Symphony OS

Figura 2. Distribuição Ubuntu, derivada do Debian, é a mais questionada.

Diretórios Linux

Os diretórios são pastas onde armazenamos e organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A represen-
tação dos diretórios segue o princípio lúdico de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree é a forma como
as pastas dos sistemas Linux estão organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar a organização do sistema,
seus arquivos, bibliotecas e inclusive para melhorar a segurança do sistema.
FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as dis-
tribuições Linux devem seguir para organizar os seus diretórios.
A escolha da árvore para representar a estrutura de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhança
entre seus componentes. Por exemplo, o diretório raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma árvore.
Encontramos diretórios principais, como /bin, /etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘caule’ da árvore
de diretórios. Nos diretórios é possível criar subdiretórios, o que representam os galhos de uma árvore. E dentro
dos diretórios, temos arquivos (documentos, comandos, temporários) igual a árvore, como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra invertida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’. Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux, proveniente
do ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a estrutura de
organização criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as informações
do usuário. Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o momento de
serem apagados.

Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.

Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

NOME DESCRIÇÃO CONTEÚDO

/bin binary – binário = executável Contém os comandos (arquivos binários executáveis).

Contém os drivers dos dispositivos de hardware, para comunicação do


/dev device – dispositivo = hardware
sistema operacional com o equipamento.

/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.

Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários


/lib library – biblioteca
programas.

/usr user – usuário Contém as configurações dos usuários.

Tabela – Diretórios Linux, exemplos básicos 83


Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.

DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS


/ raiz do sistema, o diretório que ‘’guarda’’ todos os outros diretórios.

arquivos/comandos utilizados durante a inicialização do sistema e por usuários (após a inicializa-


/bin
ção). O termo BIN é referência ao tipo de informação, binário.

arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários
/boot
sistemas para indicar a inicialização.

/dev drivers de controle de dispositivos. DEV vem de device, dispositivo.

/etc arquivos de configurações do computador.

/etc/sysconfig arquivos de configuração do sistema para os dispositivos.

/etc/passwd dados dos usuários, senhas criptografadas... PASSWORD = senha.

sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.

/etc/group Grupos.

/etc/include header para programação em C, através do comando include.

/etc/inittab Arquivo (tabela) de configuração do init.

/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.

/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.

/lib bibliotecas compartilhadas. LIB vem de library, biblioteca.

/lib/modules módulos externos do kernel usados para inicializar o sistema...

/misc arquivos variados (misc de miscelânea).

ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount,
/mnt
montagem.

/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.

/root diretório pessoal do root. Equivalente a pasta raiz da unidade de inicialização C:

/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).

/tmp arquivos temporários.

Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de
/usr
sistemas UNIX.

/usr/bin executáveis para todos os usuários.

/usr/sbin executáveis de administração do sistema.

/usr/lib bibliotecas dos executáveis encontrados no /usr/bin.

/usr/local arquivos de programas instalados localmente.

/usr/man manuais.

/usr/info informações.

/usr/X11R6 Arquivos do X Window System e seus aplicativos.

/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).

/var/lib Bibliotecas.

Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs.

84 Tabela – Diretórios Linux


Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.

Comandos Linux

Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:

NOME DESCRIÇÃO AÇÃO


cp copy – copiar Copiam os arquivos listados.

ls list – listar Lista os arquivos e diretório do local atual.

mv move – mover Pode mover ou renomear um arquivo ou diretório.

rm remove – remover Apagar arquivos.

vi view – visualizar Permite visualizar e editar um arquivo.


Tabela – comandos Linux, exemplos básicos

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.

COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

cat arq1.txt >> arq2.txt O arq1.txt será concatenado com arq2.txt


Concatenar, juntar ou mostrar.
Os arq1.txt e arq2.txt serão unidos em
cat Exibir o conteúdo de arquivos ou cat arq1.txt arq2.txt >> arq3.txt
arq3.txt
direcioná-lo para outro.
cat arq1.txt Exibirá arq1.txt

cd Mudar diretório. cd /home Muda para o diretório /home.

Copia o arquivo teste.txt para o diretório


cp Copiar arquivos e diretórios. cp teste.txt /home
/home.

O comando cut pode ser usado para


Lê o conteúdo de um ou mais
mostrar apenas seções específicas de
cut arquivos e tem como saída uma cut arq1.txt
um arquivo de texto ou da saída de ou-
coluna vertical.
tros comandos.

Comparar e mostrar as diferen- Mostra a diferença entre os dois


diff diff arq1.txt arq2.txt
ças entre arquivos e diretórios. arquivos.

exit Sair do usuário atual. exit Sair do usuário atual.

Exibe o arq1.txt (comando cat no modo


Seleciona uma linha de texto que
grep cat arq1.txt | grep Nishimura type), com destaque para as linhas que
contenha o texto pesquisado.
contenham Nishimura.

id Informa o usuário atual. id Informa o usuário atual.

Permite listar e configurar as in-


Listar todas as interfaces (all)
ifconfig terfaces de rede (placas de rede) ifconfig -a
No Windows, o comando é ipconfig.
conectadas no computador.

init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador.
init 6 Reiniciar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ln Criar links de arquivos. ln texto.txt Cria um atalho para o arquivo texto.txt.

Lista os arquivos e diretórios existentes


ls Listar arquivos e diretórios. ls
no diretório atual.

kill Eliminar um processo em execução. kill 998 Eliminar o processo 998.

Cria o diretório novo, dentro do diretório


mkdir Criar diretório. mkdir /home/novo
/home.

Move o arquivo texto.txt para o diretório


mv texto.txt /home
Mover e renomear arquivos e /home.
mv
diretórios. Renomeia o arquivo texto.txt para novo.
mv texto.txt novo.txt
txt.

passwd Mudar a senha do usuário. passwd Mudar a senha.


85
COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

Listam os processos em exe-


ps cução, e com o número poderá ps Listar os processos em execução.
eliminar ele com o comando kill.

pwd Exibe o diretório atual. pwd Mostra onde estou.

rm Deletar arquivos. rm teste.txt Apaga o arquivo teste.txt

Remove o diretório novo que está no


rmdir Remover diretórios. rmdir novo
local atual.

sort Ordena o conteúdo de um arquivo. sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt

Executar comandos como supe- Executa o comando ps como


sudo sudo ps
rusuário. Válido por 10 min. superusuário

shutdown -r +10 Reinicia em 10 minutos


shutdown Desligar ou reiniciar o computador.
shutdown -h +5 Desliga em 5 minutos

Exibir as últimas linhas de um


tail tail arq1.txt Exibe as 10 últimas linhas de arq1.txt
arquivo.

Cria um arquivo que contém os outros,


tar Empacotar arquivos. tar teste1.txt
sem compactar.

Criar e modificar data do arqui-


Criar o arquivo vazio teste.txt com a data
touch vo. Se o arquivo não existe, ele touch teste.txt
atual.
é criado vazio, com a data atual.

Cria um novo usuário ou atualiza


Criar o usuário fernando, com os arqui-
useradd as informações padrão de um useradd fernando
vos definidos em /etc/skel
usuário no sistema Linux.

Entra em modo de visualização e edição


vi Visualizar um arquivo no editor vi teste.txt
do arquivo teste.txt

Tabela – comandos Linux

Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.

Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)

A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows e Linux exis-
tem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.

LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
86
LINUX WINDOWS
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
Caminho dos pacotes tracert route
Listar todas as conexões netstat arp -a
Apagar a tela clear Cls

Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
Direcionar a saída de um comando > >
Localizar ocorrências dentro do arquivo grep
Exibir as últimas linhas do arquivo tail

Diretório raiz / (barra normal) \ (barra invertida)

Opção de um comando - (sinal de menos) / (barra normal)

Tabela – comparação de comandos Linux com comandos Windows

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O kernel do sistema operacional Linux tem a função de interpretar os comandos executa-
dos em um terminal.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O Linux é um sistema operacional que possui código aberto. Ele é formado pelo núcleo (kernel), shell (interpretador
de comandos) e terminal (linha de comandos). Quando comandos são digitados no terminal, eles são processados e
executados pelo shell (interface do núcleo com a interface do usuário). É o shell que procura no núcleo do Linux as
instruções que foram solicitadas na linha de comandos. Resposta: Errado.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Linux é um sistema operacional em que cada usuário consegue ter apenas um proces-
so ativo por vez, processo esse que é iniciado automaticamente quando o sistema é carregado.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O Linux é um sistema operacional multiusuário e multitarefas, como o Windows. Cada usuário, entre os vários
usuários cadastrados e habilitados no sistema, poderá executar vários processos. Os processos poderão ser car-
regados na inicialização do sistema, ou iniciados depois que o sistema estiver em execução. Resposta: Errado.

EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT E


LIBREOFFICE)
Um pacote de aplicativos para escritório é sem dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um computador pode
ter instalado. Independente do perfil de utilização do usuário, algum dos aplicativos disponíveis em um pacote
como o Microsoft Office, atendem a diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as mais complexas. 87
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de pro- Para bancas CESPE/Cebraspe e Instituto Quadrix,
dutividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice. você deve ter a última versão disponível. Elas ques-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que tionam as novidades das últimas versões disponíveis.
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente Já outras bancas organizadoras, a versão é indiferen-
está na versão Office 365, que disponibiliza recursos te. O mais importante será o conceito envolvido e sua
via Internet (computação nas nuvens), com armaze- aplicação na formatação de arquivos.
namento de arquivos no Microsoft OneDrive.
Serviços adicionais de comunicação, como o Micro- LibreOffice
soft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote
Microsoft Office 365.
Open Office BrOffice LibreOffice
MICROSOFT
PROGRAMAS LIBREOFFICE
OFFICE O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-
LibreOffice ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
Editor de Textos Microsoft Word arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
Writer
os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen-
Planilhas de to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP
Microsoft Excel LibreOffice Calc (Presentation – apresentação de slides).
Cálculos
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o
Apresentações Microsoft LibreOffice pacote com recursos especificamente úteis para os
de Slides PowerPoint Impress brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo
programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas.
As extensões dos arquivos editáveis produzidos O LibreOffice é o pacote atual, disponível para
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na download e instalação em diversas plataformas. Está
tabela a seguir. na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme-
lhantes às versões anteriores, com uma interface
EXTENSÕES MICROSOFT redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis-
LIBREOFFICE ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro-
DE ARQUIVOS OFFICE
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc).
Editor de Textos DOCX ODT Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi-
ce usar ou estudar?
Planilhas de Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins-
XLSX ODS tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis-
Cálculos
ponível. No site do LibreOffice você poderá fazer o
Apresentações download gratuito. Ao passo que para outras bancas
PPTX ODP
de Slides organizadoras é recomendável verificar se o edital
pede uma versão específica (como LibreOffice 5) ou
se pede várias versões (LibreOffice 5 ou superior). Se
As extensões do Microsoft Office, para arquivos for uma versão específica, serão questionados ícones
editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo e atalhos de teclado apenas dela. Se for uma versão
formatado com XML, que foi introduzido na versão específica com o “ou superior” complementando,
2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em então serão questionados os recursos válidos para
referência ao Open Document, do Open Office. todas as versões, e você poderá usar a última versão
disponível para estudos.
Microsoft Office Grande parte das questões de concursos públicos
procuram questionar as diferenças entre os aplica-
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um
Office 2003 Office 2007 Office 365 recurso que é acionado com um atalho de teclado no
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem
um atalho de teclado diferente.
Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo
Microsoft Office eram identificados com extensões MICROSOFT WORD
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões Estrutura básica dos documentos
de concursos ainda apresentam estas extensões nas
alternativas das questões. Os documentos produzidos com o editor de textos
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica:
Language) foi implementado para oferecer portabili-
dade aos documentos produzidos. As extensões dos z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft
arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras, Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
como DOCX, XLSX e PPTX. editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha-
dos com outros usuários para edição colaborativa;
Com o avanço dos recursos de computação na nuvem,
z Os Modelos (Template): com extensão DOTX, con-
o Office foi disponibilizado na versão on-line, que poste-
tém formatações que serão aplicadas aos novos
riormente se chamou 365, e é a versão atual do pacote. documentos criados a partir dele. O modelo é usa-
Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas do para a padronização de documentos;
mensais e anuais, ao invés da venda de licenças de uso, z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM
a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a (Document Template Macros – modelo de docu-
última versão do pacote para escritórios. mento com macros): As macros são códigos desen-
Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft volvidos em Visual Basic for Applications (VBA)
88 Office usar ou estudar? para a automatização de tarefas;
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo a orientação, o tamanho do papel e margens. As principais
definições estão na guia Layout, mas também encontrará algumas definições na guia Design;
z Seção: divisão de formatação do documento, onde cada parte tem a sua configuração. Sempre que forem usadas
configurações diferentes, como margens, colunas, tamanho da página, orientação, cabeçalhos, numeração de
páginas, entre outras, as seções serão usadas;
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de formatação. Finalizado com Enter, contém formatação inde-
pendente do parágrafo anterior e do parágrafo seguinte;
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for finalizado com
Quebra de Linha, a configuração atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, caracteres de formatação etc.

Os arquivos produzidos nas versões anteriores do Word são abertos e editados nas versões atuais. Arquivos
de formato DOC são abertos em Modo de Compatibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar todos os
recursos da versão atual, deverá “Salvar como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX.
Os arquivos produzidos no formato DOCX poderão ser editados pelas versões antigas do Office, desde que ins-
tale um pacote de compatibilidade, disponível para download no site da Microsoft.
Os arquivos produzidos pelo Microsoft Office podem ser gravados no formato PDF. O Microsoft Word, desde a
versão 2013, possui o recurso “Refuse PDF”, que permite editar um arquivo PDF como se fosse um documento do
Word.
O Microsoft Word pode gravar o documento no formato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar docu-
mentos produzidos no outro pacote de aplicativos.
Durante a edição de um documento, o Microsoft Word:

z Faz a gravação automática dos dados editados enquanto o arquivo não tem um nome ou local de armazena-
mento definidos. Depois, se necessário, o usuário poderá “Recuperar documentos não salvos”;
z Faz a gravação automática de auto recuperação dos arquivos em edição que tenham nome e local definidos,
permitindo recuperar as alterações que não tenham sido salvas;
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Salvamento automático”, associado à conta Microsoft, para
armazenamento na nuvem Microsoft OneDrive. Como na versão on-line, a cada alteração, o salvamento será
realizado.

O formato de documento RTF (Rich Text Format) é padrão do acessório do Windows chamado WordPad, e por
ser portável, também poderá ser editado pelo Microsoft Word.
Em questões sobre pacotes de aplicativos nas provas elaboradas pela banca organizadora CESPE/Cebraspe, as
extensões de arquivos são amplamente questionadas.
Ao iniciar a edição de um documento, o modo de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de Impressão”.
O documento será mostrado na tela da mesma forma que será impresso no papel.
O Modo de Leitura permite visualizar o documento sem outras distrações como a Faixa de Opções com os íco-
nes. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a barra de título continua sendo exibida.
O modo de exibição “Layout da Web” é usado para visualizar o documento como ele seria exibido se estivesse
publicado na Internet como página web.
Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de Títulos serão mostrados, auxiliando na organização dos blocos
de conteúdo.
O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”, exibe o conteúdo de texto do documento sem os elementos gráfi-
cos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemento da
interface do Microsoft Office.

Acesso Rápido

Guia Atual Guias ou Abas Item com Listagem

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ícone com Opções


Caixa de Diálogo do Grupo Grupo

Figura 1. Faixa de opções do Microsoft Word

Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão 2007
ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmente ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a preferência
do usuário. 89
A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos.

GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Página Inicial Pincel de Formatação

Nome da fonte Calibri (Corp

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir
Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
A banca organizadora de concursos CESPE/Cebraspe não costuma utilizar imagens em suas provas. Ela prioriza o
conhecimento do candidato acerca dos conceitos dos softwares. Outras bancas organizadoras, como Fundação
VUNESP e Fundação Getúlio Vargas, priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a
produção de arquivos (parte prática dos programas).

As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.

BOTÃO/GUIA DICA

Arquivo Comandos para o documento atual. Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.

Tarefas iniciais. O início do documento, acesso à Área de Transferência, formatação de fontes,


Página Inicial
parágrafos. Formatação do conteúdo da página.

Tarefas secundárias. Adicionar um objeto que ainda não existe no documento. Tabela, Ilustrações,
Inserir
Instantâneos.

Layout da Página Configuração da página. Formatação global do documento, formatação da página.

Design Reúne formatação da página e plano de fundo.


90
BOTÃO/GUIA DICA

Referências Índices e acessórios. Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários, etc.

Correspondências Mala direta. Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos.

Correção do documento. Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de alte-
Revisão
rações, comentários, comparar, proteger, etc.

Exibir Visualização. Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Edição e formatação de textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.

Seleção

Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha

Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo

Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento

- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha

- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha

- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento

Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra

Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local

Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado

Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade. 91
Edição e formatação de fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
subscrito
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Edição e formatação de parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos.
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem.
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem.
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado.
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo.
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior.
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte.
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo.
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2. Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:

z Recuo: distância do texto em relação à margem.


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras.
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos.
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa.
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais.
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem.
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas.
92 z Sumário: índice principal do documento.
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os caracte-
res não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode


Enter -
mudar a formatação.

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a for-


Shift+Enter -
matação atual.

Quebra de página: muda de página, no local atual


do cursor. Disponível na guia Inserir, grupo Pági-
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Quebra de página
nas, ícone Quebra de Página, e na guia Layout,
grupo Configurar Página, ícone Quebras.

Quebra de coluna: indica que o texto continua na


Ctrl+Shift+ Enter próxima coluna. Disponível na guia Layout, grupo Quebra de coluna
Configurar Página, ícone Quebras.

Separador de Estilo: usado para modificar o estilo


Ctrl+Alt+ Enter -
no documento.

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se esti-


TAB
ver no início de um texto, aumenta o recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e estas poderão conter também fórmulas simples.


Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior. 93
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos. Somente o conteúdo da primeira célula será mantido.

Em inglês, com referências direcio- Em português, com referências posicionais


Tabela, Fórmulas
nais =SUM(ABOVE). =SOMA(A1:A5).

Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente. Recalcula automaticamente e manualmente (F9).

Tachado Texto Não tem atalho de teclado. Atalho: Ctrl+5.

Quebra de linha manual Shift+Enter. Alt+Enter.

Copia apenas a primeira formatação


Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes.
da origem.

Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte. Duplica a informação da célula acima.

Ctrl+E Centralizar. Preenchimento Relâmpago.

Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo). Ir para...

Ctrl+R Repetir o último comando. Duplica a informação da célula à esquerda.

Atualizar os campos de uma mala


F9 Atualizar o resultado das fórmulas.
direta.

F11 - Inserir gráfico.

Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na


Ctrl+Enter Quebra de página manual.
célula atual.

Alt+Enter Repetir digitação. Quebra de linha manual.

Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na


Shift+Enter Quebra de linha manual.
célula acima da atual, se houver.

Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas. Inserir função.

Índices

Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referências
Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
94 local, retorna para o local de origem.
Conceitos básicos
Importante!
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon-
A guia Referências é uma das opções mais
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
questionadas em concursos públicos por dois
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
motivos: envolvem conceitos de formatação do
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
documento exclusivos do Microsoft Word e é
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea-
utilizado pelos estudantes na formatação de um
das com uma letra;
TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um documento em
edição no processador de textos Word do ambiente
Microsoft Office 2010, um duplo clique sobre uma
palavra irá selecioná-la, e um clique triplo irá selecio-
nar o parágrafo inteiro.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Com o mouse, ao efetuar um clique na palavra, o


cursor será posicionado no local. Duplo clique, e a
palavra será selecionada. Triplo clique, e o parágra- z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
fo será selecionado. Resposta: Certo. folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas
(nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Word 2013 permite fazer z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão
referência cruzada de itens localizados em um mesmo XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acor-
documento e também de itens localizados em documen-
do com quantidade de memória RAM disponível,
tos separados.
nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
( ) CERTO  ( ) ERRADO
da célula, permite que um valor seja copiado na
O Word permite fazer referência cruzada de itens direção em que for arrastado. No Excel, se hou-
localizados em um mesmo documento e itens locali- ver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 núme-
zados em documentos separados. A referência cru- ros, uma sequência será criada. Se for um texto, é
zada é uma ligação entre itens do documento, ou copiado. Mas texto com números é incrementado.
entre documentos diferentes. Quando se acessa uma Dias da semana, nome de mês e datas são sempre
referência cruzada, ao terminar, volta para o ponto criadas as continuações (sequências);
de origem. O editor de textos Microsoft Word per- z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Haven-
mite que links sejam inseridos no documento. Estes do diversos valores para serem mesclados, o Excel
links podem apontar para itens externos ‘sem voltar manterá somente o primeiro destes valores, e cen-
para o local de origem” ou para locais com possibi-
tralizará horizontalmente na célula resultante.
lidade de referência de sua origem. Resposta: Certo.
Mesclar e Centralizar
MICROSOFT EXCEL
Mesclar e Centralizar

As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas Mesclar através


nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde Mesclar Células
a criação de uma agenda de compromissos, passan- G H
Desfazer Mesclagem de Células
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de
pagamento, ao controle de estoque de produtos e base
de clientes. Diversas funções internas oferecem os E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

recursos necessários para a operação. poderá juntar as informações das células.


O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os disponível na guia Página Inicial:
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A z Mesclar e Centralizar: Une as células seleciona-
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
Office 2007, e permanece até hoje. nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
As planilhas de cálculos não são banco de dados.
los (títulos) que ocupam várias colunas;
Muitos usuários armazenam informações (dados) em
z Mesclar através: Mesclar cada linha das células
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco- selecionadas em uma célula maior;
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecio-
banco de dados tem informações armazenadas em nadas em uma única célula, sem centralizar;
registros, separados em tabelas, conectados por rela- z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o proce-
cionamentos, para a realização de consultas. dimento realizado para a união de células. 95
Elaboração de tabelas e gráficos As informações existentes nas células poderão
ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha exemplo, na verdade é um número formatado como
de dados, é o conjunto de valores armazenados nas data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre
células. Estes dados poderão ser organizados (classi- datas.
ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre
e funções), além de apresentar em forma de gráfico si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato
(uma imagem que representa os valores informados). de Moeda, o alinhamento da célula é respeitado e o
Para a elaboração, poderemos: símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil,
o alinhamento é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posi-
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar ciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula
a digitação, e o que for digitado é inserido na célula. decimal.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponí-
vel na área superior do aplicativo, a linha de fór-
mulas é o conteúdo da célula. Se a célula possui um Moeda Contábil
valor constante, além de mostrar na célula, este R$4,00 R$4,00
aparecerá na barra de fórmulas. Se a célula possui
um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mos-
trada na barra de fórmulas.
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado
através da Alça de Preenchimento ou pelas opções
automáticas do Excel.
z Os dados inseridos nas células poderão ser forma-
tados, ou seja, continuam com o valor original (na
linha de fórmulas) mas são apresentados com uma
formatação específica.
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho
de teclado Ctrl+1 (Formatar Células).
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, O ícone % é para mostrar um valor com o forma-
encontraremos o item Personalizado, para criação to de porcentagem. Ou seja, o número é multiplica-
de máscaras de entrada de valores na célula. do por 100. Exibe o valor da célula como percentual
(Ctrl+Shift+%)
Formatos de Números, Disponível na Guia Página
Inicial FORMATO PORCENTAGEM
VALOR ß,0
PORCENTAGEM % E 2 CASAS % ,0 0
Geral: Sem formato específico 1 100% 100,00%
123
0,5 50% 50,00%
12 Número: Ex.: 4,00 2 200% 200,00%
100 10000% 10000,00%
Moeda: Ex.: R$4,00 0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o


Contábil: E.: R$4,00
valor da célula com um separador de milhar. Este
comando alterará o formato da célula para Contábil
Data Abreviada: Ex.: 04/01/1900 sem um símbolo de moeda.

FORMATO SEPARADOR DE
Data Completa: Ex.: Quarta-feira, 4 de janeiro de VALOR
CONTÁBIL MILHARES 000
1900
1500 R$1.500,00 1.500,00

Hora: Ex.: 00:00:00 16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00


1 R$1,00 1,00
Porcentagem: Ex.: 400,00 % 400 R$400,00 400,00
27568 R$27.568,00 27.568,00
1 Fração: Ex.: 4
2
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas
10 2 Cientifico. Ex.: 4,00E + 00 decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo
mais casas decimais) ou Diminuir casas decimais

96
ab Texto: Ex.: 4 (Mostrar valores menos precisos exibindo menos
casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

Multiplica 5 (multiplicando) por 4


* (asterisco) Multiplicação =5*4
(multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por


% (percentual) Percentual = 20%
100

Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) Exponenciação Cálculo de raízes =3^2=8^(1/3) Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica
de 8

Ordem das operações matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

Como resolver as questões de planilhas de cálculos?

1. Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos)


2. Identificar a simbologia básica do Excel (informática)
3. Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática)
4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico)

OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
15, senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mos-


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )


tre 20, senão mostre 40.

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


>= (maior ou igual) Maior ou igual a = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
mostre 1.

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


<= (menor ou igual) Menor ou igual a = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
mostre 23.

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mos-


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
tre 100, senão mostre 8.

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50.
97
Princípios dos operadores relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=

O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2.

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor.

Informa o caminho de outro arquivo do Ex-


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho cel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor.

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25.

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4.

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos.

Princípios dos operadores de referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2

O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
98 e) R$ 360,00
A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação. verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11.

= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.


Identifica uma função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
res de uma operação prioritária.
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2.

A função SE tem 3 partes, e estas estão


; (ponto e vírgula) Separador de argumentos. =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
separadas por ponto e vírgula.

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção. =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos.

Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”.

Exibe os zeros não significativos,


‘(apóstrofe) Número como texto. ‘0001
0001 como texto (ex.: placa de carro).

Exibe “Fernando Nishimura” (sem as


& (“E” comercial) Concatenar. = “Fernando ”&” Nishimura” aspas), o resultado da junção dos
textos individuais.

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &. 99
CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7).

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3).

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3).

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4).

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3).

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144).

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor;

Funções Básicas

z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas células selecionadas.

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.

z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação de soma nas células selecionadas, se uma condição for
atendida.
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja somado)

=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A5 que sejam maiores que 15
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valores de A1 até A10 que forem iguais a 10.

z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas células selecionadas e exibe o valor médio encontrado.

=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valores,
serão somados e divididos por 5. Se existir uma célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células vazias não
entram no cálculo da média.

z MED(valores) : informa a mediana de uma série de valores.

Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados e o valor
no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5.
Se temos uma sequência de valores com quantidade par, a mediana será a média dos valores que estão no
meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A média de
100 4 e 8 é 6 ((4+8)/2).
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células As funções CONT são usadas para informar a
selecionadas. quantidade de células, que atendem às condições
especificadas.
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape- - CONT.NÚM - para contar quantas células possuem
nas um será mostrado. números.
- CONT.VALORES - quantidade de células que estão
z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de
preenchidas.
uma série, segundo o argumento apresentado.
- CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não
estão preenchidas.
Valores iguais ocupam posições diferentes.
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a
uma condição específica.
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a
las A1 até D6.
várias condições simultaneamente.
z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu-
z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as
las selecionadas.
células em um intervalo, exceto as células vazias.
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
área de A1 até D6. = CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
contagem, informando quantas células estão preen-
z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de chidas com valores, quaisquer valores.
uma série, segundo o argumento apresentado.
z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um
Valores iguais ocupam posições diferentes. intervalo, exceto células vazias e células com texto.

=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu- =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
las A1 até D6. intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.

z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor- z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan-


na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro tas vezes aparece um determinado valor (número ou
caso seja falso. texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
indicar qual é o critério a ser contado)
Esta função é muito solicitada em todas as bancas.
A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na =CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi- do o valor 5.
ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
serão realizadas as duas operações, somente uma z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi-
delas, segundo o resultado do teste. ção2): Esta função conta quantas vezes aparece
A função SE usa operadores relacionais (maior, um determinado valor (número ou texto) em um
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen- intervalo de células (o usuário tem que indicar
te) para construção do teste. As aspas são usadas para qual é o critério a ser contado), atendendo a todas
textos literais. as condições especificadas.

=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da =CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)


célula A1 não é 10”) Efetua a contagem de quantas células existem no
=SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes-
valor não é negativo”)
mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor
até B10 contendo o valor 7.
não é positivo”)
z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias
É possível encadear funções, ampliando as áreas
de um intervalo.
de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.


=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células
=SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é vazias existem no intervalo A1 até A8.
negativo”;”Valor é positivo”))
z SOMASE(células para testar;teste;células para
Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste), somar): Efetua um teste nas células especificadas,
exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for e soma as correspondentes nas células para somar.
igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos.
teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não =SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores
é menor que zero, só poderia ser maior do que zero, de A1 até A10 que sejam maiores que 6.
e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada. =SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores
Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem
usado somente no início da digitação da célula. menores que 3. 101
z SOMASES(células para somar; células1; teste1; z DIAS(data1;data2): Informa a diferença em dias
células2; teste2): Verifica as células que atendem entre duas datas.
aos testes e soma as células correspondentes. z DIAS360(data1;data2): Informa a diferença em
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos. dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias)
z POTÊNCIA(base;expoente): Eleva um número
z MÉDIASE(células para testar;teste;células para
calcular a média): Efetua um teste nas células especi- (base) ao expoente informado.
ficadas, e calcula a média das células correspondentes. =POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16
Os intervalos de teste e de média podem ser os mesmos.
z MULT(número;número;número; ... ) : Multiplica
z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_ os números informados nos argumentos.
índice_coluna; [intervalo_pesquisa]): A função
PROCV é utilizada para localizar o valor_procurado
FUNÇÕES LÓGICAS
dentro da matriz_tabela, e quando encontrar, retor-
nar à enésima coluna informada em núm_índice_ Retorna VERDADEIRO se todos
coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou E (Função E) os seus argumentos forem
FALSO, é usada para identificar se precisa ser o valor VERDADEIROS
exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
Por exemplo: Retorna VERDADEIRO se
OU (Função OU) um dos argumentos for
VERDADEIRO
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) Inverte o valor lógico do
NÃO (Função NÃO)
argumento
A função PROCV é um membro das funções de pes-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO
Use a função tirar ou a função arrumar para VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela. VERDADEIRO) VERDADEIRO

z ESQUERDA(texto;quantidade): Extrai de uma Retornará um valor que você


sequência de texto, uma quantidade de caracteres especifica se uma fórmula for
SEERRO (Função
especificados, a partir do início (esquerda). avaliada para um erro; do con-
SEERRO)
trário, retornará o resultado da
fórmula
=ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern
ando”

z DIREITA(texto;quantidade): Extrai de uma sequên- Importante!


cia de texto, uma quantidade de caracteres especifi-
cados, a partir do final. Foram apresentadas muitas funções neste
material, não é verdade? Existem milhares de
=DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”. funções no Microsoft Excel e LibreOffice Calc.
Em concursos públicos, estas são as mais
z CONCATENAR(texto1;texto2; ... ): Junta os textos questionadas. Em provas da banca organizado-
especificados em uma nova sequência. ra CESPE, raramente aparecem questões com
=CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá- funções, e quando aparecem, são as básicas e
rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”. intermediárias.

z INT(valor): Extrai a parte inteira de um número.


Gráficos
=INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor
3,14159 exibe 3. Além da produção de planilhas de cálculos, o
Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos
z TRUNCAR(valor;casas decimais): Exibe um com os dados existentes nas células.
número com a quantidade de casas decimais, sem Gráficos são a representação visual de dados numé-
arredondar. ricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
micas, são construídos com dados existentes em uma
ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
z ARRED(valor;casas decimais): Exibe um número
informações para a produção de relatórios completos.
com a quantidade de casas decimais, arredondan-
do para cima ou para baixo.
z Os gráficos de Colunas representam valores em
=ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
decimais – valor 3,14159 exibe 3,142. Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D.
z HOJE(): Exibe a data atual do computador.
z AGORA(): Exibe a data e hora atuais do computador.
z DIA(data): Extrai o número do dia de uma data.
z MÊS(data): Extrai o número do mês de uma data.
102 z ANO(data): Extrai o número do ano de uma data.
z Os gráficos de Linhas representam valores com z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-
jam organizados em preço na alta, preço na baixa
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
100% Empilhada com Marcadores, e 3D. -Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Barras representam dados de forma


z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos
semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon- de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D Delineada, Contorno e Contorno Delineado.
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas.

z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-


z Os gráficos de Área representam dados de forma seme- lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área:
Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.

z Os gráficos de Dispersão representam duas séries


de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.

z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao


gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primei-
ro da série de dados.

z Os gráficos do tipo Histograma são usados para


z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de séries de valores com evolução, como idades da
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa população. São exemplos de gráficos do tipo Histo-
Coroplético. grama: Histograma e Pareto. 103
z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.

Classificação de dados

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas.
Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por formato,
incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones.
A maioria das operações de classificação é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por
linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

104
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá ser ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Classificar números Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’ ou
‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais


Classificar datas ou horas nova’ ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo,
cronologicamente.

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por
de fonte ou ícones essas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones cria-
dos ao aplicar uma formatação condicional.

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa.

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK.

Classificar por mais de uma colu-


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação.
na ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Conti-
intervalo de células sem afetar as
nuar com a seleção atual”.
demais

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Microsoft Excel 2010, é possível formatar células por meio das opções Alinhamento,
Borda e Fonte, desde que a formatação seja realizada antes da inserção dos dados.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Nas planilhas de cálculos como o Microsoft Excel e o LibreOffice, as fórmulas e funções poderão ser inseridas nas
células para a obtenção de resultados a partir dos valores armazenados nelas.
A formatação da célula poderá ser realizada antes ou depois da entrada de dados. Ao acionar Ctrl+1 o usuário pode
formatar números, bordas, alinhamento, preenchimento, etc. O usuário poderá personalizar a exibição ou usar
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

uma das máscaras de exibição disponíveis no aplicativo. Resposta: Errado.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A fórmula SOMA(B2:B6)/CONT.NÚM(B2:B6) permite o cálculo da média aritmética dos


preços cotados, em substituição à fórmula estatística padrão do Excel para esse cálculo.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

A fórmula SOMA(B2:B6)/CONT.NÚM(B2:B6) contém as funções SOMA e CONT.NÚM.


SOMA é uma função matemática, e CONT.NÚM é uma função estatística.
A função SOMA somará os valores de B2 até B6, e a função CONT.NÚM contará quantos números existem de B2
até B6. Dividindo a soma dos valores pela quantidade de valores, estamos calculando a média aritmética simples
destes valores. É o mesmo que =MÉDIA(B2:B6). Resposta: Certo. 105
MICROSOFT POWERPOINT

As apresentações de slides criadas pelo Microsoft


PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de
extensão .PPTX. Caso contenham macros (comandos
para automatização de tarefas) será atribuída a exten-
são .PPTM. E ainda podemos trabalhar com os mode-
los (extensão .POTX e POTM).
Apesar de ser um aplicativo com finalidade dife-
rente do editor de textos, ele possui muitas semelhan- Figura 1. Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão
ças que acabam ajudando quem está iniciando nele. Arquivo, menu Exportar, item Criar Vídeo.

Da mesma forma que o editor de textos, é possível tra-


Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati-
balhar com seções (divisões), é possível inserir núme-
vo de edição de apresentações de slides.
ros de slides, é possível comparar apresentações, etc.
z SLIDE: unidade de edição, como uma página da
TIPO DE apresentaçã;
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS
ARQUIVO z SLIDE MESTRE: slide com o modelo de formatação
Apresentação Versão 2003 ou que será usado pelos slides da apresentação atual;
PPT
editável. anterior. z DESIGN: aparência do slide ou de toda a apresen-
Apresentação Versão 2003 ou tação. O design combina cores, estilos e padrões
PPS para que a aparência tenha um visual harmoniza-
executável. anterior.
do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
Modelo de Versão 2003 ou
POT objeto inserido no slide;
apresentação. anterior.
z LAYOUT: disposição dos elementos dentro do slide.
Apresentação Versão 2007 ou Quando a apresentação é iniciada, o slide de slide
PPTX
editável. superior.
de título é apresentado. O usuário poderá alterar
Versão 2007 ou supe- para outro layout. Cada slide da apresentação pode-
Apresentação rior, que não necessita rá ter um layout diferente.
PPSX
executável. de programas para ser
visualizada.
Recursos para pa-
Modelo de
POTX dronização de novas Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
apresentação.
apresentações. Seção Conteúdo

Recursos para pa-


Modelo de apre-
dronização e auto-
POTM sentação com
matização de novas Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
macros. Legenda Legenda
apresentações.
Formato do LibreOffice
Open Document Impress, que pode ser Figura 2. Layout de slide
ODP
Presentation. editado e salvo pelo
Microsoft PowerPoint. z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen-
tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Formato de documen-
to portável, sem alguns Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e
Portable Docu- no início, escolher qual delas será exibida para o
PDF/XPS recursos multimídia
ment Format. público;
inseridos na apresen-
tação de slide. z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao sele-
cionar algum efeito de animação entre os slides
(guia Transições, grupo Transição para este slide),
será disponibilizada a opção para configuração do
Importante! Intervalo;
z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um
Apresentações de slides é um tópico pouco
objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas ani-
questionado em provas de concursos. Conhe- mações simultaneamente, enquanto a transição do
cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint, slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saí-
você poderá aproveitá-los quando estudar da ou Trajetórias de Animação;
LibreOffice Impress.
Conceito de slides

As apresentações de slides podem ser gravadas em Conforme observado no item anterior, os slides são
formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como
transformadas em vídeo (extensão MP4). as páginas de um documento do Microsoft Word, os
slides possuem configurações como margens, orienta-
Os recursos do PowerPoint, como animações, tran-
ção, números de páginas (slides, no caso), cabeçalhos
sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá e rodapés, etc.
ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais
106 TV em totens de propagandas. de slides,
z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações;

Figura 3. Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de slides

Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:

z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.

Noções de edição e formatação de apresentações

A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar, etc.
Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Podemos escolher o ícone
‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda clicar no ícone corres-
pondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.


De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.

FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO VÍDEO HIPERLINKS


PPTX X X X X X
PPSX X X X X X
PDF - - - - X
MP4 X X X X X
JPG/PNG - - - - -

Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - ) 107


O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.

Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5.

A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.

Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.

Apresentação de Slides Personalizada: Criar ou executar uma apresentação de slides personalizada.


Uma apresentação de slides personalizada exibirá somente os slides selecionados. Este recurso permite
que você tenha vários conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de slides de 30 minutos
e outra de 60 minutos) na mesma apresentação.

Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como o
modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pressio-
nar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides, etc.

Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.

Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua apre-
sentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses intervalos
para executar a apresentação automaticamente no futuro.

Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.

Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada ima-
gem será colocada em um slide individual.

Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você cli-
car nele ou passar o mouse sobre ele.

Inserir número do slide: o número do slide reflete sua posição na apresentação.

Inserir vídeo no slide: permite inserir um videoclipe no slide.

Inserir áudio no slide: permite inserir um clipe de áudio no slide.

Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.

Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e fai-
xas, textos explicativos e botões de ação.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Quando o PowerPoint 2013 é aberto (Apresentação em Branco), o slide exibido mostra
dois espaços formatados, um para adicionar um título e o outro para adicionar um subtítulo.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O Microsoft PowerPoint é o editor de apresentações de slides do pacote Microsoft Office. Quando ele é aberto ou
uma nova apresentação em branco é iniciada (atalho de teclado Ctrl+O), um slide com o layout “Slide de título”
108 será exibido. Ele contém um espaço formatado para o título e um espaço para um subtítulo. Resposta: Certo.
2. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Slides somente podem z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text).
ser inseridos no PowerPoint 2013 com o mesmo layout Os documentos são arquivos editáveis pelo usuá-
do slide anterior, já que não é permitido inserir um sli- rio. Os Modelos, com extensão OTT (Open Template
de com outro layout em uma mesma apresentação. Text), contém formatações que serão aplicadas aos
novos documentos criados a partir dele.
( ) CERTO  ( ) ERRADO z Páginas: unidades de organização do texto, segundo
o tamanho do papel e margens. Definições estão no
O slide é como uma página da apresentação, e tem menu Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
os objetos inseridos em regiões determinadas pelo
layout. O layout poderá ser usado em vários slides
da mesma apresentação, sem qualquer problema.
Disponível na guia Página Inicial, o Layout poderá
ser escolhido pelo usuário e alterado posteriormen- A4

te se desejar. Resposta: Errado.

LIBREOFFICE WRITER

A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interfa-


ce da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um
fundo cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando
mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão z Seção: divisão de formatação do documento, onde
Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N). cada parte tem a sua configuração. Sempre que
O LibreOffice Writer é integrado com os demais forem usadas configurações diferentes, como mar-
programas do pacote, permitindo a inserção de fór- gens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usa-
mulas avançadas de cálculos do LibreOffice Calc em das. Disponível no menu Inserir, item Seção...
uma tabela do documento de textos, por exemplo. z Parágrafos: formado por palavras e marcas de for-
O LibreOffice Writer grava documentos com a matação. Finalizado com Enter, contém formatação
extensão ODT, mas também poderá gravar em outros independente do parágrafo anterior, e do parágrafo
formatos como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos seguinte.
que são gravados pelo programa, também poderão z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
ser abertos por ele. parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
finalizado com Quebra de Linha, a configuração
de formatação atual permanece na próxima linha.
Importante! z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
caracteres de formatação, etc. Podemos definir a
O que você faz no Word, você faz no Writer. Qua-
formatação do texto no menu Formatar, item Tex-
se tudo tem correspondente entre os aplicati-
to (nas versões anteriores era Caractere). E pode-
vos. Alguns atalhos de teclado são diferentes, mos escolher em Texto. A novidade na versão 5 é
alguns nomes de comandos são diferentes, mas que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos
a maioria dos itens são iguais. e efeitos disponíveis no editor.

Edição e formatação de textos


O botão abc é usado para fazer a verificação orto-
gráfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação
ortográfica o atalho é Shift+F7. A auto verificação A edição e formatação de textos consiste em apli-
ortográfica é para correção automática de todos os car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos
erros do documento segundo as configurações pré-de- parágrafos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem
terminadas pelo editor de textos Writer. todos estes recursos, como o Microsoft Word.
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto
tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou confi-
palavra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho) guração aplicada.
ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

verde). Já a autocorreção é um recurso diferente, que Edição e formatação de FONTES.


permite substituir erros comuns, como a ausência de
maiúscula no início de uma frase, corrigir o uso aci- As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gra-
dental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre vadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para
maiúscula e minúscula), acentuação na palavra não todos os programas do computador.
(quando digitamos naõ), e principalmente a substitui- Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte
ção de símbolos por palavras, definidos pelo usuário, padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier
no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção. New, Verdana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o
Estrutura básica dos documentos tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessiva-
mente. Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Os documentos do LibreOffice Writer possuem a Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular
seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos Caixa”.
do Microsoft Word e conceitos: Shift+F3 para alternar pelo teclado. 109
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.

ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - - Exemplo de Texto

Contorno - - Exemplo de Texto

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Diminuir tamanho Ctrl+Shift+vírgula Ctrl + [ Exemplo de Texto

Maiúsculas Exemplo de Texto

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo de Texto

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto


110
Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de teclado dos editores de textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.

ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS

Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D1 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G2 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

Ctrl+J3 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador

Ctrl+L4 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo5 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N6 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)

Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual7 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F38 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
7  O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
8  O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 111
Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta;

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+A Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Selecionar a frase

Botão principal - 4 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Cabeçalhos

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.

Inserir

Cabeçalho e rodapé Cabeçalho

Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
112 sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.
MENU SIGNIFICADO Podemos escolher a impressora, definir como será a
impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas
Permitem acesso às configurações específicas), quais serão as páginas (números separados
de arquivo sobre o documento atual com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais,
Arquivo
(novo, abrir, fechar, salvar, imprimir, separadas por traço uma sequência de páginas).
propriedades).

Permite acesso à Área de Transfe-


rência, além das opções temporárias
Editar
(localizar, substituir, selecionar) e área
de transferência do Windows/Linux,

Permite a configuração dos objetos


que serão exibidos na tela do aplica-
tivo. Modos de visualização, interface
Exibir
do usuário, elementos da tela de
edição, Marcas de Formatação, Barra
Lateral e Zoom

Permite adicionar um item que não


existe no documento atual. Adicionar
qualquer objeto no arquivo atualmen-
te editado. Se este objeto é atualizá- Havendo a possibilidade disponível na impresso-
Inserir vel, será um campo. Elementos da ra, serão impressas de um lado da página, ou frente e
página, elementos gráficos, elemen- verso automático, ou manual. Ao contrário do Word,
tos visuais, referências e índices, que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o
elementos de mala direta e cabeçalho Writer divide em guias as opções da impressão.
e rodapé.

Formatar significa dar um formato a


um objeto que já existe. Parágrafo, es-
Formatar tilos, marcadores e numeração, tabu- EXERCÍCIOS COMENTADOS
lações, etc. Permite alterar elementos
editáveis do documento. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) O aplicativo Writer, do
BrOffice, utilizado para a edição de textos, não permite
Os estilos são formatações pré-defini- a realização de cálculos com valores numéricos, por
das para serem usadas no texto. Pos- exemplo, cálculos com valores em uma tabela inserida
Estilos
teriormente poderão ser organizadas no documento em edição.
em um índice.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Disponibilizam ferramentas para o
trabalho com tabelas, segundo as
O LibreOffice Writer possui integração com os
Tabelas convenções próprias do recurso. Ao
demais programas do pacote, e permite a integra-
incluir uma tabela no documento, a
ção dos recursos do LibreOffice Calc (planilhas de
barra de ícones Tabela será exibida.
cálculos) em uma tabela do documento. O Microsoft
Permite a edição e programação de Office também é assim. Resposta: Errado.
formulários diretamente no docu-
Formulários
mento aberto, para entrada de dados 2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No aplicativo Writer, para
padronizados. alterar a cor da fonte de um caractere no documento
em edição, o usuário pode utilizar o menu Formatar e,
Oferece comandos para o gerencia- em seguida, escolher a opção Fonte.
mento do aplicativo, alterando as
Ferramentas
configurações em todos os próximos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

arquivos editados pelo aplicativo.

Oferece opções para organizar as O LibreOffice Writer poderá produzir documentos


Janela como o Microsoft Word, pois além de serem compatí-
janelas dos documentos em edição.
veis, compartilham funcionalidades. Porém, existem
itens que possuem nomes diferentes em cada editor
Impressão de textos. No Microsoft Word é Formatar, Fonte. No
LibreOffice Writer é Formatar, Texto. Resposta: Errado.
Disponível no menu Arquivo, e também pelo ata-
lho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar LIBREOFFICE CALC
Impressão), a impressão permite o envio do arquivo
O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação
em edição para a impressora. A impressora listada de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante
vem do Windows, do Painel de Controle (ou Configu- ao Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças
rações, no caso do Windows 10). (que já foram questionadas em concursos públicos). 113
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O
criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Goo- LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a
gle Planilhas. O arquivo produzido em um aplicativo forma como as células serão mescladas. Ao clicar
poderá ser editado por outro programa, pois são com- no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo-
patíveis entre si. go “Mesclar células” será exibida.
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel
em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir nor- A célula pode receber diferentes formatações,
malmente. O LibreOffice Calc reconhece o formato especialmente na exibição de valores numéricos. Para
XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de arma- a exibição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A
zenamento não influencia nos recursos disponíveis formação de células, linhas e colunas possibilita defi-
no aplicativo. nir bordas, sombreamento, e padrões que serão apli-
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a
cados a estas.
extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no
um componente do ODF (Open Document Format). O
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande
arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABA-
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e
LHO, e poderá ser gravado no formato do Microsoft
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi-
Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc ini- derado na impressão.
cia com 1 planilha (folha de dados), identificada por A formatação Condicional permite exibir célu-
abas na parte inferior da tela de visualização. Cada las de diferentes cores e padrões, segundo condições
planilha é independente das demais, e usamos o estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os
sinal de ponto final para referenciar dados em outras números negativos sejam vermelhos e os positivos em
planilhas. azul, é um caso.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de
A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui Formatar
1024 colunas). As linhas são numeradas com números,
de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Micro-
soft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor
ou pior. Cuidado com as comparações. Quando a ban-
ca sugere uma comparação, menosprezando um dos
itens, geralmente está errado.

Conceitos básicos

z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon- Condiconal


tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea- Geranciar...
das com uma letra;
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
radas com números;
z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
folha de dados. Writer representa com (ponto final).
z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de
memória RAM disponível, nomeadas como Planilha A formatação condicional pode apresentar visual-
1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS; mente as diferenças existentes nos dados da planilha
z Alça de preenchimento: no canto inferior direito de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
da célula, permite que um valor seja copiado na provas.
direção em que for arrastado. No Excel, se houver
1 número, ele é copiado. Se houver 2 números, Simbologia específica
uma sequência será criada. No Calc, 1 número cria
uma sequência com incremento 1. Datas, dias da z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
semana, nome dos meses, estas opções criam listas la da planilha. Colunas com letras, linhas com
pré-definidas; números. O formato de referência é idêntico no
Excel e Calc.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.

z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou


faz uma comparação dentro de um teste.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1
com o valor em A2.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
114 te e exibe uma mensagem.
z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/ Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a
função. A2”;”A2 é menor que A1”) – teste e exibe uma
Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1 mensagem.
com o valor em A2.
z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti-
z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/ vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o
função com inversão de resultado. símbolo ≠ Usado em testes, para comparação.
Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1 Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
com o valor em A2, invertendo o resultado. iguais”) – teste e exibe uma mensagem.

z * (asterisco) multiplicação. z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores,


Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel
em A1 pelo valor em A2. e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na
matemática, apenas parênteses.
z / (barra ‘normal’) divisão.
Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1 z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma
pelo valor em A2. função ou separador de células em uma referência.
Pode significar E em uma referência de valores.
z ^ (acento circunflexo) Exponenciação. Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do iguais”) – separando os três argumentos da função.
valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2. =SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu-
mentos que serão somados.
z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o
valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu- z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de
faixa de células.
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo-
resultado (por cento, por 100).
res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3,
C1 e C2.
z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne
dois ou mais valores em uma única sequência.
z “ (aspas) indicam expressões de textos literais.
Exemplo:
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São
=”Fernando”&”Nishimura”
iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas.
=15&30
Fernando Nishimura
z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans-
1530
formando a referência relativa em referência mista
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções,
z . (ponto final) Significa Planilha. quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
valor de A2 que está em Planilha2. =$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
Planilha2.

Importante! z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,


Uma das poucas diferenças existentes entre o apenas um) Erro.
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto Mensagens de Erros
de exclamação, no Calc é o ponto final.
Seguem abaixo os erros mais comuns que podem
ocorrer em uma planilha do LibreOffice Calc:
z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes,
para comparação. z ##### A célula não é larga o suficiente para mos-
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) – trar o conteúdo;
efetua um teste e exibe uma mensagem. z NUM! ou Err:503! Operação de ponto flutuante
inválida. Um cálculo resulta em overflow no inter-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes, valo de valores definido;
para comparação. z #VALOR ou Err:519! Sem resultado. A fórmula
Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) – resulta em um valor que não corresponde à sua
efetua um teste e exibe uma mensagem. definição; ou a célula que é referenciada na fórmu-
la contém um texto em vez de um número;
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos, z #REF ou Err:524! Referências inválidas. Em uma
sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes, fórmula, está faltando a coluna, a linha ou a plani-
para comparação. lha que contém uma célula referenciada;
Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2 z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi
é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem. possível avaliar um identificador, por exemplo,
não foi possível encontrar uma referência válida,
z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos, um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu-
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes, na/linha, uma macro, um separador decimal incor-
para comparação. reto, suplemento não encontrado; 115
z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação z MAIOR (valores;posição) : exibe o maior valor de
de divisão / quando o denominador é 0. uma série, segundo o argumento apresentado.

Funções Básicas =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-


las A1 até D6.
z SOMA (valores) : realiza a operação de soma nas
z MÍNIMO (valores) : exibe o menor valor das célu-
células selecionadas.
las selecionadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis- =MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na
tentes nas células A1, A2 e A3. área de A1 até D6.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
tentes nas células A1 até A5 z MENOR (valores;posição) : exibe o menor valor de
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da uma série, segundo o argumento apresentado.
célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis- =MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, las A1 até D6.
operando apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores z SE (teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
A1 com B1 e C1 até C3. na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 caso seja falso.
com 3 e o valor A1 duas vezes.
z CONT.VALORES (células) : esta função conta todas
as células em um intervalo, exceto as células vazias.
z SOMASE (valores;condição) : realiza a operação
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
de soma nas células selecionadas, se uma condição
contagem, informando quantas células estão preen-
for atendida.
chidas com valores, quaisquer valores.
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15. z CONT.NÚM (células) : conta todas as células em
um intervalo, exceto células vazias e células com
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
texto.
res de A1 até A10 que forem iguais a 10. A sinta-
xe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
somado). intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.

z MEDIA (valores) : realiza a operação de média z CONT.SE (células;condição) : Esta função conta quan-
nas células selecionadas e exibe o valor médio tas vezes aparece um determinado valor (número ou
encontrado. texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
indicar qual é o critério a ser contado)
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo- =CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células do o valor 5.
vazias não entram no cálculo da média.
z TEXTO (células;formato) : exibe um valor numéri-
co no formato especificado por uma máscara.
z MED (valores): obtém o valor da mediana. A
mediana é o valor que está ‘no meio’ dos valores =TEXTO(7;”000”) Exibirá o número 7 com 3 casas,
ordenados informados portanto, 007

z MUDAR (texto;início;caracteres;novo_texto) : per-


mite trocar no texto informado, iniciando na posi-
ção início, o novo_texto, até o limite de caracteres.

=MUDAR(“José Carlos”; 1; 4; “João”) Troca o


“José” por “João”

z PROCV (valor_procurado; matriz_tabela; núm_


=MED(A2:C2) qual é o valor que está no meio, de 6, índice_coluna; [intervalo_pesquisa])
2 e 1? É o 2.
=MÉDIA(A2:C2) qual é a média dos valores de A2 A função PROCV é utilizada para localizar o
até C2? (6+2+1)/3 = 3. valor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
encontrar, retornar a enésima coluna informada em
z MÁXIMO (valores) : exibe o maior valor das célu- núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
las selecionadas. DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V).
=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na Por exemplo:
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
116 nas um será mostrado. =PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) Oferece comandos para o gerencia-
A função PROCV é um membro das funções de pes- mento do aplicativo, alterando as
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. Ferramentas
configurações em todos os próximos
Se PROCV não localizar valor_procurado, e pro- arquivos editados pelo aplicativo.
curar_intervalo for VERDADEIRO, ela usará o maior
Classificação, filtro, filtro avançado, e
valor que é menor do que o valor_procurado.
Dados demais opções de organização dos
dados.
z PROCH (o que ; onde ; linha ; aproximadamente )
: procura um valor na horizontal. Caso encontre, Oferece opções para organizar as jane-
Janela
retorna a linha correspondente ao argumento infor- las dos documentos.
mado. E a busca poderá ser exata ou aproximada.

Precedência dos operadores


EXERCÍCIOS COMENTADOS
Tanto o LibreOffice Calc como o Microsoft Excel,
usam precedência de operadores matemáticos para a 1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Para se calcular o valor
resolução das fórmulas. constante na célula E2, basta digitar nela o comando
A ordem de prioridade é parênteses, depois expo- =C2*D2.
nenciação (ou potência), depois multiplicação e divi-
são, e por último, adição e subtração.
^ Exponenciação A primeira operação que deve
ser executada
* Multiplicação A próxima operação a ser executa-
da, assim como a Divisão.
/ Divisão
+ Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
ção e divisão, faça a adição/subtração. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
- Subtração.
- Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for Será efetuada a multiplicação de C2 por D2, e o resul-
realizado, faça a inversão do sinal. tado será exibido em E2. Poderia ser escrita com a
Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera- função MULT, assim: =MULT(C2;D2). Resposta: Certo.
dores matemáticos.
P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
cação, divisão, adição e subtração.
Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
compreender a sequência de comandos e menus do
Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
LibreOffice Impress. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Para se digitar m3, con-
forme consta nas unidades de medida de areia e brita,
MENU SIGNIFICADO basta que se digitem nas respectivas células, simulta-
neamente, as teclas < M > < Ctrl > < Alt > < 3 >.
Oferece comandos para o gerencia-
Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
está em primeiro plano.

Acesso a recursos temporários (loca-


Editar lizar, substituir, selecionar) e área de
transferência do Windows/Linux.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acesso aos controles sobre o que será


Exibir mostrado na tela de edição, e como
será exibido.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é Ao teclar, dentro da célula, a sequência Ctrl+Alt+3,
atualizável, será um campo. exibirá o número 3 como em m³. Resposta: Certo.

Mudar a aparência, mudar a configura- LIBREOFFICE IMPRESS


Formatar ção, dar uma forma, alterar o que está
em edição. O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após
anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos
Opções de controle da planilha de
Planilha que estamos apresentando um PowerPoint, mesmo que
dados no Calc.
o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress. 117
Os softwares de edição de slides (Microsoft Power-
Point, LibreOffice Impress, Google Apresentações) per-
mitem a criação de uma apresentação de slides para
exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher
um modelo de apresentação para criação de um novo
arquivo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e
escolher um arquivo que está gravado em um local de
armazenamento permanente, para ser aberto e edita-
do naquela sessão de trabalho.

z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo


que será inserido no slide. Para não esquecer: é o
esqueleto de cada slide da apresentação. O layout
do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição
dos objetos dentro de cada slide da apresentação.
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual
que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a
aparência da apresentação.
z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual
que será utilizado na passagem de um slide para
outro slide. Para não esquecer: é a animação entre
os slides da apresentação.
z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos
os elementos dentro de uma apresentação, assim
Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffi- como configurações específicas. Podemos configu-
ce Impress (antigo OpenOffice, BrOffice). rar os slides, folhetos e anotações. Para não esque-
cer: é o esqueleto de toda a apresentação.
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress
(formato ODP – Open Document Presentation) podem Exibir
ser abertos pelo Microsoft PowerPoint.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.

O LibreOffice Impress permite exportar uma


Slide mestre
apresentação ou desenho para diferentes formatos,
incluindo os citados no enunciado da questão.

z BMP: Windowns Bitmap (*.bmp);


z EMF: Enhanced Metafile (*.emf);
z EPS: Encapsulated PostScript (*.eps);
z GIF: Graphics InterchangeFormat (*.gif);
z JPEG: Joint Photographic Experts Group (*.jpg;*.
jpeg;*.jfif;*.jiif;*.jpe);
z PNG: Portable Network Graphic (*.png);
z SVG: Scalable Vector Graphics (*.svg; *.svgz); Elementos do slide mestre...
z TIFF: Tagged Image File Format (*.tif; *.tiff);
z WMF: Windows Metafile (*.wmf).

Importante! Assim como nos demais aplicativos, o ícone


Extensões de arquivos estão entre os itens mais permite transformar um objeto inserido em um
questionados em provas de concursos organiza- hyperlink. O ícone está disponível na Barra de Ferra-
dos pela banca CESPE/Cebraspe. mentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:

Os modos de exibição permitem alternar entre


a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de Internet: endereço URL ou endereço FTP.
Tópicos), Notas (Anotações do apresentador) e Orga-
nizador de Slides (classificação de slides – miniaturas Correio: abre o aplicativo de e-mail
para organização). padrão para o envio de uma mensagem
eletrônica.
Documento: para algum local do docu-
mento atual, como uma Tabela, Seção ou
Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides Quadro.
Novo Documento: para qualquer outro
118 arquivo editável do pacote LibreOffice.
Diferentemente da interface do Microsoft Power- Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresenta-
Point, que é baseada na Faixa de Opções com guias, ção a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a par-
grupos e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada tir do slide atual. Esta é uma alteração importante,
em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual,
para compreender a sequência de comandos e menus e agora é como no PowerPoint, com dois atalhos de
do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice teclado diferentes.
Writer e LibreOffice Calc.

MENU SIGNIFICADO
Oferece comandos para o gerencia-
Arquivo mento do arquivo atual, aquele que
está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (loca-
Editar lizar, substituir, selecionar) e área de
transferência do Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que
será mostrado na tela de edição, e
Exibir
como será exibido. Cor, preto e bran-
co, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
Inserir sentação atualmente editada. Se este
objeto é atualizável, será um campo. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) No aplicativo Impress do
Mudar a aparência, mudar a configu- pacote BrOffice, ao se clicar o botão será ativa-
Formatar ração, dar uma forma, alterar o que do um cronômetro para controlar a duração da apre-
está em edição. sentação. Essa função permite também a ativação de
Oferece comandos para o gerencia- um alarme que indicará o término do tempo de uma
mento do aplicativo, alterando as apresentação.
Ferramentas
configurações em todos os próximos
arquivos editados pelo aplicativo. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Iniciar a apresentação, configurar
a apresentação, Cronometrar, In- O ícone apresentado na questão é o navegador, que
Apresentação teração, Animação personalizada, possibilita buscar um slide na apresentação rapida-
de slides Transição de slides, Exibir e Ocultar mente. O atalho é Ctrl+Shift+F5. Resposta: Errado.
slides, e criar uma apresentação
personalizada.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Ao clicar-se o botão
Oferece opções para organizar as , será aberto o navegador configurado como padrão, o
Janela
janelas dos documentos. que permite o acesso à Internet ao mesmo tempo em
que se utiliza o Impress.
Menu Slide
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na ver-
são 6/7, que não existia nas versões anteriores. Pos-
sui opções similares à guia Apresentação de Slides do O botão é utilizado para adicionar um hyper-
Microsoft PowerPoint. Contém as opções para mani- link ao objeto selecionado, permitindo que o usuário
pulação dos slides da apresentação, incluindo o item acesse outro local da apresentação, outro arquivo,
Transição de Slides, para adicionar uma animação um site na rede e enviar uma mensagem de correio
entre os slides. eletrônico. Resposta: Errado.
Slide

REDES DE COMPUTADORES
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

TERMINOLOGIA E APLICAÇÕES

Classificação quanto à privacidade

Podemos classificar a rede em Internet, Intranet e


Extranet:

Menu Apresentação de Slides z Internet: é um conglomerado de redes públicas,


interconectadas e espalhadas pelo mundo inteiro
Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as por meio do protocolo de internet, o que facilita o
opções e comandos para controle da apresentação. Foi fluxo de informações espalhadas por todo o globo
mantido nas versões seguintes. terrestre. 119
z Intranet: é uma rede de computadores privada ampla, em que não seja possível ser interligada
que assenta sobre a suíte de protocolos da Inter- usando tecnologia para redes locais.
net, porém, é de uso exclusivo de um determinado z RAN (Regional Area Network): Rede de área regio-
local, como, por exemplo, a rede de uma empresa, nal é uma rede de computadores de uma região geo-
que só pode ser acessada pelos seus utilizadores ou gráfica específica, caracterizadas pelas conexões de
colaboradores internos. alta velocidade utilizando cabos de fibra óptica e
z Extranet: permite-se o acesso externo às bases cor- RANs. São maiores que as redes de área local (LAN)
porativas, disponibilizando somente dados para e as redes de área metropolitana (MAN), mas meno-
fins específicos para representantes, fornecedores res que as redes de longa distância (WAN).
ou clientes de uma empresa. Outro uso comum z WAN (Wide Area Network): Rede de Longa Dis-
do termo extranet ocorre na designação da “parte tância são redes que usam linhas de comunicação
privada” de um site, onde apenas os utilizadores das empresas de telecomunicação. É usada para
registados (previamente autenticados com o seu interligação de computadores localizados em dife-
login e senha) podem navegar. rentes cidades, estados ou países.
z VPN: a Rede Privada Virtual (Virtual Private Net-
Podemos fazer interligações entre redes, de forma
work) é uma rede de comunicações privada cons-
que uma rede distinta possa se comunicar com uma
truída sobre uma rede de comunicações pública
outra rede. Entre as formas de interligações de rede
(como por exemplo, a Internet). Uma VPN é uma destacamos a Internet, Extranet e Intranet.
conexão estabelecida sobre uma infraestrutura
pública ou compartilhada, usando tecnologias de Classificação segundo a Arquitetura de Rede
tunelamento e criptografia para manter seguros os
dados trafegados. Exemplos de Arquiteturas: Arcnet (Attached Re-
source Computer Network); Ethernet; Token ring; FD-
Classificação Segundo a Extensão Geográfica DI (Fiber Distributed Data Interface); ISDN (Integrat-
ed Service Digital Network); Frame Relay; ATM (Asyn-
Agora trataremos sobre a classificação das redes chronous Transfer Mode); X.25 e DSL (Digital Subscrib-
de computadores. É importante saber que as redes de er Line).
computadores podem ser classificadas de duas for-
mas: pela sua dispersão geográfica e pelo seu tipo de Classificação Segundo a Topologia
topologia de interconexão.
Em relação à dispersão geográfica, podemos clas- Mais um detalhe sobre a classificação das redes. As
sificá-las como: redes podem ser classificadas segundo sua topologia
lógica e física. São Exemplos de topologia física:
z PAN (Personal Area Network): Rede de área
pessoal é uma rede utilizada para interligar dis- z Rede ponto a ponto (Peer-to-peer);
positivos centrados na área de uma pessoa indi- z Rede em barramento (Bus);
vidualmente. Um exemplo disso é a conexão sem z Rede em anel (Ring);
fio chamada WPAN que é baseada no padrão IEEE z Rede em estrela (Star);
802.15, que usa o Bluetooth e o Infrared Data Asso- z Rede em árvore (Hierárquica);
ciation, e a conexão com fio, caso do cabo USB z Rede em malha (Mesh); e
(ligando o celular há um computador). z Rede Híbrida.
z LAN (Local Area Network): Rede de área local
Rede ponto a ponto (P2P)
são redes de pequena dispersão geográfica como
os computadores interligados em uma mesma
Peer-to-peer ou Ad-Hoc é uma arquitetura de redes
sala, prédio ou campus, com a finalidade de com-
de computadores onde cada um dos pontos, ou nós da
partilhar recursos associados aos computadores
rede, funciona tanto como cliente quanto como ser-
ou permitir a comunicação entre os usuários des-
vidor, permitindo compartilhamentos de serviços e
tes equipamentos.
dados sem a necessidade de um servidor central usan-
z VAN (Vertical Area Network): Rede de área verti- do cabo par trançado Cross-Over.
cal é utilizada em redes prediais, tendo a necessida-
de de uma distribuição vertical dos pontos de rede. Rede em barramento (Bus)
z CAN (Campus Area Network): Rede de área campus
é uma rede de computadores feita da interconexão de É uma topologia de rede em que todos os computa-
redes de área local (LANs) dentro de uma área geográ- dores são ligados em um mesmo barramento físico de
fica limitada. Os equipamentos de rede (computado- dados, também chamado de backbone. Neste tipo de
res, roteadores) e meios de transmissão (fibra óptica, topologia, quando um computador transmite, ele ocu-
cabos pares trançados) são quase inteiramente per- pa toda rede e os dados são “escutados” por todos os
tencentes ao inquilino/proprietário do campus: seja nós. Caso haja duas ou mais máquinas transmitindo
um sinal, haverá uma colisão de dados e será, então,
uma empresa, universidade, governo etc.
preciso reiniciar a transmissão.
z MAN (Metropolitan Area Network): Rede de
área metropolitana interliga computadores em z Vantagens: facilidade de instalação; a mídia é
uma região de uma cidade, chegando, às vezes, a barata, fácil de trabalhar e instalar; impressoras
interligar até computadores de cidades vizinhas podem ser compartilhadas; minimiza-se a quanti-
próximas. São usadas para interligação de com- dade de cabo utilizado nas ligações à rede; e ser
120 putadores dispersos numa área geográfica mais mais eficiente e rápida do que as demais.
z Desvantagens: limitação de conexão; problemas são difíceis de isolar; uma falha ao longo da linha de comu-
nicação comum afeta todas as transmissões na rede; se o cabo principal falhar (Backbone), toda a estrutura
colapsa; e a rede pode ficar extremamente lenta em situações de tráfego pesado.

Rede em anel (Ring)

Consiste em estações conectadas por meio de um circuito fechado, em série. Consiste de uma série de repeti-
dores ligados por um meio físico, de modo que o anel não interliga as estações diretamente, sendo cada estação
ligada a estes repetidores.

z Vantagens: todos os computadores acessam a rede igualmente e a performance não é impactada com o aumen-
to de usuários.
z Desvantagens: a falha de um computador pode afetar o restante da rede e os problemas são difíceis de isolar.

Rede em estrela (Star)

A mais comum atualmente, a topologia em estrela utiliza cabos par trançados e um concentrador como ponto
central da rede. O concentrador se encarrega de retransmitir todos os dados para a estação de destino.

z Vantagens: a codificação e adição de novos computadores é simples; gerenciamento centralizado; e a falha de


um computador não afeta o restante da rede.
z Desvantagem: uma falha no dispositivo central paralisa a rede inteira.

Rede em estrela estendida (Extended Star)

Usa-se a topologia em estrela para ser criada. Ela une as estrelas individuais vinculando os hubs/switches. Isso esten-
derá o comprimento e o tamanho da rede.

z Vantagens: igual a topologia estrela normal. Apenas estende os domínios de colisão e de Broadcast; sempre
que uma pequena rede precisa ser interligada, a facilidade é grande, devido a simplicidade da manutenção das
redes.
z Desvantagens: domínios de colisão e broadcast podem ficar muito grande, prejudicando o desempenho da
rede; se houver falha em um equipamento que interconecta duas ou mais pequenas redes, todas elas podem
ficam incomunicáveis.

Rede em árvore (Hierárquica)

São barras interconectadas em que ramos menores são conectados a uma barra central, por um ou mais Hubs,
switch e repetidores que interconectam outras redes. No geral, as redes em árvore irão trabalhar com uma taxa de
transmissão menor do que as redes em barra comum.

z Vantagem: o monitoramento da rede é melhor, tendo em vista que existe um computador controlando o trá-
fego da rede. Isto pode otimizar o fluxo, diminuindo o consumo de banda e aumentando a velocidade da rede.
z Desvantagens: as redes podem se tornar muito grandes, aumentando o domínio de colisão; podem ocorrer
falhas na rede devido a erros humanos, uma vez que o tráfego é controlado por um computador.

Rede em malha (Mesh)

Quando não puder ocorer nenhuma interrupção nas comunicações, as redes em malha são utilizadas. Cada
host tem suas próprias conexões com todos os outros hosts. Isso também reflete o projeto da Internet, que possui
vários caminhos para qualquer lugar.

Rede Híbrida (mista)

É a topologia mais utilizada em grandes redes. Adequa-se a topologia de rede em função do ambiente, compen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

sando os custos, expansibilidade, flexibilidade e funcionalidade de cada segmento de rede. São as que utilizam
mais de uma topologia ao mesmo tempo, podendo existir várias configurações que criamos utilizando uma varia-
ção de outras topologias.

Comparação entre as principais Topologias

TOPOLOGIA VANTAGENS DESVANTAGENS

Ponto a ponto Baixíssimo custo. Pequena e limitada.

Barramento Facilidade de instalação. Queda de qualidade com o acréscimo de novos usuários.

Performance equilibrada para Baixa tolerância a falhas. A queda de um ponto paralisa toda a rede.
Anel
todos os usuários. Dificuldade de localização do ponto de falha.
121
TOPOLOGIA VANTAGENS DESVANTAGENS

Fácil localização de problemas. O nó concentrador é um ponto vulnerável da rede.


Estrela
Facilidade de modificação da rede. Custos mais elevados que a topologia barramento.

Árvore Facilidade de manutenção do sistema. Dependência do nó hierarquicamente superior.

Full Meshed Altamente confiável. Altamente redundante (custos elevados).

Topologia Lógica

Refere-se ao modo como os dados são transmitidos através da rede a partir de um dispositivo para o outro, sem
levar conta a interligação física dos dispositivos.
Broadcast e passagem de token (Token Ring) são os dois tipos mais comuns de topologias lógicas.
A topologia lógica mais comum em redes locais é a Broadcast.

z Broadcast: o tipo de topologia de broadcast significa que cada host envia seus dados a todos os outros hosts no
meio da rede. As estações não seguem nenhuma ordem para usar a rede, a primeira a solicitar é a atendida:
essa é a maneira como a Ethernet funciona. Posteriormente, aprenderemos um pouco mais.
z Token Ring: a passagem de token controla o acesso à rede, passando um token eletrônico sequencialmente
para cada host. Quando um host recebe o token, significa que esse host pode enviar dados na rede. Se o host
não tiver dados a serem enviados, ele vai passar o token para o próximo host e o processo será repetido.

MODELOS DE ARQUITETURA (OSI/ISO E TCP/IP)

Modelo de Arquitetura OSI

No início, quando as redes de computadores surgiram, as tecnologias eram do tipo proprietárias, isto é, só
eram suportadas pelos seus próprios fabricantes, não havendo a possibilidade de misturar as tecnologias dos
fabricantes.
O Modelo OSI (Open System Interconnection) é um modelo de rede de computador referência da ISO, sendo
dividido em camadas de funções, criado em 1971 e formalizado em 1983, com objetivo de ser um padrão para pro-
tocolos de comunicação entre os mais diversos sistemas em uma rede local (Ethernet), garantindo a comunicação
entre dois sistemas computacionais (end-to-end).
O modelo divide as redes de computadores em 7 camadas, de forma a se obter camadas de abstração. Cada
protocolo implementa uma funcionalidade atrelada a uma determinada camada.
Segundo Tanenbaum, o Modelo OSI não é uma arquitetura de redes, pois ele não especifica os serviços e proto-
colos exatos que devem ser usados em cada camada. O modelo OSI apenas informa o que cada camada deve fazer.
O OSI permite comunicação entre máquinas heterogêneas e define diretivas genéricas para a construção de
redes de computadores (seja de curta, média ou longa distância), independente da tecnologia utilizada.
Vamos conhecer o modelo de protocolos OSI. Trata-se de um modelo de sete camadas, divididas da seguinte
forma:

7 - APLICAÇÃO Interfaces com aplicativos

6 - APRESENTAÇÃO Formatos/Criptografia

5 - SESSÃO Controle de sessão entre aplicativos

4 - TRANSPORTE Conexão entre hosts/Portas

3 - REDE Endereço lógico/Roteadores

2 - ENLACE DE DADOS Endereço físico/Pontes e Switches

1 - FÍSICA Hardware/Sinal elétrico/bits

Esse modelo é estruturado de forma que cada camada tem sua própria característica.
Cada camada pode comunicar-se apenas com a sua camada inferior ou superior e somente com a sua camada
correspondente em outra máquina.

Camada 7: Aplicação

A camada de Aplicação faz a interface entre o protocolo de comunicação e o aplicativo que pediu ou que rece-
berá a informação por meio da rede. Por exemplo, se você quiser baixar o seu e-mail com seu aplicativo de e-mail,
122 ele entrará em contato com a Camada de Aplicação do protocolo de rede, efetuando este pedido.
Camada 6: Apresentação

A camada de Apresentação converte os dados recebidos pela camada de Aplicação em um formato a ser usado
na transmissão desse dado, ou seja, um formato entendido pelo protocolo. Ele funciona como um tradutor se esti-
ver enviando os dados da camada de Aplicação para a camada de Sessão e se está recebendo os dados da camada
de Sessão para a Aplicação.

Camada 5: Sessão

A camada de Sessão permite que dois computadores diferentes estabeleçam uma sessão de comunicação. Com
esta camada, os dados são marcados de forma que, se houver uma falha na rede, quando a rede se tomar dispo-
nível novamente, a comunicação pode reiniciar de onde parou.

Camada 4: Transporte

A camada 4, chamada de camada de Transporte é responsável por pegar os dados vindos da camada de Sessão
e dividi-los em pacotes que serão transmitidos pela rede. Trata-se de uma camada responsável por pegar os paco-
tes recebidos da camada de Rede e remontar o dado original para enviá-lo à camada de Sessão. Nesse processo,
inclui-se o controle de fluxo, correção de erros, confirmação de recebimento (acknowledge), informando o sucesso
da transmissão. A camada de Transporte divide as camadas de nível de aplicação (de 5 a 7 preocupadas com os
dados contidos no pacote) das de nível físico (de 1 a 3 preocupadas com a maneira que os dados serão transmiti-
dos). A camada de Transporte faz a ligação entre esses dois grupos.

Camada 3: Rede

A camada de Rede é responsável pelo endereçamento dos pacotes, convertendo endereços lógicos em endere-
ços físicos, de forma que os pacotes consigam chegar corretamente ao destino. Essa camada também determina
a rota que os pacotes irão seguir para atingir o destino, baseada em fatores como condições de tráfego da rede e
prioridades. Rotas são os caminhos seguidos pelos pacotes na rede.

Camada 2: Link de Dados

A camada 2 é chamada de Link de Dados. A camada de Link de Dados (conhecida também como Conexão de
Dados ou Enlace) pega os pacotes de dados vindos da camada de Rede e os transforma em quadros que serão tra-
fegados pela rede, adicionando informações como endereço físico da placa de rede de origem e destino, dados de
controle, dados em si, e os controle de erros. Esse pacote de dados é enviado para a camada Física, que converte
esse quadro em sinais elétricos enviados pelo cabo da rede.

Camada 1: Física

A camada Física pega os quadros enviados pela camada de Link de Dados e os converte em sinais compatíveis
com o meio onde os dados deverão ser transmitidos. A camada física é quem especifica a maneira com que os
quadros de bits serão enviados para a rede. A camada Física não inclui o meio onde os dados trafegam, isto é,
o cabo de rede. Quem faz o seu papel é a placa de rede. A camada Física pega os dados que vem do meio (sinais
elétricos, luz etc.) converte em bits e repassa à camada de Link de dados, que montará o pacote e verificará se ele
foi recebido corretamente.
Em sua prova pode aparecer as camadas, protocolos e suas funções. Vejamos no quadro abaixo:

CAMADAS PROTOCOLOS FUNÇÃO


HTTP, RTP, SMTP, FTP, SSH, Telenet, SIP, RDP, IRC,
1 Aplicação Prover serviços de rede às aplicações.
SNMP, NNTP, POP3, IMAP, BitTorrent, DNS etc.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Criptografia, codificação, compressão e forma-


2 Apresentação XDR, TLS etc.
tos de dados.
Iniciar, manter e finalizar sessões de
3 Sessão NetBIOS
comunicação.
4 Transporte NetBEUI, TCP, UDP, SCTP, DCCP, RIP etc. Transmissão confiável de dados, segmentação.
Endereçamento lógico e roteamento; Controle
5 Rede IP (IPv4, IPv6), Ipsec, ICMP, ARP, RARP, NAT
de tráfego.
Ethernet, IEE 802.1Q, HDLC, Token ring, FDDI, Endereçamento físico; Transmissão confiável
6 Enlace
PPP, Swicth, Frame, relay, ATM etc. de quadros.
Modem, 802.11 WIFI, RDIS, RS-232, EIA-422, RS-
Interface com meios de transmissão e
7 Física 449, Bluetooth, USB, 10BASE-T, 100BASE, TX,
sinalização.
ISDN, SONET, DSL. 123
Modelo de Arquitetura TCP/IP Essa camada é responsável pelo roteamento de
pacotes, isto é, adiciona ao datagrama informações
O TCP/IP (também chamado de pilha de protocolos sobre o caminho que ele deverá percorrer.
TCP/IP) é um conjunto de protocolos de comunicação
entre computadores em rede. Seu nome é proveniente z ICMP (Internet Control Message Protocol, ou
de dois protocolos: o TCP (Transmission Control Proto- Protocolo de Controle de Mensagens da Inter-
col, em português Protocolo de Controle de Transmis- net): O ICMP é um protocolo suplementar que não
são) e o IP (Internet Protocol, ou Protocolo de Internet,
torna o protocolo IP confiável, mas é um protocolo
ou ainda, protocolo de interconexão).
de mensagem de controle, cujo princípio é fazer
O protocolo mais usado atualmente nas redes
um “feedback” sobre os problemas no ambiente de
locais é o protocolo TCP/IP, isso graças a Internet, pois
comunicação. Também não há garantia de envio
esse é o tipo por ela utilizado, praticamente obrigando
do pacote ICMP ou que uma mensagem de controle
todos os fabricantes de sistemas operacionais de rede
a suportarem esse protocolo. Uma das grandes vanta- seja retornada. Este protocolo é o responsável por
gens desse protocolo é a possibilidade de ser roteável, gerar o controle e mensagens em caso de erro.
ou seja, ele foi desenvolvido para redes de grande por-
te, o que permite que os dados possam seguir vários As mensagens são geradas quando: o destino está
caminhos distintos até o seu destinatário. inacessível, não existe rota para o destino, destino res-
Diferentemente do modelo OSI, que possui sete trito (restrito por um firewall, por exemplo), endereço
camadas, o modelo TCP/IP possui quatro camadas. inacessível, porta inacessível, o pacote é muito gran-
São elas: de, tempo da transferência excedeu e erro no pacote.

Camada 1: Camada de Aplicação Camada 4: Camada de Rede (Link)

A camada de aplicação corresponde às camadas A Camada de Rede corresponde às camadas 1 e 2


5, 6 e 7 do modelo OSI. Ela é responsável por fazer do modelo OSI. Ela é responsável por enviar o pacote
a comunicação entre os aplicativos e o protocolo de recebido pela camada de Internet em forma de qua-
transporte. Entre os principais protocolos que operam dro (frame ou datagrama) através da rede.
nesta camada destacam-se o HTTP (Hyper Text Trans-
fer Protocol), SMTP (Simple Mail Transfer Protocol), PROTOCOLOS
FTP (File Transfer Protocol) e o Telnet. Ela se comunica
com a camada de transporte por meio de uma porta. Protocolo é uma convenção que controla e possi-
As portas são numeradas e as aplicações padrão usam bilita uma conexão, comunicação, transferência de
sempre uma mesma porta. Por exemplo, o protocolo dados entre dois sistemas computacionais.
SMTP utiliza sempre a porta 25, o HTTP a porta 80 e Protocolo é um conjunto de regras e normas que
o FTP as portas 20 (para transmissão de dados) e 21 permitem a comunicação e a troca de informações
(para transmissão de informações de controle). Por entre computadores e também é um conjunto de
meio das portas é possível saber para qual protocolo regras padronizadas que especifica um formato, a sin-
serão enviados os dados de uma determinada aplica- cronização, o sequenciamento e a verificação de erros
ção. É importante que se saiba que é possível configu- em comunicação de dados.
rar cada porta de cada aplicação.
Em resumo, um protocolo pode ser definido como
“as regras que governam” a sintaxe, semântica e sin-
Camada 2: Camada de Transporte
cronização da comunicação. Os protocolos podem ser
implementados pelo hardware, software ou por uma
A camada de transporte equivale à camada de combinação dos dois.
transporte do modelo OSI. Esta camada é responsável
por pegar os dados enviados pela camada de aplica-
TCP/IP
ção e transformá-los em pacotes a serem repassados
para a camada de Internet. Trata-se de uma camada
que utiliza uma forma de multiplexação, onde é pos- TransmissionControl Protocol/Internet Pro-
sível transmitir simultaneamente dados de diferentes tocol, ou Protocolo de Controle de Transmissão/
aplicações. Nela operam dois protocolos: o TCP (Trans- Protocolo de Inter-redes: refere-se ao principal con-
port Control Protocol) e o UDP (User Datagrama Proto- junto de protocolos utilizados na Internet. É impor-
col). Ao contrário do TCP, este segundo protocolo não tante saber que ele inclui uma série de padrões que
verifica se o dado chegou ao seu destino, já com o TCP, especificam como os computadores vão se comuni-
para todo pacote enviado sempre há uma confirma- car e cria ajustes para conectar redes, além de servir
ção se este chegou ou não. para o roteamento a partir dessas conexões. O TCP e
o IP são apenas dois membros da família TCP/IP e por
Camada 3: Camada de Internet serem os mais utilizados ou mais conhecidos, tornou-
-se comum usar o termo TCP/IP para referir-se ao con-
Corresponde à camada de redes no modelo OSI. junto todo.
Existem vários protocolos que podem operar nesta No que se refere ao TCP e IP, os protocolos possuem
camada: IP (Internet Protocol), ICMP (Internet Control mecanismos para que os dados saiam da origem e
Message Protocol) e ARP (Address Resolution Protocol). cheguem ao destino em forma de pacotes.
Na transmissão de um dado de programa, o pacote Independentemente do tamanho do arquivo, seja
de dados recebido da camada TCP é dividido em paco- uma conversa em bate-papo, e-mail, imagens, músi-
tes chamados datagramas, que são enviados para a cas ou vídeos, nenhuma informação que trafega na
camada de interface com a rede, onde são transmiti- Internet trafega de maneira inteira. Tais informações,
124 dos pelo cabeamento da rede a partir de quadros. para trafegarem na rede, passam por um processo
chamado particionamento, que consiste em dividir a Originalmente, o espaço do endereço IP foi dividi-
mensagem em pequenos pacotes ou lotes. do em poucas estruturas de tamanho fixo chamados
O TCP é um protocolo confiável, sendo orientado de “classes de endereço”.
à conexão, garante a entrega e assegura o sequen-
ciamento dos pacotes. Caso a rede perca ou corrom-
Nº DE
pa um pacote TCP durante a transmissão, é tarefa do GAMA DE
CLASSE ENDEREÇOS
TCP retransmitir o pacote faltoso ou incorreto. Lem- ENDEREÇOS
POR REDE
bre-se, apenas o pacote perdido (faltoso) ou incorreto
(corrompido) é reenviado. Porém, essa confiabilidade 0.0.0.0 até
A 16 777 216
tem um preço. Os cabeçalhos dos pacotes TCP reque- 127.0.0.0
rem o uso de bits adicionais para assegurar o corre-
to sequenciamento da informação. Para garantir a 128.0.0.0 até
B 65 536
entrega dos pacotes, o protocolo também requer que 191.255.0.0
o destinatário informe o recebimento do pacote.
O IP é um protocolo que providencia a entrega 192.0.0.0 até
C 256
223.255.255.0
de pacotes para todos os outros protocolos da famí-
lia TCP/IP, endereçando os pacotes. O IP oferece um 224.0.0.0 até
sistema de entrega de dados sem conexão. Isto é, os D Multicast
239.255.255.255
pacotes TCP não são garantidos de chegarem ao seu
destino nem de serem recebidos na ordem em que 240.0.0.0 até
Uso futuro; atual-
foram enviados. O TCP é quem tem a tarefa de rece- E mente reservada
255.255.255.254
ber, organizar, abrir os pacotes recebidos e “montar” a testes pela IETF.
a mensagem.
As principais limitações do IP, que está na versão Três faixas são reservadas para redes privadas,
4 (quatro), são: não garantir a entrega dos pacotes, dos mais de 4 mil milhões de endereços disponíveis.
esgotamento dos endereços de IP (aprox. 4 bilhões de Os endereços IP contidos nestas faixas não podem ser
endereços) e não possuir mecanismo de segurança. roteadas para fora da rede privada e não são roteáveis
nas redes públicas.
IP (Protocolo de Internet)

Protocolo de Internet (Internet Protocol, IP) é CLASSE A


um protocolo de comunicação usado entre todas as FAIXA DE ENDEREÇO DE IP 10.0.0.0 – 10.255.255.255
máquinas em rede para encaminhamento dos dados.
Endereço IP, de forma genérica, é uma identifica- NOTAÇÃO CIDR 10.0.0.0/8
ção de um dispositivo (computador, impressora etc.) NÚMERO DE REDES 128
em uma rede local ou pública. Cada computador na
internet possui um IP único, que é o meio em que as NÚMERO DE IPS 16.777.216
máquinas usam para se comunicarem na Internet.
IPS POR REDE 16.777.214
Para um melhor uso dos endereços de equipamen-
tos em rede pelas pessoas, utiliza-se a forma de endere-
ços de domínio, tal como “https://www.novaconcursos.
CLASSE B
com.br/”. Cada endereço de domínio é convertido em
um endereço IP pelo DNS (Domain Name System, servi- FAIXA DE ENDEREÇO DE IP 172.16.0.0 – 172.31.255.255
dor de nome de domínio). Este processo de conversão é
conhecido como “resolução de nomes”. NOTAÇÃO CIDR 172.16.0.0/12

Atribuição de endereço IP NÚMERO DE REDES 16.384


NÚMERO DE IPS 1.048.576
Os endereços IP dinâmicos são mais frequentemen- IPS POR REDE 65 534
te atribuídos em redes locais (LANs) e redes de banda
larga pelo serviço denominado Dynamic Host Configura-
tion Protocol (DHCP). Este serviço é utilizado para evitar CLASSE C
a sobrecarga administrativa de atribuição de endereços
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

192.168.0.0
estáticos específicos para cada dispositivo de uma rede. FAIXA DE ENDEREÇO DE IP
– 192.168.255.255
Em sistemas operacionais mais atuais de desktop, confi-
guração de IP dinâmico é ativado por padrão. NOTAÇÃO CIDR 192.168.0.0/16
NÚMERO DE REDES 2.097.152
IPv4
NÚMERO DE IPS 65.535

O endereço IP, na versão 4 do IP (IPv4), é um núme- IPS POR REDE 254


ro de 32 bits oficialmente escrito com quatro octetos
de bits (4 bytes) representados no formato decimal IPv6 ou IPng (Internet Protocol version 6 ou Internet
como, por exemplo, “192.168.1.2”. A primeira parte do Protocol new generation)
endereço identifica uma rede específica na Internet,
a segunda parte identifica um host dentro dessa rede. Trata-se da nova geração do protocolo IP. Essa nova
Devemos notar que um endereço IP não identifica geração veio trazendo muitas melhorias em relação
uma máquina individual, mas uma conexão à rede. ao IPv4 (atual versão do protocolo IP). 125
O protocolo está sendo implantado gradativamen- Os endereços IPv6 são normalmente escritos como
te na Internet e deve funcionar lado a lado com o oito grupos de 4 dígitos hexadecimais. Por exemplo,
IPv4, numa situação tecnicamente chamada de “pilha 2001:0db8:85a3:08d3:1319:8a2e:0370:7344
dupla” ou “dual stack”, por algum tempo. A longo pra- Se um grupo de vários dígitos seguidos for
zo, o IPv6 tem como objetivo de substituir o IPv4. Esse 0000, pode ser omitido. Por exemplo, 2001:0db8:8
último suporta somente 4.294.967.296(232) de endere- 5a3:0000:0000:0000:0000:7344 é o mesmo endereço
ços IP, contra cerca de 340 undecilhões (2128) de ende- IPv6 que: 2001:0db8:85a3::7344
reços do novo protocolo.
Entre as principais diferenças: diminuição de UDP
alguns campos e funções do IP, de 14 campos (IPv4)
para 8 campos (IPv6), tornando-o mais eficientes. User Datagram Protocol: semelhante ao TCP, ou
seja, divide a mensagem em pequenos pacotes ou
z Cabeçalho IPv4 lotes, porém, oferece um serviço de transmissão de
dados sem conexão. Além disso, não garante a entre-
Tamanho do Tipo de
ga nem a correta sequência dos pacotes enviados. Uti-
Versão Comprimento Total liza-se, normalmente, em transmissões contínuas de
cabeçalho serviço
dados (vídeo conferência, transmissões ao vivo etc.),
Offset do em que a perda de alguns pacotes não afetaria o resul-
Identificação Sinalizadores
Pacote tado final.
Tempo de Soma de verificação do
Protocolo CAMADA DE APLICAÇÃO
vida cabeçalho

Endereço de IP de origem (32 bits) Um termo utilizado em redes de computadores


Endereço de IP de destino (32 bits) para designar uma camada de abstração é a camada
de aplicação. Ela engloba protocolos que realizam a
Opções do IP (podem ser comunicação fim a fim entre aplicações.
Preenchimento
nulas) A camada de aplicação é a camada que a maioria
Dados do Pacote (até 65535 bytes) dos programas de rede usam para se comunicar por
meio de uma rede com outros programas.
z Cabeçalho IPv6
Protocolos da Camada de Aplicação

Versão Prioridade Comprimento Total


PROTOCOLO PROTOCOLO
Tamanho da (CAMADA DE (CAMADA DE PORTA
Próximo cabeçalho Limites de saltos APLICAÇÃO) TRANSPORTE)
carga

Endereço de IP de origem (128 bits) HTTP TCP 80


HTTPS TCP 443
Endereço de IP de destino (128 bits)
POP3 TCP 110
Dados do Pacote (até 65535 bytes)
SMTP TCP 25/587

O IPv6 oferece suporte a uma grande variedade de IMAP3 TCP 220


opções que vão desde: IMAP4 TCP 143
FTP TCP 20/21
z Autenticação IPsec;
z Criptografia para segurança de dados; TELNET ´TCP 23
z Priorização de tráfego; e SSH TCP 22
z Designação de tratamento especial para os paco-
DNS TCP/UDP 53
tes (todos os serviços citados não são providos pelo
IPv4). DHCP UDP 67/68
IRC TCP 194
A diferença entre o IPv4 e o IPv6 é o tamanho
SNMP UDP 161/162
do endereço IP. No IPv4 temos endereços de 32 bits
(4 bytes), ou seja, endereços com a característica
DHCP
200.160.4.6, sendo que cada agrupamento de núme-
ros, chamado octeto, de 8 bits (1 byte), podendo gerar
O protocolo de configuração dinâmica de host
4.294.967.296 endereços diferentes.
(Dynamic Host Configuration Protocol, DHCP) é um
Já nos endereços do IPv6 ou IPv6 são de 128 bits
protocolo de serviço TCP/IP que oferece configuração
(16 bytes), ou seja, podemos gerar aproximadamente dinâmica de terminais, com concessão de endereços
340.282.366.920.938.000.000.000.000.000.000.000.0 IP de host, máscara de sub-rede, default gateway (gate-
00 endereços diferentes. way padrão), número IP de um ou mais servidores
Contudo, deve-se observar que o endereço do IPv6 DNS, sufixos de pesquisa do DNS e número IP de um
não é completamente plano, isto é, não é possível uti- ou mais servidores WINS.
lizar todas as combinações disponíveis. Mesmo assim, O DHCP usa um modelo cliente-servidor.
ainda teríamos um número suficientemente grande Quando um computador (ou outro dispositivo)
de endereços para suprir a demanda das redes por conecta-se a uma rede, o host/cliente DHCP envia um
126 várias décadas. pacote UDP em broadcast com uma requisição DHCP
(para a porta 67). Os servidores DHCP que capturarem Também permite o gerenciamento de arquivos
este pacote responderão para a porta 68 do host soli- (renomear, apagar, duplicar, mover, alterar as pro-
citante com um pacote com configurações onde cons- priedades e permissões de acesso aos arquivos e
tará, pelo menos, um endereço IP e uma máscara de diretórios). Sabendo que é possível gerenciar arqui-
rede, além de dados opcionais, como o gateway, servi-
vos, configuram-se no servidor FTP as propriedades
dores de DNS etc.
de autenticação, ou seja, o servidor será configurado
DNS para permitir o acesso apenas para usuários cadastra-
dos, exigindo nome de usuário e senha.
O servidor de nome de domínio (Domain Name O FTP anônimo é uma configuração específica
System, DNS) é um sistema de gerenciamento de do servidor FTP que permite com que usuários, que
nomes hierárquico e distribuído para computadores, necessitem acessar o servidor (que exige senha), aces-
serviços ou qualquer recurso conectado à Internet ou sarem o servidor sem fornecer a senha.
numa rede privada. Traduz nomes de domínios mais Este protocolo utiliza a porta 20 (dados) e 21 (con-
facilmente memorizáveis a endereços IP numéricos
trole e gerenciamento).
necessários à localização e identificação de serviços e
dispositivos juntamente aos protocolos de rede subja-
centes, processo esse denominado resolução de nome. SFTP
Ele opera sobre a porta 53 do protocolo UDP.
O SFTP, sigla para Simple File Transfer Protocol,
HTTP significa Protocolo de Transferência Simples de Arqui-
vos. Basicamente, ele é o protocolo FTP com uma
O Protocolo de Transferência de Hipertexto (Hy- camada de proteção a mais aos arquivos transferidos.
pertext Transfer Protocol, HTTP) é um protocolo de co- O que diferencia o protocolo SFTP do protocolo
municação utilizado para sistemas de informação de FTP é que o primeiro utiliza a tecnologia SSH (Secu-
hipermídia, distribuídos e colaborativos. Ele é a base
para a comunicação de dados da World Wide Web. A re Shell) para autenticar e proteger a conexão entre
porta TCP usada por norma é a 80. cliente e servidor. A porta TCP usada por norma para
Hipertexto é o texto estruturado que utiliza liga- o protocolo SFTP é a 22.
ções lógicas (hiperlinks) entre nós contendo texto. O
HTTP é o protocolo para a troca ou transferência de Telnet
hipertexto.
O arquivo da página de um site é transferido para o Telnet é um protocolo de rede utilizado na Inter-
computador do usuário ao solicitar o acesso a um site net ou redes locais para proporcionar uma facilidade
da Internet. O navegador tem como responsabilidade
interpretar, ou traduzir, os comandos encontrados no de comunicação baseada em texto interativo bidire-
arquivo e retornar uma página com uma formatação cional, usando uma conexão de terminal virtual. Esse
e aspecto agradável. serviço permite a um usuário acessar outra máquina
ligada à Rede e manipulá-la ou controlá-la como se
HTTPS estivesse na própria máquina.
É um protocolo que permite o acesso remoto. Utili-
Protocolo de transferência de hipertexto seguro zado frequentemente em redes de computadores para
(Hyper Text Transfer Protocol Secure, HTTPS) é uma agilizar o processo de gerenciamento e manutenção.
implementação do protocolo HTTP sobre uma cama- O usuário distante pode apagar e incluir arquivos,
da adicional de segurança que utiliza o protocolo SSL/
instalar e desinstalar programas, além de alterar as
TLS. Essa camada adicional permite que os dados
sejam transmitidos por meio de uma conexão cripto- configurações do sistema. Utilizado, também, para
grafada e que se verifique a autenticidade do servidor assistência técnica online. A porta TCP 23 é a porta
e do cliente por meio de certificados digitais. usada por norma para o protocolo Telnet.
A porta TCP usada por norma para o protocolo
HTTPS é a 443. SSH

TLS – SSL Secure Shell (SSH) é um protocolo de rede cripto-


gráfico para operação de serviços de rede de forma
O Transport Layer Security (TLS), assim como o
segura sobre uma rede insegura. Trata-se da melhor
seu antecessor Secure Sockets Layer (SSL), é um pro-
aplicação de exemplo conhecida para login remoto a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tocolo de segurança que protege as telecomunicações


por meio da criptografia e autenticação baseados em sistemas de computadores pelos usuários. A porta TCP
sessão via internet para serviços como e-mail (SMTP), usada por norma para o protocolo SSH é a 22.
navegação por páginas (HTTPS) e outros tipos de
transferência de dados. IRC

FTP Internet Relay Chat (IRC) é um protocolo de comu-


nicação utilizado na Internet. Ele é utilizado basica-
Protocolo de Transferência de Arquivos (File Trans- mente como bate-papo (chat) e troca de arquivos,
fer Protocol, FTP) é o protocolo usado na Internet para
permitindo a conversa em grupo ou privada. O siste-
transferência de arquivos entre computadores. Há
duas formas de transferência da informação: quando ma IRC mais conhecido é o Microsoft Internet Relay
a transferência da informação ocorre da Internet para Chat (mIRC).
o usuário ela é conhecida como download, e upload é A porta TCP usada por norma para o protocolo IRC
quando o sentido é do usuário para a Internet. é a 194. 127
SNMP SMTP
Simple Mail Transfer Protocol (SMTP) é o Protocolo
Simple Network Management Protocol (SNMP), em
de transferência de correio simples, isto é, o protocolo
português Protocolo Simples de Gerência de Rede, é padrão para envio de e-mails através da Internet.
um protocolo padrão da Internet para gerenciamen- Esse protocolo usa por padrão a porta TCP 25 (ou
to de dispositivos em redes IP. Os dispositivos que 465 para conexão criptografada via SSL).
suportam SNMP incluem roteadores, computadores,
servidores, estações de trabalho, impressoras, racks WAP
modernos etc. SNMP é usado na maioria das vezes em
sistemas de gerenciamento de rede para monitorar O Wireless Application Protocol, ou Protocolo de
dispositivos ligados a rede para condições que garan- Aplicações sem-fio, é um protocolo que permite a
tem atenção administrativa. comunicação com a Internet por meio da telefonia
A porta TCP usada por norma para o protocolo celular. Uma linguagem chamada WML (WAP Markup
SNMP é a 161. Language), permite a elaboração de páginas a serem
visualizadas nos navegadores desenvolvidos para a
NNTP telefonia celular.

Network News Transfer Protocol (NNTP) é um pro- CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS,


APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE INTERNET/
tocolo da Internet para grupos de discussão da cha-
INTRANET
mada Usenet.
O NNTP habilita a recuperação de artigos armaze-
A Internet é a rede mundial de computadores que
nados em um banco de dados centralizado para clien- surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares,
tes de leitura de notícias, permitindo aos assinantes para proteger os sistemas de comunicação em caso de
a opção de selecionar somente os artigos nos quais ataque nuclear, durante a Guerra Fria.
estão interessados. Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta-
A porta TCP usada por norma para o protocolo dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
NNTP é a 119, usada para recebimento de mensagens procuravam proteger as informações secretas de
de newsgroups. ambos os países e seus blocos de influência.
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced
VoIP Research Projects Agency, era um modelo de troca e
compartilhamento de informações que permitisse a
Voz sobre IP (Voice over Internet Protocol, VoIP), descentralização das mesmas, sem um ‘nó central’,
telefonia IP, telefonia Internet, telefonia em banda garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó
larga ou voz sobre banda larga é o roteamento de fosse desligado.
conversação humana usando a Internet ou qualquer A troca de mensagens começou antes da própria
outra rede de computadores baseada no Protocolo de Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
a Internet como conhecemos e usamos.
Internet, tornando a transmissão de voz mais um dos
Ela passou a ser usada também pelo meio educa-
serviços suportados pela rede de dados.
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e
POP comercial, permitindo o acesso de todos.
Post Office Protocol, POP ou POP3 é o Protocolo dos
correios. Trata-se de um protocolo utilizado no aces-
so remoto a uma caixa de correio eletrônico. Permite
que todas as mensagens contidas numa caixa de cor-
Usuário Modem
reio eletrônico possam ser transferidas sequencial- Internet
Provedor de Acesso
mente para um computador local. Dessa maneira, o
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
utilizador pode ler as mensagens recebidas, apagá-las, conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica
respondê-las, armazená-las etc. Este protocolo uti-
liza as portas TCP 110 (padrão) ou TCP 995 (conexão A navegação na Internet é possível através da com-
criptografada). binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5
IMAP camadas ou 4 camadas).
A Internet conecta diversos países e grandes cen-
Protocolo de acesso a mensagem da internet (Inter-
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas
net Message Access Protocol, IMAP) é um protocolo
de backbones. São conexões de alta velocidade que
de gerenciamento de correio eletrônico. Utiliza, por
permitem a troca de dados entre as redes conectadas.
padrão, as portas TCP 143 ou 993 (conexão criptogra- O usuário não consegue se conectar diretamente no
fada via SSL). O mais interessante é que as mensagens backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou
ficam armazenadas no servidor e o utilizador pode ter uma operadora de telefonia através de um modem, e
acesso a suas pastas e mensagens em qualquer com- a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’.
putador, tanto por webmail como por cliente de cor- Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
reio eletrônico (como o Mozilla Thunderbird, Microsoft utilizar programas específicos para realizar a navega-
128 Outlook). ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
CONCEITO USO COMENTÁRIOS

Internet Conexão entre computadores Conhecido como nuvem, e também como World Wide Web, ou WWW, a Internet é um
ambiente inseguro, que utiliza o protocolo TCP para conexão em conjunto a outros para
aplicações específicas.

Intranet Conexão com autenticação Ambiente seguro que exige identificação, podendo estar restrito a um local, que pode-
rá acessar a Internet ou não. A Intranet utiliza o mesmo protocolo da Internet, o TCP, po-
dendo usar o UDP também.

Extranet Conexão entre dispositivos ou Conexão remota segura, protegida com criptografia, entre dois dispositivos, ou duas
redes redes. O acesso remoto é geralmente suportado por uma VPN.

Os editais costumam explicitar Internet e Intranet, mas também questionam Extranet. A conexão remota segu-
ra que conecta Intranet’s através de um ambiente inseguro que é a Internet, é naturalmente um resultado das
redes de computadores.

INTERNET, INTRANET E EXTRANET

Redes de
computadores

Internet Intranet Extranet

Rede mundial de Rede local de Acesso remoto


computadores acesso restrito seguro

Utiliza os mesmos
Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet

Padrão de Criptografia em
Família TCP/IP
comunicação VPN

A Internet é transparente para o usuário. Qualquer usuário poderá acessar a Internet sem ter conhecimento
técnico dos equipamentos que existem para possibilitar a conexão.

FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO, DE GRUPOS DE


DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE PESQUISAS E DE REDES SOCIAIS

Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o conteúdo
disponível na Internet.
As informações armazenadas em servidores, sejam páginas web ou softwares como um serviço (SaaS – cama-
da mais alta da Computação na Nuvem), são acessadas por programas instalados em nossos dispositivos. São eles:

z Navegadores de Internet ou browsers, para conteúdo em servidores web.


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Softwares de correio eletrônico, para mensagens em servidores de e-mail.


z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por empresas e usuários.
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft Bing, para encontrar informações na rede mundial.
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de WhatsApp e Telegram, como no formato clássico do Facebook e
Yahoo Grupos.

Este tópico é muito prático, e nos concursos públicos são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como ‘Histórico’, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.

Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Estes são os itens questionados em concursos públicos. 129
Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação

As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos), identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Edge
Navegador padrão do Windows 10, que substituiu o Microsoft Internet
Microsoft
Explorer.

Internet Explorer
Navegador padrão do Windows 7, um dos mais questionados em concursos
Microsoft
públicos, por ser integrante do sistema operacional

Firefox
Software livre e multiplataforma que é leve, intuitivo e altamente
Mozilla
expansível.

Chrome
Um dos mais populares navegadores do mercado, multiplataforma e de fá-
Google
cil utilização.

Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da Apple, atualmente está dis-
Apple
ponível para outros sistemas operacionais.

Opera
Navegador leve com proteções extras contra rastreamento e mineração de
Opera
moedas virtuais.

Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Mas como é a identificação deste arquivo? Como acessa-
mos estas informações? Através de um endereço URL.
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução
literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:
protocolo://máquina/caminho/recurso
‘Protocolo’ é a especificação do padrão de comunicação que será usado na transferência de dados. Poderá
ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text Transfer
Protocol Secure – protocolo seguro de transferência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – protocolo de
transferência de arquivos), entre outros.
‘://’ faz parte do endereço URL, para identificar que é um endereço na rede, e não um endereço local como ‘/’
no Linux ou ‘:\’ no Windows.
‘Máquina’ é o nome do servidor que armazena a informação que desejamos acessar.
‘Caminho’ são as pastas e diretórios onde o arquivo está armazenado.
‘Recurso’ é o nome do arquivo que desejamos acessar.
Vamos conferir os endereços URL a seguir, e suas características.

ENDEREÇO URL FICTÍCIO CARACTERÍSTICAS

Usando o protocolo http, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com), no Bra-
sil (.br). Acessaremos a divisão multimídia (www) com arquivos textuais, vídeos, áu-
http://www.abc.com.br/
dios e imagens. O recurso acessado é o index.html, entendido automaticamente pelo
navegador, por não ter nenhuma especificação de recurso no fim.
130
ENDEREÇO URL FICTÍCIO CARACTERÍSTICAS

Usando o protocolo https, acessaremos o servidor abc, que é comercial (.com) e


https://mail.abc.com/caixas/inbox/ pode estar registrado nos Estados Unidos. Acessaremos o diretório caixas, subdire-
tório inbox. Acessaremos o serviço mail no servidor.

Usando o protocolo de transferência de arquivos ftp, acessaremos o servidor ftp


ftp://ftp.abc.gov.br/edital.pdf da instituição governamental (gov) brasileira (br) chamada abc, que disponibiliza o
recurso edital.pdf.

Outra forma de analisar um endereço URL é na sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites na Inter-
net, nos deparamos com aquelas combinações de símbolos que não parecem legíveis. Mas como tudo na Internet
está padronizado, vamos ver as partes de um endereço URL ‘completão’.
Confira:
esquema://domínio:porta/caminho/recurso? querystring#fragmento
Onde ‘esquema’ é o protocolo que será usado na transferência.
‘Domínio’ é o nome da máquina, o nome do site.
‘:’ e ‘porta’, indica qual, entre as 65536 portas TCP será usada na transferência.
‘Caminho’ indica as pastas no servidor, que é um computador com muitos arquivos em pastas.
‘Recurso’ é o nome do arquivo que está sendo acessado.
‘?’ é para transferir um parâmetro de pesquisa, usado especialmente em sites seguros.
‘#’ é para especificar qual é a localização da informação dentro do recurso acessado (marcas)
Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm ail?path=/mail/inbox#open
esquema: https://
domínio: outlook.live.com
porta: 5012
caminho: /owa/
recurso: hotmail
querystring: path=/mail/inbox
fragmento: open
Quando o usuário digita um endereço URL no seu navegador, um servidor DNS (Domain Name Server – servi-
dor de nomes de domínios) será contactado para traduzir o endereço URL em número de IP. A informação será
localizada e transferida para o navegador que solicitou o recurso.

Servidor DNS

Internet
Endereço URL
Usuário
Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas os dados são armazenados em servidores web com números de IP. O
servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a navegação na Internet.

Conceitos e funções válidas para todos os navegadores

z Modo normal de navegação – as informações serão registradas e mantidas pelo navegador. Histórico de Nave-
gação, Cookies, Arquivos Temporários, Formulários, Favoritos e Downloads.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

z Modo de navegação anônima – as informações de navegação serão apagadas quando a janela for fechada.
Apenas os Favoritos e Downloads serão mantidos.

z Dados de formulários – informações preenchidas em campos de formulários nos sites de Internet.


z Favoritos – endereços URL salvos pelo usuário para acesso posterior. Os sites preferidos do usuário poderão
ser exportados do navegador atual e importados em outro navegador de Internet.
z Downloads – arquivos transferidos de um servidor remoto para o computador local. Os gerenciadores de down-
loads permitem pausar uma transferência ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja mais disponível. 131
z Uploads – arquivos enviados do computador local z clique - abre o link na guia atual
para um servidor remoto. z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia
z Histórico de navegação – são os endereços URL z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela
acessados pelo navegador em modo normal de z clique + ALT - faz download do arquivo indicado
navegação. pelo link.
z Cache ou arquivos temporários – cópia local dos
arquivos acessados durante a navegação.
z Pop-up – janela exibida durante a navegação para
funcionalidades adicionais ou propaganda. EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Atualizar página – acessar as informações armaze-
nadas na cópia local (cache). 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Internet Explorer 11,
z Recarregar página – acessar novamente as infor- o recurso de salvar senhas não é ativado por padrão;
mações no servidor, ignorando as informações caso se deseje ativá-lo, deve-se realizar o seguinte
armazenadas nos arquivos temporários. procedimento: clicar o botão Ferramentas escolher
z Formato PDF – os arquivos disponíveis na Internet Opções da Internet e, na lista disponibilizada, clicar a
no formato PDF podem ser visualizados direta- opção Salvar Senhas.
mente no navegador de Internet, sem a necessida-
de de programas adicionais.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Recursos de sites, combinados com os navegadores
O erro está na ausência da guia Conteúdo. Ao abrir
de Internet
as Opções de Internet, a primeira guia que é exibida
é Geral.
z Cookies – arquivos de texto transferidos do ser-
No Internet Explorer, selecione o botão Ferramentas
vidor para o navegador, com informações sobre
e escolha Opções da Internet. Na guia Conteúdo, em
as preferências do usuário. Eles não são vírus de
Preenchimento Automático, escolha Configurações.
computador, pois códigos maliciosos não podem
infectar arquivos de texto sem formatação. Marque a caixa de seleção Nomes de usuário e
z Feeds RSS – quando o site oferece o recurso RSS, senhas em formulários e selecione OK. Resposta:
o navegador receberá atualizações para a página Errado.
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre
sites para troca de conteúdo. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Google Chrome e o
z Certificado digital – os navegadores podem utilizar Internet Explorer — programas para navegação na
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou Web — possuem opção para se apagar o histórico de
seja, aceitam certificados digitais para validação navegações, a qual faz que os sítios visitados sejam
de conexões e transferências com criptografia e bloqueados e não mais sejam visitados pelo usuário.
segurança.
z Corretor ortográfico – permite a correção dos tex- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
tos digitados em campos de formulários, a par-
tir de dicionários on-line disponibilizados pelos O erro está em afirmar que o histórico de navega-
desenvolvedores dos navegadores. ção, ao ser excluído, não exibirá aquele site para o
usuário, por ter sido bloqueado.
Atalhos de teclado O Histórico de Navegação registra os endereços
URLs acessados pelo usuário, e sua exclusão apenas
z Para acessar a barra de endereços do navegador, apaga os registros armazenados. O endereço URL
pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6. que foi acessado, excluído do Histórico de Navega-
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N. ção, poderá ser acessado novamente pelo usuário,
z Para abrir uma nova janela anônima, pressione pois não foi bloqueado. Resposta: Errado.
Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P.
z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4. ACESSO À DISTÂNCIA A COMPUTADORES,
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T. TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS,
z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W. APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+ Shift+T.
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar Nas redes de computadores, os dados são arquivos
Ctrl + = (igual) disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servi-
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar dores web, com páginas web para serem acessadas por
Ctrl + - (menos) um navegador (browser) web. Ou ainda servidores de
z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero)
arquivos FTP, para serem acessados por um cliente FTP.
z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+
O acesso à distância a computadores será realiza-
Home
do utilizando o paradigma cliente servidor, onde um
z Para visualizar os downloads em andamento ou
será o servidor que fornecerá o acesso ou arquivos e
concluídos – Ctrl+J.
outro dispositivo será o cliente que estiver acessando.
z Localizar um texto no conteúdo textual da página
– Ctrl+F.
Protocolo seguro
z Atualizar a página – F5
z Recarregar a página – Ctrl+F5

Nos navegadores de Internet, os links poderão ser


132 abertos de 4 formas diferentes. Usuário final Servidor remoto
O acesso à distância a computadores deverá ser HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
realizado de forma segura, com uso de VPN (Virtual tocolo seguro de transferência de hipertextos.
Private Network), que implementa protocolos seguros Opera pela porta TCP 443
na conexão, evitando monitoramento dos dados por Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML, etc.
terceiros. Protocolo mais utilizado para navegação segura,
tanto na Internet como na Intranet.
Intranet
Protocolo seguro Extranet Intranet As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
Conexão suem comandos adicionais (scripts) que complemen-
segura
tam a exibição de conteúdo específico.
Conexão Utiliza criptografia, acionando camadas adicionais
segura
Matriz Internet como SSL e TLS na conexão.
Filial

HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro


Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443
que definem a Extranet.
Extranet é uma conexão segura entre ambientes
seguros, usando uma infraestrutura pública e insegura. HTTPS – request (requisição)

A troca de dados entre o cliente e o servidor será rea- Cliente


Web
lizada por protocolos de transferência. Todas as redes HTTPS – certificado digital
utilizam os mesmos protocolos, linguagens e serviços.
Identidade confirmada

Transferência de Informação e Arquivos Servidor


HTTPS – response (resposta) Web

Cada sistema operacional tem o seu sistema de


arquivos, para endereçamento das informações arma- O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente, vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet e
não é possível a comunicação ou leitura destes dados. Intranet, como em Transferência de dados e arquivos,
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar como em Segurança da Informação.
o envio e recebimento das informações entre disposi- FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe-
tivos conectados em rede, através dos protocolos de rência de arquivos.
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni- Opera com duas portas TCP, uma para dados (20) e
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos
outra para comandos (21).
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe-
rência de dados. Transfere qualquer tipo de informação.
Alguns dos principais protocolos de transferência Pode transferir em modo byte a byte (arquivos de
de arquivos são: textos) ou bit a bit (arquivos executáveis).
Os navegadores de Internet possuem suporte para
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de acesso aos servidores FTP.
transferência de hipertextos. O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro- ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais
tocolo seguro de transferência de hipertextos. rápida que nos navegadores de Internet.
z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe- Pode utilizar criptografia.
rência de arquivos. O modo anônimo caiu em desuso, e poucos servi-
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo dores FTP ainda aceitam conexão anônima.
simples de transferência de e-mail.
FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que
envolvem as redes de computadores. Mensagens de FTP – Comando OPEN (iniciar
transferência)
erros, problemas de conexão, instabilidades e proble-
mas de segurança da informação se tornam mais claros
FTP – Comando PUT (para upload,
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento. adicionar arquivos)
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de
transferência de hipertextos. FTP – Comando GET (para download,
Opera pela porta TCP 80 baixar arquivos)

Transfere arquivos HTML (Hyper Text Markup Servidor


Language – linguagem de marcação de hipertextos). Cliente FTP – dados transferidos para a
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

solicitação GET Web


Protocolo mais utilizado para navegação, tanto na Web
Internet como na Intranet.
FTP – comando CLOSE
As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo (finalizar transferência)
navegador de Internet, que exibe o conteúdo.
Arquivos HTML podem ser produzidos em editores
de textos sem formatação (como o Bloco de Notas) ou em SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo
editores de textos completos (como o Microsoft Word). simples de transferência de e-mail.
Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525.
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80 A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloquea-
da pela maioria dos servidores, para evitar spam.
HTTP – request (requisição) A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS
(camada adicional de segurança).
Cliente HTTP – response (resposta)
Servidor
A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre
Web Web SSL), mas foi reatribuída e depreciada. 133
A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito EXTENSÃO COMENTÁRIOS
usada por provedores para substituir a porta 587,
quando ela estiver bloqueada. Moving Picture Experts Group. Arquivo de ví-
deo comprimido, visível em quase qualquer
Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o
.mpg reprodutor, por exemplo, o Real One ou o Win-
servidor, e de um servidor para outro servidor. dows Media Player. É o formato para gravar
filmes em formato VCD.
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de
E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525
Real Media Variable Bitrate. Formato de vídeo
.rmvb com taxa variável de qualidade, desenvolvido
SMTP – enviar SMTP – enviar pela Real Networks.
e-mail e-mail
Formato de áudio Wave, sem compactação
Cliente .wav
E-mail Servidor Servidor com baixa amostragem.
E-mail E-mail
Windows Media Audio, formato de áudio pa-
.wma
drão do Windows.
Aplicativos de áudio, vídeo e multimídia.
Windows Media Video, formato de vídeo pa-
.wmv
Os softwares instalados no computador, podem drão do Windows.
ser classificados de formas diferentes, de acordo com
o ponto de vista e sua utilização.
As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados
Vamos conhecer algumas delas.
com áudio, vídeo e metadados.
Os metadados são usados para diferentes funções,
CATEGORIA CARACTERÍSTICA EXEMPLO como identificação da fonte, dados sobre duração da
Sistemas Operacio- Windows e Linux. transmissão, verificação da qualidade, etc.
nais, que oferecem Quando usados separadamente, o usuário pode
Básico uma plataforma para baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modificar os
execução de outros metadados do MP3 para exibir as informações edita-
softwares. das sobre autor, disco, nome da música etc.
Programas que per- Microsoft Office e Os fluxos de dados devem ser analisados na forma
mitem ao usuário LibreOffice, reprodu- de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar
Aplicativo
criar e manipular tores de mídias. a qualidade e quantidade de dados trafegados.
seus arquivos. Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo
Softwares que reali- Compactador de e áudio transferidos de um servidor remoto para o
zam uma tarefa para arquivos, Desfrag- dispositivo local. Popularizado pelo serviço Netflix
Utilitários a qual fora projetado. mentador de Discos, de filmes e séries, o formato stream fragmenta o con-
Gerenciadores de teúdo em pacotes de dados para serem enviados pelo
Arquivos. canal com protocolos TCP. Estes pacotes de dados são
os contêineres.
Software malicioso, Vírus de computa-
que realiza ações dor, worms, cavalo
Malware que comprometem de Troia, spywares,
a segurança da phishing, pharming,
informação. ransomware, etc.
Internet

Os softwares que reproduzem conteúdo multimí-


dia, como o Windows Media Player e o Groove Music
(além de opções de terceiros como o VNC Player), reco-
A transferência de arquivos poderá ser realizada
nhecem o arquivo como tendo conteúdo multimídia a
de três formas:
partir da extensão dele.
z Fluxo contínuo;
EXTENSÃO COMENTÁRIOS z Modo blocado;
Audio Video Interleave. Formato de vídeo pa- z Modo comprimido.
.avi
drão do Windows.
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são
.3gp
Formato de vídeo popular entre aparelhos transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres.
smartphones

Formato de vídeo da Macromedia, usado pelo


.flv
Adobe Flash, com baixa qualidade.

Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo e le-


.mkv gendas são encapsuladas em um único con- Internet
têiner, suportando diversos formatos.

QuickTime File Format é um formato de ar-


.mov quivo de computador usado nativamente pela Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres
estrutura do QuickTime.

Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3). Forma- No modo blocado, o arquivo é transferido como
to de áudio que aceita compressão em vários uma série de blocos precedidos por um cabeçalho
.mp3
níveis. Pode utilizar o Windows Media Player
especial. Este cabeçalho é constituído por um conta-
ou Groove Music para reprodução.
134 dor (2 bytes) e um descritor (1 byte).
procedimento de encapsulamento dos dados será
observado por sites de streaming como Netflix. Res-
posta: Certo.

Internet 2. (INSTITUTO AOCP – 2018) No contexto de transferên-


cia de e-mails, a palavra protocolo, pode ser compreen-
dida como as regras que controlam e possibilitam a
transferência dos dados.

00 A 01 C 02 B
( ) CERTO  ( ) ERRADO
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor

Os protocolos são padrões de comunicação que


No modo comprimido, a técnica de compressão serão usados pelos dispositivos que pretendem tro-
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência car informações através de uma conexão.
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os A transferência de dados poderá ser realizada pelo
dados comprimidos e as informações de controle são protocolo HTTP ou HTTPS (no caso de hipertextos),
os parâmetros desta transferência. arquivos (pelo protocolo FTP), mensagens de e-mail
(protocolo SMTP), entre outros. Resposta: Certo.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nas aplicações de trans-


ferência de arquivos por fluxo contínuo, os dados são
transferidos como uma série de blocos precedidos por
Internet um cabeçalho especial de controle.
Cliente

Dados únicos
( ) CERTO  ( ) ERRADO

Dados repetidos A transferência de dados entre dispositivos poderá


Informações de ser realizada de três formas diferentes: fluxo con-
controle tínuo, modo blocado (blocos) ou modo comprimi-
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor do. No modo de transferência por fluxo contínuo
os dados são enviados como um fluxo contínuo de
caracteres. No modo blocado (blocos), o arquivo é
Este foi um dos temas das questões do último con- transferido como blocos de dados com cabeçalho
curso da Polícia Federal. A transferência de dados e especial (contador de 2 bytes e descritor de 1 byte).
arquivos pelas redes de computadores deve ser ques- No modo comprimido os caracteres repetidos são
tionado ainda mais nas próximas provas. comprimidos e a transmissão será dos dados nor-
mais, dados comprimidos e informações de controle.
A questão está errada por descrever o modo bloca-
do, ao invés do fluxo contínuo. Resposta: Errado.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nas aplicações multimí- EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
dia, os fluxos de dados podem conter áudio, vídeo e GOOGLE CHROME)
metadados que viabilizam a sincronização de áudio e
vídeo. Cada um desses três fluxos pode ser manipula-
do por diferentes programas, processos ou hardwares, Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
mas, para que os fluxos de dados de determinada apli- colos da família TCP/IP, que permite a comunicação
cação multimídia sejam qualitativamente otimizados entre os dispositivos nas redes de computadores. São
na transmissão ou no armazenamento, eles devem ser exemplos de protocolos de transferência de dados:
encapsulados juntos, em um formato de contêiner. HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma
segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio
( ) CERTO  ( ) ERRADO eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias),
entre outros.
As aplicações multimídia reproduzem informações Ao navegar na Internet com um navegador ou bro-
recebidas no formato de arquivos, que normalmente wser, o usuário está em uma sessão de navegação.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

contém informações encapsuladas. Um arquivo mul- A sessão de navegação poderá ser em janelas ou
timídia de vídeo, por exemplo, contém informações em guias dentro das janelas.
de vídeo, do áudio e de metadados. Os metadados As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli-
descrevem o vídeo, como nome do autor, nome da que em links das páginas visitadas, ou clique no link
música, data de lançamento, duração, entre outras. enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata-
Quando estas informações são transmitidas pela lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou cli-
Internet, como nos vídeos do site Youtube, se hou- que no link com o botão direito do mouse para acessar
ver o envio separado dos dados, partes dos pacotes o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em
enviados podem se perder. Pelo modo de retrans- nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com
missão padrão do conjunto TCP, uma falha poderá o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4.
atrasar a recepção dos próximos dados. A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o ata-
Para evitar este problema, o fluxo de dados costuma lho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto man-
ser realizado no formato de contêiner, onde cada tém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link com
pacote de dados contém as informações necessá- o botão direito do mouse para acessar o menu de con-
rias para a reprodução daquele segmento. O mesmo texto e escolher a opção “Abrir link em nova janela”. 135
A janela poderá ser fechada com o atalho de teclado Internet Explorer
Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela, com
o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas. Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada, e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T. questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no
Os navegadores de Internet permitem a continua- Microsoft Edge, por questões de compatibilidade.
ção da navegação nas guias que estavam abertas na A compatibilidade é um princípio no desenvolvi-
última sessão. Alterando as configurações do navega- mento de substitutos para os programas, que deter-
dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as mina que a nova versão ou novo produto, terá os
últimas guias que foram acessadas na última sessão. recursos e irá operar como as versões anteriores ou
Os navegadores de Internet não permitem a edição produtos de origem.
de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF é o O atalho de teclado para abrir uma nova janela de
mais popular para distribuição de conteúdo na Inter- navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P.
net, e pode ser editado por aplicativos específicos As Opções de Internet, disponível no menu Fer-
como o Microsoft Word. ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel
Os navegadores de Internet possuem mecanismos de Controle do Windows, devido à alta integração do
internos que procuram proteger a navegação do usuá- navegador com o sistema operacional.
rio por sites, alertando sobre sites que tenham con-
teúdo malicioso, download automático de códigos,
Mozilla Firefox
arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
tados, entre outras medidas.
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que,
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con-
Importante! teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na
Internet como na Intranet.
Os navegadores possuem mais recursos em É um navegador com código aberto, software livre,
comum do que diferenças. As bancas costu- que permite download para estudo e modificações.
mam perguntar os itens que são diferentes ou Possui suporte ao uso de applets (complementos de
exclusivos. terceiros), que são instalados por outros programas
no computador do usuário, como o Java.
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização
Microsoft Edge de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con-
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan-
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre dados não serão sincronizados.
o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma Assim como nos outros navegadores, é possível
série de itens semelhantes ao Google Chrome. definir uma página inicial padrão, uma página inicial
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS- escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar
creen, permite o bloqueio de sites que contenham a navegação das guias abertas na última sessão.
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela
usuário, como páginas que pedem login/senha do car- permite copiar para a Área de Transferência do com-
tão de crédito). putador, parte da imagem da janela que está sendo
Outro recurso de proteção é usado para combater acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que poderá colar a imagem capturada ou salvar direta-
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar- mente pelo navegador.
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário. Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese-
da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
muito mais.
Mantém as características dos outros navegado-
res de Internet, como a possibilidade de instalação de
Google Chrome
extensões ou complementos, também chamados de
plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
O navegador mais utilizado pelos usuários da
específicos para a navegação em determinados sites.
Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
As páginas acessadas poderão ser salvas para aces- como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos, muitos outros.
consultadas no Histórico de Navegação ou salvas Uma das pequenas diferenças do navegador em
como PDF no dispositivo do usuário. relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
para permitir que a navegação inicie em um dispositi- F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de
vo e continue em outro dispositivo logado na mesma pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se
conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas você acessar pelo Google Chrome.
nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar Outro recurso especialmente útil do Chrome é o
sugestões do Pinterest. Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla-
Outro recurso específico do navegador é a repro- do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador
dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas
136 Microsoft Bing (buscador da Microsoft). poderá finalizar, sem finalizar todo o programa.
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’ O protocolo SMTP é para envio de mensagens de
do site de buscas, como a tradução automática de correio eletrônico, mas é usado por um cliente de
páginas pelo Google Tradutor. e-mail, como o Microsoft Outlook ou o Mozilla
É possível compartilhar o uso do navegador com
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que Thunderbird. Os navegadores de Internet usam o
cada uma tenha suas próprias configurações e arqui- IMAP4, para acesso à caixa de mensagens do usuá-
vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife- rio através da modalidade de acesso webmail. Res-
rentes de acessos, que podem ser definidos quando o posta: Errado.
usuário conecta ou não em sua conta Google.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma das ferramentas
z Modo Normal – sem estar conectado na conta Goo-
gle, o navegador armazena localmente as informa- mais completas do Mozilla Firefox é o corretor orto-
ções da navegação para o perfil atual do sistema gráfico, que é instalado no navegador e contém todos
operacional. Todos os usuários do perfil, poderão os idiomas em um único dicionário.
consultar as informações armazenadas.
z Modo Normal conectado na conta Google – o nave- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
gador armazena localmente as informações da
navegação e sincroniza com outros dispositivos
O erro está na afirmação final, que um único dicio-
conectados na mesma conta Google.
z Modo Visitante – o navegador acessa a Internet, nário contém todos os idiomas. Se existisse um úni-
mas não acessa as informações da conta Google co dicionário com todos os idiomas disponíveis, este
registrada. seria ‘imenso’, literalmente.
z Modo de Navegação Anônima – o navegador aces- Os conteúdos digitados nos campos dos formulá-
sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
janela é fechada. rios nos sites de Internet poderão ser verificados em
relação à gramática e sua ortografia.
O navegador Google Chrome, quando conectado em Assim como qualquer outro aplicativo de edição de
uma conta Google, permite que a exclusão do histórico documentos, os dicionários são separados por idio-
de navegação seja realizada em todos os dispositivos mas. Para efetuar a correção ortográfica em um idio-
conectados. Esta funcionalidade não estará disponível,
ma diferente do padrão, é preciso fazer o download
caso não esteja conectado na conta Google.
Um dos atalhos de teclado diferente no Google do dicionário correspondente. Resposta: Errado.
Chrome em comparação aos demais navegadores é F6.
Para acessar a barra de endereços nos outros nave- PROGRAMAS DE CORREIO ELETRÔNICO (OUTLOOK
gadores, pressione F4. No Google Chrome o atalho de EXPRESS E MOZILLA THUNDERBIRD)
teclado é F6.
Para verificar a versão atualmente instalada do O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma
Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
“Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram que o usuário não esteja on-line, a mensagem será
instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador. armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo
Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos disponível até ela ser acessada novamente.
mesmos sites que estavam abertos antes do reinício, O correio eletrônico (popularmente conhecido
com as mesmas credenciais de login. como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi
O Google Chrome permite a personalização com um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet,
temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
e se mantém usual até os dias de hoje.
das para alterar a visualização da janela do aplicativo.

PROGRAMA CARACTERÍSTICAS

EXERCÍCIOS COMENTADOS O Mozilla Thunderbird é um cliente


de e-mail gratuito com código aberto
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) As versões mais moder- que poderá ser usado em diferentes
nas dos navegadores Chrome, Firefox e Edge reconhe- plataformas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cem e suportam, em instalação padrão, os protocolos


de Internet FTP, SMTP e NNTP, os quais implemen-
tam, respectivamente, aplicações de transferência de O eM Client é um cliente de e-mail
arquivos, correio eletrônico e compartilhamento de gratuito para uso pessoal no ambiente
notícias. Windows e Mac. Facilmente configu-
rável. Tem a versão Pro, para clientes
( ) CERTO  ( ) ERRADO corporativos.

O erro está na sigla SMTP, que deveria ser IMAP4 para O Microsoft Outlook, integrante do pa-
se tornar correta. O protocolo FTP é usado para trans- cote Microsoft Office, é um cliente de
ferência de arquivos, enviando (upload) ou recebendo e-mail que permite a integração de vá-
(download) dados. O protocolo NNTP (Network News rias contas em uma caixa de entrada
Transfer Protocol) é um protocolo da Internet para combinada.
grupos de discussão da chamada Usenet. 137
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O Microsoft Outlook Express foi o
Protocolo IMAP4 para enviar e para
cliente de e-mail padrão das antigas
receber mensagens. As mensagens
versões do Windows. Ainda aparece
Webmail são copiadas do servidor para a ja-
listado nos editais de concursos, po-
nela do navegador e são mantidas
rém não pode ser utilizado nas versões
na caixa de mensagens remota.
atuais do sistema operacional.

Webmail. Quando o usuário utiliza um


navegador de Internet qualquer para
acessar sua caixa de mensagens no
servidor de e-mails, ele está acessan- Servidor de e-mails
Servidor de e-mails
do pela modalidade webmail.

Dica Receber – POP3 Receber IMAP4

Apesar de existirem diversas opções para com-


posição, envio e recebi mento de mensagens ele-
trônicas, as bancas preferem as questões sobre Usuário Usuário
o cliente de e-mail Microsoft Outlook, integrante
do pacote Microsoft Office.
Cliente de e-mail Navegador de Internet
O Microsoft Outlook possui recursos que permitem
o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para
das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha- o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
mento e também recursos relacionados a reuniões e o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
Internet e mantida no servidor de e-mails.
compromissos.
Os eventos adicionados ao calendário podem ser
enviados na forma de notificação por e-mail para os Os protocolos de e-mails são usados para a troca
participantes. de mensagens entre os envolvidos na comunicação.
O Outlook possui o programa para instalação no O usuário pode personalizar a sua configuração, mas
computador do usuário e a versão on-line. Essa ver- em concursos públicos o que vale é a configuração
são pode ser gratuita (Outlook.com, antigo Hotmail) padrão, apresentada neste material.
ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, integran- SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
te do Microsoft Office 365). lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men-
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme-
tente e do destinatário.
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Usuário
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto,
removendo-as da caixa de entrada remota.
@ IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol)
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é
Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor
de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
de Internet los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail,
transferindo cópias das mensagens para a janela do
Formas de acesso ao correio eletrônico navegador e mantendo as originais na caixa de men-
sagens do servidor remoto.
Podemos usar um programa instalado em nosso
dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
das. A escolha por uma ou por outra opção vai além Servidor Exchange Enviar e Receber
SMTP
Servidor Gmail

da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem


Enviar – SMTP
suas características e protocolos. Confira.
Enviar e Receber
Receber – POP3
IMAP4
FORMA DE
CARACTERÍSTICAS
ACESSO

Protocolo SMTP para enviar men- Remetente


Cliente
Destinatário
Webmail
sagens e POP3 para receber. As
Cliente de mensagens são transferidas do Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
E-mail servidor para o cliente e são apa- (cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
gadas da caixa de mensagens (Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail,
remota. e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder
138 os e-mails recebidos.
� O cliente de e-mail (se usar IMAP4) copia as mensa-
EXERCÍCIOS COMENTADOS gens que estão no servidor de e-mail para o computador
local, mas mantém as mensagens originais no servidor.
1. (VUNESP – 2020) Um usuário enviou um e-mail por meio � O webmail (usando IMAP4) acessa as mensagens
do MS-Outlook 2010, em sua configuração padrão, cujos no servidor usando um navegador de Internet, mas
campos estavam como mostrados a seguir. não remove estas mensagens.
� O webmail não necessita de nenhum aplicativo
De: usuario@avare.gov.br específico (cliente de e-mail), bastando apenas um
Para: superior@avare.gov.br navegador de Internet (Internet Explorer, Mozilla
Cc: novo@avare.gov.br Firefox, Google Chrome, Opera, Apple Safari, entre
Cco: protocolo@avare.gov.br outros).
Assunto: cadastrar estagiario@avare.gov.br � Na transferência IMAP4 operando via navegador
web pelo protocolo HTTP, acontece a sobreposição
Considerando que a mensagem foi enviada e recebida dos protocolos, porque todos são da camada 7 do
com sucesso, de acordo com os campos mostrados, a modelo OSI. Resposta: Letra B.
quantidade de contas de e-mail que receberam a men-
sagem foi: USO DO CORREIO ELETRÔNICO

a) 1 Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o


b) 2 usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço
c) 3 de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial-
d) 4 mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali-
e) 5 zada na RFC5322.

O correio eletrônico permite a troca de mensagens e Dica


arquivos entre os usuários cadastrados.
RFC é Request for Comments, um documento
Os campos do e-mail permitem identificar cada um
de texto colaborativo que descreve os padrões
dos envolvidos na comunicação, além do título da
mensagem, conteúdo e anexos.
de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
O campo DE é para identificar o remetente da usado nas redes de computadores.
mensagem.
O campo PARA identifica o destinatário principal da De forma semelhante ao endereço URL para recur-
mensagem. sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
O campo CC identifica o destinatário com cópia da também possui o seu formato.
mensagem. Existem bancas organizadoras que consideram o
O campo CCO é para o destinatário com cópia ocul- formato reduzido usuário@provedor no enunciado
ta, que receberá a mensagem, mas não terá o seu das questões, ao invés do formato detalhado usuá-
endereço exibido para os outros destinatários. rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
O campo ASSUNTO é usado para identificar o títu-
lo da mensagem, e caso um endereço seja inserido CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL
nele, não será considerado como um destinatário da USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
mensagem (na questão, o estagiario@avare.gov.br)
A mensagem foi enviada para três destinatários. COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
Para: superior@avare.gov.br, Cc: novo@avare.gov.
br e Cco: protocolo@avare.gov.br. Resposta: Letra C. Antes do símbolo de @, identifi-
usuário ca um único usuário no serviço de
2. (VUNESP – 2019) Um usuário do serviço de correio e-mail.
eletrônico de uma empresa deseja que as mensagens Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e se-
recebidas em sua conta sejam mantidas no servidor para a parte esquerda que identifica
mesmo depois de ter sido realizada a primeira leitu- @ o usuário, da parte à sua direita, que
ra dessas mensagens. Para tanto, ele deverá confi- identifica o provedor do serviço de
gurar o programa de correio eletrônico para utilizar o mensagens eletrônicas.
protocolo
Imediatamente após o símbolo de
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

a) http @, identifica a empresa ou provedor


b) IMAP Nome do que armazena o serviço de e-mail
c) POP domínio (o servidor de e-mail executa soft-
d) SMTP wares como o Microsoft Exchange
e) V25 Server, por exemplo).

Identifica o tipo de provedor, por


Diferenças entre o acesso por um cliente de e-mail e
exemplo, COM (comercial), .EDU
pelo webmail? Existem e são simples.
(educacional), REC (entretenimen-
� O cliente de e-mail permite múltiplas conexões
Categoria do to), GOV (governo), ORG (organiza-
simultâneas, enquanto o webmail é individual.
domínio ção não-governamental), etc., de
� O cliente de e-mail (na configuração padrão, usan-
acordo com as definições de Do-
do SMTP e POP3) copia as mensagens que estão no
mínios de Primeiro Nível (DPN) na
servidor de e-mail para o computador local, remo-
Internet.
vendo a mensagem do servidor. 139
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL Para enviar a mensagem, é preciso que exista
USUÁRIO@PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS um destinatário informado em um dos campos de
destinatários.
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS Se um destinatário informado não existir no servi-
Informação que poderá ser omitida, dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
quando o serviço está registrado Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
nos Estados Unidos. O país é infor- ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
país
mado por duas letras, como: BR, o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
Brasil, AR, Argentina, JP, Japão, CN, a mensagem tentará ser entregue depois.
China, CO, Colômbia etc. O e-mail pode ser enviado para vários destinatá-
rios, porém o remetente é somente um endereço, o
Quando o símbolo @ é usado no início, antes do endereço do usuário que envio a mensagem de cor-
nome do usuário, identifica uma conta em rede social. reio eletrônico.
Para o endereço URL do Instagram https://www.ins- Conheça estes elementos na criação de uma nova
tagram.com/novaconcursos/, o nome do usuário é @ mensagem de e-mail.
novaconcursos.

CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL


CAMPO CARACTERÍSTICAS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Identifica o usuário que está en-
1. (VUNESP – 2020) Para o envio de mensagens de cor- viando a mensagem eletrônica, o
FROM (De)
reio eletrônico, é um endereço válido: remetente. É preenchido automatica-
mente pelo sistema.
a) cicrano.com.br Identifica o (primeiro) destinatário da
b) www.xpto.com.br mensagem. Poderão ser especifica-
c) foo.p@mail..combr dos vários endereços de destinatá-
d) fulano@xpto.com rios neste campo, e serão separados
e) beltrano@mail@com TO (Para) por vírgula ou ponto-e-vírgula (segun-
do o serviço). Todos que receberem
O endereço de e-mail é formado por nome do usuá- a mensagem, conhecerão os ou-
rio, o símbolo de arroba e a identificação do serviço.
tros destinatários informados neste
Se o símbolo de arroba aparecer antes do nome do
campo.
usuário, então é a identificação de um usuário de
rede social, como @novaconcursos. Identifica os destinatários da men-
A letra A é um endereço URL, um site na Internet. A sagem que receberão uma cópia do
letra B também é um endereço de site na Internet. A CC e-mail. CC é o acrônimo de Carbon
letra C e a letra E estão com formatação incorreta. (com cópia ou Copy (cópia carbono).
Resposta: Letra D. cópia carbono) Todos que receberem a mensagem,
conhecerão os outros destinatários
2. (VUNESP – 2018) O sistema de e-mail da Internet informados neste campo.
utiliza um formato de endereço padrão definido pelo
consórcio que gerencia a Internet. Identifica os destinatários da men-
Dentre os endereços citados, o que segue o padrão de BCC sagem que receberão uma cópia do
formato para um endereço de e-mail é: (CCO – com e-mail. BCC é o acrônimo de Blind
cópia oculta ou Carbon Copy (cópia carbono oculta).
a) email.gmail.com@ cópia carbono Todos que receberem a mensagem
b) meu_email@mail.com oculta) não conhecerão os destinatários in-
c) google.mail.com formados neste campo.
d) @meu_email.com SUBJECT Identifica o conteúdo ou título da
e) www.gmail.com (assunto) mensagem. É um campo opcional.

A alternativa B meu_email@mail.com é um endere- Anexar Arquivo: Identifica o(s) ar-


ço que segue este padrão. quivo(s) que estão sendo enviados
a) email.gmail.com@ - o símbolo de arroba no final, junto com a mensagem. Existem res-
ATTACH
não tem função. trições quanto ao tamanho do anexo
(anexo)
c) google.mail.com - endereço de um subdomínio e tipo (executáveis são bloqueados
(google) do site mail.com pelos webmails). Não são enviadas
d) @meu_email.com - o símbolo de arroba no início, pastas.
indica um usuário de rede social. O conteúdo da mensagem de e-mail,
e) www.gmail.com - endereço URL de um site que
Mensagem poderá ter uma assinatura associada
oferece acesso ao webmail da Google. Resposta:
inserida no final.
Letra B.

Preparo e Envio de Mensagens As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou


salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele-
Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen- trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’.
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens
140 da mensagem, entre outros. recebidas, lidas e não lidas.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe- Quando temos um destinatário no campo CCO e ele
tivamente enviadas. escolhe “Responder para todos”, sua resposta será
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens enviada para o remetente, para quem estiver no
apagadas. campo PARA e no campo CC, e acabará aparecendo
A pasta Rascunho contém as mensagens salvas e para os outros destinatários do e-mail.
não enviadas. Se temos mais de um endereço no campo CCO, ao esco-
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que lher “Responder para todos”, sua resposta será envia-
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe- da somente para o remetente. Resposta: Letra B.
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que
ocorre quando enviamos uma mensagem no app 2. (VUNESP – 2020) Um usuário, ao preparar um e-mail e
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet. não enviá-lo imediatamente, pode, para não perder o tra-
A mensagem permanece com um ícone de relógio,
balho feito, salvar o e-mail para envio posteriormente.
enquanto não for enviada.
O recurso que permite salvar um e-mail ainda não
enviado é
Dica
Quando estamos conectados em uma conexão a) Favorito.
de Internet do tipo banda larga, a velocidade de b) Lembrete.
acesso é tão rápida que nem vemos a mensa- c) Acompanhamento.
gem passar pela Caixa de Saída. Porém, ao clicar d) Rascunho.
em Enviar, a mensagem vai primeiro para a Caixa e) Marcas.
de Saída, e depois de enviada, é armazenada na
pasta de Itens Enviados. O correio eletrônico é a forma mais antiga de troca
de mensagens entre usuários de redes e surgiu antes
Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde são da Internet.
direcionadas as mensagens sinalizadas como lixo. O software Microsoft Outlook é um cliente de e-mail
Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails do pacote Microsoft Office, que permite acesso às
não solicitados, que geralmente são enviados para mensagens armazenadas no servidor de e-mails.
um grande número de pessoas. Quando o conteúdo Quando o usuário inicia a composição de uma nova
é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem mensagem, ele poderá:
é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial - Enviar - transferindo a mensagem para a Caixa de
E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas mensa- Saída, e posteriormente para o servidor de e-mails.
gens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e procuram - Descartar - apagar a mensagem, sem enviar.
identificar mensagens enviadas para muitos destina- - Salvar - gravar a mensagem na pasta Rascunho.
tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para A pasta Rascunho é para guardar as mensagens que
o usuário. foram salvas pelo usuário e ainda não foram envia-
das. O usuário poderá abrir as mensagens arma-
zenadas nesta pasta, continuar a edição, e enviar
posteriormente. Resposta: Letra D.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Anexação de Arquivos.
1. (VUNESP – 2020) Considerando o uso do aplicativo
Microsoft Outlook 2010, em sua configuração padrão, Os anexos são arquivos enviados com as mensa-
um usuário deseja enviar uma mensagem de correio gens de correio eletrônico. Vale lembrar que não é
eletrônico para 30 destinatários, mas quer evitar que possível enviar uma pasta de arquivos.
qualquer um desses destinatários possa clicar em Cada serviço de e-mail possui um limite para o
Responder para todos e, com isso, enviar respostas tamanho máximo dos anexos. Quando o usuário pre-
dessa mensagem original para qualquer um dos 30 cisar transferir arquivos muito grandes, pode utili-
destinatários originais. Para isso, esse usuário inicial zar algum serviço de armazenamento de dados na
precisa colocar todos os 30 destinatários nuvem, como o Google Drive, o Microsoft OneDrive, ou
o WeTransfer (site para envio de arquivos com tama-
a) no campo Cc, apenas. nho de até 2 GB).
b) no campo Cco, apenas. Para enviar muitos arquivos como anexo, é possí-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

c) no campo Para, apenas, e escrever no campo Assunto vel compactar os arquivos em uma pasta compactada.
a palavra Oculto. A pasta compactada é um recurso do sistema ope-
d) nos campos Para e Cco, ao mesmo tempo. racional Windows, para criação de um arquivo com
e) nos campos Cc e Cco, ao mesmo tempo. extensão ZIP, que pode conter arquivos e pastas. Ao
compactar arquivos, o tamanho de cada item costu-
Quando desejamos enviar uma mensagem de cor- ma reduzir, e o arquivo ZIP, compatível com o sistema
reio eletrônico para 30 destinatários, mas queremos operacional Windows, poderá ser anexado de uma
evitar que qualquer um desses destinatários possa vez, sem precisar repetir o procedimento arquivo por
clicar em Responder para todos e, com isso, enviar arquivo.
respostas dessa mensagem original para qualquer Além da opção Anexar Arquivo, o cliente de e-mail
um dos 30 destinatários originais, precisamos colo- oferece o recurso Anexar Item. Com o Anexar Item, o
car todos os 30 destinatários no campo CCO. usuário poderá adicionar outra mensagem de e-mail
Quem está no campo CCO não aparece para os que recebeu, cartões de visita, anexar contatos, com-
demais destinatários. promissos do calendário de reuniões etc. 141
z Confirmação de Entrega: O servidor de e-mails
do destinatário envia uma confirmação de entre-
Anexar Anexar Assinatura Atribuir ga, informando que a mensagem foi entregue na
Arquivo Item ▾ Política Caixa de Entrada dele com sucesso.
z Confirmação de Leitura: O destinatário pode
Cartão de visita
confirmar ou não a leitura da mensagem que foi
Calendário...
enviada para ele.
Item do Outlook
Dica
Figura 6. Anexar Item permite a inserção de elementos do correio
eletrônico. A Confirmação de Entrega e a Confirmação de
Leitura são opções do correio eletrônico que são
Anexar arquivos significa que o arquivo será
enviado junto com a mensagem de e-mail. O correio muito usadas em ambientes corporativos, para
eletrônico pode ter o conteúdo da mensagem formata- oficializar a comunicação entre os usuários.
do (padrão HTML) ou texto sem formatação.
No e-mail enviado como texto sem formatação, A confirmação de entrega é independente da con-
não é possível inserir imagens ou elementos gráficos
no corpo da mensagem. Para enviar imagens em uma firmação de leitura. Quando o remetente está elabo-
mensagem que está como texto sem formatação, ape- rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar
nas se anexar o arquivo da imagem no e-mail. as duas opções simultaneamente. Se as duas opções
Quando o e-mail é enviado como texto formatado forem marcadas, o remetente poderá receber duas
(HTML), uma imagem poderá ser enviada como anexo
confirmações para a mensagem que enviou, sendo
ou inserida dentro do corpo do e-mail.
uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do
Outras operações com o correio eletrônico próprio destinatário.

O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as


mensagens recebidas como as mensagens enviadas.
Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir- Servidor Exchange Servidor Gmail
mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser Enviar e-mail
impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa- com confirmação O servidor confirma a
entrega do e-mail na caixa
gens de um remetente. de entrega
de entreda do destinatário
Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do
Recebendo a
correio eletrônico com mais habilidade e profissiona- confirmação de entrega
lismo, facilitando a organização do usuário.
Destinatário
Ação e características Remetente
Webmail
Cliente

z Marcar como não lida: Uma mensagem lida


Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
poderá ser marcada como mensagem não lida.
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails
z Alta prioridade: Quando marca a mensagem
como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon- do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na
to de exclamação vermelho no destaque do título. Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
z Baixa prioridade: Quando o remetente marca a
mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário Enviar e-mail
verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
taque do título. Servidor Exchange Servidor Gmail
z Imprimir mensagem: O programa de e-mail ou Enviar e-mail
navegador de Internet prepara a mensagem para com confirmação O destinatário
confirma a leitura
ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza- de leitura
da mensagem
ção do e-mail. Recebendo a
confirmação de leitura
z Ver código fonte da mensagem: As mensagens
possuem um cabeçalho com informações técnicas
Remetente Destinatário
sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas. Cliente
Webmail
z Ignorar: Disponível no cliente de e-mail e em
alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as Figura 8. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
próximas mensagens recebidas do mesmo reme- Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do
tente serão excluídas imediatamente ao serem conteúdo do e-mail.
armazenadas na Caixa de Entrada.
z Lixo Eletrônico: Sinalizador que move a mensa- Ao “Responder”, a resposta será enviada para o
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas remetente do e-mail.
mensagens recebidas daquele remetente. Ao “Encaminhar”, a resposta será enviada para
z Tentativa de Phishing: Sinalizador que move a outros destinatários, com os anexos.
mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
Ao “Responder para todos”, a resposta será envia-
serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
estar enviando links maliciosos que tentam captu- da para o remetente do e-mail e para outros destinatá-
142 rar dados dos usuários. rios visíveis do e-mail.
Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft
EXERCÍCIOS COMENTADOS Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê,
1. (VUNESP – 2020) Um usuário do MS-Outlook 2010, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
em sua configuração padrão, cuja conta é usuario2@ acessibilidade das informações existentes na Internet,
ufu.br, recebeu um e-mail, enviado com sucesso, em indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
que os campos na mensagem do remetente foram Os sites de pesquisas foram incorporados aos
preenchidos da seguinte forma: navegadores de Internet, e na configuração dos bro-
wsers temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que
permite a busca dos termos digitados diretamente na
De: usuario1@ufu.br barra de endereços do cliente web. Esta funcionalida-
de transforma a nossa barra de endereços em uma
Para: usuario2@ufu.br
omnibox (caixa de pesquisa inteligente), que preenche
Cc: usuario3@ufu.br com os termos pesquisados anteriormente e oferece
sugestões de termos para completar a pesquisa.
Cco: usuario4@ufu.br O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como busca-
Assunto: usuario1@ufu.br
dor padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm
o Google Buscas como buscador padrão. As configura-
ções podem ser personalizadas pelo usuário.
Quando esse usuário clicar em Responder a todos, o Os sites de pesquisas incorporam recursos para
e-mail será enviado apenas para operações cotidianas, como pesquisa por textos,
imagens, notícias, mapas, produtos para comprar
em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
a) usuario1@ufu.br.
duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras
b) usuario1@ufu.br e usuario3@ufu.br. funcionalidades.
c) usuario3@ufu.br e usuario4@ufu.br. Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen-
d) usuario1@ufu.br, usuario2@ufu.br e usuario3@ufu.br. tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras
e) usuario1@ufu.br, usuario3@ufu.br e usuario4@ufu.br. minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas.
E além de todas estas características, os sites de
A resposta criada pelo “Responder para todos” pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím-
escolhida pelo usuário2, será enviada para usuá- bolos) para refinar os resultados e comandos para
rio1 (remetente) e usuário3 (campo CC, com cópia). selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con-
Usuário4 não receberá a resposta, porque ele está cursos públicos, estes são os itens mais questionados.
no campo CCO (com cópia oculta) e seu endereço Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais
não será mostrado para os outros destinatários de concursos públicos, esta parte você consegue prati-
car, até no seu smartphone. Comece a usar os símbolos
da mensagem. O usuário5 está listado no campo
e comandos nas suas pesquisas na Internet, e visualize
Assunto, que é o título da mensagem, e não faz parte os resultados obtidos.
dos destinatários do e-mail. Resposta: Letra B.
SÍMBOLO USO EXEMPLO
2. (VUNESP – 2020) Ao tentar enviar um e-mail com
um documento do Microsoft Word em anexo para 5 Pesquisa exata, na mesma
Aspas “Nova
funcionários simultaneamente, um usuário notou que ordem que forem digitados
duplas Concursos”
os termos.
excedeu o tamanho máximo de anexo permitido de 10
MB. Para ser capaz de enviar esse e-mail, é necessá- Menos ou concursos
Excluir termo da pesquisa.
rio, portanto, traço –militares
concursos
a) converter o documento do Microsoft Word em ima- Til (acento) Pesquisar sinônimos.
~públicos
gens Bitmap.
Substituir termos na pes-
b) incluir o e-mail do remetente como destinatário.
quisa, para pesquisar ‘ins-
c) adicionar o e-mail dos destinatários ao campo “CCO” Asterisco crições encerradas’, e ‘ins- inscrições *
(cópia oculta). crições abertas’, e ‘inscri-
d) reduzir o tamanho do arquivo anexo. ções suspensas’, etc.
e) diminuir o número de destinatários do e-mail.
celulares
Cifrão Pesquisar por preço.
$1000
Se o tamanho do anexo supera o limite permitido
para envio, o usuário deverá reduzir o tamanho campeão
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dois pontos Intervalo de datas ou preço.


dele. Para reduzir, uma forma é transformar em 1980..1990
arquivo ZIP, através da opção disponível no menu Pesquisar em redes @Instagram
de contexto do Windows Explorer, Enviar para..., Arroba
sociais. novaconursos
Pasta Compactada.
Pesquisar nas marcações
Outra alternativa, que não figura nas opções da ques- Hashtags #informática
de postagens.
tão, é enviar através de um serviço de armazenamen-
to de dados na nuvem, como o Google Drive, Microsoft
OneDrive ou WeTransfer. Resposta: Letra D. COMANDO USO EXEMPLO

SITES DE BUSCA E PESQUISA NA INTERNET Resultados de ape- livro site:www.


site:
nas um site. uol.com.br
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm
Somente um tipo de apostila
como finalidade apresentar os resultados de endere- filetype:
arquivo. filetype:pdf
ços URLs com as informações solicitadas pelo usuário. 143
COMANDO USO EXEMPLO Importante!
Definição de um
define: define:smtp As bancas costumam questionar funcionali-
termo.
dades do Microsoft Bing que são idênticas às
intitle: No título da página. intitle:concursos funcionalidades do Google Buscas. Ao inserir o
No endereço URL da nome do navegador da Microsoft na questão, a
inurl: inurl:nova banca procura desestabilizar o candidato com a
página.
dúvida acerca do recurso questionado.
Pesquisa o horário
time: em determinado time:japan
local.

related:uol.com.
related: Sites relacionados.
br EXERCÍCIOS COMENTADOS
Versão anterior do cache:uol.com. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma pesquisa por meio
cache:
site. br do Google, o uso da expressão “concurso fub” -“nível
Páginas que con- médio”, incluindo as aspas duplas, permite encontrar
link: informações somente dos concursos de nível médio da
link: tenham link para
novaconcursos
outras. FUB que estiverem disponíveis na Internet.
Informações de um location:méxico
location: ( ) CERTO  ( ) ERRADO
determinado local. terremoto

O sinal de menos usado nas pesquisas é para excluir


Os comandos são seguidos de dois pontos e não pos- o termo ou termos informados entre aspas. Na pes-
suem espaço com a informação digitada na pesquisa. quisa com o uso da expressão “concurso fub” -“nível
O site de pesquisas Google também oferece respos- médio”, serão apresentados resultados contendo
tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe- exatamente “concurso fub”, mas sem “nível médio”.
rece mecanismos similares. Retirando o sinal de menos, a expressão retornará
informações somente dos concursos de nível médio
As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
da FUB que estiverem disponíveis na Internet. Res-
tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
posta: Errado.
permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
de pedidos de buscas nos sites de pesquisas. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Embora o Google possua
diversos recursos para filtrar resultados de pesquisas,
PEDIDO USO EXEMPLO não é possível encontrar uma imagem em um sítio ou
traduzir ... para Google traduzir maçã domínio específico.
... Tradutor. para japonês
( ) CERTO  ( ) ERRADO
lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni-
ca:número telefone. ca:99999-9999 Nos sites de pesquisas, como o Google, é possível
Cotação da bol- realizar a pesquisa por Imagens. Nas Ferramentas
código da ação GOOG
sa de valores. da pesquisa de imagens, é possível selecionar a pes-
quisa por cores (colorido, preto e branco, transpa-
clima Previsão do
clima são paulo rente ou uma cor específica). Resposta: Errado.
localidade tempo.

Status de um GRUPOS DE DISCUSSÃO


código do voo ba247
voo (viagens).
Existem serviços na Internet que possibilitam a
troca de mensagens entre os assinantes de uma lista
Os resultados apresentados pelas pesquisas do site
de discussão. O Grupos do Google é o último serviço
são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar em atividade, segundo o formato original.
os resultados com conteúdo adulto, evitando a sua Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro
exibição. Quando desativado, os resultados de conteú- de 2019, e os membros não poderão mais enviar ou
do adulto serão exibidos normalmente. receber e-mails do Yahoo Grupos.
No Microsoft Bing, na página do buscador www. Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou
bing.com, acesse o menu no canto superior direito e Fórum de Discussão são denominações equivalentes
para um serviço que centraliza as mensagens recebi-
escolha o item Pesquisa Segura.
das que foram enviadas pelos membros e redistribui
No Google, na página do site do buscador www.
para os demais participantes.
google.com, acesse o menu Configurações no can- Os grupos de discussão do Facebook surgiram den-
to inferior direito e escolha o item Configurações de tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente
144 Pesquisa. pela facilidade de acesso, associação e participação.
Mensagem
ITEM CARACTERÍSTICAS enviada para
Grupos de todos os
Privacidade O grupo poderá ser público e visível, discussão participantes
inscritos no
ou restrito e visível (qualquer um pode Mensagem enviada grupo
pedir para participar), ou secreto e in- para o endereço de de discussão
e-mail do grupo
visível (somente convidados podem
Usuários da Internet
ingressar).
Quem não é inscrito
no grupo, não recebe
Proprietário Criador do grupo. Usuário participante a mensagem
Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam
Gerentes ou Participantes convidados pelo pro- mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os
Moderadores prietário para auxiliar na moderação demais participantes.
das mensagens e gerenciamento do
grupo. A qualquer momento o usuário poderá desistir e
sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
ço de e-mail próprio (unsubscribe).
criador ou gerente/moderador convi-
A principal diferença entre um grupo de discussão
dado pelo dono do grupo.
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
Assinatura Como receberá as mensagens. Pode- com a exibição do endereço dos participantes. Em um
rá ser uma por uma, ou resumo das grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
mensagens por e-mail, ou e-mail de endereço que enviará cópia para todos os participan-
resumos (com os tópicos recebidos tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o
no grupo), ou nenhum e-mail (para endereço original do remetente.
leitura na página do grupo). Apesar do tópico aparecer em diversos editais
de concursos, faz vários anos que não são aplicadas
questões sobre o tema, em todos os concursos, inde-
Quais são as vantagens de um grupo? pendente da banca organizadora.

z Os participantes podem enviar uma mensagem, Dica


que será enviada para todos os participantes.
Os Grupos de Discussão (com as características
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses. e funcionalidades originais) desapareceram ao
z Organizar reuniões, eventos e conferências. longo do tempo, sendo substituídos pelos gru-
z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com pos nas redes sociais (com novos recursos e
possibilidade de acesso aos conteúdos que foram integração com os perfis delas). Este é um tópi-
enviados antes do seu ingresso no grupo. co que deverá ser questionado cada vez menos,
assim como Redes Sociais.
Neste momento você irá se perguntar: “mas isto o
Facebook, WhatsApp e até o Telegram já fazem, não é
mesmo?”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Verdade.
Os antigos grupos de discussão foram o modelo 1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Lista de discussão é uma
a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do ferramenta de comunicação limitada a uma intranet, ao
Facebook, dos grupos no comunicador WhatsApp e passo que grupo de discussão é uma ferramenta geren-
no Telegram. Nos grupos de Facebook o participante ciável pela Internet que permite a um grupo de pessoas
a troca de mensagens via email entre todos os membros
envia um post, ou anúncio, ou arquivo, e todos podem do grupo.
consultar na página o que foi compartilhado. Nos gru-
pos de WhatsApp e Telegram também, e todos podem ( ) CERTO  ( ) ERRADO
consultar o grupo no aplicativo.
Como funcionam os grupos de discussão? As listas de discussão e os grupos de discussão são
O usuário envia um e-mail para um endereço defi- serviços disponíveis na Internet, que podem ser usa-
dos na Intranet, porém sem limitações como sugeri-
nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

do na questão. Assinamos um grupo de discussão, e


incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
toda mensagem enviada para o grupo, os assinantes
o link recebido em um convite por e-mail. recebem cópia em seu e-mail ou aviso de resumo das
Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu mensagens. Resposta: Errado.
e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem.
Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo 2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Os grupos de discussão
são um tipo de rede social utilizada exclusivamente por
semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem-
usuários conectados à Internet.
brando que nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama-
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
O envio para um endereço único permite a distribui-
ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia O conceito de grupo de discussão é muito mais anti-
go que o conceito de rede social, e poderá ser usado
da mensagem e anexos se houverem, será disponibiliza- por usuários da Intranet ou da Internet. A Intra-
da no mural da página do grupo, para consultas futuras. net é uma rede local que tem os mesmos serviços 145
da Internet. Para ser uma rede social, o site/serviço REDES
deve oferecer cadastro de usuários, possibilidade CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
de criação de relacionamentos, envio de mensagens
O Instagram é uma Todos os usuários de
privativas, compartilhamentos, etc. Um grupo de rede social para com- Internet e empresas.
discussão não possui todas estas características. partilhamento de fotos,
Resposta: Errado. vídeos e venda de
produtos.
REDES SOCIAIS
O Tumblr é uma rede Todos os usuários de
social para comparti- Internet e empresas.
As redes sociais se tornaram populares entre lhamento de conteúdo
os usuários, ao oferecerem os pilares dos relacio- como blogs (textos,
namentos em formato digital: curtir, comentar e imagens, vídeos, links,
compartilhar. etc.)
Teoricamente, elas se dividem em duas catego-
Wordpress é um portal
rias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias Usuários de Internet
de blogs que permite
sociais. o armazenamento de
com foco em produ-
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre- ção de conteúdo.
websites.
postos nas novas redes.
O modelo pode ser centralizado, descentralizado
ou distribuído. O Youtube é um portal Produtores de con-
No modelo centralizado, as informações são exi- de vídeos com recur- teúdo multimídia e
sos de redes sociais. consumidores.
bidas para os usuários a partir de servidores de uma
empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e O Wikipedia é um site
Usuários colabora-
todas as demais informações dadas pelos usuários no dores e voluntários
para publicação de
perfil da rede social, serão usadas para a apresentação que contribuem com
conhecimento no for-
dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um novos conteúdos e
mato colaborativo.
exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo revisões.
semelhante à topologia Estrela, das redes de computa-
dores, com um nó centralizador.
Saiba: Redes sociais é um tópico pouco questiona-
As redes sociais ou mídias descentralizadas são
do em concursos públicos, devido às atualizações que
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin-
cipais, os usuários acessam apenas parte das informa- elas oferecem quase diariamente em seus recursos e
ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos operação de algoritmos. Se comparar o Facebook de
usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele hoje com as regras e recursos do Facebook do ano pas-
ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos sado, poderá ver a quantidade de funcionalidades que
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem- foram alteradas.
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes-
soais são expandidas para o grupo.
As redes sociais distribuídas são aquelas que
dependem das conexões de um usuário para ter aces- EXERCÍCIOS COMENTADOS
so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que
prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) O Facebook, espaço
cionadas, independente dos grupos onde o usuário
público e gratuito, permite a troca de informações
está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de entre usuários cadastrados que criam suas redes
dados de usuários pode comprometer a segurança sociais. As informações postadas em uma página
da informação. Técnicas de Engenharia Social podem pessoal podem ser vistas por todas as pessoas que
ser usadas para vasculhar as informações publicadas estejam cadastradas no Facebook, em todo o mundo.
pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen-
tos, senhas, dados de documentos e outras informa- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ções que poderão ser usadas contra o usuário.
Os usuários que se conectam ao Facebook, criam
REDES um perfil público e gratuito. A partir deste perfil,
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS ele poderá trocar informações com outros usuários
O Facebook é a Todos os usuá- da rede, poderá personalizar o seu perfil, tornar ele
maior rede social da rios de Internet e restrito, ingressar em grupos, criar páginas, curtir
atualidade. empresas. conteúdos, comentar postagens e compartilhar em
seu perfil, ou através do hub de mensagens Messen-
O Twitter é uma rede Ativistas, artistas, em-
ger. Resposta: Certo.
social para publicações presas e políticos.
curtas e rápidas.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2012) No Facebook, a análise
O LinkedIn é uma rede Empresas, emprega- do perfil (linha do tempo) permite a aprovação ou a
social para conexões dos, empregadores e recusa das marcações que as pessoas adicionam às
entre empresas e candidatos. publicações de um usuário. Já a análise de marcações
empregados. permite a aprovação ou a recusa das publicações, em
Facebook Workplace, Empresas que contra- que as pessoas marcam o usuário antes de elas serem
usado por empresas tem o serviço e seus exibidas no perfil desse usuário (linha do tempo).
para conectar seus colaboradores.
colaboradores.
146 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Os conceitos estão trocados. No Facebook, a análise Tudo que é oferecido pela nuvem é um Serviço,
de marcações permite a aprovação ou recusa das escalável e personalizável.
marcações que outros usuários realizaram com Armazenamento em nuvem é uma opção de arma-
o nosso nome de usuário. Se forem aceitas, pode- zenamento remoto que usa o espaço em um provedor
rão ser compartilhadas na timeline. As marcações de data center e é acessível de qualquer computador
poderão ser recusadas ou anuladas (sem link para com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft OneDri-
o perfil). ve, Apple iCloud e Dropbox são exemplos de serviços
Já a análise do perfil permite visualizar os convites de armazenamento em nuvem.
para grupos, páginas, eventos e outros itens relacio-
nados com as publicações de nossa timeline. Res- Tecnologias de Serviços na Nuvem
posta: Errado.
Existem várias opções que poderão ser contrata-
COMPUTAÇÃO EM NUVEM (CLOUDCOMPUTING) das como serviços, sendo as principais em concursos
públicos: IaaS, PaaS e SaaS.
Computação em nuvem (em inglês, cloud compu-
ting) refere-se ao processamento de dados remotos. O z Infrastructure as a Service (IaaS) fornece recursos
usuário envia informações inseridas em seu dispositi- de computação virtualizados pela Internet. O pro-
vo local, os programas na nuvem executam as opera- vedor hospeda o hardware, o software, os servido-
ções solicitadas e devolvem para o periférico de saída res e os componentes de armazenamento;
do dispositivo local do usuário os resultados obtidos. z Platform as a Service (PaaS) proporciona acesso
A expressão “nuvem” é usada para designar a Internet, às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento
mas na prática poderá estar referenciando um processa- usados para entregar os aplicativos;
mento remoto dentro da rede interna da empresa. Exis- z Software as a Service (SaaS) permite aos usuários
tem nuvens privadas, públicas, híbridas e comunitárias. ter acesso a bancos de dados e software de aplica-
A computação em nuvem é a evolução do princípio tivo. Os provedores de nuvem gerenciam a infraes-
da computação em grade. Na computação em grade, trutura. Os usuários armazenam dados nos servi-
grande quantidade de clusters computacionais (servi- dores do provedor de nuvem.
dores conectados entre si dentro de uma infraestrutu-
ra compartilhada), aliado a disseminação da conexão Dica
de banda larga, facilitaram a adoção da Computação
nas Nuvens por diferentes empresas. Novas definições são criadas por empresas,
com propósitos de marketing. Em concursos
públicos, as definições mais questionadas são
SaaS, PaaS e IaaS.

Um sistema de computação legado, ou dedicado, é


aquele que a empresa é responsável por todos os itens
do projeto, desde o fornecimento de energia para a
operação dos servidores adquiridos por ela, até a dis-
ponibilização das aplicações que licenças foram com-
pradas para utilização.
Na computação em nuvem, é possível contratar de
uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados,
armazenamento, servidores e sistemas de virtualiza-
Figura 8. Os diferentes dispositivos acessarão os recursos ção. Esta é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
disponibilizados na nuvem (Internet) Desenvolvedores podem contratar de uma opera-
dora de nuvem, datacenters, rede de dados, armazena-
Computação na Nuvem pode ser vista como a evo- mento, servidores, sistemas de virtualização, sistema
lução e convergência das tecnologias de virtualização operacional, banco de dados e segurança digital. Esta
e das arquiteturas (como os clusters computacionais) é uma Plataforma como um Serviço (PaaS).
orientadas a serviços. Usuários podem contratar de uma operadora de
Atualmente a Computação nas Nuvens é o ponto nuvem tudo, desde os datacenters até as aplicações.
de partida para o desenvolvimento de soluções com- Este é um Software como um Serviço.
putacionais que necessitem de rapidez, flexibilidade
e acesso facilitado, oferecendo instantaneamente, a
nível global, uma solução para problemas do dia-a-dia.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quem nunca pediu uma refeição por um aplicati-


vo, ou um meio de transporte? O sistema de proces-
samento dos pedidos, distribuição das demandas,
localização dos prestadores de serviços e controle
fiscal das vendas... Tudo foi realizado na nuvem, em
servidores que estão distribuídos ao redor do mundo,
conectados em tempo real para o atendimento das
demandas.
A computação na nuvem oferecerá tudo como um
serviço. Armazenamento de dados, plataforma para
execução de aplicações, infraestrutura para o desen-
volvimento de sistemas, espaço para testes de aplicati-
vos etc. Webware, ou software baseado na Internet, é a Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido
denominação para estes programas que operam como pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas
serviços na rede. de um acesso à rede. 147
Como é possível observar, a computação nas nuvens é uma forma de disponibilização de recursos equiva-
lente à computação local, mas remotamente. Na tabela a seguir, vamos comparar estes dois formatos e suas
responsabilidades.

COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NAS NUVENS


Entrada de Dados Teclado, mouse, scanner, monitor touch screen. Enviado para um serviço na rede.
Processamento de Dados Processador do computador. Computadores remotos, distribuídos na rede.
Monitor, impressora, placa de modem, placa de Disponibilizado um link para download, visualização
Saída de Dados
rede, USB, HD etc. ou compartilhamento.
Programas (softwares) Instalados no computador. Disponíveis na Internet.
Serviços (backup) Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Serviços
Responsabilidade do sistema operacional local. Responsabilidade da empresa.
(desfragmentador)
Antivírus Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Firewall Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Permissões de acesso Responsabilidade do usuário. Oferecido pela empresa, definido pelo usuário.
Gerenciamento da
Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
estrutura

Benefícios dos Serviços na Nuvem

Ao contratar Infraestrutura como um Serviço (IaaS), o usuário obtém economia de custo (não há necessidade
de comprar e manter hardwares), tempo de colocação no mercado (poderá iniciar suas operações imediatamente,
sem esperar pela instalação de um datacenter na empresa), disponibilidade em tempo integral e escalabilidade
sob demanda (expansão ou contração da empresa de acordo com o dia-a-dia da operação).
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o usuário uma economia de gastos (novamente, relacionada ao
hardware que não precisa ser adquirido), desenvolvimento simplificado de aplicativos (ambientes de desenvol-
vimento para diferentes plataformas), colaboração (on-line com outros desenvolvedores) e ambiente integrado
(para teste, implementação e gerenciamento).
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá economia de gastos (menor custo das licenças de softwares), com-
partilhamento de arquivos (de forma fácil e rápida), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, o acesso ao
serviço não será impactado com novas instalações e configurações) e independência do sistema operacional (a
troca de dados será realizada pelo protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas operacionais).

Figura 10. Os provedores, desenvolvedores e usuários finais, fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem.

Os softwares são desenvolvidos na Plataforma (PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraestrutura


(IaaS), para serem utilizados pelos usuários finais como um serviço (SaaS).
Na tabela a seguir vamos associar os itens da computação local com os itens da computação na nuvem, para
entender que na Nuvem temos uma adaptação do nosso computador de casa.

COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NA NUVEM


SOFTWARE Microsoft Office (instalado) Microsoft Office (on-line)
PLATAFORMA Microsoft Windows 10 Microsoft Windows Azure

148 INFRAESTRUTURA Hardware e energia elétrica do usuário Hardware e energia elétrica da empresa provedora
Vantagens da Computação em Nuvem As Principais Características da Computação em
Nuvem
O usuário não precisará se preocupar com atuali-
zações de softwares e hardware, que serão realizadas On Demand Self Service, ou auto atendimento sob
pela empresa contratada. Elas serão automáticas e demanda, significa que o usuário pode usar os ser-
disponibilizadas em tempo real para todos. viços, aumentar ou diminuir as capacidades com-
O compartilhamento de informações será faci- putacionais alocadas como: o tempo de servidor e
litado, bastando que outros usuários tenham aces- armazenamento de rede, sem a intervenção huma-
so à Internet para que possam acessar os dados na com o provedor de serviços. O limite de crédito
compartilhados. do seu cartão de crédito virtual é um exemplo desta
Os serviços serão disponibilizados 24 horas, 7 dias por característica.
semana, com sistemas de redundância e recuperação de Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso à
falhas sob responsabilidade da empresa contratada.
rede, significa que os serviços são acessíveis a partir
Diminui a necessidade de manutenção da infraes-
de qualquer plataforma. O usuário poderá acessar um
trutura física da rede local, bastando para o usuário
sistema desenvolvido para Windows, armazenado em
o fornecimento de energia elétrica e conexão de rede
para acesso aos serviços remotos. um servidor Linux, a partir de seu smartphone Apple.
Por ter menos equipamentos na infraestrutura Quase todos os serviços disponíveis na nuvem são
local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e assim.
espaço físico serão reduzidos. Indiretamente contribui Resource Pooling, ou pool de recursos, significa
para preservação e uso racional dos recursos naturais. que os serviços são armazenados em servidores dis-
Flexibilidade no uso e na contratação de serviços. tribuídos globalmente e seus recursos virtuais são
O usuário poderá contratar um pacote básico de servi- dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo clien-
ços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar te conforme sua demanda. É o modelo multi-inquili-
parâmetros do contrato alterando de forma dinâmica no (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos
os limites de utilização. clientes sem detrimento da oferta para os clientes
Elasticidade rápida, onde os recursos são provi- atuais. Um usuário em São Paulo poderá contratar
sionados dinamicamente, atendendo as necessida- e acessar um serviço ofertado por uma empresa em
des pontuais da operação do cliente (uma loja virtual Belo Horizonte, que mantém os servidores em uma
pode aumentar a quantidade de acessos simultâneos cidade na Índia.
ao site apenas na Black Friday, por exemplo). Esta é a Rapid Elasticy, ou elasticidade rápida, significa que
sua característica mais marcante. a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocor-
rerá com agilidade, provisionando e liberando elas-
Desvantagens da Computação em Nuvem ticamente as demandas solicitadas pelo usuário. Ao
contratar um armazenamento de dados na nuvem, o
Quanto mais aplicações forem acessadas na espaço disponível para uso será imediatamente ajus-
nuvem, mais velocidade de transferência de dados tado após a confirmação do pagamento.
será necessária. Portanto, a principal desvantagem da Measured Service, ou serviços mensuráveis, sig-
nuvem é inerente ao propósito dela mesma. nifica que todos os serviços são controlados e moni-
Tempo de inatividade é outra desvantagem. Quan- torados automaticamente pela nuvem, de maneira
do todos os sistemas estão em uma plataforma, se transparente para o usuário, sem a necessidade de
ela ficar indisponível, a empresa e os usuários não conhecimento técnico sobre a sua operação.
terão acesso a nada. Felizmente isto tem mudado, e Transparência para o usuário, pois ele não precisa
atualmente as empresas fornecedoras de serviços na conhecer onde estão alocados os recursos computa-
nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso
cionais contratados e acessa apenas a interface para
disponível) acima de 99,9999%.
acesso, tornando tudo transparente.
Dificuldade de migração, e esta é a principal des-
vantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente Tipos de Nuvem
dela.
Caso exista a necessidade de migração dos dados, Podemos classificar as nuvens de acordo com a
ela poderá ser dificultada ou até impossibilitada. Para infraestrutura ou seus usuários em: Privada, Pública,
minimizar esta desvantagem, a replicação de servido- Híbrida ou Comunidade (comunitária).
res é uma alternativa, quando os dados são replicados No modelo de nuvem privada, a infraestrutura
entre um servidor local e um servidor na nuvem. é proprietária ou alugada por uma única organiza-
ção para ser operada exclusivamente por ela mesma.
Poderá ser local ou remota, e a empresa aplica políti-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

cas de acesso aos serviços (para os usuários cadastra-


dos e autorizados).
A definição de nuvem pública indica que a
infraestrutura pertence a uma organização que vende
serviços para o público em geral e poderá ser acessa-
da por qualquer usuário que conheça a localização do
serviço, não sendo admitidas técnicas de restrição de
acesso ou autenticação.
No formato de nuvem híbrida, que tem como
característica a infraestrutura ser composta por pelo
menos duas nuvens, que preservam as características
originais do seu modelo e estão interligadas por uma
tecnologia que possibilite a portabilidade de informa-
ções e de aplicações, é o tipo mais comum encontrado
Figura 11. Diferentes apresentações para a nuvem no mercado. 149
Na nuvem comunidade (comunitária), a infraes- NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL WINDOWS:
trutura é compartilhada por diversas organizações WINDOWS 10
que normalmente possuem interesses comuns, como
requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibi- O sistema operacional Windows foi desenvolvido
lidade e/ou compatibilidade. pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em
meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi-
ca baseada em janelas, com suporte para apontadores
como mouses, touch pad (área de toque nos portáteis),
canetas e mesas digitalizadoras.
Atualmente, o Windows é oferecido na versão 10,
que possui suporte para os dispositivos apontadores
tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para
acompanhar o movimento do usuário, como no siste-
ma Kinect do videogame X – Box).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e
suportes avançados são raramente questionados. As
questões aplicadas nas provas envolvem os concei-
tos básicos e o modo de operação do sistema opera-
cional em um dispositivo computacional padrão (ou
tradicional).
O sistema operacional Windows é um software
Figura 12. De acordo com a natureza do acesso e dos interesses proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) dispo-
envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida nível e o usuário precisa adquirir uma licença de uso
ou Comunitária.
da Microsoft.
O Windows 10 apresenta algumas novidades em
relação às versões anteriores, como assistente virtual,
EXERCÍCIOS COMENTADOS navegador de Internet, locais que centralizam infor-
mações etc.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A computação em nuvem
do tipo Software as a Service (SaaS) possibilita que z Botão Iniciar – permite acesso aos aplicativos ins-
o usuário acesse aplicativos e serviços de qualquer talados no computador, com os itens recentes no
local usando um computador conectado à Internet. início da lista e os demais itens classificados em
ordem alfabética. Combina os blocos dinâmicos e
( ) CERTO  ( ) ERRADO estáticos do Windows 8 com a lista de programas
Os softwares disponibilizados na nuvem como um do Windows 7.
serviço (SaaS), estão armazenados em servidores z Pesquisar – com novo atalho de teclado, a opção
remotos conectados à Internet. Os usuários que pesquisar permite localizar, a partir da digitação
necessite acessar eles poderão fazer de qualquer de termos, itens no dispositivo, na rede local e na
local usando qualquer dispositivo conectado à Internet. Para facilitar a ação, tem-se o seguinte
Internet, como os computadores. Devido à caracte- atalho de teclado: Windows+S (Search).
rística Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso z Cortana – assistente virtual. Auxilia em pesquisas
à rede, a nuvem poderá ser acessada por qualquer de informações no dispositivo, na rede local e na
sistema operacional instalado no computador do Internet.
usuário. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Na computação em


nuvem, elasticidade é a capacidade de um sistema de Importante!
se adaptar a uma variação na carga de trabalho quase
instantaneamente e de forma automática. A assistente virtual Cortana é uma novidade do
Windows 10 que está aparecendo em provas
( ) CERTO  ( ) ERRADO de concursos com regularidade. Semelhante
ao Google Assistente (Android), Siri (Apple) e
A computação na nuvem tem a Elasticidade como
Alexa (Amazon), essa integra recursos de aces-
uma de suas características. É a capacidade de pro-
visionar mais ou menos recursos no momento em sibilidade por voz para os usuários do sistema
que for necessário, com agilidade na implementa- operacional.
ção. Os provedores de serviço na nuvem alocam
recursos para atendimento da demanda, tudo em
tempo real. Resposta: Certo. z Visão de Tarefas – permite alternar entre os pro-
gramas em execução e abre novas áreas de traba-
lho. Seu atalho de teclado é: Windows+TAB.
z Microsoft Edge – navegador de Internet padrão do
CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE Windows 10. Ele está configurado com o buscador
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado.
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, z Microsoft Loja – loja de app’s para o usuário baixar
ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS novos aplicativos para Windows.
z Windows Mail – aplicativo para correio eletrôni-
Agora iremos relembrar alguns conceitos já co, que carrega as mensagens da conta Microsoft
estudados anteriormente e aprofundarmos nosso e pode se tornar um hub de e-mails com adição de
150 conhecimento. outras contas.
z Barra de Acesso Rápido – ícones fixados de programas para acessar rapidamente.
z Fixar itens – em cada ícone, ao clicar com o botão direito (secundário) do mouse, será mostrado o menu rápi-
do, que permite fixar arquivos abertos recentemente e fixar o ícone do programa na barra de acesso rápido.
z Central de Ações – centraliza as mensagens de segurança e manutenção do Windows, como as atualizações do
sistema operacional. Atalho de teclado: Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa ser carregada pelo
usuário, ela é carregada automaticamente quando o Windows é inicializado.
z Mostrar área de trabalho – visualizar rapidamente a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam em
primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D (Desktop).
z Bloquear o computador – com o atalho de teclado Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o computador.
Poderá bloquear pelo menu de controle de sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del.
z Gerenciador de Tarefas – para controlar os aplicativos, processos e serviços em execução. Atalho de teclado:
Ctrl+Shift+Esc.
z Minimizar todas as janelas – com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar
todas as janelas abertas, visualizando a área de trabalho.
z Criptografia com BitLocker – o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados
de uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será gra-
vada em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado.
z Windows Hello – sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessi-
dade de uso de senha.
z Windows Defender – aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e
antispyware.
O botão direito do mouse aciona o menu de contexto, sempre.

CONCEITO DE PASTAS, DIRETÓRIOS, ARQUIVOS E ATALHOS

No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas e algumas pastas são especiais, contendo coleções de arqui-
vos que são chamadas de Bibliotecas. Ao todo são quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos. O
usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal, uma vez que elas otimizam a organização dos arqui-
vos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.

Pasta com Pasta sem Pasta vazia


subpasta subpasta

O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações
dos discos de armazenamento. Por sua vez, os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO


Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e
Disco de armazenamento
mantém os dados gravados
Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS,
Sistema de Arquivos
FAT32, FAT são alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.
Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas)
Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.
Pastas ou diretórios Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco
Arquivos Dados. Podem ter extensões.
Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização
Extensão
e/ou edição. As pastas podem ter extensões como parte do nome.
Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pas-
Atalhos tas, arquivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma
seta, para diferenciar dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir. 151
Exabyte No Windows 10, a organização segue a seguinte
(EB)
Petabyte definição:
(PB)
Terabyte

Gigabyte
(TB) z Pastas
trilhão
(GB)
Megabyte
bilhão
Kilobyte
(MB)
milhão „ Estruturas do sistema operacional: Arqui-
(KB) mil
Byte vos de Programas (Program Files), Usuários
(B)
(Users), Windows. A primeira pasta da undia-
de é chamada raiz (da árvore de diretórios),
Ainda não temos discos com capacidade na ordem representada pela barra invertida: Documen-
de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos tos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Ima-
comercialmente, mas quem sabe um dia... Hoje estas gens), Vídeos (Meus Vídeos), Músicas (Minhas
medidas muito altas são usadas para identificar gran- Músicas) – bibliotecas
des volumes de dados na nuvem, em servidores de
„ Estruturas do Usuário: Documentos (Meus Docu-
redes, em empresas de dados etc. mentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos (Meus
Vamos falar um pouco sobre Bytes: 1 Byte repre- Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – bibliotecas
senta uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é forma-
„ Área de Trabalho: Desktop, que permite aces-
do por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale zero
so à Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, arquivos,
ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema
programas e atalhos.
binário para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no disposi- „ Lixeira do Windows: Armazena os arquivos de
discos rígidos que foram excluídos, permitindo
tivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação grava-
a recuperação dos dados.
da na memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72
z Atalhos
bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momen-
„ Arquivos que indicam outro local: Extensão
tos do cotidiano. Um plano de dados de celular ofere- LNK, podem ser criados arrastando o item com
ce um pacote de 5 GB, ou seja, poderá transferir até ALT ou CTRL+SHIFT pressionado.
5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão
Wi-Fi de sua residência está operando em 150 Mbps, z Drivers
ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por
segundo, e um arquivo com 75 MB de tamanho leva- „ Arquivos de configuração: Extensão DLL e
rá 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo outras, usadas para comunicação do software
para o roteador wireless. com o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que


Importante! antes era Windows Explorer) para o gerenciamento
de pastas e arquivos. Ele é usado para as operações de
O tamanho dos arquivos no Windows 10 é exi- manipulação de informações no computador, desde o
bido em modo de visualização de Detalhes, nas básico (formatar discos de armazenamento) até o avan-
Propriedades (botão direito do mouse, menu de çado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
contexto) e na barra de status do Explorador de O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado
Arquivos. Poderão ter as unidades KB, MB, GB, para executar o Explorador de Arquivos.
TB, indicando quanto espaço ocupam no disco Como o Windows 10 está associado a uma con-
ta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou
de armazenamento.
Outlook), o usuário tem disponível um espaço de
armazenamento de dados na nuvem Microsoft One-
Quando os computadores pessoais foram apresen- Drive. No Explorador de Arquivos, no painel do lado
direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a
tados para o público, a árvore foi usada como analo-
nuvem. Ao inserir arquivos ou pastas no OneDrive,
gia para explicar o armazenamento de dados, criando eles serão enviados para a nuvem e sincronizados
o termo “árvore de diretórios”. com outros dispositivos que estejam conectados na
mesma conta de usuário.
Os atalhos são representados por ícones com uma
Documentos
Folhas seta no canto inferior esquerdo, e podem apontar para
Imagens
um arquivo, pasta ou unidade de disco. Os atalhos são
Músicas Flores
independentes dos objetos que os referenciam, por-
Vídeos Frutos
tanto, se forem excluídos, não afetam o arquivo, pasta
ou unidade de disco que estão apontando.
Podemos criar um atalho de várias formas diferentes:
Pastas e subpastas Tronco e galhos
z Arrastar um item segurando a tecla Alt no teclado,
e ao soltar, o atalho é criado;
z No menu de contexto (botão direito) escolha
“Enviar para... Área de Trabalho (criar atalho);
Diretório raiz Raiz z Um atalho para uma pasta cujo conteúdo está sen-
do exibido no Explorador de Arquivos pode ser
criado na área de trabalho arrastando o ícone da
pasta, mostrado na barra de endereços e soltando-
152 Figura 4. Árvore de diretórios -o na área de trabalho.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

ÁREA DE TRABALHO

A interface gráfica do Windows é caracterizada pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do Windows
exibe ícones de pastas, arquivos, programas, atalhos, barra de tarefas (com programas que podem ser executados
e programas que estão sendo executados) e outros componentes do Windows.
A área de trabalho do Windows 10, também conhecida como Desktop, é reconhecida pela presença do papel de
parede ilustrando o fundo da tela. É uma imagem, que pode ser um bitmap (extensão BMP), uma foto (extensão
JPG), além de outros formatos gráficos. Ao ver o papel de parede em exibição, sabemos que o computador está
pronto para executar tarefas.

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox


Edge Chrome Thunderbird Secure Co..

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs.. cespe.txt

Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10.

Na área de trabalho podemos encontrar Ícones e estes podem ser ocultados se o usuário escolher ‘Ocultar
ícones da área de trabalho’ no menu de contexto (botão direito do mouse, Exibir). Os ícones representam atalhos,
arquivos, pastas, unidades de discos e componentes do Windows (como Lixeira e Computador).
No canto inferior esquerdo encontraremos o botão Iniciar, que pode ser acionado pela tecla Windows ou pela
combinação de teclas Ctrl+Esc. Ao ser acionado, o menu Iniciar será apresentado na interface de blocos que sur-
giu com o Windows 8, interface Metro.
A ideia do menu Iniciar é organizar todas as opções instaladas no Windows 10, como acessar Configurações
(antigo Painel de Controle), programas instalados no computador, apps instalados no computador a partir da
Windows Store (loja de aplicativos da Microsoft) etc.
Ao lado do botão Iniciar encontramos a caixa de pesquisas (Cortana). Com ela, poderemos digitar ou ditar o
nome do recurso que estamos querendo executar e o Windows 10 apresentará a lista de opções semelhantes na
área de trabalho e a possibilidade de buscar na Internet. Além da digitação, podemos falar o que estamos queren-
do procurar, clicando no microfone no canto direito da caixa de pesquisa.
A seguir, temos o item Visão de Tarefas sendo uma novidade do Windows 10, que permite visualizar os dife-
rentes aplicativos abertos (como o atalho de teclado Alt+Tab clássico) e alternar para outra Área de Trabalho. O
atalho de teclado para Visão de Tarefas é Windows+Tab.
Enquanto no Windows 7 só temos uma Área de Trabalho, o Windows 10 permite trabalhar com várias áreas de
trabalho independentes, onde os programas abertos em uma não interfere com os programas abertos em outra.
A seguir, a tradicional Barra de Acesso Rápido, que organiza os aplicativos mais utilizados pelo usuário, per-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

mitindo o acesso rápido, tanto por clique no mouse, como por atalhos (Windows+1 para o primeiro, Windows+2
para o segundo programa etc.) e também pelas funcionalidades do Aero (como o Aero Peek, que mostrará minia-
turas do que está em execução, e consequente transparência das janelas).
A Área de Notificação mostrará a data, hora, mensagens da Central de Ações (de segurança e manutenção),
processos em execução (aplicativos de segundo plano) etc. Atalho de teclado: Windows+B.
Por sua vez, em “Mostrar Área de Trabalho”, o atalho de teclado Windows+D mostrará a área de trabalho ao
primeiro clique e mostrará o programa que estava em execução ao segundo clique. Se a opção “Usar Espiar para
visualizar a área de trabalho ao posicionar o ponteiro do mouse no botão Mostrar Área de Trabalho na extremida-
de da barra de tarefas” estiver ativado nas Configurações da Barra de Tarefas, não será necessário clicar. Bastará
apontar para visualizar a Área de Trabalho.
Uma novidade do Windows 10 foi a incorporação dos Blocos Dinâmicos (que antes estavam na interface Metro
do Windows 8 e 8.1) no menu Iniciar. Os blocos são os aplicativos fixados no menu Iniciar. Se quiser ativar ou
desativar, pressione e segure o aplicativo (ou clique com o botão direito do mouse) que mostra o bloco dinâmico
e selecione Ativar bloco dinâmico ou Desativar bloco dinâmico. 153
Navegador padrão
do Windows 10 Atalhos

Itens Excluídos

Lixeira Microsoft Google Mozilla Kaspersky


Pastas de Firefox Arquivos
Edge Chrome Thunderbird Secure Co..
Arquivos

Provas Dawnloads caragua.docx Lista de Extra - dicas


Anteriores e-mails par.. Ebook-Curs.. cespe.txt
Central de
Botão Iniciar Barra de Área de
Visão de Tarefas Ações
Cortana Acesso rápido Notificação

Barra de Tarefas

Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.

Mostrar área de trabalho agora está no canto inferior direito, ao lado do relógio, na área de notificação da
Barra de Tarefas. O atalho continua o mesmo: Win+D (Desktop)

Aplicativos fixados na Barra de Tarefas são ícones que permanecem em exibição todo o tempo.

Aplicativo que está em execução 1 vez possui um pequeno traço azul abaixo do ícone.

Aplicativo que está em execução mais de 1 vez possui um pequeno traço segmentado azul no ícone.

154
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, esta-
mos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área
de Transferência, para ser inserida em outro local,
como em um documento do Microsoft Word ou edição
pelo acessório Microsoft Paint.
1 +1 não está em Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
execução execução execução
estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
mentos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
EXERCÍCIOS COMENTADOS conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
rência será inserido no local atual.
1. (VUNESP – 2019) No Windows 7, em sua configura-
ção padrão, um usuário que esteja com muitos aplica- Dica
tivos abertos e deseje visualizar rapidamente a Área As três teclas de atalhos mais questionadas
de Trabalho pode usar o seguinte atalho por teclado: em questões do Windows são Ctrl+X, Ctrl+C
e Ctrl+V, que acionam os recursos da Área de
a) Tecla Windows + R
Transferência.
b) Tecla Windows + M
c) Tecla Windows + B
As ações realizadas no Windows, em sua quase
d) Tecla Windows + T
totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
e) Tecla Windows + W
teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
Por exemplo, ao excluir um item por engano, e pres-
No Windows, atalhos de teclado que utilizam a
sionar Del ou Delete, o usuário pode acionar Ctrl+Z
tecla Windows são prioritários. Serão executados a
(Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
qualquer momento, independente de qual aplicativo
sidade de acessar a Lixeira do Windows.
esteja em execução. Windows+M é para minimizar
E outras ações podem ser repetidas, acionando o
todas as janelas, exibindo a Área de Trabalho.
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Windows+R é para Executar (Run).
Para obter uma imagem de alguma janela em
Windows+B é Área de Notificações.
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Windows+D é para mostrar a Área de Trabalho
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
(Desktop). Resposta: Letra B.
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade é usar a Fer-
2. (VUNESP – 2019) Um usuário do Microsoft Windows,
ramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no
em sua configuração padrão, está editando um arqui-
Windows.
vo de texto no programa Bloco de Notas. Caso esse
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem
usuário acione conjuntamente a tecla Windows e a
capturada, poderá fazer com o atalho de teclado Win-
tecla D, será
dows+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo
na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
a) desfeita a última ação da edição. A área de transferência é um dos principais recur-
b) mostrada a Área de Trabalho. sos do Windows, que permite o uso de comandos,
c) aberto o Painel de Controle. realização de ações e controle das ações que serão
d) aberto o último arquivo editado. desfeitas.
e) salvo o arquivo em edição.
MANIPULAÇÃO DE ARQUIVOS E PASTAS
No Windows, atalhos de teclado que utilizam a
tecla Windows são prioritários. Serão executados a
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
qualquer momento, independente de qual aplicativo
cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
esteja em execução. Windows+D é para mostrar a
zada com sucesso.
Área de Trabalho (Desktop). Resposta: Letra B.
z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
ÁREA DE TRANSFERÊNCIA
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Um arquivo chamado documento.docx será consi-


Um dos itens mais importantes do Windows não é derado igual ao nome Documento.DOCX.
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena z O Windows não permite que dois itens tenham o
uma informação de cada vez. A informação armaze- mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba rem armazenados no mesmo local.
trabalhando em praticamente todas as operações de z O Windows não aceita determinados caracteres
manipulação de pastas e arquivos. nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo para outras operações, que são proibidos na hora
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
Windows+V (View). vos e pastas podem ser compostos por qualquer
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), caractere disponível no teclado, exceto os carac-
estamos copiando o item para a memória RAM, para teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
ser inserido em outro local, mantendo o original e ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
criando uma cópia. opção), | (barra vertical, significa concatenador de 155
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcio-
nador de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa
impressora) e AUX (indica um auxiliar), por referenciar itens de hardware nos comandos digitados no Prompt
de Comandos. (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos
TYPE TEXTO.TXT > PRN).

Entre os caracteres proibidos, o asterisco é o mais conhecido. Ele pode ser usado para substituir de zero à N
caracteres em uma pesquisa, tanto no Windows como nos sites de busca na Internet.
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. As
bancas organizadoras costumam questionar ações práticas nas provas e, na maioria das vezes utilizam imagens
nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO


Atalhos de teclado Resultado da operação
Ctrl+X e Ctrl+V
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de erro.
na mesma pasta
Ctrl+X e Ctrl+V
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido
em locais diferentes
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia) para diferenciar
na mesma pasta do original.
Ctrl+C e Ctrl+V Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e
em locais diferentes extensão.
Tecla Delete em um item do Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item
disco rígido estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.
Tecla Delete em um item do Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades
disco removível removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo
F2 nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens. Não
é permitido renomear um item que esteja aberto na memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla Delete (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clique simples no botão principal Selecionar o item

156 Clique simples no botão secundário Exibir o menu de contexto do item


OPERAÇÕES COM MOUSE
AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for editável, com
Duplo clique o programa padrão que está associado. Nos programas do com-
putador, poderá abrir um item através da opção correspondente.
Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será sugeri-
Duplo clique pausado
do numerar o item renomeado com um sufixo.
Arrastar com botão principal pressionado e soltar na
O item será movido
mesma unidade de disco
Arrastar com botão principal pressionado e soltar
O item será copiado
em outra unidade de disco
Arrastar com botão secundário do mouse pressio- Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local onde
nado e soltar na mesma unidade soltar)
Arrastar com botão secundário do mouse Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
pressionado e soltar em outra unidade de disco onde soltar) ou “Mover aqui”

Arrastar na mesma unidade, será movido. Arrastar entre unidades diferentes, será copiado.

OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE

AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, inde-
a tecla CTRL pressionada pendente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, inde-
a tecla SHIFT pressionada pendente da origem ou do destino da ação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) gem ou do destino da ação

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens
a tecla CTRL pressionada

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o iní-


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
cio, e o último item será o final, de uma região contínua de
a tecla SHIFT pressionada
seleção

Extensões de arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.

Importante!
Existem arquivos sem extensão, como itens do sistema operacional. Ela é opcional e procura associar o
arquivo com um programa para visualização ou edição. Se o arquivo não possui extensão, o usuário não
conseguirá executar ele, por se tratar de conteúdo de uso interno do sistema operacional (que não deve ser
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

manipulado).

Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento
PDF
portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados
DOCX
pelo LibreOffice Writer.
157
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo Li-
XLSX
breOffice calc.

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice
PPTX
Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por
TXT
vários programas do computador.

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de
RTF
texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.

MP4, AVI, Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
MPG do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player e o Groo-
MP3
ve Music, podem reproduzir o som.

BMP, GIF,
Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura
JPG, PCX,
da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.
PNG, TIF

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas
ZIP
adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que podem ser
DLL
usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.

EXE, COM,
Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem executados.
BAT

Uma das extensões menos conhecidas e mais questionadas das bancas é a extensão RTF. Rich Text Format, uma
tentativa da Microsoft em criar um padrão de documento de texto com alguma formatação para múltiplas plata-
formas. A extensão RTF pode ser aberta pelos programas editores de textos, como o Microsoft Word e LibreOffice
Writer, e é padrão do acessório do Windows WordPad.
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão.
Alterando esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
As Configurações do Windows e dos programas instalados estão armazenados no Registro do Windows. O
arquivo do registro do Windows pode ser editado pelo comando regedit.exe, acionado na caixa de diálogo “Exe-
cutar”. Entretanto, não devemos alterar suas hives (chaves de registro) sem o devido conhecimento, pois poderá
inutilizar o sistema operacional.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de
ajustes do Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exibi-
da a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot móvel/ Uso de dados/ Proxy.
Modo Avião é uma configuração comum em smartphones e tablets que permite desativar, de maneira rápida,
a comunicação sem fio do aparelho – que inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, NFC e todos os
demais tipos de uso da rede sem fio.
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar informa-
158 ções, como, por exemplo, a data de modificação e o tamanho de cada arquivo.
Modos de Exibição do Windows 10

z ícones extras grandes: ícones extra grandes com nome (e extensão);


z ícones grandes: ícones grandes com nome (e extensão);
z ícones médios: ícones médios com nome (e extensão) organizados da esquerda para a direita;
z ícones pequenos: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados da esq. para a direita;
z Listas: ícones pequenos com nome (e extensão) organizados de cima para baixo;
z Detalhes: ícones pequenos com nome, data de modificação, tipo e tamanho;
z Blocos: ícones médios com nome, tipo e tamanho, organizados da esq. para a direita;
z Conteúdo: ícones médios com nome, autores, data de modificação, marcas e tamanho.

Um dos temas mais questionado em provas anteriores são os modos de exibição do Windows. Se tem um
computador com Windows 10, procure visualizar os modos de exibição no seu Explorador de Arquivos. Praticar
a disciplina no computador, ajuda na memorização dos recursos.

2. Barra ou linha de título


3. Minimizar 4. Maximizar 5. fechar

1. Barra de menus

Área de trabalho do aplicativo

6. Barra de Rolagem

Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.

1. Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para
seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento).
Para deslocar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem. 159
USO DOS MENUS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
No Windows 10, tanto pelo Explorador de Arquivos
1. (VUNESP – 2019) No Windows 10, em sua configura- como pelo menu Iniciar, encontramos as opções para
ção padrão, os arquivos e pastas apresentam algumas gerenciamento de arquivos, pastas e configurações.
características, como O Windows 10 disponibiliza listas de atalho como
recurso que permite o acesso direto a sítios, músicas,
a) poder ter nomes de qualquer tamanho. documentos ou fotos. O conteúdo dessas listas está
b) os arquivos marcados como favoritos, que só podem diretamente relacionado com o programa ao qual
ser apagados mediante o fornecimento de senha. elas estão associadas. O recurso de Lista de Atalhos,
c) os seus nomes não aceitarem caracteres especiais, novidade do Windows 7 que foi mantida nas versões
como ? e *. seguintes, possibilita organizar os arquivos abertos
d) não mais permitir arquivos ocultos. por um aplicativo ao ícone do aplicativo, com a possi-
e) ao contrário de outras versões do Windows, não mais bilidade ainda de fixar o item na lista.
possuem extensão. No Explorador de Arquivos do Windows 10, os
menus foram trocados por guias, semelhante ao
Quando as informações são armazenadas no com- Microsoft Office. Ao pressionar ALT, nenhum menu
putador, elas precisam ser nomeadas. Os nomes dos escondido será mostrado (como no Windows 7), mas
arquivos que contém os dados armazenados, e das os atalhos de teclado para as guias Arquivo, Início,
pastas onde os arquivos estão organizados, segue a Compartilhar e Exibir.
mesma regra desde os primeiros computadores PC
no final dos anos 70.
Os nomes poderão ter até 255 caracteres, que soma-
dos aos caracteres de unidade de disco e diretório raiz,
totalizará 260 caracteres no caminho de pasta. As
extensões são opcionais, porém não foram eliminadas
na versão do sistema operacional Windows 10.
Os nomes de arquivos e pastas podem ser compos-
O botão direito do mouse exibe a janela pop-up
tos por qualquer caractere disponível no teclado, à
chamada “Menu de Contexto”. Em cada local que for
exceção dos caracteres * (asterisco, usado em bus-
clicado, uma janela diferente será mostrada.
cas), ? (interrogação, usado em buscas), / (barra As opções exibidas no menu de contexto contém
normal, significa opção), | (barra vertical, significa as ações permitidas para o item clicado naquele local.
concatenador de comandos), \ (barra invertida, indi- Através do menu de contexto da área de trabalho,
ca um caminho), “ (aspas, abrange textos literais), : podemos criar nova pasta (Ctrl+Shift+N), novo Atalho,
(dois pontos, significa unidade de disco), < (sinal de ou novos arquivos (Imagem de bitmap [BMP Paint],
menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal Documento do Microsoft Word [DOCX Microsoft
de maior, significa direcionador de saída). Resposta: Word], Formato Rich Text [RTF WordPad], Documen-
Letra C. to de Texto [TXT Bloco de Notas], Planilha do Micro-
soft Excel [XLSX Microsoft Excel], Pasta Compactada
2. (VUNESP – 2018) Em um computador com um mouse [extensão ZIP], entre outros).
e o sistema operacional Windows 10, ambos em suas
configurações padrão, ao se arrastar com o mouse Dica
(mantendo-se o seu botão esquerdo pressionado) um
arquivo X, que se encontra na pasta A, para a pasta B, Arquivos de imagens são editados pelo acessó-
se A e B estiverem rio do Windows Microsoft Paint, que no Windo-
ws 10 oferece a versão Paint 3D.
a) em unidades de disco diferentes, X será copiado em B
e automaticamente aberto. Cada item (pasta ou arquivo) armazena uma série
b) em unidades de disco diferentes, X será retirado de A de informações relacionadas a si próprio. Estas infor-
e copiado em B. mações podem ser consultadas em Propriedades,
c) na mesma unidade de disco, X será retirado de A e acessado no menu de contexto, exibido quando clicar
copiado em B. com o botão direito do mouse sobre o item.
d) na mesma unidade de disco, X será copiado em B, e Ao clicar com o botão direito sobre o ícone da Lixei-
a versão que se encontrava em A será colocada na ra, será mostrado o menu de contexto, e escolhendo
Lixeira. ‘Esvaziar Lixeira’, os itens serão removidos definiti-
e) na mesma unidade de disco, X será copiado em B e vamente. Pelo Windows não haverá como recuperar...
automaticamente aberto.
PROGRAMAS E APLICATIVOS
Quando itens (arquivos ou pastas) são arrastados
pelo usuário com o botão principal pressionado, Os programas associados ao Windows 10 podem
eles poderão ser movidos ou copiados. Se a origem e ser classificados em:
o destino são na mesma unidade de disco, eles serão
movidos, retirado da origem e copiado no destino. z Componentes do sistema operacional;
Se a origem e o destino são em unidades diferentes, z Aplicativos e Acessórios;
eles serão copiados, mantendo o original e copiado z Ferramentas de Manutenção e Segurança.
no destino. Resposta: Letra C. z App’s – aplicativos disponíveis na Loja (Windows
160 Store) para instalação no computador do usuário.
Dica
Os acessórios do Windows são aplicativos nativos do sistema operacional, que estão disponíveis para utiliza-
ção mesmo que não existam outros programas instalados no computador. Os acessórios oferecem recursos
básicos para anotações, edição de imagens e edição de textos.

Na primeira categoria encontramos o Configurações (antigo Painel de Controle). Usado para realizar as confi-
gurações de software (programas) e hardware (dispositivos), permite alterar o comportamento do sistema opera-
cional, personalizando a experiência no Windows 7. No Windows 10 o Painel de Controle chama-se Configurações,
e pode ser acessado pelo atalho de teclado Windows+X no menu de contexto, ou diretamente pelo atalho de tecla-
do Windows+I.
Na segunda categoria, temos programas que realizam atividades e outros que produzem mais arquivos. Por
exemplo, a calculadora. É um acessório do Windows 10 que inclui novas funcionalidades em relação às versões
anteriores, como o cálculo de datas e conversão de medidas. Temos também o Notas Autoadesivas (como peque-
nos post its na tela do computador).
Outros acessórios são o WordPad (para edição de documentos com alguma formatação), Bloco de Notas (para
edição de arquivos de textos), MSPaint (para edição de imagens) e Visualizador de Imagens (que permite ver uma
imagem e chamar o editor correspondente).
E finalmente, as ferramentas do sistema. Desfragmentar e Otimizar Unidades9 (antigo Desfragmentador de
Discos, para organizar clusters10), Verificação de Erros (para procurar por erros de alocação), Backup do Windows
(para cópia de segurança dos dados do usuário) e Limpeza de Disco (para liberar espaço livre no disco).

Desfragmentar e Otimizar Unidades


Aplicativo da área de trabalho

Otimizar e desfragmentar unidade


A otimização das unidades do computador pode
ajudá-lo a funcionar com mais eficiência.

Otimizar

No menu Iniciar, em Ferramentas Administrativas do Windows, encontraremos os outros programas, como


por exemplo: Agendador de Tarefas, Gerenciamento do Computador, Limpeza de Disco etc. Na parte de segurança
encontramos o Firewall do Windows, um filtro das portas TCP do computador, que autoriza ou bloqueia o acesso
para a rede de computadores, e de acesso externo ao computador.

Firewall do Windows
Painel de controle

A tabela a seguir procura resumir os recursos e novidades do Windows 10. Confira.

WINDOWS 10 O QUE
Explorador de Arquivos Gerenciamento de arquivos e pastas do computador.
Referência ao local no gerenciador de arquivos e pastas para unidades de discos e
Este Computador
pastas Favoritas.
Ferramenta de sistema para organizar os arquivos e pastas do computador, melho-
Desfragmentar e Otimizar Unidades
rando o tempo de leitura dos dados.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Win+S Pesquisar
Envia imediatamente Pressionar DEL em um item selecionado.
Configurações Permite configurar software e hardware do computador.
Home, Pro, Enterprise, Education. Edições do Windows
xBox (Games, músicas = Groove) Integração com xBox, modo multiplayer gratuito, streaming de jogos do xBox One.
Com blocos dinâmicos (live tiles) Menu Iniciar
Hyperboot & InstantGo Inicialização rápida

9  Em cada local do Windows, o item poderá ter um nome diferente. “Desfragmentar e Otimizar Unidades” é o nome do recurso. “Otimizar e
desfragmentar unidade” é o nome da opção.
10  Unidades de alocação. Quando uma informação é gravada no disco, ela é armazenada em um espaço chamado cluster. 161
WINDOWS 10 O QUE
Menu Iniciar, Barra de Tarefas e Blo-
Fixar aplicativos
cos Dinâmicos
Windows Hello Autenticação biométrica permite logar no sistema sem precisar de senhas.
Acessar os documentos do OneDrive diretamente do Windows Explorer e Explora-
OneDrive integrado
dor de Arquivos
Permite alternar de maneira fácil entre os modos de desktop e tablet, sendo ideal
Continuum
para dispositivos conversíveis.
Microsoft Edge O novo navegador da Microsoft está disponível somente no Windows 10.
Com funcionamento análogo à Google Play Store e à Apple Store, o ambiente per-
Windows Store
mite comprar jogos, apps, filmes, músicas e programas de TV.
Desktops virtuais O recurso permite visualizar dados de vários computadores em uma única tela.
Windows Update, Windows Update for
Fornecimento do Windows como um serviço, para manter o Windows atualizado
Business, Current Branch for Business
Windows as a Service – WaaS
e Long Term Servicing Branch
Intregração com Windows Phone Aplicativos Fotos aprimorado
O modo tablet deixa o Windows mais fácil e intuitivo de usar com touch em dispo-
Modo tablet
sitivos tipo conversíveis.
Email, Calendário, Notícias, entre ou-
Executar aplicativos Metro (Windows 8 e 8.1) em janelas
tros – também foram melhorados.
Compartilhar Wi-Fi Compartilhar sua rede Wi-Fi com os amigos sem revelar a senha
Complemento para Telefone Sincronizar dados entre seu PC e smartphone ou tablete, seja iOs ou Android.
Configurações > Sistema >
Analisar o espaço de armazenamento em seu PC
Armazenamento
Prompt de Comandos Usar o comando Ctrl + V no prompt de comando
Cortana Assistente pessoal semelhante a Siri da Apple, que já está disponível em português.
Na área de notificações do Windows 10, a Central de Notificações reúne as mensa-
Central de Notificações
gens do e-mail, do computador, de segurança e manutenção, entre outras.

Quando você clica duas vezes em um arquivo, como por exemplo, uma imagem ou documento, o arquivo
é aberto no programa que está definido como o “programa padrão” para esse tipo de arquivo no Windows 10.
Porém, se você gosta de usar outro programa para abrir o arquivo, você pode defini-lo como padrão. Disponível
em Configurações, Sistema, Aplicativos Padrão.

O Bloco de Notas (notepad.exe): é um acessório do Windows para edição de arquivos de texto sem formatação,
162 com extensão TXT.
O Windows Update (verificar se há atualizações) é
o recurso do Windows para manter ele sempre atua-
lizado. Está em Configurações (atalho de teclado Win-
dows+I), Atualização e segurança.

O WordPad (wordpad.exe) é um acessório do Win-


dows para edição de arquivos de texto com alguma
formatação, com extensão RTF e DOCX.
O WordPad se assemelha ao Microsoft Word, com
recursos simplificados.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa correta sobre
o Bloco de Notas do Microsoft Windows 10, em sua
configuração padrão.

a) Existe um recurso de criação de tabelas, igual ao


Microsoft Word 2016.
O Paint (mspaint.exe) é o acessório do Windows b) É possível trocar a fonte de letra de um texto digitado.
para edição de imagens BMP, GIF, JPG, PNG e TIF. c) Imagens podem ser incluídas em um texto criado no
Bloco de Notas, porém apenas copiando a partir da
Área de Transferência.
d) É possível alterar a cor das letras de um texto digitado.
e) O Bloco de Notas tem um recurso de corretor ortográ-
fico, mas não corretor gramatical.

O Bloco de Notas é um editor de anotações simples,


que trabalha com o formato .TXT (Texto sem Forma-
tação), que não permite a criação de tabelas, alte-
ração das cores de fontes ou inserção de imagens,
pois são elementos gráficos de formatação não
A Ferramenta de Captura é um aplicativo da área suportados. O Bloco de Notas não possui recursos
de trabalho do Windows 10, que permite copiar parte de correção do texto como o corretor ortográfico e
de alguma tela em exibição. gramatical, função disponível em editores de textos
como o Microsoft Word, integrante do pacote de
aplicativos Microsoft Office. Resposta: Letra B.

2. (VUNESP – 2019) No sistema operacional Windows


10, existe a possibilidade de se executar um aplicativo
que otimiza as unidades do disco rígido para ajudar o
computador a executar programas com mais eficiên-
cia. Trata-se do aplicativo

Notas Autoadesivas (que agora se chama Stick a) Desfragmentar e Otimizar Unidades.


Notes) é um aplicativo do Windows 10, que permite a b) Limpar Unidades.
inserção de pequenas notas de texto na área de traba- c) Compactar e Limpar Unidades.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

lho do Windows, como recados do tipo Post-It. d) Compactar Unidades.


As Anotações podem ser vinculadas ao Microsoft e) Fragmentar e Limpar Unidades.
Bing e assistente virtual Cortana. Assim, ao anotar um
endereço, o mapa é exibido. Ao anotar um número de As informações armazenadas nos discos de armaze-
voo, as informações serão mostradas sobre a partida. namento poderão estar fragmentadas, e isto significa
O aplicativo “Filmes e TV” pode ser usado para que os arquivos estão distribuídos em vários clusters
visualização de vídeos, assim como o “Windows Media (unidades de alocação), reduzindo o desempenho de
Player”. leitura dos programas. Para melhorar o tempo de
O Prompt de Comandos (cmd.exe) é usado para leitura, o aplicativo Desfragmentar e Otimizar Uni-
digitar comandos em um terminal de comandos. dades permite a organização dos dados gravados no
O Microsoft Edge é o navegador de Internet padrão disco em uma sequência de clusters, permitindo que
do Windows 10 . Podemos usar outros navegadores, a transferência ocorra sem a necessidade de pesqui-
como o Internet Explorer 11 , Mozilla Firefox , Google sar as partes distribuídas em outros locais do disco
Chrome , Apple Safari, Opera Browser, etc. de armazenamento. Resposta: Letra A. 163
INTERAÇÃO COM O CONJUNTO DE APLICATIVOS d) um Atalho para as informações a serem transferidas.
MS-OFFICE 2010 e) o recurso Interação com o Conjunto de Aplicativos.

z Os documentos de texto produzidos pelo Microsoft A área de transferência permite a transferência de


Word 2010 possuem a extensão DOCX. informações de um aplicativo para outro. Selecionan-
z Os documentos de texto habilitados para macros11, do o texto no Word e copiando, uma cópia permanece
possuem a extensão DOCM. na Área de Transferência (memória RAM) até ser cola-
z Um modelo12 de documento é um arquivo que pode
do em outro programa, como o Microsoft Excel, editor
ser usado para criar novos arquivos a partir de uma
de planilhas do Office. Resposta: Letra B.
formatação pré-estabelecida. A extensão é DOTX.
z Um modelo de documento habilitado para macros
contém além da formatação básica para criação de 2. (VUNESP – 2020) Um usuário do MS-Windows com
outros documentos, comandos programados para MS-Office 2010, em suas configurações originais,
automatização de tarefas. A extensão é DOTM. acessou uma pasta em seu computador e viu a lista
z As pastas de trabalho produzidas pelo Microsoft de arquivos exibida a seguir.
Excel 2010 possuem a extensão XLSX.
z As pastas de trabalho habilitadas para macros pos-
suem a extensão XLSM. arq.pptx
z As pastas de trabalho do tipo modelo, possuem a
extensão XLTX. bbc.docx
z As pastas de trabalho do tipo modelo habilitadas
para macros possuem a extensão XLTM.
otr.txt
z O arquivo do Excel que contém os dados de uma slc.xlsx
planilha que não foi salva, que pode ser recupera-
da pelo usuário, possui a extensão XLSB. (binário) wpa.zip
z O arquivo com extensão CSV (Comma Separated
Values) contém textos separados por vírgula, que
podem ser importados pelo Excel, podem ser usa-
A quantidade de arquivos na imagem cuja extensão
dos em mala direta do Word, incorporados a um
banco de dados, etc. corresponde a editores de texto é
z Um arquivo com a extensão. contact é um contato,
que pode ser usado no Outlook 2016 a) 1.
z Arquivos compactados com extensão ZIP podem b) 2.
armazenar outros arquivos e pastas. c) 3.
z Os arquivos compactados podem ser criados d) 4.
pelo menu de contexto, opção Enviar para, Pasta e) 5.
Compactada.
z Os arquivos de Internet, como páginas salvas, rece- São dois arquivos. “bbc.docx” é um documento do
bem a extensão HTML e uma pasta será criada
Microsoft Word e “otr.txt” é um arquivo de texto
para os arquivos auxiliares (imagens, vídeos, etc.).
z O conteúdo de arquivos do Office pode ser transfe- sem formatação do acessório do Windows Bloco
rido para outros arquivos do próprio Office através de Notas. “arq.pptx” é uma apresentação de slides
da Área de Transferência do Windows. do Microsoft PowerPoint, “slc.xlsx” é uma pasta de
z O conteúdo formatado do Office poderá ser trans- trabalho do Microsoft Excel e “wpa.zip” é uma pasta
ferido para outros arquivos do Windows, mas a compactada, um arquivo que contém outros arqui-
formatação poderá ser perdida. vos e/ou pastas compactados. Resposta: Letra B.

Atalhos de teclado – Windows 10


EXERCÍCIOS COMENTADOS
Dica
1. (VUNESP – 2018) Um usuário de um computador com
Windows e o MS-Office deseja elaborar um relatório Os atalhos de teclado do Windows são de ter-
no MS-Word, utilizando informações extraídas de uma mos originais em inglês. Por serem atalhos de
planilha elaborada no MS-Excel. Uma das maneiras teclado do sistema operacional, são válidos para
de se realizar a transferência das informações para o os programas que estiverem sendo executados
MS-Word é selecionando as informações desejadas no Windows.
no MS-Excel e utilizando

a) a Área de Trabalho, que receberá as informações a ATALHO AÇÃO


serem transferidas.
b) a Área de Transferência, que receberá as informações Alterna para o próximo aplicativo em
Alt+Esc
a serem transferidas. execução
c) a Área de Notificação, por meio da qual as informa- Exibe a lista dos aplicativos em
ções a serem transferidas são notificadas ao aplicati- Alt+Tab
execução
vo que irá recebê-las.
11  Macros são pequenos programas desenvolvidos dentro de arquivos do Office, para automatização de tarefas. Os códigos dos programas
são escritos em linguagem VBA – Visual Basic for Applications. Arquivos com macros podem conter vírus, e no momento da abertura, o
programa perguntará se o usuário deseja ativar ou não as macros.
164 12  Template = modelo de documento, planilha ou apresentação, com a formatação básica a ser usada no novo arquivo.
ATALHO AÇÃO ATALHO AÇÃO

Volta para a pasta anterior, que es- Minimiza todas as janelas e mostra a
Backspace tava sendo exibida no Explorador de Win+M área de trabalho, retornando como esta-
Arquivos. vam antes.

Ctrl+A Selecionar tudo Selecionar o monitor/projetor que será


Win+P usado para exibir a imagem, podendo
Copia o item (os itens) para a Área de repetir, estender ou escolher
Ctrl+C
Transferência
Search, para pesquisas (substitui o
Ctrl+Esc Botão Início Win+S
Win+F)
Ctrl+E / Exibe a lista dos aplicativos em execu-
Pesquisar Win+Tab
Ctrl+F ção em 3D (Visão de Tarefas)
Ctrl+Shif- Menu de acesso rápido, exibido ao lado
Gerenciador de Tarefas Win+X
t+Esc do botão Iniciar
Cola o item (os itens) da Área de Trans-
Ctrl+V
ferência no local do cursor

Move o item (os itens) para a Área de SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO


Ctrl+X
Transferência
O QUE É SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO?
Ctrl+Y Refazer
Uma pergunta curta, mas que tem muitas informa-
Desfaz a última ação. Se acabou de
renomear um arquivo, ele volta ao nome ções relacionadas para elaboração de uma resposta
Ctrl+Z original. Se acabou de apagar um arqui- completa. As informações para responder esta per-
vo, ele restaura para o local onde estava gunta você encontrará nos tópicos deste material.
antes de ser deletado. As redes de computadores se tornaram cada vez
mais interligadas e complexas. Elas integram atual-
Del Move o item para a Lixeira do Windows mente muitos dispositivos, que talvez você não conhe-
F1 Exibe a ajuda ça, mas que estão ali promovendo a troca de dados
entre o seu equipamento e o servidor remoto que está
F11 Tela Inteira acessando. E claro, os criminosos virtuais podem aces-
sar redes de qualquer lugar do mundo.
Renomear, trocar o nome: dois arquivos
com mesmo nome e mesma extensão Os profissionais de Segurança da Informação
não podem estar na mesma pasta, se procuram proteger os dados armazenados e trafega-
F2 já existir outro arquivo com o mesmo dos entre os dispositivos por meio de equipamentos,
nome, o Windows espera confirmação, programas e técnicas direcionadas. Treinamento dos
símbolos especiais não podem ser usa- usuários também é importante, considerando que ele
dos, como / | \ ? * “ < > : é o elo mais fraco e vulnerável no que se refere à Segu-
rança da Informação.
Pesquisar, quando acionado no Explora-
F3
dor de Arquivos. Win+S fora dele.

F5 Atualizar

Exclui definitivamente, sem armazenar


Shift+Del
na Lixeira

Win Abre o menu Início


Figura 1. A conexão entre o usuário cliente e o servidor é realizada
Acessa o primeiro programa da barra de
Win+1 por diferentes equipamentos, que são transparentes para o usuário
tarefas final.
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Acessa o segundo programa da barra de


Win+2 Entre o servidor remoto e o usuário final, as infor-
tarefas
mações solicitadas passarão por vários dispositivos de
Win+B Acessa a Área de Notificação conexão (roteadores, repetidores de sinal, switches,
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho) bridges, gateways) antes de serem apresentadas no
dispositivo do usuário.
Win+E Abre o Explorador de Arquivos. É importante saber que o paradigma cliente-ser-
vidor. Nós somos clientes e acessamos informações
Feedback – hub para comentários sobre
Win+F em servidores remotos. As redes de computadores,
o Windows.
em concursos públicos, são abordadas seguindo este
Win+I Configurações (Painel de Controle) paradigma. Usamos cliente web (browser ou navega-
dor) para acessar um servidor web. Usamos cliente de
Win+L Bloquear o Windows (Lock, bloquear)
e-mail para acessar um servidor de e-mail. Usamos
um cliente FTP para acessar um servidor FTP. 165
Figura 2. O tráfego de dados em uma conexão é um ativo interessante para invasores, vírus de computadores e softwares maliciosos.

Invasores tentarão acessar a conexão e capturar os dados trafegados, vírus de computador procuram infectar
os arquivos e causar danos aos sistemas, softwares maliciosos podem infectar dispositivos e sequestrar arquivos.

Figura 3. Um protocolo seguro protege o tráfego de dados em uma conexão insegura, criptografando as informações que são enviadas e recebidas.

O usuário deverá utilizar um protocolo seguro para acessar os dados, manter o seu dispositivo atualizado
e protegido, utilizar uma senha forte de acordo com as políticas de segurança e práticas recomendadas, entre
outras ações.

Procedimentos de Segurança

O usuário deve utilizar conexões seguras (como as VPN’s – Virtual Private Network) para acesso aos Servi-
ços remotos (Computação na Nuvem); proteger-se das ameaças e ataques à Segurança da Informação utilizando
medidas de proteção em seu dispositivo (como antivírus, firewall e anti-spyware).
Iniciaremos os estudos de Segurança da Informação com o tópico VPN. Elas são muito importantes para a
comunicação segura, e foi destaque no ano de 2020 por causa do trabalho remoto (home office). Empresas e usuá-
rios que não utilizavam uma conexão remota segura, precisaram se adaptar aos novos tempos. Em concursos, a
tendência é que aumente a frequência de questões, pois se tornou um tema popular devido à pandemia.
A seguir, conheceremos como é a Computação na Nuvem. Suas características, os tipos de nuvem, os serviços
oferecidos e as vantagens e desvantagens. Lembrando que este foi um tópico importante nos concursos da Polícia
Federal e Polícia Rodoviária Federal, em provas de todos os cargos.
Vírus de computador e softwares maliciosos. Quem nunca foi vítima, não é mesmo? O terceiro tópico de Segu-
rança da Informação abordará os ataques e ameaças, com destaque para os principais e mais comuns em provas
de concursos. Assim como Computação na nuvem, o tópico “noções de vírus, worms e pragas virtuais” também é
muito questionado em concursos públicos.
Finalizando o conteúdo de Segurança da Informação, estudaremos os mecanismos de proteção e defesa contra
os ataques e ameaças. Existem equipamentos de proteção, mas em concursos públicos são questionados os “apli-
cativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc)”.

Dica
Apesar de existirem soluções integradas e avançadas para os problemas de Segurança da Informação, que
até usamos em nossos dispositivos, nos concursos públicos são questionadas as definições oficiais e as
configurações padrão dos programas.
NOÇÕES DE REDES PRIVADAS VIRTUAIS (VPN)

As redes privadas virtuais, popularmente identificadas pela sigla VPN (do inglês Virtual Private Network), são
criadas pelas empresas e usuários para estabelecer uma conexão segura entre dois pontos.
Antes de estudarmos elas, vamos conhecer alguns dos conceitos básicos das redes de computadores, de acordo com
as suas características de uso e nível de segurança.

REDE CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

Local Area Network é uma denominação relacionada ao alcance de uma rede, restrita a um prédio ou
LAN
pequena região.

É uma rede local (pelo seu alcance é uma LAN), interna de uma organização, segura, com acesso restrito aos
Intranet
usuários cadastrados no servidor da rede.

Extranet É o acesso remoto seguro, por meio de um ambiente inseguro, à intranet da organização.

Rede mundial de computadores, de acesso público e considerada insegura. A Internet é comumente


Internet
representada por uma nuvem.
166
Figura 4. A Extranet é uma conexão segura através de um ambiente inseguro (Internet) para redes internas protegidas (Intranet).

Dica
Toda Intranet é uma LAN, mas nem toda LAN é uma Intranet.

Por que usar uma VPN? Porque é importante e necessário.


A Internet é a rede mundial de computadores, que conecta diversos dispositivos entre si, utilizando uma estrutu-
ra pública e insegura, oferecida pelos governos e operadoras de telefonia. O acesso à Internet é oferecido para todos,
e usuários mal intencionados poderiam interceptar a comunicação de outros usuários, monitorando o tráfego de
dados e roubando informações.
Com uma VPN estabelecida entre os dispositivos, o risco na transmissão é muito pequeno. Lembrando que nada será
100% seguro em Informática, independentemente da quantidade de sistemas e proteções implementadas.

Figura 5. Usuários mal intencionados procuram ‘escutar’ uma conexão insegura em busca de dados que possam comprometer a privacidade do
usuário ou empresa.

As empresas utilizam softwares de terceiros para estabelecer a conexão segura entre os dispositivos de seus
colaboradores. Existem vários softwares que possibilitam a conexão segura, como: a Área de Trabalho Remota (Win-
dows) e soluções de empresas de segurança digital (Forticlient VPN, Citrix Metaframe, TeamViewer, LogMeIn etc).
Para estabelecer uma conexão segura, protocolos seguros serão usados, criando um túnel seguro entre o emissor e o
receptor, por meio de um ambiente vulnerável.
Os protocolos são padrões de comunicação e os protocolos seguros procuram encapsular os dados transmi-
tidos para que, em caso de monitoramento, a leitura do conteúdo se torne impossível, uma vez que os dados se
tornam criptografados.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 6. Usuários mal intencionados não conseguem monitorar o conteúdo de uma conexão que esteja protegida com um protocolo seguro.

TIPO DE VPN CARACTERÍSTICA

VPN de acesso Um usuário pode conectar-se a uma rede, para acessar seus serviços e recursos remotamente. A
remoto (VPN conexão é segura e ocorrerá por meio de uma rede pública, como a Internet.
client to site) Será uma conexão (cliente) para um servidor remoto que aceita várias conexões.

Dois roteadores estabelecem uma conexão segura para a troca de dados, um operando como cliente
VPN e o outro operando como servidor VPN. É o modelo mais usado no âmbito empresarial, para
VPN site a site conectar com segurança a rede interna de uma filial com a rede interna de uma matriz.
Serão várias conexões (filial) acessando um servidor remoto que aceita várias conexões (matriz).
Também conhecida como VPN LAN to LAN.
167
Protocolos

Quando uma navegação na Internet é realizada, os protocolos transferem os dados de um servidor para o cliente,
de acordo com o paradigma Cliente-Servidor. O servidor oferece os dados e provê a conexão e, então, o cliente acessa
as informações e solicita serviços.
Em uma conexão, para evitar que os dados sejam acessados por pessoas não autorizadas, protocolos de segu-
rança e proteção poderão ser implementados utilizando-se de chaves e certificados digitais para garantia da
transferência segura dos dados.
Muitas siglas de protocolos estão relacionadas com este tópico. Confira algumas delas.

PROTOCOLO SIGNIFICADO CARACTERÍSTICAS SEGURO?


GRE Generic Routing Encapsulation Desenvolvido pela CISCO, prioriza a velocidade Não

SSL Secure Sockets Layer Camada adicional de segurança para a conexão Sim

TLS Transport Layer Security Camada de transporte seguro para a conexão Sim

Orientar o servidor para criação de uma conexão


SSH Secure Shell Sim
segura com o cliente

Extensão do protocolo IP para suprir a falta de


IPsec IP Security Protocol segurança de informações que trafegam em uma Sim
rede pública

Protocolo para facilitar a comunicação bidirecio-


Telnet nal, baseada em texto interativo (comandos), usan- Não
do uma conexão de terminal virtual.

Atualização dos protocolos L2F (Protocolo de En-


L2TP Layer 2 Tunnelling Protocol caminhamento da Camada 2) e PPTP (Protocolo Não
de Tunelamento Ponto-a-Ponto).

O PPTP adiciona um canal seguro ao TCP e utiliza


PPTP Point-to-Point Tunneling Protocol um túnel GRE. Algumas questões o apresentam Sim
com a sigla PPP.

Criar conexões ponto a ponto (point to point) e site


OpenVPN VPN de Código aberto a site (site to site), usando um protocolo personali- Sim
zado baseado no TLS e SSL.

Atenção! Protocolos seguros costumam mostrar a letra S na sua sigla, como em HTTPS.
Um protocolo seguro procura estabelecer uma conexão segura entre os dispositivos, possibilitando a troca de
informações. Antes do envio de dados, a conexão segura será negociada entre os dispositivos e aprovada após a
confirmação do certificado digital.

Figura 7. A criptografia é usada para garantir a autenticidade e a integridade das conexões.

A conexão remota poderá ser uma simples conexão direta entre os dispositivos (ponto a ponto, túnel de cone-
xão, sem criptografia dos dados trafegados) ou uma conexão entre os dispositivos com segurança (utilizando
protocolos seguros para criptografar o conteúdo trafegado no túnel de conexão).

Programas

Conhecendo as definições de uma VPN e os protocolos que podem ser utilizados, vem uma dúvida: quais são
os programas que usamos para transformar o nosso dispositivo em um cliente VPN? Depende.
Cada dispositivo tem um sistema operacional, e de acordo com a origem (cliente) e o destino (servidor), existem
168 programas mais adequados para cada cenário.
ORIGEM (CLIENTE) DESTINO (SERVIDOR) EXEMPLO DE PROGRAMA PARA VPN

Windows Windows Área de Trabalho Remota

Windows Linux PuTTy

Linux Windows OpenVPN

Linux Linux Network-Manager.

A utilização de um software de VPN, a fim de acessar a rede interna de uma organização (no modelo VPN client
to site), implementa segurança aos dados trafegados na forma de criptografia, para garantir a autenticidade e a
integridade das conexões.

Onde a VPN será ‘iniciada’?

Nas redes de computadores, o firewall é um item especialmente importante em relação à segurança da infor-
mação. Ele é um filtro de portas TCP, que permite ou bloqueia o tráfego de dados. Logo, se uma conexão deseja
enviar e receber dados, precisa ter a porta correspondente liberada, em ambos os lados, tanto no cliente como no
servidor.
Se existe um firewall na rede, a VPN poderá ser instalada (e configurada) no firewall (mais comum), em frente
ao firewall (para autenticar o que está chegando), atrás do firewall (para autenticar o que chegou), paralelamente
ao firewall (para acompanhar o envio e recebimento dos pacotes) ou na interface dedicada do firewall (na conexão
VPN site to site, para atender a vários dispositivos da rede).
No Windows 10, a definição da VPN poderá ser realizada por meio da Central de Ações (atalho de teclado Windows +
A) ou em Configurações, Rede e Internet, VPN.

Importante!
O acesso Home Office é um tipo de conexão externa que deverá utilizar uma VPN para proteger os dados
trafegados, com o uso de criptografia, implementada por protocolos seguros.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma SSL VPN provê acesso de rede virtual privada por meio das funções de criptografia
SSL embutidas em navegadores web padrão, sem exigir a instalação de software cliente específico na estação de
trabalho do usuário final.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Para estabelecer uma conexão segura usando VPN, poderá ser usado o SSL ou o IPsec. SSL (Secure Sockets Layer)
é um protocolo seguro que oferece uma camada adicional de segurança, usado para estabelecer uma VPN (rede
privada virtual), que ao contrário do IPsec (extensão do protocolo IP), não precisa de software específico no com-
putador do usuário. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) VPN (virtual private network) é uma tecnologia de segurança de redes de computadores
que pode ser usada para permitir o acesso remoto de um usuário à intranet de uma empresa.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Uma rede privada virtual, conhecida também como VPN (virtual private network), pode ser usada para conectar um
dispositivo a outro dispositivo, um dispositivo a um site (local), ou uma rede local com outra rede local. A conexão
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

segura permite o acesso de um usuário à rede interna da empresa, iniciando o acesso em sua residência, por exemplo.
Resposta: Certo.

NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS E PRAGAS VIRTUAIS

Ameaças e riscos de segurança estão presentes no mundo virtual. Assim como existem pessoas boas e más no
mundo real, existem usuários com boas ou más intenções no mundo virtual.
Os criminosos virtuais são genericamente denominados como hackers, porém o termo mais adequado seria cracker.
Um hacker é um usuário que possui muitos conhecimentos sobre tecnologia, e podem ser nomeados como White Hat
(hacker ético que usa suas habilidades com propósitos éticos e legais), Gray Hat (cometem crimes, mas sem ganho pes-
soal, geralmente para exposição de falhas nos sistemas) e Black Hat (violam a segurança dos sistemas para obtenção de
ganhos pessoais).
Amadores ou inexperientes, profissionais ou experientes, todo usuário está sujeito aos riscos inerentes ao uso
dos recursos computacionais.
São riscos de segurança digital: 169
z Ameaças: vulnerabilidades que existem e podem Se o programador insere no código do sistema uma
ser exploradas por usuários; falha, que produza danos ou permita o acesso sem
z Falhas: vulnerabilidades existentes nos sistemas, autenticação, temos um exemplo de falha proposital.
sejam propositais ou acidentais; Se uma falha for descoberta após a implantação do
z Ataques: ação que procura denegrir ou suspender sistema, sem que tenha sido uma falha proposital, e
a operação de sistemas. seja explorada por invasores, temos um exemplo de
falha involuntária, inerente ao sistema.
Devido à crescente integração entre as redes de Quando identificadas, as falhas são corrigidas pelas
comunicação, conexão com novos e inusitados dis- empresas que desenvolveram o sistema por meio da
positivos (IoT – Internet das Coisas) e criminosos distribuição de notificações e correções de segurança.
com acesso de qualquer lugar do mundo, as redes de O Windows Update, serviço da Microsoft para atuali-
informações se tornaram particularmente difíceis de zação do Windows, distribui mensalmente os patches
se proteger. Profissionais altamente qualificados são (pacotes) de correções de falhas de segurança.
formados e contratados pelas empresas com a única
função de proteger os sistemas informatizados. Ataques
Em concursos públicos, as ameaças e os ataques
são os itens mais questionados. Sem dúvida, o que tem mais destaque, tanto em
concursos como no mundo real, são os ataques. Coor-
Dica denados ou isolados, os ataques procuram romper as
barreiras de segurança definidas na Política de Segu-
Você conhece a Cartilha de Segurança CERT? rança, com o objetivo de anular o sistema ou capturar
Disponível gratuitamente na Internet, ela é a fon- dados.
te oficial de informações sobre ameaças, ata- Os ataques podem ser classificados como:
ques, defesas e segurança digital. Disponível em:
<https://cartilha.cert.br/>. Acesso em: 13 nov. z Baixa complexidade: exploram falhas de segu-
2020. rança de forma isolada e são facilmente identifica-
dos e anulados;
Ameaças z Média complexidade: combinam duas ou mais
ferramentas e técnicas, para obter acesso aos
As ameaças são identificadas como aquelas que dados, sendo de média complexidade para a solu-
possuem potencial para comprometer a oferta ou ção, gerando impactos na operação dos sistemas,
existência dos ativos computacionais, tais como: como a indisponibilidade;
informações, processos e sistemas. z Alta complexidade: refinados e avançados, os
Um ransomware, software que sequestra dados uti- ataques combinam o acesso às falhas do sistema,
lizando-se de criptografia, e solicita o pagamento de novos códigos maliciosos desconhecidos, distribui-
resgate para a liberação das informações sequestra- ção do ataque com redes zumbis, tornando difícil
das, é um exemplo de ameaça. Observe que a ameaça a resolução do problema.
existe, entretanto, se não ocorrer uma ação delibera-
da para execução ou se medidas de proteção forem Ameaças existem e podem afetar ou não os siste-
implementadas, a ameaça deixa de existir e não se mas computacionais.
torna um ataque. Falhas existem e podem ser exploradas ou não
As ameaças à segurança da informação podem ser pelos invasores.
classificadas como: Ataques são realizados todo o tempo contra todos
os tipos de sistemas.
z Tecnológicas: quando ocorre mudança no padrão
ou tecnologia, sem a devida atualização ou upgrade. Vírus de Computador
z Humanas: intencionais ou acidentais, que explo-
ram vulnerabilidades nos sistemas. O vírus de computador é a ameaça digital mais
popular. Todos já ouviram falar dele e ele tem uma
z Naturais: não intencionais, relacionadas ao am-
definição fácil de ser compreendida. Tem este nome
biente, como as catástrofes naturais.
por se assemelhar a um vírus orgânico ou biológico.
O vírus biológico é um organismo que possui um
As empresas precisam fazer uma avaliação das
código viral que infecta uma célula de outro organismo.
ameaças que possam causar danos ao ambiente com-
Quando a célula infectada é acionada, o código viral é
putacional dela mesma (Gerenciamento de Risco), duplicado e se propaga para outras células saudáveis
implementar sistemas de autenticação (Controlar o do corpo. Quanto mais vírus existirem no organismo,
Acesso), definir os requisitos de senha forte (Políti- menor será o seu desempenho e recursos vitais serão
ca de Segurança), manter um inventário e realizar o consumidos, podendo levar o hospedeiro à morte.
rastreamento de todos os ativos (Gerenciamento de O vírus de computador é um código malicioso que
Recursos), além de utilizar sistemas de backup e res- infecta arquivos em um dispositivo. Quando o arquivo
tauração de dados (Gerenciamento de Continuidade é executado, o código do vírus é duplicado e se propa-
de Negócios). ga para outros arquivos do computador. Quanto mais
vírus existirem no dispositivo, menor será o seu desem-
Falhas penho e recursos computacionais serão consumidos,
podendo levar o hospedeiro a uma falha catastrófica.
As falhas de segurança nos sistemas de informação Atenção! O vírus de computador infectam arqui-
170 poderão ser propositais ou involuntárias. vos e se propagam para outros arquivos.
O vírus de computador poderá entrar no dispositivo do usuário por meio de um arquivo anexado em uma
mensagem de e-mail, ou por cópia de arquivos existentes em uma mídia removível como o pen drive, recebidos
por alguma rede social, baixados de sites na Internet, entre outras formas de contaminação.

VÍRUS DE COMPUTADOR CARACTERÍSTICAS


Infectam o setor de boot do disco de inicialização. Cada vez que o sistema é iniciado, o
Vírus de boot
vírus é executado.
Armazenados em sites na Internet, são carregados e executados quando o usuário aces-
Vírus de script
sa a página usando um navegador de Internet.
As macros são desenvolvidas em linguagem Visual Basic for Applications (VBA) nos ar-
Vírus de macro quivos do Office, para a automatização de tarefas. Quando desenvolvido com propósitos
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

maliciosos, é um vírus de macro.


Vírus ‘mutantes’ ou ‘polimórficos’, a cada nova multiplicação, o novo vírus mantém traços
Vírus do tipo mutante
do original, mas é diferente do original.
São programados para agir em uma determinada data, causando algum tipo de dano no
Vírus time bomb
dia previamente agendado.
Um vírus stealth é um código malicioso muito complexo, que se esconde depois de in-
fectar um computador. Ele mantém cópias dos arquivos que foram infectados para si,
Vírus stealth
e quando um software antivírus realiza a detecção, o vírus stealth apresenta o arquivo
original, enganando o mecanismo de proteção.
O vírus Nimda explora as falhas de segurança do sistema operacional. Ele se propaga
Vírus Nimda pelo correio eletrônico, e também pela web, em diretórios compartilhados, pelas falhas de
servidor Microsoft IIS e nas trocas de arquivos. 171
Todos os sistemas operacionais estão vulneráveis
aos vírus de computador. Quando um vírus de compu-
tador é desenvolvido por um hacker, ele procura fazer
para um software que tenha uma grande quantidade
de usuários iniciantes, o que aumenta as suas chances
de sucesso.
O Windows tem muitos usuários e a maioria deles
não tem preocupações com segurança. A maioria dos
vírus de computadores são desenvolvidos para ataca-
rem sistemas Windows.
O Linux tem poucos usuários (se comparado ao
Windows) e a maioria deles possuem muito conheci-
mento sobre Informática, tornando a ação de vírus no
Linux uma ocorrência rara.
O Android, software operacional dos smartphones
populares, é uma variação do sistema Linux original, e
apesar de possuir esta origem nobre, é alvo de milha-
res de vírus por causa dos seus usuários, que na maio-
ria das vezes não tem rotinas de proteção e segurança
de seus aparelhos. Um vírus de computador poderá
ser recebido por e-mail, transferido de sites na Inter-
net, compartilhado em arquivos, através do uso de
mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por
mensagens instantâneas. Os worms infectam dispositivos e se propagam
Um vírus necessita ser executado para que entre para outros dispositivos de forma autônoma, sem
em ação, pois ele tem um hospedeiro definido e um interferência do usuário.
alvo estabelecido. Os worms podem ser recebidos automaticamente
Se propaga inserindo cópias de si em outros pela rede, inseridos por um invasor ou por ação de
arquivos. outro código malicioso. Assim como vírus, ele poderá
E altera ou remove arquivos do dispositivo, para
ser recebido por e-mail, transferido de sites na Inter-
propagação e auto proteção (não ser detectado pelo
net, compartilhado em arquivos, por meio do uso de
antivírus).
mídias removíveis infectadas, nas redes sociais e por
Worms mensagens instantâneas.
Ele é auto executável, e procura explorar as vulne-
O worm é um verme, que explora de forma inde- rabilidades dos dispositivos.
pendente as vulnerabilidades nas redes de dispositi- Envia cópias de si mesmo para outros dispositivos
vos. Geralmente eles deixam a comunicação na rede e usuários conectados.
lenta, por ocuparem a conexão de dados ao enviarem Por ser auto executável, costuma consumir grande
cópias de seu código malicioso. quantidade de recursos computacionais, promove a
Um verme biológico parasita um organismo con- instalação de outros códigos maliciosos e inicia ataques
sumindo seus recursos, deixando o corpo debilitado. na Internet, tentando alcançar outras redes remotas.
Um verme tecnológico parasita um dispositivo consu-
mindo seus recursos de memória e conexão de rede, Pragas Virtuais
deixando o aparelho e a rede de dados lentos.
Os worms não precisam ser executados pelo usuá- z Cavalo de Troia ou Trojan: É um código malicioso
rio como os vírus de computador e a sua propagação que realiza operações mal-intencionadas, enquan-
será rápida, caso não existam barreiras de proteção
to realiza uma operação desejada pelo usuário,
que os impeçam.
como um jogo on-line ou reprodução de um vídeo.

Ele é enviado com o conteúdo desejado e ao ser


executado, desativa as proteções do dispositivo para
que o invasor tenha acesso aos arquivos e dados. O
nome está relacionado com a história do presente
dado pelos gregos para os troianos, que era um cava-
lo de madeira, com soldados em seu interior. Após
entrar nas fortificações de Troia, os gregos desativa-
ram as defesas e permitiram o acesso do seu exército.

Dica
Existem muitas pragas virtuais, que generica-
mente são chamadas de Malwares (software
malicioso), por apresentarem características
semelhantes: oferecem alguma vantagem para
o usuário, mas realizam ações danosas que aca-
172 barão prejudicando-o.
Existem bancas que consideram o trojan ou cavalo de Troia como um tipo de vírus de computador nos enun-
ciados de suas questões.

z Spyware: é um programa malicioso que procura monitorar as atividades do sistema e enviar os dados captu-
rados durante a espionagem para terceiros. Existem software espiões considerados legítimos (instalados com
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

consentimento do usuário) e maliciosos (que executa ações prejudiciais à privacidade do usuário).

Os softwares espiões podem ser especializados na captura de teclas digitadas (keylogger), nas telas e cliques efetua-
dos (screenlogger) ou para apresentação de propagandas alinhadas com os hábitos do usuário (adware).
Eles geralmente são instalados por outros programas maliciosos para aumentar a quantidade de dados
capturados.

z Bot: é um programa malicioso que mantém contato com o invasor, permitindo que comandos sejam execu-
tados remotamente. O dispositivo controlado por um bot poderá integrar uma rede de dispositivos zumbis, a
chamada botnet.

Quando o invasor deseja atacar sites para provocar Negação de Serviço, ele aciona os bots que estão distri-
buídos nos dispositivos do usuário para que façam a ação danosa. Além de esconder os rastros da identidade do
verdadeiro atacante, os bots poderão continuar sua propagação através do envio de cópias para outros contatos
do usuário afetado. 173
z Backdoor: é um código malicioso semelhante ao bot, mas que além de executar comandos recebidos do inva-
sor, ainda realiza ações para desativação de proteções e aberturas de portas de conexão.

O invasor, ciente das portas TCP que estão disponíveis, consegue acesso ao dispositivo para a instalação de
outros códigos maliciosos e roubo de informações.
Assim como os spywares, existem backdoors legítimos (adicionados pelo desenvolvedor do software para fun-
cionalidades administrativas) e ilegítimos (para operarem independente do consentimento do usuário).

z Rootkit: é um código malicioso especializado em esconder e assegurar a presença de outros códigos malicio-
sos para o invasor acessar o sistema. Estas pragas virtuais podem ser incorporadas em outras pragas, para que
o código que camufla a presença, seja executado escondendo os rastros do software malicioso.

Após a remoção de um rootkit, o sistema afetado não se recupera dos dados apagados, sendo necessário uma
cópia segura (backup) para restauração dos arquivos.
Cavalo de Troia, Spyware, Bot, Backdoor e Rootkit são as pragas digitais mais questionadas em concursos públi-
cos. Confira na tabela a seguir outras pragas digitais que ameaçam a Segurança da Informação e a privacidade dos
usuários de sistemas computacionais.

CÓDIGO
CARACTERÍSTICAS
MALICIOSO
Gatilho para a execução de outros códigos maliciosos que permanece inativa até que um evento
Bomba lógica
acionador seja executado.

Sequestrador de dados que criptografa pastas, arquivos e discos inteiros, solicitando o paga-
Ransomware
mento de resgate para liberação.

Simulam janelas do sistema operacional, induzindo o usuário para acionar um comando, fazendo
Scareware
a operação continuar normalmente. O comando iniciará a instalação de códigos maliciosos.

Fraude que engana o usuário, induzindo a informar seus dados pessoais em páginas de captura
Phishing
de dados falsas.

Ataque aos servidores de DNS para alteração das tabelas de sites, direcionando a navegação
Pharming
para sites falsos.

Ataques na rede que simulam tráfego acima do normal com pacotes de dados formatados incor-
Negação de
retamente, fazendo o servidor remoto se ocupar com os pedidos e erros, negando acesso para
Serviço
outros usuários.

Código que analisa ou modifica o tráfego de dados na rede, em busca de informações relevantes
Sniffing
como login e senha. Enquanto o spyware não modifica o conteúdo, o sniffing pode alterar.

Falsificando dados de identificação, seja do remetente de um e-mail (e-mail Spoofing), do endere-


Spoofing
ço IP, dos serviços ARP e DNS. Desta forma, é escondida a real identidade do atacante.

Man-In-The-Midle Intercepta as comunicações da rede para roubar os dados que trafegam na conexão.

Man-In-The-Mo- Intercepta as comunicações do aparelho móvel, para roubar os dados que trafegam na conexão
bile do aparelho smartphone.

Enquanto uma falha não é corrigida pelo desenvolvedor do software, invasores podem explorar a
Ataque de dia zero
vulnerabilidade identificada antes da implantação da proteção.

Defacement Modificam páginas na Internet, alterando a sua apresentação (face) para os usuários visitantes.

Sequestrador de navegador que pode desde alterar a página inicial do browser, até mudanças do
HiJacker
mecanismo de pesquisas e direcionamento para servidores DNS falsos.

Uma das ações mais comuns que procuram comprometer a segurança da informação é o ataque Phishing.
O usuário recebe uma mensagem (e-mail, ou rede social, ou SMS no telefone) e é induzido a clicar em um link
malicioso. O link acessa uma página que pode ser semelhante ao site original, induzindo o usuário a fornecer
dados pessoais como login e senha. Em ataques mais elaborados, as páginas capturam dados bancários e de car-
tões de crédito. O objetivo é simples: roubar dinheiro das contas do usuário.

174
APLICATIVOS PARA SEGURANÇA (ANTIVÍRUS,
FIREWALL, ANTI-SPYWARE ETC.)

Nos itens anteriores, conhecemos as diferentes


ameaças e ataques que podem comprometer a seguran-
ça da informação, expondo a privacidade do usuário.
Para todas elas, existem mecanismos de proteção.
Softwares ou hardwares que detectam e removem os
códigos maliciosos, ou impedem a sua propagação.
Independentemente da quantidade de sistemas de
proteção, o comportamento do usuário poderá levar
à uma infecção por códigos maliciosos, pois a maio-
ria deles necessita de acesso ao dispositivo do usuário
mediante autorização, dada pelo próprio usuário.
A autorização de acesso poderá estar camuflada
em um arquivo válido, como o Cavalo de Troia, ou em
mensagens falsas apresentadas em sites, como o ata-
que de Phishing. Portanto, a navegação segura começa
Outra ação mais elaborada tecnicamente, é o
com a atitude do usuário na rede.
Pharming.
O invasor ataca um servidor DNS, modifica as Antivírus
tabelas que direcionam o tráfego de dados, e o usuá-
rio acessa uma página falsa. Da mesma forma que o Os vírus de computadores, como conhecemos no
Phishing, este ataque procura capturar dados bancá- tópico anterior, infecta um arquivo e se propaga para
rios do usuário e roubar o seu dinheiro. outros arquivos quando o hospedeiro é executado.
O código que infecta o arquivo é chamado de assi-
natura do vírus.
Os programas antivírus são desenvolvidos para
detectarem a assinatura do vírus existente nos arqui-
vos do computador. O antivírus precisa estar atualiza-
do, com as últimas definições da base de assinaturas
de vírus, para que seja eficiente na remoção dos códi-
gos maliciosos.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

175
Windows Defender

Em concursos públicos, as soluções de antivírus de


terceiros raramente são questionadas. Avast, AVG, Avi-
ra e Kaspersky são alguns exemplos. Usamos no nosso
Quando o antivírus encontra um código malicioso dia a dia, mas em provas de concursos as bancas tra-
em algum arquivo, que tenha correspondência com a balham com as configurações padrões dos programas.
base de assinaturas de vírus, ele poderá: O Windows 10 possui uma solução integrada de
proteção, que é o Windows Defender. Na época do
z Remover o vírus que infecta o arquivo; Windows 7, a Microsoft adquiriu e disponibilizou o
z Criptografar o arquivo infectado e manter na pas- programa Microsoft Security Essentials como antiví-
ta Quarentena, isolado; rus padrão do sistema operacional.
z Excluir o arquivo infectado. A seguir, foi desenvolvida a solução Windows
Defender, para detecção e remoção de outros códigos
O antivírus poderá proteger o dispositivo através maliciosos, como os worms e Cavalos de Troia. E o Win-
de três métodos de detecção: assinatura dos vírus dows sempre ofereceu o firewall, um filtro de conexões
conhecidos, verificação heurística e comportamento para impedir ataques oriundos das redes conectadas.
do código malicioso quando é executado. No Windows 10, o Windows Defender faz a detec-
ção de vírus de computador, códigos maliciosos e
O que fazer quando o código malicioso do vírus
opera o firewall do sistema operacional, impedindo
não está na base de assinaturas? A base de assinatu-
ataques e invasões.
ras é atualizada pelo fabricante do antivírus, com as
informações conhecidas dos vírus detectados. Entre-
Firewall
tanto, muitos novos vírus são criados diariamente.
Para detecção destes novos códigos maliciosos, os pro- O firewall é um filtro de conexões e poderá ser um
gramas oferecem a Análise Heurística. software, instalado em cada dispositivo, ou um hard-
ware, instalado na conexão da rede, protegendo todos
Análise Heurística os dispositivos da rede interna.
O sistema operacional disponibiliza um firewall
O software antivírus poderá analisar os arquivos pré-configurado com regras úteis para a maioria dos
do dispositivo através de outros parâmetros, além da usuários. A maioria das portas comuns estão liberadas
base de assinaturas de vírus conhecidos, para encon- e a maioria das portas específicas estão bloqueadas.
trar novos códigos maliciosos que ainda não foram
identificados.
Se o código enviado para análise for comprovada-
mente um vírus, o fabricante inclui sua assinatura na
base de vírus conhecidos, e na próxima atualização
do antivírus, todos poderão reconhecer e remover o
novo código recém descoberto.

Figura 13. O firewall controla o tráfego proveniente de outras redes.

O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, por-


tanto ele permite que códigos maliciosos como os
vírus de computadores infectem o computador, quan-
do chegam como anexos de uma mensagem de e-mail.
O usuário deve executar um antivírus e antispyware
176 nos anexos antes de executá-los.
Para proteção, o usuário deverá:

z Manter o firewall ativado.


z Manter o antivírus atualizado e ativado.
z Manter o antispyware atualizado e ativado.
z Manter os programas atualizados com as corre-
ções de segurança.
z Usar uma senha forte para acesso aos sistemas, e optar
pela autenticação em dois fatores quando disponível.
Figura 14. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, e mensagens
com anexos maliciosos passarão pela barreira e chegarão até o
usuário.

O firewall impede um ataque, seja de um hacker,


de um vírus, de um worm, ou qualquer outra praga
digital que procure acessar a rede ou o computador
por meio de suas portas de conexão. Apenas o conteú-
do liberado, como e-mails e páginas web, não serão
bloqueados pelo firewall.

Figura 17. Para proteção, firewall ativado, antivírus atualizado e


ativado, antispyware atualizado e ativado, atualizações de softwares
instaladas e uso de senha forte.

UTM

Unified Threat Management (UTM) ou “Gerencia-


mento Unificado de Ameaças”, são soluções abrangen-
tes que integram diferentes mecanismos de proteção
em apenas um programa.
Figura 15. O firewall não analisa o conteúdo do tráfego, mas impede Ele realiza em tempo real a filtragem de códigos
os ataques provenientes da rede.
acessados, otimiza o tráfego de dados nas conexões,
controla a execução das aplicações, protege o dispo-
O firewall não é um antivírus e não é um antispy-
sitivo com um firewall, estabelece uma conexão VPN
ware. Ele permite ou bloqueia o tráfego de dados nas
segura para navegação e entrega relatórios de fácil
portas TCP do dispositivo.
compreensão para o usuário.
O uso do firewall não dispensa o uso de outras ferra-
mentas de segurança como o antivírus e o antispyware.
É importante saber que o firewall não é um antiví- Defesa Contra Ataques
rus, mas ele impede um ataque de vírus. Ele impedirá
por ser um ataque, não por ser um vírus. Quando o ataque é direcionado ao e-mail e nave-
gador de Internet, os filtros antispam e filtros anti-
Antispyware phishing atendem aos requisitos de proteção.
Se o ataque chega disfarçado, medidas de preven-
Da mesma forma que existe a solução antivírus con- ção devem ser adotadas, como nunca fornecer infor-
tra vírus de computadores, existe uma solução que procu- mações confidenciais ou secretas por e-mail, resistir à
ra detectar, impedir a propagação e remover os códigos tentação de cliques em links das mensagens, observar
maliciosos que não necessitam de um hospedeiro. os downloads automáticos ou não iniciados, e dentro
Genericamente, malware é um software malicioso. das políticas de segurança para os funcionários, des-
Genericamente, spyware é um software espião. Quan- tacar que não se deve submeter à pressão de pessoas
do os softwares maliciosos ganharam destaque e rele- desconhecidas.
vância para os usuários dos sistemas operacionais, os Quando os ataques procuram atingir um servidor
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

spywares se destacavam, e comercialmente se tornou da empresa, como ataques DoS (negação de serviço),
interessante nomear a solução como antispyware. DDos (ataque distribuído de negação de serviços)
Na prática, um antispyware ou um antimalware,
ou spoofing (fraude de identidade), uma das formas
detecta e remove vários tipos de pragas digitais.
de proteção é o bloqueio de pacotes externos não
convencionais.
Se o usuário está utilizando um dispositivo móvel
e sofre um ataque, deve aumentar o nível de proteção
do aparelho e as senhas precisam ser redefinidas o
mais breve possível.
E por fim, os ataques contra aplicativos poderão
ser minimizados ou anulados se o usuário manter
os programas atualizados em seu dispositivo, apli-
Figura 16. O antispyware é usado para evitar pragas digitais no cando as correções de segurança tão logo elas sejam
dispositivo do usuário. disponibilizadas. 177
Importante!
Quando o usuário é envolvido na perpetração de ataques digitais, ele é considerado o elo mais fraco da cor-
rente de segurança da informação, por estar sujeito a enganos e trapaças dos atacantes. Engenharia Social
é o conjunto de técnicas e atividades que procuram estabelecer confiança mediante dados falsos, ameaças
ou dissimulação.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Entre as categorias de antivírus disponíveis gratuitamente, a mais confiável e eficiente é
o scareware, pois os antivírus dessa categoria fazem uma varredura nos arquivos e são capazes de remover 99% dos
vírus existentes.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

Scareware é um software malicioso que faz com que os usuários de computadores acessem sites infestados por
malware. Também conhecido como software de engano, software de verificação desonesto ou fraudware, o sca-
reware pode vir na forma de caixas suspensas ou pop-ups durante a navegação na Internet. Não é um antivírus,
mas um código malicioso. Resposta: Errado.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um firewall implementa uma política de controle de comportamento para determinar que
tipos de serviços de Internet podem ser acessados na rede.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O firewall é um filtro de conexões, que permite ou bloqueia o tráfego nas portas TCP do computador. O firewall
não analisa o conteúdo do tráfego, logo ele não pode implementar uma política de controle de comportamento
que selecione os tipos de serviços que poderão ser acessados. Esta tarefa poderia ser implementada através de
um servidor proxy. O servidor proxy analisa os pedidos de acesso dos clientes para os serviços remotos, registra,
transfere o conteúdo para o cache (quando autorizado) ou bloqueia o acesso. Resposta: Errado.

PROCEDIMENTOS DE BACKUP

O Backup é a cópia de segurança dos dados do usuário.


Neste tópico estudaremos sobre as ferramentas do sistema operacional para proteção dos dados, a fim de com-
preender que cada uma possui um objetivo específico.
As cópias de segurança ganharam destaque nos últimos anos, devido aos ataques de ransomware. Como o
código malicioso reage às tentativas de acessos aos arquivos criptografados, as cópias de segurança, ao serem
restauradas, recuperam os arquivos sem alertar o atacante, prejudicando ainda mais o que já foi comprometido.
Ransomware é um ataque que criptografa os arquivos e as unidades do dispositivo do usuário, solicitando o
pagamento de um resgate para a liberação da chave de descriptografia. O usuário pode receber um arquivo com
o código malicioso por meio do correio eletrônico ou redes sociais e, após a execução do arquivo, seus dados serão
totalmente ou parcialmente criptografados. Alguns códigos ransomware criptografam apenas o início dos arquivos,
tornando-os inacessíveis. A técnica é usada para que o sequestro dos dados seja realizado de forma extremamente
rápida, evitando que alguma ação ou reação do usuário interrompa o processo de criptografia em andamento.

RECUPERAÇÃO USO
Criado como disco de inicialização, permite iniciar o
INICIALIZAÇÃO DO
Arquivos da inicialização do Windows Windows quando os arquivos essenciais do boot forem
SISTEMA
danificados
REPARAÇÃO DO Recupera arquivos alterados, danificados ou Retorna o Windows para suas configurações originais,
SISTEMA excluídos do sistema operacional sem os programas que foram instalados posteriormente
Retorna o sistema e programas para o ponto de restau-
RESTAURAÇÃO DO A cada inicialização ou modificação, um ponto
ração escolhido, descartando alterações posteriores a
SISTEMA de restauração é criado
ele
Recupera os arquivos do usuário que foram co- Restaurar os arquivos do usuário que foram copiados
BACKUP
piados para a cópia de segurança anteriormente no backup

As cópias de segurança são criadas pelo sistema operacional a partir de comandos do usuário, tanto programa-
dos pelo Agendador de Tarefas automaticamente, como, manualmente, pelo utilizador.
O Agendador de Tarefas é um recurso do Windows que permite a programação de comandos nos computado-
res. O Agendador poderá executar uma vez ou várias vezes de forma recorrente (todos os dias, todas as segun-
das-feiras etc). Ao inserir os comandos de backup (cópia de segurança) no Agendador de Tarefas, quando for o
dia e horário programados, será executado, para que o usuário tome as providências com relação à cópia de seus
178 arquivos de dados.
TIPOS DE BACKUP

Atualmente, o usuário dispõe de recursos que realizam o backup na nuvem diretamente, sem sua interferên-
cia no dia a dia. No smartphone Android, com a Conta Google, podemos autorizar a sincronização das imagens e
vídeos da câmera diretamente no Google Fotos. No smartphone iOS, com a Conta iCloud, podemos autorizar a sin-
cronização das imagens e vídeos da câmera diretamente no Apple iCloud. E outras soluções, como o Google Drive,
Microsoft OneDrive e Dropbox poderão fazer a cópia de segurança na nuvem dos arquivos gravados na respectiva
pasta do dispositivo.
Entretanto, esta modalidade de backup na nuvem não é, exatamente, uma cópia de segurança, mas apenas
uma replicação (duplicação) de dados. Se os dados forem corrompidos ou criptografados por um ransomware,
corre-se o risco de ter as cópias “limpas” sobrepostas pelas cópias infectadas com o malware.
Os sistemas de sincronização de dados, como o Dropbox, OneDrive e Drive permitem o gerenciamento do histó-
rico de versões, possibilitando a recuperação de arquivos anteriores à última atualização de sincronização.
Em concursos públicos, são questionados os tipos de backup “clássicos”: completo, incremental e diferencial.
Cada um deles possui suas vantagens e desvantagens, as quais veremos a seguir.
As empresas costumam operar diferentes tipos de backup, de acordo com suas necessidades de aplicações,
disponibilidade, segurança e velocidade de acesso às informações copiadas.
A manutenção de cópias de segurança redundantes de arquivos importantes é recomendável. Ou seja, para os
arquivos mais importantes, ter duas ou mais cópias do mesmo backup é uma atitude correta, criando redundân-
cias. Se uma das cópias falhar, ou for comprometida, a outra cópia redundante poderá ser usada para recupera-
ção dos dados.

Backup Completo (ou Full)

O Backup Completo ou Full é aquele no qual todos os arquivos são copiados para outro local de armazena-
mento. A vantagem desse tipo de backup é a reprodução fiel e completa de todas as informações do ambiente,
possibilitando a restauração dos dados de forma contínua e imediata.
Entretanto, sua desvantagem é a quantidade de espaço de armazenamento necessário para os dados, além do
tempo para conclusão do procedimento de cópia. Em sistemas críticos, que operam com banco de dados e acesso
24 horas (como uma loja virtual de marketplace, as lojas Americanas), o backup completo poderia copiar dados
que estariam desatualizados alguns minutos depois, por não poder paralisar o sistema para que a cópia de segu-
rança seja realizada.

1 TB

DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB


Figura 1 – backup completo de 1 TB.
Todas as cópias de segurança ocupam 1 TB cada.

Se acontecer um problema no sábado, por exemplo, bastaria pegar o backup completo da sexta-feira e pronto:
arquivos restaurados!
Se o backup completo for realizado em mídias “convencionais”, provavelmente, será necessário que o usuário
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

troque as mídias quando elas estiverem totalmente ocupadas. Já se o backup completo for realizado dentro da
rede de dados da empresa, o tempo ocupado na conexão poderá atrapalhar o uso de outros recursos pelos usuá-
rios. E se o backup completo for realizado na nuvem (Internet), o tempo de uso da conexão de Internet poderá
atrapalhar o acesso à rede mundial pelos usuários.
Portanto, o backup completo deve ser realizado em horários de menos utilização dos recursos da rede da
empresa, para otimizar sua operação e não atrapalhar os demais sistemas.
O tempo de vida do backup completo dependerá da Política de Segurança da Informação (PSI) definido pela
empresa.

VANTAGENS DESVANTAGENS

� Reprodução fiel e completa � Maior espaço de armazenamento


COMPLETO � Recuperação rápida em caso de desastres � Maior tempo ocupado com backup
(restauração total)
179
Backup Incremental

Como o backup completo, realizado todos os dias demanda uma grande quantidade de espaço para armazena-
mento ou conexão da rede/Internet, uma alternativa é o backup Incremental.
Neste tipo de backup, serão copiados os dados que foram alterados desde o último backup incremental. Como
a quantidade de dados alterados pode variar de um período para outro, a quantidade de espaço reservado para
as cópias de segurança do tipo incremental será menor, comparado ao backup completo.
Iniciando com um backup completo, as alterações que forem observadas nos dados, em comparação com a
cópia completa, serão adicionadas na cópia incremental.
1 TB

Completo

DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB

Figura 2 – backup incremental.


Apenas os dados alterados em relação ao completo são copiados.

Se acontecer um problema no sábado, por exemplo, for preciso restaurar os arquivos, será necessária a cópia
do último backup completo realizado e de todos os backups incrementais realizados até a data da ocorrência. A
manutenção das cópias incrementais é trabalhosa, exigindo verificação regular das mídias nas quais estão arma-
zenados os arquivos.

VANTAGENS DESVANTAGENS

INCREMENTAL � Rápido para copiar dados A manutenção das cópias é mais trabalhosa
� Rápido para restaurar dados

Backup Diferencial

A cópia diferencial é um pouco parecida com a cópia incremental.


Os dados que são copiados incluem os novos arquivos e os arquivos alterados (diferentes) em relação ao
backup completo.
As cópias são acumulativas, registrando na mídia atual os dados que foram usados na cópia anterior.
O backup diferencial tem facilidade para recuperação dos dados e segurança, pois, se uma das cópias estiver
com problema, as anteriores e posteriores poderão conter a informação desejada.
Depois de um certo tempo, definido pela PSI, o backup completo será realizado novamente, reiniciando a
contagem.

1 TB
Completo

DOM SEG TER QUA QUI SEX SÁB


Figura 3 – backup diferencial.
Os dados alterados de um dia acumulam com o anterior, mantendo a última cópia como a mais completa de todas.

Se ocorrer um problema no sábado, por exemplo, basta usar o backup completo e o último backup diferencial
disponível. Entretanto, se o último backup diferencial disponível estiver com problemas nos dados da segunda-fei-
180 ra, basta resgatar em uma das outras cópias (terça, quarta ou quinta) a parte faltante.
VANTAGENS DESVANTAGENS

DIFERENCIAL � Boa velocidade para copiar dados


� Ocupa mais espaço que o backup incremental
� Maior segurança dos dados

Backup Completo, Incremental e Diferencial

As questões de concursos costumam questionar o backup dentro de algumas diretrizes: tipos, vantagens, des-
vantagens, custo, desempenho e disponibilidade.

VANTAGENS DESVANTAGENS
� Reprodução fiel e completa
COMPLETO � Maior espaço de armazenamento
� Recuperação rápida em caso de desastres
� Maior tempo ocupado com backup
(restauração total)

INCREMENTAL � Rápido para copiar dados


� Manutenção das cópias é mais trabalhosa
� Rápido para restaurar dados

DIFERENCIAL � Boa velocidade para copiar dados


� Ocupa mais espaço que o backup incremental
� Maior segurança dos dados

CUSTO DESEMPENHO DISPONIBILIDADE


Demorado para fazer, rápido para
COMPLETO Alto Imediata
restaurar
Rápido para fazer e rápido para Imediata, desde que tenham sido tomadas
INCREMENTAL Médio
restaurar as medidas de manutenção
Rápido para fazer e demorado para
DIFERENCIAL Médio Imediata
restaurar

Outros tipos de backup

A escolha pelo modelo de backup ideal costuma considerar o custo, o desempenho e a disponibilidade. Portan-
to, além dos modelos básicos que caem em todas as provas de concursos, outras soluções são desenvolvidas pelas
empresas de tecnologia.
Existem soluções, no mercado, que combinam os modelos de backup “básicos”, oferecendo produtos
personalizados.

z Backup incremental contínuo: combina a ideia de um backup completo com atualizações semelhantes ao
backup diferencial, permitindo a recuperação com a última cópia incremental contínua;
z Backup completo sintético: combina um backup completo com cópias incrementais subsequentes, focando
nas alterações para reduzir a carga de trabalho dos servidores e a ocupação da banda da conexão de rede.
z Backup de espelhamento (o modelo de cópia do Dropbox, Microsoft OneDrive, Google Drive e Apple iCloud é
assim): Tudo o que for realizado no original (aparelho) será repetido na cópia na nuvem. Se uma foto é apaga-
da, ela poderá ser apagada da cópia na nuvem simultaneamente;
z Backup local: tanto o dispositivo com o original como o dispositivo com a cópia estão no mesmo local físico;
z Backup externo: comum em pequenas empresas, compreende a situação na qual a cópia dos dados armaze-
nada em um HD externo é levada para a casa do técnico por exemplo.
z Backup FTP: um servidor FTP armazena os arquivos enviados pelo cliente FTP instalado no servidor local.
Opera de forma semelhante a um backup na nuvem.

BACKUP NA REDE DE DADOS OU INTERNET


NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A cópia de segurança deve ser armazenada em uma mídia protegida contra alterações, preferencialmente, em
um local físico diferente de onde se encontram os arquivos originais.

Dica
O armazenamento de dados na nuvem é uma realidade e muitas empresas possuem todas as suas infor-
mações na nuvem ou estão migrando-as para a Internet. A alta disponibilidade e segurança dos serviços
contratados com as provedoras de nuvem torna o investimento mais interessante que a manutenção de sua
estrutura local dedicada.

O gerenciamento de mídias, como fitas, discos rígidos, discos flexíveis e discos ópticos exige um controle pre-
ciso sobre o que está armazenado em cada mídia. Esse controle poderá exigir funcionários e softwares especiali-
zados e, de acordo com o tamanho da empresa, podem aumentar os custos da área de TI de forma significativa. 181
Portanto, uma das soluções está relacionada com torno de um eixo central. Os braços de leitura e gra-
o local onde o armazenamento será realizado, trans- vação são posicionados acima da superfície do disco,
ferindo das mídias removíveis para computadores efetuando a coleta dos bits registrados ou gravando
remotos e sistemas de armazenamento de dados dedi- novas informações a cada giro do disco.
cados. Confira alguns exemplos figurativos: Os braços de leitura e gravação possuem atuadores
que identificam a posição na qual a informação está ou
z Originais armazenados no servidor A da matriz deverá ser gravada, girando os respectivos discos (ou
e backup no servidor B da filial, conectados pela pratos) para o correto posicionamento. Quando posi-
rede interna e separados fisicamente; cionado no local correto, a cabeça de gravação trans-
z Originais armazenados no servidor A da matriz e fere as informações que precisam ser armazenadas, as
backup no sistema NAS (Network Area Storage) da quais permanecerão disponíveis por um bom tempo,
empresa, separados fisicamente; mesmo sem o fornecimento de energia, tornando o
z Originais armazenados no servidor A da matriz disco rígido uma forma de armazenamento de dados
e backup na nuvem privada, instalada em uma permanente por não ser volátil, como a memória RAM.
infraestrutura contratada como um serviço em
algum lugar do mundo literalmente.

MÍDIAS DE BACKUP

Fita

A fita de armazenamento de dados (ou, atualmen-


te, Fita DAT – Digital Audio Tape) é uma forma de
armazenamento magnético sequencial, que grava os
dados em uma mídia inserida em um leitor/gravador.
Muito usada no passado, em servidores de dados,
devido a sua alta capacidade de armazenamento de
dados e velocidade de leitura/gravação, atualmente
está obsoleta. Os servidores com discos rígidos ofere- Figura 5 – Disco Rígido (sem a proteção externa).
cem maior proteção às mídias de armazenamento se
Fonte: Overbr. Disponível em <https://overbr.com.br > Acesso: 26
comparados com as fitas magnéticas removíveis. mar. 2021.
As fitas de armazenamento de dados, assim como
as fitas cassetes de áudio, populares nos anos 70 e 80, Os primeiros modelos trabalhavam com softwares
demandam manutenção constante das mídias e de exclusivos para cada fabricante, que efetuavam a gra-
seus leitores. Por serem cobertas por um composto vação dos dados, manutenção dos discos e até o “esta-
magnético, as cabeças de leitura e gravação tendem cionamento” das cabeças de leitura/gravação para
a “sujar” com resíduos deste composto, prejudicando transporte do equipamento desligado.
as novas leituras/gravações se os cabeçotes não forem Os discos são divididos, logicamente, em setores,
regularmente limpos. trilhas e clusters. Um cluster é uma unidade de arma-
Devido às demandas de segurança e manutenção, zenamento de dados, localizado em determinado
elas começaram a desaparecer no início dos anos setor do disco, em determinada trilha.
2000. Atualmente, algumas empresas ainda mantém A divisão lógica de um disco rígido segue o padrão
fitas DAT, mas por outros motivos, especialmente, que foi definido para os primeiros discos flexíveis,
para a operação de servidores legados (sistemas aban- com definição no momento da formatação ou particio-
donados que não são mais atualizados e só oferecem o namento. A formatação consiste em definir o sistema
recurso de cópias de segurança via fita DAT). de arquivos, divisões e endereçamentos para o arma-
zenamento de dados. O particionamento consiste em
dividir o disco em divisões lógicas distintas, que pos-
sibilitam reduzir o espaço físico para endereçamento
e redução do tempo de latência das cabeças de leitura
e gravação (tempo que o sistema permanece parado).

A
C
Figura 4 – fita D2 e DAT comparadas a um smartphone.
B

Fonte: Wikimedia. Disponível em < https://commons.wikimedia.


org/wiki/File:D-2_tape_vers._DAT_audio_tape_(6498603845).jpg>
Acesso: 26 mar. 2021.

Disco Rígido

O disco rígido é uma mídia de armazenamento de


dados magnética, que se popularizou nos anos 90 por
sua capacidade e velocidade de acesso aos dados. Os
primeiros modelos populares não ofereciam contro-
le de erros e, caso ocorressem problemas na mídia,
alguns softwares específicos seriam executados para
D
o isolamento dos problemas.
O disco rígido “clássico” possui um ou mais discos
metálicos com superfície magnetizável, que giram em Figura 6 – Disco Rígido
Representação da divisão lógica.
182 velocidades de 5.400 rpm (rotações por minuto) em
Disco:

Trilhas (A)
Setores (B)
Cluster (C e D)

Os discos rígidos externos são usados para cópia de segurança de dados, especialmente, pelos usuários domés-
ticos e pequenas empresas, dada a facilidade de compra e praticidade de uso ao conectar em uma porta USB,
disponível em, praticamente, todos os dispositivos computacionais da atualidade.

COMPONENTE DE
DESCRIÇÃO CONEXÃO E DICA
ARMAZENAMENTO
Memória secundária de armazenamento IDE, SATA, USB
Disco rígido
magnético13. Permanente, não-volátil, “unidade C:”, hard disk (HD).
Memória secundária de armazenamento me- SATA II, USB
Disco rígido
mória flash14. Permanente, não-volátil, “unidade C:”, SSD (Solid State Disk).

Os discos SSD operam como discos rígidos, porém com velocidade superior para leitura e gravação de dados,
por serem construídos com chips de memória. Para os programas de backup, não muda nada.
Os discos rígidos e SSDs podem ter mais de uma partição, como letra C: e D:. Entretanto, copiar dados da par-
tição C: para a partição D: não é considerado como um backup.
O primeiro motivo é que a origem e o destino estão no mesmo local, portanto, em caso de sinistro no disco de
origem, perde-se a cópia de segurança na partição de destino, que está no mesmo disco de origem. E o segundo
motivo é que as partições podem ser desfeitas com a mesma rapidez com que são criadas, através do Gerencia-
mento de Discos do Windows.
Os Discos Rígidos possuem capacidades elevadas, de 240 GB (gigabytes, bilhões de bytes), 320 GB, 500 GB, 1 TB
(terabyte, trilhão de bytes), 2 TB etc. Possuem um baixo custo de aquisição por megabyte se comparados as outras
mídias de armazenamento de dados da atualidade.

Disco Flexível

Com baixa capacidade e facilidade de manuseio, os discos flexíveis ou disquetes foram muito populares até
meados dos anos 2000. Com novos meios de armazenamento disponíveis, como os discos ópticos e os pendrives,
conectados em portas USB, eles caíram em desuso.
A capacidade de armazenamento dos discos flexíveis era de 180KB (modelo 5 ¼ de face simples) até 2.88 MB
(modelo 3 ½ de última geração).
Os discos ZIP (ZIP Drive) foram oferecidos no começo dos anos 2000, com capacidade de 100 MB, operando de
forma semelhante às fitas DAT, com cartuchos próprios para uso em leitoras dedicadas. Apesar de sua capacidade
aumentada em relação ao disquete, outras mídias de armazenamento já ofereciam maior espaço para dados se
comparadas aos “disquetes ZIP”.
O armazenamento de dados em discos flexíveis tornou-se impossível atualmente, pois as mídias deixaram de
ser fabricadas e o tamanho dos arquivos supera vários megabytes (milhões de bytes) facilmente nos dias de hoje.

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Figura 7 – Disco flexível 3 ½ desmontado.


Fonte: Wikitionary. Disponível em < https://es.wiktionary.org/wiki/disquete> Acesso em 26 mar. 2021.
Disco Óptico

Com a popularização das mídias ópticas, especialmente, por substituírem as fitas cassetes, os discos de vinil
e as fitas de vídeo, com qualidade de imagem superior, os usuários enxergaram a possibilidade de reutilizá-los
como cópias de segurança.
13 Existem modelos de disco rígido sem disco, como os SSD (Solid State Drive), que é uma memória flash, armazenamento eletrônico.
14 A memória flash permite que a troca de informação seja mais rápida e, quando o dispositivo é desligado, poderá voltar, rapidamente, para onde
estava antes. 183
No início dos anos 2000, CDs, DVDs e o Blu-Ray eram os queridinhos para o armazenamento de dados. Suas
durabilidade, rapidez para leitura e gravação e grande capacidade (para os padrões da época) fizeram das mídias
ópticas as preferidas para a cópia de segurança.
O HD-DVD usava luz azul-violeta e acabou sendo superado pelo Blu-Ray devido às restrições de gravações e
baixa capacidade, sendo fabricado por cerca de cinco anos pela Toshiba, sem adesão de muitos outros fabricantes.

CAPACIDADE USO
CD – COMPACT DISC 700 MB Usado para música
DVD – DIGITAL VIDEO DISC 4.7 GB Usado para vídeo
HD-DVD - HIGH DENSITY DIGITAL VERSATILE
15 GB Usado para vídeo de alta definição
DISC
BLU-RAY 25 GB Usado para vídeo de alta definição

O CD veio para substituir as fitas cassetes de áudio e os discos de vinil, com a gravação digital do áudio em uma
mídia durável de alta qualidade. Com capacidade de 700 MB e algumas características de construção específicas,
rapidamente se tornaram o padrão para distribuição de instaladores de softwares, substituindo inúmeros disquetes.
Os drives leitores de CD do final dos anos 90 eram substituídos por drives gravadores de CD, permitindo a gra-
vação de áudio digital e arquivos em computadores domésticos equipados com o “kit multimídia”.
Unidades 12x, 24x, 48x e 52x se popularizaram, indicando, com os números, a velocidade de rotação do disco
e, consequentemente, maior velocidade de leitura/gravação em relação aos outros modelos semelhantes.

TIPO USO
CD ROM Somente leitura Gravado pelo distribuidor de software ou música
CD R Gravável Poderia gravar uma vez, ou várias vezes de forma incremental
CD RW Regravável Poderia gravar várias vezes, como um disquete

O DVD foi desenvolvido para substituir as fitas de vídeo, com maior qualidade de imagem e som, permitindo a
inclusão de vários conteúdos extras. Assim como os CDs, também existiram modelos ROM, R e RW de mídia DVD.
Na época dos DVDs, as mídias removíveis do tipo USB começaram a aparecer no mercado, oferecendo capa-
cidade semelhante ou superior aos DVDs. Pendrives com 512 MB (megabyte – milhão de bytes), 1 GB, 2 GB, 4 GB, 8
GB, 16 GB etc, rapidamente, se tornaram os preferidos dos usuários para o armazenamento portátil de dados em
detrimento das mídias ópticas do tipo DVD.
O padrão HD-DVD oferecia gravação de dados em mídias ópticas com densidade superior ao DVD e próximo
do Blu-Ray, mas nem chegou a “emplacar” no mercado.
O Blu-Ray foi desenvolvido para substituir o DVD, com maior capacidade de armazenamento de dados e a
possibilidade de gravações de vídeos em alta resolução (HD – High Definition), que ocupavam mais espaço que um
CD poderia armazenar.
Ainda foram propostos outros novos padrões de mídias ópticas, como o HVD (Holographic Versatile Disc), mas
a era dos discos refletivos já estava acabando.
Eles chegaram tarde, pois armazenavam 25 GB e os pendrives já estavam em 128 GB. Poucos usuários utiliza-
ram Blu-Ray em seus computadores, sendo mais usados em aparelhos leitores para a reprodução de filmes em
alta resolução.

Figura 8 – Comparativo entre as mídias ópticas.


Fonte: Wikipedia.
184 Disponível em < https://en.wikipedia.org/wiki/File:Comparison_CD_DVD_HDDVD_BD.svg> Acesso em 26 mar. 2021.
O armazenamento de dados em discos ópticos foi z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias removí-
a opção ideal no momento errado. A demora na popu- veis, acompanhar a cópia e trocar quando solicitado.
larização das mídias com o público e o surgimento
de outras formas de armazenamento de maior prati- Windows 8
cidade ou capacidade tornaram as mídias ópticas as
preferidas para o armazenamento de cópias de segu- z Executar a ferramenta “Salvar cópias de backup”;
rança por quase uma década nas pequenas e médias z Habilitar a opção “Ativar Histórico de Arquivos”;
empresas, porém sem tanta utilização pelos usuários z Excluir as pastas que não deseja que sejam copia-
domésticos. das para o backup;
z A cópia de segurança será realizada localmente e o
BACKUP NO WINDOWS usuário poderá recuperar os arquivos em “Históri-
co de Arquivos”;
O Windows é o sistema operacional da Microsoft z Para cópia externa, usar backup de cópia (manual-
muito popular nos computadores pessoais. Desde a mente) ou outra ferramenta de terceiros.
versão Windows XP, existe uma ferramenta nativa
para a realização de backup (cópia de segurança dos O Windows 8 oferece a ferramenta Imagem de Sis-
dados do usuário). tema para criação de uma cópia de todos os dados do
A seguir, veremos os procedimentos para a reali- computador. É como um backup completo, mas; no
zação da cópia de segurança em diferentes versões do momento da recuperação dos dados, não é possível
escolher quais arquivos serão recuperados. A imagem
sistema operacional. Os procedimentos básicos são os
do sistema é uma cópia estática de todo o disco e será
mesmos, mudando um detalhe ou outro. Confira:
restaurada em sua totalidade.
Windows XP
Windows 10
z Executar a ferramenta Utilitário de Backup (nt
z Acionar o menu Iniciar, item Configurações (ou
backup.exe);
atalho de teclado Windows + I);
z Escolher o Assistente de Backup (para criação da
z Abrir a opção “Atualização e Segurança”;
cópia de segurança); z Executar a ferramenta “Backup”;
z Para recuperação dos arquivos, use a opção Assis- z Habilitar a opção “Ligar backup automático”;
tente de Restore; z Excluir as pastas que não deseja que sejam copia-
z Definir o que será copiado: tudo, arquivos selecio- das para o backup;
nados, ou estado do sistema de backup (informações z Definir qual a periodicidade da cópia de segurança
sobre o gerenciamento das cópias de segurança); em “Fazer backup dos meus arquivos”;
z Escolher o destino (unidade de disco externa, z Definir qual o prazo de validade da cópia de segu-
removível ou remota); rança em “Manter meus backups”;
z Escolher o nome para o arquivo (extensão BKF – z Para cópia externa, usar backup de cópia (manual-
Backup File); mente) ou outra ferramenta de terceiros.
z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias
removíveis, acompanhar a cópia e trocar quando O Windows 10 oferece a ferramenta Imagem de
solicitado. Sistema, como no Windows 8. Para recuperação dos
dados, escolha “Restaurar versões anteriores”.
A extensão BAK (Backup) é usada por programas As ferramentas do Windows para a realização de
instalados no computador para cópia de segurança, backup não trabalham com os conceitos de tipos de
geralmente temporária, de arquivos que estão em backup (completo, diferencial e incremental). Elas
edição. copiam os dados que o usuário escolher ou todo o dis-
co. Portanto, elas são ferramentas de backup completo
Windows Vista ou personalizado, sem detalhes que poderiam distin-
guir uma cópia incremental ou diferencial.
z Executar a ferramenta Backup e Restauração;
z Escolher entre “Fazer backup de arquivos” ou “do BACKUP NA INTERNET
computador inteiro”;
z Escolher o destino (unidade de disco externa, Ao instalar alguma ferramenta de armazenamen-
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

removível ou remota); to de dados na nuvem, como o Microsoft OneDrive, ou


z Iniciar o procedimento e, no caso das mídias removí- o Google Drive, ou Dropbox, é possível associar pastas
veis, acompanhar a cópia e trocar quando solicitado. para serem copiadas para a Internet.
Conforme estudado no tópico sobre as definições
Windows 7 de outros tipos de backups, este será um backup do tipo
espelhamento, no qual os dados apagados da cópia na
z Executar a ferramenta Backup e Restauração; nuvem a partir de um dispositivo serão refletidos nos
z Escolher Configurar backup; outros dispositivos conectados na mesma conta.
z Escolher o destino (unidade de disco externa, remo- As ferramentas oferecem espaço gratuito básico,
vível ou remota); com capacidade entre 2 GB e 15 GB, podendo contra-
z Escolher entre “Deixar o Windows escolher” ou tar mais espaço de armazenamento com 1 TB ou 2
“Deixar que eu escolha”; TB de capacidade. O pagamento será por licença de
z Faça as seleções desejadas e clique em “Salvar con- assinatura mensal ou anual, semelhante ao modelo de
figurações”, para executar o backup; licenciamento do Office 365. 185
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, relativo
EXERCÍCIOS COMENTADOS à versão mais atual do navegador Mozilla Firefox, à
organização e ao gerenciamento de arquivos e progra-
1. (IADES – 2019) Acerca dos procedimentos de segu- mas, e a vírus, worms e pragas virtuais.
rança que devem ser adotados ao utilizar-se um com- Spywares são programas instalados em computado-
putador, assinale a alternativa correta. res pessoais, capazes de identificar e remover deter-
minados vírus, como, por exemplo, Hoax e Trojan.
a) Não é recomendável utilizar CD-ROM para gravar
cópias de arquivos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
b) Cópias de segurança de arquivos confiáveis devem
ser feitas, mas somente em servidores on-line.
c) Qualquer arquivo importante deve ser copiado, seja 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do sistema ope-
ele confiável ou infectado. racional Linux, do PowerPoint 2013 e de redes de com-
d) Toda cópia de arquivo é confiável. putadores, julgue o item a seguir.
e) A manutenção de cópias de segurança redundantes O PowerPoint 2013 possui recurso que permite
de arquivos importantes é recomendável. duplicar um slide selecionado: realiza-se a cópia do
referido slide, mantendo-se o seu conteúdo e a sua
A realização de cópias de segurança é primordial formatação.
para a recuperação dos dados. É recomendável que
sejam usadas mídias removíveis, armazenem as ( ) CERTO  ( ) ERRADO
cópias em locais diferentes de onde estão as origi-
nais, armazenem, apenas, informações importantes 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do sistema ope-
e mantenha as cópias íntegras (protegidas).
racional Linux, do PowerPoint 2013 e de redes de com-
A cópia de segurança dos dados do usuário (ou
backup) poderá estar corrompida quando for putadores, julgue o item a seguir.
necessária a restauração. Por isso, uma das reco- A opção Ocultar Slide, do PowerPoint 2013, permite
mendações é manter cópias redundantes dos arqui- ocultar um slide selecionado para que ele não seja
vos mais importantes. Redundante é o mesmo que mostrado na apresentação.
repetido. Ou seja, a sua pasta de Documentos deve-
rá estar em uma mídia externa e em um local na ( ) CERTO  ( ) ERRADO
nuvem. As chances de perda da cópia de segurança
serão mínimas. Resposta: Letra E. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do sistema ope-
racional Linux, do PowerPoint 2013 e de redes de com-
2. (UFAC – 2019) O Armazenamento na Nuvem (Cloud) putadores, julgue o item a seguir.
é uma extensão da Computação na Nuvem, um impor- Por se tratar de arquitetura ultrapassada e possuir
tante e interessante recurso, uma vez que permite o
pouco compartilhamento de recursos, redes do tipo
armazenamento de documentos de forma que pos-
cliente/servidor não podem ter mais que 100 clientes
sam ser acessados e compartilhados para outras pes-
soas através da internet, além de servir como recurso conectados ao respectivo servidor.
de armazenamento de segurança (backup). São exem-
plos de serviços de armazenamento na nuvem: ( ) CERTO  ( ) ERRADO

a) OneDrive e Google Drive. 6. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item subse-


b) Dropbox e Cortana. quente, acerca do sítio de busca Google; dos concei-
c) Google Drive e Cortana. tos de organização e de gerenciamento de arquivos; e
d) Skype e Google Drive. dos aplicativos para segurança da informação.
e) Skype e Dropbox. Por motivos de segurança, os programas antivírus
não podem ser desabilitados nem mesmo em caráter
A Internet, conhecida como nuvem, pode oferecer temporário.
uma série de serviços online, como o armazena-
mento de arquivos, softwares como serviço e, até,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
infraestrutura como serviço. Os serviços do Micro-
soft OneDrive e do Google Drive oferecem o arma-
zenamento online e compartilhamento de arquivos. 7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, relativo
O Dropbox é um serviço semelhante ao OneDrive à versão mais atual do navegador Mozilla Firefox, à
e Google Drive. A Cortana é o assistente virtual do organização e ao gerenciamento de arquivos e progra-
Windows. O Skype é um comunicador instantâneo mas, e a vírus, worms e pragas virtuais.
com recursos para VoIP. Resposta: Letra A. O Mozilla Firefox admite que plug-ins PDF, como, por
exemplo, Adobe Acrobat, possam ser utilizados para
exibir documentos PDF no Firefox.

HORA DE PRATICAR! ( ) CERTO  ( ) ERRADO

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, relativo 8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do sistema ope-
à versão mais atual do navegador Mozilla Firefox, à racional Linux, do PowerPoint 2013 e de redes de com-
organização e ao gerenciamento de arquivos e progra- putadores, julgue o item a seguir.
mas, e a vírus, worms e pragas virtuais. Alguns comandos do Linux, como, por exemplo, man e
Cavalo de Troia é exemplo de vírus que age especifica- whatis, são importantes para os usuários porque for-
mente em ambiente Windows, não havendo registros
necem informações de outros comandos.
de ataques em outros sistemas operacionais.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
186
9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do sistema ope- A exclusão de um arquivo eletrônico do computador é
racional Linux, do PowerPoint 2013 e de redes de com- permanente, dada a inexistência de programas capa-
putadores, julgue o item a seguir. zes de recuperar o conteúdo de arquivos apagados.
Na criação de um arquivo no sistema operacional Linux,
o usuário deve, obrigatoriamente, inserir a extensão no ( ) CERTO  ( ) ERRADO
nome do arquivo a ser criado.
16. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item subse-
( ) CERTO  ( ) ERRADO quente, acerca do sítio de busca Google; dos concei-
tos de organização e de gerenciamento de arquivos; e
10. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item,
dos aplicativos para segurança da informação.
relativo ao sistema operacional Linux, ao programa
Firewalls são dispositivos com capacidade ilimitada
Microsoft Excel 2013 e ao programa de navegação
Google Chrome. de verificação da integridade dos dados em uma rede,
Conhecido como o superusuário do sistema operacio- pois conseguem controlar todos os dados que nela
nal Linux, o usuário root é capaz de realizar diversas trafegam.
tarefas de administração do sistema; entre elas, a de
cadastrar outros usuários. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

( ) CERTO  ( ) ERRADO 17. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item subse-


quente, acerca do sítio de busca Google; dos concei-
11. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, tos de organização e de gerenciamento de arquivos; e
relativo ao sistema operacional Linux, ao programa dos aplicativos para segurança da informação.
Microsoft Excel 2013 e ao programa de navegação Embora possua uma enorme quantidade de recursos,
Google Chrome. o Google não permite a realização de pesquisa de
No Linux, a expressão soldados-da-pm-de-alagoas.odt imagens por meio da especificação de um formato de
não seria válida para a identificação de um arquivo, arquivo, impossibilitando, por exemplo, que se pesqui-
pois, nesse sistema operacional, é vedada a criação de sem exclusivamente arquivos com a extensão JPG.
arquivos com nomes compostos por mais de dezes-
seis caracteres.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
18. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item subse-
12. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, quente, acerca do sítio de busca Google; dos concei-
relativo ao sistema operacional Linux, ao programa tos de organização e de gerenciamento de arquivos; e
Microsoft Excel 2013 e ao programa de navegação dos aplicativos para segurança da informação.
Google Chrome. Na utilização do sítio de busca Google, é possível defi-
No Microsoft Excel 2013, embora o usuário possa fazer nir que a busca seja feita apenas em sítios que tenham
referências a células de outras planilhas pertencentes a sido atualizados nas últimas vinte e quatro horas.
um mesmo arquivo, ele está impedido de vincular uma
célula contida em uma planilha de um arquivo a outra ( ) CERTO  ( ) ERRADO
célula de uma planilha de outro arquivo, ainda que os
dois arquivos estejam na mesma pasta. 19. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a sistemas
operacionais e ferramentas de edição de texto e plani-
( ) CERTO  ( ) ERRADO lhas, julgue o item a seguir.
GOOGLE CHROME
Programas e arquivos que estejam abertos e em uso
13. (CESPE-CEBRASPE – 2017)
no ambiente Windows podem ser acessados pelo Pai-
Julgue o próximo item, relativo ao sistema operacional
nel de controle, que é uma barra horizontal localizada
Linux, ao programa Microsoft Excel 2013 e ao progra-
ma de navegação Google Chrome. na parte inferior da tela.
Ainda que o usuário exclua o histórico de downloads
do Google Chrome, os arquivos contidos nesse históri- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
co não são removidos do computador.
20. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
( ) CERTO  ( ) ERRADO sentada uma situação hipotética, seguida de uma
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

assertiva a ser julgada, a respeito de sistemas opera-


14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, relativo cionais, intranet e Internet.
à versão mais atual do navegador Mozilla Firefox, à Depois de fazer login em uma estação de trabalho com
organização e ao gerenciamento de arquivos e progra-
Windows 10, o usuário de nome delegado verificou que
mas, e a vírus, worms e pragas virtuais.
estava sem acesso de escrita na pasta c:\temp\bo. Uma
Para liberar espaço em disco, o Windows 10 permi-
te que arquivos temporários sejam excluídos pelo das possíveis causas seria o fato de o referido usuário
usuário. não ser o dono da pasta e(ou) não ter acesso específico
a ela. Nessa situação, o administrador da máquina pode
( ) CERTO  ( ) ERRADO eliminar essa restrição por meio do comando chown + w
delegado c:\temp\bo, executado no power shell do siste-
15. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o item subse- ma operacional, que aceita tanto comandos DOS quanto
quente, acerca do sítio de busca Google; dos concei- alguns comandos Linux.
tos de organização e de gerenciamento de arquivos; e
dos aplicativos para segurança da informação. ( ) CERTO  ( ) ERRADO 187
9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO

3 CERTO

4 CERTO

5 ERRADO

6 ERRADO

7 CERTO

8 CERTO

9 ERRADO

10 CERTO

11 ERRADO

12 ERRADO

13 CERTO

14 CERTO

15 ERRADO

16 ERRADO

17 ERRADO

18 CERTO

19 ERRADO

20 ERRADO

ANOTAÇÕES

188
As expressões algébricas contêm números conhe-
cidos, números desconhecidos (incógnitas) e opera-
ções matemáticas.

MATEMÁTICA
Valor numérico de uma expressão

É o resultado das operações efetuadas em uma


expressão algébrica, após a substituição das variáveis
por números. Veja um exemplo:
MODELOS ALGÉBRICOS Qual o valor da expressão 2x + 2y quando x = 2 e
y = 3?
ÁLGEBRA, EXPRESSÕES ALGÉBRICAS E EQUAÇÕES Basta substituir as variáveis pelos valores núme-
ALGÉBRICAS ros que a questão falou

Álgebra 2×2 + 2×3 = 4 + 6 = 10.

Na álgebra, usamos letras para representar núme- EQUAÇÃO ALGÉBRICA


ros. Essas letras tanto podem representar números
desconhecidos quanto um número qualquer per- É uma igualdade entre expressões algébricas que
tencente a um conjunto numérico. Logo, a álgebra é possuem incógnitas em suas estruturas. Observe os
um ramo da matemática que serve para generalizar exemplos:
o estudo da aritmética. Há algumas propriedades Exemplos:
importantes na álgebra. Considere as letras x, y e z a
título de cálculo nas propriedades: 2x+5 = x+15
3y+4 = 18
Associatividade 2y = 6

(x + y) + z = x + (y + z) As equações algébricas contêm números desco-


(x·y)·z = x·(y·z) nhecidos (incógnitas) e operações matemáticas.

Comutatividade Valor numérico de uma equação

x+y=y+x É o resultado das operações efetuadas em uma


x·y = y·x equação algébrica, com a intenção de achar o valor de
uma variável. Veja um exemplo:
Existência de elemento neutro (1 para a multipli- Qual o valor de “x” na equação 2x + 5 = 25?
cação e 0 para a adição) Devemos isolar o “x” em um dos lados da igualda-
de e passar todos os outros valores para o outro lado.
x+0=x
x·1 = x 2x + 5 = 25
2x = 25 – 5
Existência de elemento oposto (ou simétrico).
(o número 5 muda sinal quando
x + (– x) = 0 troca o lado na igualdade)
x· 1 = 1
x
2x = 20
Distributividade (também chamada de proprie-
(o número 2 está multiplicando,
dade distributiva da multiplicação sobre a adição)
então ele irá passar dividindo)

x·(y + z) = x·y + x·z x = 20/2


Essas cinco propriedades são válidas para todos os x = 10
números reais x, y e z, uma vez que essas letras foram
usadas para representar qualquer número real. Como saber se o valor encontrado de “x” está correto?
Basta substituir o resultado encontrado na equa-
EXPRESSÃO ALGÉBRICA ção. Se o resultado for igual a zero está tudo certo e
MATEMÁTICA

você realmente encontrou a resposta correta.


É uma expressão matemática que contém núme-
ros e letras ou apenas letras. Ou seja, é quando temos 2x + 5 = 25
as incógnitas ou variáveis na expressão. 2×10 + 5 = 25
Exemplo: 20 + 5 = 25
25 = 25
x+15 25 – 25 = 0
x+2y
x.y.z Logo, o valor de “x” = 10 satisfaz a equação. 189
Dos adolescentes que participaram desse estudo, a
EXERCÍCIOS COMENTADOS quantidade dos que enviam mensagens escritas aos
amigos diariamente é
1. (ENCCEJA 2019) Para estimar a extensão de um engar-
rafamento (E) em uma via com três pistas de rolagem a) 35.
onde só trafegam carros de passeio, o Departamento b) 105.
de Trânsito considera, para efeito de cálculo, que cada
c) 915.
carro ocupa 5,5 m de extensão da pista de rolagem
d) 1 624.
onde se encontra, conforme indicado na figura.
de 1220 = × 1220 = = 915 enviaram mensagens.
Extensão do engarrafamento (E)
Resposta: Letra C.

FUNÇÕES

O conceito de função é um dos mais importantes


Ultimos carros 5,5m 5,5m Primeiros Carros em toda a matemática. Essa teoria aparece em mui-
tos momentos do nosso cotidiano e seu uso pode ser
A expressão matemática que expressa a relação entre encontrado em diversos assuntos, como por exemplo,
a extensão do engarrafamento (E), medido em qui- qual seria o preço a ser pago numa conta de luz que
lômetro, e o número (N) de carros envolvidos nesse depende da quantidade de energia consumida? Ou
engarrafamento é dada por será que a temperatura influencia o aumento de ven-
das de sorvete? E assim, o seu estudo se torna apro-
N priado para que sua aplicação ajude na resolução de
X 5,5
a) E= 3 problemas.
Toda vez que temos dois conjuntos e algum tipo
1000 de associação entre eles, que faça corresponder a todo
elemento do primeiro conjunto um único elemento
N do segundo, ocorre uma função, ou dizemos, que um
x3
b) E= 5,5 está em função do outro. Podemos representar uma
função de duas maneiras, tabela ou fórmula. Abaixo
1000 segue uma tabela que relaciona dois conjuntos, dis-
tância percorrida e valor pago em uma corrida de
N x 5,5 taxi:
c) E=
1000
DISTÂNCIA PERCORRIDA
10 15 20 25
(KM)
3N x 5,5
d) E= VALOR PAGO (R$) 25 35 45 55
1000
Para toda distância percorrida nesta tabela, existe
Vamos precisar calcular a expressão matemática um único correspondente de valor pago por corrida.
que expressa a relação entre a extensão do engarra- Um matemático diria que o valor pago na corrida de
famento (E), medido em quilômetro, e o número (N) taxi está em função da distância percorrida. Se cha-
de carros envolvidos nesse engarrafamento. Note: marmos D de distância e VP de valor pago, pode-se
Dica: transformar 1kilômetro para metros, pois as escrever então a fórmula que represente essa função:
alternativas estão em metros, ou seja, VP = 2D + 5, onde as duas letras na fórmula são as
1 km = 1000 m. variáveis, tendo VP variando de acordo com a varia-
Substituindo as informações que o enunciado nos deu:
ção de D, isto é, VP está em função de D. A fórmula da
Cada carro 5,5m e temos 3 fileiras de carros.
função permite escrever a sua correspondente Tabe-
Como não sabemos a quantidade correta de carros,
la, bastando substituir os valores D e obter seus res-
vamos chamar de “N”
pectivos VP. Podemos dizer ainda, que o valor fixo na
fórmula (cinco) seria o valor da bandeira.
N Definição: Uma relação 𝑓 de um conjunto A em
X 5,5
E= 3 um conjunto B, ou uma função 𝑓 de A em B, que é
denotado por 𝑓: A → B, e apresenta a seguinte pro-
1000
priedade: ⩝x ϵ A, existe um único y ϵ B tal que (x,
Resposta: Letra A. y) ϵ 𝑓.
Na figura abaixo, observa-se que as relações 𝑓 e g
2. (ENCCEJA 2019) Estudo feito com 1 220 adolescen- não são funções, pois para 𝑓 nem todo elemento de A
tes norte-americanos aponta que redes sociais estão tem um respectivo em B. Já para a relação g, não se
substituindo passeios com colegas. Três quartos des- tem todo elemento de A com um único respectivo em
ses adolescentes dizem que enviam mensagens escri- B. A relação h: esta sim é uma função, visto que para
190 tas aos amigos todos os dias. todo elemento de A existe um único respectivo em B,
A f B
Importante!
Se tivermos um elemento do conjunto de parti-
da (A) do qual não tem seu respectivo valor em
relação ao conjunto (B), então essa relação não
é função.

O domínio é um subconjunto dos ℝ no qual todas


A g B as operações indicadas em y = 𝑓(x) são possíveis. Para
a função abaixo qual seria seu domínio?

√x – 2
𝑓(x) =
√3 – x

Assim, o domínio são todos valores possíveis para


A x tal que y = 𝑓(x) exista nos reais. Tem-se duas restri-
H B
ções na função, a primeira que não existe raiz quadra-
da negativa e que o denominador não seja nulo. Para
isso faremos:
x – 2 ≥ 0 → x ≥ 2 e 3 – x > 0 → x < 3, note que a
desigualdade do denominador exclui o zero. Assim, a
intersecção dessas duas condições é 2 ≤ x < 3. Logo, o
domínio é D = {x ϵ R| 2 ≤ x < 3}.

Geralmente existe uma expressão y = 𝑓 (x) que


expressa todos os elementos da relação, assim, para
representar uma função 𝑓, de A em B, segundo uma
lei de formação, tem-se:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 𝑓 (x)} ou
𝑓: A → B
x ↦ 𝑓(x)

Por exemplo, a função 𝑓, que associa a cada núme-


ro real x ao número 2x é expressa da seguinte forma:

𝑓 = {(x, y) | x ϵ A, y ϵ B e y = 2x} ou
𝑓: A → B
x ↦ 2x

Domínio, Contra Domínio e Imagem da função Diagrama A e B, em relação ao domínio (D), contra domínio (CD) e
imagem (Im).
O domínio (D) de uma função é sempre o próprio
conjunto de partida, ou seja, é formado por todos os Funções Injetoras, Sobrejetoras e Bijetoras
possíveis elementos do conjunto A (D=A) e nos gráficos
são os valores que a abscissa (eixo x) pode assumir. O As funções Injetoras são funções tais que os dis-
contra domínio (CD=B) é o conjunto de chegada, for- tintos elementos do domínio se relacionam com dis-
mado por todos os elementos do conjunto B e são for- tintos elementos da imagem, ou seja, dois elementos
mados por todos os valores que as ordenadas (eixo y) do domínio não podem ter a mesma imagem (Figura
podem assumir. A imagem (Im) é formada por todos 5a). Uma função 𝑓: ℝ → ℝ dada por 𝑓(x) = 4x é injetora,
os elementos do contra domínio que se relacionam visto que para x1 ≠ x2tem-se 4x1 ≠ 4x2, logo, 𝑓 (x1) ≠ 𝑓
com algum elemento do domínio. Assim, quando todo (x2).
a) Diagrama para funções injetoras
elemento x ϵ A está associado a um elemento y ϵ B,
MATEMÁTICA

dizemos que y é a imagem de x, e denotamos por y =


𝑓(x).
Seja uma função 𝑓: ℕ → ℕ, ou seja, com domínio
e contra domínio nos naturais, definida por y = 𝑓(x)
= x + 2. Seu conjunto imagem é formado por meio da
substituição dos valores de x = {0, 1, 2, 3, 4, ...}, perten-
cente aos ℕ, em y = 𝑓(x), então para x = 1 → y = 𝑓(1) = 1
+ 2 = 3, e assim sucessivamente, de modo geral, a Im(
𝑓) = x + 2. 191
b) Diagrama para funções sobrejetora Funções de x (𝑓(x) = xn), definidas em 𝑓 : ℝ → ℝ,
com potências pares são funções pares e com potên-
cias ímpares são funções ímpares, por exemplo, 𝑓(x)
= x2 ou 𝑓(x) = x4 são pares e 𝑓(x) = x3 ou 𝑓(x) = x5 são
ímpares, visto que, 𝑓(x) = x2 = (–x)2 = 𝑓(–x) e 𝑓(–x) = (–x)3
= –x3 = –𝑓(x).
Observando o gráfico de uma função par notamos
que ela é simétrica em relação ao eixo das ordenadas
(eixo y).
Já a função ímpar é simétrica em relação a origem
((x, y) = (0, 0))

c) Diagrama para funções bijetoras Funções Periódicas e Compostas

Funções periódicas a grosso modo são funções


especiais de fácil identificação visual ou gráfica, onde
se observa uma característica de repetição do decor-
rer da curva em intervalos subsequentes.
Uma função 𝑓 : ℝ → ℝ é dita periódica de tempo T,
se existe uma constante positiva T tal que 𝑓(x) = 𝑓(x +
T) para todo x ϵ ℝ. Assim, se 𝑓 é periódica de período
T, então, 𝑓 também é periódica de período nT, onde
n ϵ ℕ, 𝑓(x) = 𝑓(x + T) = 𝑓(x + 2T) = ... = 𝑓(x + nT). Por
exemplo, funções trigonométricas 𝑓(x) =sen(x) e g(x) =
As funções Sobrejetoras são funções nas quais cos(x), são funções periódicas de período T =2π.
o seu conjunto imagem (Im) é igual ao contra domí- Para que uma função composta 𝑓 com g exista,
nio (CD), isto é, Im=CD=B (Figura 5b). Em funções que cada uma delas 𝑓 e g devem ser funções dentro do
aconteçam as duas situações ao mesmo tempo, ou domínio e contra domínio definido, ou seja, 𝑓: A → B
seja, a função é Injetora e Sobrejetora, então dizemos e g: B → C, então para todo x ϵ A temos um único y ϵ
que ela é uma função Bijetora (Figura 5c). B tal que y = 𝑓(x) e para todo y ϵ B tem-se um único z
ϵ C tal que z = 𝑓(y), logo, existe uma função h: A → C,
definida por h(x) = z. Pode-se ainda indicá-la como 𝑓οg
Funções Pares e Ímpares
ou h(x) = 𝑓[g(x)].
Assim, sejam as funções 𝑓(x) = x2 + 2 e g(x) = 3x. A
Uma função é dita par se, e somente se, 𝑓(x) =
composta de 𝑓οg é dada por 𝑓[g(x)] = 𝑓[3x] = (3x)2 + 2
𝑓(–x), para todo x ∊ D, ou seja, valores simétricos de x
= 9x2 +2.
devem ter a mesma imagem em y. Por outro lado, se a
Já a composta de gο𝑓 seria: g[𝑓 (x) ] = g[(x2 +2)] =
função for definida por 𝑓(–x) = – 𝑓(x), então dizemos a
3(x + 2) = 3x2 + 2.
2
função é ímpar. Seja 𝑓:A→B, os diagramas para fun-
Podemos ainda, conhecendo a composta gο𝑓, vol-
ções par e ímpar seguem na Figura 6.
tar para as funções individuais, 𝑓 e g. Supondo 𝑓(x) =
2x e 𝑓[g(x)] = x + 3, qual será a função g(x)?
a) Diagramas para funções pares
Se 𝑓(x) = 2x então, 𝑓[g(x)] = 2g(x), como temos tam-
bém que 𝑓[g(x)] = x + 3, logo:

x+3
𝑓[g(x)] = 2g(x) = x + 3 → g(x) =
2

Relações entre Funções

A igualdade entre duas funções, é uma relação


entre funções, e é definida da seguinte forma: seja
as funções 𝑓: A → B e g: C → D, são funções iguais se, e
somente se, A = C e B = D e 𝑓(x) = g(x) para todo x ∊ A.
Assim, sendo A = {1, 2, 3} e B = {–2, –1, 0, 1, 2} e as
funções de A em B definidas por:

x2 – 1
𝑓(x) = x – 1 e g(x) =
x+1
Assim, para o domínio A = {1, 2, 3} tem-se:

𝑓(1) = 1 – 1 = 0
𝑓(2) = 2 – 1 = 1
192 Diagramas para funções par (a) e ímpar (b). 𝑓(3) = 3 – 1 = 2
e FUNÇÃO CONSTANTE, CRESCENTE E
DECRESCENTE

12 – 1 Uma relação 𝑓: ℝ → ℝ recebe a denominação de


g(1) = =0 função constante quando a cada elemento de x ∊ ℝ
1+1 associa-se sempre o mesmo elemento c ∊ ℝ, ou seja,
y = 𝑓(x) = c. O gráfico da função constante é uma reta
22 – 1 paralela ao eixo das abcissas (eixo x) passando pelo
g(2) = =1 ponto (x, y) = (0, c), figura a seguir, assim o conjunto
2+1 Imagem (Im) de 𝑓 é Im = {c}.

32 – 1
g(3) = =2
3+1

Como 𝑓(1) = g(1); 𝑓(2) = g(2); 𝑓(3) = g(3) para todo x


∊ A, temos que as funções são iguais.
Podemos ter outras relações entre funções, como
Função constante 𝑓(x) = c.
a soma de duas funções 𝑓 e g definida por:
(𝑓 + g) (x) = 𝑓 (x) + g(x). Assim, temos exemplos de funções constantes
A diferença entre funções, definida por: como mostra a figura a seguir.
(𝑓 – g) (x) = 𝑓 (x) – g(x).
O produto entre funções:
(𝑓 · g) (x) = 𝑓 (x) · g(x).
E o quociente entre funções:
(𝑓 / g) (x) = 𝑓 (x) / g(x), g(x) ≠ 0.
Em cada uma das operações anteriores o domínio
da função resultante consiste naqueles valores de x
que estão no domínio de cada uma das funções 𝑓 e
g, sendo que quando tivermos o quociente existe a
necessidade do denominador ser não nulo e algumas y=4 y=–2
outras funções também podem ter restrições espe-
cíficas, como por exemplo, a função raiz quadrada Exemplos de funções constante.
que precisa ser positiva. Logo, o domínio do resulta-
do delas deve satisfazer as duas funções ao mesmo Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita fun-
tempo. ção crescente em um intervalo, se para dois valores
Supondo duas funções 𝑓(x) = √x + 1 e g(x) = √x – 4 , os quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao intervalo, se x1 <
domínios delas são D𝑓 = [–1, +∞[ e Dg = [4, +∞[, notem x2então 𝑓(x1) < 𝑓(x2). Ou seja, aumentando os valores de
que raiz quadrada pode assumir somente valores x os valores de y também aumentam (Figura 9a).
positivos incluindo o zero. Uma função y = 𝑓(x) = 3x é uma função crescente
nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → 3x1 < 3x2 para
Se fizermos o quociente delas, teremos:
todo {x1, x2} ∊ ℝ.
Uma função 𝑓: A → B definida por y = 𝑓(x) é dita
√x + 1 função decrescente em um intervalo, se para dois
(𝑓/g)(x) = valores quaisquer de x1 e x2, pertencentes ao interva-
√x – 4 lo, se x1 < x2 então 𝑓(x1) > 𝑓(x2). Ou seja, aumentando
os valores de x os valores de y diminuem (Figura 9b).
Uma função y = 𝑓(x) = –3x é uma função decres-
O domínio da função quociente é D𝑓/g = ]4, +∞[, pois cente nos ℝ, visto que para qualquer x1 < x2 → –3x1 >
nesse caso o denominador não pode ser nulo. –3x2 para todo {x1, x2} ∊ ℝ.

RAIZ DE UMA FUNÇÃO

Raiz, ou raízes de uma função, são também conhe-


cidas como zero da função, ou seja, é quando o valor
de x tenha imagem, y em zero ou nula, isto é, y = 𝑓(x)
= 0.
Assim, para determinar a raiz da função y = 2x – 1,
basta igualar tal função a zero e isolar o valor de x, logo: a) b)

Figura 9. Exemplos de funções crescente (a) e decrescente (b).


1
MATEMÁTICA

y = 2x – 1 = 0 → 2x = 1 → x = FUNÇÃO DEFINIDA POR MAIS DE UMA SENTENÇA


2

É raiz da função y = 2x – 1 e o ponto no plano car- Funções definidas por mais de uma sentença
tesiano será: são funções em que cada subdomínio tem uma função
associada a ela e a união desses subdomínios forma
o domínio da função original 𝑓(x). Com isso, conse-
1 guimos construir o gráfico das funções 𝑓(x) em cada
(x, y) = ,0 subdomínio, Figura 10, dois exemplos de funções com
2 mais de uma sentença e diferentes subdomínios. 193
{ –x + 1, se x < –2 Na Figura 11, vemos os gráficos das funções 𝑓 e 𝑓 -1
acima, percebemos pela Figura 11c que eles são simé-
a) 𝑓(x) = x2 – 1, se – 2 ≤ x ≤ 1 tricos em relação a bissetriz nos quadrantes ímpares
do plano cartesiano. Para construir o gráfico basta
–x + 1, se x > 1 plotar os pontos (x, y) ou (y, x) das duas funções no
(Figura 10a); plano cartesiano e traçar uma reta.

b) 𝑓(x) = { –x2 + 1, se x < 1


(x – 2)2 – 1, se x ≥ 1
(Figura 10b).

(Figura 10a)

(Figura 10b)

FUNÇÃO INVERSA E SEU GRÁFICO

Uma função 𝑓: A → B, bijetora de A em B, ou seja,


distintos elementos do domínio (A) se relacionam com
distintos elementos da imagem (Im) e a Im=CD=B, a Figura 11. Funções (a) 𝑓(x) = 2x – 1, (b) 𝑓–1(x) = (x + 1)/2 e (c) as
relação inversa de 𝑓 é uma função de 𝑓: B → A, que duas funções mais a bissetriz em pontilhado.
denominamos de função inversa e denotada por 𝑓 -1.
FUNÇÃO LINEAR, AFIM E QUADRÁTICA
Seja uma função 𝑓:A→B, com A = {1, 2, 3, 4} e B = {1,
3, 5, 7}, definida por 𝑓(x) = 2x – 1, 𝑓 = {(1, 1), (2, 3), (3, Função Linear e Afim
5), (4, 7)}. Temos que 𝑓 é bijetora visto que D𝑓 = A e a
Im𝑓 = B. A função inversa de 𝑓 também é uma função A Função Linear é uma aplicação de ℝ → ℝ quan-
bijetora, visto que para todo y ∊ B existe um único x ∊ do cada elemento x ∊ ℝ associa o elemento ax ∊ ℝ com
A tal que 𝑓–1 = {(y, x) | (x, y) ∊ 𝑓}, onde 𝑓–1 = {(1, 1) | (3, a ≠ 0 e constante real, ou seja, 𝑓(x) = ax. a ≠ 0.
2), (5, 3), (7, 4)} D𝑓–1 = B e Im𝑓–1 = A. Logo, a sentença da O gráfico da função linear é uma reta que passa
função inversa de 𝑓 é definida por: pela origem e liga os pontos (x, y) = (x, ax) no plano
cartesiano (Figura 12).

{
y+1
𝑓(x) = y = 2x – 1 → 2x = y + 1 → x =
2

Logo, se 𝑓 = {(x, y) ∊ A × B | y = 2x – 1}, então:

𝑓–1 = { (y, x) ∊ B × A | x =
y+1
2

O domínio da f é A que é a imagem de f , já o


–1

194 domínio de f–1 é B que é a imagem da f. Figura 12. Gráfico da Função Linear 𝑓(x) = 2x e o ponto (x, y) = (2, 4).
A aplicação de ℝ → ℝ, quando cada x ∊ ℝ estiver
associado ao elemento (ax + b) ∊ ℝ com a ≠ 0, a e b
constante real, recebe o nome de Função Afim, ou
seja, 𝑓(x) = ax + b; a ≠ 0, onde a é conhecido como coe-
ficiente angular e b como coeficiente linear.
O gráfico para a função afim, 𝑓(x) = ax + b, também
é uma reta, onde o coeficiente angular indica a incli-
nação da reta e o coeficiente linear indica o local em
que a reta corta o eixo das ordenadas (eixo y). Seja a Assim colocando esses resultados sobre o eixo x, e
função afim, 𝑓(x) = 2x + 1, (x, y) = (0, 1) é o ponto onde a adicionado os sinais vemos em quais intervalos estão
reta corta o eixo y, com mais um ponto pode-se traçar os sinais positivos e negativos da função.
a reta que representa a função 𝑓(x). Assim, para x = 1 2º caso: a < 0 (decrescente):
→ y = 3, ou seja, o ponto (x, y) = (1, 3), seu gráfico segue
na Figura 13.
 𝑓(x) = ax + b > 0 → x < – b b;
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a a
Importante! 
b b
Uma função afim, 𝑓(x) = ax + b, quando b = 0 ,  f𝑓(x)
( x=
)= axax+ +b <b 0<→0 x→> –x < − ; ;
transforma-se na função linear, 𝑓(x) = ax, assim,  a a
dizemos que uma função linear é um caso parti-
cular da função afim.

Seja a função 𝑓(x) = 2x + 1, sua raiz é dada por:

1
2x + 1 = 0 → x = –
2
Figura 13. Gráfico da Função Afim 𝑓(x) = 2x + 1 e o ponto (x, y) = (1, 3).
Como o coeficiente angular é positivo (a = 2 > 0),
Uma Função Afim é crescente sempre que o coe- então o estudo de sinal de 𝑓(x) será:
ficiente angular for positivo e decrescente quando o
mesmo for negativo.
 x > – 1 → 𝑓(x) > 0 b
Sinal da Função Afim  f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
2 a

 fx <( x– = 1 b
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida ) ax + b< <0 0 → x < − ;
→ 𝑓(x)
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos  2 a
𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, com x ∊ D𝑓 .
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função afim temos
a raiz sendo:

b
𝑓(x) = ax + b = 0 → x = –
a
Inequações produto e quociente para Função Afim
Agora, teremos dois casos para estudo do sinal da
função afim, um quando o coeficiente angular é posi- Sejam as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações produ-
MATEMÁTICA

tivo (a > 0) outro quando é negativo (a < 0): to delas são dadas por:
1º caso: a > 0 (crescente): 𝑓(x) · g(x) > 0 ou 𝑓(x) · g(x) < 0 ou 𝑓(x) · g(x) ≥ 0 ou
𝑓(x) · g(x) ≤ 0
De acordo com a regra de sinais do produto de
 b b números reais, temos que (+ × + = +); (– × – = +); (+ × –
 f ( x==
𝑓(x) ) axax →0x →
+ b+>b0 > > – x > −; ; = –), assim, um conjunto solução (S) para uma dessas
 a a inequações pode ser encontrado da seguinte forma,

 f ( x= b b seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o produto
𝑓(x) =) axax →0x →
+ b+<b0 < < – x < −; ; ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou
 a a 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. 195
Assim, para 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 encontramos a solu- para uma dessas inequações pode ser encontrado da
ção S1 para a 𝑓(x) > 0 e a solução S2 para a g(x) > 0, seguinte forma, seja a inequação quociente:
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
ção S3 para a 𝑓(x) < 0 e a solução S4 para a g(x) < 0, 𝑓(x)
chegando na solução geral S3 ⌒ S4 . ≥0
Por fim, a solução para a inequação produto, 𝑓(x) · g(x)
g(x) > 0, é dada pela união das soluções anteriores,S =
{S1 ⌒ S2} ◡ { S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras Para o produto ser positivo temos duas situações:
inequações produto. 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0.
Tomemos como exemplo a inequação produto (x + Assim, para 𝑓(x) ≥ 0 e g(x) > 0 encontramos a solu-
2) (3x – 1) > 0, ou seja, 𝑓(x) · g(x) > 0 → 𝑓(x) = x + 2 e g(x)
ção S1 para a 𝑓(x) ≥ 0 e a solução S2 para a g(x) > 0,
= 3x – 1, seguindo os dois passos acima temos:
chegando na solução geral S1 ⌒ S2.
Depois para 𝑓(x) ≤ 0 e g(x) < 0 encontramos a solu-
 x+2>0→x>–2 b ção S3 para a 𝑓(x) ≤ 0 e a solução S4 para a g(x) < 0,
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
a chegando na solução geral S3 ⌒ S4 .
 1 Por fim, a solução para a inequação quociente:
 3x b
f ( –x=
)1 > 0ax→+xb> < 0 → x < − ;
 3 a 𝑓(x)
≥0
g(x)

É dada pela união das soluções anteriores, S = {S1


⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4}. Raciocínio análogo para as outras
inequações quocientes.
Logo, a solução para esse primeiro caso é: Tomemos como exemplo a inequação quociente:

{
S1 ⌒ S2= x∊ℜ|x>
1
{ (x + 2)
(3X – 1)
≥1
3
Ou seja,
 x+2<0→x<–2 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 a (x + 2) (x + 2) (–2x + 3
 ≥1→ –1≥0→ ≥0
 f3x(–x1=
1 b (3x – 1) 3x – 1 (3x – 1
)< 0 →ax
x <+ b < 0 → x < − ;

 3 a
Assim temos:

𝑓(x)
> 0 → 𝑓(x) = – 2x + 3 e g(x) = 3x – 1
g(x)

Seguindo os dois passos acima temos:


Logo, a solução para esse segundo caso é S3 ⌒ S4 =
{x ∊ ℜ | x < – 2}. Assim, o conjunto solução para inequa-  – 2x + 3 ≥ 0 → x – ≤ 3 b
ção produto (x + 2) (3x – 1) > 0 é:  f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 2 a

1 b

{
{  f3x( –x1=
) > 0 ax > b<0→ x<−
→ x+ ;
1 
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = x ∊ ℜ | x < –2 ou x >  3 a
3

Seja as funções 𝑓(x) e g(x), as inequações quocien-


tes delas são dadas por:

𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x) 𝑓(x)


> 0 ou < 0 ou ≥ 0 ou ≤0
g(x) g(x) g(x) g(x)
Logo, a solução para esse primeiro caso é:
De acordo com a regra de sinais do quociente de

{
números reais, temos que (+ ÷ + = +); (– ÷ – = +); (+
÷ – = –) e lembrando que o denominador da fração S1 ⌒ S2= x∊ℜ|
1
<x≤
3
{
196 não pode ser nulo, assim, um conjunto solução (S) 3 2
 – 2x + 3 ≤ 0 → x – ≥ 3 b
 f ( x=) ax + b > 0 →2x > − a ;

 f (3x 1 b
x=)– 1ax
< 0+→bx<< 0 → x < − ;
 3 a

Logo, a solução para esse segundo caso é {S3 ⌒ S4} =


{∅}. Assim, o conjunto solução para inequação quociente:

Figura 14. Gráfico da Função Quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2 com


(x v, y v = ^ 2 , – h e raízes (x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
(x + 2) 3 1
≥1 vértice: 4
(3x – 1) As raízes ou zeros da função quadrática são os valores de x tal que a
𝑓(x) = ax2 + bx + c = 0.

é: Pela forma canônica tem-se que a função 𝑓(x) = ax2


+ bx + c pode ser escrita da seguinte forma:

{
{
[ ]
x∊ 1 3 2
S = {S1 ⌒ S2} ◡ {S3 ⌒ S4} = <x≤ b ∆
ℜ| 3 2 𝑓(x) = a x+ –
2a 4a2

Quando se está trabalhando algebricamente com


Sendo ∆ = b2 – 4ac, o discriminante, igualando essa
uma inequação e no momento que se tem a necessida- função canônica a zero chegamos nos valores das raízes:
de de multiplicar por -1 ambos os lados para isolar x,
(–1) · – x ≤ – 3/2 · (–1) , não esqueça de também inver-
– b ± √∆
ter o sinal da inequação, ficando nesse caso, x ≥ 3/2 . x=
2a
Funções Quadráticas
Usando essa fórmula chegamos nas raízes da fun-
ção quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2:
A Função Quadrática ou do 2º grau é uma apli-
cação de ℝ → ℝ quando cada elemento x ∊ ℝ associa ∆ = b2 – 4ac = (–3)2 – 4 · 1 · 2 = 9 – 8 = 1,
o elemento (ax2 + bx + c) ∊ ℝ com a ≠ 0, ou seja, 𝑓(x) =
ax2 + bx + c; a ≠ 0 e a, b, c ∊ ℜ. Um exemplo de função
– (–3) – √1 3–1
quadrática, 𝑓(x) = x2 – 3x + 2; a = 1, b = –3, c = 2. x1 = = =2
O gráfico para a função quadrática, 𝑓(x) = ax2 + 2·1 2
bx + c, é uma parábola, assim para sua construção é
necessário mais que dois pontos, diferente do visto – (–3) + √1 3+1
x2 = = =2
anterior na construção da reta. Inicialmente encon- 2·1 2
tra-se os zeros ou raízes da função, o vértice e o pon-
to de encontro com o eixo y. São três coeficientes na Assim, as raízes para a função quadrática são: (x1,
função quadrática, a, b e c. O primeiro (a) indica se a y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0).
concavidade da parábola está voltada para cima (a >
0) ou para baixo (a < 0), já o terceiro (c) indica onde a Importante!
parábola corta o eixo das ordenadas (eixo y), ou seja,
Quando o valor de delta é negativo (∆ < 0) não
quando x = 0 ou y = c. Seja a função quadrática, 𝑓(x)
temos raízes reais, pois raiz quadrada de um
= x2 – 3x + 2, (x, y) = (0, 2) é o ponto onde a parábola número negativo é um número complexo. Quan-
corta o eixo y, com mais alguns pontos pode-se traçar do o delta é igual a zero (∆ = 0) as duas raízes
a parábola que representa a função 𝑓(x). Assim, as raí-
MATEMÁTICA

são iguais, ou seja, teremos uma função quadrá-


zes da função são y = 0 → x1 = 1; x2 = 2, ou seja, o ponto tica de raiz unitária. Já para delta positivo (∆ > 0)
(x1, y) = (1, 0); (x2, y) = (2, 0) e o vértice dado pelo ponto: teremos então a situação de duas raízes reais.

3 1 Sinal da Função Quadrática


(xv, yv) = ,–
2 4
O estudo do sinal de uma função 𝑓: A → B definida
por y = 𝑓(x), é encontrar para quais valores de x temos
Logo seu gráfico segue na Figura 14. 𝑓(x) > 0, 𝑓(x) < 0 ou 𝑓(x) = 0, x ∊ D𝑓 com. 197
Inicialmente, identificamos onde a função é igual
a zero, ou seja, encontramos a raiz da função y = 𝑓(x).  b
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x0< →
1 oux x>>−2} ;
Para isso fazemos y = 𝑓(x) = 0, para função quadrática  a
vimos que as raízes são: a>0→ 
𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<10< →
x <x2}< − ;

 a
– b ± √∆
x=
2a Inequações para Função Quadrática
Com ∆ = b2 – 4ac.
Agora, teremos os casos para estudo do sinal da Seja a ≠ 0 as inequações quadráticas são: ax2 + bx
função quadrática, quando o coeficiente a é positivo + c > 0, ax2 + bx + c < 0, ax2 + bx + c ≥ 0 ou ax2 + bx + c ≤ 0.
(a > 0) outro quando é negativo (a <0) e ainda quando Resolver a inequação 𝑓(x) = ax2 + bx + c > 0 signifi-
∆ > 0; ∆ < 0 e ∆ = 0 ca encontrar valores de x tal que 𝑓(x) seja positiva. O
Para ∆ < 0 temos: resultado para resolver essa inequação é encontrado
no estudo de sinal da função 𝑓(x) . Assim dependendo
a > 0 → 𝑓(x) >0, ⩝x ∊ ℜ dos valores de a e de delta temos algumas combina-
a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ ções de resultados para solução da 𝑓(x) > 0:
No gráfico da função quadrática com ∆ < 0, como
não existe raiz real, logo a parábola não corta o eixo
x (abscissa).

Para ∆ = 0 temos:

a > 0 → 𝑓(x) > 0, ⩝x ∊ ℜ


a < 0 → 𝑓(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ

No gráfico da função quadrática com ∆ = 0, as raízes


são iguais (raiz unitária), logo a parábola corta o eixo x
(abscissa) em apenas um ponto, nesse ponto a 𝑓(x) = 0.

No caso de inequação produto faz-se o estudo de


sinal de cada uma das funções quadráticas e define-se
como solução de acordo com a regra de sinais do pro-
Para ∆ > 0 temos:
duto de números reais, temos que (+ × + = +); (– × – =
+); (+ × – = –), assim, um conjunto solução (S) para uma
 b dessas inequações pode ser encontrada da seguinte
 f ( x>=
𝑓(x) ) 0, {x
ax∊+ℜb|>x 0< x→
1 x > −2 ;
ou x > x }
 a forma, seja a inequação produto 𝑓(x) · g(x) > 0, para o
a>0→  produto ser positivo temos duas situações: 𝑓(x) > 0 e
𝑓(x) b
f ( x<=
) 0, {x
ax∊+ℜb|<x0 <→x <x x<2}− ; g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0.


1
a Então seja a inequação produto (x2 – x – 6) · (– x2
+ 2x – 1) > 0, para achar o conjunto solução primeiro
𝑓(x) > 0, {x ∊ ℜ | x1 < x < x2} encontra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = x2 – x – 6 e
a<0→ 𝑓(x) < 0, {x ∊ ℜ | x < x1 ou x > x2} g(x) = –x2 + 2x – 1:

No gráfico da função quadrática com ∆ > 0, exis- 


f ( x=
) ax +b > 0 → x > −
b
;
 ∆𝑓 = (–1) – 4(1)(–6) = 1 + 24 = 25
2

te as duas raízes reais, logo a parábola corta o eixo x ∆ = b – 4ac →
2 
a
b
(abscissa) em dois pontos, nesses pontos a 𝑓(x) = 0.  f ( x=
) 2 ax + b < 0 → x < − ;
 ∆g = (2) – 4(–1)(–1) = 4 – 4 = 0 a

 –(–1) – √25 b
 fx( x==) ax2+· 1b > 0 →
1
x>− ;
= –2
a
𝑓(x) = 0 
 fx( x==) –(–1) + √25 b
ax + b < 0 →= 3x < − ;
Logo no estudo do sinal da função quadrática 𝑓(x)
 2
2·1 a
= x2 – 3x + 2, temos que a = 1 > 0 e calculamos o valor 
f ( x=
) ax +–(2)
b >±0 → x > −
b
;

 √0 a
do delta, ∆ = 1 > 0, e das raízes, x1 1 = e x2 = 2. Assim, g(x) = 0  x =x = = 1 b
 f (1x=
) 2 ax + b < 0 → x < −
concluímos para o estudo de sinal: 
 2 · (–1) a
;

Para 𝑓(x) = x2 – x – 6, com ∆ > 0 e a > 0:


198
b

f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ; A segunda para 𝑓(x) < 0 e g(x) > 0. Assim, a solução
 𝑓(x) > 0, {x ∊ ℜ | x < –2 ou x > 3} a


 f ( x= b será:
) ax + b < 0 → x < − ;
 𝑓(x) < 0, {x ∊ ℜ | –2 < x <3}
 a
b   b
; − > x → f0( x>
) b+
= axxa
+ b=
> (1f
) x0 → x > − ;
Para g(x) = –x2 +2x – 1, com ∆ = 0 e a < 0: a 
 
 a
g(x) < 0, ⩝x ∊ ℜ. b S =  x∊ℜ|–1<x<
2 x 
⌒{x∊ℜ|
 x < − b;
0 < x < 2}
; f 0
( x<
) b+
axxa ) x0
+ b= ( →
Assim, para a inequação produto ser positiva, 𝑓(x) a
− < →


= <
2f 
 a

· g(x) = (x2 – x – 6) · (–x2 + 2x – 1) > 0, sabendo que g(x) < b   b


; − > x → 0 ( xb
f > )+x
= axa +=
b (1f
) x> 0→ x > − ;
0, então a 𝑓 também deve ser negativa, 𝑓(x) < 0. Assim, a 
  a
a solução será S = {x ∊ ℜ |–2 < x < 3}. b =  x∊ℜ|0<x<
0

 b
; − < x → ( xb
f < )+x
ax ) x<
a +=
b ( 0 ;
a 

=
2f 
→ x < −
 a
No caso de inequação quociente faz-se o estudo
de sinal de cada uma das funções quadráticas e defi-
ne-se como solução de acordo com a regra de sinais Logo, a solução das inequações quociente (2x2 + x
do quociente de números reais, temos que (+ ÷ + = – 1)/(–x2 + 2x) < 0 é:
+);(– ÷ – = +);(+ ÷ – = –), assim, um conjunto solução (S)
para uma dessas inequações pode ser encontrada da
 b b 
seguinte forma, seja a inequação quociente 𝑓(x) / g(x) 

) ; ax
f ( x=
a
>b
− + x>→ 00→ >xb>+1x−a ;=
a
)x ( f 

> 0, para o quociente ser positivo temos duas situa- S1 ◡ S2 =  x ∊ ℜ | x < –1 ou 0 < x <
b ou
b x >2 
 f ( x=
) ; ax 00 
ções: 𝑓(x) > 0 e g(x) > 0 ou 𝑓(x) < 0 e g(x) < 0. 
 a
−+<bx<→ → <xb<
2 −aa ;=) x ( f
+x


Então seja a inequação quociente (2x2 + x – 1)/(–x2 +
2x) < 0, para achar o conjunto solução primeiro encon-
tra-se as raízes de cada função 𝑓(x) = 2x2 + x – 1 e g(x) Máximo e Mínimo para Função Quadrática
= – x2 + 2x:  b
f ( x )
= ax + b > 0
 ∆ = (1) – 4(2)(–1) = 1 + 8 = 9 → x > − ;
Dizemos que o número y ∊ Im(𝑓) é o valor máxi- M

y ou a
2
mo ou mínimo da função y = 𝑓(x) se, somente se, y ≥ M
y ≤ y, respectivamente. Ao valor xM ∊ D tal que
 ∆ = (2) – 4(–1)(0) = 4 – 0 = 4
𝑓
∆ = b – 4ac →
2 M 𝑓
y = 𝑓(x ) chamamos de ponto máximo ou mínimo da
 f ( x=
2
b Esse ponto também conhecido como vértice
M M

) –(1) ax 0 ; quadrática ou da parábola. Denotamos o


função.
b x
g

+ < → < −
da função
 fx( x==) ax +–b√9> 0 → x>− ;
= –1
b a como:
vértice
  1
2·2 a
𝑓(x) = 0 
1 b  ∆
−–b b −∆
− b–∆
− 
) –(1)
 f ( x= ax ++b√9< 0 →
= x<− ; (= yM ,)y
xM , (x (
)V== )
v ,v,yyvv) = V
Vx(x V  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My
 x2 =
 2·2 2 a M M
 a22a
4a a44a2a 

 x = –(2) – √4 = 2 b Para a função quadrática 𝑓(x) = x2 – 3x + 2, o vértice


 f (1 x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 2 · (–1) a é dado por:
g(x) = 0 
 f ( x= –(2) + √4 b
 x2 =) ax + b < 0 → = 0x < − ; −b b−∆
 ∆−–b − 
–∆
a
 2 · (–1) (=
xM , yM ) (V(x
V= xv ,v ,yyv v)) = VV  ,,  V = ) vy , vx ( V =
) My , Mx
 a22a
4a a44a
2a 
Para 𝑓(x) = 2x2 + x – 1, com ∆ > 0 e a > 0:
−∆ –((–3) –∆4−· 1 b· −2) 
 −–b( –3) 2

b   (=
x b, y ) V=
(1fx> −M ; M
( xv , yv ) =VV  , ,  4 · 1 ,  V = ) vy , vx ( V =
) My ,
;
 𝑓(x) a
f ( x=
− >xf →

( x=

)b> 0,ax+x b

∊ℜ
)0 >axb+

> |0 x→
+x

x>
< –1
ba> 0
=
b
)x

ou−x > ;


a
b
 2 2 · 14a 
a  a 4 a 2 

 ; a − < 
( x=
xf → )0 <ax
b++xba< 0=)→
a 2  

x ( fx < −
a
;

 b  ∆
−3− b−
b −∆1 
 f; (ax−= 
+ b < 0 → x < − 1 ; 
) > ax
x→ f (0x>
) b ax
= + x+
ab = b( →
) x0
> f

x > −
b
; (=
xM , yM ) V=
( xv , yv ) =VV  , ,–  V =) vy , vx ( V =
) My , Mx (

 𝑓(x)
;
b < 0,  x ∊ ℜ | –1 < x <

− < x → f (0x<
) b ax
= + x+
ab = a
) x0( →
<


f x < −
a
b
;
 2
a24
a 4
a 2
a
4 
a 
 2 
 a

Sendo a = 1 > 0, então a concavidade da parábola


Para g(x) = – x2 + 2x, com ∆ > 0 e a < 0: está voltada para cima e o vértice será ponto de míni-
mo da função.
 b O vértice de uma função quadrática será ponto de

 g(x) > 0,ax
f ( x=
) {x +
∊ℜ | 00<→
b > x <x2}
>
a
; −

b
máximo da função quando a < 0 e ponto de mínimo
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ;

 g(x) < 0, {x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 2}
a da função quando a > 0.

Assim, para a inequação quociente ser negativa, FUNÇÃO MODULAR


𝑓(x)/g(x) = (2x2 + x – 1) / (–x2 + 2x) < 0, temos duas situa-
MATEMÁTICA

ções, a primeira com 𝑓(x) > 0 e g(x) < 0. Assim, a solu- Definição, Gráfico, Domínio e Imagem
ção será:
Uma função 𝑓: ℝ → ℝ definida pela associação de
b b
cada x ∊ ℝ a 𝑓(x) = |x| ∊ ℝ é denominada Função
 
; − > ( x0
x f→ ) > ax
= b ++xba >=0 (1f
) x→ x
 > − ; Modular.
a   a
b 1  x ∊ ℜ | x < – 1 ou x >
S =   ⌒ {x ∊ ℜ | x < 0 ou x >2}
; ( x0
− < x f→ ) < ax
= b ++xba <=0 (2f
) x→ < −
x
b
; Considerando a definição de módulo de um núme-
a   a
  ro real, em que para um número x tem-se |x| = x, se x
= {x ∊ ℜ | x < –1 ou x > 2 ≥ 0 ou |x| = –x, se x < 0, podemos descrever a função
modular também da seguinte forma: 199
 b As raízes das sentenças definidas pela função
 x, se x ≥ 0
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
a
𝑓(x) = 
b
modular podem também ser chamadas de ponto (s)
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < − ;
 – x, se x < 0
 a de inflexão da curva (funções quadráticas) ou da reta
(funções lineares ou Afim). Inflexão é um ponto sobre
O gráfico para a função modular 𝑓(x) = |x| é defi- uma curva na qual a curvatura troca o sinal, nesse
nido pela junção dos dois gráficos da função de duas caso indo para o lado positivo do eixo y, pois, Im(𝑓)
sentenças (x e –x) e resultará em duas semi-retas de = 𝔑+.
origem na raiz da função, (x, y) = (0,0), ou seja, essas
retas são bissetrizes dos primeiro e segundo quadran-
tes do plano (Figura 15).
O domínio da função modular é o conjunto dos
reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somen-
te valores positivos (reais não negativos (ℝ+)). Logo,
Im(𝑓) = ℜ+. Note, que no gráfico da função as retas
ficam acima do eixo x, onde todos valores para y são
positivos (Figura 15).

Figura 16. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = | x2 + 4x|.

Equações Modulares

Lembrando da definição de módulo de um núme-


ro real, em que para um número k > 0 tem-se |x| = k
⇔ x = k ou x = –k. Então a solução da equação modu-
Figura 15. Gráfico da Função Modular 𝑓(x) = |x|. lar |x + 2| = 3 é:

Para funções modulares com potência quadrática  b


 x+2=3→x=1
 f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
como 𝑓(x) = |x2 + 4x|, primeiro divida a função modu- |x + 2| = 3 ⇔ 
a
 f ( x= b
lar em funções definidas por duas sentenças: ) ax + b < 0 → x < −
 x + 2 = –3 → x = –5
 a
;

 b
f 2( x=
 x + 4x
 ) ax + b > 0 → x > −
a
; S = {–5, 1}
𝑓(x) = 
b
 f ( x2 =
) ax + b < 0 → x < − ;
 –(x + 4x)
 a Caso tenhamos duas funções modulares, como a
equação |3x + 2| = |x – 1|, a solução é dada da seguin-
A essas duas funções encontramos as suas raízes: te forma:

∆ = b2 – 4ac = 42 – 4 · 1 · 0 = 16
 3 b
 f3x( x+=)2 =ax
x –+1 b→>x 0
= –→ x > − ;
a
 –(4) – √16 b 
2

 fx( x==) ax2 ·+1b > 0=→ –4 x > − ;


|3x + 2| = |x – 1| ⇔
1
a  f3x( x+=)2 =ax 1 b

–x + < x0=→– x < − ;
+ 1b →
b  4 a
 fx( x==) –(4) + √16
ax + b < 0 =→0 x < − ; b   b
 ; − > x → 0 > b+fx(a ) =
3x= )x (1f+b > 0 → x > −
ax ;
2
2·1 a a
b S =

– , –


a
b
; − < x → 0 < b+fx(a ) =
2x= )x (4f+b < 0 → x < −
ax ;
a 
 
 a
As raízes são –4 e 0, como para a primeira sentença
o valor de a > 0, então a concavidade é voltada para E na situação de uma função modular, como a
cima, e na segunda sentença o valor de a < 0, ou seja, equação |3x + 2| = 2x – 3, a solução é válida para valo-
concavidade voltada para baixo. Logo, a solução posi- res de x tal que 2x – ≥ 0 → x ≥ 3/2. A solução da equa-
tiva para a função nas duas sentenças segue o interva- ção é dada por:
lo de x abaixo:

 3x + 2 = 2x – 3 → x = –5 b
 2 b
 f ( x= ) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 4x, x ≤ –4 e x ≥ 0
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 a  a
𝑓(x) = 
b |3x + 2| = 2x – 3 ⇔  1
 f (2x=
) ax + b < 0 → x < −
 –x – 4x, –4 < x < 0
;
 f3x( x+= b
)2 =ax
–2x++b3<→0x→
= x<− ;
 a

 5 a
Dessa forma construímos o gráfico para x2 + 4x no
intervalo abaixo de –4 e acima de 0 e para –x2 – 4x no Como a solução só é válida para valores de x ≥ 3/2,
200 intervalo entre –4 e 0 (Figura 16). então a solução para |3x + 2| = 2x – 3 é S = {∅}.
Inequações Modulares ÂNGULOS

Uma das propriedades de módulo para números Definições, Elementos e Propriedades


reais, em que para um número k > 0 tem-se |x| < k ⇔ z Definição de Ângulo
–k < x < k e |x| > k ⇔ x < – k ou x > k. Com essa proprie-
dade podemos resolver inequações modulares como Definimos ângulo como a união de duas semirre-
|3x – 2| < 4 e sua solução é: tas de mesma origem e não colineares (que não per-
tencem a uma mesma reta). Veja a figura adiante:

2
|3x – 2| < 4 ⇔ –4 < 3x – 2 < 4 → –2 < 3x < 6 → – <x<2 A
3
b   b
; − > x→f (0
x=)> bax
+2x
+ab >)0
= x (→f x > − ;
a   a
b S =  x∊ℜ|– < x < 2 
b
; − < x→f (x
0=)< bax
+3x
+ab <)0
= x (→f x < − ;
a 
 
 a

O
Mas se a inequação for |5x + 4| ≥ 4, a solução é:

|5x + 4| ≥ 4 ⇔ 5x + 4 ≤ –4 ou 5x + 4 ≥ 4 ⇔ 5x ≤ –8 B
Figura 1. Definição de Ângulo
ou
Observação 1: O é chamado de Vértice do ângulo
e OA e OB são chamados de lados.
8 Observação 2: Na figura acima o ângulo é indica-
5x ≥ 0 ⇔ x ≤ – ou x ≥ 0 do por AOB ou BOA.
5
b   b z Ponto Interior de um Ângulo
; −
 > ) 0
f (xx→
= ax bb
>+ +
8> 0→
xa ) xx( >
= f− ;
a   a
S=b
 x∊ℜ|x≤– ou x ≥ 0  b Seja um ângulo e um ponto P qualquer, dizemos
< f
;
a



f (xx=
) 0
→ ax bb
<+ 5<
+ 0→
xa ) xx( <
= −

 a
;
que P será um Ponto Interior ao Ângulo, quando
uma reta qualquer que passa por P intercepta os lados
do ângulo em dois pontos distintos A e B, de modo que
Para a inequação |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 temos: o ponto P seja obrigatoriamente um ponto entre A e B.

|x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 → |x + 1| ≥ 7 – 2x

 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 x + 1, se x ≥ – 1
 a
|x + 1| = 
b A
 f ( x=
 –x – 1, se x < –1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a

Para x ≥ –1 temos x + 1 ≥ 7 – 2x ⇔ ≥ 2, com solução: P


O
S1 = {x ∊ ℜ | x ≥ – 1} ⌒ { x ∊ ℜ | x ≥ 2} = {x ∊ ℜ | x ≥ 2}

Já para x < –1 temos –x –1 ≥ 7 – 2x ⇔ x ≥ 8, com B


solução:

S2 = {x ∊ ℜ| x < –1} ⌒ {x ∊ ℜ| x ≥ 8} = {∅} Figura 2. Representação de um Ponto no Interior de um Ângulo

Assim, a solução de |x + 1| + 2x – 7 ≥ 0 é dada por: Observação: Na figura acima, o ponto P é um pon-


to interior ao AOB
S1 ◡ S2 = {x ∊ ℜ| x ≥ 2} ◡ ∅ = {x ∊ ℜ| x ≥ 2} z Setor Angular

Denominamos Setor Angular a reunião dos pontos


pertencentes ao ângulo e dos seus pontos interiores.

GEOMETRIA DAS SUPERFÍCIES


PLANAS
MATEMÁTICA

A Geometria Plana (ou Geometria Euclidiana) deve


ser vista como um dos principais ramos da Matemática.
Sua origem remonta a Euclides de Alexan- O
dria (360 a.C. – 295 a.C.), que foi um matemático da
antiguidade.
Vamos estudar de agora em diante todos os tópicos B

relacionados à Geometria Plana!


Boa leitura e bons estudos! Figura 3. Setor Angular 201
Observação: A figura acima mostra o Setor Angu- Observação: o par de ângulos FÔG e HÔI são opos-
lar do AOB tos pelo vértice.
z Classificação dos Ângulos
„ Ângulo Reto: um ângulo será chamado de Reto
Vejamos de que maneira os ângulos podem ser quando sua medida for igual a 90º.
classificados.

„ Ângulos Consecutivos: dois ângulos serão


chamados de Consecutivos quando tiverem o
mesmo vértice e um lado em comum.
A

O B

C Figura 7. Ângulo Reto

Figura 4. Dois Ângulos Consecutivos


Observação: AÔB é um ângulo reto.
Observação: os pares de ângulos AÔB e BÔC; AÔC
e AÔB; AÔC e BÔC são consecutivos. „ Ângulo Agudo: um ângulo será chamado de
Agudo quando sua medida for menor que 90º.
„ Ângulos adjacentes: dois ângulos serão cha-
mados de Adjacentes quando forem consecu-
tivos e não tiverem pontos internos em comum.
A

O
B
B
O
Figura 8. Ângulo Agudo

Observação: AÔB é um ângulo agudo.

C „ Ângulo Obtuso: um ângulo será chamado de


Obtuso quando sua medida for maior que 90º
Figura 5. Ângulos Adjacentes e, ao mesmo tempo, menor que 180°.
Observação: os ângulos AÔB e BÔC são adjacentes.

„ Ângulos Opostos pelo Vértice: dois ângu-


los serão chamados de Opostos pelo Vértice A
quando os lados de um deles forem semirretas
opostas aos lados do outro.

F
O B
H

Figura 9. Ângulo Obtuso

O Observação: AÔB é um ângulo obtuso.


I G
„ Ângulos Complementares: dois ângulos serão
complementares quando a soma de suas
medidas for igual a 90°. Dizemos que um ângu-
202 Figura 6. Ângulos Opostos pelo Vértice lo é o complemento do outro.
CIRCUNFERÊNCIAS, CÍRCULOS E SEUS ELEMENTOS

Ângulos na Circunferência

I Vejamos abaixo as definições importantes acerca


M de ângulos na circunferência.

z Circunferência: definimos circunferência como


o conjunto de todos os pontos de um plano, de
modo que a distância a um ponto fixo é uma cons-
tante positiva. A figura a seguir representa uma
circunferência λ, em que C é o centro (ponto fixo),
PC é um raio, com PC = r (constante positiva).
O H

Figura 10. Ângulos Complementares P

Observação: os ângulos IÔM e MÔH são r


complementares. C

„ Ângulos Suplementares: dois ângulos serão


suplementares quando a soma de suas medi-
das for igual a 180°. Dizemos que um ângulo é o
suplemento do outro.

A Figura 13. Circunferência λ

z Círculo: definimos círculo como o conjunto de todos


os pontos de um plano cuja distância a um ponto fixo
é menor ou igual a uma constante positiva.

C O B P

Figura 11. Ângulos Suplementares r


C
Observação: os ângulos AÔC e AÔB são suplementares.

Bissetriz de um Ângulo

Sejam os ângulos AÔB e BÔC, de vértice comum e


lado OB, também comum, conforme a figura abaixo.
Figura 14. Círculo
A semirreta OC divide o ângulo AÔB em duas partes
congruentes, ou seja, iguais. Essa semirreta é denomi- z Elementos de uma Circunferência: na figura abai-
nada bissetriz do ângulo AÔB. xo temos uma circunferência de centro C e raio r.
Portanto, a Bissetriz de um Ângulo é uma semir-
N
reta que tem origem no vértice e divide o ângulo em
duas partes iguais.
B
A
r

r C
MATEMÁTICA

C
Bissetriz
O A

D E

B M

Figura 12. Bissetriz de um Ângulo Figura 15. Elementos de uma Circunferência 203
AC = raio A Medida de um Ângulo é a medida do menor arco
determinado pelo ângulo em uma circunferência com
AB = diâmetro o centro em seu vértice.
DME = arco
ANB = semicircunferência
A
AC = r e AB = 2r

z Posições de um Ponto em Relação a uma Circun-


ferência: sejam um ponto P e uma circunferência O
de centro C e raio r, sendo d a distância de P ao
centro C, temos:
B
„ O ponto P é interno à circunferência: d < r
„ O ponto P é externo à circunferência: d > r
„ O ponto P pertence à circunferência: d = r

F Figura 18. Ângulo em uma Circunferência

A medida do ângulo AOB é a medida do arco AB assi-


nalado na figura acima. Indicamos esta situação por:

m (AOB) = AÔB

z Ângulo Central: definimos um ângulo central


r como sendo aquele cujo vértice coincide com o
A
centro da circunferência. O arco de uma circunfe-
rência com pontos internos ao ângulo é o seu Arco
C Correspondente.

Veja a figura:
D

Figura 16. Posições de alguns pontos em relação à Circunferência λ P


O
Observação: na figura acima, F é um ponto exter-
no à circunferência; A é um ponto que pertence à cir-
cunferência; e D é um ponto interno à circunferência. B

z Medidas de um Ângulo pela Circunferência:


para medir o Arco (uma espécie de “pedaço” da
circunferência), primeiramente a dividimos em
360 “partes” e denominamos 1 Grau ( º ) a cada Figura 19. Ângulo Central em uma Circunferência
“parte” obtida.
Observação 1: O ângulo AÔB (α) é o Ângulo Central.
Fazer a medição do arco em graus é determinar a Observação 2: APB é o arco correspondente do
quantidade de partes compreendida neste arco. Veja ângulo AÔB.
a figura adiante: A medida de um ângulo central é igual à medida de
seu arco correspondente AÔB = m (AB) = α.
Veja a representação desta igualdade abaixo:

A
A

S
O
O

B B

Figura 20. Ângulo e Arco Correspondente em uma Circunferência


204 Figura 17. Arco S representado em uma Circunferência
z Ângulo Inscrito: chamamos de ângulo inscrito Observação 1: β é um plano que contém as retas r e s.
aquele que tem vértice na circunferência e lados Observação 2: r ⸦ β, s ⸦ β e r ∩ s = ø
secantes à mesma. O arco da circunferência com pon- Dadas duas retas r e s paralelas (ou não paralelas)
tos internos ao ângulo é o seu arco correspondente. e uma reta t concorrente com r e s, temos:
Veja a figura abaixo:
t
A

a
b
Q
O d r
P
c
B
e
f

s
h
Figura 21. Ângulo Inscrito em uma Circunferência
g
Observação 1: O ângulo AP̂B é inscrito na
circunferência.
Observação 2: AQB é o arco correspondente do
ângulo AP̂B.

z Ângulo de Vértice Externo: denominamos de ângu- Figura 24. Retas Paralelas r e s cortadas pela Transversal t
lo de vértice externo, ao ângulo que tem o vértice no
exterior da circunferência e seus lados secantes a ela. Observação 1: A reta t será chamada de transver-
sal de r e s
Vejamos abaixo: Observação 2: Os ângulos formados pela figura
acima são denominados de:
A
Alternos: â e ĝ, b̂ e ĥ, ĉ e ê, d̂ e f ̂

D Correspondentes: â e ê, b̂ e f,̂ ĉ e ĝ, d̂ e ĥ


N
M O Colaterais: â e ĥ, b̂ e ĝ, ĉ e f,̂ d̂ e ê
P
C
B Existência da Paralela

Se duas retas distintas e coplanares e uma trans-


versal determinarem ângulos alternos, ou ângulos
correspondentes congruentes, podemos concluir
Figura 22. Ângulo de Vértice Externo em relação à Circunferência
então que essas duas retas são paralelas.
Observação 1: APB é de vértice externo. t
Observação 2: ANB e CMD são os arcos correspon-
^ .
dentes do ângulo APB

PARALELISMO

Retas Paralelas
r
Duas retas serão chamadas de paralelas se, e
somente se, elas forem coincidentes (iguais) ou se
forem coplanares (pertencerem ao mesmo plano e
não possuírem nenhum ponto em comum).
MATEMÁTICA

r s
s
r
s

Figura 23. Retas Paralelas r e s Figura 25. Existência da Paralela 205


Observação: Se α = β, então r//s A

Postulado de Euclides

O postulado de Euclides afirma o seguinte:

z Por um ponto passa uma única reta paralela a e


uma reta dada;
z Se duas retas paralelas distintas interceptam uma B
transversal, então os ângulos alternos, ou ângulos C
correspondentes, são congruentes.
Figura 28. Ângulo Externo a um Triângulo ABC
PERPENDICULARIDADE

Retas Perpendiculares Observação: conforme mencionado acima, o


ângulo externo a um triângulo é dado pela soma dos
Duas retas serão chamadas de Perpendiculares
se, e somente se, forem concorrentes e formarem dois ângulos internos ao triângulo e que não são adjacen-
ângulos retos suplementares, ou seja, cada um dos tes a e (Teorema do Ângulo Externo). Neste caso,
ângulos medindo 90°.
temos:
r
A

B
C
O s
Figura 29. Ângulo Externo e soma de ângulos internos do Triângulo
ABC

Figura 26. Retas r e s perpendiculares entre si Observação: No caso acima, temos ê = Â + B̂

Mediatriz de um segmento Soma dos Ângulos Internos de um Triângulo


Denominamos Mediatriz de um segmento a reta
perpendicular (m) ao segmento (AB) que passa pelo Em virtude do Teorema do Ângulo Externo, pode-
seu ponto médio (M), ou seja, a mediatriz divide o seg- mos demonstrar facilmente que a soma dos ângulos
mento em duas partes iguais.
internos de qualquer triângulo será igual a 180°.
m
A

A B B C
M
Figura 30. Soma dos ângulos internos de um Triângulo ABC

Observação: a Soma dos Ângulos Internos de um


triângulo é dada por: Â + B̂ + Ĉ = 180°.

Figura 27. Mediatriz de um segmento AB qualquer Altura de um Triângulo

TRIÂNGULOS A altura de um triângulo é dada pelo segmento de


Ângulo Externo reta perpendicular à reta suporte de um dos lados do
triângulo (no caso abaixo, a reta suporte é dada pelo
Em todo triângulo, qualquer um de seus ângulos
externos é igual à soma dos dois ângulos internos não segmento BC), com extremidade nessa reta e no vér-
adjacentes a ele. Na figura abaixo, representamos um tice oposto (na figura é dada pelo vértice A) ao lado
206 destes ângulos externos: considerado.
A A’

C’ B’

B C Figura 33. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso AA


H
Figura 31. Altura de um Triângulo ABC z Caso LAL (Lado-Ângulo-Lado): Se dois triângulos
possuem dois pares de lados proporcionais e os
Observação: No triângulo acima, a altura é dada ângulos compreendidos entre eles são congruen-
pelo segmento AH tes, então esses dois triângulos são semelhantes.
SEMELHANÇA DE TRIÂNGULOS
A
Dois triângulos serão denominados de semelhan-
tes se, e somente se, for possível estabelecer uma cor-
respondência entre seus vértices de modo que:

z Os ângulos correspondentes sejam congruentes.


z Os lados homólogos sejam proporcionais.
A

C B

A’

C B
A’

C’ B’

Figura 34. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso


C’ B’ LAL
Figura 32. Dois Triângulos Semelhantes
z Caso LLL (Lado-Lado-Lado): se dois triângulos
têm os três lados correspondentes proporcionais,
 = Â’ , B̂ = B̂ ’ , Ĉ = Ĉ ’ e então esses dois triângulos são semelhantes.
AB AC BC ⇔ ΔABC ~ ΔA’ B’ C’
= = =k A
A’ B’ A’ C’ B’ C’

Observação: a constante k é chamada de Razão


de Semelhança.

Casos de Semelhança

Abaixo apresentamos cada um dos casos de seme-


lhança entre triângulos:
C B
z Caso AA (Ângulo-Ângulo): Se dois triângulos pos-
suem dois ângulos ordenadamente congruentes,
então eles são semelhantes. A’
MATEMÁTICA

C’ B’

C B Figura 35. Dois Triângulos Semelhantes pelo caso LLL 207


PONTOS NOTÁVEIS NO TRIÂNGULO z Circuncentro: para definir o circuncentro de um
triângulo, precisamos entender a definição de
Apresentamos abaixo os pontos notáveis (B.I.C.O.) mediatriz primeiramente. A mediatriz de um seg-
de um triângulo: mento de reta é a reta perpendicular a esse seg-
mento pelo seu ponto médio. Logo, o circuncentro
z Baricentro: para definir o baricentro de um triân- de um triângulo é o ponto de encontro das três
gulo temos que definir primeiro o que é a mediana mediatrizes deste triângulo.
de um triângulo. A mediana é o segmento que une
um vértice ao ponto médio do lado oposto. Logo,
o baricentro será o ponto de encontro das três A
medianas do triângulo. m1
m2
A
m3 D
F

F D C
G
C B
E

C B Figura 38. Mediatrizes e Circuncentro de um Triângulo ABC


E
Observação 1: mediatrizes do triângulo ABC: m1,
Figura 36. Medianas e Baricentro de um Triângulo ABC
m2 e m3
Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
Observação 1: medianas do triângulo ABC: AE, BF
gulo ABC: D, E e F
e CD
Observação 3: circuncentro do ΔABC : C
Observação 2: pontos médios dos lados do triân-
Observação 4: uma observação importante é que
gulo ABC: D, E e F
o circuncentro de um triângulo é o centro da circunfe-
Observação 3: Baricentro do ΔABC : G
rência nele circunscrita.

z Incentro: para definir o incentro de um triângu- z Ortocentro: Para definir ortocentro precisamos
lo, vamos relembrar o conceito de bissetriz de um primeiro entender que a altura de um triângulo é
ângulo. A bissetriz de um ângulo é a semirreta o segmento da perpendicular traçada de um vérti-
com pontos internos ao ângulo e que determina ce à reta suporte do lado oposto e que possui extre-
com seus lados dois ângulos adjacentes congruen- midades nesse vértice e no ponto de encontro com
tes. A bissetriz interna de um triângulo é o seg- essa reta suporte. Logo, o ortocentro é o ponto de
mento da bissetriz de um ângulo interno que tem encontro das retas suportes das três alturas de um
extremidades no vértice desse ângulo e no ponto triângulo.
de encontro com o lado oposto. Logo, o incentro é
o ponto de encontro das bissetrizes internas deste A
triângulo. D
F
A
O

D
F
I

C B
E

C B Figura 39. Alturas e Ortocentro de um Triângulo ABC


E
Observação 1: alturas do triângulo ABC: AE, BF e
Figura 37. Bissetrizes Internas e Incentro de um Triângulo ABC CD
Observação 2: ortocentro do ΔABC : O
Observação 1: Bissetrizes Internas do triângulo
ABC: AE, BF e CD TRIÂNGULOS RETÂNGULOS
Observação 2: Incentro do ΔABC: I
Observação 3: uma observação importante é que Um triângulo recebe o nome de triângulo retân-
o incentro de um triângulo é o centro da circunferên- gulo se possuir um dos seus ângulos internos iguais a
208 cia nele inscrita. 90°. Observe na figura abaixo:
B Em relação ao triangulo retângulo acima, temos:

z BC é a hipotenusa;
z AB e AC são os catetos;
z AH é a altura relativa à hipotenusa;
z BH e CH são, respectivamente, as projeções dos
catetos AB e AC sobre a hipotenusa BC

No triângulo retângulo ABC da figura, sendo BC =


a, AC = b, AB = c, AH = h, BH = m e CH = n, então valem
as seguintes relações:

A C b2 = a · n
c2 = a · m
Figura 40. Triângulo ABC Retângulo no Vértice A
a2 = b2 + c2
TEOREMA DE PITÁGORAS h2 = m · n
b·c=a·h
O Teorema de Pitágoras diz que em todo triângu-
lo retângulo, o quadrado da medida da hipotenusa é RELAÇÕES MÉTRICAS EM UM TRIÂNGULO
igual a soma dos quadrados das medidas dos catetos. QUALQUER

B z Lei dos Senos: em todo triângulo, as medidas dos


lados são proporcionais aos senos dos ângulos
opostos e a razão de proporcionalidade é a medi-
da do diâmetro da circunferência circunscrita ao
triângulo.
a
c Consideremos o triângulo ABC, inscrito na circun-
ferência de raio R:

A C
b b
Figura 41. Triângulo Retângulo ABC

Observação 1: a medida dos lados BC, AC e AB são C


dados respectivamente por a, b e c. c
Observação 2: o lado a é chamado de hipotenusa
e os lados b e c de catetos.
Observação 3: pelo teorema de Pitágoras temos
R
a seguinte relação entre os lados do triângulo retân-
gulo: a2 = b2 + c2 a
RELAÇÕES MÉTRICAS NO TRIÂNGULO RETÂNGULO

Considere um Triângulo Retângulo ABC, com hipo-


tenusa BC e altura AH.
A B

Figura 43. Triângulo ABC inscrito em uma Circunferência de Raio R

b c Verifica-se pela Lei dos Senos que:


h
MATEMÁTICA

a b c
= = = 2R
sen A sen B sen C
n m
CB
H z Lei dos Cossenos: em todo triângulo, o quadrado
a da medida de um lado é igual à soma dos quadra-
dos das medidas dos outros lados, menos o dobro
Figura 42. Triângulo Retângulo ABC com Hipotenusa BC e Altura do produto dessas medidas pelo cosseno do ângulo
AH que eles formam. 209
A TEOREMA DE TALES

O Teorema de Tales diz que se duas retas são


transversais de um conjunto de retas paralelas, então,
a razão entre dois segmentos quaisquer de uma
b c
delas é igual à razão entre os segmentos corres-
pondentes da outra.

C B
a t1 t2

Figura 44. Triângulo ABC qualquer

Seja um triângulo qualquer ABC, conforme a figu- A A’


ra 44.
B B’
Neste caso, verifica-se que:

a2 = b2 + c2 – 2 · b · c · cos Â
C C’
b2 = a2 + c2 – 2 · a · c · cos B̂

c2 = a2 + b2 – 2 · a · b · cos Ĉ
D D’

FEIXE DE RETAS PARALELAS E TRANSVERSAIS

A transversal de um conjunto de retas todas para-


lelas é uma reta do plano das paralelas que é concor-
Figura 46. Feixe de Retas Paralelas, Transversais e Teorema de Tales
rente com todas as retas deste conjunto.
Os pontos correspondentes de duas transversais Pelo Teorema de Tales, temos as seguintes
são pontos destas transversais que estão numa mes- igualdades:
ma reta do conjunto de paralelas.
Os segmentos correspondentes de duas transver-
AB AC AD BC BD CD
sais são segmentos que possuem por extremidades os = = = = =
pontos correspondentes. A’B’ A’C’ A’D’ B’C’ B’D’ C’D’

TEOREMA DA BISSETRIZ INTERNA E EXTERNA DE


t1 t2 UM TRIÂNGULO

O teorema da bissetriz interna de um triângu-


A A’ lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz
interna, ou seja, bissetriz de um ângulo interno ao
B B’
triângulo, sempre divide o lado oposto em segmentos
proporcionais aos lados adjacentes.
Seja AD a bissetriz do ângulo BAC no triângulo
C’ ABC, com AB = c, AC = b e BD = m e DC = n
C
A

D D’

Figura 45. Feixe de Retas Paralelas cortadas por Transversais

Observação 1: as transversais são indicadas por C B


t1 e t2
Observação 2: os pontos correspondentes são Figura 47. Teorema da Bissetriz Interna
indicados por A e A’, B e B’, C e C’, D e D’.
Observação 3: os segmentos correspondentes são Pelo Teorema da Bissetriz Interna, temos a seguin-
210 indicados por AB e A’ B’, BD e B’ D’. te igualdade:
A
AC AB
= D
CD BD

Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo BÂC


no triângulo ABC, ou seja, divide o ângulo  em dois
ângulos congruentes. C
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da B
figura 51, temos:
K

b c I
=
n m
J
O teorema da bissetriz externa de um triângu-
lo nos diz que em qualquer triângulo, uma bissetriz E
externa, ou seja, bissetriz de um ângulo externo ao
triângulo, intercepta a reta que contém o lado oposto G
externamente em segmentos proporcionais aos lados
adjacentes. F
Seja AD a bissetriz do ângulo externo ao triângulo
ABC no vértice A, com AB = c, AC = b e BD = x e DC = y H

L M
A
Q O

R P N

C Figura 49. Polígonos


a B x

y Região Poligonal

Figura 48. Teorema da Bissetriz Externa A região poligonal é a reunião do polígono com o
seu interior.
Pelo teorema da bissetriz externa, temos a seguin-
te igualdade: G

AC AB
= A
CD BD F
Observação 1: AD é a bissetriz do ângulo exter-
no ao triângulo ABC no vértice A, ou seja, divide este
ângulo externo em dois ângulos congruentes. H
Observação 2: utilizando as medidas dos lados da
figura 52, temos:
D E B
b c
=
y x

POLÍGONOS
C
MATEMÁTICA

Polígonos e seus elementos


Figura 50. Região Poligonal

Vamos considerar n · (n ≥ 3) pontos ordenados A1,


A2, ..., An. Consideremos também os n segmentos con- Polígono Côncavo e Polígono Convexo
secutivos determinados por estes pontos (A1A2, A2A3,
..., AnA1), de modo que não existam dois segmentos Um polígono é convexo se, e somente se, qualquer
consecutivos colineares. Definimos Polígono como a reta suporte, de um lado do polígono, deixar todos os
reunião dos pontos dos n segmentos considerados. outros lados em um mesmo semi-plano dos dois que
Vejamos alguns exemplos: ela determina. 211
n = 8 – Octógono
n = 9 – Eneágono

B z 2º caso: n é múltiplo de 10
n = 10 – Decágono
n = 20 – Icoságono
n = 30 – Tricágono
A
n = 40 – Quadricágono
n = 50 – Pentacágono
C n = 60 – Hexacágono

z 3° caso: n > 10 e n não é múltiplo de 10


n = 11 – Unodecágono
n = 17 – Heptdecágono
n = 26 – Hexaicoságono
E n = 35 – Pentatricágono
D
Número de Diagonais de um Polígono Convexo

O Número de Diagonais em um Polígono Convexo


é dado pela expressão:

Figura 51. Polígono Convexo


n (n – 3)
Observação: em um polígono convexo, a região d=
poligonal é convexa. 2
Por definição, um polígono que não é convexo é
côncavo Ângulos Internos de um Polígono Convexo

A soma dos ângulos internos de um polígono con-


vexo é dada pela expressão:
G
Si = (n – 2) · 180º
I

Ângulos Externos de um Polígono Convexo


H
F A soma dos ângulos externos de um polígono con-
vexo é dada pela expressão:

Se = 360º

Perímetro de Polígonos

Quando nos referimos ao Perímetro de um Polí-


gono, estamos na prática indicando que nosso interes-
J
se diz respeito à soma dos lados deste. Portanto, para
calcular o Perímetro de um Polígono qualquer, basta
Figura 52. Polígono Côncavo somar os lados.

Observação 2: em um polígono côncavo, a região POLÍGONOS REGULARES


poligonal é côncava.
Um Polígono é denominado de regular quando pos-
Nomenclatura dos polígonos
sui todos os seus lados e ângulos internos congruentes.
Seguem alguns exemplos de Polígonos Regulares:
Nomeamos os Polígonos de acordo com o número
n de lados:
A B
z 1° caso: 3� n � 9
n = 3 – Triângulo
n = 4 – Quadrilátero
n = 5 – Pentágono
n = 6 – Hexágono
212 n = 7 – Heptágono C
Classificação dos Trapézios

z Trapézio Isósceles: os lados não paralelos são


congruentes.

L
K

H
J
Figura 55. Trapézio Isósceles

I z Trapézio Escaleno: os lados não paralelos não são


congruentes.
Q
P D C

M
N

A1 A B
B1
z
Figura 56. Trapézio Escaleno
C1
W z Trapézio Retângulo: quando existem dois ângu-
los internos retos.
D1
V
S
T U

Figura 53. Polígonos Regulares

QUADRILÁTEROS NOTÁVEIS

Trapézio: um quadrilátero é um Trapézio se, e


somente se, tiver dois lados paralelos.

Figura 57. Trapézio Retângulo

Paralelogramo: um quadrilátero é Paralelogra-


mo se, e somente se, possuir os lados opostos paralelos.

D C
MATEMÁTICA

Figura 54. Trapézio com vértices ABCD

A B
Observação 1: o lado AB é chamado de base maior.
Observação 2: o lado CD é chamado de base menor. Figura 58. Paralelogramo 213
Observação: AB // CD e AD // BC B

Propriedades dos Paralelogramos

z Em todo Paralelogramo os ângulos opostos são


congruentes;
z Todo Quadrilátero convexo que possui ângulos
opostos congruentes é Paralelogramo.
z Todo Retângulo é Paralelogramo;
z Em todo Paralelogramo os lados opostos são
congruentes;
z Todo Quadrilátero convexo que possui os lados D
opostos congruentes é Paralelogramo; Figura 60. Retângulo
z Todo Losango é Paralelogramo;
z Em todo Paralelogramo as diagonais se intercep- Observação 1: AB = CD e BC = AD
tam nos respectivos pontos médios; Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°

Todo Quadrilátero convexo em que as diago- Propriedades dos Retângulos


nais se interceptam nos respectivos pontos médios é
z Todo Retângulo tem as diagonais congruentes;
Paralelogramo. z Todo Paralelogramo que tem diagonais congruen-
Losango: um quadrilátero é um Losango se, e tes é um Retângulo.
somente se, possuir os quatro lados congruentes.
Quadrado: um quadrilátero é um Quadrado se, e
B somente se, possuir os quatro ângulos internos con-
gruentes e os quatro lados congruentes.
B

A C

D
Figura 61. Quadrado

Observação 1: AB = BC = CD = AD
Observação 2: Â = B̂ = Ĉ = D̂ = 90°

Propriedades dos Quadrados

z Todo Quadrado é Retângulo;


z Todo Quadrado é Losango.

ÁREAS DE FIGURAS PLANAS


D
Área de um Quadrado
Figura 59. Losango
A área de um Quadrado é dada pelo lado (L) ao
quadrado.
Observação: AB = BC = CD = DA
B L C
Propriedades dos Losangos

z Todo Losango tem as diagonais perpendiculares;


z Todo Paralelogramo que tem as diagonais perpen-
diculares é Losango;
z Todo Losango tem as diagonais nas bissetrizes L
dos ângulos internos;
z Todo Paralelogramo que tem as diagonais nas bis-
setrizes dos ângulos internos é Losango.

Retângulo: um quadrilátero é um Retângulo


se, e somente se, possuir os quatro ângulos internos L D
214 congruentes. Figura 62. Área de um Quadrado
Observação: A área é dada por A = L2 Observação: A área é dada por:

Área de um Retângulo b·h


A= 2
A área de um Retângulo é dada pelo produto das
suas dimensões, comprimento vezes largura, ou seja,
base vezes a altura. A área de um Triângulo Retângulo também é
dada pelo produto da base pela altura, dividido por
B C dois.

b D
Figura 63. Área de um Retângulo

Observação: A área é dada por A = b · h b

Área de um Paralelogramo Figura 66. Área de um Triângulo Retângulo

Á área de um Paralelogramo é dada pelo produto Observação: A área é dada por:


de uma base, ou seja, um lado, pela altura relativa.
D A=
b·h
2
Área de um Losango

Á área de um Losango é dada pelo semiproduto


h das diagonais.

b
Figura 64. Área de um Paralelogramo

Observação: A área é dada por A = b · h

Área de um Triângulo
D
Temos duas situações no caso do cálculo da área
do Triângulo.
A área de um Triângulo qualquer é dada pelo pro-
duto da base pela altura, dividido por dois.

h D
MATEMÁTICA

Figura 67. Área de um Losango


B
H

b
Observação 1: D é a diagonal maior e d é a diago-
nal menor.
Figura 65. Área de um Triângulo 215
Observação 2: a área é dada por:

D·d
A= 2
P
Área de um Trapézio
r
Temos duas situações no caso do cálculo da área
do Trapézio.
A área de um Trapézio Isósceles é dada pela soma
das bases (maior e menor) multiplicada pela altura,
dividido por dois:

b Figura 70. Área de um Círculo

D Observação: A área é dada por A = π · r2

Área do Setor Circular

h Á área do Círculo é dada pelo produto do raio r


pelo arco L.

B A

B
L
Figura 68. Área de um Trapézio Isósceles O

Observação: A área é dada por: r

B
(b + B) · h
A= 2

A área de um Trapézio Retângulo também é dada


pela soma das bases (maior e menor) multiplicada Figura 71. Área de um Setor Circular

pela altura, dividido por dois:


Observação: A área é dada por A = L · r

D FÓRMULA DE HERON (HIERÃO)

A área um triângulo de lados com medidas a, b e c


e semiperímetro p será dada por:
h
A = √ p · (p – a) · (p – b) · (p – c)

B
b

Figura 69. Área de um Trapézio Retângulo


c
Observação: A área é dada por:

(b + B) · h
A= 2 B
a
Área do Círculo
Figura 72. Triângulo ABC

Á área do Círculo é dada pelo produto de π pelo Observação: o Semiperímetro é dado por p = a +
216 raio ao quadrado. b+c
CONGRUÊNCIA DE FIGURAS PLANAS Q
Ao considerarmos a congruência entre figuras 2.29
planas, dois elementos devem ser observados: os lados 2.29
e os ângulos correspondentes. Casos estes dois elemen-
v = 120° P
tos apresentem mesma medida, constataremos que as σ = 120°
respectivas figuras planas são congruentes.
Vejamos algumas figuras planas relacionadas abaixo R u = 120°
(observe a igualdade existente entre lados e ângulos): 2.29

A
e=1
E 2.29 p = 120° O
α = 121.86°
ξ = 120°
Ϛ = 118.08°
a = 6.66 M o = 120° 2.29
d = 3,16
2.29
N
D ɛ = 136.09°
Q1
Υ = 69,17° B
2.29
2.29
v1 = 120° P1
c = 4.17 σ1 = 120°
δ = 94.8° b = 5.98
R1
u1 = 120° 2.29
C
C'
2.29 p1 = 120° O1
b' = 5.98 α1 = 121.86°
ξ1 = 120°
c' = 4.17 M1 o1 = 120°
2.29
2.29
B' Υ1 = 69,17° N1
D'
ɛ1 = 136.09°
Figura 75. Congruência entre duas figuras planas (Hexágonos)

d' = 3,16
S
a' = 6.66 Ϛ1 = 118.08° v = 1.67
β1 = 94.8° ϕ = 114.29°
E' V
η1 = 80.03°
e' = 2
A' s = 3.11
Figura 73. Congruência entre duas figuras planas (Pentágonos)
u = 1,95
F
ω = 119.21°
Ψ = 46.47°
g = 3.03 T
Ɵ = 98.82°
U t = 2.77
h = 4.6
K = 50.63°
H
S'
l = 30.55°
f = 5.88 v' = 1.67
G s' = 3.11
θ1 = 114.29°

J l = 4.6°
η = 98.82 V'
K μ1 = 80.03°
MATEMÁTICA

λ = 30.55°

T' K1 = 46.47°
k = 3.03°
λ1 = 119.21°
u' = 1,95
j = 5.88
t' = 2.77
μ = 50.63° U'
L
Figura 74. Congruência entre duas figuras planas (Triângulos) Figura 76. Congruência entre duas figuras planas (Quadriláteros) 217
RAZÃO ENTRE ÁREAS Observação 1: Área do Polígono ABCDE: A1
Observação 2: Área do Polígono A’ B’ C’ D’ E’: A2
Razão entre áreas de dois Triângulos semelhantes
Observação 3: Razão de Semelhança: k
A razão entre as áreas de dois triângulos seme- Observação 4: Razão entre as áreas dos Polígonos
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança. ABCDE e A’ B’ C’ D’ E’:
A1
A2
= k2

POLÍGONOS INSCRITOS (INSCRIÇÃO) E


CIRCUNSCRITOS (CIRCUNSCRIÇÃO)

Abaixo seguem representados vários Polígonos


inscritos em uma circunferência.

B
A’

C’ B’
Figura 77. Dois Triângulos Semelhantes

Observação 1: área do Triângulo ABC: A1


Observação 2: área do Triângulo A’ B’ C’: A2
Observação 3: razão de Semelhança: k
Observação 4: razão entre as áreas dos Triângulos B
ABC e A’ B’ C’: Figura 79. Triângulo Equilátero inscrito em uma Circunferência

A1
= k2 G
A2

Razão entre Áreas de dois Polígonos Semelhantes


F
A Razão entre as Áreas de dois Polígonos seme-
lhantes é igual ao quadrado da razão de semelhança.

D
D
B

Figura 80. Quadrado inscrito em uma Circunferência

K
C’
L

B’
C’
J
H

C’
A’ I
Figura 78. Dois Polígonos Semelhantes
218 Figura 81. Pentágono inscrito em uma Circunferência
Q K
L

J
O
H

N
I

Figura 82. Hexágono inscrito em uma Circunferência Figura 85. Pentágono circunscrito em uma Circunferência

Abaixo seguem representados vários Polígonos Q

circunscritos em uma Circunferência.


P
C

N
Figura 86. Hexágono circunscrito em uma Circunferência

EXERCÍCIOS COMENTADOS
Figura 83. Triângulo Equilátero circunscrito em uma Circunferência
1. (VUNESP – 2011) Meia pizza foi dividida em 3 fatias,
cada uma delas com um ângulo diferente, conforme
G
mostra a figura.

2x

x – 20º
MATEMÁTICA

Se a pizza inteira tivesse sido dividida em fatias iguais,


todas com ângulo de x – 20°, então, o número de fatias
dessa pizza seria:
D
a) 9
b) 10
E c) 11
d) 12
Figura 84. Quadrado circunscrito em uma Circunferência e) 13 219
Note que meia pizza é uma semicircunferência. Perceba que o comprimento do varal é a hipotenu-
Logo, a soma dos três ângulos será igual a 180º. sa do triângulo retângulo formado na figura. Nesse
Fazendo a soma dos ângulos e igualando a 180º, caso, temos catetos iguais a 3m e 4m. Pela definição
encontramos o valor de x. de triângulo retângulo Pitagórico, a hipotenusa des-
Desta maneira, temos: se triângulo será igual a 5m. Veja que conhecendo
x + 2x + x – 20º = 180º a definição não é necessário fazer cálculo algum.
4x – 20º = 180º Para fins didáticos, vamos resolver a questão utili-
4x = 200º zando o Teorema de Pitágoras:
x = 50º a2 = b2 + c2
Uma pizza inteira representa uma circunferência. a2 = 32 + 42
Sabemos que a circunferência possui 360º. Se a piz- a2 = 9 + 16
za toda deve ser dividida em x – 20°, as fatias devem a2 = 25
possuir 50° – 20° = 30° a = ±√25
a = ±5
Fazendo 360° = 12, concluímos que o número de
30° Como estamos tratando de medida, desconsidera-
fatias dessa pizza seria igual a 12. Resposta: Letra mos o valor negativo.
D. Logo: a = 5
Resposta: Letra A.
2. (ITAME – 2015) Sabendo-se que 8x, 6x e 4x são ângu-
los de um triângulo, qual o valor do menor ângulo? 4. (VUNESP – 2015) As figuras, fora de escala, mos-
tram as dimensões de dois terrenos, A e B, ambos
a) 10º retangulares.
b) 20º
c) 30º
d) 40º B X + 7,5 m
X A

A soma dos ângulos internos de um triângulo é 50 m 40 m


igual a 180°. Portanto, basta somar os ângulos for-
necidos e igualar a 180°. Fazendo isso, encontrare- Sabendo-se que os dois terrenos têm a mesma área e
mos o valor de x. que, no terreno A, será construído um galpão cuja área
4x + 6x + 8x = 180º terá 1/6 da área dos dois terrenos juntos, então a área
18x = 180º do galpão, em metros quadrados, será:
x = 10º
Pelo enunciado, sabemos que o menor ângulo deste a) 450
triângulo é igual a 4x. Se x = 10°, então: b) 500
4x = 4 · 10° = 40° c) 360
Resposta: Letra D. d) 420
e) 480
3. (VUNESP – 2020) Murilo vai colocar um varal em
seu quintal. Ele já colocou os ganchos em duas pare- Os dois terrenos possuem a mesma área. Logo, a
des perpendiculares, conforme indicado pelas setas ÁreaA=ÁreaB. Sabemos que a área de um retângulo
da imagem a seguir, de acordo com as distâncias é dada por b · h (medida da base multiplicada pela
marcadas. medida da altura).
Deste modo, teremos:
Teorema de Pitágoras ÁreaA = ÁreaB
a2 = b2 + c
50x = 40 ⋅ (x+7,5)
50x = 40x + 300
Varal 50x – 40x = 300
Representação 3m
vista de cima a 10x = 300
b x = 30
Sendo x = 30, e as duas áreas tendo a mesma medi-
da, ao descobrirmos a área de um terreno, teremos
c
4m a área do outro.
ÁreaA = ÁreaB = 50 · x = 50 · 30 = 1500m2
1
Pelo o enunciado, a área do galpão terá 6 da soma
Murilo utilizou o teorema de Pitágoras para descobrir das duas áreas.
o comprimento de corda de varal que ele terá disponí- Neste contexto, teremos:
vel para colocar suas roupas. Sabendo-se que Murilo 1 1
colocará o varal bem esticado, se calcular corretamen- ÁreaGalpão = (ÁreaA + ÁreaB) = · (1500 + 1500) =
6 6
te, descobrirá que terá de varal, em metros, o total de:
3000
= 500m 2
6
a) 5,0
b) 5,5 Resposta: Letra B.
c) 6,0
d) 6,5 5. (INSTITUTO EXCELÊNCIA – 2019) Observando o polí-
220 e) 7,0 gono abaixo, o valor de x será:
Caso os números estejam diminuindo, você pode
2x
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões
entre os termos.
11x + 25° 9x – 8°
Agora, observe esta outra sequência:

2, 3, 5, 7, 11, 13, ...

Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem


3x + 46° a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per-
15x – 3°
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor
a) 11 15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon-
b) 16 trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência!
c) 12 Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
d) Nenhuma das Alternativas aqueles números que só podem ser divididos por eles
mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo
A soma dos ângulos internos de um polígono é dada seria o 17, e não o 15. A propósito, os próximos núme-
por Si = 180° · (n – 2), onde n é o número de lados do ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37...
polígono. Como temos um Pentágono, ou seja, um
polígono de 5 lados, chegamos em: SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS
Si = 180º ⋅ (n – 2)
15x – 3º + 3x + 46º + 11x + 25º + 2x + 9x – 8º = 180º É bem comum aparecem questões que envolvem
⋅ (5 – 2) uma sequência que tem mais de uma lei de formação.
40x + 60º = 180º ⋅ 3 Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes-
40x = 540º – 60º
te exemplo:
40x = 480º
x = 12º
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ...
Resposta: Letra C.
Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
dizer que temos uma sequência que, de um número
para outro, devemos somar 2 unidades e também
PADRÕES NUMÉRICOS podemos notar que temos a sequência que, de um
número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
REGULARIDADES E PADRÕES EM SEQUÊNCIAS: estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes-
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com- PROGRESSÃO ARITMÉTICA
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques- Uma progressão aritmética é aquela em que os
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
será apresentado a um conjunto de dados dispostos tante, normalmente representada pela letra r.
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
Termo inicial: valor do primeiro número que
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir
compõe a sequência;
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
daquela mesma sequência. Razão: regra que permite, a partir de um termo,
Veja o exemplo abaixo: obter o seguinte.
Observe o exemplo abaixo:
2, 4, 6, 8,...
{1,3,5,7,9,11,13, ...}
A primeira pergunta que podemos fazer para
achar a lei de formação é: os números estão aumen- Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces-
tando ou diminuindo? sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
operações de soma ou multiplicação entre os termos. gressões aritméticas, é importante você saber obter o
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
MATEMÁTICA

primeiro termo para o segundo, somamos o número a seguir.


dois e depois repetimos isso.
Termo geral da PA
2+2=4
4+2=6 Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
6+2=8 ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
outro termo. Temos a seguinte fórmula:
Logo, o nosso próximo termo será o número 10,
pois 8+2 = 10. an = a1 + (n-1)r 221
Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o Dica
“n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
a posição do termo na PA. PA crescente: se r > 0;
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir PA decrescente: se r < 0;
o termo de posição 10. Já temos as informações que PA constante: se r = 0.
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o
z o termo que buscamos é o da décima posição, isto segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé-
é, a10; tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja:
z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1; PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4
10: n = 10

Logo,

an = a1 + (n-1)r
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a10 = 1 + (10-1)2
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes
a10 = 1 + 2x9
entre os números 23 e 125 é:
a10 = 1 + 18
a10 = 19
a) 25.
b) 26.
Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
c) 27.
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
d) 28.
podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
e) 24.
posição 200 é:
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi-
an = a1 + (n-1)r
mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma
a200 = 1 + (200-1)2
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes
a200 = 1 + 2x199
informações:
a200 = 1 + 198
a1 = 24
a200 = 199
an = 124
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA
obter os múltiplos).
Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: an = a1 + (n-1)r
124 = 24 + (n – 1)4
n # (a1 + an) 124 = 24 + 4n – 4
Sn =
2 124 – 24 + 4 = 4n
104 = 4n
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu-
n = 26. Resposta: Letra B.
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}.
2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o
em cada dia será diferente e formará uma progressão
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula,
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
temos: tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km.
Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
n # (a1 + an)
Sn = metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último
2 dia de viagem será igual a
7 # (1 + 13)
S7 = a) 334.
2
b) 280.
7 # 14 c) 322.
S7 =
2 d) 274.
98 e) 310.
S7 = = 49
2
Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser: o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem podermos substituir na média. Usando a fórmula
crescente. do termo geral:
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3 r = -24
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem an= a1 + (n-1).r
decrescente. Achando a1:
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1 a1 = a1 + (1-1).r
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão a1 = a1
iguais. Colocando a2 em função de a1:
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. a2= a1+ (2-1)r
222
a2 = a1 + r 4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
Colocando a3 em função de a1: a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi-
a3= a1+ (3-1)r do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas
a3 = a1 + 2r de água, no 1° dia do experimento ela recebeu
Colocando a4 em função de a1:
a4 = a1 + (4-1)r a) 64 gotas.
a4 = a1 + 3r b) 49 gotas.
Substituindo na fórmula da média aritmética: c) 59 gotas.
(a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310 d) 44 gotas.
(a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310 e) 54 gotas.
4 a1 + 6r = 310 . 4
4 a1 + 6. (-24) = 1240 Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
4 a1 - 144 = 1240 então, o a1 é dado por:
a1 = 346 a65= a1 + (n-1).r
Encontrando a4: 374 = a1 + (65-1)5
a4= 346 + (4-1).r 374 = a1 + 64 x 5
a4= 346 + 3r 374 = a1 + 320
a4= 346 + 3. (-24) a1 = 54 gotas.
a4 = 274. Resposta: Letra D. Resposta: Letra E.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em cada item a seguir é 5. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Em determinado colégio,


apresentada uma situação hipotética, seguida de uma todos os 215 alunos estiveram presentes no primeiro
assertiva a ser julgada, a respeito de modelos lineares, dia de aula; no segundo dia letivo, 2 alunos faltaram;
modelos periódicos e geometria dos sólidos. no terceiro dia, 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alu-
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, nos faltaram, e assim sucessivamente.
considerado apto na avaliação médica das condições Com base nessas informações, julgue os próximos
de saúde física e mental, foi convocado para o teste itens, sabendo que o número de alunos presentes às
de aptidão física, em que uma das provas consiste em aulas não pode ser negativo.
uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos.
Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar
o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
( ) CERTO  ( ) ERRADO
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
percorrida no minuto anterior.
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25)
Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125
Termo Geral da P.A.
metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a
an= a1 + (n-1).r
distância percorrida em cada minuto anterior, ele com-
a25 = 215 + (25-1) · (-2)
pletará o percurso no tempo regulamentar.
a25 = 215 + (24· -2)
a25 = 215 - 48
( ) CERTO  ( ) ERRADO
a25 = 167 alunos
Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes. Resposta:
Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
Errado.
metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter-
ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
PROGRESSÃO GEOMÉTRICA
Estamos diante de uma progressão aritmética (PA)
de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
Observe a sequência abaixo:
primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é:
an= a1 + (n-1).r
{2, 4, 8, 16, 32...}
a11 = 125 + (11 – 1).11
a11 = 125 + 110 = 235 metros Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
minutos é dada pela fórmula da soma dos termos ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
da PA: do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
mo número, o que chamamos de razão da progressão
n # (a1 + an)
Sn = geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
2 No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
11 # (125 + 235) a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
S11 =
2 PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
MATEMÁTICA

e a soma dos termos.


11 # 360
S11 =
2
Termo geral da PG
S11 = 180 · 11
S11 = 1.980 A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
A distância total percorrida é menor do que 2.000 termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
metros. Logo, Manoel não completará o percurso primeiro termo (a1) e da razão (q):
no tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta:
Errado. an = a1 × qn-1 223
No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
ser encontrado assim: la geral da PG para acharmos a razão:
an = a1 × qn-1
{2, 4, 8, 16, 32...} a6 = a1 × q6-1
a5 = 2 × 25-1
192 = 6 × q5
a5 = 2 × 24
192/6 = q5
a5 = 2 × 16
a5 = 32 32 = q5
5
q= 32
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG q=2
Resposta: Letra A.
A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
primeiros termos da progressão geométrica: 2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
n- (progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo
a1 # (q 1) 12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a:
Sn =
q-1
a) 324.
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a b) 36.
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8, c) 108.
16, 32...} d) 216.
4
2 # (2 - 1)
S4 =
2-1 Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
#
2 (16 - 1) termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
S4 = 1 PG. Veja:
2 # 15 a4 = a2 × q4-2
S4 = 1 a4 = 12 × 32
S4 = 30 a4 = 12 × 9
a4 = 108
Soma dos infinitos termos de uma progressão Resposta: letra C.
geométrica
3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica
Suponha que você corra 1000 metros, depois, (P.G.) e assinale o valor de y.
você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
e, depois, 125 metros – sempre metade do que você P.G. = (y + 30; y; y – 60)
correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
Observe que o que temos é exatamente uma progres- a) +30.
são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. b) +60.
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < c) –30.
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto d) –60.
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- e) –90.
tanto, substituindo, teremos:
Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
a1 # (0 - 1)
S∞ = mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
q-1 y² = (y + 30) × (y - 60)
a1 y² = y² -60y +30y -1800
S∞ = y² - y² +60y -30y = -1800
q-1
30y = -1800
Dica y = -1800/30
y = -60
Em uma progressão geométrica, o quadrado do Resposta: Letra D.
termo do meio é igual ao produto dos extremos.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for-
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
82 = 4 × 16
64 = 64. a) 40.
b) 120.
c) 150.
d) 200.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) 250.

1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR- x2 = (x-120) × (x+600)
RETO afirmar que o valor de q é igual a: x2 = x2 + 600x – 120x -72000
x2 - x2 = 480x – 72000
a) 2. 480x = 72000
b) 3. x = 72000/480
c) 4. x = 150
224 d) 8. Resposta: Letra C.
{
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
– 3x + 2y – z = – 1
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a 968.
Então, o primeiro termo dessa progressão é: x + y – 5z = 3
2x – 5y + 2z = 4
a) Maior que 18.
b) Maior que 15 e menor que 18. Neste caso temos um sistema linear de três incóg-
c) Maior que 12 e menor que 15. nitas, sendo elas x, y e z. O -1, e o 4 são os termos inde-
d) Maior que 9 e menor que 12. pendentes desse sistema.
e) Menor que 9. Um sistema linear de m equações com n incógni-
tas, indicado por m x n (lemos “m por n”), pode ser
Vamos usar a fórmula da soma da PG:

{
representado por um conjunto de equações do tipo:
n
a1 # (q - 1)
Sn = a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c1
q-1
a21x1 + a22x2 + a23x3 + . . . + a2nxn = c2
n
a1 # (3 - 1) S a31x1 + a32x2 + a33x3 + . . . + a3nxn = c3
968 =
3-1 ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
#
a1 (243 - 1)
968 = am1x1 + am2x2 + am3x3 + . . . + amnxn = cm
2

1936 = 242a1 Note que pela definição do produto de matrizes, o


a1 = 1936 / 242 sistema linear genérico acima, pode ser escrito na for-
a1 = 8 ma matricial da seguinte maneira:

[ ][ ] [ ]
Resposta: Letra E.
a11 a12 a13 ... a1n x1 c1
a21 a22 a23 ... a2n x2 c2
MODELOS LINEARES a31 a32 a33 ... a3n x3 = c3
∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙ ∙ ∙
Equação linear
am1 am2 am3 ... amn xn cn
Denominamos equação linear, toda equação do
tipo: Exemplos:
Escrevendo na forma matricial os dois exemplos
a11x1 + a12x2 + a13x3 + . . . + a1nxn = c, onde:
anteriores, temos:
a1, a2, a3, . . . , xn : são coeficientes reais, não todos

{ x4x+–7yy == 21 ⇒ [ 1 ] ∙ [ y ] = [1 ]
nulos. 4 –1 x 2
x1, x2, x3, . . . , xn : são as incógnitas. 7

[ ][][ ]
c : é o termo independente.

{
– 3x + 2y – z = – 1 –3 2 –1 x –1
Quando o termo independente é nulo, dizemos
que a equação linear é homogênea. x + y – 5z = 3 ⇒ 1 1 –5 ∙ y = 3
Exemplos: 2x – 5y + 2z = 4 2 –5 2 z 4

a) 4x + 3y – z = – 1
SOLUÇÃO DE UM SISTEMA LINEAR
b) 2x – y = 3
c) – 2x – y + 5z = 0 (Equação linear homogênea)
Seja uma sequência ou n-upla ordenada de núme-
ros reais (a1, a2, a3, . . . , an), a mesma será solução de
Não são equações lineares as equações abaixo:
um sistema linear S, se for a solução de todas as equa-
a) x2 + y – z3 = 3 ções lineares de S, ou seja:
b) xy – 5z = –7
c) x – 2y + √z = 3 a11a1 + a12a2 + a13a3 + . . . + a1nan = c1 (setença verdadeira)
a21a1 + a22a2 + a23a3 + . . . + a2nan = c2 (setença verdadeira)
� Sistema linear:
a31a1 + a32a2 + a33a3 + . . . + a3nan = c3 (setença verdadeira)
Denominamos sistema linear, o conjunto de duas ∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙∙
MATEMÁTICA

ou mais equações lineares com n incógnitas.


am1a1 + am2a2 + am3a3 + . . . + amnan = cm (setença verdadeira)
Exemplos:

{ 4x – y = 2 Exemplo:

{
x + 7y = 1
x + 2y – 2z = – 5
Neste caso temos um sistema linear de duas incóg- 2x – 3y + z = 9
nitas, sendo elas x e y. O 2 e o 1 são os termos indepen-
dentes desse sistema. 3x – y + 3z = 8 225
O sistema acima admite como solução a tripla Exemplos:
ordenada (1,-2,1), pois substituindo estas coordenadas Vamos resolver os seguintes sistemas pela Regra
em cada uma das equações lineares, temos: de Cramer:

{
{ 3x2x– +4yy == –45
{
(1) +2 (– 2) – 2 (1) = – 5 a)
1–4–2=–5
2(1) – 3 (– 2) + (1) = 9 ⇒ 2+6+1=9
3+2+3=8 D = 3 – 4 = 11, Dx = – 5 – 4 = 11, D = 3 – 5 = 22
3(1) – (– 2) + 3(1) = 8 2 1 4 1 2 4

{ –5=–5
9 = 9 .todas as sentenças são verdadeiras.
8=8 portanto: x =
Dx
=
11
= 1, y =
Dy
=
22
= 22
D 11 D 11
SISTEMA LINEAR HOMOGÊNEO
Logo a solução do sistema é o par ordenado (1, 2)
Chamamos de sistema linear homogêneo, aquele

{
possui todos os termos independentes nulos, ou seja, x – 2y + z = 0
iguais a zero. b) 2x + y – 3z = – 5
Exemplo: 4x – y – z = – 1

{
x + y + 2z = 0 1 –2 1 0 –2 1
D = 2 1 – 3 = 10, Dx = – 5 1 – 3 = 10
3x + 4y – z = 0 4 –1 –1 –1 –1 –1
2x + 3y – 3z = 0
1 0 1 1 –2 0
Dy = 2 – 5 – 3 = 20, Dz = 2 1 – 5 = 30
Todo sistema linear homogêneo admite a solução 4 –1 –1 4 –1 –1
nula (0, 0, ..., 0), chamada de solução trivial. Além da
solução trivial um sistema linear homogêneo pode ter Dx 10 Dy 20
outras soluções. portanto: x = = = 1, y = = =2
D 10 D 10
MÉTODOS PRÁTICOS PARA A RESOLUÇÃO DE UM Dz 30
SISTEMA z= = =3
D 10
Regra de Cramer
Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, 2, 3).
Inicialmente consideremos o seguinte sistema
linear: CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS LINEARES

Os sistemas lineares podem ser classificados con-


{ a1x + b1y = c1
a2x + b2y = c2 forme o esquema abaixo:

determinado

[a ]
a1 b1
possível
2
b2 é a matriz incompleta do sistema c1 e c2,
são os termos independentes do sistema. indeterminado
Sistema
a1 b1
D= , é o determinante da matriz incompleta
a2 b2 impossível
do sistema.
Sistema Possível e Determinado
c1 b1
Dx = , é o determinante da matriz obtida
c2 b2 Um sistema será possível e determinado (SPD),
por meio da troca dos coeficientes de x, pelos termos quando o determinante D da matriz incompleta for
independentes, na matriz incompleta. diferente de zero, ou seja, D ≠ 0.
a1 c1
Dy = , é o determinante da matriz obtida Sistema Possível e Indeterminado
a2 c2
por meio da troca dos coeficientes de y, pelos termos Um sistema será possível e indeterminado (SPI),
independentes, na matriz incompleta. quando o determinante D da matriz incompleta for
igual a zero (D = 0) e os determinantes das incógnitas
O exemplo acima é análogo para qualquer sistema também: (D1 = D2 = D3 = ... = Dn = 0)
linear n x n, portanto a regra de Cramer pode ser apli-
cada para resolver qualquer sistema linear n x n, onde Sistema Impossível
D ≠ 0. A solução será dada pelas seguintes razões:

( )
Um sistema será impossível (SI), quando o deter-
D1 D2 D3 Dn minante D da matriz incompleta for igual a zero (D =
X1 = ,X2 = ,X3 = , . . . , xn = 0) e pelo menos um dos determinantes das incógnitas
D D D D
226 for diferente de zero.
Vamos classificar cada um dos sistemas lineares
abaixo: { x + 2y – 2z = – 5
2x – 3y + z = 9
3x – y + 3z = 8

{
a) 4x – y = 1
2x + 3y = 5 Substituiremos a segunda linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação:
D = 4 – 1 = 14 Como D ≠ 0, o sistema é SPD
2 3 z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 2) e adicio-

{ x + 2y – z = 1 nar o resultado à 2ª equação.


b) 2x – 3y + 4z = 2
3x – y + 3z = 3 Substituiremos a terceira linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação:
1 2 –1
D = 2 – 3 4 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD, z Vamos multiplicar a 1ª equação por (- 3) e adicio-
3 –1 3 nar o resultado à 3ª equação.

{
vamos verificar se é SPI ou SI.
x + 2y – 2z = – 5
– 7y + 5z = 19
1 2 –1 1 1 –1 1 2 1 – 7y + 9z = 23
Dx = 2 – 3 4 = 0, Dy = 2 2 4 = 0, Dz = 2 – 3 2 = 0
3 –1 3 33 3 3 –1 3
Substituiremos a terceira linha por uma nova,
fazendo a seguinte operação:
Como D = 0, Dx = 0, Dy = 0 e Dz = 0, o sistema é SPI.

{
z Vamos multiplicar a 2ª equação por (- 1) e adicio-
– 2x + y – 3z = 0
c) x – y – 5z = 2 nar o resultado à 3ª equação.
3x – 2y + 2z = – 3

–2 1 –3
D = 1 – 1 – 5 = 0, como D = 0, o sistema não é SPD,
3 –2 –2
{ x + 2y – 2z = – 5
– 7y + 5z = 19
4z = 4

Com o sistema escalonado, podemos determinar


vamos verificar se é SPI ou SI. os valores das incógnitas da seguinte forma:
Obtendo z na 3ª equação:
0 1 –3
Dx = 2 – 1 – 5 = 40 , Como D ≠ 0, o sistema é SI.
x 4z = 4
–3 –2 –2
4
z=
Não é necessário analisar o determinante das incóg-
4
nitas y e z, uma vez que um deles já apresenta resulta-
do diferente de zero. z=1

ESCALONAMENTO DE SISTEMAS LINEARES Obtendo y na 2ª equação:


Como z = 1, vamos substituir o seu valor na 2ª
Nem sempre a Regra de Cramer é um instrumento equação e encontrar o y:
prático para a resolução de sistemas lineares. Para a
resolução de sistemas de três ou mais equações pode- – 7y + 5z = 19
mos fazer a solução de uma forma escalonada, ou seja, – 7y + 5(1) = 19
vamos fazer o escalonamento do sistema. Um sistema – 7y + 5 = 19
estará escalonado quando de equação para equação, – 7y = 19 – 5
no sentido de cima para baixo, houver aumento dos – 7y = 14
coeficientes nulos situados antes dos coeficientes 14
não-nulos. y=
Exemplos: –7

{ {
y=–2
x+y+z=3 x+y+z–t=6
S1 0x + y + z = 2 , S2 0x – y – 4z + 3t = – 13 Obtendo x na 1º equação:
0x + 0y + z = 1 0x + 0y + 12z – 6t = 20
Como y = - 2 e z = 1, vamos substituir os seus valo-
res na 1ª equação e encontrar o x:
Vejamos um exemplo prático de como resolver um
MATEMÁTICA

sistema linear por escalonamento:


x + 2y – 2z = – 5

{
x + 2 (– 2) – 2(1) = – 5
2x – 3y + z = 9
x + 2y – 2z = – 5 x–4–2=–5
3x – y + 3z = 8 x–6=–5
x=–5+6
Primeiramente vamos trocar de posição a linha 2 x=1
com a linha 1, para que a incógnita x que possui o coe-
ficiente 1 fique na primeira linha. Logo a solução do sistema é a tripla ordenada (1, -2, 1). 227
Para encontrar a matriz X, vamos escreve-la como
EXERCÍCIOS COMENTADOS uma matriz genérica, e substituir na equação indi-
cada no enunciado:
1. (ESAF – 2009) O determinante da matriz:
X= (
4 0
)
[ ]
2 1 0 0 3
B= a b c é: Substituindo as três matrizes conhecidas na equa-
4+a 2+b c ção inicial, temos:
a) 0 A∙X=B
b) 2b - c
c) a + b + c
d) 6 + a + b + c
(1 2
–1 –1
∙ ) ( ) = (31 –42 )
a b
c d
e) 2bc + c - a Fazendo o produto entre as matrizes no primeiro
membro, temos:
A matriz B é uma matriz quadrada de ordem 3, para
calcular os seus determinantes, vamos utilizar a ( 1∙a+2∙c 1∙b+2∙d
) (
(– 1) ∙ a + (– 1) ∙ c (– 1) ∙ b + (– 1) ∙ d
=
3 –2
1 4 )
Regra de Sarrus:
2 1 0 2 1
(a + 2c b + 2d
–a–c –b–d ) (
=
3 –2
1 4 )
a b c a b , Pela igualdade de matrizes geraremos o seguinte
4+a 2+b c 4+a 2+b sistema linear:

{
Vamos fazer o produto das diagonais principais, a + 2c = 3
menos o produto das diagonais secundárias.
b + 2d = – 2
2 ∙ b ∙ c + 1 ∙ c ∙ (4 + a) + 0 ∙ a ∙ (2 + b) – [0 ∙ b ∙ (4 + a) +
–a–c=1
2 ∙ c ∙ (2 + b) + 1 ∙ a ∙ c] = 2bc +4c + ac – [4c + 2bc + ac]
= 2bc + 4c + ac – 4c – 2bc – ac = 0 Resposta: Letra A. –b–d=4

2. (ESAF – 2012) Dada as matrizes: Trocando de posição a linha 2 com a linha 3, temos:

{
A= (21 33) e B = (21 43) a + 2c = 3
–a–c=1
Calcule o determinante do produto AB:
b + 2d = – 2
a) 8 –b–d=4
b) 12
c) 9
Vamos encontrar primeiramente os valores de a e
d) 15
c, fazendo a soma da linha 1 com a linha 2, temos:
e) 6 c=4

Pelo Teorema de Binet, temos que: o det (A ∙ B) = det Substituindo c por 4 na primeira linha, temos:
A ∙ det B a + 2c = 3
Calculando separadamente cada um dos determi- a + 2 ∙ (4) = 3
nantes, teremos: a+8=3
2 3 a=3–8
Det A = = 2 ∙ 3 – (3 ∙ 1) = 6 – 3 = 3 a=–5
1 3
2 4 Para encontrar os valores de b e d, faremos a soma
Det B = =2∙3–4∙1=6–4=2
1 3 da linha 3 com a linha 4, obtendo:
Portanto o det (A ∙ B) = detA ∙ detB = 3 ∙ 2 = 6 Respos- d=2
ta: Letra E.
Substituindo d por 2 na linha 4, temos:
–b–d=4
3. (CESGRANRIO – 2011) Considere a equação matricial – b – (2) = 4
AX = B, –b–2=4
–b=4+2
Se A = ( –11 2
–1 ) e B = (31 –42 ) , então a matriz X é: –b=6
b=–6
Portanto a matriz X será igual a: (
–5 –6
)
a)
( 22 –54 ) Resposta: Letra B.
4 2

b)
( –45 –26 ) 4. (UNIRIO – 2009) Se o sistema: {3x2x ++ my
y = 18
=k
possui

c) (
– 1 – 4)
3 –1 infinitas soluções, o produto k ∙ m, vale:

a) 8
d) (
2 )
–5 –8
b) 12
3
c) 15
e) (
0 3)
4 0 d) 18
228 e) 20
Se o sistema possui infinitas soluções, ele é um siste- Logo D = 17
ma possível indeterminado (SPI). Pela regra de Cra- Fazendo Dx, temos:
mer um sistema linear 2x2 será SPI, se e somente se,
D = 0, Dx = 0 e Dy = 0. 0 5 1
Para encontrar o valor de m vamos calcular o deter- Dx = 1 1 –2
–1 3 –4
minante da matriz incompleta, igualando o mesmo
a zero, teremos, portanto: 0 5 1 0 5
3 1 Dx = 1 1 – 2 1 1 = 0 ∙ 1 ∙ (– 4) + 5 ∙ (– 2) ∙ (– 1)
=0 –1 3 –4–1 3
2 m
3∙m–2∙1=0 + 1 ∙ 1 ∙ 3 – [1 ∙ 1 ∙ (– 1) + 0 ∙ (– 2) ∙ 3 + 5 ∙ 1 ∙ (– 4)]
3m – 2 = 0 Dx = 10 + 3 – (– 1 – 20) = 13 – (– 21) = 13 + 21 = 34
3m = 2 Logo Dx = 34
2
m= Fazendo:
3
Para encontrar o valor de k, basta calcular o determi- Dx 34
x= = = 2, portanto x = 2. Resposta: Letra B.
nante em relação a uma das duas incógnitas, já que D 17
descobrimos o valor de m, porém para facilitar os
cálculos vamos calcular o determinante em relação
a y, igualando o mesmo a zero, teremos o seguinte:
3 18
=0 MODELOS PERIÓDICOS
2 k
3 ∙ k – 2 ∙ 18 = 0
Ao estudarmos os modelos periódicos, devemos
3k – 36 = 0
3k = 36 nos atentar aos preceitos da Trigonometria em rela-
36 ção às funções do seno, cosseno e tangente, bem como
k= suas relações. Ainda, é necessário conhecermos o Teo-
3
k = 12 rema Fundamental da Trigonometria.
Iniciaremos nossa abordagem pelas relações de
Não se esqueça que o exercício não pede os valores seno, cosseno e tangente em ângulos notáveis. Veja-
de m e k, mas sim o produto entre eles. Fazendo o
mos a seguinte tabela:
produto entre m e k, teremos:

2 24 ARCO 30° 45° 60°


m∙k= ∙ 12 = =8
3 3 1 2 3
Seno
2 2 2
Resposta: Letra A.
3 2 1
5. (CESGRANRIO – 2011) Considere o sistema a seguir: Cosseno
2 2 2

{ x + 5y + z = 0
4x + y – 2z = 1
7x + 3y – 4z = – 1
Tangente
3
3 1 3

Nesse sistema o valor de x é: Teorema Fundamental da Trigonometria

a) 3
sen2 x + cos2 x = 1
b) 2
c) 1
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo-
d) 0
e) -1 tenusa a, temos, de acordo com o teorema de Pitágo-
ras: a2 = b2 + c2.
O exercício pede somente o valor da incógnita
x, portanto podemos utilizar a regra de Cramer, C
para encontrar o seu valor. Pela regra de Cramer,
D
sabemos que: x = x . Calculando os respectivos
D
determinantes pela regra de Sarrus, teremos:
1 5 1
MATEMÁTICA

D= 4 1 –2 a
7 3 –4 b

1 5 1 1 5
D = 4 1 – 2 4 1 = 1 ∙ 1 ∙ (– 4) + 5 ∙ (– 2) ∙ 7 + 1 ∙ 4
7 3 –4 7 3
∙ 3 – [1 ∙ 1 ∙ 7 + 1 ∙ (– 2) ∙ 3 + 5 ∙ 4 ∙ (– 4)]
A
D = – 4 – 7 + 12 – (7 – 6 – 80) = – 62 – (– 79) = – 62 + B c
79 = 17
Figura 7. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a 229
Assim sendo, se x for a medida do ângulo agudo A secante de um ângulo agudo x é, por definição,
B, então: o inverso do cosseno. É representada com o símbolo
secx.
1
b b l +b c l
2 2 Portanto: sec x = cos x
(sen x)² + (cos x)² = sen²x + cos²x = =
a a
1
z Relação Fundamental (4): cossec (x) = senx
= b2 + C2 = b 2 c = a2 = 1
2 2
2
+ 2 2

a a a a
A cossecante de um ângulo agudo x é, por defini-
Portanto, sen x + cos x = 1.
2 2 ção, o inverso do seno. É representada com o símbolo
cossec (x).
1
Observações: Portanto: cossec (x) = senx

z sen2 x = (sem x)2; z Relação Fundamental (5): sec2 x = 1 + tg2 x


z sen2 x = 1 – cos2 x;
z cos2 x = (cosx)2; Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-
z cos2 x = 1 – sen2 x. mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por cos2
x, temos:
Vejamos, agora, as relações fundamentais da
sen²x + cos² = 1
Trigonometria:
sen 2 x + cos 2 x = 1
sen x cos 2 x cos 2 x
z Relação Fundamental (1): tg x = cos x
sen 2 x + cos 2 x
Em um triângulo retângulo de catetos b e c e hipo- cos 2 x cos 2 x
tenusa a, se x for a medida do ângulo agudo B, temos:
tg² x +1 = sec²x
C sec²x = tg²x = 1

Portanto: sec2 x = 1 + tg2 x

z Relação Fundamental (6): cossec2 x = 1 + cotg2 x

a Dividindo ambos os membros do Teorema Funda-


b mental da Trigonometria (sen2 x + cos2 x = 1), por sen2
x, temos:

sen²x = cos²x = 1
sen 2 x + cos 2 x = 1
A sen 2 x sen2 x
=

B c
sen2 x cos2 x 1
Figura 8. Triângulo Retângulo ABC, com catetos b e c e hipotenusa a
+ =
sen2 x sen2 x sen 2 x

b 1 + cotg²x = cossec²x
b a senx
tgx = c = c = cosx, cossec²x = 1 + cotg²x
a
Portanto: cossec2 x = 1 + cotg2 x
sen x
Portanto: tg x = cos x
Logo, podemos construir a seguinte tabela:
sen x
z Relação Fundamental (2): cotg (x) = cos x RELAÇÕES FUNDAMENTAIS
sen2 x + cos2 x = 1
A cotangente de um ângulo agudo x é, por defini-
sen x
ção, o inverso da tangente. Ela é representada com o tg x = cos x
símbolo: cotg (x). Assim sendo, temos que: cos x
cotg(x) = sen x
1 1 cos x cos x
cotg (x) = = sen x = 1 · sen x = sen x 1
tg (x) sec x = cos x
cos x
1
cossec(x) = senx
Portanto: cotg (x) = cos x
sen x
sec2 x = 1 + tg2 x

230 1
z Relação Fundamental (3): sec x = cos x cossec2 x = 1 + cotg2 x
Exemplo 1: Se 0º < x < 90º, então, a expressão sen2 x + cos2 x
cos x
y
é igual a:
B
2 2
sen x + cos x 1
cos x = cos x = sec x (II) (I)
C r A (Origem)
O
Exemplo 2: Simplificando a expressão (tg x) (cos x) x
(cossec x), para 0º < x < 90º, obtém-se: (III) (IV)

sen x 1
(tg x) · (cos x) · (cossec x) = cos x · cos x· sen x = D
sen x· cos x
= cos x · sen x = 1 Figura 12. Circunferência de raio r em um sistema cartesiano xOy

Os pontos A = (1,0), B = (0,1), C = (–1,0) e D = (0,


Exemplo 3: Sabendo que sen = 53 0º < x < 90º, cal- –1) dividem o ciclo trigonométrico em quatro qua-
cule as demais funções circulares de x. drantes. Quando dizemos que um arco AP pertence
ao segundo quadrante, por exemplo, queremos dizer
3 que a extremidade P pertence ao segundo quadrante.
Se sen x = 5 , temos que:
O seno de um arco trigonométrico AP de extremidade
P é a ordenada do ponto P.
sen²x + cos²x = 1 → b 5 l + cos 2 x = 1 → 9 + cos2 x = 1
3 2
25
Eixos dos senos

cos²x = 1 – 9 → cos²x = 16
25 25 → cos x = !
16
25 N
P

4
cos x = ! 5
, O A

Como 0º < x < 90º, o cosseno assumirá o valor positivo.

Portanto:
Figura 13. Circunferência de raio r com eixo dos senos
4
cos x = 5
sen (AP) = medida do segmento ON

Se sen x = 3 e cos x = 4 , temos que: Cada número real x corresponde a um único ponto
5 5' P, extremidade do arco AP de medida x. Cada ponto
P, por sua vez, corresponde a uma única ordenada
3 chamada seno de x. A função de R em R que a cada
senx
tgx = cos 5 3 5 3 número real x associa a ordenada do ponto P é, por
x " 4 = 5·4 = 4
5 definição, a função seno.
Simbolicamente:
3 𝑓: R → R
Se tg x = 4 , temos que: x ↦ sen x

1 1 4 4 Tal que f(x)=sen x=ON . A definição é coerente com


cotg x = tgx " 3 = 1· 3 = 3 aquela apresentada no triângulo retângulo.
4

4
Se cos x = 5 , temos que: N
X
1 1 5 5 senx
sec x = cos x " 4 =1· 4 = 4
O
A
5

Se sen x = 3 , temos que:


5

1 1
cossec x = senx " 3 =1· 5 = 5 P
3 3 N
MATEMÁTICA

x A
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS O
M
Função Seno

Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem


A, um sistema cartesiano ortogonal xOy, conforme
Figura 14. Circunferência de raio r com eixo dos senos, arcos e
mostra a figura. triângulos retângulos 231
De fato, se: 90° < x < 180°

π P N
0<x<
2

Então, P pertence ao primeiro quadrante e, além O A


disso, OP = 1 (raio) e MP = ON. Assim sendo, no triân-
gulo OMP retângulo em M, temos:

cateto oposto MP ON
sen x = = = ON 0 < sen x < 1
hipotenusa OP 1

Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


sentido anti-horário, o número real varia x de 0º a x = 180°
360º e o seno de x varia de -1 a 1. Observe, na tabela a
seguir, as várias situações possíveis:

x=0
O≡N A
P

senx = 0
O≡N
A≡P
180° < x < 270°

O A
senx = 0

0° < x < 90° N


P

–1 < sen x < 0


P
N
x = 270°

O A

O A

0 < sen x < 1


P≡N
senx = –1(mínimo)
x = 90°
N=P 270° < x < 360°

O A O A

N P

232 senx = 1(máximo) –1 < sen x < 0


x = 360° Simbolicamente, pode-se representar:

𝑓: R → R
x ↦ cos x

Tal que f (x) = cos x = OM.


Tal definição é coerente com aquela apresentada
O≡N A≡P no triângulo retângulo.

X
cosx
O
senx = 0 A
M

Notando que sen x = sen (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π


são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que
o gráfico da função f : R → R tal que f (x) = sen x é:
P
y = senx

1 X
O
- π 3π M A
2 2
-2π -π 0 π π 2π
- 3π
2 2

-1
Figura 17. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos, arcos e
triângulos retângulos
Figura 15. Função Seno
De fato, se:
Ainda, o conjunto imagem é {y ∈ R/–1 ≤ y ≤ 1}. π
Assim, pode-se concluir que a função seno é: 0<x<
2
z Positiva no primeiro e segundo quadrantes; Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
z Negativa no terceiro e quarto quadrantes; disso OP=1 (raio). Assim sendo, no triângulo OMP
z Crescente no primeiro e quarto quadrantes; retângulo em M, temos:
z Decrescente no segundo e terceiro quadrantes;
z Ímpar, pois sen (-x) = – sen x; cateto adjacente OM OM
z Periódica de período 2 π. cos x = = = = OM
hipotenusa OP 1
Função Cosseno
Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no
sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a
O cosseno de um arco trigonométrico AP de extre-
360º e o cosseno de x varia de -1 a 1. Observe, na tabe-
midade P é a abscissa do ponto P. la abaixo, as várias situações possíveis:

x=0
P

A≡P
O O
M A Eixo dos cossenos M

cos x = 1 (máximo)
Figura 16. Circunferência de raio r com eixo dos cossenos
0° < x < 90°
MATEMÁTICA

Sendo que cos (AP) = medida do segmento OM. P

Cada número real x corresponde um único ponto A


P, extremidade do arco AP de medida x. A cada ponto O
M
P, por sua vez, corresponde a uma única abcissa cha-
mada cosseno de x. A função de R em R que a cada
número real x associa a abcissa do ponto P é, por defi-
nição, a função cosseno.
0 < cos x < 1 233
x = 90° 270° < x < 360°
P

O M A
A

O≡M P

0 < cos x < 1


cos x = 0
x = 360°

90° < x < 180°


A≡P
P O
M
A
O
M
cos x = 1 (máximo)

Notando que cos x = cos (x ± 2 π), pois x e x ± 2 π


são as medidas de arcos de mesma extremidade, e de
–1 < cos x < 0
acordo com a tabela do item anterior, concluímos que
o gráfico da função f: R→R tal que f (x) = cos x é:
x = 180°
y = cosx
1
π 3π
- 3π - π
2 -π 2 2 π 2 x
A -2π 0 2π
O
M≡P -1

Figura 18. Função Cosseno


cos x = –1 (mínimo)
Sendo que o conjunto imagem é {y ∈ R/–1 ≤ y ≤1}.
Assim, pode-se entender que a função cosseno é:
180° < x < 270°
z Positiva no primeiro e quarto quadrantes;
z Negativa no segundo e terceiro quadrantes;
z Crescente no terceiro e quarto quadrantes;
z Decrescente no primeiro e segundo quadrantes;
M A
z Par, pois cos (– x) = cos x;
O z Periódica de período 2 .

Função Tangente
P
Consideremos, no ciclo trigonométrico de origem A,
–1 < sen x < 0 o eixo t perpendicular ao eixo x e de origem A, chamado
eixo
*
das tangentes. Seja, ainda, T a intersecção da reta
OP com o eixo t. A tangente do arco trigonométrico AP,
x = 270° de extremidade P, é a medida algébrica do segmento AT.

Eixo das tangentes

B T
A P
O M

C O A

P D
234 cos x = 0 Figura 19. Circunferência de raio r com eixo das tangentes
Sendo que tg (AP) = medida do segmento AT. x=0

Cada número real x corresponde a um único ponto


P, extremidade do arco AP de medida x. A cada ponto A P T
P, por sua vez, corresponde a uma única medida algé- O
brica AT, chamada tangente de x. A função de R em R
que a cada número real x associa à medida algébrica
AT é, por definição, a função tangente.
Simbolicamente, temos que: tg x = 0

𝑓: Dx→ R
↦ tg x 0° < x < 90°
P T
Onde:
π O A
D=R–{ +kπ, com k ∈ Z} tal que f(x) = tg x = AT.
2
A definição é coerente com aquela apresentada no
triângulo retângulo.
tg x > 0

x = 90°
P
T

tgx O
x A

O
A

∄ tg x

90° < x <180°

T O A
P

x
T
O tg x < 0
A

x = 180°

Figura 20. Circunferência de raio r com eixo das tangentes, arcos e


triângulos retângulos P O A T
De fato, se:
π
0<x<
2
tg x = 0
Então, P pertence ao primeiro quadrante e além
disso AO = 1 (raio). Assim sendo, no triângulo OAT
180° < x <270°
retângulo em A, temos:
T
MATEMÁTICA

cateto oposto AT AT
tg x = = = = AT
cateto adjacente OA 1 O A

Enquanto o ponto P percorre a primeira volta, no


sentido anti-horário, o número real x varia de 0º a P
360º e a tangente de x varia de -∞ a ∞. Observe, na
tabela abaixo, as várias situações possíveis: tg x > 0 235
x = 270°
GEOMETRIA DOS SÓLIDOS
INSCRIÇÃO E CIRCUNSCRIÇÃO DE SÓLIDOS

Existe uma gama de situações em que podemos ter


O A alguns sólidos inscritos ou circunscritos e termos o
interesse de encontrar alguns de seus elementos nes-
sa junção. Aqui vamos mostrar alguns exemplos.
No caso de inscrito, temos o sólido de interesse no
interior. Podemos ter, por exemplo, uma esfera de
P raio r inscrita em um cubo de aresta a e querer saber
∄ tg x o valor do raio dessa esfera, como vemos na Figura 58.
Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à aresta do
cubo, assim, 2r = a o que implica em r = a/2.
270° < x < 360°

O A

P T
tg x < 0
Figura 58. Esfera de raio r inscrita em um cubo de aresta a.

x = 360° Na esfera de raio r inscrita em um octaedro regular


de aresta a, que podemos observar na Figura 59, usan-
do a relação métrica de triângulos retângulos, em que a
hipotenusa multiplicada pela altura é igual ao produto
A P T dos catetos, temos o valor da métrica do raio dada por:
O
a√3 a√2 a a√6
·r= · →r=
2 2 2 6

tg x = 0

Nota-se que tg x = tg (x ± π), pois x e x ± π são as


medidas de arcos de mesma extremidade. Observan-
do a tabela do item anterior, pode-se concluir que o
gráfico da função:

π
f: R – { +kπ ,com k ∈ Z} → R
2

Tal que f(x) = tg x é:

y = tgx

Figura 59. Esfera de raio r inscrita em um octaedro de aresta a.


π 3π Nos casos circunscritos, temos o sólido de interesse
2 2 2π x
no exterior. Assim, se tivermos uma esfera circunscrita
-π 0
- 3π
-2π π π
- ao cubo, teremos o interesse de calcular o valor do raio
2 2 da esfera em função da aresta do cubo, como na Figura
60. Sabemos que o diâmetro da esfera é igual à diago-
nal do cubo, assim, 2r=a√3, o que implica em r=a√3/2.

Figura 21. Função Tangente

Sendo que o conjunto imagem é R. A C


R
Assim, pode-se entender que a função tangente é:
R a
z Positiva no primeiro e terceiro quadrantes; E
a√2 G
z Negativa no segundo e quarto quadrantes;
z Crescente em todos os quadrantes;
z Ímpar, pois tg (-x) = - tg x;
236 z Periódica de período π. Figura 60. Esfera de raio r circunscrita em um cubo de aresta a.
No caso da esfera circunscrita ao octaedro regular nulo (ℝ*+)). Logo, Im(𝑓) = ℜ*+. Note, que no gráfico da
de aresta a, o diâmetro da esfera é igual à diagonal do função a curva de 𝑓(x) = ax está toda acima do eixo x,
octaedro, ou seja, diagonal do quadrado, como pode- pois 𝑓(x) = ax > 0, ⩝ x ∊ ℜ. Além disso, temos que o pon-
mos observar na Figura 61. Assim, temos que 2r=a√2 o to de encontro da curva com o eixo y, é no ponto (x, y)
que implica em r = a√2/2. = (0, 1), x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1. Assim, o gráfico para duas
funções exponenciais, crescente (a > 1) e decrescente
(0 < a < 1), segue como na Figura 17.

Figura 61. Esfera de raio r circunscrita em um octaedro regular de


aresta a.

MODELOS EXPONENCIAIS E
LOGARÍTMICOS
FUNÇÃO EXPONENCIAL

Definição, Características, Domínio, Imagem e


Gráfico

Seja a um número real, tal que seja maior que zero


e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓:
ℝ → ℝ que associa a cada x ∊ ℝ o número 𝑓(x) = ax,
é conhecida como Função Exponencial. Assim fun-
ções como: 2x, (√2)x e 10x são exemplos de funções
exponenciais.
Da definição de função exponencial, a partir de
algumas características, pode-se notar:

z x = 0 → 𝑓(0) = a0 = 1;
z 𝑓(x) = ax é crescente para a > 1, ou seja, x1 < x2 → Figura 17. Gráfico da Função Exponencial, (a) crescente (𝑓(x) = 2x) e
𝑓(x1) < 𝑓(x2); (b) decrescente (𝑓(x) = (0, 5)x ).
z 𝑓(x) = ax é decrescente para 0 < a < 1, ou seja, x1 <
x2 → 𝑓(x1) > 𝑓(x2); Equações Exponenciais
z n ∊ ℤ e a > 1, então 𝑓(n) = an > 1 se, e somente se, n
> 0; Equações exponenciais são aquelas equações onde
z a ∊ ℝ, a > 1 e r ∊ ℚ, então 𝑓(r) = ar > 1 se, e somente a incógnita x está no expoente, como: 2x = 32 e 2x – 4x
se, r > 0; = 2.
z a ∊ ℝ, a > 1 e r, s ∊ ℚ, então as > ar se, e somente se, A forma de solucionar a equação exponencial é
s > r; deixando todas as potências com a mesma base, como
z a ∊ ℝ, a > 1 e α ∊ {ℝ –ℚ}, então aα > 1 se, e somente
a 𝑓(x) = ax é injetora, podemos dizer que potências
se, α > 0;
iguais e de mesma base têm expoentes iguais, ou seja,
z a ∊ ℝ, a > 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente se, b
> 0; ax = ay ⇔ x = y, (a ∊ ℜ*+ –{1})
z a ∊ ℝ, a > 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somente Seja a equação exponencial 2x = 128, temos a solu-
se, x1 > x2; ção o valor de x igual a:
MATEMÁTICA

z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e b ∊ ℝ, então ab > 1 se, e somente


se, b < 0; 2x = 128 → 2x = 27→ x = 7
z a ∊ ℝ, 0 < a < 1 e x1, x2 ∊ ℝ, então ax1 > ax2 se, e somen- S = {7}
te se, x1 < x2.
2+3x–2
Agora para a equação exponencial 52x =1
O domínio da função exponencial é o conjunto temos x igual a:
dos reais, ou seja, para todo x ∊ ℝ, existe um único y ∊
Im(𝑓), sendo que a imagem da função assume somente 52x2+3x–2 = 1 → 52x2+3x–2 = 50 → 2x2 + 3x – 2 = 0
valores positivos não nulos (reais não negativos e não ∆ = b2 – 4ac = 32 – 4 · 2 · (–2) = 9 + 16 = 25 237
 –b – √∆ b
–3 – √25 Em que, a é base do logaritmo; b é o logaritmando
 fx( x==) ax 2a
1
+b > 0 →
= x>− ;
2 · 2a
= –2 e x é o logaritmo. Assim, por exemplo, o logaritmo log2
8 = 3 pois 23 = 8.
 Logo, dessa definição decorrem algumas proprie-
–b + √∆
 fx( x==) ax –3 +√25b 1
+b < 0 →
= x<− ; = dades, seja (a ∊ ℜ*+ –{1}) e b > 0:
 2
2a 2 · 2a 2
b   b z loga 1 = 0;
; − > x → 0 > b + x )xx=
a f (= )(1f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 2, 
b z loga a = 1;
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < −
ax ;
a 
 
 a

z aloga b = b;
Inequações Exponenciais
z loga b = loga c ⇔ b = c;
Inequações exponenciais são aquelas inequações
onde a incógnita x está no expoente, como: 2x > 32 e
2x – 4x < 2. z b > 0 e c > 0 → loga (b · c) = loga b + loga c, que pode
A forma de solucionar a inequação exponencial é ser generalizada para:
x x
deixando todas as potências com a mesma base, como  1n 1  n
a 𝑓(x) = ax é crescente com base (a > 1) e decrescente 52a1≥Πbi ≥125
log = Σ log b , n ≥ 2;
com base (0 < a < 1), podemos dizer então que a desi-  5i =1 5  i = 1 a i
gualdade se mantém para as potências quando a fun- x x
 1b1 
ção é crescente e inverte quando é decrescente, ou seja: z b > 0 e c > 0 5 →2log
1 ≥a     ≥ 125a b – loga c, então loga
= log
x x  5c5 
a > 1 → ax > ay ⇔ x > y;  111 
0 < a < 1 → ax > ay ⇔ x < y 521 ≥     ≥ = –125loga c;
 5c5 
Seja a inequação exponencial 2x < 32 (crescente), z α ∊ ℝ → loga bα = α · (loga b);
temos a solução igual a:

2x < 32 → 2x < 25 → x < 5 1


z n ∊ ℕ → loga √b = loga(b) =
*
loga b ;
S = {x ∊ ℜ | x < 5} n
E na inequação exponencial (decrescente): z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1:
x x
11x
521 ≥ 1  ≥≥ 125
125 loga b =
logc b
, mudança de base com quociente;
555 logc a
z a, b, c ∊ ℝ+ e a ≠ 1, c ≠ 1: loga b = logc b · log a c,
Temos duas formas: mudança de base com produto;
x x x x
 11   11 
x x

1
521 ≥   5≥2≥125≥→   ≥≥5 125
1125 → (5 ) 3 –1 x
≥ 53 → 5–x ≥ 53 z a ≠ 1, b ≠ 1 loga b = ;
 55   55  loga a

5–x ≥ 53 → – x ≥ 3 → x ≤ –3 1
z β ∊ ℝ* logaβ b = loga b ;
S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} β
x x x x x x x x
 111 x  111 x  111 x  111 –3 Definição, Características, Domínio, Imagem e
521 ≥     ≥≥125
521→≥     ≥≥125
125 5523 →
1 ≥    5 ≥2≥1125
≥     ≥ 125
 555   555   555   555  Gráfico

x ≤ –3 Seja a um número real, tal que seja maior que zero


S = {x ∊ ℜ | x ≤ –3} e diferente de 1(0 < a ≠ 1 ou a ∊ ℜ*+ –{1}), a função 𝑓: ℝ*+
→ ℝ que associa a cada x ∊ ℝ*+ o número 𝑓(x) = loga x, é
FUNÇÃO LOGARÍTMICA conhecida como Função Logarítmica. Assim funções
Logaritmo como: log2 x, log½ x e log x são exemplos de funções
logarítmicas.
Antes de definir a Função Logarítmica, temos que Da definição de função logarítmica algumas carac-
ter uma noção básica de Logaritmo. A ideia de Loga- terísticas quando a ∊ ℜ*+ –{1}, pode-se notar:
ritmo surgiu para solucionar problemas de equações
exponenciais do tipo 2x = 3, ou seja, exponenciais que z 𝑓: ℝ*+ → ℝ e g: ℝ → ℝ*+: 𝑓(x) = loga x → 𝑓–1 (x) = g(x) =
não são possíveis deixar os dois membros com a mes-
ax , relação inversa;
ma base, assim define-se o conceito de logaritmo, seja
dois números reais positivos a e b, com a ≠ 1, chama-se z 𝑓(x) = loga x é crescente para a > 1;
x o logaritmo de b na base a, onde o expoente que se z 𝑓(x) = loga x é decrescente para 0 < a < 1;
deve dar à base a de modo que a potência obtida seja z a > 1; 0 < x < 1 → loga x < 0;
igual a b, ou seja: z a > 1; x > 1 → loga x > 0;
z 0 < a < 1; 0 < x < 1 → loga x > 0;
238 loga b = x ⇔ ax = b z 0 < a < 1; x > 1 → loga x < 0;
O domínio da função logarítmica é o conjunto dos log4 (3x + 2) = log4 (2x + 5) → (3x + 2) = (2x + 5) → x = 3
reais positivos não nulos, ou seja, para todo x ∊ ℝ*+, S = {3}
existe um único y ∊ Im(𝑓), como a função 𝑓: ℝ*+ → ℝ,
𝑓(x) = loga x, admite a inversa g: ℝ → ℝ*+, g(x) = ax, assim Agora para a equação logarítmica log4 (2x2 + 5x + 4)
𝑓 é bijetora e portanto a imagem da função assume = 2 temos x igual a:
qualquer valor real. Logo, Im (𝑓) = ℜ. Note, que no grá- 2x2 + 5x + 4 > 0
fico da função 𝑓(x) = loga x, a curva está toda a direita ∆ = b – 4ac = 25 – 32 = –7
2

do eixo y, pois x > 0. Além disso, temos que o ponto de logo, 𝑓(x) > 0, ⩝ x ∊ ℜ
encontro da curva com o eixo x, é no ponto (x, y) = (1,
0), x = 1 → 𝑓(1) = loga 1 = 0. Assim, o gráfico para duas log4 (2x2 + 5x + 4) = 2 → 2x2 + 5x + 4 = 42 →2x2 + 5x + 4
funções logarítmicas, crescente (a > 1) e decrescente (0 = 16 → 2x2 + 5x – 12 = 0
< a < 1), segue como na Figura 18.
∆ = b2 – 4ac = 52 – 4 · 2 · (–12) = 25 + 96 = 121

 – b – √∆ b
– 5 – √121
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x > − ; = –4
2 ·a
1
2a 2

– b + √∆
 fx( x==) ax b
– 5 +√121 3
+b < 0 → = x<− ; =
2
2a 2 ·a2 2
b   b
; − > x → 0 > b + x
a f (=
)xx=
)(3f ax
 +b > 0 → x > − ;
a   a
b S =  – 4, 
; − < x → 0 < b + x
a f (= )(2f
)xx=  +b < 0 → x < − b;
ax
a 
 
 a

Inequações Logarítmicas

Inequações logarítmicas são aquelas inequações


do tipo: loga 𝑓(x) >loga g(x) e loga 𝑓(x) > α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a inequação logarítmica é
deixando os logaritmos com as mesma base, e aplican-
do as desigualdades em casos de bases maiores que
um ou entre zero e um, lembrando que as 𝑓(x) = g(x)
> 0 ou aplicando propriedade inversa e transforman-
do em equação exponencial, loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα.
Esquematizando temos:

 b
f ( x=
) ax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > g(x) se a > 1
 a
loga 𝑓(x) > loga g(x) ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < g(x) se 0 < a < 1
) ax + b < 0 → x < − ;
 a

ou

 b
Figura 18. Gráfico da Função Logarítmica, (a) crescente (𝑓(x) = log2 f ( x=
) kax + b > 0 → x > − ;
 𝑓(x) > a se a > 1
 a
x) e (b) decrescente (𝑓(x) = log½ x). loga 𝑓(x) > k ⇔ 
b
 f ( x=
 0 < 𝑓(x) < a se 0 < a < 1
) ax k+ b < 0 → x < − ;
 a
Equações Logarítmicas  b
 0 < 𝑓(x) < a se a > 1
 f ( x=
) ax k+ b > 0 → x > − ;
a
Equações logarítmicas são aquelas equações do loga 𝑓(x) > k ⇔ 
 f ( x= b
) kax + b < 0 → x < − ;
 𝑓(x) > a se 0 < a < 1
 a
tipo: loga 𝑓(x) = loga g(x) ou loga 𝑓(x) = α, α ∊ ℝ e com
(a ∊ ℜ*+ –{1}).
A forma de solucionar a equação logarítmica é Seja a inequação logarítmica log2 (2x2 – 5x) ≤ log23,
deixando os logaritmos com a mesma base, e igualan- para acharmos a solução primeiro fazemos o estudo
do as função 𝑓(x) = g(x) > 0 ou aplicando propriedade do sina de 𝑓(x) = 2x2 – 5x:
inversa e transformando em equação exponencial,
MATEMÁTICA

loga 𝑓(x) = α → 𝑓(x) = aα 2x2 – 5x > 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · 0 = 25


Seja a equação logarítmica log4 (3x + 2) = log4 (2x +
5), temos a solução o valor de x = 3, pois foi maior que
 – (–5) – √25 b
x > –2/3 e x > –5/2:
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0 →
= x >
0 − ;
1
2·2 a
 b 
f ( x=
) ax + b > 0 → x > −
 3x + 2 < 0 → x > –2/3
 a
;
 fx( x==) –(–5) + √25 5 b

b ax + b < 0 →= x < − ;
 f ( x=
) ax + b < 0 → x < −
 2x + 5 > 0 → x > –5/2
 a
;
 1
2·2 2 a 239
Como para a 𝑓(x) = 2x2 – 5x temos a > 0 e ∆ > 0, escrever o valor 10 na base. Todas as características
então a solução para 𝑓(x) > 0 é: e propriedades de logaritmos também valem para os
logaritmos decimais.
;
b 
− >xf → )0 >ax
( x= b++xba> 0
=)→

x (5fx> −
b
;
Segue algumas propriedades:
a   a
S
b1 =  x ∊ ℜ | x < 0 ou x > 
b
; − <xf →
( x=
)0 <ax
b++xba< 0
=)→x (2fx< − ; z 10c ≤ x < 10c+1 ⇔ log 10c ≤ log x < log 10c+1 → c ≤ log x
a 
 
 a
< c + 1, x > 0 e c ∊ ℤ;
z log x = c + m, onde c ∊ ℤ é característica e 0 ≤ m < 1
Agora o estudo da inequação logarítmica começa é a mantissa;
na relação entre os logaritmos de mesma base, como z x > 1 → c ≥ 0; 0 < x < 1 → c < 0;
a base é 2 então a função é crescente: z A mantissa (m) é um valor tabelado;
z A mantissa do decimal de x não se altera quando
a = 2 > 1 → log2 (2x2 – 5x) ≤ log2 3 → 2x2 – 5x ≤ 3 → 2x2 multiplica-se x por potência de 10 com expoente
– 5x – 3 ≤ 0 inteiro, ou seja a mantissa (m) de log x não muda
quando temos log10p x, p ∊ ℤ.
2x2 – 5x – 3 ≤ 0 → ∆ = (–5)2 – 4 · 2 · (–3) = 25 + 24 = 49
Valores da característica (c) são dados da seguinte
 1b
forma:
– (–5) – √49
 fx( x==) ax2+· b2 > 0 →= x –> −2 a ;
1

  log 2,3 → c = 0 b
b f ( x =) ax +
 log 31,421 → c = 1 b > 0 → x > − ;
 fx( x==) – ax
(–5) + √49
+ b < 0 →= x 3< − ; a
 1
2·2 a x>1 
 flog( x204 →c=2 b
=) ax + b < 0 → x < − ;
Como para a g(x) = 2x2 – 5x – 3 temos a > 0 e ∆ > 0,  log 6542,3 → c = 3 a
então a solução para g(x) ≤ 0 é:
 log 0,2 → c = –1 b
;
b
− >

x
 f (x
→ 0=)> b
ax 1ab >=)0x (→
++
x

x > −
f
b
;
 flog( x0,035
=) ax + b > 0 → x > − ;
→ c = –2 a
0<x<1 
a   a
b 2=
S  x∊ℜ|– ≤x≤3 
; − < →
x 0=
f (x )< b
ax 2ab <=)0x (→
x
++ f
x< −
b
;
 flog( x0,00405 → c = –3 b
a 
 
 a
=) ax + b < 0 → x < − ;
 log 0,00053 → c = –4 a
Assim, a solução da inequação logarítmica log2
(2x2 – 5x) ≤ log2 3 é dada pela intersecção das soluções
Ou seja, o c é a quantidade de algarismos da parte
acima:
inteira menos 1 em caso de x > 1 e para 0 < x < 1 é o
oposto (negativo) da quantidade de zeros (inclusive o
 b b 


f ( x;=
) − ax1+xb→
> >0> →bx 5a− a=);x ( f
x
+> 

zero antes da vírgula!) que precede o primeiro alga-
a
S = S1 ⌒ S2 = x ∊ ℜ | –
b ≤ x < 0 ou <bx ≤ 3  rismo significativo.
 f ( x=)
; ); x ( f 

 a
ax
− 2+xb→
< <0< →bx+<2a
x − =
a 
 Sendo a mantissa tabelada para N = 234 (m =
0,3692), Tabela 1, c = 1, assim o valor do log 23,4 = c +
E na inequação logarítmica log2 (3x + 5) > 3, temos: m = 1 + 0,3692 = 1,3692.

a > 1 → log2 (3x + 5) > 3 → 3x + 5 > 23 → 3x + 5 > 8 → x > 1 Mantissas


N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Mas, a função 𝑓(x) = 3x + 5 > 0, então:
10 0000 0043 0086 0128 0170 0212 0253 0294 0334 0374

5 11 0414 0453 0492 0531 0569 0607 0645 0682 0719 0755
𝑓(x) = 3x + 5 > 0 → x > – 12 0792 0828 0864 0899 0934 0969 1004 1038 1072 1106
3
13 1139 1173 1206 1239 1271 1303 1335 1367 1399 1430
14 1461 1492 1523 1553 1584 1614 1644 1673 1703 1732
Como a solução x > 1 é também maior que:
15 1761 1790 1818 1847 1875 1903 1931 1959 1987 2014

5 16 2041 2068 2095 2122 2148 2175 2201 2227 2253 2279
x>– 17 2304 2330 2355 2380 2405 2430 2455 2480 2504 2529
3
18 2553 2577 2601 2625 2648 2672 2695 2718 2742 2765
19 2788 2810 2833 2856 2878 2900 2923 2945 2967 2989
Logo temos o intervalo de solução para x sendo:
S = {x ∊ ℜ | x > 1} 20 3010 3032 3054 3075 3096 3118 3139 3160 3181 3201
21 3222 3243 3263 3284 3304 3324 3345 3365 3385 3404
Logaritmos Decimais
22 3424 3444 3464 3483 3502 3522 3541 3560 3579 3598

São funções logarítmicas onde a base a = 10, ou 23 3617 3636 3655 3674 3692 3711 3729 3747 3766 3784
pode ser escrita como potência de base 10, como: log10 24 3802 3820 3838 3856 3874 3892 3909 3927 3945 3962
𝑓(x) ou log10α 𝑓(x), α ∊ ℝ*. Pode-se ter também a nota-
240 ção: log10 𝑓(x) = log 𝑓(x), onde não há a necessidade de 25 3979 3997 4014 4031 4048 4065 4082 4099 4116 4133
Mantissas maior imagem para a função J, como o coeficiente
N 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 a< 0, a concavidade está voltada para baixo e o seu
ponto de máximo será o:
26 4150 4166 4183 4200 4216 4232 4249 4265 4281 4298
∆ 64
27 4314 4330 4346 4362 4378 4393 4409 4425 4440 4456 yvértice = – =– = 16
28 4472 4487 4502 4518 4533 4548 4564 4579 4594 4609
4a 4 · (–1)
29 4624 4639 4654 4669 4683 4698 4713 4728 4742 4757 Fazendo a diferença na ordem mencionada temos:
16 – (–20) = 16 + 20 = 36. Resposta: Letra C.
30 4771 4786 4800 4814 4829 4843 4857 4871 4886 4900
2. (FCC – 2019) Em uma negociação salarial, o sindicato
31 4914 4928 4942 4955 4969 4983 4997 5011 5024 5038
representativo dos trabalhadores de uma empresa de
32 5051 5065 5079 5092 5105 5119 5132 5145 5159 5172 alta tecnologia em manufatura de peças para compu-
33 5185 5198 5211 5224 5237 5250 5263 5276 5289 5302 tadores pediu 31,25 reais por hora de trabalho mais
34 5315 5328 5340 5353 5366 5378 5391 5403 5416 5428
uma taxa adicional por empreitada de 7,05 reais por
unidade inteira fabricada em cada hora. A empresa por
sua vez ofereceu 12,03 reais por hora trabalhada mais
35 5441 5453 5465 5478 5490 5502 5514 5527 5539 5551
12,03 reais por taxa de empreitada por unidade intei-
36 5563 5575 5587 5599 5611 5623 5635 5647 5658 5670 ra produzida por hora. Na audiência de negociação,
37 5882 5694 5705 5717 5729 5740 5752 5763 5775 5786 foram estabelecidas equações para o salário por hora
38 5798 5809 5821 5832 5843 5855 5866 5877 5888 5899 de cada uma das propostas em termos de n, o número
inteiro de peças produzidas por hora. O valor por hora
39 5911 5922 5933 5944 5955 5966 5977 5988 5999 6010
trabalhada mais a taxa de empreitada que a empresa
ofereceu só é maior que o valor solicitado pelo sindi-
40 6021 6031 6042 6053 6064 6075 6085 6096 6107 6117 cato quando:
41 6128 6138 6149 6160 6170 6180 6191 6201 6212 6222
42 6232 6243 6253 6263 6274 6284 6294 6304 6314 6325 a) n<2.
43 6335 6345 6355 6365 6375 6385 6395 6405 6415 6425
b) n=2.
c) n=3.
44 6435 6444 6454 6464 6474 6484 6493 6503 6513 6522 d) n<3.
e) n>3.
45 6532 6542 6551 6561 6571 6580 6590 6599 6609 6618
46 6628 6637 6646 6656 6665 6675 6684 6693 6702 6712 Inicialmente temos as seguintes funções para sindi-
47 6721 6730 6739 6749 6758 6767 6776 6785 6794 6803 cato e empresa, respectivamente:
yS = 31,25t + 7,05n
48 6812 6821 6830 6839 6848 6857 6866 6875 6884 6893
yE = 12,03t + 12,03n
49 6902 6911 6920 6928 6937 6946 6955 6964 6972 6981 Para a empresa ser maior que a do sindicato temos:
yE > ys → 12,03t + 12,03n > 31,25t + 7,05n
50 6990 6998 7007 7016 7024 7033 7042 7050 7059 7067 Deixando em função de número de peças produzi-
51 7075 7084 7093 7101 7110 7118 7126 7135 7143 7152 das por hora temos:
52 7160 7168 7177 7185 7193 7202 7210 7218 7226 7235
12,03n – 7,05n > 31,25t – 12,03t → 4,98n > 19,22t →
n > 3,86t
53 7243 7251 7259 7267 7275 7284 7292 7300 7308 7316 Logo, para o valor da empresa ser maior que a do
54 7324 7332 7340 7348 7356 7464 7372 7380 7388 7396 sindicato os funcionários terão que produzir mais
que três peças por hora trabalhada, ou seja, n>3.
Tabela 1. Exemplo de tabela de Mantissas para valores de 100 a 549 Resposta: Letra E.
(IEZZI; MURAKAMI, 1977).
3. (FCC – 2016) O valor da expressão log2 16 + log4 8 +
log8 4 é igual a:

EXERCÍCIOS COMENTADOS a) 5.
b) 23/2.
c) 37/6.
1. (FCC – 2018) Inicialmente o domínio da função y = –
d) 5/4.
x² + 2x + 15 é o conjunto dos números reais e essa
e) 41/8.
função será chamada de função J. Uma outra função,
K, também dada por y = −x² + 2x + 15, tem como domí-
Resolvendo deixando todos log na mesma base:
nio o conjunto {−4,−3,−2,3,4,5,6,7}. A diferença entre a
log2 16 + log4 8 + log8 4 = log2 24 + log 22 23 + log23 22
maior imagem da função J e a menor imagem da fun-
ção K, nessa ordem, é igual a: 3 2
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2
a) 18. 2 3
MATEMÁTICA

b) 41. Como log2 2 = 1 então temos:


c) 36.
d) 4. 3 2 3 2
= 4log2 2 + log2 2 + log2 2 = 4 + +
e) 15. 2 3 2 3

Para saber temos que a função J: ℝ → ℝ, ou seja, D = 24 + 9 + 4 37


Im= ℝ, a função K: A → B, D = A e Im = B, logo se A = = =
{−4, −3, −2, 3, 4, 5, 6, 7} então B = {–20, –9, 0 ,7, 12}. 6 6
Assim, a menor imagem para a função K é -20, já a Resposta: Letra C. 241
4. (VUNESP – 2014) Uma população P cresce em fun- a solução S4 = {x ∊ ℜ | x > –2}, assim, S3 ⌒ S4 = {x ∊
ção do tempo t (em anos), segundo a sentença P = ℜ | –2 < x ≤ 3}.
2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de A solução final é dada pela união das parciais:
2000 indivíduos. A população será de 50000 indiví- (S1 ⌒ S2) ◡ (S3 ⌒ S4) = {x ∊ ℜ | x ≤ – 5 ou –2 < x ≤ 3} =
duos daqui a: (– ∞, –5] ◡ (–2, 3]. Resposta: Letra B.

a) 20 anos. REFERÊNCIAS
b) 25 anos.
c) 50 anos. DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e
d) 15 anos. aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v.
e) 10 anos.
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
Resolvendo deixando todos log na mesma base: Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
P = 2000 · 50,1t → 50000 = 2000 · 50,1t → 50,1t
50000 50 IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
= = = 25 ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
2000 2
50,1t
= 25 = 5 → 0,1t = 2 →
2 LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3
2 2 10 v.
t= = =2· = 20 anos
0,1 1 1
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São
10 Paulo: Moderna, 2010. 3 v.
Resposta: Letra A.
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline
da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
5. (FAFIPA – 2016) Os valores de x que satisfazem a ine-
Paulo: FTD, 2016. 3 v.
quação (x2 + 2x -15 / x + 2 )≤ 0 pertencem a:

a) (-∞-5]U[-2,3].
b) (-∞-5]U(-2,3].
c) (-∞-5]U(-2,3). PRINCÍPIOS DE CONTAGEM
d) (-∞-5)U[-2,3].
Um método muito utilizado na resolução de pro-
Para a razão ser negativa existem dois conjuntos de blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de
soluções possíveis: contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem-
1º) x2 + 2x – 15 ≥ 0 e x + 2 < 0: -se técnicas de contagens de agrupamentos formados
x < –2 sob condições pré-estabelecidas.
x2 + 2x – 15 ≥ 0 À primeira vista pode parecer desnecessário o uso
∆ = b2 – 4ac = 4 – 4 · 1 · (–15) = 4 + 60 = 64 de técnicas de contagem de números ou elementos,
mas nem sempre a quantidade de elementos encon-
 – b – √∆ –2–8 b trada é pequena e nem trivial de enumerar, então a
 fx( x==) ax2a+ b > 0= → x2> − a=;–5
1 aplicação de métodos de contagem se faz necessário.
Suponha que se queira contar a quantidade de ele-

–2 + 8 b mentos de um conjunto A, sendo ele um conjunto fini-
 fx( x==) – ax
b + √∆
+ b < 0= → x < − =; 3 to de números de dois algarismos distintos, formados
 2
2a 2 a a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número de
Como ∆ > 0 e a > 0 a parábola tem duas raízes e a con- elementos do conjunto A é de fácil enumeração, bas-
cavidade voltada para cima assim para que a função tando formar todos os elementos e depois fazer a con-
quadrática seja positiva a solução é em S1 = {x ∊ ℜ | – tagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32} e assim o número
5 ≤ x ou x ≥ 3} mas também deve satisfazer a solução de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre para
S2 = {x ∊ ℜ | x < –2}, assim, S1 ⌒ S2 = {x ∊ ℜ | x ≤ –5}. o número de elementos do conjunto B com a lei de
2º) x2 + 2x – 15 ≤ 0 e x + 2 > 0: formação, sendo este um conjunto finito de números
de três algarismos distintos, formado pelos dígitos
x > –2 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos
x2 + 2x – 15 ≤ 0 de B, n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ...,
∆ = b2 – 4ac = 4 – 4 · 1 · (–15) = 4 + 60 = 64 876}. Por ser muito grande esse conjunto é necessário
 – b – √∆ –2–8 b utilizar uma técnica de contagem, onde veremos que
 f
x ( x
= )
= ax + b > 0
= → x > − =;–5 n(B)=336.
1
2a 2 a
 FATORIAL
–2 + 8 b
 fx( x==) – ax
b + √∆
+ b < 0= → x < − =; 3
 2
2a 2 a O fatorial é uma operação matemática utilizada
para simplificar a notação de algumas técnicas de
Como ∆ > 0 e a > 0 a parábola tem duas raízes e contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
a concavidade voltada para cima assim para que a Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
função quadrática seja negativa a solução é em S3 e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
= {x ∊ ℜ | – 5 < x < 3} mas também deve satisfazer com notação de n!:
242
n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2. (a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares

Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais (a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1.

O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120, m linhas ∙
mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fato- ∙
rial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12
(am, b1), ⋯ ,(am, bn)
∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos n pares

simplificar e usar em algumas operações essa simplifica-
ção para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para n+n+⋯+n=m∙n
n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando
temos:
Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-
(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n! zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
(n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica: Usando o princípio multiplicativo podemos saber de
(n – 1)!
quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
(n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)! Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori-
= = (n + 1) ∙ n = n² +n zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
(n – 1)! (n – 1)!
temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:
Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
13!
temos: A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅}
11!
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares

13! 13 ∙ 12 ∙ 11! (a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares


= = 13 ∙ 12 = 156
11! 11! 4 linhas ∙


PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA
CONTAGEM (a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares

O princípio multiplicativo, também conhecido 5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20


como o princípio fundamental da contagem, é defi-
nido em duas situações diferentes, sendo a primeira Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio
quando se deseja fazer a contagem da combinação de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja, Horizonte.
cruzamento todos com todos. A segunda é quando se Generalizando o princípio multiplicativo para
quer contar elementos dessas combinações, mas res- qualquer quantidade de conjuntos temos:
tringindo elementos a serem combinados.
Na primeira situação podemos inicialmente traba- A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁
lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos. B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
Com isso, podemos formar da combinação de A com B ∙
uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de ∙

pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
forma de diagrama de árvore:
r

Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r


elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp,
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo).
Agora para a segunda situação podemos inicial-
MATEMÁTICA

mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}


com m elementos. Com isso, podemos formar da com-
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
forma de diagrama de árvore: 243
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r
elementos, formados com elementos distintos dois a
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli-
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi-
tivo é empregado em situações em que se deseja a
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde
em cada um deles a contagem será feita utilizando o
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará
o resultado final do número de elementos da união
desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a
quantidade de números inteiros positivos abaixo de
1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi
informada a quantidade de algarismos que devem ter
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun-
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga-
(a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram
números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo
∙ de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili-
m linhas ∙ zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o
∙ princípio da adição, onde somaremos os resultados de
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela-
(am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como
SOMA (princípio aditivo), assim temos:
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)

1algarismo: três possíveis: 1,2,3;


Voltando ao exemplo do início da seção temos o 2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo);
conjunto B, com a lei de formação sendo, um conjunto
finito de números de três algarismos distintos formado 3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos ele-
A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
mentos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser
muito grande esse conjunto é necessário utilizar uma ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
técnica de contagem. Aqui podemos usar o princípio
da multiplicação, com o caso de restrição, onde para
Da definição do princípio fundamental da conta-
serem elementos distintos, o que aparecer no primeiro
algarismo não pode aparecer no segundo, nem no ter- gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór-
ceiro, ou seja, o número 111 não é elemento de B: mulas de agrupamentos, simplificando com notação
de fatorial e definindo alguns casos particulares.

A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8} Arranjos
→ B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
(a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin- Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
cípio multiplicativo) chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
(a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares toda r-upla formada com elementos de N todos distin-
tos. Denotado por:
8 linhas ∙

∙ An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
r fatores
(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares
7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336 Com simplificação fatorial temos:

Assim, são 336 números distintos formados por n!


três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8. An, r
(n – r)!
Generalizando então o princípio multiplicativo,
com restrição para elementos distintos, para qualquer
Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde-
quantidade de elementos temos:
nadas são formadas por elementos de N não necessa-
riamente distintos, temos a definição de arranjo com
Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m repetição:
com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak)
ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr
r elementos r fatores

Então, no exemplo do início da seção em que o


conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini-
a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙ to de números de três algarismos distintos, formado
[m – (r –1)] pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos
244
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, n = 10
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado A à n1 = 5
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem R à n2 = 3
repetição temos:
n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5! n1!n2! 5!3! 5!3!
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5!
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
= 5040
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336 3∙2∙1

Note que a solução usando o princípio fundamen- Combinações


tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o
mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio chamamos de combinações dos n elementos tomados
multiplicativo. r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
tos. Denotado por:
Para exemplificar o arranjo com repetição pode-
mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o
n!
número sorteado é reposto na urna e pode ser sor- Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
teado novamente, ou seja, com reposição (repetição). r!(n – r)!
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, 2
e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto na Como define-se combinação sendo subconjuntos, a
urna, e o segundo número é sorteado. Quantas for- ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon-
mas possíveis de sequências de números podem ser juntos {a,b} e {b,a}são iguais.
observadas? Assim, usando a definição de arranjo O exemplo clássico de combinações são os pro-
com repetição temos: blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9 administrativo, e se queira formar uma comissão com
3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
Logo, temos nove pares possíveis de números pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
sorteados. sões são subconjuntos com elementos funcionários e
a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
Permutação seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
chamamos de permutação dos n elementos a todo pode ser feita a partir da combinação:
arranjo onde r=n. Denotado por:
n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
n! n! n! r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
An, n = = = = n! = Pn
(n – n)! 0! 1
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13
= = 455 .
Dica 3!12! 3∙2∙1

A permutação é um caso particular do arranjo, Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de


em que se queira combinar todos elementos. arranjo teríamos um número bem maior de elemen-
tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3}, assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou subconjuntos que a combinação define como iguais.
seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi-
nação) para a condição definida é essencial!
de permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2
∙ 1=6 .
Em situações que envolvam condições de con- n! 15! 15!
An, r = à A15,3 = = =
tagem, como em anagramas de palavras, em que o (n – r)! (15 – 3)! 12!
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir
alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti- 15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
liza-se a técnica de permutação com elementos repeti- = 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!
dos, de forma geral temos:
MATEMÁTICA

BINÔMIO DE NEWTON
n!
P n₁, n₂, ⋯, nr
=
n
n1!n2! ⋯ nr! Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo
geral
Suponha que se deseja saber quantos anagramas
podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA? Usamos as técnicas de contagem como o diagra-
Então, usando a definição de permutação com repe- ma de árvore e o princípio fundamental da contagem
tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
repetição: n ∈ N e x, a ∈ ℝ. 245
Alguns casos particulares já são conhecidos: Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
forma de combinações temos o seguinte: do binômio
z (x + a)0 = 1; (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
z (x + a)1 = x + a;
fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2; ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 . to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
uma única forma que é com a escolha de x para os três
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
mais trabalhoso fica: do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
x2a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a) são iguais a x e uma igual a a, da permutação com
r fatores repetição temos:

Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica- 3!


ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a), P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
2!1!
selecionamos exatamente um termo, podendo ser x
ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro- Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter- xa2 no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan- repetição temos:
tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do
binômio (x+a)n. 3!
p31,2 = = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2.
Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de 1!2!
árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
veis seleções para cada termo do fator, temos: Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma
única forma que é com a escolha de a para os três fato-
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do
binômio é 1 ou C3,3.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico:

(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3.

Desse exemplo, podemos definir então o Teorema


Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o
desenvolvimento do binômio é dado por:

(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... +


Cn, n an

onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de
coeficientes binomiais.
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a to do Teorema Binomial é:
∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo (x+a)n = Cn, p xn – p ap
raciocínio:
No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o
coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:

C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p


10 – 2p = 8 → p = 1
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8
Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (IBADE – 2018) O termo independente de x no desen-

( )
9
1
volvimento do binômio de Newton x + é:
x2
a) 72.
b) 78.
c) 80.
Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙ d) 84.
e) 92.
246 a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3
( ) 1
9
em cada grupo e esse número seja o maior possível,
No desenvolvimento do binômio x+ , o então a diferença entre o número de empresas do
x2 polo A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do
termo independente é aquele cuja a potência é nula, polo B temos os dois polos com a mesma quantidade
assim o termo geral do binômio é: de empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses

() 1
p
54 podemos distribuir grupos de 18 empresas para
C9,p x9 – p = C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p = cada polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas
x2 para o polo A e B, sobrando mais um grupo de 18
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p empresas só do polo B, assim, o polo A ficou com 3
grupos de 18 empresas e o polo B com 4 grupos de
9 – 3p = 0 → p = 3
18 empresas.
C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84 Logo, número de grupos formados por 18 empresas
Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84. desses polos foi de 7. Resposta: Letra D.
Resposta: Letra D.
4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada
2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um gru- palavra é uma “palavra” — que pode ou não ter signifi-
po com o objetivo de estudar para um concurso públi- cado — formada pelas mesmas letras da palavra dada
co, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo inicialmente. Assim, a quantidade de anagramas que
só aconteceria se pelo menos três deles estivessem se pode formar com a palavra TERRACAP, de modo
presentes. O número de maneiras distintas que esse que as quatro primeiras letras sejam os anagramas de
grupo pode se reunir e estudar é: RRAA — as letras repetidas da palavra dada — é:

a) 121. a) Inferior a 150.


b) 99. b) Superior a 150 e inferior a 160.
c) 75. c) Superior a 160 e inferior a 170.
d) 63. d) Superior a 170 e inferior a 180.
e) Superior a 180.
Para solução do problema usaremos o princípio
multiplicativo (formado de combinatório) e aditivo Fixando as letras repetidas no anagrama da pala-
da teoria de contagem. Seja o conjunto de amigos vra TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primei-
A= {a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7} , sendo cada elemento um ras letras, então temos duas situações de contagem,
amigo, sabendo-se que a reunião do grupo acontece e após isso o uso do princípio multiplicativo entre
com pelo menos 3 amigos, assim o conjunto solução eles, devido a interseção dos resultados pedidos.
será a união de cinco situações possíveis, são elas: Então fixando RRAA para as quatro primeiras pode-
3 amigos entre os 7, 4 amigos entre os 7, 5 amigos mos usar a permutação com repetição para ver de
entre os 7, 6 amigos entre os 7 e por fim com parti- quantas formas possíveis podemos permutar essas
cipação de todos os 7 amigos. Cada situação é con-
letras nas quatro primeiras do anagrama:
siderada uma combinação, visto que a permuta de
posição entre os amigos no conjunto não interfere n = 4; n1 = 2; n2 = 2
no resultado. Logo temos: n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3
Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6
7! 7! 7! n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1
C7,3 + C7,4 + C7,5 + C7,6 + C7,7 = + + +
4!3! 3!4! 2!5! Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 pri-
meiras letras do anagrama. Para as outras 4 letras
7! 7! que faltam, temos ainda a permutação das letras
+ = 35+35+21+7+1=99
1!6! 0!7! TECP, Pn = n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo
princípio multiplicativo temos 6x24=144, que é infe-
Assim, o resultado de maneiras distintas que esse
rior a 150. Resposta: Letra A.
grupo pode se reunir é 99. Resposta: Letra B.
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são
3. (VUNESP – 2016) Em um município, há dois novos
necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermei-
polos industriais, A e B, com 72 e 54 empresas, res-
ros. Dentre os profissionais de um hospital aptos para
pectivamente. Para efeito de fiscalização, essas
realizar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e
empresas deverão ser totalmente divididas em gru-
10 enfermeiros. De quantas maneiras pode ser consti-
pos. Todos os grupos deverão ter o mesmo número
tuída a equipe que fará a cirurgia?
de empresas, sendo esse número o maior possível, de
modo que cada grupo tenha empresas de um só polo
a) 4700.
e que não reste nenhuma fora de um grupo. Nessas
b) 4800.
condições, o número de grupos formados será:
c) 4900.
MATEMÁTICA

d) 5000.
a) 3.
e) 5100.
b) 5.
c) 6.
Nesse caso, temos que para realização da cirurgia
d) 7.
são necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirur-
e) 9.
giões, 1 anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de
um total de 19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4
Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
anestesistas e 10 enfermeiros, logo esses últimos são
sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)
nossos n, nc = 5; nanest = 4; nenf = 10,, já os necessários
= 54, se devemos ter o mesmo número de empresas 247
na cirurgias nossos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. Para valores. Veja, ainda, que foi analisada uma amostra de
contar a quantidade de combinações possíveis em 60 pessoas, das quais 34 eram homens e 26 mulheres.
cada grupo de profissionais usaremos a técnica de Estes são os valores de frequências absolutas. Pode-
combinatório, visto que a troca de posição ou de mos ainda representar as frequências relativas (per-
ordem dos profissionais não interfere, ou seja, são centuais): sabemos que 34 em 60 são 56,67%, e 26 em
subconjuntos semelhantes ou iguais. E por fim, apli- 60 são 43,33%. Portanto, teríamos:
camos o princípio multiplicativo para obter todos
resultados possíveis:
Cir e Cir e Anest e Enf e Enf e Enf VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS
RELATIVAS (Fri)
C5,2 C4,1 C10,3
Masculino 56,67%
C5,2 ⨉ C4,1 ⨉ C10,3 = 10 ⨉ 4 ⨉ 120 = 4800 Resposta:
Letra B. Feminino 43,33%

REFERÊNCIAS Note que a frequência relativa é dada por Fi / n,


onde Fi é o número de frequências de determinado
DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e valor da variável, e n é o número total de observações.
aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v. Agora, vamos analisar uma tabela onde a variável
pode assumir um grande número de valores distintos.
IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática Vamos representar na tabela a variável “Altura dos
Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v. moradores de Campinas”:

IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica- VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi)
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v. 1,51m 12
1,54m 17
LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
1,57m 4
a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3
1,60m 2
v.
1,63m 10
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São 1,67m 5
Paulo: Moderna, 2010. 3 v. 1,75m 13
1,81m 15
SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline 1,89m 2
da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
Paulo: FTD, 2016. 3 v. Quando isto acontece, é importante resumir os
dados de maneira que fique mais fácil para uma leitu-
ra e interpretação da tabela. Na ocasião, vamos criar
intervalos que chamaremos de “Classes”.
ANÁLISE DE DADOS
CLASSE FREQUÊNCIAS (FI)
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TABELAS E
GRÁFICOS APRESENTADOS EM DIFERENTES 1,50 | - 1,60 33
LINGUAGENS E REPRESENTAÇÕES 1,60 | - 1,70 17
1,70 | - 1,80 13
A apresentação de dados estatísticos por meio de
tabelas e gráficos fazem parte do ramo da Estatística 1,80 | - 1,90 17
Descritiva. Esta tem por objetivo descrever um con-
junto de dados, resumindo as suas informações prin- O símbolo “|” significa que o valor que se encontra
cipais. Para isso, as tabelas e gráficos estatísticos são ao seu lado está incluído na classe. Por exemplo, 1,50
ferramentas muito importantes.
| - 1,60 nos indica que as pessoas com altura igual a
1,50 são contadas entre as que fazem parte dessa clas-
Tabelas
se, porém as pessoas com exatamente 1,60 não são
Para descrever um conjunto de dados, um recurso contabilizadas.
muito utilizado são tabelas, como essa a seguir, refe- Veja a seguir novamente a última tabela, agora
rente à observação da variável “Sexo dos moradores com a coluna de frequências absolutas acumuladas à
de São Paulo”: direita:

VALOR DA VARIÁVEL FREQUÊNCIAS (Fi) CLASSE FREQUÊNCIAS FREQUÊNCIAS AB-


Masculino 34 (FI) SOLUTAS ACUMU-
Feminino 26 LADAS (FCA)
1,50 | - 1,60 33 33
Observe que na coluna da esquerda colocamos as
categorias de valores que a variável pode assumir, ou 1,60 | - 1,70 17 50
seja, masculino e feminino, e na coluna da direita colo- 1,70 | - 1,80 13 63
camos o número de Frequências, isto é, o número de
1,80 | - 1,90 17 80
248 observações (ou repetições) relativas a cada um dos
A coluna da direita exprime o número de indiví-
duos que se encontram naquela classe ou abaixo dela.
Ou seja, o número acumulado de frequências do valor
mais baixo da amostra (1,50m) até o valor superior
daquela classe. Perceba que, para obter o número 50,
bastou somar 17 (da classe 1,60| - 1,70) com 33 (da
classe 1,50| - 1,60). Isto é, podemos dizer que 50 pes-
soas possuem altura inferior a 1,70m (limite superior
da última classe). Analogamente, 63 pessoas possuem
altura inferior a 1,80m.

Gráficos Estatísticos

Uma outra maneira muito utilizada para a Estatís-


tica Descritiva são os gráficos. Vejamos abaixo alguns z Gráfico de Linha
tipos.
São mais utilizados nas representações de séries
temporais. Vamos analisar a evolução de um ano para
z Colunas ou barras justapostas
o outro, se houve um crescimento ou um decréscimo
no número de alunos dentre as séries que estão em
Utilizamos o gráfico de colunas ou barras justapos-
evidência para estudo dentro da escola. Observe:
tas para dados agrupados por valor ou por atributo.
Vamos supor que estamos interessados nas idades de
alguns alunos. O gráfico relaciona as idades com as
respectivas frequências.

IDADE X FREQUÊNCIA

Histograma

É muito utilizado na representação gráfica de dados


agrupados em classes (distribuição de frequências).
Imagine que realizamos uma pesquisa sobre os salá-
Agora suponha, por exemplo, que queremos saber rios dos funcionários de uma empresa de cosméticos e
a cidade natal de alguns alunos. Como algumas cida- obtivemos a seguinte distribuição de frequências.
des possuem nomes muito grandes, poderíamos optar
em usar um gráfico de barras justapostas. Veja: SALÁRIOS EM FREQUÊNCIA
MILHARES DE REAIS
CIDADE NATAL X FREQUÊNCIA 10 – 15 15
15 – 20 17
20 – 25 13
25 - 30 7

Esses dados podem ser resumidos com um histo-


grama, como mostra o gráfico a seguir.
MATEMÁTICA

z Gráfico de Setores (ou de pizza)

Esse gráfico tem a vantagem de mostrar rapida-


mente a relação com o total de observações. Vamos
supor que analisamos as notas trimestrais de alguns
alunos. Veja como fica a disposição usando o gráfico
de pizza. 249
É importante destacar que a área de cada retângu-
9,7 × 4 + 8,8 × 4 + 7,3×2 + 6,0×2 + 5,7×1
lo é proporcional à frequência. X=
4+4+2+1+1
CÁLCULO DE MÉDIAS E ANÁLISE DE DESVIOS DE
CONJUNTOS DE DADOS 38,8 + 35,2 + 14,6 + 6 +5,7
X=
Média Aritmética 5

A média aritmética é um valor que pode substituir 100,3


todos os elementos de uma lista sem alterar a soma X= =20,06
dos elementos dessa lista. Considere que há uma lista 5
de n números (x1, x2, x3, ..., xn). A soma dos termos des-
ta lista é igual a (x1 + x2 + x3 + ... + xn).
Moda
Para calcular a média aritmética de uma lista de
números, basta somar todos os elementos e dividir
A moda é definida como sendo aquele valor ou
pela quantidade de elementos. Ou seja,
valores que ocorrem com maior frequência em um
rol. É interessante saber que a moda pode não existir
e, quando existir, pode não ser única. Veja os exem-
plos abaixo:

Veja um exemplo: Calcular a média aritmética dos A: {1;1;2;3;3;4;5;5;5;7} = Mo = 5


números 5, 10, 15, 20, 50. B: {3;4;6;8;9;11} = não tem moda
C: {2;3;3;3;5;6;6;7;7;7;8;9;10} = tem duas modas, ou
seja, M1 = 3 e M2=7.
5+10+15+20+50 100
X= = = 20. Caminhando um pouco mais dentro do nosso
5
5 estudo de Estatística, vejamos agora um exemplo de
A média aritmética é igual a 20. quando temos os dados dispostos em uma tabela com
frequências e não agrupados em classes. Quando isso
Média Ponderada acontece, a localização da moda é imediata, bastando
para isso, verificar na tabela, qual o valor associado à
Para o cálculo da média aritmética ponderada (em maior frequência. Observe:
que levamos em consideração os pesos de cada parte),
devemos multiplicar cada parte pelo seu respectivo ESTATURA (M) FREQUÊNCIA
peso, somar tudo e dividir pela soma dos pesos. Veja:
1,53 3

1,64 7

1,71 10
Interpretando a fórmula, temos uma lista de
1,77 15
números (x1, x2, x3, ..., xn) com pesos respectivos (p1, p2,
p3, ..., pn), então, a média aritmética ponderada é dada 1,80 5
pela fórmula apresentada acima.
Veja um exemplo: Um aluno prestou vestibular 1,81 2
para Engenharia e realizou provas de matemática,
1,89 1
Física, Química, História e Biologia. Suponha que o
peso de Matemática seja 4, de Física seja 4, de Química
Na tabela acima, a maior frequência (15) está asso-
seja 2, de História seja 1 e de Biologia seja 1. Suponha
ciada à altura 1,77. Portanto, a moda é 1,77.
ainda que o estudante obteve as seguintes notas:
Mediana
MATÉRIAS NOTAS (XI) PESO (PI)

Matemática 9,7 4 Uma outra medida que estudamos em Estatística


é a mediana (ou valor mediano), que é definida como
Física 8,8 4 número que se encontra no centro de uma série de
Química 7,3 2 números, estando estes de forma organizada segundo
um padrão. Ou seja, é o valor situado de tal forma no
História 6,0 1 conjunto que o separa em dois subconjuntos de mes-
mo número de elementos. Veja os exemplos abaixo.
Biologia 5,7 1
A: {2;2;3;8;9;9} = a mediana é 3.
Vamos calcular a média ponderada das notas des- B: {1;5;5;7;8;9;9;9} = a mediana é a média entre os
250 se aluno: dois termos centrais, ou seja, (7+8)/2 = 7,5.
Agora, observe esse outro exemplo abaixo e perce-
900+1200+1400+1500+2000
ba que os dados não estão ordenados. Ms = = 1400
5
C: {2;3;;7;6;6;8;5;5;5}
Como estamos estudando e aprendendo sobre o
Para acharmos a mediana é necessário ordenar assunto, vou fazer o cálculo de todos os desvios em
os números primeiro e depois fazer a média entre os relação à média, mas podemos calcular apenas o
dois termos centrais, pois o número de elementos é valor do desvio de quem ganha R$ 1400,00 e achar
par. Vejamos: o gabarito mais rápido. Usamos a nossa relação,
temos:
C: {2;3;3;5;5;5;6;6;7;8} = a mediana é a média entre di = xi - m
os termos centrais, ou seja, (5+5)/2 = 10. d1 = 900 – 1400 = -500
d2 = 1200 – 1400 = -200
Dica d3 = 1400 – 1400 = 0
d4 = 1500 – 1400 = 100
Moda: elemento(s) que mais aparece(m). d5 = 2000 – 1400 = 600
Mediana: elemento central de um conjunto de O valor do desvio de quem ganha R$ 1400,00 é d3 =
números. 1400 – 1400 = 0. Resposta: Letra C.
� Se a quantidade de elementos for ímpar, então,
a mediana é o termo do centro. Desvio Absoluto Médio
� Se a quantidade de elementos for par, então, a
mediana será a média entre os dois elementos O desvio absoluto médio também pode ser cha-
centrais. mado de desvio médio. Para calcularmos, usamos a
seguinte fórmula:
Desvio

Vejamos o seguinte conjunto de dados X = {x1, x2, x3,


… xn} e um número real qualquer m. O desvio de um
número qualquer do conjunto X em relação ao núme-
ro m é a diferença entre eles, que pode ser represen-
tada pela fórmula: O desvio médio é uma medida de dispersão que
di = xi – m leva em consideração todos os valores.
Algo que é importante de se lembrar e precisa ser
z A soma dos desvios tomados em relação à média explanado é que quando os dados estiverem agrupa-
aritmética é sempre nula. dos, precisamos calcular a média ponderada dos des-
z A soma dos quadrados dos desvios é mínima quan- vios, em que os pesos são as frequências. Veja como
do os desvios são calculados em relação à média fica a fórmula:
aritmética.
z A soma dos módulos (valores absolutos) dos des-
vios é mínima quando os desvios são calculados
em relação à mediana.

Vamos analisar uma questão de concurso para O cálculo do desvio médio com dados agrupados é
sabermos como esse assunto é cobrado nas provas. feito multiplicando cada desvio (em módulo) pela sua
respectiva frequência, somando os resultados e divi-
dindo por n.
EXERCÍCIO COMENTADO Variância
1. (VUNESP – 2015) Uma pequena empresa que empre-
ga apenas cinco funcionários paga os seguintes salá-
rios mensais (em mil reais):

A variância é a média aritmética dos quadrados


dos desvios. Ou seja, para calcular a variância, deve-
Considerando a média dos salários, o valor do desvio mos elevar cada um dos desvios ao quadrado, somar
MATEMÁTICA

do salário de quem ganha R$ 1.400,00 mensais é todos os valores, e dividir por “n”, que é a quantidade
de elementos. A variância é representada simbolica-
a) −1.000. mente por 2.
b) −400.
c) 0. Desvio Padrão
d) 200.
e) 400. O desvio padrão está inteiramente ligado a variân-
cia. O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. A
Primeiro, vamos calcular a média salarial (Ms): sua representação simbólica é dada por σ. 251
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância ( É muito comum que o coeficiente de variação seja
2 expresso em porcentagem.
v = v ). A variância é o quadrado do desvio padrão
Logo, se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:
v2 ).
Só há dois casos em que a variância e o desvio Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%.
padrão são iguais, que é quando ambos valem zero ou
ambos valem 1, isso porque 02 = 0 e 12 = 1. Variância Relativa
Vale ressaltar, também, que a variância e o desvio
padrão só serão iguais a zero se todos os elementos Uma outra medida de dispersão que podemos fa-
forem iguais. Se os elementos forem todos iguais, lar, ainda, é a variância relativa. A variância relativa é
todos os desvios serão iguais a zero. Consequentemen- simplesmente o quadrado do coeficiente de variação.
te, a variância será nula e também o desvio padrão. Pode ser representada simbolicamente por Vr = (Cv)2.
Usando o mesmo exemplo anteriormente, temos:
Importante! Se σ = 1 cm e x = 10 cm, temos:
Quando os dados são todos iguais, não há dis- Cv = 1 / 10 = 0,10 = 10%.
Logo, Vr = (1/10)2 = 1/100 = 0,01 = 1%.
persão. Todas as medidas (desvio médio, variân-
cia, desvio padrão etc.) são iguais a zero.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Vamos analisar dois exemplos em que foram
cobrados esses tópicos em concurso público. Observe: 1. (VUNESP – 2018) A tabela a seguir mostra o núme-
ro de funcionários que faltaram ao trabalho nos cinco
z ( VUNESP – 2019) O desvio padrão dos valores 2, 6, dias de uma semana em determinada empresa.
4, 3, e 5 é, aproximadamente,
NÚMERO DE
a) 2,00. DIAS DA SEMANA FUNCIONÁRIOS
b) 1,83. FALTANTES
c) 1,65.
2ª feira 13
d) 1,41.
e) 1,29. 3ª feira 9
4ª feira 6
Vamos calcular a média dos valores:
5ª feira 18
2+6+4+3+5 6ª feira 23
x = =4
5 A média diária do número de funcionários que falta-
Agora, vamos calcular a média dos quadrados: ram ao trabalho na 2a e 6a feiras, desta semana, supera
a média diária do número de funcionários que falta-
22+62+42+32+52 ram na 3a, 4a e 5a feiras, da mesma semana, em
x2= = 18
5 a) 7.
Aplicando a fórmula da variância: b) 8.
σ2 = (Média dos quadrados) – (Média)2 c) 9.
σ2 = 18 – 42 = 18 – 16 = 2 d) 10.
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância: e) 11.
2 =
σ= v 2 b 1, 41. Resposta: Letra D. Vamos calcular a média de segunda e sexta:
(13 + 23) / 2 = 18 funcionários que faltaram ao
z (UFMT – 2017) Um conjunto de dados sobre a pla- trabalho.
quetopenia de pacientes com dengue tem variân- Agora, vamos calcular a média de terça a quinta:
cia igual a zero. Pode-se concluir que também vale (9 + 6 + 18) / 3 = 11 funcionários que faltaram ao
zero trabalho.
Como a questão quer a diferença, fica:
a) a média. 18 – 11 = 7. Resposta: Letra A.
b) o desvio padrão.
c) a mediana. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A equipe de atendentes
d) a moda. de um serviço de telemarketing é constituída por 30
empregados, divididos em 3 grupos, que trabalham de
O desvio padrão é a raiz quadrada da variância. Se acordo com a seguinte escala.
a variância é igual a zero, então, o desvio padrão
2 = Grupo I: 7 homens e 3 mulheres, que trabalham das 6
vale σ = v 0 = 0 . Resolução: Letra B.
h às 12 h.
Grupo II: 4 homens e 6 mulheres, que trabalham das 9
Coeficiente de Variação
h às 15 h.
Grupo III: 1 homem e 9 mulheres, que trabalham das
O coeficiente de variação é a razão entre o desvio 12 h às 18 h. A respeito dessa equipe, julgue o item
padrão e a média, o qual pode ser calculado usando a que se segue.
252 seguinte fórmula: Cv = σ / x .
Se, nesse serviço de telemarketing, a média das ida- número par. Assim, a mediana será a média aritmé-
des das atendentes for de 21 anos e a média das ida- tica entre os dois termos centrais: o sétimo (39) e o
des dos atendentes for de 31 anos, então a média das
oitavo (41). Veja: Md = (39+41) / 2 = 40.
idades de todos os 30 atendentes será de 26 anos.
A mediana é 40. Resposta: Letra B.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
5. (IESES - 2019) Assinale a alternativa que representa a
Total de Homens: 7 + 4 + 1 = 12. nomenclatura dos três gráficos abaixo, respectivamente.
Média dos homens = 31.
Média = Soma de todas as idades dos homens/Quan-
tidade de homens
31 = Soma total / 12
Soma total = 372
Total de mulheres é 3 + 6 + 9 = 18.
Média das mulheres = 21
Média = Soma de todas as idades das mulheres /
Quantidade de mulheres
21 = Soma total / 18
Soma total = 378
Média de todos os atendentes = (372 + 378) /30 = 25
A média das idades de todos os 30 atendentes será
de 25 anos. Resposta: Errado.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018)

DIA

1 2 3 4 5

X (QUANTIDADES
DIÁRIA DE DROGAS 10 22 18 22 28
APRESENTADAS, EM KG)

Tendo em vista que, diariamente, a Polícia Federal


apreende uma quantidade X, em kg, de drogas em
determinado aeroporto do Brasil, e considerando os
dados hipotéticos da tabela precedente, que apre-
senta os valores observados da variável X em uma
amostra aleatória de 5 dias de apreensões no citado
aeroporto, julgue o item.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

A moda da distribuição dos valores X registrados na


amostra foi igual a 22 kg.
Veja que o número 22 (a quantidade diária de dro-
gas apreendidas) aparece 2 vezes (frequência = 2),
enquanto todos os outros números aparecem apenas
uma vez (frequência = 1). Logo, a moda é igual a 22.
Resposta: Certo. a) Gráfico de Setores – Gráfico de Barras – Gráfico de
Linha.
4. (FCC - 2018) Em um grupo de pessoas encontramos b) Gráfico de Pareto – Gráfico de Pizza – Gráfico de
as seguintes idades: 20, 30, 50, 39, 20, 25, 41, 47, 36, Tendência.
45, 41, 52, 18, 41. A mediana é c) Gráfico de Barras – Gráfico de Setores – Gráfico de
Linha.
a) 36.
d) Gráfico de Linhas – Gráfico de Pizza – Gráfico de
b) 40.
Barras.
c) 41.
MATEMÁTICA

e) Gráfico de Tendência – Gráfico de Setores – Gráfico de


d) 42.
e) 39. Linha.

A primeira coisa a ser feita é dispor os termos em O primeiro gráfico é um gráfico de colunas ou de
ordem crescente. Ou seja, 18, 20, 20, 25, 30, 36, 39, barras. O segundo gráfico é um gráfico de setores,
41, 41, 41, 45, 47, 50, 52. que também é chamado de “gráfico de pizza”. O
Quando o número de termos é par, precisamos tirar terceiro gráfico é um gráfico de linha. Utilizamos o
a média entre as posições centrais para podermos gráfico de linha para representar séries temporais.
achar a mediana. Temos 14 números, então, é um Resposta: Letra C. 253
3+1 4 5–3 2
GEOMETRIA DO PLANO CARTESIANO xPM = e = 2 e yPM = = =1
2 2 2 2
PONTO PM = (2,1)

Plano cartesiano Sejam três pontos A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x3 ,y2), dize-
mos que são colineares quando o determinante deles
Sejam dois eixos (retas) x e y perpendiculares em é nulo:
relação ao ponto O, os quais determinam um plano
α. Chamamos esse plano α de plano cartesiano, sendo
x1 y1 1
o ponto O (0,0) a origem do sistema de coordenadas,
sendo o eixo x (Ox) chamado de abscissa, o eixo y (Oy) x2 y2 1 = 0.
de ordenada e para o ponto P pertencente ao plano α,
x3 y3 1
ou seja, pertencente ao plano cartesiano, suas coorde-
nadas são dadas pelos valores em x e y da projeção do
Ex.: Assim, mostre que os pontos A(1,3), B(2,5) e
ponto aos eixos. Os eixos x e y ainda dividem o plano
C(49,100) não são colineares!
cartesiano em quatro regiões, chamadas quadrantes.
Um ponto pertencente ao eixo x quando o y é nulo,
e vice-versa, quando os valores de x=y ou x=-y, esse x1 y1 1 1 3 1
ponto pertence à bissetriz dos quadrantes, ou seja, os x2 y2 1 =0→ 2 5 1 =0
pontos (2,2) e (-2,-2) são bissetrizes dos quadrantes
x3 y3 1 49 100 1
ímpares, e os pontos (-2,2) e (2,-2) são bissetrizes dos
quadrantes pares. 1 ∙ 5 ∙ 1+3 ∙ 1 ∙ 49+1 ∙ 2 ∙ 100 –1 ∙ 5 ∙ 49 – 3 ∙ 2 ∙ 1–1 ∙ 1 ∙ 100 =
= 5+147+200 – 245 – 6 – 100=352 – 351=1≠0

RETA

Equações geral e reduzida

Sejam três pontos, A(x1,y1), B(x2,y2) e C(x,y), colinea-


res em uma reta (r), onde os pontos A e B são pontos
fixos em r, ou seja, conhecidos no plano cartesiano e o
ponto C, um ponto qualquer que pode percorrer a reta
r. A equação geral da reta é dada por:

a = y1 – y2, b = x2 – x1 e c = x1y2 – x2y1


ax + by + c = 0
Figura 27. Plano cartesiano (x,y) de origem O e ponto P.

Distância entre dois pontos

Dados dois pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), calculamos a


distância entre eles da seguinte forma:

d = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2

Sejam os pontos A(3,5) e B(1-3) no plano cartesia-


no, qual seria a distância entre A e B?

dAB = √(x2 – x1)2 + (y2 – y1)2 = √(1 – 3)2 + (–3 – 5)2 =


= √(–2)2 + (–8)2 = √4+64 = √68 = 2√17

Ponto médio de um segmento e condições de


alinhamento de três pontos Figura 28. Plano cartesiano (x,y) de origem O e reta r.

Dados os pontos A(x1,y1) e B(x2,y2), o ponto médio A equação geral ainda pode ser reescrita na forma
de AB é dado por: reduzida:

xPM =
x1 + x2
2
e
y1 + y2
2
b≠0→y=
( ) ( )

a
b
x+ –
c
b

a c
Assim, o ponto médio do segmento AB, A(3,5) e B(1- → y = mx + q; m = – eq=–
254 3), anterior é: b b
{
Ex.: Sejam os pontos A(7/2,5/2) e B(-5/2,-7/2),a equa- r : a1x+b1y+c1 = 0
ção da reta definida por eles é: S
s : a2x+b2y+c2 = 0

a = y1 – y2 =
5
2

( ) –
7
2
=
5
2
+
7
2
=6 r∩s=Ø→
a1
a2
=
b1
b2

c1
c2

5 7 Por exemplo, as retas r e s são paralelas:


b = x2 – x1 = – – = –6
2 2

c = x1y2 – x2y1 =
7
2

( )( )

7
2
– –
5
2

5
2
= S
{ r : x+2y+3=0
s : 3x+6y+1 = 0

49 25 24 a1 b1 c1 1 2 3
=– + =– = –6 = ≠ → = ≠
4 4 4 a2 b2 c2 3 6 1
ax + by + c = 0 → 6x – 6x – 6 = 0 ⟺ x – y – 1 = 0
Dica
Na forma reduzida temos:
Para a reta r:x+2y+3=0 podemos encontrar
a equação das retas paralelas a r, bastando
a 6 c –6
b≠ 0 → m = – =– = 1;q = – =– = –1 que os coeficientes a e b das retas paralelas
b –6 b –6
a b
sejam proporcionais a 1 e 2, ou seja, = .
y = mx + q → y = x – 1
1 2
Assim, a reta t:2x+4y+2=0 também é uma reta
Temos ainda a equação da reta passando por um
ponto P(x0,y0): paralela a r.

(y – y0) = m(x – x0) Duas retas r e s são ditas perpendiculares, se e


somente se elas formarem entre si um ângulo reto, mas
Interseção de retas pode-se também determinar essa perpendicularidade
relacionando o coeficiente angular das retas. Assim,
Um ponto P(x0,y0) de interseção de duas retas (r e se as equações das retas são dadas por:
s) deve satisfazer as equações de ambas. Assim, resol-

{
vendo o sistema de equações (S) das retas encontra-se
o ponto comum às retas. r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2

S
{ r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0
Então a relação dos coeficientes angulares das
equações das retas para que elas sejam perpendicu-
lares é:
Ex.: Sejam duas retas:
r ⟘ s ⟺m1 ∙ m2 = –1
r : x+2y – 3 = 0 e s: 2x+3y – 5 = 0
Se a reta r:y=x+2 é perpendicular à reta s, e saben-
Então o ponto P(x0,y0) de interseção entre elas é: do que a reta s passa pelo ponto (3,2), qual seria a
equação da reta s?

S
{ r : x+2y – 3=0
s : 2x+3y – 5=0
{ r : y = x+2 → m1=1
s : y = m2x+q2
r : x= – 2y+3 [I]

[I] E para serem perpendiculares precisamos satisfa-


s : 2x + 3y – 5= 0 → 2( – 2y + 3) + 3y – 5 = 0 → – 4y + 6 zer a equação:
+ 3 y – 5 = 0 → -y + 1 = 0 → y = 1 [II]
[II] r ⟘ s ⟺ m1 ∙ m2 = –1 → 1 ∙ m2 = –1 → m2 = –1
x= – 2y + 3y →x = – 2(1) + 3 → x = – 2 + 3 → x = 1
MATEMÁTICA

P(x0,y0)=(1,1) Da equação da reta quando se conhece um ponto


temos:
Paralelismo e perpendicularidade
(y – y0) = m2(x – x0)
Sejam duas retas (r e s), para que elas sejam para-
lelas e distintas elas não devem ter nenhum ponto em (y – 2) = –1(x – 3)
comum, ou seja, a solução do sistema (S) não tem solu-
y – 2= – x+3
ção. Para isso temos que a relação entre os coeficien-
tes das equações são: x+y – 5=0 255
ax0+by0+c
Importante! dP,r =
√a2+b2
Quando duas retas são paralelas os coeficientes
angulares das retas são iguais, ou seja, se r e s
3 ∙ (–3) – 4 ∙ (–1)+8 –9+4+8 3 3 3
são paralelas então r // s ⟺ m1 = m2. → dP,r= = = = =
√(3)2+(– 4)2 √9+16 √25 5 5

Ângulo entre duas retas


Sejam as retas paralelas r e s no plano cartesiano, a
Chamamos de coeficiente angular ou declive de distância entre as retas é a mesma que a distância da
uma reta r, não perpendicular ao eixo das abscissas reta r a um ponto da reta s. Então seja P(x0,y0) perten-
(eixo x), o número real m dado por: cente a reta s, a distância de P(x0,y0) até r é:

m = tgα

y2 – y1
{ r : ax+by+c1 = 0
s : ax+by+c2 = 0
P(x0,y0)∈s
→ ax0+by0= –c2
A(x1, y1); B(x2, y2) → m =
x2 – x1 ax0+by0 – c2 c1 – c2
dr,s= =
a √a2+b2 √a2+b2
r : ax + by + c = 0 → m= –
b
Bissetrizes do ângulo entre duas retas
Sendo α o ângulo da reta r com o eixo x, na leitura
anti-horário. Sejam as retas r e s no plano cartesiano, tais que
Se o ângulo é agudo (0º<α<90º) então m é positi- essas retas determinem dois ângulos opostos pelo vér-
vo, se é obtuso (90º<α<180º) então m é negativo, se for tice, assim, as bissetrizes que dividem esses ângulos
nulo então m também é nulo e se for reto então não são dada por:
se define m.

{
Quando duas retas r e s são concorrentes, podemos
determinar o ângulo formado entre elas: r : a1x+b1y+c1 = 0
s : a2x+b2y+c2 = 0

{ r : a1x+b1y+c1 = 0 → y = m1x+q1
s : a2x+b2y+c2 = 0 → y = m2x+q2
a1x+b1y+c1
√a1 +b2
1
2
±
a2x+b2y+c2
√a22+b22
=0

m2 – m1
tgθ = Ex.: Sejam as retas r:3x+3y-1=0 e s:2x-2y+1=0 as
1 + m1 ∙ m2 equações das retas bissetrizes t1 e t2 são:

Dadas duas retas r e s, o ângulo formado por elas é:

{
3x+3y –1 2x – 2y+1 3x+3y –1 2x – 2y+1
± =0→ ± =0
√3 +3
2 2
√2 +(–2)2 2
√18 √8
a1 3
r : 3x – y + 5 = 0 → m1 = – =– =3
b1 –1 3x+3y –1 2x – 2y+1
→ ± =0
a2 2 3√2 2√2
s : 2x + y + 3 = 0 → m2 = – =– = –2
b2 1
3x+3y –1 2x – 2y+1
m2 – m1 3 – (–2) – =0→
tgθ = → tgθ = →tgθ= 3√2 2√2
1+m1 ∙ m2 1 + (–2) ∙ 3 t1 :
(6x+6y – 2) – (6x – 6y+3)
5 π = 0 → 12y – 5 = 0
= =1⇒θ= 6√2
–5 4
3x+3y – 1 2x – 2y+1
+ =0→
Distância entre ponto e reta e distância entre duas 3√2 2√2
retas t2 :
(6x+6y – 2) + (6x – 6y+3)
= 0 → 12x+1 = 0
Seja uma reta r:ax+by+c=0 e um ponto P(x0,y0) no 6√2
plano cartesiano, a distância entre a reta r e o ponto
P é:
Área de um triangulo e inequações do primeiro grau
com duas variáveis
ax0+by0+c
dP,r =
√a2+b2 Seja um triangulo cujos vértices são A(x1,y1), B(x2,y2)
e C(x3,y3) como a área do triângulo é base vezes altura
Ex.: Seja o ponto P(-3,-1) e a reta r:3x-4y+8, a distân- divido por 2, então para nosso triângulo no plano car-
256 cia entre o ponto e a reta é: tesiano temos:
1 O estudo do sinal de uma função do primeiro grau
Aδ = ∙ BC ∙ AH é usado para definir a região no gráfico que admite
2 solução para inequações do primeiro grau a duas
incógnitas, pois só admite solução gráfica. Logo a
BC = √(x2 – x3)2 + (y2 – y3)2 regra para estudo do sinal e definição da região de
solução da inequação é a seguinte, dado a função de
x1 y1 1 duas variáveis E(x,y)=ax+by+c:
x2 y2 1
z Primeiro definimos os pontos que anulam o trinômio
x3 y3 1 E(x,y), ou seja, pontos da equação da reta ax+by+c=0;
AH = dA,BC =
√(x2 – x3)2+(y2 – y3)2 z Segundo definimos o sinal de E na origem O(0,0),
ou seja, E(0)=a∙0+b∙0+c=c, assim concluímos que o
sinal de E é o mesmo de c;
z Terceiro atribuímos a E nos pontos do semiplano
1 x1 y1 1 opostos ao sinal anterior, ou seja, contrário de c;
Aδ = ∙ x y 1 z Se a reta contiver a origem O, significa que o c=0,
2 2 2
então os passos 2 e 3 não são válidos, daí o passo
x3 y3 1 2 deve ser um ponto P qualquer fora da reta e a
assim, atribuir o sinal dos planos.

Ex.: Seja a inequação x-y+1>0, a solução dela está

{
em qual plano?

a 1
1) E=0 → r: x – y+1=0 → m = – =– =1
b –1
2) E(0) = c=1>0 →E>0 em rα
3) E< 0 em r β

Como coeficiente angular m>0 reta crescente, pas-


sando pelos pontos (0,1) e (-1,0).

Ex.: Seja o triângulo no plano cartesiano formado


pelos pontos A(a,a+3), B(a-1,a) e C(a+1,a+1), a área
desse triângulo é:

x1 y1 1 a a+3 1
1 1
Aδ = ∙ x y 1 = ∙ a–1 a 1
2 2 2
2
x3 y3 1 a+1 a+1 1

1
Aδ = ∙ a2+(a+3)(a+1)+(a – 1)(a+1) – a(a+1) – a(a+1)
2

– (a – 1)(a+3)
GEOMETRIA DO PLANO COMPLEXO
1 NÚMEROS COMPLEXOS — REPRESENTAÇÃO
Aδ = ∙ a2+a2+a+3a+3+a2+a – a – 1 – a2 – a – a2 – a
2 (FORMA) ALGÉBRICA DE UM NÚMERO COMPLEXO
MATEMÁTICA

Definição de Número Complexo


– a2 – 3a+a+3
Denominamos conjunto dos Números Comple-
xos, representados por ℂ, o conjunto dos pares orde-
1 1 5
Aδ = ∙ 3 – 1+3 = ∙5= nados de números reais, que podem ser escritos na
2 2 2 forma:

z = a + bi 257
Com: A potência in
A potência in é igual a ir, onde r é o resto da divisão
a∈R de n por 4
a∈R
i=√–1
Ex.: Encontre o valor de i75

Onde: Fazendo a divisão do expoente de i pelo método da


chave, temos:
a = Re(z): parte real de z
b = Im(z): parte imaginária de z 75 4
3 18
Partindo da definição, temos as seguintes
consequências:
Veja que o resto da divisão é igual a 3, como in = ir,
logo teremos: i75 = i3 = – i
Se b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado número
imaginário. Igualdade de Números Complexos
Se a = 0 e b ≠ 0, o número z = a + bi, é denominado
número imaginário puro. Dois números complexos serão Iguais se, e somen-
Se b = 0, o número z = a + bi, é denominado número te se, suas partes reais e imaginárias também forem
real. iguais, ou seja:

{
z1 = a1 + b1i e z2 = a2 + b2i
Exs.:
z1 = z2 ⟺ a1 = a2 e b1 = b2
a) z = 4 – 6i, Re(z) = 4 e Im(z) = – 6 (número imaginário).
2i 2 Ex.: Se z1 = a + bi e z2 = – 9 + 4i, determine o valor
b) z = , Re(z) = 0 e Im(z) = (número imaginário
5 5 de a e b, sabendo que z1 = z2
puro).
c) z = 12, Re(z) = 12 e Im(z) = 0 (número real).
Como z1 = z2, temos:
Potências de i
a + bi = – 9 + 4i
Sendo i = √– 1, podemos construir as seguintes
relações para as Potências de i: Portanto:

i0 = 1 a=–9eb=4

i1 = i Conjugado de um Número Complexo

i2 = (√– 1)2 = –1 Dado um número complexo z = a + bi, chamamos


de Conjugado de z, o complexo z, tal que:
i = i ‧ i = (– 1) ‧ i = – i
3 2

i4 = i2 ‧ i2 = (– 1) ‧ (– 1) = 1 z = a – bi

i5 = i4 ‧ i = 1 ‧ i = i Observe que o conjugado tem apenas o sinal da


parte imaginária trocado e é representado por z.
i6 = i5 ‧ i = i ‧ i = i2 = – 1
i7 = i6 ‧ i = (– 1) ‧ i = – i Exs.:

z = 5 – 2i ⇒ z = 5 + 2i
Importante! z=i⇒z=–i
z=7⇒z=7
Observe que a cada quatro potências os resul-
tados se repetem, ou seja, as potências de i são Observação: Veja que quando o complexo z tem
cíclicas somente a parte real o conjugado de z (z) será igual a
z. Essa é uma das propriedades do conjugado de um
número complexo, que veremos a seguir.
Como consequência dessa repetição, podemos con-
cluir que só existem quatro valores possíveis para as
potências de i: Propriedades do Conjugado de um Número
Complexo

i0 = 1 i1 = i i2 = – 1 i3 = – i Para todo z ∈ C, temos:

Assim sendo, para encontrar qualquer valor de P1) z + z = 2 ‧ Re(z)


uma potência de i, basta dividir o expoente da potên- P2) z – z = 2 ‧ Im(z) ‧ i
258 cia e analisar o resto da divisão, ou seja: P3) z = z ⟺ z ∈ R
Conjugado da Soma e do Produto Divisão de Números Complexos

Se z1 e z2 são números complexos quaisquer, temos Para efetuar a Divisão entre dois números com-
que: plexos é necessário reescrever a divisão como uma
fração e racionalizar o denominador dessa fração.
1) z1 + z2 = z1 + z2
Para fazer a racionalização da fração, multiplicamos
o denominador da mesma pelo seu conjugado. Esta é
2) z1 ‧ z2 = z1 ‧ z2
a regra prática para dividir dois números complexos.
Adição de Números Complexos
z1 z1 z2
= ‧
Sejam dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = z2 z2 z2
a2 + b2i, a Soma z1 + z2 é o número complexo cujo a
parte real é a soma das partes reais de z1 e z2 e a parte z1
Ex.: Dados z1 = – 1 + i e z2 = 4 – 2i, determine
imaginária é a soma das partes imaginárias de z1 e z2. z2

Ex.: Dados z1 = – 6 + 2i e z2 = 4 + 7i, determine z1 + z2


z1 (– 1 + i) (4 + 2i) (– 1 ‧ 4 – 1 ‧ 2i + 4 ‧ i + 2 ‧ i2)
z1 + z2 = (– 6 + 2i) + (4 + 7i) = ‧ = =
z1 + z2 = – 6 + 2i + 4 + 7i z2 (4 – 2i) (4 + 2i) 42 – (2i)2
z1 + z2 = – 6 + 4 + 2i + 7i
z1 + z2 = – 2 + 9i [– 4 – 2i + 4i + 2 ‧ (– 1)] (– 4 + 2i – 2) – 6 + 2i
= = =
16 – 4i2 16 – 4 ‧ (– 1) 16 + 4
Subtração de Números Complexos

Dados dois números complexos z1 = a1 + b1i e z2 = a2 – 6 + 2i 6 2i 3 i 3 i


=– + =– + =– + i
+ b2i, definimos a Subtração z1 – z2 como: 20 20 20 10 10 10 10
REPRESENTAÇÃO (FORMA) TRIGONOMÉTRICA DE
z1 – z2 = z1 + (– z2) = (a1 + b1i) + (–a2 – b2i) = (a1 – a2) +
(b1 – b2) ‧ i UM NÚMERO COMPLEXO

Apesar do raciocínio ser análogo à adição, ou seja, Norma e Módulo


fazemos a operação entre parte real e parte real; e
entre parte imaginária e parte imaginária, na sub- Denominamos Norma de um número complexo z
tração é importante se atentar a ordem em que os = a + bi ao número real não negativo N (z) = a2 + b2.
números complexos são apresentados.
Para um melhor entendimento da Dica acima,
Denominamos Módulo ou Valor Absoluto de um
segue um exemplo.
número complexo z = a + bi ao número real não nega-
Ex.: Dados z1 = 3 + i e z2 = – 5 – 2i, determine z1 – z2 tivo |z| = √N(z) = √a2 + b2 . O módulo de um número
complexo também pode ser representado da seguinte
z1 – z2 = (3 + i) – (5 – 2i) maneira: ⍴ ou r.
z1 – z2 = 3 + i – 5 + 2i
z1 – z2 = 3 – 5 + i + 2i Ex.:
z1 – z2 =– 2 + 3i
z = 3 + 2i ⇒ N(z) = 32 + 22 = 9 + 4 = 13 e |z| = √13
Multiplicação de Números Complexos z = – 6i ⇒ N(z) = 3 = 02 + (– 6)2 = 0 + 36 = 36 e |z| = √36 = 6
z = 2 ⇒ N(z) = 22 + 02 = 4 + 0 = 4 e |z| = √4 = 2
A Multiplicação entre os números complexos z1 = z = √21 – i ⇒ N(z) = (√21)2 + (– 1)2 = 21 + 1 = 22 e |z| = √22
a1 + b1i e z2 = a2 + b2i é o complexo z1 ‧ z2, cuja parte
real é o produto das partes reais menos o produto das
Módulo do Produto, do Quociente e da Soma de
partes imaginárias, e a parte imaginária é a soma dos
Números Complexos
produtos da parte real de um deles pela parte imagi-
nária do outro.
Sejam z1 e z2 números complexos quaisquer, então
z1 ‧ z2 = (a1 + b1i) ‧ (a2 + b2i) = (a1 ‧ a2 – b1 ‧ b2) + (a1 ‧ temos que:

b2 + b1 ‧ a2) ‧ i 1) |z1 ‧ z2| = |z1|‧|z2|

Ex.: Dados z1 = 2 + i e z2 = 5 + 3i, determine z1 ‧ z2 z1 |z1|


MATEMÁTICA

2) = , (z2 ≠ 0)
z2 |z2|
z1 ‧ z2 = (2 + i) ‧ (5 + 3i)
z1 ‧ z2 = 2 ‧ 5 + 2 ‧ 3i + 5 ‧ i + 3i2 3) |z1 + z2| ≤ |z1| + |z2|
z1 ‧ z2 = 10 + 6i + 5i + 3 ‧ (– 1)
z1 ‧ z2 = 10 – 3 + 11i Plano de Argand-Gauss
z1 ‧ z2 = 7 + 11i
Dado um número complexo z = a + bi, a sua repre-
Frente à equação acima, é importante que você sentação no Plano de Argand-Gauss é através de um
não se esqueça que i2 = – 1 ponto, da seguinte maneira: 259
lm Multiplicação de Complexos na Forma
Trigonométrica

b z=a+bi Para efetuar a Multiplicação entre dois números


complexos em sua forma trigonométrica, basta mul-
tiplicar os módulos e somar os argumentos (se for o
|z|=p caso, tomar a menor determinação positiva da soma),
ou seja:

z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)


θ
a Re z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)
0
z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]
Onde:

|z|= ⍴ é o módulo de um número complexo Ex.: Dados z1 = 2 ‧ ( cos


π
5
+ i ‧ sen
π
5 ) e z2 = 3 ‧

θ é o argumento de um número complexo


( cos

5
+ i ‧ sen

5 )
, calcular z1 ‧ z2

Utilizando o Teorema de Pitágoras, no triângulo z1 ‧ z2 = ⍴1 ‧ ⍴2 ‧ [cos (θ1 + θ2) + i ‧ sen (θ1 + θ2)]
retângulo, obtido no plano Argand-Gauss, temos que:

⍴ = √a2 + b2 [ (
z1 ‧ z2 = 2 ‧ 3 ‧ cos
π
5
+

5 ) + i ‧ sen ( π
5
+

5 )]
Consideremos nesse triângulo retângulo as seguin-
tes relações: z1 ‧ z2 = 6 ‧ cos [ ( ) 4π
5
+ i ‧ sen ( )]4π
5
a
cos θ = ⍴ ⇒ a = ⍴ ‧ cos θ Divisão de Complexos na Forma Trigonométrica
b
sen θ = ⍴ ⇒ b = ⍴ ‧ sen θ
Para efetuar a Divisão entre dois números com-
plexos em sua forma trigonométrica, basta dividir os
Sendo θ = arc tg (b/a) módulos e subtrair os argumentos, ou seja:

Como z = a + bi, temos: z1 = ⍴1 ‧ (cos θ1 + i ‧ sen θ1)

z = ⍴ ‧ cos θ + ( ⍴ ‧ sen θ)i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) z2 = ⍴2 ‧ (cos θ2 + i ‧ sen θ2)


z1 ⍴1
Esta é a Forma Trigonométrica do complexo z. z2 = ⍴2 ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]

Ex.: Vamos colocar z = 1 + i na Forma Trigonométrica Observação: O inverso de um número complexo é


escrito na forma trigonométrica por:
Se z = 1 + i, logo a = 1 e b = 1
z– 1 = ⍴– 1 ‧ [cos (– θ) + i ‧ sen (– θ)]
Calculando o módulo de z, temos:

⍴ = √a2 + b2 = √12 + 12 = √1 + 1 = √2
Ex.: Dados z1 = 8 ‧ cos

3 (
+ i ‧ sen

3 ) e z2 = 4 ‧

( )
2π 2π z1
Calculando o argumento de z, temos: cos + i ‧ sen , calcular z
3 3

}
2

a 1 1 √2 √2 z1 ⍴1
cos θ = ⍴ = = ‧ = θ = 45º (porque o ponto = ⍴ ‧ [cos (θ1 – θ2) + i ‧ sen (θ1 – θ2)]
√2 √2 √2 2
⇒ P(1,1) pertence ao z2 2
b 1 1 √2 √2

[ ( ) ( )]
sen θ = ⍴ = = ‧ = primeiro quadrante) z1
√2 √2 √2 2 8 5π 2π 5π 2π
cos – –
z2 = 4 ‧ 3 3
+ i ‧ sen
3 3
Logo:

[ ( ) ( )]
z1 3π 3π
cos + i ‧ sen
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) z2 = 2 ‧ 3 3
z = √2 ‧ (cos 45º + i ‧ sen 45º) z1
O valor de θ, pode ser representado em graus ou = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π)
z2
radianos, por se tratar da medida de um ângulo. Em
muitos casos é mais simples trabalhar com graus ao Potenciação de Números Complexos
invés de radianos, levando em conta os valores do
seno e cosseno dos ângulos notáveis (30º, 45° e 60°). A forma trigonométrica se torna muito útil para
Neste contexto, uma outra resposta possível para o o cálculo de Potência de um número complexo. Para
exemplo acima seria: elevar um complexo a um expoente, basta elevar o

260
z = √2 ‧ ( cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) módulo a esse expoente e multiplicar o argumento
pelo mesmo expoente, ou seja:
zn = ⍴n ‧ [cos (n ‧ θ) + i ‧ sen (n ‧ θ)] ⍴ = √a² + b² = √0² +(–8)² = √0 + 64 = √64 = 8

A fórmula acima é conhecida como a Primeira Calculando o argumento de z, temos:


Fórmula de Moivre.

}
a 0
cos θ = ⍴ = 8 =0
Ex.: Calcule (2 + 2i) 5
⇒ θ = 270°
b –8
sen θ = ⍴ = 8 =–1
Primeiramente vamos passar 2 + 2i para a forma
trigonométrica: Então:

{b = 2
a=2
2 + 2i ⇒ z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 8 ‧ (cos 270° + i ‧ sen 270°)

Logo, temos que:


Calculando o módulo de z, temos:
{n = 3, ⍴ = 8, θ = 270° e k = (0,1,2)}
⍴ = √a2 + b2 = √22 + 22 = √4 + 4 = √8 = 2 ‧ √2
Como:
Calculando o argumento de z, temos:

( )
}
θ + 2 ‧ kπ θ + 2 ‧ kπ
a 2 1 √2 √2 θ = 45° (porque n
√z = n√⍴ ‧ cos + i ‧ sen
cos θ = = ‧ = = n n
⇒ o ponto P(2, 2)
⍴ 2 ‧ √2 √2 √2 2
b 2 1 √2 √2 pertence ao primeiro
sen θ = ⍴ = = ‧ = Teremos:
2 ‧ √2 √2 √2 2 quadrante)

Então: n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
2kπ + 270°
3
+ i ‧ sen
2kπ + 270°
3 )
z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ) = 2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)
Fazendo k = 0, k = 1 e k = 2, teremos portanto:
Logo, temos que:
Para k = 0,

( )
(2 + 2i) = [2 ‧ √2 ‧ (cos 45° + i ‧ sen 45°)]
5 5
2 ‧ 0 ‧ π + 270° 2 ‧ 0 ‧ π + 270°
(2 + 2i)5 = (2 ‧ √2)5 ‧ (cos 5 ‧ 45° + i ‧ sen 5 ‧ 45°) ∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
(2 + 2i)5 = 32 ‧ 4 ‧ √2 ‧ (cos 225° + i ‧ sen 225°)
270° 270°
(2 + 2i)5 = 128 √2 ‧ –
2

(
√2 √2
2
i
) ∛– 8i = 2 ‧ cos
3
+ i ‧ sen
3
∛– 8i = 2 ‧ (cos 90° + i ‧ sen 90°)
– 128 ‧ √2 ‧ √2 128 ‧ √2 ‧ √2
(2 + 2i)5 = – i ∛– 8i = 2 ‧ (0 + i ‧ 1)
2 2
– 128 ‧ 2 128 ‧ 2 ∛– 8i = 2i
(2 + 2i)5 = – i
2 2
Para k = 1,
(2 + 2i) = – 128 – 128i
5

Radiciação de Números Complexos – Extração de ∛– 8i = ∛8 ‧ (


2 ‧ 1 ‧ π + 270°
cos
3
+ i ‧ sen
2 ‧ 1 ‧ π + 270°
3 )
( )
Raízes 2 ‧ 180° + 270° 2 ‧ 180° + 270°
∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3
Para Extrair as Raízes de um número complexo,
basta extrair a raiz do módulo ⍴ e dividir o argumento ∛– 8i = 2 ‧ cos
(
360° + 270°
3
+ i ‧ sen
360° + 270°
3 )
( )
θ + 2 ‧ kπ pelo índice n. Fazendo isso uma vez para
630° 630°
cada raiz (n vezes) em cada vez substituindo sucessi- ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
vamente o valor de k por 0, 1, 2, 3, ... , ou seja: 3 3
∛– 8i = 2 ‧ (cos 210° + i ‧ sen 210°)

n
√z = n√⍴ ‧ ( cos
θ + 2 ‧ kπ
n
+ i ‧ sen
θ + 2 ‧ kπ
n
i
) , (k ∈
∛– 8i = 2 ‧ –
√3 1
2
– i
2 ‧ √3 2 ‧ 1
2 ( )
N/ 0 ≤ k ≤ n – 1) ∛– 8i = – – i
2 2
∛– 8i = – √3 – i
A fórmula acima é conhecida como a Segunda
Fórmula de Moivre.
Para k = 2,

( )
Ex.: Calcule ∛– 8i
MATEMÁTICA

2 ‧ 2 ‧ π + 270° 2 ‧ 2 ‧ π + 270°
∛– 8i = ∛8 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

( )
Primeiramente vamos passar – 8i para a forma
4 ‧ 180° + 270° 4 ‧ 180° + 270°
trigonométrica: ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
3 3

{ ( )
720° + 270° 720° + 270°
a=0 ∛– 8i = 2 ‧ cos + i ‧ sen
– 8i ⇒ 3 3
b=–8
∛– 8i = 2 ‧ cos
990°
3
+
(i ‧ sen
990°
3 )
Calculando o módulo de z, temos: ∛– 8i = 2 ‧ (cos 330° + i ‧ sen 330°) 261
∛– 8i = 2 ‧
2 ‧ √3
(√3 1
2

– i
2‧1
2 ) [ (
zk = 2 ‧ cos
π
6
+k‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+k‧
π
3 )]
∛– 8i = – i
2 2 Fazendo k = 0, 1, 2, 3, 4 e 5, teremos:
∛– 8i = √3 – i
Para k = 0,
Portanto:

∛– 8i = {2i, – √3 – i, √3 – i} [ (
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+0‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+0‧
π
3 ( )]
Forma Exponencial de um Número Complexo [
z0 = 2 ‧ cos
π
6
+ i ‧ sen
π
6
=2‧
√3
2 ] 1
+2‧ i
2
z0 = √3 + i
Um número complexo escrito na forma trigono-
métrica z = ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser escrito na Para k = 1,
Forma Exponencial como:

z=⍴‧e θi [ (
z1 = 2 ‧ cos
π
6
+1‧
π
3 )
+ i ‧ sen
π
6
+1‧
( π
3 )]
Exemplo: Escreva na forma exponencial o com-
z1 = 2 ‧[cos
π
2
+ i ‧ sen
π
2
= 2 ‧ 0
]+ 2 ‧ 1i

(
plexo: z = 2 ‧ cos
π
4
+ i ‧ sen
π
4 ) Para k = 2,
z1 = 2i

Se z = ⍴ ‧ eθi,

Logo: z = 2 ‧ e 4
π
i
[ (
z2 = 2 ‧ cos
π
6
+2‧
π
3 ) + i ‧ sen
( π
6
+2‧
π
3 )]
Forma Polar de um Número Complexo [
z2 = 2 ‧ cos

6
+ i ‧ sen
6

=2‧
] ( ) –
√3
2
+2‧ i
1
2
z2 = – √3 + i
Um número complexo na forma trigonométrica z
= ⍴ ‧ (cos θ + i ‧ sen θ), pode ser indicado, de modo sim- Para k = 3,
plificado, na Forma Polar:

z=⍴θ
[ (
z3 = 2 ‧ cos
π
6
+3‧
π
3 ) (
+ i ‧ sen
)]π
6
+3‧
π
3

Ex.: Escreva na forma polar o complexo z = 4 ‧ (cos


[
z3 = 2 ‧ cos

6
+ i ‧ sen

6 ] ( ) ( )
=2‧ –
√3
2
1
+2‧ – i
2
z3 = – √3 – i
45° + i ‧ sen 45°)
Para k = 4,
Se z = ⍴ θ

[ ( ) ( )]
Logo: z = 4 45° π π π π
z4 = 2 ‧ cos +4‧ + i ‧ sen +4‧
6 3 6 3
Equações Binomiais

Denominamos Equação Binomial, toda equação


[
z4 = 2 ‧ cos

2
+ i ‧ sen

2 ]
= 2 ‧ 0 + 2 ‧ (– 1)i

z4 = – 2i
que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
Para k = 5,
axn + b = 0

Sendo a, b ∈ C, a ≠ 0 e n ∈ N [ (
z5 = 2 ‧ cos
π
6
+5‧
π
3 ) π π
+ i ‧ sen
6
+5‧
3 ( )]
Podemos resolver qualquer equação binomial, iso-
lando xn e aplicando a definição de radiciação em C.
[
z5 = 2 ‧ cos
11π
6
+ i ‧ sen
11π
6
=2‧
√3
2 ] ( ) ( )
1
+2‧ – i
2
z5 = √3 – i

Para um melhor entendimento, vamos ver um Portanto o conjunto solução da equação x6 + 64 =


exemplo a seguir. 0 é:
Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 64
=0 S = {√3 + i, 2i, – √3 + i, – √3 – i, – 2i, √3 – i}

x6 + 64 = ⇒ x6 = – 64 ⇒ x= 6√–64 Equações Trinomiais

Fazendo z = – 64, temos: ⍴ = |z| = 64 e θ = π . Denominamos Equação Trinomial, toda equação


que pode ser escrita irredutivelmente como a seguir:
Logo:
ax2n + bxn + c = 0

262
zk = 6√64 ‧ ( cos
π + 2kπ
6
+ i ‧ sen
π + 2kπ
6 ) Sendo a, b, c ∈ C, a ≠ 0, b ≠ 0 e n ∈ N
Podemos resolver qualquer equação trinomial Para k = 0,
fazendo o seguinte:

z Dizemos que xn = y;
z0 = 2 ‧ ( cos
π+2‧0‧π
3
+ i ‧ sen
π+2‧0‧π
3 )
z Encontramos as raízes da equação ay2 + by + c = 0;
z Logo após fazemos a substituição em xn = y1 e xn =
z0 = 2 ‧ (
cos
π
3
+ i ‧ sen
π
3)
y2, encontrando assim as raízes. z0 = 1 + i √3

Para k = 1,
Ex.: Vamos calcular as raízes da equação: x6 + 7x3
–8=0

Fazendo x3 = y, temos: y2 + 7y – 8 = 0,
z1 = 2 ‧ ( π+2‧1‧π
cos
3
+ i ‧ sen
π+2‧1‧π
3 )
z1 = 2 ‧ (cos π + i ‧ sen π) = 2 ‧ (– 1 + 0)
z1 = – 2
Resolvendo a equação do segundo grau na variá-
vel y, temos: y1 = 1 e y2 = – 8 Para k = 2,

Vamos resolver a equação binomial: z2 = 2 ‧ ( cos


π+2‧2‧π
3
+ i ‧ sen
π+2‧2‧π
3 )
xn = y1 ⇒ x3 = 1 ⇒ x = ∛1 z2 = 2 ‧ ( cos

3
+ i ‧ sen
) (

3
=2‧
1
2
–i
2)
√3

z2 = 1 – i√3
Como z = 1, o valor do seu módulo é 1 e o argumen-
to é zero. Logo o conjunto solução da equação x6 + 7x3 – 8 =
0, será:
Logo teremos:

zk 1 ‧ ( cos
2kπ
+ i ‧ sen
2kπ
)
S=
{ 1, –
1
2
+i
√3
2
1
,– –i
2
√3
2
, 1 + i√3, –2, 1 – i√3
}
3 3

Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Para k = 0, 1. (CESGRANRIO – 2010) Sejam w = 3 - 2i e y = m + pi
dois números complexos, tais que m e p são números
z0 = 1 ‧ ( 2‧0‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧0‧π
3 ) reais e i, a unidade imaginária. Se w + y = -1 + 3i, con-
clui-se que m e p são, respectivamente, iguais a:
z0 = 1 ‧ (cos 0 + i ‧ sen 0) = 1 + 0
z0 = 1 a) –4e1
b) –4e5
Para k = 1, c) 2e1
d) 2e5

z1 = 1 ‧ ( 2‧1‧π
cos
3
+ i ‧ sen
2‧1‧π
3 ) e) 4e–1

( )
2π 2π Partindo da igualdade inicial e substituindo os valo-
z1 = 1 ‧ cos + i ‧ sen res de w e y, fornecidos no enunciado, temos:
3 3
W+y= -1+ 3i
1 √3
z1 = – – i (3 – 2i) + (m + pi) = -1 + 3i
2 2 3+m – 2i + pi = -1 + 3i
(3 +m) + (-2 + pi) = -1 + 3i
Para k = 2, (3+m) + (-2 + p)i = -1 = 3i
Fazendo a comparação por meio da igualdade,
z2 = 1 ‧ ( cos
2‧2‧π
3
+ i ‧ sen
2‧2‧π
3 ) temos que:
3+m = -1
z2 = 1 ‧ cos (1

3
+i‧
√3

3 ) m = -1 – 3
m = -4
z2 = – – i e
2 2 -2 + p = 3
p = 3+2
Agora, vamos resolver a equação binomial: xn = p=5
y2 ⇒ x3 = – 8 ⇒ x = ∛– 8 Portanto m = -4 e p = -5
MATEMÁTICA

Como z = – 8, o valor do seu módulo é 8 e o argu- Resposta: Letra B.


mento é igual a π.
2. (CESGRANRIO – 2011) Sendo i a unidade imaginária
(3 + i)2
Logo teremos: e escrevendo o complexo z = na forma z= a+bi,
tem-se que a+b é igual a: 1+i

zk = 2 ‧ ( cos
π + 2kπ
3
+ i ‧ sen
π + 2kπ
3 ) a) -1
b) 1
Fazendo k = 0, 1 e 2, teremos: c) 2 263
d) 6 4. (QUADRIX – 2014) Observe o número complexo a
e) 8 seguir, representado graficamente por meio de um
Plano de Argand-Gauss.
O primeiro passo é desenvolver o quadrado da soma
no numerador da fração, fazendo isso temos: Y

(3 + i)2 (32 + 2 ‧ 3 ‧ i + i2) (9 + 6 ‧ i + (– 1)) 8 + 6i


z= = = =
1+i 1+i 1+i 1+i
1
Veja que agora temos uma divisão simples entre
dois números complexos, multiplicando o denomi-
nador pelo seu conjugado, teremos:

8 + 6i (8 + 6i) (1 – i) 8 – 8i +6i – 6i2


= ‧ = =
1+i (1 + i) (1 – i) 12 – i2 θ

8 – 2i – 6 ‧ (– 1) 14 – 2i 14 2i 0 √3
= = = =7–i X
1 – (– i) 2 2 2
Logo o número z = a + bi é igual a z = 7 – i, onde a =
7 e b = – 1, Portanto a + b = 7 + (– 1) = 7 – 1 = 6Res-
posta: Letra D.
Assinale a alternativa que contém o valor do módulo
3. (UFMT – 2013) Considere os números complexos z1 desse número complexo.
= 1 + i e z2 = i2 ‧ z1, em que i é a unidade imaginária.
Subtraindo-se o argumento de z2 do argumento de z1, a) √3
obtém-se: b) 1
c) 0
5π d) 2
a) e) 4
4
π
b) Pelo plano de Argand-Gauss, temos o seguinte ponto
4
c) π P= (√3, 1), como a coordenada x do ponto é a parte
d) 2π real do número complexo e a coordenada y é a parte
imaginária, teremos o seguinte número complexo: z
Primeiramente vamos encontrar o valor de z2: = √3 + i, onde a = √3 e b = 1.
Calculando o módulo de z, teremos:
z2 = i2 ‧ z1
z2 = (– 1) ‧ (1 + i) ⍴ = √a2 + b2 = √(√3)² + 1² = √3 + 1 = √4 = 2
z2 = – 1 – i
Resposta: Letra D.
Agora vamos encontrar os argumentos de z1 e z2,
5. (QUADRIX – 2018) O número complexo:
encontrando primeiro o valor do módulo de cada
( 1
)
12
um deles: √3
+ i
2 2 é igual a:
|z1| = √a² + b² = √(1)² + (1)² = √1 + 1 = √2
a) √3 + 1 i
2 2
|z2| = √a² + b² = √(– 1)² + (– 1)² = √1 + 1 = √2
1
b) + √3
2 2 i
Argumento de z1:
c) √3 + i

}
a 1 √2
cos θ = = = 2 π d) i
|z1| √2
⇒θ= 4
b 1 √2 e) 1
sen θ = = = 2
|z1| √2
Vamos resolver este exercício utilizando a primeira
Argumento de z2:
fórmula de Moivre.

}
a –1
√3 1
cos α = = =–
√2 Primeiramente vamos passar + i para a for-
|z1| √2 2 5π 2 2
⇒α = 4
b –1 √2
ma trigonométrica:
sen α = = =– 2

{
|z1| √2
√3 1 i⇒ √3
+ a= eb= 1
Fazendo o argumento de z2 menos o argumento de 2 2 2 2
z1, temos:
Calculando o módulo de z, temos:
α–θ=

4 – ( π4 ) = 5π4– π = 4π4 = π
√( ) ( ) √ 1 3 1 4

2
√3 2
⍴ = √a2 + b2 = + = 4 + 4 = 4 = √1 = 1
264 Resposta: letra C. 2 2
Calculando o argumento de z, temos: Considere que em um tanque C, inicialmente vazio,

}
tenham sido despejadas certas quantidades das mis-
√3 turas dos tanques A e B totalizando 100 L. Considere
cos θ =
a
= 2 =
√3 também que, depois de homogeneizada essa mistura
⍴ 1 2 no tanque C, a separação de álcool e gasolina por um
⇒ θ = 30°
1 processo químico tenha mostrado que nesses 100 L,
b 2 1 22 L eram de álcool. Nessa situação, para formar essa
sen θ = = 1 = 2 mistura no tanque C foram usados mais de 55 L da

mistura do tanque A.
Então
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z = p . (cos 0 + i . sem 0) = 1 . (cos 30° + i . sem 30°)
3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito dessas mis-
Logo, temos que: turas, julgue o item subsequente.

( ) Para que a proporção álcool/gasolina no tanque A fique


12
√3 1
+ i = [1 . (cos 30° + i ‧ sen 30°)]12 igual à do tanque B é suficiente acrescentar no tanque
2 2

( )
√3 1 12 A uma quantidade de álcool que é inferior a 25 L.
+ i = [112 . (cos 12 ‧ 30° + i ‧ sen 12 ‧ 30°)]
2 2

( )
12 ( ) CERTO  ( ) ERRADO
√3 1
+ i = (cos 12 ‧ 30° + i ‧ sen 12 ‧ 30°)
2 2 4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) De um grupo formado
( )
12
√3 1 por 10 soldados veteranos e 15 soldados novatos serão
+ i = (cos 360° + i ‧ sen 360°)
2 2 escolhidos, aleatoriamente, 3 soldados para compor a

( )
12
√3 1 guarda do quartel durante uma noite. A respeito dessa
+ i = (1 + 0)
2 2 guarda, julgue o próximo item.

( )
12
√3 1
+ i =1 A probabilidade de a guarda ser composta somente
2 2
por soldados veteranos é superior a 6%.
Resposta: Letra E.
( ) CERTO  ( ) ERRADO

5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Leia a proposição a seguir


para responder às questões 5, 6 e 7.
HORA DE PRATICAR!
A figura seguinte mostra a planta baixa de um condo-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de análise de mínio. O terreno ocupado pelo condomínio é um qua-
dados, julgue o próximo item. drado de lados que mede 60 m. Nesse condomínio,
O gráfico a seguir mostra a distribuição de frequência as áreas indicadas por E1, E2 e E3 correspondem aos
de delitos ocorridos em determinado bairro nos seis locais onde estão construídos os prédios residenciais,
primeiros meses de 2018. e as regiões em branco correspondem às vias de livre
circulação para pedestres e veículos.

Nesse caso, a média dos delitos ocorridos no semes-


tre considerado foi superior à média dos delitos ocor-
ridos no segundo trimestre.

( ) CERTO  ( ) ERRADO


MATEMÁTICA

2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Leia a proposição a seguir A partir da figura e das informações precedentes, jul-
para responder às questões 2 e 3. gue o item a seguir, considerando que a área de E2
seja igual a 200 m2.
Em um tanque A, há uma mistura homogênea de 240 L
de gasolina e 60 L de álcool; em outro tanque B, 150 L Situação hipotética: Dois policiais devem ir do ponto
de gasolina estão misturados homogeneamente com A ao B, pelas vias de livre circulação, cada um deles
50 L de álcool. fazendo um caminho diferente, sem passar duas
vezes pelo mesmo local. Toda vez que os dois poli-
A respeito dessas misturas, julgue o item subsequente. ciais chegarem ao ponto B, conta-se como realizado 265
um trajeto. Assertiva: Nessa situação, a quantidade 10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subse-
de trajetos distintos que os policiais poderão percorrer quente, relativo às funções f(x) = 30 – log2(x) e g(x) =
é inferior a 40. 7x – 2xcos(πx).
O domínio da função f(x) é o conjunto dos números
( ) CERTO  ( ) ERRADO reais positivos e f(8) = 27.

6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A partir da figura e das ( ) CERTO  ( ) ERRADO


informações precedentes, julgue o item a seguir, con-
siderando que a área de E2 seja igual a 200 m2. 11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subse-
Se a área de E3 for igual à área da região ocupada quente, relativo às funções f(x) = 30 − log2 (x) e g(x)
pelas vias de livre circulação e se a área de E1 for igual = 7x − 2x cos(πx).
a 900 m2, então a área de E3 será igual a 1.250 m2. A função g(x) é crescente e g(3) < 25.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO

7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A partir da figura e das 12. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito de números
informações precedentes, julgue o item a seguir, con- complexos e sua representação no plano complexo, jul-
siderando que a área de E2 seja igual a 200 m2. gue o seguinte item.
Considere que um edifício residencial de 8 andares Se z = 6 + 7i, então as imagens das representações
a partir do térreo ocupe toda a área E2. Nesse caso, geométricas de z e de z2 estão em um mesmo qua-
se a altura de cada andar desse edifício for de 3 m, drante do plano complexo.
então o edifício forma um sólido de volume inferior a
5.000 m3. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

( ) CERTO  ( ) ERRADO 13. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No item a seguir é apre-


sentada uma situação hipotética, seguida de uma
8. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No item a seguir é apre- assertiva a ser julgada, a respeito de modelos linea-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma res, modelos periódicos e geometria dos sólidos.
assertiva a ser julgada, a respeito de modelos linea- O tanque para água de um veículo de combate a
res, modelos periódicos e geometria dos sólidos. incêndio tem a forma de um paralelepípedo retângulo
Os soldados Pedro e José, na função de armeiros, e está completamente cheio. No combate a um incên-
são responsáveis pela manutenção de determinada dio, gastou- se 1/3 de sua capacidade. No combate a
quantidade de armas da corporação — limpeza, lubri- um segundo incêndio, gastou-se 3/7 do que sobrou.
ficação e municiamento. Se Pedro fizer a manuten- Nesse caso, depois de extintos os dois incêndios, res-
ção das armas que estavam a seu encargo e de mais tou, no tanque, água até uma altura superior a 1/3 da
50 que estavam a cargo de José, então Pedro fará a altura original.
manutenção do dobro de armas que sobraram para
José. Se José fizer a manutenção das armas que ( ) CERTO  ( ) ERRADO
estavam a seu encargo e de mais 60 que estavam a
cargo de Pedro, José fará a manutenção do triplo de 14. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação a sistemas
armas que sobraram para Pedro. Nesse caso, a quan- lineares e análise combinatória, julgue o item.
tidade de armas para manutenção a cargo de Pedro e Para todo sistema linear da forma AX = B, em que A é
José é superior a 260. uma matriz quadrada m × m, X e B são matrizes colu-
nas m × 1, e det(A) = 0, o sistema não tem solução.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
9. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No item a seguir é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma 15. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Leia a proposição a seguir
assertiva a ser julgada, a respeito de modelos linea- para responder às questões 1 e 2.
res, modelos periódicos e geometria dos sólidos.
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente, Supondo que, na construção de uma laje, tenham sido
considerado apto na avaliação médica das condições gastos 8 m3 somados os volumes de areia e brita
de saúde física e mental, foi convocado para o teste utilizados, e sabendo que o metro cúbico de areia e
de aptidão física, em que uma das provas consiste em o de brita custaram, respectivamente, R$ 142,00 e R$
uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como 48,00 e que foram gastos R$ 666,00 na compra desses
Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar 2 produtos, julgue o item seguinte.
o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
uma quantidade constante, a cada minuto, a distância Na compra de brita, foi gasto valor inferior a R$ 238,00.
percorrida no minuto anterior. Nesse caso, se Manoel,
seguindo seu plano, correr 125 metros no primeiro ( ) CERTO  ( ) ERRADO
minuto e aumentar de 11 metros a distância percorri-
da em cada minuto anterior, ele completará o percurso 16. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Foram comprados mais
no tempo regulamentar. de 2,8 m3 de areia.

266 ( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO


17. (CESPE-CEBRASPE – 2012) Determinada compa- 9 GABARITO
nhia aérea possui uma frota com cinco aviões: dois
deles têm capacidade para 138 passageiros; outros
dois, para 180 passageiros e um, para 264 passagei- 1 CERTO
ros. Julgue o item a respeito dessa frota.
Considere a sequência x0, x1, ... , x20, em que x0 2 CERTO
= quantidade de passagens vendidas em 1990, x1 3 CERTO
= quantidade de passagens vendidas em 1991, e
assim sucessivamente. Nesse caso, se essa sequên- 4 ERRADO
cia está em progressão aritmética, se x0 = 350 e x2 =
380, então em 2005 a companhia vendeu mais de 560 5 ERRADO
passagens. 6 CERTO

( ) CERTO  ( ) ERRADO 7 CERTO

8 CERTO
18. (CESPE-CEBRASPE – 2011)
9 ERRADO

10 CERTO

11 ERRADO

12 ERRADO

13 CERTO

14 ERRADO

15 ERRADO
A fim de se prevenirem possíveis deslizamentos de
terra, será construída uma sequência de 6 muros de 16 CERTO
contenção, verticais e paralelos, em uma região plana
e horizontal ao pé de uma encosta, como ilustrado 17 CERTO
na figura acima. A distância entre os muros será de
18 ERRADO
2 m e uma longa viga metálica retilínea será fixada
no topo de cada um, a partir do sexto muro — o mais 19 ERRADO
próximo da encosta —, descendo até o solo, depois de
passar pelo topo do primeiro muro — o mais distante 20 CERTO
da encosta —, de modo a servir de escora e aumen-
tar a resistência da barreira de contenção. O terceiro e
o sexto muros ordenados do mais baixo para o mais
alto terão, respectivamente, 2,5 m e 5 m de altura.
ANOTAÇÕES
Considerando a situação hipotética acima apresenta-
da, julgue o item que se segue.

A sequência correspondente aos números que deter-


minam as alturas dos muros, em metros e em ordem
crescente, é uma progressão aritmética de razão
superior a 0,85.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Considere as funções


f(x) = x2 − 7x + 11 e g(x) = 3x − 5, em que x é um núme-
ro real. Sabendo que a e b, com a < b, são os valores
de x para os quais f(x) = g(x), julgue o item a seguir.
Se a e b são 2 termos de uma progressão aritmética,
de 3 termos, com razão positiva e inferior a 5, então o
produto dos termos dessa progressão é superior a 81.
MATEMÁTICA

( ) CERTO  ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Considerando a sequên-


cia de Fibonacci em que a1 = a2 = 1 e an+2 = an +
an+1, para η = 1, 2, 3, ... , julgue o item a seguir. Os
números a3, a5 e a6 formam, nessa ordem, uma pro-
gressão aritmética.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 267


ANOTAÇÕES

268
Os militares são agentes públicos que exercem fun-
ções específicas, voltadas, principalmente, à defesa
nacional e à segurança pública. Esses agentes públicos
se submetem a um regime jurídico diferente daquele
ao qual se submetem os agentes civis. Os militares da
LEGISLAÇÃO PERTINENTE União são os vinculados às Forças Armadas: Exército,
Marinha e Aeronáutica. Já nos Estados, temos as for-
AO POLICIAL MILITAR DE ças de segurança pública: Polícias Militares e Corpos
de Bombeiros Militares.
ALAGOAS Art. 2º A Polícia Militar do Estado de Alagoas, For-
ça Auxiliar e Reserva do Exército, é uma instituição
permanente, organizada com base na hierarquia e
na disciplina, subordinada administrativa e opera-
LEI ESTADUAL Nº 5.346/1992 cionalmente ao Governador do Estado, incumbida
(ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES das atividades de polícia ostensiva e da preserva-
ção da ordem pública.
DO ESTADO DE ALAGOAS)
O art. 3º aponta que os militares se posicionam em
GENERALIDADES uma das seguintes condições:

Da Finalidade a) na ativa
I - os militares de carreira;
O art. 1º do presente Estatuto define que: II - os alunos dos cursos de formação policial mili-
tar, em todos os níveis, e os alunos dos cursos de
Art. 1º O presente Estatuto tem o fim de regular a adaptação de , quando procedentes do meio civil;
situação, deveres, direitos e prerrogativas dos III - os componentes da reserva remunerada, quando
servidores públicos militares do Estado de Alagoas. convocados e designados para serviço especificado.
b) na inatividade
I - quando transferido para reserva remunerada,
Situações permanecem percebendo remuneração do Esta-
do, porém sujeitos à prestação de serviço ativo,
mediante convocação e designação:
II - reformados, quando tendo passado por uma ou
duas situações anteriores, ativa e reserva remune-
Direitos e rada, estão dispensados definitivamente da pres-
Estatuto Regulará tação de serviço ativo, continuando a perceber
Deveres
remuneração do Estado.

A lei define, ainda, que os militares podem ser:

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


Prerrogativa z De carreira: Aqueles que, oriundos do meio civil,
concluírem cursos de formação policial militar em
todos os níveis ou de adaptação de oficiais, perma-
z Características da Polícia Militar do Estado de necendo no serviço policial militar;
Alagoas: z Temporários: Aqueles que, oriundos do meio civil,
são matriculados, após concurso público, para fre-
„ É uma instituição permanente; quentarem curso de formação policial militar ou
„ Organizada com base na hierarquia e na disciplina; de adaptação de oficiais.
„ Incumbida das atividades de polícia ostensiva
e da preservação da ordem pública. É privativa de brasileiro nato a carreira de oficial
da Polícia Militar.
z Subordinação:
CONCEITUAÇÃO
O art. 2º da Lei traz a premissa de que os milita-
res estaduais exercem funções específicas, estando Dentro do âmbito do nosso Estatuto, é importante
subordinados ao Exército Brasileiro. Neste sentido, conhecer os termos e situações trazidas e aplicadas
a Lei aponta para a subordinação que os policiais pelo mesmo. Neste sentido, o Estatuto traz, em seu art.
militares possuem, dada a natureza da atividade que 6º, todos os conceitos aplicados em sua constituição,
desempenham. para uma melhor compreensão. Vejamos:
Assim, pode-se citar duas formas de subordinação:
z Polícia Ostensiva: é o ramo da polícia administra-
z Subordinação Administrativa e operacional: tiva que tem atribuição para a prática de atos de
Governador do Estado; prevenção e repressão destinadas à preservação
z Subordinação para fins de defesa interna: da Ordem Pública;
Exército Brasileiro (devendo estar adestrada, para z Ordem Pública: é a situação de convivência pacífi-
desempenhar os misteres pertinentes a missão – ca e harmoniosa da população, fundada nos prin-
conforme Parágrafo Único, do Art. 2º). cípios éticos vigentes na sociedade; 269
z Serviço Ativo: é aquele desempenhado pelo poli- DO INGRESSO, HIERARQUIA E DISCIPLINA
cial militar nos órgãos, cargos e funções previstas
na legislação pertinente. Do Ingresso na Polícia Militar
Vale frisar que são equivalentes as expressões
“serviço ativo”, “em atividade”, “na ativa”, “da ati- O art. 7º assim dispõe:
va”, “em serviço ativo”, “em serviço na ativa”, “em
serviço”, e “em atividade policial militar”. O ingresso na Polícia Militar do Estado de Alagoas
z Posto: é o grau hierárquico privativo do oficial, é facultado a todos os brasileiros, sem distinção de
conferido por ato do Chefe do Poder Executivo; raça, sexo, cor ou credo religioso, mediante matrí-
z Graduação: é o grau hierárquico privativo das pra- cula ou nomeação, após aprovação em concurso
ças, conferido por ato do Comandante Geral; público de prova ou provas e títulos, desde que
z Precedência: é a condição hierárquica assegurada observadas as seguintes condições.
entre os quadros e dentro destes, pela antiguidade
do posto ou graduação; Então, quem pode ingressar na carreira de poli-
z Policial Militar Temporário: condição de servi- cial militar?
ço ativo transitório, exercido por policial militar, Todos os brasileiros, sem distinção de raça, sexo,
quando oriundo do meio civil, para frequentar cor ou credo religioso.
curso de formação ou adaptação de oficiais;
z Cargo: é o encargo administrativo previsto na legis- Quais os requisitos?
lação da Corporação, com denominação própria,
atribuições específicas e estipêndio corresponden- z Grau de instrução de nível médio ou superior;
te, devendo ser provido e exercido na forma da lei; z Idade dentro dos limites estabelecidos;
z Função: é o exercício do cargo, através do conjun- z Altura mínima de 1,65m (um metro e sessenta e cin-
to dos direitos, obrigações e atribuições do policial co centímetros), se do sexo masculino, e 1,60m (um
militar em sua atividade profissional específica; metro e sessenta centímetros), se do sexo feminino;
z Hierarquia: é a ordenação da autoridade nos dife-
z Aptidão física e intelectual comprovadas através
rentes níveis, dentro da estrutura policial militar;
de exames específicos;
z Disciplina: é a rigorosa observância e acatamento
z Sanidade física e mental;
integral das leis, regulamentos, normas e dispositivos
z Idoneidade moral;
que fundamentam a Organização Policial Militar;
z Não estar exercendo nem ter exercido atividades
z Matrícula: é o ato administrativo do Comandante
prejudiciais ou perigosas à Segurança Nacional.
que atribui direito ao policial militar designado
para frequentar curso ou estágio;
z Nomeação: é a modalidade de movimentação em Existe limite de idade?
que o cargo a ser ocupado pelo policial militar é
nela especificado; Sim. O limite de idade para ingresso no cargo de
z Extraviado ou Desaparecido: é a situação de desa- Cadete para os que já são praças da Corporação obe-
parecimento do policial militar quando não hou- decerá aos seguintes limites:
ver indícios de deserção;
z Deserção: é a situação em que o policial militar z Sexo masculino:
deixa de comparecer, sem licença, à unidade onde
serve por mais de oito dias consecutivos; „ Subtenente – até 50 (cinquenta) anos;
z Ausente: é a situação em que o policial militar dei- „ 1º Sargento – até 49 (quarenta e nove) anos;
xa de comparecer ou se afasta de sua organização „ 2º Sargento – até 48 (quarenta e oito) anos;
por mais de vinte e quatro horas consecutivas; „ 3º Sargento, Cabo e Soldado - até 47 (quarenta
z Organização Policial Militar (OPM): é a denomina- e sete) anos.
ção genérica dada aos órgãos de direção, apoio e
execução, ou qualquer outra unidade administra- z Sexo feminino:
tiva da Corporação;
z Efetivação: é o ato de tornar o policial militar efeti- „ Subtenente – até 42 (quarenta e dois) anos;
vo no seu respectivo quadro; „ 1º Sargento – até 40 (quarenta) anos;
z Serviço Temporário: é o período de tempo viven- „ 2º Sargento – até 39 (trinta e nove) anos;
ciado no serviço ativo, para onde os militares, „ 3º Sargento, Cabo e Soldado – até 37 (trinta e
quando oriundo do meio civil, se encontram matri- sete) anos.
culados nos cursos de formação ou adaptação;
z Comissionado: é o grau hierárquico temporário,
Como?
atribuído pelo Comandante Geral ao policial mili-
tar oriundo do meio civil, matriculado em curso de
formação ou adaptação; Mediante matrícula ou nomeação, após aprova-
z Interinidade: é a situação em que se encontra o ção em concurso público de prova ou provas e títulos,
policial militar no exercício de cargo cujo provi- observadas as condições prescritas em regulamentos
mento é de grau hierárquico superior ao seu; da Corporação.
z Legislação Básica: é a legislação federal ou esta-
dual que serve de base na elaboração da legislação Existe a possibilidade de contratação temporária?
peculiar;
z Legislação Peculiar: é a legislação inerente às ativi- Sim. Os parágrafos do art. 8º preveem também
dades ou administração da Polícia Militar, legisla- a incorporação no serviço temporário. Com a incor-
ção própria da Corporação; poração no serviço temporário, o voluntário selecio-
z Legislação Específica: é a legislação que trata de nado será comissionado pelo Comandante Geral nos
270 um único assunto. seguintes graus hierárquicos:
z Soldado 3ª classe, para os alunos do curso de for- I - freqüentam o círculo de oficiais subalternos: O
mação de soldados de ambos os sexos. Ao concluir aspirante a oficial e, excepcionalmente ou em reu-
o curso, o policial militar será efetivado por ato do niões sociais, o cadete e o aluno do CHO.
Comandante Geral, e promovido a Soldado; II - freqüenta o círculo de subtenentes e sargentos:
z Cabo, para os alunos do curso de formação de sar- Excepcionalmente ou em reuniões sociais, o aluno
gentos, quando oriundos do meio civil ou soldado do Curso de Formação de Sargentos.
III - freqüentam o círculo de cabo e soldado: Os alu-
da corporação. Ao concluir o curso, o policial mili-
nos dos cursos de formação de cabos e soldados.
tar será efetivado por ato do Comandante Geral, e
promovido a Sargento;
Sempre que o policial militar da reserva ou refor-
z Cadete do 1º, 2º e 3º ano respectivamente, para os
mado fizer uso do posto ou da graduação, deverá
alunos do curso de formação de oficiais. Ao con-
mencionar esta situação.
cluir com aproveitamento o último ano do curso,
O art. 12 define ainda a questão da precedência,
o policial militar será declarado Aspirante a Oficial
que se pode observar:
por ato do Comandante Geral;
z Aspirante a Oficial, para os alunos de curso ou Art. 12 A precedência entre os Policiais Militares
estágio de adaptação de oficiais. Após a conclu- da ativa no mesmo grau hierárquico, é assegurada
são do curso ou estágio de adaptação de oficiais, pela antiguidade no posto ou graduação, ressalva-
serão promovidos ao posto de 2º Tenente exceto os do os casos de precedência funcional estabelecido
classificados em primeiro lugar, por especialidade, em lei ou regulamento.
que serão promovidos ao posto de 1º Tenente, por
ato do Governador do Estado, mediante proposta O art. 13 dispõe que: “a antiguidade em cada posto
do Comandante Geral. ou graduação é contada a partir da data da publicação
do ato da respectiva promoção, declaração, nomeação
Da Hierarquia e da Disciplina ou inclusão”. O dispositivo ponta, ainda, que caso haja
igualdade na antiguidade, a mesma será estabelecida
A hierarquia e disciplina conforme o art. 9º da Lei, através dos seguintes critérios:
são a base institucional da Polícia Militar e devem ser
respeitadas por todos militares da ativa, da reserva a) promoção na mesma data, o mais antigo será
remunerada e reformados. aquele que o era no posto ou graduação anterior,
e assim sucessivamente até que haja o desempate;
Art. 9º A hierarquia e disciplina são a base institu- b) declaração na mesma data, o mais antigo será
cional da Polícia Militar. aquele que obteve maior grau intelectual no final
do curso;
c) nomeação na mesma data, o mais antigo durante
A hierarquia é estabelecida por postos e por gra-
a realização do curso ou estágio de adaptação será
duações. Quando maior o grau hierárquico, maior
aquele que obteve maior grau no concurso público,
serão a autoridade e a responsabilidade.
e quando da sua efetivação, será mais antigo aquele
A disciplina baseia-se no regular e harmônico que o concluir com maior grau;
cumprimento do dever de cada componente da Polí- d) inclusão na mesma data, o mais antigo será aque-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


cia Militar. le que obteve maior grau no concurso de admissão;
e) promoção por conclusão de curso de formação
Dos Círculos Hierárquicos na mesma data, o mais antigo será aquele que obte-
ve maior grau intelectual no final do curso;
São âmbitos de convivência entre os militares de f) entre os cadetes a antigüidade será estabelecida
uma mesma categoria e têm a finalidade de desenvol- pelo ano em que o mesmo se encontre cursando;
ver o espírito de camaradagem em ambiente de esti-
ma e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo. Os parágrafos §§ 2º e 3º regulam situações
de empate e igualdade de posto ou graduação,
Art. 10 Os círculos hierárquicos são âmbitos de respectivamente:
convivência entre os Policiais Militares de uma
mesma categoria e têm a finalidade de desenvolver § 2º Caso persista o empate na antigüidade, a mes-
o espírito de camaradagem em ambiente de estima ma será definida através da data do nascimento,
e confiança, sem prejuízo do respeito mútuo. onde o mais idoso será o mais antigo.
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação, os
z Classificação (Art. 11): militares da ativa têm precedência sobre os da
inatividade.
a) os círculos hierárquicos de oficiais:
I - círculo de oficiais superiores: Coronel; Tenente- z O aluno do Curso de Habilitação a Oficial será
-Coronel e Major equiparado hierarquicamente ao Cadete do último
II - círculo de oficiais intermediários: Capitão ano;
III - círculo de oficiais subalternos: Primeiro Tenen- z Os aspirantes a oficial e os cadetes são denomina-
te e Segundo Tenente dos “Praças Especiais”;
b) os círculos hierárquicos de praças: z A precedência entre as Praças Especiais e as
I - círculo de subtenentes e sargentos: Subtenente; demais praças, é assim regulada (Art. 14):
Primeiro Sargento; Segundo Sargento e Terceiro
Sargento. I - o aspirante a oficial é hierarquicamente superior
II - círculo de cabos e soldados: Cabo e Soldado as demais praças;
Condições para a freqüência dos círculos: II - o cadete é hierarquicamente superior ao subtenente. 271
DO CARGO, FUNÇÃO, COMANDO E SUBORDINAÇÃO z No Corpo de Bombeiros Militar do Estado de
Alagoas;
Do Cargo e da Função z Na Secretaria Especializada de Cidadania e Direi-
tos Humanos.
O art. 15 traz a definição do cargo policial militar, como
se pode observar: “O cargo Policial Militar é aquele especifi- O § 2º do art. 18, dispõe o tempo de ocupação nos
cado nos Quadros da Organização da Corporação”. referidos cargos:
A lei ainda define que o provimento se dá quando
da satisfação aos requisitos de grau hierárquico e qua- § 2º Os militares nomeados ou designados para o
lificação exigidas para seu desempenho. exercício dos cargos previstos no parágrafo primei-
ro deste artigo só poderão permanecer no máximo,
nesta situação por um período de quatro anos, con-
Art. 17 O cargo Policial Militar é considerado vago
tínuos ou não, exceto quando no exercício da chefia
a partir das seguintes situações:
do gabinete ou da assessoria.
I – na data de sua criação;
§ 3º Ao término de cada período previsto no pará-
II – na data da exoneração de titular.
grafo segundo deste artigo, o policial militar terá
Parágrafo único. Considera-se também vago, cujo que retornar a Corporação, onde aguardará, no
ocupante tenha: mínimo, o prazo de dois (02) anos para um novo
I – falecido, a partir da data do falecimento; afastamento.
II – sido considerado extraviado ou desertor, a par-
tir da data do termo de deserção ou extravio.
O exercício, por policial militar, de cargo ou fun-
ção não especificados na legislação da Corporação
Quando o ocupante tiver será considerado de natureza civil.
falecido, a partir da data do Qualquer função, que, pela sua natureza, generali-
falecimento dade, peculiaridade, vulto ou duração não foi catalo-
gada no Quadro de Organização da Corporação, será
cumprida como encargo, serviço ou comissão de ativi-
dade policial militar.
Na data da
Na data de DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS, DEVERES E
Vacância exoneração
sua criação OBRIGAÇÕES E ÉTICA DOS MILITARES
do titular

Dos Direitos e Prerrogativas

Art. 30 Os direitos e prerrogativas dos Policiais


Considerado extraviado ou Militares são constituídos pelas honras, dignidade
desertor, a partir da data do e distinção devida aos graus hierárquicos e cargos
termo de deserção ou extravio exercidos.

Os direitos e prerrogativas dos militares são cons-


O art. 18 dispõe sobre as funções militares e o exer-
tituídos por:
cício em outros órgãos:
z Honras;
Art. 18 São funções Policiais Militares o exercício
z Dignidade;
dos cargos previstos nos Quadros de Organização
da Corporação.
z Distinção devida aos graus hierárquicos e cargos.
§ 1º São consideradas funções Policiais Militares
ou de interesse Policial Militar o exercício do cargo O § 1º traz os direitos e prerrogativas dos militares,
nos seguintes órgãos: que são:

A seguir, estão listados os órgãos nos quais os poli- I - plenitude da patente dos oficiais com as prerro-
gativas, direitos e deveres a elas inerentes, na ativa
ciais militares exercem suas funções:
e na inatividade;
II - uso dos títulos e designação hierárquica corres-
z Em órgãos federais relacionados com as missões pondente ao posto ou graduação;
das Forças Auxiliares; III - uso dos uniformes, insígnias e distintivos da
z Na Casa Militar do Governador; Corporação, de forma privativa, quando na ativa;
z Nas Assessorias Militares; IV - processo e julgamento pela justiça militar esta-
z No Gabinete do Presidente da República ou do dual, nos crimes militares definidos em lei;
Vice-Presidente da República; V - honras, tratamento e sinais de respeito que lhes
z Estabelecimentos de Ensino das Forças Armadas sejam assegurados em leis ou regulamentos;
ou de outra Corporação Militar, no país ou no Exte- VI - prisão especial, em quartel da Corporação, a
rior, como instrutor ou aluno; disposição da autoridade judiciária competen-
te, quando sujeito à prisão antes da condenação
z Outras Corporações Militares, durante o período
irrecorrível;
passado à disposição.
VII - cumprimento de pena privativa de liberda-
z Na Secretaria Coordenadora de Justiça e Defesa de em unidade da própria Corporação ou presí-
Social; dio militar, nos casos de condenação que não lhe
z Em órgãos internacionais quando em missão de implique na perda do posto ou da graduação, cujo
Paz; comandante, chefe ou diretor tenha precedência
272 z Na Polícia Civil do Estado de Alagoas; hierárquica sobre o preso ou detido;
VIII - assistência de oficial, quando praça, e de ofi- I - dedicação integral ao serviço policial militar;
cial de posto superior ao seu, se sujeito a prisão em II - fidelidade a instituição a que pertence, mesmo
flagrante, circunstância em que permanecerá na com o risco da própria vida;
repartição competente da polícia judiciária, somen- III - culto aos símbolos nacionais e estaduais;
te o tempo necessário à lavratura do auto respec- IV - probidade e lealdade em todas as circunstâncias;
tivo, sendo, imediatamente após, conduzido a V - disciplina e respeito a hierarquia;
autoridade policial militar mais próxima, mediante VI - rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
escolta da própria Corporação; VII - tratar o subordinado com dignidade e urbanidade.
IX - porte de arma para oficiais conforme legislação
federal;
O cidadão, após o ingresso e conclusão do curso
X - porte de arma para as praças conforme legisla-
ção federal e restrições impostas pela Corporação; de formação ou adaptação, prestará compromisso
XI - transferência voluntária para a reserva remu- de honra, na forma regulamentar, no qual afirmará
nerada aos trinta (30) anos de serviço, se do sexo a sua aceitação consciente das obrigações e deveres
masculino e vinte e cinco (25) anos, se do sexo institucionais e manifestará sua disposição de bem
feminino; cumprí-los. O compromisso terá caráter solene e será
XII - estabilidade para as praças com mais de dez prestado a Bandeira Nacional.
(10) anos de efetivo serviço;
XIII - décimo terceiro salário com base na remune- Da Violação, dos Deveres e das Obrigações
ração integral, devida no mês de dezembro;
XIV - salário família para os seus dependentes, con-
forme legislação própria; O art. 33 aponta que consiste em violação dos deve-
XV - férias anuais remuneradas com vantagem, de pelo res e das obrigações a prática de crime, de contraven-
menos, um terço a mais do que a remuneração normal; ção e de transgressão disciplinar. É importante saber
XVI - licença à maternidade; que quanto mais elevado for o grau hierárquico de
XVII - licença à paternidade; quem cometer a transgressão, mais grave é conside-
XVIII - assistência jurídica integral e gratuita por rada a violação dos deveres e das obrigações militares.
parte do Estado, quando indiciado ou processado Havendo crime militar e de transgressão discipli-
nos crimes ocorridos em atos de serviço; nar, será considerada a violação mais grave.
XIX - revisão periódica da remuneração dos inati- A inobservância dos deveres especificados nas leis
vos na mesma proporção e na mesma data, sempre
e regulamentos ou na falta de exatidão no cumpri-
que se modificar a remuneração dos militares em
atividade, sendo também estendido aos inativos mento dos mesmos, acarretará para o policial militar
quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente responsabilidade funcional, pecuniária, disciplinar
concedidas aos servidores da ativa, inclusive quan- ou penal, de conformidade com a legislação específica
do decorrentes da reclassificação de cargo ou fun- ou peculiar.
ção ocupada, em que se deu a transferência para
reserva remunerada ou reforma; Art. 33 Constituirão violação dos deveres e das
XX - percepção de remuneração; obrigações Policiais Militares: a prática de crime,
XXI - promoção; de contravenção e de transgressão disciplinar.
XXII - pensão por morte correspondente ao total da § 1º A violação dos deveres e das obrigações Poli-
remuneração do policial militar ativo ou inativo; ciais Militares é tão grave quanto mais elevado for
XXIII - demissão ou licenciamento voluntário; o grau hierárquico de quem a cometer.
XXIV - adicional de remuneração para as ativida-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


§ 2º No concurso de crime militar e de transgressão
des insalubres, penosas ou perigosas, conforme dis- disciplinar, será considerada a violação mais grave.
puser a legislação própria;
XXV - a assistência médico-hospitalar para si e
seus dependentes, assim entendida como um con- Das Transgressões Disciplinares
junto de atividades relacionadas com a prevenção,
conservação ou recuperação da saúde, abrangen- Art. 35 As transgressões disciplinares são especifi-
do serviços profissionais médicos, farmacêuticos cadas no regulamento disciplinar da Polícia Militar
e odontológicos, bem como o fornecimento e apli- do Estado de Alagoas.
cação de meios, cuidados e demais atos médicos e § 1º O regulamento disciplinar da Polícia Militar esta-
para-médicos necessários; belecerá as normas para a aplicação e amplitude das
XXVI - percepção da remuneração do posto ou gra- punições disciplinares.
duação imediatamente superior, quando da sua
transferência para inatividade contar vinte e cinco O prazo máximo para a prisão ou a detenção, nos
(25) anos de efetivo serviço, se do sexo feminino e casos de aplicação das punições disciplinares, é de
trinta (30) anos se do sexo masculino. Caso seja trinta dias.
ocupante do último posto da hierarquia da Corpo-
ração, terá seu soldo aumentado de dois décimos.
XXVII - percepção correspondente ao seu grau hie- Dos Conselhos de Justificação e Disciplina
rárquico, calculada com base no soldo integral,
quando não contando vinte e cinco (25) anos, se do Art. 37 O Oficial, presumivelmente incapaz de
sexo feminino, ou trinta (30), se do sexo masculino, permanecer como Policial Militar da ativa, será
for transferido para reserva remunerada, ex-offí- submetido a Conselho de Justificação na forma da
cio, por ter atingido a idade limite de permanência legislação peculiar.
no serviço ativo, no seu posto ou graduação. § 1º O Oficial, ao ser submetido a Conselho de Jus-
tificação, será afastado do exercício de suas fun-
DOS DEVERES E OBRIGAÇÕES ções, automaticamente, a critério da autoridade
competente.
Art. 31 São deveres dos Policiais Militares aqueles § 2º O Conselho de Justificação também poderá ser
emanados de vínculos racionais e morais que os aplicado aos Oficiais da reserva.
ligam à comunidade e a segurança, compreenden- § 3º O Conselho de Justificação também poderá ser
do essencialmente: aplicado aos oficiais da reserva. 273
XVIII - abster-se na inatividade do uso das designa-
ções hierárquicas, quando:
a) em atividades político-partidárias;
b) em atividades industriais;
c) em atividades comerciais;
d) para discutir ou provocar discussões pela
imprensa a respeito de assuntos políticos ou milita-
res, excetuando-se os de natureza exclusivamente
técnica, se devidamente autorizado;
e) no exercício de função de natureza não policial
militar, mesmo oficiais.
XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de
cada um dos seus integrantes.

DO AUSENTE, DESERTOR, DESAPARECIDO E


EXTRAVIADO

Do Ausente e do Desertor

Quando o policial militar é considerado ausente?

Art. 40 É considerado ausente o policial militar que


por mais de vinte e quatro (24) horas consecutivas:
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR I- deixe de comparecer a sua Organização Policial
Militar sem comunicar o motivo do impedimento;
É estabelecida através do sentimento do dever, II- afaste-se, sem licença, da Organização Poli-
pundonor militar e do decoro da classe, imposta a cial Militar onde serve ou do local onde deva
cada integrante da Polícia Militar, pela conduta moral permanecer.
e profissional irrepreensíveis.
Atente-se ao tempo de 24 horas consecutivas.
Art. 39 A ética Policial Militar é estabelecida através
do sentimento do dever, pundonor militar e do deco- Quando o policial militar é considerado desertor?
ro da classe, imposta a cada integrante da Polícia
Militar, pela conduta moral e profissional irrepreen-
Art. 41 É considerado desertor o policial militar
síveis com observância dos seguintes preceitos:
que por mais de oito (08) dias consecutivos:
I - amar a verdade e a responsabilidade como fun-
I - deixe de comparecer a sua Organização Policial
damento da dignidade pessoal;
Militar, sem comunicar o motivo do impedimento;
II - exercer com autoridade, eficiência e probidade,
II - afaste-se, sem licença, da Organização Policial
as funções que lhe couber em decorrência do cargo;
Militar onde serve ou do local onde deva permanecer.
III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
§ 1º A deserção do policial militar acarreta uma inter-
IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regula-
rupção do serviço ativo, após o cumprimento das for-
mentos, as instruções e as ordens da autoridade
malidades legais, e o desertor é posto na condição de
competente;
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na agregado, se oficial ou praça com estabilidade.
apreciação do mérito dos subordinados; § 2º A demissão do oficial ou a exclusão do policial
VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, militar com estabilidade assegurada vai se proces-
físico e também do subordinado, tendo em vista o sar somente após seis meses de agregação, se não
cumprimento da missão comum; houver captura ou apresentação voluntária antes
VII - empregar toda energia em benefício do serviço; deste prazo.
VIII - praticar permanentemente a camaradagem e
desenvolver o espírito de cooperação; No caso da praça sem estabilidade assegurada,
IX - ser discreto nas atitudes, maneiras e linguagem será automaticamente excluída após oficialmente
escrita e falada; declarada desertora.
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado,
de matéria sigilosa, relativa a segurança nacional Do Desaparecido e Extraviado
ou pública;
XI - respeitar as autoridades civis; Desaparecido é quando o policial militar da ati-
XII - cumprir seus deveres de cidadão; va que, no desempenho de qualquer serviço, viagem,
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública
operações militares ou em caso de calamidade públi-
e na particular;
ca, tiver seu paradeiro ignorado por mais de oito dias
XIV - observar as normas de boa educação;
XV - garantir a assistência moral e material ao seu
(Art. 43).
lar e conduzir-se como chefe de família modelar;
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na ina- Parágrafo Único. A situação de desaparecimento
tividade, de modo que não prejudique os princípios só será considerada quando não houver indício de
da disciplina, respeito e decoro policial militar; deserção.
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da gra-
duação para obter facilidades pessoais de qual- Extraviado é quando o policial militar permane-
quer natureza ou para negócios particulares ou de cer desaparecido por mais de trinta dias, sendo, a
274 terceiros; partir desta data, agregado (Art. 44).
O art. 45 trata das consequências do extravio do
policial militar, quais sejam:

Art. 45 O extravio do policial militar da ativa acar-


retará na interrupção do seu serviço ativo.
§ 1º O desligamento do serviço ativo será feito
seis (06) meses após a agregação por motivo de
extravio.
§ 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástro-
fe, calamidade pública ou outros acidentes oficial-
mente reconhecidos, o extravio do policial militar
da ativa será considerado, para fins deste Estatuto,
como falecimento.

DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO

Das Formas de Exclusão

z Requisitos para quando for ex officio (Art. 51):


Art. 47 A exclusão do serviço ativo da Polícia
I - atingir as seguintes idades limites:
Militar e o consequente desligamento da OPM a
a) círculo dos oficiais
que estiver vinculado o Policial Militar será feita
1.- QOPM
mediante: Coronel - 58 anos
I – transferência para a reserva remunerada; Tenente Coronel - 56 anos
II – reforma; Major - 52 anos
III – demissão; Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente - 50 anos
IV – licenciamento; 2.- QOS

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


V – anulação de incorporação. Coronel - 62 anos
Tenente Coronel - 60 anos
Com exceção ao caso de anulação da incorporação, Major - 58 anos
o Policial Militar será automaticamente afastado do Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente - 57 anos
cargo e posto na condição de adido especial na OPM 3.- QOA e QOE
Major - 58 anos
onde servir, a partir da protocolização do requeri-
Capitão - 57 anos
mento ou ata de inspeção de saúde. 1º Tenente - 56 anos
O desligamento do policial militar da Organização 2º Tenente - 55 anos
em que serve deverá ser feita após a publicação no 4.- CAPELÃO
Boletim Geral do ato oficial correspondente. Major - 62 anos
Capitão - 60 anos
Da Transferência para a Reserva Remunerada 1º Tenente - 58 anos
2º Tenente - 57 anos
Art. 49 A passagem do Policial Militar para a situa- 5.- QOPFem
ção de inatividade, mediante transferência para a Coronel - 50 anos
Tenente Coronel - 48 anos
reserva remunerada, se efetuará: I – a pedido; II
Major - 47 anos
– ex-offício
Capitão, 1º Tenente e 2º Tenente - 45 anos
Parágrafo único. Não será concedida transferência
b) círculo das praças
para reserva remunerada a pedido, ao Policial Mili- 1.- Masculino
tar que: Subtenente - 58 anos
a) estiver respondendo a Inquérito ou Processo em 1º Sargento - 57 anos
qualquer jurisdição; 2º Sargento - 56 anos
b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza. 3º Sargento, Cabo e Soldado - 55 anos
Art. 50 A transferência para a reserva remunerada, 2.- Feminino
a pedido, será concedida mediante requerimento, Subtenente - 50 anos
ao Policial Militar que contar, no mínimo, vinte e 1º Sargento - 48 anos
cinco (25) anos de serviço, se do sexo feminino, e 2º Sargento - 47 anos
trinta (30), se do masculino. 3º Sargento, Cabo e Soldado - 45 anos 275
II - atingir o policial militar trinta e cinco anos de Militar, durante o período de trinta e seis meses,
efetivo serviço, se do sexo masculino, ou trinta anos mediante homologação da junta policial militar de
se do sexo feminino; saúde, ainda mesmo que se trate de moléstia curável;
III - ultrapassar dois anos, contínuos ou não, em IV - Quando o for condenado à pena de reforma,
licença para acompanhar tratamento de saúde de prevista no código penal militar, ou sentença pas-
pessoa da família; sada em julgado;
IV - for o oficial considerado não habilitado para o V - Quando o sendo oficial, quando determinada
acesso, em caráter definitivo, através de Conselho a sua reforma por sentença irrecorrível, em con-
de Justificação, provocado pela Comissão de Pro- seqüência de Conselho de Justificação a que foi
moções de Oficiais; submetido;
V - ultrapassar dois anos, contínuos ou não, em VI - Quando o sendo aspirante a oficial ou praça
licença para tratar de interesse particular; com estabilidade assegurada, quando determinada
VI - ultrapassar dois anos, contínuos ou não, a sua reforma pelo Comandante Geral, em razão
afastado da Corporação em virtude de haver sido de julgamento de Conselho de Disciplina a que foi
empossado em cargo público civil, temporário, não submetido.
eletivo, inclusive da Administração Indireta, ou
Fundacional Pública, à disposição de órgão público; A incapacidade definitiva pode sobrevir em conse-
VII - ser diplomado em cargo eletivo, de conformi- quência de (Art. 55):
dade com a Constituição Federal;
VIII - após três (03) indicações, depois de devi- I - ferimento recebido na manutenção da ordem
damente habilitado em seleção interna, para pública ou enfermidade contraída nessa situação
freqüentar Curso Superior de Polícia, Curso de ou que nela tenha sua causa eficiente;
Aperfeiçoamento de Oficiais ou Curso de Aperfei- II - acidente em serviço;
çoamento de Sargentos, não o completar ou não III - doença, moléstia ou enfermidade adquirida,
aceitar as indicações. com relação de causa e efeito a condição inerente
Art. 52 A transferência para a reserva remunera- ao serviço;
da não isenta o Policial Militar da indenização dos IV - tuberculose ativa, alienação mental, neopla-
prejuízos causados à Fazenda Estadual ou a tercei- sia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irre-
ros, nem do pagamento das pensões decorrentes de versível e incapacitante, cardiopatia grave, mal
sentença judicial. de parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilo-
Parágrafo único. A transferência do Policial Militar sante, nefropatia grave e outras moléstias que a
para a reserva remunerada poderá ser suspensa na lei indicar com base nas conclusões da medicina
vigência do estado de defesa e estado de sítio, ou especializada;
em caso de mobilização. V - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade
sem relação de causa e efeito com o serviço.
Da Reforma
O policial militar da ativa, julgado incapaz defini-
O Estatuto assim dispõe quanto à reforma: tivamente, por uma destas circunstâncias, será refor-
mado obedecendo os seguintes critérios:
Art. 53 A passagem do Policial Militar para a situa-
ção de inatividade, mediante reforma, se efetua I - quando a incapacidade decorrer dos casos pre-
ex-offício. vistos nos incisos I e II, o policial militar terá direito
a promoção ao posto ou graduação imediatamente
superior e proventos integrais;
A Lei traz, ainda, em que situações isso ocorre:
II - quando a doença, moléstia ou enfermidade tiver
relação de causa e efeito com o serviço, e o policial
I – Quando o policial atingir as seguintes idades militar não for considerado inválido, terá direito a
limites de permanência na reserva remunerada: proventos integrais;
a) para oficial superior, sessenta e quatro (64) anos, III - quando a doença, moléstia ou enfermidade
se do sexo masculino, e cinqüenta e dois (52) se do tiver relação de causa e efeito com o serviço, e o
sexo feminino; policial militar for considerado inválido, terá direi-
b) para capitão e oficial subalterno, sessenta e dois to à promoção ao posto ou graduação imediata-
(62) anos, se do sexo masculino, e cinqüenta e dois mente superior e proventos integrais;
(52) se do sexo feminino; IV - quando a doença, moléstia ou enfermidade não
c) para praças, sessenta (60) anos, se do sexo mas- tiver relação de causa ou efeito com o serviço, e o
culino, e cinqüenta e cinco (55) se do sexo feminino. policial militar não for considerado inválido, terá
direito a proventos proporcionais ao seu tempo de
Anualmente, no mês de fevereiro, a Diretoria de serviço;
Pessoal da Corporação organizará relação dos milita- V - quando a doença, moléstia ou enfermidade não
res da reserva remunerada que atingiram, até aquela tiver relação de causa e efeito com o serviço, e o
data, idade limite de permanência naquela situação. policial militar for considerado inválido, terá direi-
A situação de inatividade do policial militar da to a proventos integrais.
reserva remunerada, quando reformado por limite de
idade, não sofrerá solução de continuidade, ficando O policial militar reformado por incapacidade
apenas desobrigado de convocação. definitiva, que for julgado apto em inspeção ou junta
superior de saúde, em grau de recurso, poderá retor-
II - Quando o for julgado incapaz definitivamente nar ao serviço ativo (Art. 57).
para o serviço ativo da Polícia da Militar; O retorno ao serviço ativo somente ocorrerá se o
III - Quando o estiver agregado por mais de doze tempo decorrido na situação de reformado não ultra-
meses, contínuos ou não, por ter sido julgado inca- passar dois anos, e se processará na conformidade
276 paz temporariamente para o serviço da Polícia com o previsto para o excedente.
Da Demissão

Art. 60 A demissão da Polícia Militar aplica-se exclusivamente aos Oficiais, e se efetua da seguinte forma: I – a pedido;
II – ex-offício.
Art. 61 A demissão a pedido será concedida mediante requerimento do interessado: I – sem indenização aos cofres
públicos, quando contar mais de cinco (05) anos de oficialato na Corporação; II – com indenização das despesas
feitas pelo Estado com a sua preparação e formação, quando contar menos de cinco (05) anos de oficialato na
Corporação.

Dica
� No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou estágio de duração igual ou superior a seis meses e inferior

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


ou igual a dezoito meses por conta do Estado, e não havendo decorrido mais de três anos do seu término,
a demissão só será concedida mediante indenização de todas as despesas correspondentes ao referido
curso ou estágio.
� No caso de o oficial ter feito qualquer curso ou estágio de duração superior a dezoito meses por conta do
Estado, se ainda não houver decorrido mais de cinco anos de seu término, aplica-se a mesma situação.

O oficial demissionário, a pedido, ingressará na reserva não remunerada, sendo a sua situação militar defi-
nida pela lei do serviço militar.
O direito a demissão a pedido, pode ser suspenso, na vigência do estado de defesa ou estado de sítio.

Art. 62 O Oficial da Polícia Militar será demitido “ex-offício”, quando:


I - for empossado em cargo público permanente, estranho à sua carreira;
II - se alistar como candidato a cargo eletivo e contar na época do alistamento menos de dez (10) anos de serviço;
III - falecer ou for considerado falecido;
IV - for considerado desertor conforme artigo 41 do Estatuto.
Art. 41 É considerado desertor o policial militar que por mais de oito (08) dias consecutivos:
I - deixe de comparecer a sua Organização Policial Militar, sem comunicar o motivo do impedimento;
II - afaste-se, sem licença, da Organização Policial Militar onde serve ou do local onde deva permanecer.

Será, também, demitido “ex-offício” o Oficial que houver perdido o Posto e a Patente, sem direito a qualquer
remuneração ou indenização e terá a sua situação militar definida pela lei do Serviço Militar.
O Oficial da Polícia Militar só perderá o Posto e Patente quando:

z for condenado na Justiça Comum ou Militar a pena restritiva de liberdade individual, superior a dois anos,
em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado e o Conselho de Justiça Militar decidir sobre
a sua perda;
z for julgado indigno para o oficialato ou com ele incompatível, por decisão do Conselho de Justiça Militar;
z for julgado indigno para o oficialato ou com ele incompatível, por decisão de sentença irrecorrível, nos julga-
mentos dos Conselhos de Justificação. 277
Do Licenciamento

O art. 65 traz as formas em que pode ocorrer o licenciamento previsto no Estatuto:

Art. 65 O licenciamento do serviço ativo, aplicado somente às Praças, se efetua:


I – a pedido;
II – ex-offício.

Assim:

Art. 116 O policial militar da ativa poderá contrair matrimônio desde que observada a legislação civil peculiar[...]
§ 3º O policial militar que contrair matrimônio em desacordo com os §§ 1º e 2º deste artigo será desligado, ex-offício,
do curso em que esteja matriculado.

O licenciamento “ex-offício” do aspirante a oficial e da praça com estabilidade assegurada, a bem da disciplina,
ocorrerá quando:

z Submetido a Conselho de Disciplina e julgado culpado, assim decidir o Comandante Geral;


z Perder ou haver perdido a nacionalidade brasileira, se Aspirante a Oficial.

O art. 69 traz a autoridade responsável por pela realização do licenciamento “ex-offício”:

278 Art. 69 É da competência do Comandante Geral da Polícia Militar o ato de licenciamento “ex-offício”.
O licenciamento acarreta a perda do seu grau hie- Art. 276 Os policiais civis e militares, quando inva-
rárquico e não isenta das indenizações dos prejuízos lidados em decorrência de lesão grave adquirida
causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das no cumprimento do dever, serão promovidos, ao
pensões decorrentes de sentença judicial. ensejo da inativação, à classe, graduação e posto
O policial militar licenciado não tem direito a qual- respectivos imediatamente superiores, com proven-
quer remuneração e terá sua situação definida pela tos integrais.
Lei do Serviço Militar.
Dos Uniformes da Polícia Militar
Será licenciada “ex-offício” a praça que se alistar
candidato a cargo eletivo, e contar na época do alis- Os uniformes da Polícia Militar simbolizam a auto-
tamento menos de dez anos de serviço. Ainda, será ridade com as prerrogativas que lhes são inerentes e
licenciado “ex-offício” o aspirante a oficial e as praças são privativos destes.
empossadas em cargo público permanente, estranho
à sua carreira. Art. 77 Os uniformes da Polícia Militar com seus
distintivos, insígnias e emblemas são privativos dos
Da Anulação de Incorporação policiais militares e simbolizam a autoridade com
as prerrogativas que lhes são inerentes.
O art. 74 define que será aplicada ao policial mili-
tar que:

I - tenha prestado por escrito, durante o recruta-


mento, declarações falsas;
II - tenha utilizado durante o recrutamento docu-
mentos falsificados ou de outrem;
III - responda processo criminal na Justiça Comum
antes ou durante o período de formação.

z Poderá ocorrer em qualquer época dentro do


período de formação;
z A praça não terá direito a qualquer remuneração ou
indenização, e sua situação será definida pela Lei do
§ 1º Constituem crimes previstos no Código Penal
Serviço Militar, semelhante ao licenciamento. Militar o desrespeito pelo militar aos uniformes,
distintivos, insígnias e emblemas militares.
DA REMUNERAÇÃO, DA PROMOÇÃO E DOS § 2º É vedado a qualquer civil ou organização des-
UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR ta natureza usar uniforme ou ostentar distintivo,
insígnia ou emblema que possam ser confundidos
Da Remuneração com os adotados pela Polícia Militar.
§ 3º São responsáveis pela infração acima, além dos
Art. 75 A remuneração dos Policiais Militares com- indivíduos que as tenham cometido, os empregado-
preende vencimentos ou proventos, adicionais, res, Diretores ou Chefes das Repartições Públicas,
indenizações e outros direitos, e é devida em Empresas e Organizações de qualquer natureza,

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


bases estabelecidas em Lei específica e na Consti- que tenha adotado ou consentido o uso de unifor-
tuição Estadual. mes, distintivos, insígnias ou emblemas que possam
ser confundidos com os adotados na Polícia Militar.
Da Promoção DA AGREGAÇÃO, DA REVERSÃO E DO EXCEDENTE

Art. 76 O acesso na hierarquia policial militar é Da Agregação


seletivo, gradual, sucessivo e será feito median-
te promoção, de conformidade com o disposto na Art. 80 A agregação é a situação na qual o poli-
legislação e Regulamento de Promoções de Oficiais cial militar da ativa fica temporariamente afastado
e Praças, de modo a obter-se um fluxo regular e do exercício do cargo no âmbito da Corporação,
equilibrado. permanecendo no lugar que lhe competir na esca-
§ 1º O planejamento da carreira dos oficiais e pra- la hierárquica de seu quadro ou qualificação, com
ças, obedecidas as disposições da legislação e regu- a anotação esclarecedora da situação através da
lamentos peculiares, é atribuído ao Comandante abreviatura Ag.
Geral da Polícia Militar e Chefe do Estado Maior
O policial militar da ativa será agregado e consi-
Geral, respectivamente.
derado para todos os efeitos legais, como em serviço
§ 2º A promoção é um ato administrativo que
ativo, quando (Art. 81):
tem como finalidade básica a seleção dos mili-
tares para o exercício de cargos e funções per- I - for nomeado ou designado para cargo ou função
tinentes ao grau hierárquico superior. considerado de natureza policial militar, estabele-
§ 3º promoção dos oficiais será realizada por ato cido em Lei ou Decreto e não previsto no Quadro de
do Governador do Estado, mediante proposta do Organização da Polícia Militar;
Comandante Geral; a das praças por ato do Coman- II - aceitar cargo, função ou emprego público tem-
dante Geral, mediante proposta da Comissão de porário, não eletivo, ainda que na Administração
Promoção de Praças. Indireta ou Fundacional Pública;
§ 4º Haverá promoção especial ao grau hierárquico III - se alistar como candidato a cargo eletivo e con-
imediatamente superior para os militares inválidos tar mais de dez anos de serviço na época do afas-
em decorrência de lesão grave adquirida no cum- tamento; Será contada a partir da data de registro
primento do dever, prevista no Art. 276 da Consti- como candidato até sua diplomação ou regresso à
tuição Estadual. Corporação, caso não seja eleito. 279
IV - for posto à disposição de Estabelecimento de z Período: 30 dias por ano de serviço
Ensino das Forças Armadas ou outras Corporações z Recebimento: Até a data do início do período de
militares, no país ou no exterior; repouso com pelo menos 1/3 a mais da remunera-
V - for posto à disposição do governo federal para ção (terço constitucional).
exercer cargo ou função em órgãos federais, embo- z Quais autoridades podem conceder (art. 91)?
ra considera função de natureza policial militar,
exceto na condição de aluno;
VI - for posto à disposição de Secretaria de Estado „ Comandante Geral, ao Chefe do Estado Maior
ou de outro órgão desta unidade da federação, ou e a si próprio, após comunicar ao Governo do
de outro Estado ou Território para exercer função Estado;
de natureza civil exceto nas hipóteses previstas nos „ Chefe do Estado Maior Geral, aos Oficiais do
incisos VII e VIII do § 1º do Art. 18 desta Lei. EMG da Corporação, aos Comandantes do Poli-
Art. 18 São funções militares o exercício dos car- ciamento da Capital, do Interior e do Corpo de
gos previstos nos Quadros de Organização da Bombeiros, ao Ajudante Geral, aos Comandan-
Corporação. tes de Unidades, Estabelecimentos de Ensino,
§ 1º São consideradas funções policiais militares ou Diretores e aos Comandantes de Subunidades
de interesse policial militar o exercício do cargo nos Independentes;
seguintes órgãos: „ Diretores, Comandantes de Unidades, Subuni-
[...]
dades Independentes, Centro e Estabelecimen-
VII - em função de Subdelegado de Polícia e no
to de Ensino Policial Militar, aos que servem
DETRAN;
VIII- em órgãos internacionais quando em missão sob suas ordens.
de Paz.
A CONCESSÃO DE FÉRIAS NÃO SERÁ PREJUDICADA POR
O Estatuto ainda prevê quem será responsável
pela realização do ato de agregação, vejamos: Gozo anterior de licença para tratamento de saúde ou
licença especial
Art. 85 A agregação do policial militar se faz por
ato do Comandante Geral da Polícia Militar. Punição anterior decorrida de contravenção ou de
transgressão disciplinar
Da Reversão
Ordem ou cumprimento de atos de serviços.
Art. 86 Reversão é o ato pelo qual o policial militar,
cessado o motivo que determinou a sua agregação,
readquire o direito do exercício do cargo próprio do Núpcias e Luto
quadro ou qualificação a que pertença.
Art. 93 O afastamento do serviço, por motivo de
Dica núpcias, será concedido ao Policial Militar pelo
prazo de OITO (08) DIAS, quando solicitado ante-
Não confundir com a reversão como forma de cipadamente ao seu comandante imediato, e será
provimento no Direito Administrativo, que se trata contado a partir da data do evento, ficando o bene-
da reversão da aposentadoria por invalidez quan- ficiado com obrigação da apresentação da certidão
do cessado o motivo que determinou a mesma. de casamento ao término do mesmo.
§ 1º Quando não solicitado antecipadamente a con-
Art. 85 A reversão do policial militar se faz por ato cessão do afastamento o policial militar só poderá
do Comandante Geral da Polícia Militar. fazê-lo até trinta dias após a data do casamento.
Art. 94 O afastamento do serviço por motivo de
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS, DAS luto será concedido ao Policial Militar pelo pra-
LICENÇAS E DAS RECOMPENSAS zo de OITO (08) DIAS, a partir da data em que a
autoridade a qual o beneficiário esteja subordinado
Dos Afastamentos Temporários tome conhecimento do óbito da pessoa intimamen-
te relacionada como: pais, cônjuge, companheira,
Art. 89 São considerados afastamentos temporá- filhos, irmãos, sogros e avós.
rios os seguintes: Férias, Núpcias, Luto, Instalação
e Trânsito.
Dica
O afastamento em razão de luto, será concedido
pelo prazo de 8 dias quando houver o falecimen-
to de FASPICC
Filhos
Avós
Sogros
Pais
Irmãos
Cônjuge
Companheiro(a)
Das Férias
Trânsito e Instalação
Art. 90 O período de férias anual é um afastamento
temporário do serviço, obrigatoriamente concedi-
do aos Policiais Militares para descanso, a partir Art. 95 Trânsito é o período de afastamento total
do último mês do ano a que se refere e usufruído no do serviço, concedido ao policial militar cuja
movimentação implique, obrigatoriamente, em
280 ano seguinte.
mudança de Guarnição ou para frequentar cursos A licença para trato de interesse particular pode-
ou estágio fora do Estado; destina-se aos preparati- rá ser suspensa “ex-offício”, em caso de o País entrar
vos decorrentes dessa mudança. em estado de Defesa ou de Sítio, ou para cumprimen-
Art. 96 Instalação é o período de tempo concedido to de sentença que importe em restrição à liberdade
ao Policial Militar para fixar residência, no limite individual.
máximo de cinco (05) dias, independentemente de
ter gozado trânsito. Da Licença para Acompanhar Tratamento de Pessoa
da Família
Das Licenças
Art. 100 O Policial Militar poderá obter licença
O conceito de licença se encontra no logo no início para acompanhar tratamento de saúde de pessoa
do capítulo II, vejamos: da família, desde que prove ser indispensável a sua
assistência pessoal e esta não possa ser prestada
Art. 97 Licença é a autorização para o afastamento simultaneamente com o exercício do cargo
total do serviço, em caráter temporário, concedida
ao policial militar. O policial militar poderá obter licença para acom-
panhar tratamento de saúde de pessoa da família.
Tipos:
z Requisitos:
I - especial;
II - para trato de interesse particular; „ Deve provar ser indispensável a sua assistência
III - para acompanhar tratamento de saúde de pes- pessoal
soa da família; „ Esta não possa ser prestada simultaneamente
IV - para tratamento de saúde própria; com o exercício do cargo.
V - licença à maternidade;
VI - licença à paternidade; z Quem pode conceder? Comandante Geral ao poli-
VII - licença para acompanhar o cônjuge. cial militar, depois de ter sido exarado parecer da
Junta Policial Militar de Saúde.
Da Licença Especial z Duração máxima: Trinta dias, podendo ser prorro-
gada por iguais períodos, através de novos parece-
Art. 98 Licença especial é o afastamento do servi- res da Junta Policial Militar de Saúde.
ço, relativo a cada quinquênio de efetivo serviço z Prazo máximo: Vinte e quatro meses, contínuos ou
prestado à Corporação, concedido ao Policial Mili- não.
tar que a requerer, sem que implique em qualquer z Remuneração: A licença será concedida com
restrição para a sua carreira. remuneração integral até o prazo máximo de doze
meses ininterruptos, com 2/3 da remuneração se
z Duração: 03 meses e será gozada de uma só vez, exceder a este prazo.
podendo ser suspensa a qualquer época, a critério
do interessado. Verificado não mais persistir a causa que motivou

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


a licença para acompanhar tratamento de saúde de
Os períodos de licença especial não gozados pelo pessoa da família, a autoridade competente poderá
policial militar serão a pedido computados dia-a-dia mandar cassá-la, a pedido ou ex-offício, sendo que, no
e contados em dobro para fins estabelecidos neste segundo caso, só se realizará após inspeção de saúde
estatuto. realizado pela Junta Policial Militar de Saúde.

Da Licença para Tratamento de Interesse Particular Da Licença para Tratamento de Saúde Própria

Art. 101 A licença para tratamento de saúde pró-


Art. 99 A licença para trato de interesse particular
pria será concedida pelo Comandante Geral, ex-offí-
é concedida ao Policial Militar com 10 (dez) anos
cio, ao Policial Militar, mediante inspeção de saúde
ou mais de efetivo serviço que a requerer com
e terá a duração de trinta (30) dias, podendo ser
esta finalidade. prorrogada por iguais períodos.

z Requisitos: É concedida ao policial militar com 10 z Quem pode conceder? Comandante Geral, ex-offício.
anos ou mais de efetivo serviço que a requerer z Como? Mediante inspeção de saúde.
com esta finalidade. z Duração: trinta dias, podendo ser prorrogada por
iguais períodos.
§ 1ºA licença para trato de interesse particular será
concedida sempre com prejuízo da remuneração e A licença terá início na data em que o policial mili-
do tempo de efetivo serviço, podendo ser suspensa a tar for julgado incapaz temporariamente para o servi-
pedido e a qualquer tempo do período do seu gozo. ço, pelo médico ou pela Junta Policial Militar de Saúde
que conclua pela necessidade da mesma.
z Quem pode conceder? Comandante Geral da Polí-
cia Militar, desde que o País não se encontre em Licença à Maternidade
estado de Defesa ou estado de Sítio (§ 2º).
z Período máximo: 2 anos, contínuos ou não, não Art. 102 O Policial Militar feminino gestante terá
podendo ser obtida nova licença, após completar direito a licença à maternidade com duração de
esse prazo. cento e vinte (120) dias, concedidos a partir do 281
oitavo (8º) mês de gestação, ou a contar da data Art. 108 A apuração do tempo de serviço do poli-
do parto, mediante requerimento da interessada e cial militar, será feita através do somatório de:
após inspeção de saúde, sem prejuízo da remune- I - tempo de efetivo serviço;
ração e da contagem do tempo de efetivo serviço. II - tempo de serviço averbado.
Art. 109 Tempo de efetivo serviço é o espaço de
z Duração: Cento e vinte dias, concedidos a partir tempo computado dia-a-dia, entre a data de inclu-
do oitavo (8º) mês de gestação, ou a contar da data são e a data limite estabelecida para o desligamen-
do parto, mediante requerimento da interessada e to do Policial Militar do serviço ativo, mesmo que
após inspeção de saúde, sem prejuízo da remune- tal espaço de tempo seja parcelado.
ração e da contagem do tempo de efetivo serviço.
O tempo de serviço prestado em órgão público,
Parágrafo Único. Terá também direito a essa licen- federal, estadual e municipal, antes do ingresso na
ça o policial militar feminino que aceitar guarda de Polícia Militar, será computado como efetivo serviço.
criança, com idade inferior a trinta (30) dias, por Será também considerado como tempo de efetivo
determinação judicial, ou recebê-la como filho ado- serviço os períodos de licença especial e férias não
tivo, contados a partir da data do aceite. gozadas e contadas em dobro.
O tempo de efetivo serviço será apurado e totaliza-
Licença à Paternidade dos em dias, aplicado o divisor 365 (trezentos e sessen-
ta e cinco), para a correspondente obtenção dos anos.
z Duração: Cinco dias, concedidos a contar da data O policial militar da reserva remunerada convoca-
do nascimento do filho, mediante requerimento do do para o serviço ativo, terá o tempo que passar nesta
interessado. A mesma disposição que diz respeito situação computado dia-a-dia, como serviço ativo.
à adoção direcionada à policial militar feminina, Para oficiais do Quadro de Saúde o tempo de ser-
será aplicável ao policial militar masculino. viço acrescido em 01 ano para cada 05 anos de efetivo
serviço prestado, até que este acréscimo complete ao
Da Licença para Acompanhar Cônjuge o total de anos de duração normal do curso univer-
sitário correspondente sem superposição a qualquer
Art. 104 O policial militar terá direito à licença tempo de serviço policial militar ou público eventual-
para acompanhamento do cônjuge, quando for ele mente prestado durante a realização desse mesmo
mandado servir ou freqüentar curso fora do Estado. curso;
§ 1º Se o cônjuge é policial militar e seu afastamen- O disposto anteriormente, aplicar-se-á nas mesmas
to do Estado é para freqüentar curso de interesse condições, na forma da legislação específica, aos pos-
da Corporação, a licença será com remuneração e suidores de curso universitário, reconhecido oficial-
contado o tempo, como de efetivo serviço, corres- mente que venham a ser aproveitados como oficiais
pondente ao período do curso. da Polícia Militar, desde que esse curso seja requisito
§ 2º Se o cônjuge é policial militar, mas o seu afasta- essencial para o aproveitamento.
mento é por outro motivo que não curso, a licença
será sem remuneração e sem contagem de tempo de DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS E FINAIS
efetivo serviço.
§ 3º Se o cônjuge não é policial militar, a licença Art. 116 O policial militar da ativa poderá contrair
será sem remuneração e sem contagem de tempo de matrimônio desde que observada a legislação civil
efetivo serviço, qualquer que seja a circunstância. peculiar.
§ 1º É vedado o casamento ao cadete, masculino e
DO TEMPO DE SERVIÇO feminino, durante a realização do Curso de Forma-
ção de Oficiais.
Da Apuração do Tempo de Serviço § 2º Ao policial militar, masculino e feminino, fica
vedado o casamento durante a realização do curso
Art. 107 Os Policiais Militares começam a contar de formação de soldados e sargentos;
tempo de serviço a partir da data de sua inclusão, § 3º O policial militar que contrair matrimônio em
matrícula em órgão de formação ou nomeação desacordo com os §§ 1º e 2º deste artigo será desli-
para posto na Polícia Militar. gado, ex-offício, do curso em que esteja matriculado.
Art. 118 O oficial da reserva remunerada pode-
z Considera-se como data de inclusão: rá ser convocado para o serviço ativo, por ato do
Governador do Estado, para:
I - ser designado para compor o Conselho de Justificação;
„ a data do ato em que o policial militar é consi-
II - ser encarregado de inquérito policial militar ou
derado incluído na Corporação; incumbido de outros procedimentos administrati-
„ a data de matrícula em órgão de formação de vos, na falta de oficial da ativa em situação hierár-
policial militar; quica compatível com a do oficial envolvido.
„ a data de apresentação do policial militar pron- § 1º O oficial convocado nos termos deste artigo
to para o serviço, após ato de nomeação. terá direitos e deveres dos da ativa de igual situa-
ção hierárquica, exceto quanto à promoção, e con-
§ 3º Quando, por motivo de força maior, oficialmen- tará o tempo desse serviço em seu favor.
te reconhecido (inundação, naufrágio, incêndio, § 2º A convocação e designação de que trata este
sinistro aéreo ou outras calamidades), faltarem artigo terá a duração necessária ao cumprimen-
dados para a contagem de tempo de serviço, cabe- to da missão que lhe deu origem, não devendo ser
rá ao Comando Geral da Polícia Militar arbitrar o superior ao prazo de doze (12) meses, e dependerá
tempo a ser computado para cada caso particular, da anuência do convocado, que será precedida de
282 de acordo com os elementos disponíveis. inspeção de saúde.
Art. 119 É vedado o uso, por parte de organização civil, de designações que possam sugerir sua vinculação à Polícia
Militar.
Art. 120 Os beneficiários do policial militar da ativa, falecido ou extraviado em ato de serviço, terão direito à pensão
especial paga pelo Estado, correspondente à remuneração integral do novo posto ou graduação, caso o qual venha
a ser promovido.
Art. 121 São adotados na Polícia Militar, em matéria não regulada na legislação estadual, as leis e regulamentos
em vigor no Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente, até que sejam adotados leis e regulamentos específicos.

ACIDENTE DE SERVIÇO, QUANDO OCORRE?

Art. 126 Considera-se acidente em serviço aqueles ocorridos com Policial Militar da ativa quando:
I - no exercício dos deveres previstos neste Estatuto e outra legislação e regulamentos da Corporação;
II - no exercício de suas atribuições funcionais, durante o expediente normal, ou quando determinado por autoridade
competente, em sua prorrogação ou antecipação;
III - no cumprimento de ordem da autoridade competente;
IV - no decorrer de viagem, em objeto de serviço, previsto em regulamento ou
autorizado por autoridade competente;
V - no decorrer de viagem imposta por motivo de movimentação, efetuada no
interesse do serviço ou a pedido;
VI - no deslocamento entre a sua residência e a organização em que serve ou o local de trabalho, e vice-versa, com-
provado que não houve mudança de itinerário.

O acidente de serviço pode ser reconhecido para os policiais da ativa ou inativos em caso de convocação.

§ 1º Será aplicado o disposto no caput deste artigo ao policial militar da inatividade, quando convocado e designado
para o serviço ativo, enquanto durar sua permanência nessa situação.

O § 2º traz hipóteses de não reconhecimento do acidente de serviço, pois bem:

§ 2º Não se aplica o disposto no caput desse artigo aos militares acidentados em decorrência da prática de crime
doloso ou culposo, transgressão disciplinar, ou litígio entre superior e subordinado.

Do Direito de Recurso e Manifestação

Art. 127 O policial militar que se julgar prejudicado ou ofendido por qualquer ato administrativo, poderá RECORRER
ou INTERPOR PEDIDO DE QUEIXA, reconsideração ou representação, segundo legislação vigente na Corporação.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§3º O policial militar da ativa que recorrer ao Poder Judiciário deverá participar, antecipadamente, esta iniciativa à
autoridade a que estiver subordinado, ficando esta obrigada a levar o fato ao conhecimento do Comandante Geral.
Art. 129 O policial militar comissionado no grau hierárquico previsto no serviço temporário, que seja desligado do
curso que freqüenta, pelos motivos abaixo relacionados, terá sua situação regulada da seguinte forma:
I - problema de saúde - permanecerá no serviço ativo, na unidade de ensino, no mesmo grau hierárquico em que se
encontrava na ocasião do desligamento e terá rematrícula assegurada, uma única vez, após ser considerado apto em
inspeção de saúde
II - não aproveitamento intelectual:
a) se oriundo da própria Corporação, será exonerado do grau hierárquico que exerce no serviço temporário, retor-
nando ao Corpo de Tropa, na mesma graduação que possuía antes da matrícula no curso de formação;
b) se oriundo do meio civil, será exonerado do grau hierárquico que exerce no serviço temporário, transferido para
uma Unidade do Corpo de Tropa na graduação de soldado 2ª classe.
Art. 130 O policial militar indicado para exercer cargos e funções estranhos à Polícia Militar, só será oficializado
após sua anuência, não se excluindo a responsabilidade dos atos administrativos aos quais a lei lhe impuser.
Art. 131 Aplicam-se aos militares femininos a legislação e as normas em vigor na Corporação, no que lhes couber.
Art. 134 Cabe à Polícia Militar a supervisão das atividades operacionais das guardas municipais e das empresas de
vigilância. 283
Licença para tratar de interesse particular poderá ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS concedida, pelo prazo máximo de um ano, ao policial
militar com três anos de efetivo serviço.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos
Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue os itens ( )CERTO  ( )ERRADO
a seguir.
Um soldado policial militar do estado de Alagoas, com O Art. 99, § 3º do Estatuto da Polícia Militar deter-
quatro anos de serviço, que tenha deixado de compa- mina que o prazo máximo da licença em questão é
recer à sua organização policial militar por nove dias de dois anos contínuos ou não. O caput do referido
consecutivos, sem ter comunicado o motivo de seu artigo prevê ainda que esta somente será concedia
impedimento, é considerado desertor e será excluído ao Policial Militar com pelo menos dez anos de efe-
do serviço ativo. tivo serviço.
Art. 99 A licença para trato de interesse particular
( )CERTO  ( )ERRADO é concedida ao Policial Militar com 10 (dez) anos
ou mais de efetivo serviço que a requerer com esta
O Art. 41, I do Estatuto da Polícia Militar elenca jus- finalidade.
tamente esta possibilidade. [...] § 3º O período máximo de licença para trato de
Art. 41 É considerado desertor o policial militar que interesse particular será de (dois) anos, contínuos
por mais de oito (08) dias consecutivos: I – deixe de ou não, não podendo ser obtida nova licença, após
comparecer a sua Organização Policial Militar, sem completar esse prazo. Resposta: Errado.
comunicar o motivo do impedimento; Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos


Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue os itens
a seguir.
DECRETO ESTADUAL Nº 37.042/1996
Caso uma pessoa tenha prestado declarações falsas, (APROVA O REGULAMENTO
por escrito, durante o recrutamento voluntário para DISCIPLINAR DA POLÍCIA MILITAR
incorporar-se à Polícia Militar do Estado de Alagoas,
sua incorporação poderá ser anulada, em qualquer
DE ALAGOAS E DÁ OUTRAS
época, dentro do período de formação. PROVIDÊNCIAS)
( )CERTO  ( )ERRADO DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

O Art. 74, I, do Estatuto da Polícia Militar prevê Das Generalidades


esta possibilidade.
Art. 74 A anulação de incorporação de voluntários O art. 1º do regulamento dispõe sobre a sua finali-
selecionado será aplicada ao Policial Militar que: dade. Acompanhe a seguir:
I – tenha prestado por escrito, durante o recruta-
mento, declarações falsas; Resposta: Certo. Art. 1º O Regulamento Disciplinar da Polícia Mili-
tar de Alagoas tem por finalidade definir, especifi-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos car e classificar as transgressões disciplinares;
Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue os itens estabelecer normas relativas à amplitude e à apli-
a seguir. cação das punições a elas inerentes, à classificação
do comportamento policial militar das praças e à
Em se tratando de policial militar que esteja em gozo
interposição de recursos disciplinares.
de licença por trinta dias para acompanhar tratamento
de saúde de pessoa da família, é vedada, durante esse
As demonstrações de camaradagem e civilidade,
período, a cassação, de ofício, da sua licença.
obrigatórias entre os policiais militares, devem ser
extensivas aos oficiais e praças das Polícias Militares e
( )CERTO  ( )ERRADO Corpos de Bombeiros Militares dos Estados da Federa-
ção e do Distrito Federal; das Forças Armadas brasilei-
O Art. 100, §5º do Estatuto da Polícia Militar prevê ras e Forças Militares estrangeiras.
a possibilidade de cassação.
Art. 100 O Policial Militar poderá obter licença Art. 2º A camaradagem é indispensável à formação
para acompanhar tratamento de saúde de pessoa e ao convívio da família policial militar, cumprindo
da família, desde que prove ser indispensável a sua existir as melhores relações sociais entre os poli-
assistência pessoal e esta não possa ser prestada ciais militares.
simultaneamente com o exercício do cargo. Parágrafo Único. Incumbe aos superiores incenti-
[...] § 5º Verificado não mais persistir a causa que var e manter a harmonia, a solidariedade e a ami-
motivou a licença para acompanhar tratamento de zade entre seus subordinados.
saúde de pessoa da família, a autoridade competen-
te poderá mandar cassá-la, a pedido ou ex-offício, Dos Princípios Gerais da Hierarquia e da Disciplina
sendo que, no segundo caso, só se realizará após
Art. 5º A hierarquia e a disciplina constituem a
inspeção de saúde realizado pela Junta Policial Mili-
base institucional da Polícia Militar, devendo ser
tar de Saúde. Resposta: Errado. mantidas, permanentemente, pelos policiais milita-
res na ativa e na inatividade.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos § 1º A hierarquia militar é a ordem e a subor-
Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue os itens dinação dos diversos postos e graduações que
284 a seguir. constituem a carreira militar, na conformidade do
Estatuto dos Policiais Militares do Estado de Ala- [...]
goas, e que investe de autoridade o de maior posto Art. 14 A autoridade policial militar competente,
ou graduação, ou de cargo mais elevado. quando a transgressão da disciplina aparentemen-
§ 2º A disciplina policial militar é a rigorosa te se revestir de gravidade que possa resultar em
observância e o acatamento integral das leis, regu- medida disciplinar mais rigorosa, deve apurá-la
lamentos, normas e disposições, traduzindo-se pelo mediante sindicância.
perfeito cumprimento do dever por parte de todos e
de cada um dos componentes do organismo policial Quem pode instaurar sindicância?
militar.
Art. 14 [...]
São manifestações essenciais de disciplina: §1º [...]
I - o Comandante Geral da Corporação;
II - o Chefe do EMG;
a) a correção de atitudes;
III - os Comandantes Intermediários;
b) a obediência pronta às ordens dos superiores
IV - os Chefes de Gabinetes e Assessorias Militares;
hierárquicos;
V - os Diretores, Chefes de Seções do EMG e o Aju-
c) a colaboração espontânea à disciplina coletiva e
dante Geral;
à eficiência da instituição;
VI - os Comandantes de Unidades e Subunidades
d) a consciência das responsabilidades;
Independentes.
e) a rigorosa observância das prescrições
regulamentares.
f) o respeito para com a ética policial militar. Da Parte Disciplinar
Art. 6º As ordens, quando emanadas de autorida-
de competente, devem ser prontamente obedecidas, Art. 15 Parte disciplinar é a narração escrita,
cabendo inteira responsabilidade à autoridade que obrigatória, feita por policial militar, e dirigida
a determinar. à autoridade competente, pertinente a ato ou
Art. 7º O policial militar que encontrar subordi- fato de natureza disciplinar praticado por policial
nado seu na prática de transgressão disciplinar militar:
deverá levar o fato, por escrito, ao conhecimento I - de posto ou graduação igual à do signatário e de
da autoridade competente, no prazo regulamentar. menor antigüidade;
II - de posto ou graduação inferior à do signatário.
Da Ética Policial Militar [...]
Art. 17 A autoridade que receber Parte, não tendo
A honra, o sentimento do dever, o pundonor poli- competência disciplinar sobre o transgressor, deve
cial militar e o decoro da classe impõem-se a cada um encaminhá-la ao seu superior imediato.
dos integrantes da Polícia Militar, assim como a con- Art. 18 Nos casos de participação de ocorrência
duta moral e profissional irrepreensível, com a obser- com policial militar de OPM diversa daquela a que
vância dos preceitos estabelecidos no art. 8º. pertence o signatário da Parte, deve este, direta ou
indiretamente, ser notificado da solução dada, no
Da Esfera de Ação do Regulamento Disciplinar e da prazo máximo de quinze dias úteis.
Competência para a sua Aplicação
Da Comunicação Disciplinar
A quem se aplica o regulamento? Aplica-se o regu-
lamento aos policiais militares na ativa e os na inati-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


O que é a comunicação disciplinar? É a narração
vidade. Os alunos de órgãos específicos de formação
escrita, feita por policial militar, e dirigida à autoridade
de policiais militares também estão sujeitos aos regu-
lamentos, às normas e prescrições das Organizações competente, pertinente a ato ou fato de natureza disci-
Policiais Militares (OPMs) em que estejam matricula- plinar praticado por superior hierárquico. Entende-se
dos, nos termos do art. 9º deste Regulamento. também como superior hierárquico o policial militar
Quem tem competência para a aplicação do que, mesmo de posto ou graduação igual à do signatá-
regulamento? rio da Comunicação, seja-lhe de maior antiguidade, de
acordo com o art. 21 e parágrafo único deste Decreto.
Art. 11 [...]
I - o Governador do Estado e o Comandante Geral, Art. 22 A Comunicação deve ser dirigida ao coman-
a todos aqueles que estiverem sujeitos a este dante da OPM a que pertence o superior hierárquico,
Regulamento; no prazo de dois dias úteis, contados da observação
II - o Chefe do EMG, a todos os que lhe são subordina- do fato. Se o transgressor da disciplina for o coman-
dos, na qualidade de Subcomandante da Corporação; dante da OPM, a Comunicação será, no mesmo pra-
III - os Chefes de Gabinetes e Assessorias Militares, zo, dirigida ao seu comandante imediato.
aos que estiverem sob suas ordens;
IV - os Comandantes Intermediários, Diretores e DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
Ajudante Geral, aos que servirem sob suas ordens;
V - o Subchefe do EMG e Comandantes de OPM, aos
Das Definições e Especificações
que estiverem sob suas ordens;
VI - os Chefes de Seções do EMG, Assessorias do
Comando Geral e os Subcomandantes de OPM, aos Art. 26 Transgressão disciplinar é a violação, por
que servirem sob suas ordens; ação ou omissão, dos princípios da ética, dos deve-
VII - os demais Chefes de Seções, até o nível Bata- res e das obrigações policiais militares, estatuídos
lhão, inclusive; Comandantes de Subunidades em leis, regulamentos, normas ou disposições, na
incorporadas e de Pelotões destacados, aos que sua manifestação elementar e simples. Distingue-se
estiverem sob suas ordens. do crime militar, que consiste na ofensa aos bens
Parágrafo Único. A competência para apurar e juridicamente tutelados pelo Código Penal Militar.
punir atos de indisciplina do Comandante
Geral da Corporação é exclusiva do Governa- Quais são as transgressões disciplinares? De acor-
dor do Estado. do com o art. 27, são transgressões disciplinares: 285
I - todas as ações ou omissões contrárias à discipli- XI - deixar o superior de determinar a saída imedia-
na, especificadas neste Regulamento; ta, de solenidade policial militar ou civil, de subor-
II - todas as ações ou omissões não especificadas dinado que a ela compareça em uniforme diferente
neste regulamento, nem qualificadas como crime do marcado;
nas leis penais, praticadas contra: XII - deixar o subtenente ou sargento, tão logo
a) a Bandeira, o Hino, o Selo e as Armas Nacionais, seus afazeres o permitam, de apresentar-se ao seu
os Símbolos Estaduais ou Patrióticos e Instituições comandante ou chefe imediato;
Nacionais, Estaduais e Municipais; XIII - deixar o subtenente, sargento, cabo ou solda-
b) a honra e o pundonor policial militar, o decoro da do, ao entrar em OPM onde não sirva, de apresen-
classe, os preceitos sociais e as normas da moral; tar-se ao oficial de dia ou seu substituto legal;
c) os preceitos de subordinação, regras e ordens XIV - deixar, o policial da ativa, de comunicar pre-
de serviço estabelecidas em leis, regulamentos ou viamente e por via hierárquica, seu casamento a
prescritos por autoridade competente. autoridade competente;
XV - dirigir-se a superior ou este a subordinado,
Uma vez realizada a transgressão disciplinar, quando no quartel ou a serviço, tratando-o ou a ele
devemos observar o que dispõe o art. 28: se referindo, sem designar o grau hierárquico;
XVI - fumar em lugar ou ocasiões onde isso seja
Art. 28 A instância criminal e administrativa são vedado, ou quando se dirigir ao superior;
independentes e podem ser concomitantes. A ins- XVII - não se apresentar a superior hierárquico ou
tauração de inquérito ou ação criminal não impede de sua presença retirar-se, sem obediência às nor-
a imposição imediata, na esfera administrativa, de mas regulamentares;
penalidade cabível pela transgressão disciplinar XVIII - penetrar o policial militar sem permissão
residual ou subjacente ao mesmo fato, ressalvado ou ordem, em aposentos destinados a superior ou
o disposto no §2º. Do Art. 33 da Lei nº 5.346, de 26 onde esse se ache, bem como em qualquer lugar
de maio de 1992. onde a entrada lhe seja vedada;
XIX - permanecer a praça em dependência da OPM,
Dica desde que seja estranho ao serviço,
ou sem consentimento ou ordem de autoridade
As instâncias criminal e administrativa são inde- competente;
pendentes e podem ser concomitantes. XX - Realizar ou propor transações pecuniárias
envolvendo superior, igual ou subordinado, no
Da Classificação âmbito da OPM ou área policial militar. Não são
considerados transações pecuniárias os emprésti-
As transgressões podem ser classificadas pela sua mos em dinheiro sem auferir lucro;
intensidade como: XXI - sentar-se a praça, em público, à mesa em que
estiver oficial ou vice-versa, salvo em solenidades,
z Leves; festividades, ou reuniões sociais;
z Médias; XXII - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha
z Graves. não regulamentar, bem como indevidamente distin-
tivo ou condecoração;
São transgressões leves: XXIII - usar o uniforme, quando de folga, se isso
contrariar ordem de autoridade competente;
I - andar o policial militar a pé ou em coletivos XXIV - usar jóias e outros adereços que prejudiquem
públicos com uniforme inadequado, contrariando o a apresentação pessoal, quando uniformizado;
Regulamento de Uniformes da Corporação ou nor- XXV - usar, quando uniformizado, penteados exage-
mas a respeito; rados, perucas, maquilagens excessivas, unhas dema-
II - conversar ou fazer ruído em ocasiões, lugares siadamente longas ou com esmalte extravagante;
ou horas impróprias; XXVI - usar, quando uniformizado, barba, cabelo,
III - conversar com sentinela, salvo sobre objeto de bigode ou costeletas excessivamente compridos ou
serviço; exagerados, contrariando disposições a respeito.
IV - dar toques ou fazer sinais, sem ordem para tal;
V - deixar o oficial ou aspirante-a-oficial, ao entrar
São transgressões médias:
em OPM onde não sirva, de dar ciência da sua pre-
sença ao oficial de dia e, em seguida, de procurar o
comandante ou o oficial de posto mais elevado pre- I - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida
sente, para cumprimentá-lo; qualquer ordem de autoridade competente, ou para
VI - deixar de comunicar ao superior a execução de retardar a sua execução;
ordem recebida tão logo seja possível; II - andar o policial, quando a cavalo, a trote ou a
VII - deixar o oficial de encaminhar ao escalão galope, sem necessidade, por vias públicas e, bem
superior comunicação de subordinado versando da assim castigar inutilmente a montada;
impetração de recurso, perante o Poder Judiciário, III - apresentar-se desuniformizado, mal uniformi-
sobre ato administrativo; zado ou com o uniforme alterado;
VIII - deixar, quando estiver sentado, de oferecer IV - apresentar Parte, Comunicação ou recurso
seu lugar a superior, ressalvadas as exceções pre- sem seguir as normas e preceitos regulamentares;
vistas no Regulamento de Continência, Honras e ou em termos desrespeitosos ou com argumentos
Sinais de Respeito das Forças Armadas; falsos ou de má fé; ou mesmo sem justa causa ou
IX - deixar de avisar aos policiais militares, em com- razão;
panhia dos quais estiver, da aproximação de superior; V - autorizar, promover ou assinar petições coleti-
X - deixar o oficial ou aspirante a oficial, tão logo vas dirigidas a qualquer autoridade civil ou policial
seus afazeres o permitam, de apresentar-se ao militar;
de maior posto ou ao substituto legal imediato, VI - chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou
da OPM onde serve, para cumprimentá-lo, salvo expediente para o qual se achava nominalmente
286 ordem ou instrução a respeito; escalado;
VII - concorrer para a discórdia ou desarmonia ou XXX - entrar ou sair de OPM ou Força Armada,
cultivar inimizade entre camaradas; sem prévio conhecimento ou ordem da autoridade
VIII - comparecer o policial militar a qualquer sole- competente;
nidade, festividade ou reunião social com uniforme XXXI - freqüentar lugares incompatíveis com seu
diferente do marcado; nível social e o decoro da classe;
IX - contrair dívidas ou assumir compromisso supe- XXXII - içar ou arriar Bandeira ou insígnia, sem
rior às suas possibilidades, comprometendo o bom ordem para tal;
nome da classe; XXXIII - invocar circunstâncias de matrimônio ou
X - conversar, sentar-se ou fumar a sentinela, o de encargo de família para eximir-se de obrigações
plantão da hora, ou ainda, consentir na formação funcionais;
ou permanência de grupo, ou de pessoa junto a seu XXXIV - maltratar ou não ter o devido cuidado no
posto de serviço; trato com animais;
XI - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal XXXV - não zelar devidamente, danificar ou extra-
ou claramente inexeqüível, que possa acarretar ao viar por negligência ou desobediência regras ou
subordinado responsabilidade, ainda que não che- normas de serviço, material da Fazenda Nacional,
gue a ser cumprida; Estadual ou Municipal que esteja ou não sob sua
XII - deixar de comunicar a tempo, ao superior responsabilidade direta;
imediato, ocorrência no âmbito de suas atribuições
XXXVI - não levar falta ou irregularidade que pre-
quando se julgar suspeito ou impedido de providen-
senciar, ou de que tiver ciência e não lhe couber
ciar a respeito;
reprimir, ao conhecimento de autoridade compe-
XIII - deixar de informar processo que lhe for enca-
tente, no mais curto prazo;
minhado, exceto nos casos de suspeição ou impe-
XXXVII - omitir, em nota de ocorrência, relatório
dimento, ou absoluta falta de elementos, hipóteses
em que estas circunstâncias serão fundamentadas; ou qualquer documento, dados indispensáveis ao
XIV - deixar de apresentar-se nos prazos regula- esclarecimento dos fatos;
mentares, à OPM, para a qual tenha sido transfe- XXXVIII - participar o policial militar da ativa, de
rido ou classificado e às autoridades competentes, firma comercial, de emprego industrial de qual-
nos casos de comissão ou serviço extraordinário quer natureza, ou nelas exercer função ou emprego
para o qual tenha sido designado; remunerado;
XV - deixar ou negar-se a receber vencimentos, ali- XXXIX - penetrar ou tentar penetrar o policial mili-
mentação, fardamento, equipamento ou material tar em alojamento de outra subunidade, depois da
que lhe seja destinado ou deva ficar em seu poder revista do recolher, salvo os oficiais ou sargentos,
ou sob sua responsabilidade; que, pelas suas funções, sejam a isto obrigados;
XVI - deixar o policial militar, presente a soleni- XL - permutar serviço sem permissão de autorida-
dades internas ou externas onde se encontrarem de competente;
superiores hierárquicos, de saudá-los de acordo XLI - portar a praça arma regulamentar sem estar
com as normas regulamentares; de serviço o sem ordem para tal;
XVII - deixar deliberadamente de corresponder a XLII - portar-se sem compostura em lugar público;
cumprimento de subordinado; XLIII - punir subordinado sem que lhe seja assegu-
XVIII - deixar o subordinado, quer uniformizado, rado o direito de defesa;
quer em traje civil, de cumprimentar superior, uni- XLIV - prender subordinado sem nota de punição
formizado ou não, neste caso desde que o conheça,
publicada em Boletim, a não ser pelas razões pre-
ou de prestar-lhe as homenagens e sinais regula-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


vistas no art. 12, ou permitir que permaneça preso,
mentares de consideração e respeito;
nessa circunstância, por período superior a setenta
XIX - deixar de participar a tempo, à autoridade
imediatamente superior, impossibilidade de com- e duas horas;
parecer à OPM, ou a qualquer ato de serviço; XLV - retardar a execução de qualquer ordem;
XX - deixar de portar, o policial militar, o seu docu- XLVI - ser indiscreto em relação a assuntos de cará-
mento de identidade, estando ou não fardado; ter oficial cuja divulgação possa ser prejudicial à
XXI - deixar de recolher-se, imediatamente, à OPM disciplina ou à boa ordem do serviço;
quando souber que foi procurado para o serviço; XLVII - ter pouco cuidado com asseio próprio ou
XXII - deixar de pagar dívida nos prazos previstos, coletivo, em qualquer circunstância;
salvo se esta for necessária e comprovadamente XLVIII - tomar compromisso pela OPM que coman-
contraída em benefício da família, teve aplicação da ou em que serve sem estar autorizado;
justa e ocorreu fato impeditivo, grave e inevitável a XLIX - usar em serviço armamento ou equipamento
que não deu causa; que não seja regulamentar, salvo em caso de ordem
XXIII - deixar de encaminhar à autoridade com- ou autorização do comandante da OPM ou chefe
petente, na linha de subordinação e no mais curto direto;
prazo, recurso ou documento que receber, desde L - usar uniforme, o policial da reserva ou reformado,
que elaborado de acordo com os preceitos regula- fora dos casos previstos, em leis ou regulamentos.
mentares, se não estiver na sua alçada dar solução;
XXIV - deixar alguém conversar ou entender-se com
São transgressões graves:
preso de justiça incomunicável, sem autorização de
autoridade competente;
XXV - desrespeitar em público as convenções sociais; I - abandonar serviço para o qual tenha sido desig-
XXVI - desconsiderar ou desrespeitar a autoridade nado, quando isso não configurar crime;
civil; II - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da
XXVII - desrespeitar regras de trânsito, medidas OPM fora das horas de expediente, desde que não
gerais de ordem policial, judicial ou administrativa; seja o respectivo chefe ou sem sua ordem escrita
XXVIII - dificultar ao subordinado a apresentação com a expressa declaração de motivo, salvo situa-
de recursos; ções de emergência;
XXIX - entrar ou sair de qualquer OPM, o cabo ou sol- III - aceitar o policial militar qualquer manifesta-
dado, com objetos ou embrulhos, sem autorização ção coletiva de seus subordinados, salvo a exceção
do comandante da guarda ou autorização similar; de número anterior; 287
IV - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar XXVII - faltar a qualquer ato de serviço em que deva
por força de disposição legal ou ordem; tomar parte ou a que deva assistir;
V - autorizar, promover ou tomar parte em qual- XXVIII - faltar à verdade;
quer manifestação coletiva, seja de caráter rei- XXIX - fazer diretamente, ou por intermédio de
vindicatório, seja de crítica ou de apoio a ato de outrem, transações pecuniárias envolvendo assun-
superior, com exceção das demonstrações íntimas to de serviço, bens da Administração Pública ou
de boa e sã camaradagem e com conhecimento do material proibido, quando não configurar crime;
homenageado; XXX - freqüentar ou fazer parte de sindicatos, asso-
VI - censurar ato de superior ou procurar ciações profissionais com caráter de sindicatos ou
desconsiderá-lo; similares;
VII - dar conhecimentos de fatos, documentos ou XXXI - induzir outrem à prática de transgressões
assuntos policiais-militares a quem deles não deva disciplinares;
ter conhecimento e não tenha atribuições para XXXII - maltratar preso sob sua guarda;
neles intervir; XXXIII - manter em seu poder, indevidamente, bens
VIII - deixar de punir transgressor da disciplina; da fazenda pública ou de particulares;
XXXIV - manter relações de amizade com pessoas
IX - deixar de comunicar ao superior imediato ou
de notórios e desabonadores antecedentes ou apre-
na ausência deste a qualquer autoridade superior,
sentar-se publicamente com elas, salvo se por moti-
toda informação que tiver sobre iminente perturba-
vo de serviço;
ção da ordem pública ou grave alteração do servi-
XXXV - manter relacionamento íntimo não reco-
ço, logo que disto tenha conhecimento;
mendável ou socialmente reprovável, com superio-
X - deixar de providenciar a tempo, na esfera de
res, pares, subordinados ou civis;
suas atribuições, por negligências ou incúria, medi- XXXVI - não atender a observação de autoridade
das contra qualquer irregularidade que venha a hierárquica superior competente, para satisfazer
tomar conhecimento; débito já reclamado;
XI - deixar o Comandante da Guarda ou agente cor- XXXVII - não atender à obrigação de dar assis-
respondente de cumprir as prescrições regulamen- tência a sua família ou dependente legalmente
tares com respeito à entrada ou à permanência na constituídos;
OPM de civis, militares ou policiais-militares estra- XXXVIII - não cumprir ordem recebida, quando
nhos à mesma; manifestamente legal;
XII - deixar que presos conservem em seu poder ins- XXXIX - não se apresentar no final da licença, férias
trumento ou objetos não permitidos; ou dispensa do serviço, ou, ainda, depois de saber
XIII - desrespeitar corporação judiciária, ou qual- que qualquer delas lhe foi suspensa;
quer de seus membros, bem como criticar, em públi- XL - ofender a moral por atos, gestos ou palavras;
co ou pela imprensa, seus atos ou decisões; XLI - ofender, provocar ou desafiar superior, seu
XIV - dirigir memoriais ou petições, a qualquer igual ou subordinado;
autoridade, sobre assuntos da alçada do Coman- XLII - prestar informação a superior induzindo-o a
dante Geral, salvo em grau de recurso e na forma erro deliberada ou intencionalmente;
prevista neste Regulamento; XLIII - procurar desacreditar seu igual ou
XV - dirigir-se, referir-se ou responder de maneira subordinado;
desatenciosa a superior; XLIV - promover ou tomar parte em jogos proibidos;
XVI - discutir ou provocar discussões, por qualquer XLV - promover escândalo ou nele envolver-se, com-
veículo de comunicação, sobre assuntos políticos, prometendo o prestígio e a imagem da corporação;
militares, ou policiais-militares, excetuando-se os XLVI - provocar ou fazer-se causa, voluntariamen-
de natureza exclusivamente técnica, quando devi- te, de origem de alarme injustificável;
damente autorizados; XLVII - publicar ou contribuir para que sejam publi-
XVII - disparar arma por imprudência, negligência cados fatos, documentos ou assuntos policiais-mili-
ou sem necessidade; tares que possam concorrer para o desprestígio da
XVIII - dormir em serviço, quando houver ordem Corporação ou firam a disciplina ou a segurança;
contrária; XLVIII - recusar-se o policial militar a identificar-se,
XIX - efetuar desconto em vencimento, não autori- quando justificadamente solicitado;
XLIX - representar a OPM e mesmo a Corpora-
zado por autoridade competente, ou determiná-lo
ção, em qualquer ato, sem estar devidamente
fora dos casos previstos nas leis e regulamentos;
autorizado;
XX - embriagar-se ou induzir outrem à embriaguez,
L - retardar ou prejudicar medidas ou ações de
no âmbito do quartel ou em área de domínio poli-
ordem judicial ou policial de que esteja investido ou
cial militar, embora tal estado não tenha sido cons-
que deva promover;
tatado por médico;
LI - retirar ou tentar retirar de qualquer lugar sob
XXI - exercer qualquer atividade remunerada jurisdição policial militar, material viatura ou ani-
estando dispensado ou licenciado para tratamento mal, ou mesmo deles servir-se, sem ordem do res-
de saúde; ponsável ou proprietário;
XXII - espalhar boatos ou notícias tendenciosas; LII - simular doença para esquivar-se ao cumpri-
XXIII - esquivar-se a satisfazer compromissos de mento de qualquer dever policial militar;
ordem moral ou pecuniária que houver assumido; LIII - soltar preso ou detido ou dispensar Parte de
XXIV - envolver, indevidamente, o nome de outrem ocorrência sem ordem de autoridade competente;
para se esquivar de responsabilidade; LIV - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em
XXV - fazer o policial da ativa, da reserva ou refor- área policial militar, tóxicos, entorpecentes ou dro-
mado, uso do posto ou graduação para obter facili- gas afins, a não ser mediante prescrição de autori-
dades ou satisfazer interesses pessoais, de qualquer dade médica militar competente;
natureza ou para encaminhar negócios particula- LV - ter em seu poder ou introduzir, em área policial
res seus ou de terceiros; militar ou sob a jurisdição policial militar, inflamá-
XXVI - fazer uso ou autorizar o uso de veículos oficiais vel ou explosivos sem permissão da autoridade
288 para fins não previstos em normas regulamentares; competente;
LVI - ter em seu poder ou introduzir, em área policial III - falta de prática no serviço.
militar ou sob jurisdição policial militar, bebidas IV - ter o transgressor:
alcoólicas, salvo quando devidamente autorizado; a) cometido o ato de indisciplina por motivo de rele-
LVII - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, vante valor social ou moral;
em área policial militar ou sob a jurisdição policial b) procurado, por sua espontânea vontade e com
militar publicações, estampas ou jornais que aten- eficiência, logo após o ato de indisciplina, evitar ou
tem contra a disciplina ou a moral; diminuir as suas conseqüências, ou ter, antes da
LVIII - trabalhar mal, intencionalmente ou por falta solução da Parte ou Sindicância, reparado o dano;
de atenção em qualquer serviço ou instrução; c) cometido a transgressão sob coação a que podia
LIX - travar discussão, rixa ou luta corporal com resistir, ou sob a influência de violenta emoção, pro-
seu igual ou subordinado; vocada por ato injusto de terceiro;
LX - usar violência desnecessária em ato de serviço; d) confessado, espontaneamente, perante a auto-
LXI - utilizar-se do anonimato para qualquer fim; ridade policial militar competente, a autoria da
LXII - utilizar ou autorizar a utilização de subordi- transgressão ignorada ou imputada a outrem;
nados para serviços não previstos em regulamento; e) mais de setenta anos de idade, na data do fato.
LXIII - violar ou deixar de preservar local de crime.

Do Julgamento z Das Circunstâncias Agravantes

Uma vez cometida a transgressão disciplinar, Art. 37 São circunstâncias agravantes:


deve-se proceder ao julgamento, que será precedido I - comportamento mau ou insuficiente;
de exame e análise criteriosa. Para a análise, deverão II - prática ou conexão de duas ou mais
ser observados os seguintes critérios, de acordo com transgressões;
o art. 34: III - reincidência de transgressão;
IV - conluio de duas ou mais pessoas;
I - a culpabilidade;
V - a embriaguez alcoólica preordenada;
II - os antecedentes do transgressor;
VI - induzimento de outrem à co-autoria;
III - as causas que a determinaram;
VII - ter abusado o transgressor de sua autoridade
IV - a natureza dos fatos ou os atos que a
hierárquica;
envolveram;
VIII - ser praticada a transgressão:
V - as conseqüências que dela possam advir;
a) com premeditação;
VI - as causas que as justifiquem ou as circunstân-
cias que as atenuem e/ou as agravem. b) em presença de tropa ou de público;
c) em presença de subordinado;
z Das Causas de Justificação d) durante a execução do serviço;
e) fora do quartel, estando o transgressor fardado;
Art. 35 São causas de justificação: f) para facilitar ou assegurar a execução, a ocul-
I - ter sido cometida a transgressão na prática de tação, a impunidade ou vantagem de outro ato de
ação meritória, no interesse do serviço ou da segu- indisciplina;
rança pública; g) mediante dissimulação, ou outro recurso que
II - ter sido praticada a transgressão em legítima dificulte a identificação da sua autoria;
defesa, própria ou de outrem;
III - ter sido cometida a transgressão sob coação

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z Da Isenção de Punição
irresistível ou em obediência à ordem, não manifes-
tamente ilegal, de superior hierárquico; Art. 38 É isento de punição o transgressor que por
IV - ter sido cometida a transgressão pelo uso um dos motivos seguintes era, ao tempo da trans-
imperativo de força necessária, a fim de compelir o gressão, inteiramente incapaz de entender o
subordinado a cumprir rigorosamente o seu dever caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
no caso de perigo, necessidade urgente, calamidade acordo com esse entendimento:
pública, manutenção da ordem e da disciplina; I - doença mental;
V - ter sido praticada a transgressão por erro plena- II - embriaguez acidental completa, advinda de
mente justificado, em circunstância que supôs situa- caso fortuito ou força maior;
ção de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima; III - embriaguez patológica completa.
VI - ter sido praticada a transgressão para livrar de
perigo atual ou iminente, direito próprio ou alheio,
DAS PUNIÇÕES DISCIPLINARES
cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoá-
vel exigir-se e não havia outro modo de fazê-lo.
Da Gradação e Execução

Importante! As definições que serão apresentadas a seguir


podem ser encontradas entre os arts. 41 a 48 do
Não haverá punição quando for reconhecida Decreto 37.041/96. Porém, para facilitar seu estudo,
qualquer causa de justificação. (§ 1º do art. 35) sintetizamos o conteúdo de cada uma delas. Sendo
assim, acompanhe a seguir quais são as punições
z Das Circunstâncias Atenuantes disciplinares:

Art. 36 São circunstâncias atenuantes: z Advertência: Forma mais branda de punir. Con-
I - estar no comportamento bom, ótimo ou excepcional; siste em uma admoestação feita verbalmente ao
II - relevâncias de serviços prestados, comprovados transgressor, podendo ser em caráter particular
mediante condecorações, medalhas, títulos, elogios ou ostensivamente;
individuais e outras disposições contidas em leis, z Repreensão: Admoestação mais enérgica do que
decretos e regulamentos; a advertência e não priva o punido da liberdade; 289
z Detenção: Cerceamento da liberdade do punido, VII - a data do início do comprimento da punição,
o qual deve permanecer no quartel da OPM onde se o punido tiver sido preso na conformidade do
serve, sem que fique, no entanto, confinado; art. 12;
z Prisão: Consiste em manter o transgressor cir- VIII - a determinação para posterior cumprimento,
cunscrito às dependências do alojamento de seus se o punido estiver baixado, afastado do serviço ou
pares, ou em não as havendo, em local determi- à disposição de outra autoridade.
IX - o esclarecimento quanto ao uso do direito de
nado e adaptado, sem grades, na própria OPM do
defesa do punido.
sancionado;
Parágrafo Único. Quando ocorrer causa de justifi-
z Licenciamento a bem da disciplina: Afastamento cação ou de isenção, no enquadramento, menciona-
“ex-offício” do policial militar das fileiras da Corpo- -se a justificação da falta ou o motivo da isenção,
ração, conforme prescrito no Estatuto dos Policiais em lugar da punição imposta.
Militares.
Da Publicação
Das Regras de Aplicação
Art. 61 Publicação em boletim - É o ato adminis-
Art. 50 A aplicação da punição compreende uma trativo que formaliza a aplicação da punição, sua
descrição sumária, clara e precisa dos fatos e justificação ou a sua isenção.
circunstâncias que determinaram a transgressão, Art. 62 As punições de repreensão, detenção e
o enquadramento da punição e a decorrente prisão devem ser publicadas em Boletim da OPM,
publicação em Boletim da OPM. constar das alterações do punido e registradas em
Art. 51 A aplicação da punição deve ser feita com sua ficha disciplinar.
justiça, serenidade e imparcialidade, para que o
punido fique consciente e convicto de que a mesma Da Contagem de Tempo de Punição
se inspira no cumprimento exclusivo de um dever.
[...] Art. 63 O início do cumprimento da punição disci-
Art. 53 Nenhum policial militar deve ser interroga- plinar deve ocorrer com a distribuição do Boletim
do ou ouvido em estado de embriaguez ou sob ação da OPM que publicar a aplicação da punição.
de psicotrópicos. Parágrafo único. A contagem do tempo de cumpri-
mento da punição vai do momento em que o punido
A punição disciplinar não exime o punido das res- for mantido detido ou preso até aquele em que for
ponsabilidades civil e penal que lhe couber. (art. 56). posto em liberdade. [...]
Art. 65 O cumprimento de punição disciplinar, por
Lembre-se da independência entre as esferas admi-
policial militar afastado temporariamente do ser-
nistrativa, cível e penal.
viço ou em gozo de qualquer tipo de licença, deve
ocorrer após a sua apresentação, pronto na OPM.
Dos Limites da Punição [...]
Art. 66 A interrupção da contagem de tempo de
Art. 57 A punição deve ser proporcional à gravi- punição, nos casos de baixa a hospital ou enferma-
dade da transgressão, dentro dos seguintes limites: ria e outros, vai do momento em que o punido for
I - de advertência ou de repreensão para as trans- retirado do local de cumprimento da punição até o
gressões leves; seu retorno, desde que fique comprovado que houve
II - de quatro a vinte dias de detenção para as trans- má fé por parte do transgressor.
gressões médias;
III - de quatro a vinte dias de prisão para as trans- Da Modificação na Aplicação das Punições
gressões graves.
Art. 67 A modificação da aplicação de punição pode
Dispõe o § 4º desse artigo que, por uma única trans- ser realizada pela autoridade que a aplicou ou por
gressão, não deve ser aplicada mais de uma punição outra, superior e competente, quando tiver conheci-
(aplicação do princípio do non bis in idem). mento de fatos que recomendem tal procedimento.
Parágrafo Único. As modificações da aplicação de
Do Enquadramento punição são:
I - Anulação;
Art. 60 Enquadramento - é a caracterização da II - relevação;
transgressão acrescida de outros detalhes rela- III - atenuação;
cionados com o comportamento do transgressor, IV - agravação
cumprimento da punição, justificação ou isen-
ção. No enquadramento são necessariamente Tendo em vista as possíveis modificações da apli-
mencionados: cação da punição apresentadas no art. 67, é de suma
I - a transgressão cometida, em termos precisos importância que se entenda separadamente cada uma
e sintéticos e a especificação dos artigos deste delas. As definições que serão apresentadas a seguir
Regulamento implicados. Não devem ser emitidos podem ser encontradas entre os arts. 68 a 74 do Decre-
comentários deprimentes e/ou ofensivos, sendo to 37.041/96. Com o intuito de facilitar seus estudos,
porém permitidos os ensinamentos decorrentes, entretanto, elas encontram-se sintetizadas a seguir:
desde que não contenham alusões pessoais;
II - os itens, artigos e parágrafos das circunstâncias z Anulação da punição: Tornar sem efeito a aplica-
atenuantes e/ou agravantes, causas de justificação
ção da punição. Deve-se eliminar toda e qualquer
ou isenção;
III - a classificação da transgressão; anotação e/ou registro nas alterações do militar
IV - a punição imposta; relativos à sua aplicação;
V - o local de cumprimento da punição, se for o z Relevação: Suspensão do cumprimento da puni-
caso; ção imposta. Pode ser concedida quando já tiver
VI - a classificação do comportamento militar em sido cumprida, pelo menos, metade da punição
290 que a praça punida permaneça ou ingresse; imposta, nos seguintes casos:
Art. 71 [...] § 3º A punição de advertência não é considerada
I - quando ficar comprovado que foram atingidos os para efeito de classificação de comportamento.
objetivos visados com a aplicação da mesma; Art. 76 A melhoria de comportamento far-se-á
II - por motivo de passagem de comando, data de automaticamente e começa a partir da data de
aniversário da Corporação, aniversário da OPM,
inclusão da praça na Corporação ou, quando for
ou data nacional.
o caso, do dia subsequente ao de encerramento
z Atenuação: Diminuição ou transformação da pu- do cumprimento da última punição, obedecidos
nição proposta ou aplicada em uma menos rigo- os prazos seguintes, sem que a praça haja sofrido
rosa, se assim exigir o interesse da disciplina e da qualquer punição disciplinar:
ação educativa do punido;
z Agravação: Aumento ou transformação da puni- DO MAU PARA O INSUFICIENTE
ção proposta ou aplicada em uma mais rigorosa,
Um ano
se assim exigir o interesse da disciplina e da ação
educativa do punido. DO INSUFICIENTE PARA O BOM
Um ano
Por fim, o art. 74 trata da competência para reali-
zar as modificações da aplicação da punição estuda- DO BOM PARA O ÓTIMO
das neste tópico: Quatro anos
Art. 74 São competentes para anular, relevar, ate- DO ÓTIMO PARA O EXCEPCIONAL
nuar e agravar as punições impostas por si ou por Quatro anos
seus subordinados as autoridades discriminadas
no Art. 11, devendo esta decisão ser justificada em
Boletim. Degradação de Comportamento

Para compreendermos melhor o que dispõe esse Art. 77 A degradação de comportamento é automá-
artigo, devemos ter ciência da matéria elencada no tica e ocorrerá, nas condições e prazos seguintes:
art. 11 (nele mencionado). Vejamos:

Art. 11 A competência para aplicar as prescrições DO EXCEPCIONAL PARA O ÓTIMO


contidas neste Regulamento é conferida ao cargo
e não ao grau hierárquico. São competentes para Quando a praça for punida pela prática de transgres-
aplicá-las: são disciplinar classificada como leve ou média
I - o Governador do Estado e o Comandante Geral,
DO EXCEPCIONAL PARA O BOM
a todos aqueles que estiverem suje itos a este
Regulamento; Quando a praça for punida pela prática de transgres-
II - o Chefe do EMG, a todos os que lhe são subor- são disciplinar classificada como grave
dinados, na qualidade de Subcomandante da
Corporação; DO ÓTIMO PARA O BOM
III - os Chefes de Gabinetes e Assessorias Militares,
aos que estiverem sob suas ordens; Quando a praça, no período de quatro anos consecuti-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


IV - os Comandantes Intermediários, Diretores e vos, for punida pela prática de mais de uma transgres-
Ajudante Geral, aos que servirem sob suas ordens; são disciplinar classificada como média
V - o Subchefe do EMG e Comandantes de OPM, aos
que estiverem sob suas ordens; DO BOM PARA O INSUFICIENTE
VI - os Chefes de Seções do EMG, Assessorias do
Quando a praça, no período de um ano, for punida pela
Comando Geral e os Subcomandantes de OPM, aos
que servirem sob suas ordens; prática de até duas transgressões disciplinares classi-
VII - os demais Chefes de Seções, até o nível Bata- ficadas como graves
lhão, inclusive; Comandantes de Subunidades
DO BOM PARA O MAU
incorporadas e de Pelotões destacados, aos que
estiverem sob suas ordens. Quando a praça, no período de um ano, for punida pela
prática de mais de duas transgressões disciplinares
DO COMPORTAMENTO POLICIAL MILITAR classificadas como graves

Da Classificação DO INSUFICIENTE PARA O MAU

Quando a praça, no período de um ano, for punida pela


Art. 75 O comportamento das praças espelha o seu
prática de mais de duas transgressões disciplinares
procedimento civil e policial militar, e deve ser clas-
classificadas como graves
sificado nas seguintes categorias:
I - excepcional;
II - ótimo; DOS DIREITOS E RECOMPENSAS
III - bom;
III - insuficiente; e
IV - mau. Do Direito de Defesa
§ 1º Ao ser incluída na Polícia Militar, a praça será
classificada no comportamento “bom”. De acordo com o art. 78:
§ 2º A melhoria e a degradação são da competência
do Comandante Geral e dos Comandantes de OPM, Art. 78 Ninguém será punido sem que lhe seja asse-
obedecido o disposto neste Capitulo e, necessaria- gurado o direito de defesa, sob pena de nulidade do
mente, publicadas em Boletim. ato administrativo. 291
Esse dispositivo está em concordância com o que I - só será cabível após ter sido publicada em Bole-
prevê o inciso LV do art. 5º da CF/88, o Princípio da tim a solução do pedido de reconsideração de ato;
ampla defesa: II - será interposta mediante requerimento fun-
damentado do queixoso, ou de seu representante,
Art. 5º [...] nomeado por procuração;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou adminis- Art. 92 A íntegra da queixa deve ser precedida de
trativo, e aos acusados em geral são assegurados o comunicação, por escrito, à autoridade de quem
vai se queixar e encaminhada por via hierárquica,
contraditório e ampla defesa, com os meios e recur-
em termos respeitosos, contando o objetivo desse
sos a ela inerentes;
recurso.
Prosseguindo na legislação estadual, no tema
Da Representação
sobre o direito de defesa, é suma importância o con-
teúdo do art. 79:
Art. 94 Representação - é o recurso disciplinar redi-
gido sob forma de ofício, interposto por autorida-
Art. 79 A autoridade, a quem o documento disci- de que julgue subordinado seu estar sendo vítima
plinar é dirigido, quando não instaurar sindicân- de injustiça ou prejudicado em seus direitos, por
cia em torno do assunto, providenciará para que o ato de autoridade superior.
policial tido como transgressor seja notificado do
teor do mesmo para, no prazo máximo de três dias
Do Cancelamento de Punição
úteis, apresentar defesa por escrito, podendo arro-
lar até três testemunhas e fazer juntada das demais
provas que lhe convier, pertinentes ao feito. Art. 95 Cancelamento de punição é o direito confe-
rido ao policial militar de ter cancelada a averba-
ção de punição e outras notas a ela relacionadas,
Da Apresentação de Recursos em suas alterações.

Art. 82 Interpor recurso disciplinar é o direito con- Das Recompensas


cedido ao policial militar que se julgue, ou julgue
subordinado seu, prejudicado, ofendido ou injusti-
Art. 98 Recompensas constituem reconhecimento
çado por superior hierárquico, na esfera discipli-
dos bons serviços prestados por policiais militares.
nar, para provocar o reexame do ato administrativo
pertinente, visando a anulação ou a modificação da
punição. As recompensas previstas em lei são o elogio, as
dispensas do serviço e a dispensa da revista do reco-
lher e do pernoite.
Quais são os recursos disciplinares?
REGRAS PARA A CONCESSÃO
z Pedido de reconsideração de ato;
z Queixa;
Art. 101 O elogio pode ser individual ou coletivo.
z Representação.
§ 1º O elogio individual, que coloca em relevo as
qualidades morais e profissionais, somente poderá
Art. 83 Não será prejudicado o recurso, que, por ser formulado a policiais militares que se hajam
erro, falta ou omissão causados pela administra- destacado do resto da coletividade no desempenho
ção da corporação, não tiver seguimento ou não de ato de serviço ou ação meritória. Os aspectos
for apresentado dentro do prazo. principais que devem ser abordados são os refe-
[...] rentes ao caráter, à coragem e desprendimento, à
Art. 85 A autoridade, a quem é dirigido o recurso inteligência, às condutas civil e policial militar, às
disciplinar, deve solucioná-lo no prazo máximo de culturas profissional e geral, à capacidade como
quatro dias úteis. instrutor, à capacidade como comandante e como
administrador, e à capacidade física.
Da Reconsideração de Ato § 2º Só serão registrados nos assentamentos dos
policiais militares os elogios individuais obtidos no
Art. 90 Reconsideração de ato é o recurso inter- desempenho de funções próprias à policia militar
posto à autoridade que aplicou a punição, pelo e concedidos por autoridades com atribuição para
meio do qual o policial militar, que se julgue direta- fazê-lo.
mente prejudicado, ofendido ou injustiçado, solici- § 3º O elogio coletivo visa a reconhecer e a ressaltar
ta à autoridade que praticou o ato, que reexamine um grupo de policiais militares ou fração de tropa ao
sua decisão, visando a anulação ou modificação da cumprir destacadamente uma determinada missão.
punição aplicada. § 4º Quando a autoridade que elogiar não dispu-
Parágrafo Único. O recurso de que trata este artigo ser de Boletim para a publicação, deve ser feita,
será interposto mediante requerimento fundamenta- mediante solicitação escrita, no da autoridade ime-
do do recorrente, ou de seu representante nomeado diatamente superior.
Art. 102 As dispensas do serviço, como recompen-
por procuração, a contar da data em que oficialmen-
sas, podem ser:
te tomar conhecimento dos fatos que o motivaram.
I - dispensa total do serviço, que isenta de todos os
trabalhos da OPM, inclusive os de instrução;
Da Queixa Disciplinar II - dispensa parcial do serviço, quando isenta de
alguns trabalhos, que devem ser especificados na
Art. 91 A queixa é o recurso disciplinar interpos- própria concessão. [...]
to pelo policial militar que se julgue injustiçado, Art. 103 As dispensas da revista do recolher e de
dirigido à autoridade superior imediata àquela pernoitar no quartel, podem ser incluídas em uma
que tiver imposta a punição, pleiteando a sua anu- mesma concessão. Não justificam a ausência do ser-
lação ou modificação. viço para o qual o policial militar está ou for escala-
292 Parágrafo Único. A apresentação de queixa: do e nem da instrução a que deva comparecer.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um policial militar foi
EXERCÍCIOS COMENTADOS punido disciplinarmente, com a correspondente aver-
bação da penalidade, porém, após cinco anos, ele
Em cada um dos itens a seguir é apresentada uma requereu à autoridade competente o cancelamento do
situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser jul- registro da punição, tendo, nesse período, sofrido ape-
gada de acordo com as disposições do Regulamento nas uma advertência. Nessa situação, o requerimento
Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas. será indeferido em razão da punição de advertência
sofrida no quinquênio considerado.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um policial militar prati-
cou ato com consequências nas esferas administra- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
tiva e criminal. Nessa situação, qualquer apuração
administrativa deverá aguardar a conclusão de even- O art. 95 do Regulamento Disciplinar prevê, para o
tual inquérito policial instaurado. efetivo cancelamento do registro da punição para o
Policial Militar, que ele complete 5 anos sem qual-
( ) CERTO  ( ) ERRADO quer punição disciplinar, mesmo advertência, o que
remete ao caso em análise. “Art. 95 [...] I - será confe-
O art. 28 do Regulamento em questão prevê justa- rido, mediante requerimento, ao policial militar que
mente o contrário, dada a independência entre as tenha completado cinco anos de efetivo serviço sem
esferas: “A instância criminal e administrativa são que haja sofrido qualquer punição disciplinar, inclu-
independentes e podem ser concomitantes. A ins- sive a de advertência”. Resposta: Certo.
tauração de inquérito ou ação criminal não impe-
de a imposição imediata, na esfera administrativa,
de penalidade cabível pela transgressão disciplinar
residual ou subjacente ao mesmo fato.” Resposta:
Errado.
DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 E SUAS
ALTERAÇÕES (PARTE GERAL DO
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um policial militar recém- CÓDIGO PENAL)
-incorporado praticou ato considerado transgressão
disciplinar. Nesse caso, a falta de prática no serviço DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
poderá ser considerada circunstância atenuante.
O Direito Penal moderno se assenta em determi-
( ) CERTO  ( ) ERRADO nados princípios fundamentais, próprios do Estado
de Direito democrático, entre os quais destaca-se o da
O inciso III do art. 36 do Regulamento Disciplinar legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou
aponta como causa atenuante a falta de prática ao da intervenção legalizada, tudo com base constitucio-
serviço. “São circunstâncias atenuantes: [...] III - fal- nal expressa.
ta de prática no serviço”. Resposta: Certo. O Direito Penal está interligado a todos os ramos
do Direito, especialmente ao Direito Constitucional. O
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Um policial militar, com cin- estudo da aplicação da lei penal deve, quase que obri-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


co anos de serviço, foi punido disciplinarmente e ingres- gatoriamente, passar pelos princípios constitucionais,
sou no comportamento mau. Nessa situação, se vier a e assim avançar.
praticar transgressão disciplinar de qualquer espécie e Sobre a aplicação da lei penal, é necessário com-
natureza, poderá ser licenciado a bem da disciplina. preender as fontes do direito penal:

( ) CERTO  ( ) ERRADO z Fontes Formais Mediatas;


z Fontes Materiais Imediatas.
O § 1º do art. 48 do regulamento prevê justamen-
te esta circunstância para os praças não estáveis, Fontes Formais Mediatas
porém o § 2º prevê a aplicação também ao policial
militar estável: “Art. 48 [...] § 1º O licenciamento a Costume é a reiteração de uma conduta, de modo
bem da disciplina deve ser aplicado à praça sem constante e uniforme, por força da convicção de sua
estabilidade assegurada, mediante análise de suas obrigatoriedade. Possui um elemento objetivo, relati-
alterações por iniciativa do Comandante, ou por vo ao fato (reiteração da conduta), e outro subjetivo,
ordem das autoridades relacionadas nos itens I, II e inerente ao agente (convicção da obrigatoriedade).
III do Art. 11, quando: Ambos devem estar presentes cumulativamente. No
I - a transgressão afeta o sentimento do dever, a Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado
honra pessoal, o pundonor e o decoro policial mili- para criar delitos ou aumentar penas.
tar, e como repressão imediata, assim se torna abso- Os costumes dividem-se em:
lutamente necessária à disciplina;
II - no comportamento mau, se nesta condição sobre- z Secundum legem ou interpretativo: Auxilia o
vir prática de transgressão disciplinar de qualquer intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos
espécie e natureza. ou circunstâncias do tipo penal. No passado, pode
§ 2º O licenciamento a bem da disciplina poderá ser ser lembrada a expressão “mulher honesta”, com-
aplicado às praças com estabilidade assegurada preendida de diversas formas ao longo do territó-
quando, numa das situações previstas no parágrafo rio nacional;
anterior, for julgado culpado por decisão de Conse- z Contra legem ou negativo: Também conhecido
lho de Disciplina, se assim decidir o Comandante como desuso, é aquele que contraria a lei, mas não
Geral.” Resposta: Certo. tem o condão de revogá-la; 293
z Praeter legem ou integrativo: Supre a lacuna da lei e somente pode ser utilizado na seara das normas penais
não incriminadoras, notadamente para possibilitar o surgimento de causas supralegais de exclusão da ilicitu-
de ou da culpabilidade.

Importante!
Princípios Gerais do Direito: Valores fundamentais que inspiram a elaboração e a preservação do ordena-
mento jurídico. Não podem ser utilizados para tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua atuação
reserva-se ao âmbito das normas penais não incriminadoras.
Atos da Administração Pública: No Direito Penal, funcionam como complemento de algumas leis penais em
branco.

Fonte Formal Imediata

É a lei penal, uma vez que, por expressa determinação constitucional, tem a si reservado, exclusivamente, o
papel de criar infrações penais e cominar as penas respectivas.

ESTRUTURA DA LEI PENAL

A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e um preceito secundário (pena).
As leis penais podem ser incriminadoras e não incriminadoras; completas ou perfeitas e incompletas ou
imperfeitas. A lei penal não é proibitiva, mas descritiva, pois descreve condutas típicas.

ESTRUTURA DA LEI PENAL


Incriminadoras Não Incriminadoras Completas ou Perfeitas Incompletas ou Imperfeitas
Ao contrário das completas, são aquelas
que precisam de elemento normativo ou al-
gum outro complemento para ser aplicável.
Por exemplo, o art. 33 da Lei de Drogas:
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
Não necessitam de nenhum
Não preveem crimes, pelo venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
Definem as condutas que complemento normativo (va-
contrário, tornam lícitas ou trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
se pretende prevenir, atri- lorativo) para ser aplicável ao
excluem a culpa. entregar a consumo ou fornecer drogas, ain-
buindo determinada pena caso concreto.
Exemplo: Legítima defesa da que gratuitamente, sem autorização ou
Exemplo: matar alguém
em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Para que o artigo acima seja aplicável, é ne-
cessário que se defina o que se entende por
droga. Assim, faz-se necessário que uma
portaria da ANVISA defina o que é droga

LEIS INCRIMINADORAS

As normas incriminadoras possuem, necessariamente, duas partes.

Primeira Parte

Descreve a conduta típica e os demais elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso, o que
também é chamado de preceito primário da norma incriminadora.
Exemplo: Crime de furto – caput do art. 155 do Código Penal: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel.
Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados elementos ou elementares e se subdividem
em três espécies: elementos objetivos, subjetivos e normativos.

z Elementos Objetivos: São os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos
significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto. Todos
os tipos penais possuem elementos objetivos;
z Elementos Subjetivos: Dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos. O crime de extorsão mediante sequestro, por
exemplo, consiste em sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate (art. 159 do CP). O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter
vantagem como decorrência do sequestro;
z Elementos Normativos: Aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo de uma
interpretação, ou seja, de um juízo de valor. No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada ele-
mento normativo, pois só se sabe se um bem é alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma
análise envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo subtraído. São poucos os crimes que possuem elemento
294 normativo.
Os tipos penais compostos somente por elemen- z Permissivas: Podem ser justificantes, quando ex-
tos objetivos são chamados de normais, e aqueles cluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando
que também contêm elementos subjetivos ou nor- excluem a culpabilidade. São as que preveem a
mativos são classificados de anormais (por serem licitude ou a impunidade de determinados com-
exceção). portamentos, apesar de se enquadrarem na descri-
ção típica. São normas permissivas, por exemplo,
Segunda Parte aquelas que excluem a ilicitude do aborto provo-
cado por médico quando não há outro meio para
A lei prevê a pena a ser aplicada a quem realizar a salvar a vida da gestante, ou quando a gravidez
conduta típica ilícita. No caso do furto, a pena estabe- resulta de estupro e há consentimento da gestante
lecida é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Esse
(art. 128 do CP), ou, ainda, as hipóteses de isenção
é o chamado preceito secundário da norma.
de pena existentes nos crimes contra o patrimônio
Além da definição legal e da respectiva pena, as
normas incriminadoras podem ser complementadas praticados contra cônjuge ou contra ascendente
na Parte Especial por circunstâncias que tornam a sem emprego de violência ou grave ameaça (art.
pena mais grave ou mais branda. 181, do CP).

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA A legislação penal brasileira optou pela proibi-


ção indireta, descrevendo o fato como pressuposto
As causas de aumento são índices de soma ou mul- da sanção – técnica legislativa desenvolvida por Karl
tiplicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida Binding e chamada de teoria das normas, segundo a
na fase anterior. Continuando no exemplo do crime de qual é necessária a distinção entre norma e lei penal.
furto, § 1º do art. 155 do CP, a pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado durante o repouso noturno. PRINCÍPIOS

QUALIFICADORAS Quando se fala em princípio da legalidade, vai-se


além de “para ser crime tem que estar previsto em lei”.
As qualificadoras alteram a pena em abstrato (pre- A dicção do princípio da legalidade tem sentido amplo:
ceito secundário) como um todo, descrevendo novas não há crime (infração penal), nem pena ou medida de
penas máxima e mínima. No crime de furto, por segurança (sanção penal) sem prévia lei (stricto sensu).
exemplo, além do tipo básico já mencionado e des- Pelo princípio da legalidade, tem-se a certeza de
crito no caput do art. 155, existem as qualificadoras que ninguém será punido por um fato que, ao tem-
(rompimento de obstáculo, emprego de chave falsa, po da ação ou omissão, era tido como um indiferente
escalada, concurso de agentes etc.). penal, haja vista a inexistência de qualquer lei penal
incriminando-o.
Art. 155 [...] O princípio da irretroatividade da lei penal, res-
§ 4º. A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, salvada a retroatividade favorável ao acusado, funda-
e multa, se o crime é cometido: menta-se a regra geral nos princípios da reserva legal,
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do
subtração da coisa; favor libertatis), e a hipótese excepcional em razões

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, de política criminal (justiça). Trata-se de restringir o
escalda ou destreza; arbítrio legislativo e judicial na elaboração e aplica-
III – com emprego de chave falsa; ção de lei retroativa prejudicial.
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas. A regra constitucional (inciso XL do art. 5° da CF) é
no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção é
ABRANDAMENTO DA PENA a retroatividade, desde que seja para beneficiar o réu.

Há hipóteses de abrandamento da pena, por exem- A LEI PENAL NO TEMPO E NO ESPAÇO


plo, o furto privilegiado.
O Código Penal, logo no art. 1º, dispõe que não há
Art. 155 [...] crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno prévia cominação legal.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena A lei penal não pode retroagir, o que é denomina-
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 (um)
do como irretroatividade da lei penal. Contudo, há
a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de
exceção à regra.
multa.
A lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao
réu. Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos
LEIS NÃO INCRIMINADORAS
durante sua vigência, porém, por vezes, verificamos a
extratividade da lei penal. A extratividade da lei penal
As não incriminadoras podem ser explicativas se manifesta de duas maneiras, ou pela ultratividade
(também chamadas complementares ou finais) ou da lei ou retroatividade da lei.
permissivas. Assim, considera-se que a extra atividade da lei
penal é o seu poder de regular situações fora de seu
z Explicativas (complementares ou finais): Escla- período de vigência, podendo ocorrer seja em relação a
recem o conteúdo de outra norma, como no caso situações passadas, seja em relação a situações futuras.
do conceito de funcionário público, ou tratam de Quando a lei regula situações passadas, fatos ante-
regras gerais para aplicação das demais normas, riores a sua vigência, ocorre a denominada retroati-
como as que disciplinam a tentativa e o nexo de vidade. Já, se sua aplicação se der para fatos após a
causalidade; cessação de sua vigência, será chamada ultratividade. 295
Em se tratando de extratividade da lei penal, Não é difícil compreender a lei penal no tempo e
observa-se a ocorrência das seguintes situações: no espaço, porém, há detalhes que serão apresentados
a seguir. Um dos autores que leciona muito bem sobre
z Abolitio criminis: Trata-se da supressão da figura a lei penal no tempo é Damásio Evangelista de Jesus.
criminosa; A lei nova descriminante, atuando retroativamen-
z Novatio legis in melius ou lex mitior: É a lei te, exclui todos os efeitos jurídico-penais do comporta-
penal mais benigna. mento antes considerado infração.
Há extinção do jus puniendi in concreto e do jus
Tanto na abolitio criminis como na novatio legis in punitionis.
melius aplica se o princípio da retroatividade da Lei Na prática:
penal mais benéfica.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descrimi- z A persecutio criminis ainda não foi movimentada:
nalizou os arts. 217 e 240 do Código Penal, respectiva- o inquérito policial ou o processo não pode ser
mente, os crimes de “sedução” e “adultério”, de modo iniciado;
que o sujeito que praticou uma destas condutas em z O processo está em andamento: deve ser “trancado”
fevereiro de 2006, por exemplo, não será responsabi- mediante decretação da extinção da punibilidade;
lizado na esfera penal. z Já existe sentença condenatória com trânsito em
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº julgado: a pretensão executória não pode ser efeti-
11.106 de 28 de março de 2006 não descriminalizou vada (a pena não pode ser executada);
z O condenado está cumprindo a pena: decretada a
o crime de rapto, previsto anteriormente no art. 219 e
extinção da punibilidade, deve ser solto.
seguintes do Código Penal, mas somente deslocou sua
tipicidade para o art. 148 e seguintes (“sequestro” e
A condenação é registrada e é lançado o nome do
“cárcere privado”). Houve, assim, uma continuidade
réu no rol dos culpados, ato que permite a documen-
normativa atípica. tação da decisão condenatória para que produza seus
A abolitio criminis faz cessar a execução da pena e efeitos secundários.
todos os efeitos penais da sentença. Ocorrendo a abolitio criminis, a condenação é
A Lei nº 9.099/1999 trouxe novas formas de substitui- declarada inexistente e o nome do condenado é risca-
ção de penas e, por consequência, considerando que se do do rol dos culpados: o comportamento, como con-
trata de novatio legis in melius, ocorreu a retroatividade duta punível, deixa de figurar em sua vida pregressa.
de sua vigência a fatos anteriores a sua publicação: Se vier a praticar outra infração, a conduta anterior,
tornada inexistente, não o poderá prejudicar.
z Novatio legis in pejus: Lei posterior que agrava No caso de lei intermediária mais benéfica, pode
a situação; acontecer que o sujeito pratique o fato sob o império
de uma lei, surgindo, depois, sucessivamente, duas
z Novatio legis incriminadora: Lei posterior que
outras regulando o mesmo comportamento, sendo a
cria um tipo incriminador, tornando típica a con- intermediária a mais benigna.
duta antes considerada irrelevante pela lei penal. O que se deve fazer é analisar os efeitos das três
lei;, veremos que a primeira é ab-rogada pela inter-
A lei posterior não retroage para atingir os fatos média e, sendo mais severa, não tem ultra atividade;
praticados na vigência da lei mais benéfica (“Irretroa- a intermediária, mais favorável que as outras duas,
tividade da lei penal”). Contudo, haverá extratividade retroage em relação à primeira e possui ultra ativida-
da lei mais benéfica, pois será válida mesmo após a de em face da terceira; esta, mais severa, não retroage.
cessação da vigência (Ultratividade da Lei Penal).
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e TEMPO E LUGAR DO CRIME
continuados aplica-se a lei nova, ainda que mais gra-
ve, nos termos da Súmula 711 do STF. Tempo do Crime
Ainda no art. 1º do CP, há o princípio da legalidade,
que a maioria dos nossos autores considera sinônimo Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento
de reserva legal. A doutrina orienta-se maciçamente da ação ou omissão, ainda que outro seja o momen-
no sentido de não haver diferença conceitual entre to do resultado. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 1984)
legalidade e reserva legal. O professor Fernando
Capez diz que o princípio da legalidade é gênero que
A respeito do tempo do crime, existem três teorias:
compreende duas espécies: reserva legal e anteriori-
dade da lei penal.
z Teoria da Atividade: O tempo do crime consiste
Com efeito, o princípio da legalidade corresponde
no momento em que ocorre a conduta criminosa;
aos enunciados do inciso XXXIX do art. 5º da Consti-
z Teoria do Resultado: O tempo do crime consis-
tuição Federal e art. 1º do Código Penal (não há cri- te no momento do resultado advindo da conduta
me sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia criminosa;
cominação legal) e contém, nele embutidos, dois prin- z Teoria da Ubiquidade ou Mista: O tempo do cri-
cípios diferentes: o da reserva legal, reservando para me consiste no momento tanto da conduta como
o estrito campo da lei a existência do crime e sua cor- do resultado que adveio da conduta criminosa.
respondente pena (não há crime sem lei que o defina,
nem pena sem prévia cominação legal); e o da anterio- O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código
ridade, exigindo que a lei esteja em vigor no momen- Penal português, no qual também é adotada a Teoria
to da prática da infração penal (lei anterior e prévia da Atividade para o tempo do crime. Em decorrência
cominação). Assim, a regra do art. 1º, denominada disso, aquele que praticou o crime no momento da
princípio da legalidade, compreende os princípios da vigência da lei anterior terá direito à aplicação da lei
296 reserva legal e da anterioridade. mais benéfica.
O menor de 18 anos, por exemplo, não será consi- z Princípio da territorialidade absoluta: Só a
derado imputável mesmo que a consumação ocorrer lei nacional é aplicável a fatos cometidos em seu
quando tiver completado idade equivalente a maiori- território;
dade penal; o deficiente mental será imputável se na z Princípio da territorialidade temperada: A lei
época da ação era consciente, tendo sofrido moléstia nacional se aplica aos fatos praticados em seu
mental tão somente na época do resultado. território, mas, excepcionalmente, permite-se a
Novamente, observa-se os crimes permanentes,
aplicação da lei estrangeira, quando assim estabe-
tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga no
lecer algum tratado ou convenção internacional.
tempo, de modo que, em se tratando de novatio legis
in pejus, nos termos da Súmula 711 do STF, a lei mais Foi este o princípio adotado pelo art. 5º do Código
grave será aplicada. Penal: Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
venções, tratados e regras de direito internacional,
Lugar do Crime ao crime cometido no território nacional.

Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em O território nacional abrange todo o espaço em
que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em par- que o Estado exerce sua soberania: solo, rios, lagos,
te, bem como onde se produziu ou deveria produzir- mares interiores, baías, faixa do mar exterior ao longo
-se o resultado. da costa (12 milhas) e espaço aéreo.
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos
O fato mais relevante sobre o tempo e lugar do cri- no estrangeiro. A lei brasileira aplica-se também ao
me reside no conflito aparente de normas. O conflito crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora
aparente de normas é o conflito que se estabelece entre do Brasil, se, reunidas as condições:
duas ou mais normas aparentemente aplicáveis ao mes-
mo fato. Há conflito porque mais de uma norma preten-
z Não foi pedida ou foi negada a extradição;
de regular o fato, mas é aparente, porque, com efeito,
z Houve requisição do Ministro da Justiça.
apenas uma delas acaba sendo aplicada à hipótese.
Fernando Capez (2016) nos ensina que para que se
configure o conflito aparente de normas é necessária É a possibilidade de aplicação da lei penal brasilei-
a presença de certos elementos: ra a fatos criminosos ocorridos no exterior.
A extraterritorialidade possui os seguintes princí-
z Unidade do Fato: Há somente uma infração penal; pios norteadores:
z Pluralidade de Normas: Duas ou mais normas
pretendem regulá-lo; z Princípio da nacionalidade ativa: Aplica-se a lei
z Aparente Aplicação de Todas as Normas à Espé- nacional do autor do crime, qualquer que tenha
cie: A incidência de todas é apenas aparente; sido o local da infração;
z Efetiva Aplicação de Apenas Uma Delas: Somen- z Princípio da nacionalidade passiva: A lei nacio-
te uma é aplicável, razão pela qual o conflito é nal do autor do crime aplica-se quando este for
aparente. praticado contra bem jurídico de seu próprio Esta-
do ou contra pessoa de sua nacionalidade;
A solução dá-se pela aplicação de alguns princí- z Princípio da defesa real: Prevalece a lei referente
pios, os quais, ao mesmo tempo em que afastam as
à nacionalidade do bem jurídico lesado, qualquer
normas não incidentes, apontam aquela que realmen-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


te regulamenta o caso concreto. que tenha sido o local da infração ou a naciona-
lidade do autor do delito. É também chamado de
Territorialidade e Extraterritorialidade princípio da proteção;
z Princípio da justiça universal: Todo Estado tem
Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de o direito de punir qualquer crime, seja qual for a
convenções, tratados e regras de direito internacio- nacionalidade do sujeito ativo e passivo, e o local
nal, ao crime cometido no território nacional. da infração, desde que o agente esteja dentro de
§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como seu território (que tenha voltado a seu país, por
extensão do território nacional as embarcações e exemplo);
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a ser- z Princípio da representação: A lei nacional é
viço do governo brasileiro onde quer que se encon- aplicável aos crimes cometidos no estrangeiro em
trem, bem como as aeronaves e as embarcações aeronaves e embarcações privadas, desde que não
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, julgados no local do crime.
que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar. Ainda sobre a extraterritorialidade é importante
§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes saber:
praticados a bordo de aeronaves ou embarcações O agente é punido segundo a lei brasileira, ain-
estrangeiras de propriedade privada, achando-se
da que absolvido ou condenado no estrangeiro, nos
aquelas em pouso no território nacional ou em voo
seguintes casos (inciso I do art. 7º do CP):
no espaço aéreo correspondente, e estas em porto
ou mar territorial do Brasil.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da
República;
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do
da norma penal a fatos cometidos no Brasil: Distrito Federal, de Estado, de Território, de Muni-
cípio, de empresa pública, sociedade de economia
z Princípio da territorialidade: A lei penal só tem mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder
aplicação no território do Estado que a editou, Público;
pouco importando a nacionalidade do sujeito ati- c) contra a administração pública, por quem está a
vo ou passivo; seu serviço; 297
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou Dica
domiciliado no Brasil.
Ultra atividade: As leis de vigência temporária
E ainda os crimes (inciso II do art. 7º do CP):
(excepcionais e temporárias) são ultra ativas,
no sentido de continuarem a ser aplicadas aos
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obri- fatos praticados durante a sua vigência mesmo
gou a reprimir; depois de sua auto revogação.
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações bra- Na ultra atividade, se o criminoso soubesse anteci-
sileiras, mercantes ou de propriedade privada, padamente que estivessem destinadas a desaparecer
quando em território estrangeiro e aí não sejam após um determinado tempo, perdendo a sua eficá-
julgados. cia, lançaria mão de todos os meios para iludir a san-
ção, principalmente quando iminente o término de
Nestes casos, a aplicação da lei brasileira depende sua vigência pelo decurso de seu período de duração
do concurso das seguintes condições (§ 2º do art. 7º ou de suas circunstâncias determinadoras.
do CP): Se a lei temporária não tivesse eficácia após o
decurso do lapso temporal pré-fixado, todos os que
a) entrar o agente no território nacional; tivessem desobedecido a sua norma nos últimos dias
b) ser o fato punível também no país em que foi de vigência ficariam impunes, pois não haveria tempo
praticado; para o processamento das ações penais antes de auto
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a revogação.
lei brasileira autoriza a extradição; Tal possibilidade criaria graves injustiças: uns
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou seriam condenados, outros, não. Só seriam apenados
não ter aí cumprido a pena;
os que tivessem praticado crimes em época bem ante-
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro
rior ao término de sua vigência.
ou, por outro motivo, não estar extinta a punibili-
dade, segundo a lei mais favorável.
z Hipótese de não se seguir nenhuma lei, após a
auto-revogação da temporária ou excepcional,
LEI PENAL EXCEPCIONAL, ESPECIAL E
regendo o mesmo fato: Neste caso, não é mudada
TEMPORÁRIA
a repressão penal. O ordenamento jurídico renas-
cido (a lei ordinária) não pode ser considerado lei
Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as posterior, pois não há lei alguma mais benigna
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao regulando o fato – a ordem jurídica é a mesma. Fal-
fato praticado durante sua vigência. tam apenas elementos típicos temporais exigidos
pela lei intermitente.
Iniciaremos o estudo pela lei penal excepcional e
temporária: Se não há lei posterior, não há duas leis em conflito.
Não há questão de retroatividade benéfica, pois ine-
z Lei Excepcional: Feita para vigorar em épocas xiste o que retroagir. O problema é de ultra atividade.
especiais, como guerra, calamidade etc. É apro-
vada para vigorar enquanto perdurar o período z Hipótese de seguir-se, à lei de vigência temporária,
excepcional; outra mais benigna e regendo o mesmo fato: Ocor-
z Lei Temporária: Feita para vigorar por determi- re a retroatividade benéfica quando a lei excepcio-
nado tempo, estabelecido previamente na própria nal ou temporária posterior abrange não somente
lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação o comportamento descrito pela figura típica antiga,
de sua vigência. mas também as circunstâncias anormais que o tor-
naram punível ou merecedor de maior punibilidade;
Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código z Alteração do complemento da norma penal em
Penal que, embora cessadas as circunstâncias que a branco: Normas penais em branco são as de defini-
determinaram (lei excepcional) ou decorrido o perío- ção típica integradas por outra norma. Modificada
do de sua duração (lei temporária), aplicam se elas aos esta, favorecendo o sujeito, não retroagem.
fatos praticados durante sua vigência.
São, portanto, leis ultra ativas, pois regulam atos Damásio (2014) afirma que só tem influência a
praticados durante sua vigência, mesmo após sua variação da norma complementar na lei penal em
revogação. branco quando importe em real modificação da figu-
ra abstrata do Direito Penal, e não quando importe a
z Auto revogação: O término da vigência das leis mera modificação de circunstância que, na realidade,
excepcionais e temporárias não depende de revo- deixa subsistente a norma.
gação por lei posterior, fugindo à regra geral. Con- Assim, a circunstância de que uma norma retire de
sumado o lapso da lei temporária, ou cessadas determinada moeda a sua natureza não tem nenhuma
as circunstâncias determinadoras das excepcio- influência sobre as decisões condenatórias existentes
nais, cessa a sua vigência. Fala-se, então, em auto em consequência de falsificação de moeda, pois não
revogação. houve variação quanto ao objeto abstrato da proteção
penal. A norma penal permanece a mesma.
Princípio de reserva legal: As leis temporárias Para que a retroatividade benéfica se produzisse,
e excepcionais não derrogam o princípio de reserva por exemplo, no crime previsto no art. 173 do CP (“abu-
legal, pois não se aplicam a fatos ocorridos antes de so de incapazes”), desde que adotada a tese dos 21 anos,
seria preciso que a menoridade civil fosse alterada:
298 sua vigência.
modificada esta, alterada estaria a idade do “menor” Por outro lado, o Código Penal Militar tem regras
a que faz referência a figura abstrata, o que realmente especiais para a prescrição nos crimes que tipifica.
veio ocorrer em face do art. 5º do Código Civil. Aplica-se o CPM, afastando-se a incidência do Código
Analisando a norma penal em branco, chegamos à Penal (Código Penal comum).
conclusão de ser constituída de duas partes: Um tema diretamente ligado à lei especial é o con-
flito aparente de normas, que foi melhor explicado no
subtópico “Lugar do Crime”. A solução dá-se pela apli-
z Em parte, é uma lei com vigência comum;
cação de alguns princípios, os quais, ao mesmo tempo
z Em outra, deve ser atendida a excepcionalidade ou em que afastam as normas não incidentes, apontam
temporariedade. aquela que realmente regulamenta o caso concreto.
Esses princípios são chamados de “princípios que
A primeira é a disposição a ser completada; a solucionam o conflito aparente de normas”, e divi-
segunda é o complemento. A primeira não possui dem-se em princípio da:
excepcionalidade ou temporariedade; a segunda pode
ter aqueles caracteres que lhe dão ultra atividade. z Especialidade;
Assim, revogado o art. 269 do CP (Deixar o médico z Subsidiariedade;
de denunciar à autoridade pública doença cuja notifica- z Consunção;
ção é compulsória), que contém uma norma penal em z Alternatividade.
branco, não se pode falar em ultra atividade em rela-
ção aos fatos praticados durante a sua vigência. A con- Princípio da Especialidade – Lex Specialis Derogat
duta deixa de ser considerada ilícita e a norma, que é Generali
em branco, nada tem de temporária ou excepcional.
Pode acontecer, entretanto, que a doença não Norma especial é a que possui todos os elementos
da geral e mais alguns, denominados especializantes,
denunciada pelo médico seja retirada do elenco com-
que trazem um minus ou um plus de severidade.
plementar, deixando de ser de notificação compulsó- É como se tivéssemos duas caixas praticamente
ria. Neste caso, duas hipóteses podem ocorrer: iguais, e que uma se diferenciasse da outra em razão
de um laço, uma fita ou qualquer outro detalhe que a
z Se a doença constava do elenco por motivo de tornasse especial. Entre uma e outra, o fato se enqua-
temporariedade ou excepcionalidade, o caso é de dra naquela que tem o algo a mais.
ultra atividade; O infanticídio tem tudo o que o homicídio tem, e
z Se a doença fazia parte do elenco complemen- mais alguns elementos especializantes: a vítima não
tar por motivo que não excepcional, o caso é de pode ser qualquer “alguém”, mas o próprio filho da
retroatividade. autora; o momento do crime deve se dar durante o
parto ou logo após; a autora deve estar sob influência
do estado puerperal.
No exemplo do médico que não faz comunica-
O tráfico internacional de drogas distingue-se do
ção de moléstia legalmente considerada contagiosa,
contrabando porque se refere, especificamente, a um
que depois se verifica não possuir tal característica, determinado tipo de mercadoria proibida, qual seja, a
é de aceitar-se a retroatividade. O motivo da aceita- substância entorpecente.
ção reside na circunstância de que a obrigatoriedade A subtração de incapazes diferencia-se do seques-
da notificação não se fundou na temporariedade ou

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


tro porque pressupõe que a vítima seja, especifica-
excepcionalidade. Se tivesse sido colocada a doença mente, menor de 18 anos ou interdito, e ela deve ser
no elenco complementar por causa de uma calami- subtraída de quem tem a sua guarda em virtude de lei
dade pública, como uma epidemia, a solução seria no ou ordem judicial.
sentido da ultra-atividade. O estupro é o constrangimento ilegal com uma
Agora que sabemos o que é lei penal excepcional e finalidade específica: submeter a mulher à conjunção
temporária, estudaremos a lei penal especial: carnal (embora também se possa cogitar do princípio
da subsidiariedade nesse caso, como adiante se verá).
Tem-se assim, um único fato e, na dúvida entre
Art. 12 As regras gerais deste Código aplicam-se
uma caixa comum (a norma genérica) e uma com ele-
aos fatos incriminados por lei especial, se esta não
mentos especiais, opta-se pela última. A regra é que
dispuser de modo diverso.
a lei especial prevalece sobre a geral, a qual deixa de
incidir sobre aquela hipótese.
Em regra, são as normas não incriminadoras pre- Para saber qual norma é geral e qual é especial,
vistas no Código Penal. Estão previstas na Parte Geral não é preciso analisar o fato concreto praticado, sen-
do Código Penal, mas também há hipóteses que se do suficiente comparar abstratamente as descrições
encontram na Parte Especial. Exemplo clássico: con- contidas nos tipos penais.
ceito de funcionário público (art. 327 do CP). Com efeito, da mera leitura das definições típicas
O art. 12 do CP indica a adoção do princípio da já se sabe qual norma é especial. Na observação de
conveniência das esferas autônomas, segundo o qual Damásio, “[...] o princípio da especialidade possui
as regras gerais do CP convivem em sintonia com as uma característica que o distingue dos demais: a pre-
previstas na legislação extravagante. valência da norma especial sobre a geral se estabelece
Todavia, caso a lei especial contenha algum pre- in abstracto, pela comparação das definições abstratas
contidas nas normas, enquanto os outros exigem um
ceito geral, também disciplinado pelo CP, prevalece a
confronto em concreto das leis que descrevem o mes-
orientação da legislação especial, em face do seu espe- mo fato”.
cífico campo de atuação (princípio da especialidade). Outro dado de relevo é o de que a comparação
A Lei nº 9.605/1998 não prevê regras especiais para entre as leis não se faz da mais grave para a menos
a prescrição no tocante aos crimes ambientais nela grave, nem da mais completa para a menos comple-
previstos. Aplicam-se, consequentemente, as disposi- ta. A norma especial pode descrever tanto um crime
ções do Código Penal. mais leve quanto um mais grave. 299
Não é uma relação de parte a todo, de conteúdo O roubo e o estupro são especiais em relação
para continente, de menos para mais amplo. É sim- ao constrangimento ilegal, mas também são mais
plesmente de geral para especial, como se tivéssemos amplos, já que este último cabe tanto num quanto
duas caixas diferenciadas uma da outra apenas por no outro. A norma primária prevalece sobre a sub-
um laço ou enfeite especializante. A norma especial sidiária, que passa a funcionar como um soldado de
não é necessariamente mais grave ou mais ampla que reserva (expressão de Nélson Hungria, citado por Fer-
a geral, ela é apenas especial. nando Capez).
A norma do art. 123 do CP, que trata do infanticí- Tenta-se aplicar a norma primária, e somente
dio, prevalece sobre a do art. 121, que cuida do homi- quando isso não se ajustar ao fato concreto recorre-se
cídio, porque possui, além dos elementos genéricos subsidiariamente à norma menos ampla. Não pode
deste último, os seguintes especializantes: “próprio ser feito como no caso da especialidade. Em primeiro
filho”, “durante o parto ou logo após” e “sob a influên- lugar, porque, para a aplicação do princípio da subsi-
cia do estado puerperal”. O infanticídio não é mais diariedade, é imprescindível a análise do caso concre-
completo nem mais grave, ao contrário, é bem mais to, sendo insuficiente a mera comparação abstrata dos
brando do que o homicídio. É, no entanto, especial em tipos penais.
relação àquele. Com efeito, da mera leitura de tipos não se saberá
qual deles deve ser aplicado ao caso concreto. Antes
Sob outro aspecto, na conduta de importar cocaí-
de mais nada, é necessário verificar qual crime foi
na, aparentemente duas normas se aplicam: a do art.
praticado e qual foi a intenção do agente, para só
334 do CP, definindo o delito de contrabando (impor-
então saber qual norma incidirá.
tar mercadoria proibida) e a do caput do art. 33 da
Em segundo lugar, na subsidiariedade não exis-
Lei nº 11.343/2006 (importar drogas, ainda que gratui-
tem elementos especializantes, mas descrição típica
tamente, sem autorização legal ou em desacordo com de fato mais abrangente e mais grave. O referencial é,
determinação legal ou regulamentar). portanto, diferente. Uma norma é mais ampla do que
O tipo incriminador previsto na Lei de Drogas, a outra, mas não necessariamente especial.
embora bem mais grave, é especial em relação ao A comparação se faz de parte a todo, de conteú-
contrabando. Assim, a importação de qualquer mer- do para continente, de menos para mais amplo, de
cadoria proibida configura o delito de contrabando, menos para mais grave, de minus a plus. Um fato (sub-
mas, se ela for substância psicotrópica, esse elemento sidiário) está dentro do outro (primário). É como se
especializante afastará a incidência do art. 334 do CP. tivéssemos duas caixas de tamanhos diferentes, uma
O tipo fundamental é excluído pelo qualificado ou (a subsidiária) cabendo na outra (primária).
privilegiado, também por força do princípio da espe- Por exemplo: o agente efetua disparos de arma de
cialidade, já que os tipos derivados possuem todos os fogo sem, no entanto, atingir a vítima. Aparentemen-
elementos do básico, mais os especializantes. Assim, te, três normas são aplicáveis: o art. 132 do CP (peri-
o furto privilegiado e o qualificado prevalecem sobre clitação da vida ou saúde de outrem), o art. 15 da Lei
o simples. nº 10.826/2003 (disparo de arma de fogo) e o art. 121
combinado com o inciso II do art. 14 do CP (homicídio
Princípio da Subsidiariedade – Lex Primaria Derogat tentado).
Subsidiariae O tipo definidor da tentativa de homicídio descre-
ve um fato mais amplo e mais grave, dentro do qual
Subsidiária é aquela que descreve um grau menor cabem os dois primeiros. Assim, se ficar comprovada
de violação de um mesmo bem jurídico, isto é, um a intenção de matar, aplica-se a norma primária, qual
fato menos amplo e menos grave, o qual, embora seja, a da tentativa branca de homicídio; não demons-
definido como delito autônomo, encontra-se também trada a voluntas sceleris (animus necandi), o agente
compreendido em outro tipo como fase normal de responderá pelo crime de disparo, o qual é considera-
execução de crime mais grave. Define, portanto, como do mais grave do que a periclitação.
delito independente conduta que funciona como par-
te de um crime maior. z Espécies de Subsidiária
Dessa forma, se for cometido o fato mais amplo,
duas normas aparentemente incidirão: aquela que „ Expressa ou Explícita
define esse fato e a outra que descreve apenas uma
parte ou fase dele. A própria norma reconhece expressamente seu
A norma que descreve o “todo”, isto é, o fato mais caráter subsidiário, admitindo incidir somente se não
abrangente, é conhecida como primária e, por força ficar caracterizado fato de maior gravidade. Exem-
do princípio da subsidiariedade, absorverá a menos plos: o tipo penal previsto no art. 132 do CP estabelece
ampla, que é a norma subsidiária, justamente porque sua incidência se o fato não constitui crime mais gra-
esta última cabe dentro dela. A norma primária não é ve; § 3º do art. 129 do CP, ao definir a lesão corporal
especial, é mais ampla. seguida de morte, afirma incidir se [...] as circunstân-
O crime de ameaça (art. 147 do CP) cabe no de cias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem
constrangimento ilegal mediante ameaça (art. 146 do assumiu o risco de produzi-lo; e o art. 21 da Lei das
CP), o qual, por sua vez, cabe dentro da extorsão (art. Contravenções Penais, que prevê as vias de fato, reco-
158 do CP). nhece: [...] se o fato não constitui crime.
O sequestro (art. 148 do CP) cabe no crime de
extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP). „ Tácita ou Implícita
O disparo de arma de fogo (art. 15 da Lei nº
10.826/2003) cabe no de homicídio cometido mediante A norma nada diz, mas, diante do caso concreto,
disparos de arma de fogo (art. 121 do CP). verifica-se sua subsidiariedade. Exemplo: mediante
Há um único fato que, por ser maior do que a nor- emprego de violência, a vítima é constrangida a entre-
ma subsidiária, só se pode encaixar na primária. No gar a sua carteira ao autor. Incidem aparentemente o
entanto, há casos em que tanto se pode aplicar o prin- tipo definidor do roubo (norma primária) e o do cons-
300 cípio da especialidade quanto o da subsidiariedade. trangimento ilegal (norma subsidiária).
Da mera comparação entre os tipos, sem que a lei z Crime Progressivo
nada diga, resulta, porém, a prevalência do art. 157
sobre o art. 146. Assim, também, no caso da ameaça Ocorre quando o agente, objetivando, desde o iní-
em relação ao constrangimento ilegal. cio, produzir o resultado mais grave, pratica, por meio
Na especialidade, é como se tivéssemos duas cai- de atos sucessivos, crescentes violações ao bem jurí-
xas, cuja diferença seria algum detalhe existente em dico. Há uma única conduta comandada por uma só
uma e não constante na outra, tal como um laço ver- vontade, mas compreendida por diversos atos (crime
melho ou um papel de embrulho; na subsidiariedade, plurissubsistente). O último ato, causador do resulta-
há duas caixas idênticas, só que uma, menor, cabe na do inicialmente pretendido, absorve todos os anterio-
outra. res, que acarretaram violações em menor grau.
Por exemplo, revoltado porque sua esposa lhe ser-
Princípio da Consunção – Lex Consumens Derogat viu sopa fria, após um longo e cansativo dia de traba-
Consumptae lho, o marido arma-se de um pedaço de pau e, desde
logo, decidido a cometer o homicídio (uma única von-
Princípio segundo o qual um fato mais amplo tade), desfere inúmeros golpes contra a cabeça da víti-
e mais grave consome, isto é, absorve, outros fatos ma até matá-la (vários atos).
menos amplos e graves, que funcionam como fase Como se nota, há uma única ação, isto é, um úni-
normal de preparação ou execução ou como mero co crime (um homicídio), comandado por uma única
exaurimento. vontade (a de matar), mas constituído por vários atos,
Costuma-se dizer (Fernando Capez): “o peixão progressivamente mais graves.
(fato mais abrangente) engole os peixinhos (fatos que Aplicando-se o princípio da consunção, temos que
integram aquele como sua parte)”. o último golpe, causador do resultado letal, absorve
É muito tênue a linha diferenciadora que separa os anteriores (peixão engole peixinhos), respondendo
a consunção da subsidiariedade. Na verdade, a dis- o agente somente pelo homicídio (as lesões corporais
tinção está apenas no enfoque dado na incidência do são absorvidas).
princípio. Há quatro elementos:
Na subsidiariedade, em função do fato concreto
praticado, comparam-se as normas para se saber qual „ Unidade de elemento subjetivo: Desde o iní-
é a aplicável. Na consunção, sem recorrer às normas, cio, há uma única vontade;
comparam-se os fatos, verificando-se que o mais gra- „ Unidade de fato: Há um só crime, comandado
ve absorve todos os demais. por uma única vontade;
O fato principal absorve o acessório, sobrando „ Pluralidade de atos: Se houvesse um único
apenas a norma que o regula. A comparação, por- ato, não haveria que se falar em absorção;
tanto, é estabelecida entre fatos e não entre normas, „ Progressividade na lesão ao bem jurídico: Os
de maneira que o mais perfeito, o mais completo, o atos violam de forma cada vez mais intensa o
“todo”, prevalece sobre a parte. bem jurídico, ficando os anteriores absorvidos
Aqui, ao contrário da especialidade e da subsidia- pelo mais grave.
riedade, não há um fato único buscando se enquadrar
em uma ou em outra norma, mas uma sequência de O agente só responde pelo resultado mais gra-

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


situações diferentes no tempo e no espaço, ou seja, ve, ficando absorvidas as lesões anteriores ao bem
uma sucessão de fatos, na qual o fato mais grave jurídico.
absorve o menor.
Desta forma, como todos “vão parar na barriga do z Crime Complexo
peixão”, só ele e a sua norma restarão. Não é a nor-
ma que absorve a outra, mas o fato que consome os Resulta da fusão de dois ou mais delitos autôno-
demais, fazendo com que só reste uma norma. mos, que passam a funcionar como elementares ou
Por exemplo: um sujeito dirige perigosamente circunstâncias no tipo complexo. O fato complexo
(direção perigosa) até provocar, dentro do mesmo absorve os fatos autônomos que o integram, prevale-
contexto fático, um acidente fatal (homicídio culposo cendo o tipo resultante da reunião daqueles.
no trânsito). Observe que, nesse caso, o peixe “direção Exemplo: latrocínio (constituído pelo roubo +
perigosa” é absorvido pelo peixão “homicídio culpo- homicídio). Aplica-se o princípio da consunção, por-
so”, restando apenas este último crime e, por conse- que os fatos componentes do tipo complexo ficam
guinte, a norma que o define. absorvidos pelo crime resultante de sua fusão (o autor
Evita-se, assim, o bis in idem, pois o fato menor esta- somente responde pelo latrocínio, ficando o roubo e o
ria sendo punido duas vezes: como parte de um todo homicídio absorvidos).
(a direção perigosa integrou a fase de execução do
delito culposo contra a vida) e como crime autônomo. z Progressão Criminosa
Utilizando uma metáfora para melhor explicar:
um sujeito, irritado com um cachorrinho que lhe ace- Compreende três subespécies, quais sejam:
na, quer que o rabinho pare de balançar. Para tanto,
saca de sua pistola e estoura os miolos daquele peque- „ Progressão criminosa em sentido estrito:
no cão. Ao matar o cão, matou o seu rabinho, que não Nessa hipótese, o agente deseja inicialmente
vai mais balançar. Assim é a consunção, punindo o produzir um resultado e, após atingi-lo, decide
todo, já puniu também a parte. prosseguir e reiniciar sua agressão, produzin-
Continuando com os ensinamentos de Capez do uma lesão mais grave. Distingue-se do crime
(2016), observe as hipóteses nas quais se verifica a progressivo, porque, enquanto neste há unida-
consunção: de de desígnios (desde logo o agente já quer o 301
resultado mais grave), na progressão crimino- O que se critica é que o falso, crime mais grave,
sa ocorre pluralidade de elemento subjetivo, não poderia ser absorvido pelo estelionato. Aplicou-
ou seja, pluralidade de vontades (inicialmente -se, entretanto, no caso, a progressão criminosa, na
quer-se um resultado e, após atingi-lo, muda-se modalidade fato anterior não punível.
de ideia e resolve-se provocar outro de maior
gravidade). „ Fato posterior (post factum) não punível:
Ocorre quando, após realizada a conduta, o
No exemplo dado para o crime progressivo, ima- agente pratica novo ataque contra o mesmo
ginemos que o marido queira inicialmente ferir sua bem jurídico, visando apenas tirar proveito
esposa, isto é, cometer um crime de lesões corporais. da prática anterior. O fato posterior é tomado
Posteriormente, com a vítima já prostrada ao solo, como mero exaurimento.
surge a intenção de matá-la, o que acaba sendo fei-
to. Desse modo, no crime progressivo há um só cri- Exemplo: após o furto, o agente vende ou destrói a
me, comandado por uma única vontade, no qual o ato coisa. Há uma regra que auxilia na aplicação do prin-
final, mais grave, absorve os anteriores, ao passo que cípio da consunção, segundo a qual, quando os crimes
na progressão criminosa há mais de uma vontade, são cometidos no mesmo contexto fático, opera-se a
correspondente a mais de um crime, ficando o crime absorção do menos grave pelo de maior gravidade.
mais leve absorvido pelo de maior gravidade. Sendo destacados os momentos, responderá o agente
Embora haja condutas distintas (cada sequência por todos os crimes em concurso.
de atos comandada pela vontade corresponde a uma Assim, por exemplo, se o sujeito é agredido em um
conduta, logo, para cada vontade, uma conduta), boteco e, jurando vingança, dirige-se ao seu domicílio
o agente só responde pelo fato final, mais grave. Os nas proximidades, arma-se e retorna ao local, logo em
fatos anteriores ficam absorvidos. seguida, para matar seu algoz, não responderá pelo
Elementos da progressão criminosa em sentido porte ilegal e disparo da arma de fogo em concurso
estrito: com o homicídio doloso, já que tudo se passou na mes-
ma cena, em um mero desdobramento de ações até o
O agente inicialmente dese- resultado final. Neste caso, o porte e o disparo inte-
ja praticar um crime e, após gram o homicídio como parte de seu iter criminis, de
cometê-lo, resolve praticar maneira que os punir autonomamente implicaria bis
Pluralidade de desígnios in idem inaceitável, pois já foram punidos como partes
outro de maior gravidade,
o que demonstra existirem de um todo (a ação homicida).
duas ou mais vontades; Ao contrário, se um larápio perambula a noite
inteira com um revólver pelas ruas, até que, ao nas-
Ao contrário do crime pro-
cer do sol, encontra uma desafortunada vítima, a qual
gressivo, em que há um
vem a assaltar, haverá concurso de crimes entre o
único fato delituoso com-
posto de diversos atos, porte ilegal e o roubo, dada a diversidade dos momen-
Pluralidade de fatos tos consumativos e dos contextos em que os delitos
na progressão criminosa
existe mais de um crime, foram cometidos.
correspondente a mais de O mesmo ocorre com a embriaguez ao volante e
uma vontade; a direção perigosa em relação ao subsequente crime
culposo de trânsito: se tudo ocorreu na mesma situa-
O primeiro crime, isto é, a
ção, consunção; caso contrário, concurso material
primeira sequência volun-
entre as infrações.
Progressividade na lesão tária de atos, provoca uma
ao bem jurídico lesão menos grave do que
Princípio da Alternatividade
o último e, por essa razão,
acaba por ele absorvido.
Ocorre, ainda seguindo os ensinamentos de Capez,
quando a norma descreve várias formas de realiza-
„ Fato anterior (ante factum) não punível: ção da figura típica, em que a realização de uma ou
Sempre que um fato anterior menos grave for de todas configura um único crime. São os chamados
praticado como meio necessário para a rea- tipos mistos alternativos, os quais descrevem crimes
lização de outro mais grave, ficará por este de ação múltipla ou de conteúdo variado.
absorvido. O caput do art. 33 da Lei nº 11.343/2006 (Lei de
Drogas) descreve dezoito formas de prática do tráfico
Note que o fato anterior que integra a fase de pre- ilícito de drogas, mas tanto a realização de uma quan-
paração ou de execução somente será absorvido se for to a de várias modalidades configurará sempre um
de menor gravidade (somente o “peixinho” é engolido único crime. Não há propriamente conflito entre nor-
pelo “peixão”, e não o contrário). mas, mas conflito interno na própria norma. Além do
Exemplo: o agente falsifica uma carteira de iden- mais, o princípio da consunção resolve com vantagem
tidade e com ela comete um estelionato. Responde o mesmo conflito.
pelos dois crimes, pois o documento falsificado pode- Veja: se o agente importa heroína, transporta
rá ser usado em inúmeras outras fraudes. Se, contu- maconha e vende ópio, não resta dúvida de que come-
do, falsificasse a assinatura de um fólio de cheque e o teu três crimes diferentes e responderá por eles em
passasse a um comerciante, só responderia pelo este- concurso material. Não há que se falar em alternati-
lionato, pois não poderia usar aquela folha falsa em vidade. Por quê? Porque não existe nexo causal entre
302 nenhuma outra fraude. as condutas.
Ora, existindo relação de causalidade entre as Trata-se de restringir o arbítrio legislativo e judicial
condutas, como no caso de um agente que importa, na elaboração e aplicação de lei retroativa prejudicial.
transporta, expõe à venda e vende maconha, haverá A regra constitucional (inciso XL do art. 5° da CF) é
um único crime, não por aplicação do princípio da no sentido da irretroatividade da lei penal; a exceção
alternatividade, mas da consunção. A alternatividade é a retroatividade, desde que seja para beneficiar o
nada mais representa do que a aplicação do princípio
réu.
da consunção, com um nome diferente.
Com efeito, no citado caso do caput do art. 33 da
Lei de Drogas (Lei nº 11.343/2006), se o agente importa
cocaína, transporta essa droga e depois a vende, nin-
guém põe em dúvida tratar-se de um só delito de trá- EXERCÍCIOS COMENTADOS
fico, ficando as figuras posteriores do transporte e da
venda absorvidas pela importação (delito mais grave). 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Considerando esse dis-
Neste caso, foi o nexo de causalidade entre os com- positivo legal, bem como os princípios e as repercus-
portamentos e a similitude dos contextos fáticos que sões jurídicas dele decorrentes, julgue o item que se
caracterizou a absorção dos peixes menores pelo pei- segue.
xão do tráfico internacional (importação de droga). O presidente da República, em caso de extrema rele-
Isso nada mais é do que a incidência da teoria do post
vância e urgência, pode editar medida provisória para
factum não punível, hipótese de consunção.
Em contrapartida, se o agente importa morfina, agravar a pena de determinado crime, desde que a
transporta cocaína e vende ópio, haverá três crimes aplicação da pena agravada ocorra somente após a
diferentes em concurso, tendo em vista que um nada aprovação da medida pelo Congresso Nacional.
tem que ver com o outro. Não se opera a consunção,
dada a diversidade de contextos. Assim, a questão pas- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
sa a ser puramente terminológica.
Chama-se alternatividade à consunção que se ope- O princípio da legalidade veda a edição de medida
ra dentro de um mesmo tipo legal entre condutas inte- provisória em matéria de Direito Penal. De acordo
grantes de normas mistas. Portanto, a alternatividade com o texto constitucional: “Art. 62 Em caso de rele-
é a consunção que resolve conflito entre condutas
vância e urgência, o Presidente da República poderá
previstas na mesma norma e não um conflito entre
normas. adotar medidas provisórias, com força de lei, deven-
do submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
CONTAGEM DO PRAZO § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre
matéria: [...] b) direito penal, processual penal e pro-
A contagem de prazo no direito penal não se resu- cessual civil”. Resposta: Errado.
me apenas em contar os dias. Por isso, vamos estu-
dá-la mais profundamente, pois há situações em que 2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Julgue o item subsequen-
precisamos saber como aplicar prazos de sentenças te, relativo à aplicação da lei penal e seus princípios.
proferidas em juízos de outros países, assim como nos No que diz respeito ao tema lei penal no tempo, a regra
casos de aplicações de leis especiais. é a aplicação da lei apenas durante o seu período de
vigência; a exceção é a extra atividade da lei penal
Art. 10 O dia do começo inclui-se no cômputo do mais benéfica, que comporta duas espécies: a retroa-

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prazo.
tividade e a ultra atividade.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calen- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
dário comum.
Frações não computáveis da pena:
Sobre a lei penal no tempo, temos a regra da ativi-
dade: fatos praticados durante sua vigência da lei.
Art. 11 Desprezam-se, nas penas privativas de
Porém, há exceção: a extra atividade, que se divi-
liberdade e nas restritivas de direitos, as frações
de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro de em retroatividade e ultratividade. Na retroativi-
(real). dade, a lei mais nova e benéfica retroage aos fatos
antes da entrada em vigor. E na ultra atividade, a lei
Exemplo: se o prazo é de 5 dias e inicia-se no dia mais benéfica, quando revogada, continua a reger
10, terminará no dia 14. Soma-se o número de dias e os fatos durante vigência. Resposta: Certo.
retira-se um dia: dia 10 + 5 = 15; 15 - 1 = 14.
O prazo é fatal e improrrogável: pode ter início e Julgue os itens 3, 4 e 5, relativos à teoria da norma
vencimento em dia não útil. Exemplo: penal, sua aplicação temporal e espacial, ao conflito
aparente de normas e à pena cumprida no estrangeiro.
z Prescrição;
z Decadência; 3. (CESPE-CEBRASPE – 2013) A lei penal que, de qual-
z Contagem de pena;
quer modo, beneficia o agente, tem, em regra, efeito
z Contagem da prisão.
extra ativo, ou seja, pode retroagir ou avançar no tem-
IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL po e, assim, aplicar-se ao fato praticado antes de sua
entrada em vigor, como também seguir regulando,
O princípio da irretroatividade da lei penal, res- embora revogada, o fato praticado no período em que
salvada a retroatividade favorável ao acusado, funda- ainda estava vigente. A única exceção a essa regra é a
menta-se a regra geral nos princípios da reserva legal, lei penal excepcional ou temporária que, sendo favorá-
da taxatividade e da segurança jurídica (princípio do vel ao acusado, terá somente efeito retroativo.
favor libertatis), e a hipótese excepcional em razões de
política criminal (justiça). ( ) CERTO  ( ) ERRADO 303
A regra no Direito Penal é de que Leis Excepcionais DO CRIME
não possuem efeito retroativo, apenas ultra ativo.
Nomenclatura
Vejamos o texto do art. 3º do CP: “Art. 3º A lei excep-
cional ou temporária, embora decorrido o período A doutrina brasileira utiliza o termo Infração de
de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a forma genérica, para englobar os crimes ou delitos e
determinaram, aplica-se ao fato praticado durante as contravenções.
sua vigência.” Resposta: Errado. O Código Penal não utiliza em seu texto a expres-
são delito, optando por utilizar as expressões infra-
4. (CESPE-CEBRASPE – 2013) A bordo de um avião da ção, crime e contravenção, sendo que estas duas
Força Aérea Brasileira, em sobrevoo pelo território últimas estão incluídas na primeira
argentino, Andrés, cidadão guatemalteco, disparou No Código de Processo Penal há certa confusão:
algumas vezes usa o termo infração, de forma genéri-
dois tiros contra Daniel, cidadão uruguaio, no decorrer
ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções
de uma discussão. Contudo, em virtude da inabilida- (veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em
de de Andrés no manejo da arma, os tiros atingiram outras situações, emprega a expressão delitos como
Hernando, cidadão venezuelano que também estava a sinônimo de infração (por exemplo, conforme consta
bordo. Nessa situação, em decorrência do princípio da nos arts. 301 e 302, CPP).
territorialidade, aplicar-se-á a lei penal brasileira. Para os fins do nosso estudo temos, então que
infração penal pode significar crime (ou delito) e
( ) CERTO  ( ) ERRADO contravenção penal.
As diferenças entre crime e contravenção serão
Encontramos a resposta da questão no Princípio da vistas mais adiante.
Territorialidade. Vejamos o texto do art. 5º do CP:
“Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de Conceito de crime
convenções, tratados e regras de direito internacio- O conceito de crime não é natural e sim algo arti-
nal, ao crime cometido no território nacional. § 1º ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes-
Para os efeitos penais, consideram-se como exten- ses da sociedade. Mas o que é crime?
são do território nacional as embarcações e aero- Podemos responder esta pergunta de três dife-
naves brasileiras, de natureza pública ou a serviço rentes formas, olhando para o crime sob diferentes
do governo brasileiro onde quer que se encontrem, aspectos: material, formal e analítico.
bem como as aeronaves e as embarcações brasilei- Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada
ras, mercantes ou de propriedade privada, que se um desses pontos de vista:
achem, respectivamente, no espaço aéreo corres-
pondente ou em alto-mar. § 2º É também aplicável a z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aero- dade tem sobre o que pode e deve ser proibido
naves ou embarcações estrangeiras de propriedade por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse
privada, achando-se aquelas em pouso no território aspecto, o conceito material de crime consiste
nacional ou em voo no espaço aéreo corresponden- na conduta que ofende um bem juridicamen-
te, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.” te tutelado (bem juridicamente considerado
Resposta: Certo. essencial para a existência da própria sociedade e
manutenção da paz social);
5. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Jurandir, cidadão brasi- z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
leiro, foi processado e condenado no exterior por ter to. Assim, o conceito formal de crime constitui
praticado tráfico internacional de drogas, e ali cumpriu uma conduta proibida por lei, que se realizada,
seis anos de pena privativa de liberdade. Pelo mesmo resulta na aplicação de uma pena. Considera-se
crime, também foi condenado, no Brasil, à pena priva- crime, dessa forma, o que o legislador apontar
tiva de liberdade igual a dez anos e dois meses. como tal;
Nessa situação hipotética, de acordo com o Código
Penal, a pena privativa de liberdade a ser cumprida por z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
Jurandir, no Brasil, não poderá ser maior que quatro dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar,
anos e dois meses. estabelecer os elementos estruturais do crime.
Vejamos:
( ) CERTO  ( ) ERRADO Conceito analítico de crime

Nessa questão, devemos conhecer a extraterritoria- Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado-
lidade condicionada e incondicionada. Na extrater- res enxergam o crime de formas diferentes. Existem
ritorialidade condicionada: várias correntes, mas as principais são duas:
• O agente deve entrar em território brasileiro;
� A que entende que o crime é Fato Típico + Anti-
• O fato deve ser punível em ambos territórios;
jurídico (concepção bipartida), sendo a culpabi-
• O crime deve estar incluído entre aqueles pelos lidade pressuposto de aplicação da pena (entre
quais o Brasil autoriza a extradição. eles René Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de
Não há o que se falar em cumprir no Brasil nas Jesus, Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e
seguintes hipóteses:
z A que concebe o crime como um Fato Típico +
• Se o agente cumpriu a pena no exterior; Antijurídico + Culpável (concepção tripartida
• Se o agente for absolvido ou perdoado no ou tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil
estrangeiro; quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto
• Não estar extinta a punibilidade. aqueles que adotam a teoria da conduta finalista
Na extraterritorialidade incondicionada, o indiví- (como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni,
duo é condenado no Brasil, mesmo que tenha sido Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou
absolvido ou condenado no estrangeiro. Resposta: causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques,
304 Errado. Aníbal Bruno e Magalhães Noronha).
Diferença entre crime e contravenção z Sujeito passivo formal ou constante ou geral ou
genérico: é o Estado;
Antes de prosseguir com o estudo do crime, é inte-
z Sujeito passivo material ou eventual ou particu-
ressante fazer a distinção entre crime e contravenção
lar ou acidental: o titular do interesse protegido
penal (também chamada de crime anão ou delito Lili-
penalmente (pode ser o ser humano, pessoa jurídi-
putiano ou crime vagabundo ou delitti nani).
Existem países que utilizam a classificação tripar- ca, a coletividade ou o Estado).
tida de infrações penais: delitos, crimes e contraven-
ções. O Brasil adota, como já vimos, a classificação É importante salientar que pessoa incapaz pode
bipartida, que divide as infrações entre crimes (ou ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor
delitos) e contravenções. em idade escolar, portador de deficiência mental etc.).
Não existe um dado único que faça a distinção É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer,
entre os dois tipos de infração penal. Tanto os crimes pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido
quanto as contravenções configuram comportamen- pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes-
tos que violam mandamentos legais que possuem soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo,
como sanção a aplicação de uma pena. A grande dis- pois não são titulares de direitos (podem ser objetos
tinção é a maior ou menor gravidade com que a lei vê materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
tais condutas. dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do
No entanto existem outros elementos que ajudam crime, guarde:
na distinção.
Em relação às penas: os crimes são punidos com z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute-
penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção), lado pela norma penal (como vida, patrimônio,
restritivas de direitos e multa; já as contravenções são honra etc.); e
punidas com prisão simples e/ou multa. z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual
Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa
dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade. móvel, no furto).
Por último, é possível a tentativa nos crimes,
enquanto ela é incabível nas contravenções. Classificação dos crimes

Sujeitos do crime Qualificação é o nome que se dá ao fato ou a infra-


ção, seja pela doutrina ou pela lei. Assim temos:
Antes de analisarmos os elementos do crime é
importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do
z É o nome que a lei dá (nomen juris). Por exem-
crime.
plo, “ofender a integridade corporal ou a saúde
Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor-
de outrem” é chamada pelo art. 129, CP de “lesão
ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma-
corporal”.
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir.
Animais e entes inanimados não possuem capacidade z Que são os nomes dados pela doutrina aos fatos
penal (conjunto de condições necessárias para que criminosos. Por exemplo: crime de mera conduta,

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um sujeito possa ser titular de direitos e obrigações crime permanente, crime próprio etc.)
na esfera penal). z É o nome dado à modalidade a que o fato pertence:
crime ou contravenção. Por exemplo, “homicídio” é
crime, enquanto o “jogo do bicho” é contravenção.
Importante!
A Constituição Federal prevê nos arts. 173, § 5º, A classificação doutrinária dos crimes serve
para facilitar o estudo e o entendimento dos tipos
e 225, § 3º, que a legislação ordinária estabeleça
penais incriminadores. No entanto, existem muitos
a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos
nomes, ficando difícil fazer uma classificação defini-
contra a economia popular, a ordem econômica
tiva, uma vez que os estudiosos do Direito Penal ao
e financeira e o meio ambiente. Atualmente ape-
sistematizarem a matéria, acabam por criar novas
nas a Lei nº 9.605/98, Lei de Proteção Ambiental
nomenclaturas.
prevê essa responsabilidade. Ou seja, a pessoa As principais são:
jurídica responde por crime ambientais.
Crimes comuns e especiais
Existem várias nomenclaturas em lei para se refe-
rir ao sujeito ativo: “agente” (por exemplo, nos arts. São os definidos no Direito Penal Comum; os espe-
14, II; 15; 18, I e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único; ciais, são os descritos no Direito Penal Especial.
23, caput e parágrafo único; 26, caput e parágrafo
único, todos do CP); “indiciado”, na fase do inquérito; Crimes comuns (quanto ao agente) e próprios
acusado, denunciado, réu durante a fase processual;
“sentenciado”, “preso”, “condenado”, “detento” ou Crime comum é aquele que pode ser praticado por
“recluso”, para aqueles que já foram condenados. qualquer pessoa (furto, homicídio etc.). Crime próprio
Usa-se, ainda, sob o ponto de vista biopsíquico, as é o que só pode ser cometido por um agente com qua-
expressões “criminoso” ou “delinquente”. lidades especiais (uma condição jurídica, como ser
Por outro lado, sujeito passivo é entendido como funcionário público; de parentesco, como mãe, filho;
o titular do bem jurídico cuja ofensa fundamenta o profissional, como médico; ou natural, como no caso
crime. Existem duas espécies: da gestante. 305
Dentro do contexto dos crimes próprios há uma Dentre essas diferentes teorias, o Código Penal
categoria chamada crimes de mão própria ou de adotou a teoria finalista, de modo que, conforme
atuação pessoal, que são os que só podem ser cometi- vamos ver a seguir, é imprescindível a presença do
dos pelo agente em pessoa, de forma direta, como por dolo ou da culpa a fim de que se configure uma con-
exemplo no caso de falso testemunho (a testemunha duta penalmente relevante.
não pode mentir por meio de outro sujeito). O crime de Concebida nos anos 1930 por Hans Welzel, um
mão própria admite participação, mas não coautoria. alemão jurista e filósofo do direito, foi adotada no
Brasil por doutrinadores como Damásio E. De Jesus,
Crimes de dano e de perigo Júlio Fabrinni Mirabete e Miguel Reale Júnior, dentre
outros penalistas.
Crime de dano é o que apenas se consuma quando Para a teoria finalista, também chamada de “teo-
ocorre a efetiva lesão ao bem jurídico (como no homi- ria final”, “finalismo penal”, “teoria finalista da ação”
cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os ou, ainda, “teoria da ação finalista”, o crime é fato
que se consumam com a mera possibilidade do dano típico (seus elementos são: conduta, dolosa ou cul-
(como, por exemplo, na rixa, art. 137, CP e no incên- posa; resultado naturalístico; relação de causalidade
dio, art. 250, CP). ou nexo causal; e tipicidade), ilícito (antijurídico) e
Os crimes de perigo, por sua vez, subdividem-se em: culpável (imputabilidade; exigibilidade de conduta
diversa e potencial consciência da ilicitude).
z Crime de perigo presumido (ou abstrato) e crime Fator importante a ser lembrado quando se fala nes-
de perigo concreto: No presumido ou abstrato o ta teoria, é que o dolo e a culpa integram o fato típico.
perigo é presumido pela lei. Basta a ação ou omis- Assim, segundo a teoria finalista, o conceito analí-
são (exemplo, art. 135, CP; art. 306, CTB e arts. 14 tico de crime é composto pelos seguintes elementos:
ao 16 do Estatuto do Desarmamento). Já o concreto
depende de prova efetiva de perigo (exemplo, no z Fato Típico
crime de exposição ou abandono de recém-nasci-
do, art. 134, CP) „ Conduta
z Crime de perigo individual e crime de perigo „ Resultado
comum (coletivo). Perigo individual é o que coloca „ Nexo causal
em risco de dano o bem jurídico de uma só pessoa „ Tipicidade
ou de grupo determinado de pessoas (por exem-
plo, perigo de contágio venéreo, art. 130, CP). Já no z Antijurídico (ou Ilícito)
perigo comum ou coletivo o risco atinge um núme-
ro indeterminado de pessoas (como no delito de „ Contrariedade ao ordenamento jurídico
incêndio, art. 250, CP).
z Culpabilidade
Crimes comissivos e omissivos
Juízo de reprobabilidade formado pela:
Crime comissivo é aquele que implica em uma
ação, um fazer do sujeito; já o crime omissivo, carac- „ imputabilidade;
teriza-se por um não-fazer. „ exigibilidade de conduta diversa; e
Dividem-se nas seguintes modalidades: „ potencial consciência da ilicitude.

z Comissivos por omissão: são os delitos de ação, Vamos agora estudar os elementos do crime, de
praticado de forma excepcional por omissão (nos forma separada, assim como suas causas de exclusão.
casos em que o agente tem o dever jurídico de
impedir o resultado e não o faz – art. 13, §2º, CP) FATO TÍPICO
z Omissivos por comissão.
Não importa a posição adotada, bipartite (Crime
Crimes instantâneos, permanentes e instantâneos de = Fato Típico + Antijurídico) ou tripartite (Crime =
efeitos permanentes Fato Típico + Antijurídico + Culpável) o primeiro
elemento (requisito, característica) do conceito analí-
Crime instantâneo é aquele que se consuma em tico de crime é o fato típico.
momento determinado, sem prolongamento. O fato típico possui 4 elementos:
Crimes permanentes são aqueles nos quais a
consumação prolonga-se no tempo (Ex.: extorsão z Conduta dolosa ou culposa;
mediante sequestro). z Nexo de causalidade (exceto nos crimes de mera
Crime instantâneo de efeitos permanentes é aque- conduta e nos formais);
le em que a consumação também ocorre em momento
determinado, mas os efeitos da consumação têm efei- z Resultado (salvo nos crimes de mera conduta);
tos duradouros (como no homicídio). z Tipicidade.
Existem uma série de outras classificações, como
crime continuado, delito putativo, por exemplo, que Dos 4 elementos do fato típico, 2 deles, a conduta
serão vistas ao tratar de outros temas mais à frente. e a tipicidade são obrigatórios. Em alguns casos, não
são necessários o nexo de causalidade e o resultado.
Sistemas penais No caso dos crimes materiais (como já vimos aci-
ma, que é aquele que descreve uma conduta + um
O conceito analítico de crime, que é o que nos inte- resultado naturalístico e, para que o crime ocorra, é
ressa no presente estudo, apresenta várias concepções preciso que acontece o resultado descrito na norma),
diferentes sobre sua estrutura, elementos e maneira são necessários os 4 elementos para que se configure
306 como esses elementos interagem entre si. o crime, como por exemplo, no caso do homicídio:
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei,
Conduta ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Nexo Causal

Uma
Resultado Vamos ver, agora de forma separada, o dolo e a
Relação de
facada, causa e efeito culpa, que são os elementos subjetivos da conduta.
por Tipicidade
entre a Sendo crime
exemplo. facada (ação) material, Adequação
e o resultado requer o
(morte) resultado, no
entre o fato Importante!
praticado e a
caso, a morte. previsão legal: Não existe crime sem dolo ou culpa (princípio da
Art.121,CP
(Matar alguém)
responsabilidade subjetiva)!
Os crimes, em geral, são dolosos e, excepcional-
mente, culposos (apenas quando a lei, de forma
No entanto, em alguns casos, vão bastar apenas a expressa, determinar).
conduta e a tipicidade. Isto ocorre nos crimes formais
(que dispensam a ocorrência do resultado, que é mero
exaurimento; ou ainda, nem o preveem, fazendo com Dolo
que seja desnecessário verificar o nexo causal) como
Podemos definir dolo como sendo a vontade de
no exemplo abaixo:
produzir o resultado típico.
No dolo direito (ou imediato ou determinado) exis-
te a intenção do agente de ofender o bem jurídico.
Conduta Exemplo: querendo a morte da vítima, o atirador des-
Nexo Causal fere um tiro fatal.
Exigir que se Já no dolo indireto ou eventual, o sujeito assume o
assine um Resultado risco de produzir o resultado.
contrato Não é A diferença relevante está entre o dolo direito e o
favorável ao Tipicidade
autor, sob
necessário eventual. Mas existem outras classificações de dolo,
Não é
ameaça necessário Adequação sem muita utilidade. Dentre essas, cabe mencionar o
entre o fato dolo alternativo, que pode aparecer em algum enun-
praticado e a ciado de questão.
previsão legal:
Dolo alternativo se configura quando o agente age
Art.158,CP
(Extorsão) com indiferença, buscando um resultado ou outro
(não se trata de uma forma independente de dolo).
Exemplo de dolo alternativo é o do agente que encon-
Conduta tra uma carteira em um banco de praça e a leva para
casa, pouco se importando se alguém a esqueceu ali
ou é de alguém que se encontra brincado com o filho
A conduta é toda ação ou omissão humana, cons-
no parque que fica dentro da praça. Neste caso pode
ciente e voluntária, dirigida a determinada finalidade. ter praticado o crime de furto (art. 155, CP) ou de apro-

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A conduta pode se realizar: priação de coisa achada (art. 169, II, CP).
São elementos do Dolo:
z Por uma ação (um fazer, um comportamento posi-
tivo); ou z Consciência da conduta e do resultado;
z Por uma omissão (um não fazer, uma abstenção). z Consciência da relação causal objetiva entre a
conduta e o resultado;
Existem várias teorias que tratam da definição z Vontade de realizar a conduta e de produzir o
da conduta criminosa; é essencial conhecer a Teoria resultado.
Finalista da Conduta, elaborada por Hans Welzel e
sobre a qual já mencionamos. Para a teoria finalista, Culpa
adotada pelo cp como vimos, a conduta precisa ser
ou dolosa ou culposa, ou seja, dolo e culpa, integram A culpa, por sua vez, não exige a intenção do agen-
o Fato Típico (estão dentro da conduta, que é um de te de agredir a norma, mas ele acaba agindo de forma
seus elementos). descuidada para com o bem jurídico. No crime culpo-
so, o resultado ilícito não é desejado, mas é previsível
Mas o que são dolo e culpa?
e poderia ter sido evitado. Tal descuido se concretiza
Ainda dentro do estudo da conduta, vamos estabe- por meio da negligência, imprudência ou imperícia
lecer os conceitos de dolo e de culpa, essenciais para (espécies de culpa, conforme o art. 18, II, CP).
o entendimento do próprio conceito de crime. Vamos,
em primeiro lugar ao Código Penal verificar o que z Imprudência: é a forma ativa de culpa em que
está disposto sobre o dolo e a culpa. o agente executa um comportamento sem caute-
la (de forma precipitada ou com insensatez). Ex.:
Art. 18 Diz-se o crime: o sujeito que dirige em alta velocidade dentro da
Crime doloso cidade, onde pedestres por todos os lados.
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou z Negligência: é a forma passiva de culpa em que o
assumiu o risco de produzi-lo; agente deixa de agir, fica inerte, por descuido ou
Crime culposo desatenção, quando era necessário agir de modo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resulta- contrário. Ex. não acionar o freio de mão ao esta-
do por imprudência, negligência ou imperícia. cionar o veículo em uma ladeira 307
z Imperícia: consiste na imprudência no campo Esta teoria, se mal interpretada, pode levar a
técnico, pressupondo a falta de cautela relativa ao excessos (regressus ad infinitum), como no caso de um
exercício de uma arte, um ofício ou uma profissão. homicídio com arma de fogo, em o comerciante que
Ex.: no caso do médico que deixa de tomar os cui- vendeu a arma e, antes dele, o dono da fábrica que
dados necessários quanto à assepsia antes de uma produziu o armamento também teriam dado causa ao
cirurgia, o que acaba por causar uma infecção que resultado! Como solucionar tal situação injusta? Neste
provoca a morte do paciente. caso, temos que verificar se tanto o comerciante quan-
to o industrial agiram com dolo ou culpa: caso nega-
Sempre nas questões que envolvem o dolo even- tivo, não serão responsabilizados (não há fato típico).
tual e culpa consciente, se fizermos uma leitura Tema importantíssimo ao tratar de nexo causal diz
rápida, podemos ficar com dúvida. Portanto, vamos respeito às concausas e seus efeitos
fazer a segunda leitura da questão e identificar as Concausas são as causas concomitantes que se
palavras que diferenciam o dolo eventual da culpa unem para gerar o resultado. Na prática não há dis-
consciente. tinção entre causas e concausas. As causas podem ser
preexistentes, concomitantes e supervenientes, abso-
Crime Preterdoloso ou Preterintencional luta ou relativamente independentes da conduta do
sujeito.
Trata-se de uma espécie de crime qualificado A questão aqui é que temos duas possíveis causas
pelo resultado. Neste caso, o agente quer causar um para um único resultado, e é necessário se determinar
determinado resultado (possui dolo quanto a este de que forma o agente deverá ser responsabilizado,
resultado), mas acaba causando outro resultado, de tendo em vista sua contribuição para o resultado final
forma culposa (possui dolo no antecedente e culpa no do crime. Ou seja, a responsabilização vai variar de
consequente. acordo com a relevância da concausa (se ela contri-
Ocorre, por exemplo, na lesão corporal seguida buiu ou não para o resultado produzido).
de morte, quando o agente quer lesionar (dolo) mas Primeiramente vamos ver a hipótese das causas
acaba matando (por culpa). Neste caso a conduta sub- absolutamente independentes: da conduta do sujeito.
sequente (morte) vai servir como um evento qualifica- Vamos tratar por meio de exemplos, pois é a forma
dor (vai responder pelo crime na forma mais grave). mais fácil de se entender:

Resultado z 1º caso (causa preexistente): imagine a situa-


ção em que o genro envenena a sogra no café da
manhã. O veneno “A” leva tempo para agir. Na
O segundo elemento do fato típico é o resultado,
hora do almoço, a nora envenena (veneno “B”) o
que nada mais é do que a modificação do mundo exte-
suco da sogra, que logo após, cai morta. A necrop-
rior causada pela conduta (é o que se chama de resul-
sia conclui que o veneno “A”, exclusivamente, foi a
tado naturalístico: aplicação da teoria naturalística).
causa mortis.
No entanto nem todo crime tem resultado (natu-
ralístico), como no caso dos crimes de mera conduta
(conforme já vimos, que é aquele em que a lei descre- Neste caso a conduta da nora não causou o resul-
ve apenas uma conduta e não um resultado, consu- tado, a morte foi causada por causa preexistente
mando-se no momento da prática da conduta, como (envenenamento pelo genro). A nora só vai responder
no caso do delito de invasão de domicílio). pelos atos já praticados, ou seja, tentativa de homi-
cídio; o genro, por sua vez, responde por homicídio
consumado.
Nexo de causalidade ou nexo causal ou relação de
causalidade
z 2º caso (causa concomitante): nesta hipótese, a
nora envenena o suco da sogra, uma mulher idosa.
Trata-se do elo que une a causa ao resultado e
No momento em que tomava o suco envenenado,
encontra-se expressamente previsto no art. 13, CP:
um indivíduo invade a casa para cometer um rou-
bo; assustada, a idosa morre de colapso cardíaco,
Relação de causalidade exclusivamente. Neste caso, há quebra do nexo
causal e a nora só responde pelos atos já praticados
Art. 13 O resultado, de que depende a existência do z 3º caso (causa superveniente): neste exemplo a
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. nora envenena o suco da sogra, que o toma, faz
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o todos os afazeres normais e, mais tarde ao sair de
resultado não teria ocorrido. casa, é atropelada e morre, exclusivamente por
causa do acidente (o veneno não teve tempo de
De forma simples, o resultado naturalístico deve agir). Aqui também não há relação de causalida-
ter sido causado pela conduta praticada pelo agente (o de, respondendo a nora pelos atos já praticados
agente só responde se sua conduta tiver influenciado (homicídio tentado).
no resultado).
Ao tratar do nexo de causalidade, o CP adotou, no Os três casos acima mostram causas absoluta-
art. 13, caput, 2ª parte, a chamada teoria da equiva- mente independentes da conduta do sujeito: houve
lência dos antecedentes causais (também conhecida quebra no nexo causal e o agente só responde pelos
por conditio sine qua non) que considera causa a ação atos já praticados.
ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor- Agora vamos ver as três hipóteses de causas relati-
rido. Por esta teoria todos os antecedentes se equiva- vamente independentes da conduta do sujeito:
lem, ou seja, todas as causas tem o mesmo valor.
Para saber se uma conduta é causa do resultado z 1º caso (causa preexistente): numa briga entre
basta, mentalmente, excluí-la da série causal. Se, com vizinhos, o vizinho “A” dá um golpe de estilete no
sua exclusão, o resultado deixar de ocorrer do modo braço do vizinho “B’, com a intenção de mata-lo. A
que ocorreu, é considerada causa (esse processo é cha- vítima era hemofílica, o que fez com que perdes-
mado de Processo Hipotético de Eliminação Thyrén). se grande quantidade de sangue, vindo a falecer.
308
Neste caso, existe uma relação de causalidade z Impropriedade absoluta do objeto: o objeto
entre a conduta (“estiletada”) e o resultado (mor- material não reveste o bem jurídico protegido pela
te), sendo a causa da morte a hemofilia (condição). norma penal, como tentar matar alguém já morto
Nesta hipótese, a conduta e a causa não são abso- ou abortar não estando a mulher grávida
lutamente independentes, mantendo-se o nexo z Obra do agente provocador: flagrante prepara-
causal: portanto o vizinho que desferiu o golpe vai do, ou seja, quando o Estado instiga o crime para
responder pelo resultado. que o sujeito caia em uma “armadilha”, tendo
z 2º caso (causa concomitante): um assaltante entra tomado providências para que o bem jurídico não
numa casa e atira no morador que, no momento, sofra risco
estava infartando, sendo que a lesão causada pelo
projétil contribuiu para que ocorresse o evento Desistência voluntária, arrependimento eficaz e
morte. Neste caso, há relação de dependência casa- arrependimento posterior
-conduta, não havendo quebra do nexo causal;
A desistência voluntária e o arrependimento efi-
assim sendo o agente responde pelo resultado. caz encontram-se previstos no artigo 15 CP.
z 3º caso (causa superveniente): uma pessoa balea- A desistência voluntária se configura quando
da no peito é socorrida por uma ambulância que, no o sujeito inicia o processo executório, mas desiste
percurso até o hospital, sofre um acidente, fazendo voluntariamente de nele prosseguir, evitando a con-
com que a vítima venha a falecer de traumatismo sumação. É o caso, por exemplo, do sujeito que ingres-
craniano. Neste caso há nexo causal, no entanto o sa na casa da vítima e, voluntariamente, desiste da
art. 13, § 1º do CP, apresenta uma exceção, excluin- subtração que pretendia efetuar. Veja que, no caso do
do a imputação, fazendo com que o agente só res- exemplo, se o sujeito desiste do furto pelo risco de ser
ponda pelos atos já praticados (superveniência de surpreendido em flagrante diante do funcionamento
causa relativamente independente). do sistema de alarme, não se fala em desistência, mas
sim em tentativa punível.
Já o arrependimento eficaz se dá após esgotado
o processo executório imaginado, mas resolve agir
Importante! voluntariamente atuar para evitar, com sucesso, a
consumação.
Se as causas forem relativamente independen- Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a conse-
tes (preexistentes ou concomitantes) o agente quência é que o sujeito deve responder apenas pelos
responde pelo resultado. Por exceção da lei (art. resultados já produzidos.
13, § 1º, CP) no caso da superveniência de causa Esses dois institutos são incompatíveis com os cri-
relativamente independente, o agente só respon- mes culposos, pela sua própria natureza, salvo na cul-
de pelos atos já praticados. pa imprópria.

MOTIVOS ALHEIOS À VONTADE DO AGENTE


Tipicidade
z Antes de esgotar a execução:
A tipicidade nada mais é do que a convergência, a
cominação do fato no mundo com o tipo abstrato pre-
„ Tentativa
visto na lei. Por exemplo, o fato de eliminar a vida de

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


„ imperfeita ou
alguém encontra adequação ao previsto no art. 121,
CP, “matar alguém”. „ inacabada
As excludentes de tipicidade dividem-se em legais
(quando expressamente previstas em lei) e suprale- z Depois de esgotar a Execução:
gais (implicitamente previstas em lei). Podemos men-
cionar como exemplos: „ Tentativa perfeita ou acabada ou crime falho

z De excludentes legais, o crime impossível (art. 17, CP); z Consequência jurídica:


z O impedimento de suicídio (art. 146, § 3º); e
z Retratação no crime de falso testemunho (art. 342, § 2º). „ Responde pela tentativa: pena do crime
consumado reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3
Veja que elas não estão agrupadas em um único (dois terços)
artigo.
Por sua vez, como causas supralegais podemos
citar o princípio da insignificância, já visto anterior- MODIFICAÇÃO DA VONTADE DO AGENTE
mente e também com a chamada adequação social
(comportamentos que são aceitos normalmente pela z Antes de esgotar a execução:
sociedade e deixa de ser entendida como lesiva a
algum bem jurídico). „ Desistência
„ Voluntária
Crime impossível
z Depois de esgotar a Execução:
Disposto no art. 17, CP.
Pode se dar de três formas: „ Arrependimento eficaz

z Inidoneidade absoluta do meio: meio escolhi- z Consequência jurídica:


do não tem qualquer possibilidade razoável de
lesar o bem jurídico (matar alguém com “poder da „ Só responde pelos atos já praticados
mente”) 309
O arrependimento posterior é uma causa obriga- z Teoria objetiva-material: são atos executórios
tória de diminuição de pena para os crimes pratica- aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
dos sem violência ou grave ameaça dolosa à pessoa, tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
nos quais o prejuízo é reparado por ato voluntário do com base na visão de terceira pessoa alheia à con-
infrator até o momento do recebimento da denúncia duta criminosa. (Rogério Cunha Sanches)
ou queixa. z Teoria objetiva-individual: são atos executórios
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
terços, e prevalece que a redução será tanto maior tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
quando mais célere a reparação. com base no plano concreto do agente.
z Teoria da hostilidade ao bem jurídico: a execu-
Casos excepcionais de arrependimento posterior no ção inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico
Código Penal
E se persistirem a dúvida se o ato é preparató-
A reparação do dano no crime de estelionato por rio ou de execução? Deve-se considerar, neste caso,
meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
efeito diverso. Para cada classificação do crime há o momento da
No peculato culposo (art. 312, § 2º, do CP), a reparação consumação.
do dano até a sentença definitiva extingue a punibilidade, Vejamos a consumação de crime entre Roubo X
e se posterior ainda reduz a pena em metade (art. 312, § Latrocínio:
3º, do CP).
z Roubo: Súmula 582, STJ: consuma-se o crime de
Crime consumado e crime tentado roubo com a inversão da posse do bem mediante
emprego de violência ou grave ameaça, ainda que
Para estudarmos os crimes consumados e os crimes breve tempo e em seguida à perseguição imediata
tentados, é importante conhecermos a iter criminis. ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.
do crime, corresponde às etapas percorridas pelo z Latrocínio: Súmula 610, STF: há crime de latro-
agente para a prática de um fato previsto em lei como cínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
infração penal. não realize a agente a subtração de bens da vítima.
Considerando que já estudamos crime doloso, Há tentativa de latrocínio quando o sujeito age com
podemos concluir que iter criminis é um instituto dolo de subtrair e dolo de matar, mas o resultado
exclusivo dos crimes dolosos. morte não ocorre por circunstâncias alheias à sua
Os crimes possuem as seguintes fases: vontade. O fator determinante para a consumação
do latrocínio é a ocorrência do resultado morte,
z Cogitação ou fase interna: É a fase mental de pre- sendo dispensada a efetiva inversão da posse.
paração do crime: idealização, deliberação e reso-
lução. Não há conduta penalmente relevante. O crime é consumado quando nele se reúnem
z Atos preparatórios: O crime começa a se proje- todos os elementos da sua definição legal. A tentativa
tar no mundo exterior. O agente adquire arma ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma
de fogo. Em regra, não são puníveis, salvo nos por circunstância alheias à vontade do agente.
crimes-obstáculo.
z Atos de execução: O agente começa a realizar o Tentativa
núcleo do tipo penal, de forma idônea e inequívo-
ca. Essa fase pode haver punição pela tentativa. z Branca ou incruenta (improfícua): o objeto do
z Consumação: Crime consumado é quando nele se crime não é atingido pela conduta. O iter criminis
reúnem todos os elementos de sua definição legal. percorrido, o quantum de redução deve se aproxi-
Fim do iter criminis. mar da fração máxima (2/3).
z Exaurimento: Não influi na tipicidade, mas pode z Vermelha ou cruenta: o objeto de crime é atingi-
influenciar na dosimetria da pena, ser reconhecido do pela conduta. Considerando o iter criminis per-
como qualificadora ou configurar crime autônomo. corrido, o quantum de redução da tentativa deve se
aproximar do mínimo (1/3).
Crime-obstáculo z Perfeita ou acabada: o agente esgota todos os
meios de execução à sua disposição e, mesmo
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos assim, a consumação não sobrevém por circuns-
preparatórios são punidos como crime autônomo, por tância alheias a sua vontade.
exemplo, associação criminosa, art. 288, do CP. z Crime falho: agente dispara tiros na vítima, mas é
socorrida e sobrevive.
Atos preparatórios e atos de execução
z Imperfeita ou inacabada: o agente, por fatores
alheios a sua vontade, não esgota os meios de
z Teoria subjetiva: importa a exteriorização da
execução ao seu alcance, dentro daquilo que con-
vontade criminosa pelo agente e não distingue
sidera suficiente, em seu projeto criminoso, para
atos preparatórios de atos executórios.
alcançar resultado.
z Teoria objetiva-formal (majoritária): a execu- z Tentativa propriamente dita: agente, no segundo
ção inicia-se quando o agente começa a praticar o disparo, é interrompido pela chegada de policiais
núcleo contido no tipo penal. Antes disso, os atos e o crime não se consuma por circunstância alheia
310 são preparatórios. à sua vontade.
São crimes que admitem tentativa: O CP e a legislação extravagante não preveem,
para cada crime, a figura da tentativa, nada obstante
z Crimes dolosos; a maioria deles seja com ela compatível.
z Crime plurissubsistentes (formais e de mera conduta); Isso explica o motivo pelo qual não encontramos
z Omissivos impróprios; a descrição do crime, pois há uma pena prevista em
z Crimes de perigo concreto; caso de consumação e outra pena para a hipótese de
tentativa.
z Crimes permanentes.
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair,
para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com a exe-
Crimes que não admitem tentativa:
cução iniciada, mas que não se consuma por circuns-
tâncias alheias à vontade do agente”.
z Crimes culposos, exceto a culpa imprópria;
Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II,
z Contravenções penais; ambos do CP.
z Crimes habituais;
z Crimes omissivos próprios;
z Crimes unissubjetivos;
Importante!
z Crimes preterdolosos; A lei penal (CP ou lei extravagante) não prevê a
z Crimes de resultado; tentativa para cada crime, mas define o delito e
prevê a pena para o caso de consumação.
z Crimes de empreendimento (atendado);
Por isso, todo o crime tentado deve incluir na
z Crimes impossíveis;
descrição do delito o art. 14, II, do CP.
z Crimes de perigo comum;
z Crimes subordinados a uma condição objetiva de
punibilidade; E a pena para o caso de crime tentado?
A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art.
z Crimes-obstáculo.
14, parágrafo único, do CP. O CP acolheu como regra a
teoria objetiva, realística ou dualista.
Pena da tentativa
Teoria objetiva, realística ou dualista significa que
ao se determinar a pena da tentativa, ela deve corres-
Salvo disposição em contrário, pune-se a tentati-
va com a pena correspondente ao crime consumado, ponder à pena do crime consumado, diminuída de 1/3
diminuída de 1/3 a 2/3. (um terço) a 2/3 (dois terços).
A tentativa é uma causa de diminuição de pena. Como o desvalor do resultado é menor quando
A redução deve ser basear no iter criminis percor- comparado ao do crime consumado, o agente deve
rido pelo agente. suportar uma punição mais branda.
A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é Vamos exemplificar:
uma norma de extensão ou de ampliação, uma vez
que, o tipo penal deve ser conjugado com o art. 14, II, z “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado a pena
de 2 anos.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


do CP.
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início z “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado
de execução de um crime que somente não se consu- a pena de 1 ano e 4 meses.
ma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
O ato de tentativa é um ato de execução. No exemplo 1, o crime foi consumado, por isso foi
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos execu- aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena pre-
tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças vista para furto é de um a quatro anos, e multa).
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici- No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual
dade não finalizada, sem conclusão.
a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em
A tentativa tem três elementos em sua estrutura:
1 ano e 4 meses.
A tentativa constitui-se em causa obrigatória de
z Início da execução do crime;
diminuição da pena.
z Ausência de consumação por circunstâncias alheia
Incide na terceira fase de aplicação da pena priva-
à vontade do agente;
tiva de liberdade, e sempre a reduz.
z Dolo de consumação.
A liberdade do magistrado repousa unicamente no
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo quantum da diminuição, balizando-se entre os limi-
da consumação: o sujeito quer o resultado! tes legais, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Deve
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na reduzi-la, podendo somente escolher o montante da
consumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa, diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o
quando “A” consegue colocar a mão no celular, é sur- critério decisivo é a maior ou menor proximidade da
preendido por “C” que, à distância, percebeu a ação de consumação, ou seja, a distância percorrida do iter
“A”. Neste momento, “A” deixa o celular e foge do local. criminis.
A vontade de “A” era: subtrair o celular. Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria
O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tenta- subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela
tiva não existe por si só, isoladamente. expressão “salvo disposição em contrário”.
Sua aplicação exige a realização de um tipo incri- Essas teorias têm a tese de que a pena para os crimes
minador, previsto na Parte Especial do CP ou pela consumados são as mesmas para os crimes tentados.
legislação penal especial. Aplica-se essas teorias em alguns casos. 311
Há casos restritos em que o crime consumado e o Exclusão de ilicitude
crime tentado comportam igual punição: são os deli-
tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo: A antijuridicidade pode ser afastada por certas
causas, chamadas de “causas de exclusão da antiju-
z Evasão mediante violência contra a pessoa (art. ridicidade” ou “justificativas”. Na incidência de uma
352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido delas, o fato permanece típico, mas não há crime:
à medida de segurança detentiva, usando de vio- excluindo-se a ilicitude, e sendo ela um quesito do cri-
lência contra a pessoa, recebe igual punição quan- me, fica excluído o próprio crime. Como consequên-
do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento cia, o sujeito deve ser absolvido.
em que se encontra privado de sua liberdade; O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da
z Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no qual antijuridicidade:
se sujeita à igual pena o eleitor que vota ou tenta
votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem. z Estado de necessidade;
z Legítima defesa;
Crimes punidos apenas na forma tentada z Estrito cumprimento de dever legal;
z Exercício regular de direito.
A regra vigente no sistema penal brasileiro é a
punição dos crimes nas modalidades consumada e Estado de necessidade
tentada.
Mas em algumas situações não se admite a tendên- Conforme expressa o art. 24, CP, o estado de neces-
cia, seja pela natureza da infração penal, seja em obe- sidade é a situação de perigo atual, que não foi provo-
diência a determinado mandamento legal, razão pela cada voluntariamente pelo agente, na qual este viola
qual apenas é possível a imposição de sanção penal bem de outrem, para não sacrificar direito seu ou de
para a forma consumada do delito ou da contraven- terceiros, sacrifício que não poderia razoavelmente
ção penal. ser exigido.
É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes Para que se configure:
culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes
unissubsistentes.
z O perigo deve ser atual;
Relembrando:
z Deve haver ameaça a direito próprio ou alheio,
z Culpa: O agente não quer e nem assume o risco de cujo sacrifício não era razoável de se exigir;
produzir o resultado. z Que a situação não tenha sido provocada pela von-
z Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável tade do agente;
nas descriminantes putativas ou do excesso nas z Que seja inevitável de outro modo;
causas de justificação. O agente quer o resultado
em razão de a sua vontade encontrar-se viciada por z Que o agente saiba que se encontra em estado de
um erro que, com mais cuidado poderia ser evitado. necessidade (requisito subjetivo);
z Crime unissubsistente: é realizado por ato único, z Que não haja o dever legal do agente de enfrentar
não sendo admitido o fracionamento da conduta, o perigo (art. 24, § 1º, CP).
como, por exemplo, no desacato (art. 331, do CP)
praticado verbalmente. O exemplo clássico é o de dois tripulantes de um
navio que, após o naufrágio, dividem um único salva-
Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é -vidas. Percebendo que vai afundar, um deles mata o
cabível a punição de determinados delitos na forma outro com a finalidade de ficar com o salva-vidas para
tentada, pois nesse sentido orientou-se a previsão si só, salvando-se.
legislativa quando da elaboração do tipo penal.
Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da Legítima Defesa
Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional.
Constitui outra causa excludente de ilicitude, des-
Art. 9º Tentar submeter o território nacional, ou
ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima
parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
defesa aquele que, utilizando os meios necessários
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi-
grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta nente, a direito seu ou de terceiros.
morte aumenta-se até a metade. Para que se configure é necessário:
Art. 10 Aliciar indivíduos de outro país para inva-
são do território nacional. z Agressão injusta atual ou iminente, ou seja, pre-
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos. sente ou prestes a acontecer;
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena z Preservação de qualquer bem jurídico, próprio ou
aumenta-se até o dobro. alheio (legítima defesa própria ou de terceiros);
Art. 11 Tentar desmembrar parte do território
z Repulsa utilizando os meios necessários, de forma
nacional para constituir país independente.
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
moderada.

ANTIJURIDICIDADE (ILICITUDE) Estrito cumprimento do dever legal

A antijuridicidade, segundo requisito do crime, Encontra-se no art. 23, III, primeira parte, CP. Se
consiste na contradição entre fato e o ordenamento o agente atua rigorosamente dentro do imposto por
jurídico, resultando na lesão ao bem jurídico tutelado. norma legal, o comportamento não pode ser antiju-
O fato típico, até prova em contrário, é um fato que, rídico. É o caso do oficial de justiça que, cumprindo
ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico, a não ser determinação legal, realiza a apreensão de determi-
312 que haja uma causa que o torne lícito. nado bem de um cidadão.
Exercício regular de direito Embriaguez decorrente de caso fortuito ou força
maior (art. 28, § 1º, CP);
Está disposto no art. 23, III, segunda parte, CP. Da Erro de proibição escusável (art. 21, CP);
mesma forma que a anterior, não pode ser ilícita a Descriminantes putativas;
conduta daquele que age estritamente exercendo
direito seu. z Quanto ao fato (supralegais):

Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade Inexigibilidade de conduta diversa;


Estado de necessidade exculpante;
Existem condutas consideradas justas pela cons- Excesso exculpante;
ciência social que não se encontram previstas nas Excesso acidental.
causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con- Doença mental
sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o
dissenso da vítima constitui requisito da figura típi- Doença mental pode ser conceituada como o qua-
ca), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em dro de alterações e doenças psíquicas que retiram do
situação justificante, como é o caso do indivíduo que indivíduo a faculdade de controlar e comandar a pró-
pria vontade. Importante esclarecer que a dependên-
tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta
cia patológica, como drogas, configura doença mental
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas
quando retira a capacidade de entender ou querer.
se presente o consentimento do ofendido.
Desenvolvimento mental incompleto ou retardado
Excesso punível
Por desenvolvimento mental incompleto se
Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou entende as limitações na capacidade de compreensão
em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen- da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter-
te pode encontrar-se em três situações diferentes: minar de acordo com o entendimento (precário) uma
vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário física ou mental). São causas:
para repelir à agressão.
z A menoridade: os menores de 18 anos, em razão de
Haverá necessariamente o reconhecimento da não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito
legítima defesa. penal, em decorrência da ausência de culpabilida-
de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
z De maneira consciente emprega um meio desneces- educativos prevista no ECA;
sário ou usa imoderadamente o meio necessário. z Características pessoais do agente, como a falta de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu
A legítima defesa fica afastada se for excluído um a se comunicar)
dos seus requisitos essenciais.
Desenvolvimento mental retardado

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


z Após a reação justa (meio e moderação) por impre-
vidência ou conscientemente continua desneces- Configura aqui, o indivíduo que tem uma capa-
sariamente na ação. cidade que não corresponde às experiências para
aquele momento de vida, o que significa que a plena
Estará agindo com excesso o agente que intensi- potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis
fica demasiada e desnecessariamente a reação ini- aqui tratados não possuem condições de entender o
cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou crime que cometeram.
culposo. O agente responderá pela conduta constituti- Como acabamos de ver, ao menor de 18 anos se
va do excesso. aplicam regras próprias. Ao completar 18 anos, a lei
presume que todos os indivíduos são imputáveis.
DA IMPUTABILIDADE PENAL Porém, tal presunção é relativa, ou seja, é passível de
aferição. Assim, existem três possíveis critérios para a
As excludentes de culpabilidade podem ser dividi- verificação da inimputabilidade:
das, para fins de estudo, em dois grupos: as que se rela-
cionam com o agente e as que dizem respeito ao fato: z Sistema psicológico: interessa é somente o momen-
to da ação ou omissão delituosa, se ele tinha ou não
z Quanto ao agente do fato: condições de avaliar o caráter criminoso do fato e
de orientar-se de acordo com esse entendimento,
Existência de doença mental ou desenvolvimento ou seja, o momento da pratica do crime. A emoção
mental incompleto ou retardado (art. 26, caput, CP); não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete
Existência de embriaguez decorrente de vício (art. crime, com integral alternação de seu estado físico-
26, caput, CP); -psíquico responde pelos seus atos.
Menoridade (art. 27, CP). z Sistema biológico: interessa saber se o agente é
portador de alguma doença mental ou desenvolvi-
z Quanto ao fato (legais): mento mental incompleto ou retardo, caso positi-
vo é considerado inimputável. Tal sistema é usado
Coação moral irresistível (art. 22, CP); pela doutrina: Código Penal, sobre a menoridade
Obediência hierárquica (art. 22, CP); penal. 313
z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa Embriaguez
geradora esteja prevista em lei e que, além disso, II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
atue efetivamente no momento da ação delituo- ou substância de efeitos análogos.
sa, retirando do agente a capacidade de entendi- § 1º - É isento de pena o agente que, por embria-
mento e vontade. Desta forma, será inimputável guez completa, proveniente de caso fortuito ou
aquele que, em razão de uma causa prevista em lei força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão,
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
momento da pratica da infração penal sem capaci- do fato ou de determinar-se de acordo com esse
dade de entender o caráter criminoso do fato. entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços,
Somente há inimputabilidade se os três requisitos se o agente, por embriaguez, proveniente de caso
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da
estiverem presentes, sendo exceção aos menores de
ação ou da omissão, a plena capacidade de enten-
18 anos, regidos pelo sistema biológico.
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Questões importantes sobre inimputabilidade
Adoção do critério psicológico. A embriaguez
A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo
admite qualquer meio probatório.
exame pericial feito pelo médico legal, exame que é
Já na embriaguez acidental fortuita, decorrente
denominado “incidente de insanidade mental”, em
de caso fortuito ou de força maior, que ocorre, por
que se suspende o processo até o resulto final. Há
prazo de 10 dias para provar a existência da causa exemplo, quando o agente não conhece o caráter
excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho alcoólico da bebida ou o agente é forçado a ingerir a
de 2008). bebida, adota-se o critério psicológico. Porém, não
Os requisitos biopsicológicos da inimputabilidade são: basta estar embriagado fortuitamente.
Deve-se analisar se ao momento da ação ou omis-
z Somente há inimputabilidade se os três requisitos são o agente era incapaz de entender o caráter ilíci-
estiverem presentes, sendo exceção aos menores to do fato ou de determinar-se de acordo com esse
de 18 anos, regidos pelo sistema biológico. entendimento.
Posto isso, teremos duas possibilidades:
z Causal: existencial de doença mental ou de desen-
volvimento incompleto ou retardado, causas pre-
z Completa isenção de pena: art. 28, § 1°, CP.
vistas em lei.
z Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis- z Incompleta redução de pena de 1/3 a 2/3: art. 28,
são delituosa. § 2°, CP.
z Consequencial: perda total da capacidade de
A embriaguez patológica deve ser tratada como
entender ou da capacidade de querer.
doença mental, regida pelo art. 26, CP.
Já na embriaguez preordenada o agente se embria-
Dispõe o Código Penal:
ga para encorajar-se a praticar o crime. Será punido
pelo crime doloso cometido e terá a pena aumentada.
Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença
Aplicação da agravante genérica, at. 61, II, l, CP.
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito ERRO DE TIPO E DE PROIBIÇÃO
do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. Erro de Tipo:

Redução de pena Como bem explicam André Estefam e Victor


Eduardo Gonçalves1, o erro, corresponde à falsa per-
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um cepção da realidade dos fatos, ou seja, há uma per-
a dois terços, se o agente, em virtude de perturba- cepção errônea pela qual o agente que comete o fato
ção de saúde mental ou por desenvolvimento men- acredita piamente não estar diante de um dos elemen-
tal incompleto ou retardado não era inteiramente tos essenciais que constituem o crime. Exemplo, Carol
capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
pega a chave do carro de Josiane, acreditando que a
determinar-se de acordo com esse entendimento.
chave era dela.
Neste caso, sem analisar corretamente os fatos
Menores de dezoito anos
era de se pensar que Carol teria cometido o crime de
Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
furto, vez que preenchia quase todos os elementos da
mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas conduta tipificada no art. 155, do Código Penal. Toda-
estabelecidas na legislação especial. via, esta interpretação seria errônea, pois pendia do
Emoção e paixão elemento de vontade, já que que para Carol o objeto
não alheio.
No caso de embriaguez acidental completa, temos: Após este introito, acredito que você já deve pos-
suir uma noção do que é um erro. Agora iremos apro-
Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal: fundar nos conceitos de erro de tipo escusável e erro
I - a emoção ou a paixão; de tipo inescusável.
1  Estefam, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios
314 Gonçalves. – Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, p. 516, 2020.
ERRO ESCUSÁVEL ERRO INESCUSÁVEL Como veremos no próximo parágrafo, do mes-
mo artigo, o erro também pode ser determinado por
É aquele que deriva de É aquele que deriva de terceiro.
fato imprevisível, que pe- fato evitável, que pelas
las circunstâncias concre- circunstâncias concretas Erro determinado por terceiro
tas, qualquer pessoa de qualquer pessoa de dis- § 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
discernimento mediano cernimento médio, teria o erro.
incorreria em tal erro. Por percebido o equívoco e
consequência, neste caso teria assim o evitado. Esta Para entender este dispositivo nada melhor que
exclui-se o dolo – por espécie de erro é conhe- um clássico exemplo:
inexistir o elemento von- cida também por erro de
tade – e a culpa, por ser tipo permissivo, pois re- Maciel é pai de Carolina. Sua filha só possui 16
imprevisível. Esta espécie cai sobre circunstâncias anos de idade, no entanto aparenta ser mais velha,
de erro também pode ser fáticas de uma causa de podendo ser facilmente confundida por uma pessoa
conceituada como erro justificação, ou seja, ex- maior de idade. Maciel sempre frequenta determi-
de tipo penal incrimina- cludente de ilicitude (tipo nado bar, por isso já é conhecido pelo garçom, que
dor, pois recaí sobre uma penal permissivo). como de costume lhe serve um chope. Certo dia,
situação fática elementar Maciel comparece no bar com sua filha, o garçom
do crime. de prontidão lhe serve o seu chope, mas Maciel
pede mais um para Carolina.
Agora, vamos ao estudo do que dispõe o artigo 20,
Sabe-se que é proibida a venda e o consumo de
do Código Penal Brasileiro: bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade.
Aqui, estamos diante de um típico caso de erro deter-
Erro sobre elementos do tipo minado por terceiro, pelas circunstâncias do caso –
Carolina aparentava ser mais velha e seu próprio pai
Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo que pediu o chopp – não era exigível que o garçom
legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição tivesse conhecimento sobre o fato, já que não é costu-
por crime culposo, se previsto em lei. me de os bares solicitarem a carteira identidade para
aferir a idade. Neste caso, reponde quem determinou
Descriminantes putativas o erro, in casu, Maciel.
Vamos conhecer agora, o erro sobre a pessoa (§ 3º,
do art. 20, do Código Penal):
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
Erro sobre a pessoa
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime
o fato é punível como crime culposo.
é praticado não isenta de pena. Não se consideram,
neste caso, as condições ou qualidades da vítima,
Pela redação do artigo 20 é possível aferir que o senão as da pessoa contra quem o agente queria
erro de tipo pode ou não excluir o dolo, isto é, o ele- praticar o crime.

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


mento vontade. Mas qual é a importância da vonta-
de para o estudo do erro de tipo? Tal elemento é de Esta figura pode ser conhecida também por error
fundamental importância, uma vez que se inexistir a in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
forma culposa de algum crime, o agente que praticou erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
o fato não cometerá crime algum, a contrário sensu, resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
se existir forma culposa este agente será punido pela quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
prática do crime na sua forma culposa. nesta hipótese inexiste isenção de pena.
O parágrafo §1º do citado artigo dispõe sobre as É importante diferenciar a figura erro de tipo
discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser acidental da figura de erro na execução, apesar de
entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por muito parecidas são conceitos distintos, a diferença
exemplo: principal desta última é que, como o próprio nome
diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber ati-
Catarina foi ameaçada por Beatriz, que disse que rar acerta pessoa diversa.
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari- Vamos para a tabela:
na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a
andar sempre com um canivete de bolso. Na sema- ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO
na seguinte, Catarina desapercebida se encontra ACIDENTAL QUANTO ACIDENTAL QUANTO
com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então, À PESSOA À EXECUÇÃO
com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um
abraço em Catarina e lhe dar uma flor como pedi- O agente confunde a pes- O erro do agente ocorre no
do de desculpas. Mas Catarina desfere de imediato soa que queria atingir. ato da execução.
uma facada em Beatriz. Ex. no manuseio da arma.

Estamos aqui, diante de uma tese de legítima defe- Para sua prova é extremamente importante que
sa putativa. A verdade é que havia uma falsa percep- você saiba que em ambas são desconsideradas as qua-
ção de realidade, que se passava somente na mente lidades da pessoa que foi efetivamente atingida pelo
de Catarina, que acreditava que seria esfaqueada por erro e consideradas as qualidades da pessoa que o
Beatriz. agente realmente queria atingir. 315
Mas no que isso importa para o direito? Novamen- podem dirigir – vem visitar o Brasil e é parado
te para explicação, iremos estudar um exemplo. numa blitz, embora ainda fosse possível saber
Mévio é casado com Clara, os dois possuem uma que no Brasil não é permitido dirigir aos 16
relação bastante conturbada. Mévio, prevalecendo de anos, era extremamente difícil exigir que este
relações domésticas, muito nervoso por certa atitude tivesse conhecimento.
de Clara, dispara diversos tiros em sua direção, acer-
tando o seu vizinho Joãozinho, que passava pelo local.
Joãozinho, veio à óbito.
Nesta situação, Mévio mesmo tendo acertado um
homem responderá por feminicídio, pois apenas se
EXERCÍCIOS COMENTADOS
consideram as qualidades da vítima que realmente
queria atingir. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Na tentativa de entrar em
Temos ainda o erro de tipo acidental sobre o território brasileiro com drogas ilícitas a bordo de um
objeto (error in objecto), esta figura é essencialmen- veículo, um traficante disparou um tiro contra agente
te doutrinária. Aqui, como diz o próprio nome, o erro policial federal que estava em missão em unidade fron-
ocorre sobre o objeto visado. Ex. Mário vai a uma joa- teiriça. Após troca de tiros, outros agentes prenderam o
lheria e furta um colar que acredita ser de diamantes, traficante em flagrante, conduziram-no à autoridade poli-
mas ao chegar em casa descobre que em verdade tra- cial local e levaram o colega ferido ao hospital da região.
ta-se de uma bijuteria barata. Neste caso, não haverá Nessa situação hipotética, se o policial ferido não fale-
exclusão de dolo, culpa, tampouco isenção de pena. cer em decorrência do tiro disparado pelo traficante,
Respondendo Mário pelo crime de furto consumado estar-se-á diante de homicídio tentado, que, no caso,
(art. 155, do Código Penal).
terá como elementos caracterizadores: a conduta
dolosa do traficante; o ingresso do traficante nos atos
Erro de Proibição:
preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à con-
sumação do crime por circunstâncias alheias à vonta-
Após o estudo do erro sobre os elementos do tipo,
de do traficante.
iremos estudar o erro sobre a ilicitude do fato, tam-
bém conhecidos como erros de proibição. Veja o que
dispõe o artigo 21, do Código Penal: ( ) CERTO  ( ) ERRADO
O erro de proibição
O traficante ingressou nos atos executórios do cri-
Erro sobre a ilicitude do fato me, ultrapassando a preparação do iter criminis.
O agente iniciou a execução do fato, ao efetuar o
Art. 21 O desconhecimento da lei é inescusável. O disparo contra o agente policial federal, que só não
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta se consumou por circunstâncias alheias à vontade
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto do agente. O erro da questão está em afirmar que o
a um terço. delinquente ingressou nos atos preparatórios, uma
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o vez que se caracterizou os atos executórios do crime
agente atua ou se omite sem a consciência da ilici- ao realizar o disparo. Resposta: Errado.
tude do fato, quando lhe era possível, nas circuns-
tâncias, ter ou atingir essa consciência.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um clube social, Pau-
O citado artigo traz apontamentos muito impor- la, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente
tantes. O primeiro é que o desconhecimento da lei é Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos.
inescusável, isto quer dizer que ninguém pode usar Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua resi-
como forma de desculpa a justificativa que praticou o dência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um
fato por desconhecer que a conduta era considerada revólver pertencente à corporação policial de que seu
criminosa. pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta
Ainda no mesmo artigo é trabalhado o erro sobre minutos, armado com o revólver, sob a influência de
a ilicitude do fato evitável e o erro sobre a ilicitude emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez
do fato inevitável, os conceitos deles são retirados do disparos da arma contra a cabeça de Paula, que fale-
parágrafo único do mesmo artigo. ceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo item.
z Erro sobre a Ilicitude Evitável: Carlos agiu sob o pálio da legítima defesa putativa.
„ O erro sobre a ilicitude evitável, como visto aci-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
ma, ocorrerá quando o agente através de uma
ação ou omissão praticar o fato sem consciên-
cia de que é ilegal, mas que pelas circunstân- Ao fato narrado pelo item, não se aplica hipótese
cias do fato concreto era possível e exigível que de legítima defesa, muito menos a putativa. Não há
este soubesse que a sua conduta era ilícita. Nes- que se falar em injusta agressão praticada por Pau-
te caso, o Juiz poderá diminuir a pena de um la (seria possível falar em injusta provocação, que
sexto a um terço. admitiria, presente os demais requisitos, a aplica-
ção do privilégio ao homicídio), não se aplicando,
z Erro sobre a Ilicitude Inevitável: portanto, a mencionada excludente de ilicitude a
Carlos. Em momento algum, a alternativa fala que
„ O erro inevitável é aquele em que pelas cir- Carlos incorreu em erro, não se aplicando a legítima
cunstâncias do caso concreto, era quase que defesa putativa, que é hipótese de exclusão da ilici-
impossível exigir do agente a consciência tude quando o agente incorre em erro. Neste caso,
necessária para evitar a prática do crime. Neste o agente imagina estar em uma hipótese de injusta
caso, haverá isenção de pena. Ex. Estrangeiro agressão, atual ou iminente, que, na verdade, não
– que no seu país os adolescentes de 16 anos
316 existe na realidade. Resposta: Errado.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando que crime Um soldado policial militar do estado de Alagoas, com
é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir. quatro anos de serviço, que tenha deixado de compa-
São causas excludentes de culpabilidade o estado de recer à sua organização policial militar por nove dias
necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimen- consecutivos, sem ter comunicado o motivo de seu
to do dever legal. impedimento, é considerado desertor e será excluído
do serviço ativo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
A alternativa apresenta hipóteses de excludente de
ilicitude legais, expressamente previstas no Código 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto
Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estri- dos Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue o
to cumprimento de dever legal e exercício regular de item a seguir.
direito. As excludentes de culpabilidade são: inim- Caso uma pessoa tenha prestado declarações falsas,
putabilidade, ausência de potencial conhecimento
por escrito, durante o recrutamento voluntário para
da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa.
incorporar-se à Polícia Militar do Estado de Alagoas,
Resposta: Errado.
sua incorporação poderá ser anulada, em qualquer
época, dentro do período de formação.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da culpabilida-
de, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item
( ) CERTO  ( ) ERRADO
que se segue.
Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de
antijuridicidade, também denominada de causa de jus- 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos
tificação, exclui o próprio crime. Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue o item a
seguir.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Em se tratando de policial militar que esteja em gozo
de licença por trinta dias para acompanhar tratamento
As causas excludentes de ilicitude são causas de jus- de saúde de pessoa da família, é vedada, durante esse
tificação, que permitem ao agente a prática de um período, a cassação, de ofício, da sua licença.
fato típico, que será legalmente admitido pelo orde-
namento jurídico. Nos casos em que a ilicitude do ( ) CERTO  ( ) ERRADO
fato é excluída, diz-se que o próprio crime é excluí-
do. Resposta: Certo. 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos
Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue o item a
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da culpabilida- seguir.
de, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item Licença para tratar de interesse particular poderá ser
que se segue. concedida, pelo prazo máximo de um ano, ao policial
Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um man- militar com três anos de efetivo serviço.
dado de condução coercitiva expedido pela auto-
ridade judiciária competente, submeteu, embora ( ) CERTO  ( ) ERRADO

LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS


temporariamente, um cidadão a situação de privação
de liberdade.  5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
Assertiva: Nessa circunstância, a conduta do policial sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
está abarcada por uma excludente de ilicitude repre- tiva a ser julgada de acordo com as disposições do
sentada pelo exercício regular de direito. Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas.
Um policial militar praticou ato com consequências
( ) CERTO  ( ) ERRADO
nas esferas administrativa e criminal. Nessa situação,
qualquer apuração administrativa deverá aguardar a
O policial que, para cumprir mandado de condu-
conclusão de eventual inquérito policial instaurado.
ção coercitiva expedido pela autoridade judiciária
competente, submete, embora temporariamente,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
um cidadão a situação de privação de liberdade,
pratica fato típico, que não será ilícito por aplicação
da excludente de antijuridicidade do estrito cum- 6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
primento de dever legal. O cumprimento à determi- sentada uma situação hipotética, seguida de uma
nação judicial não constitui um direito do policial, assertiva a ser julgada de acordo com as disposições
mas sim uma obrigação. Sendo assim, não se aplica do Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de
a ele, no efetivo desempenho das atribuições do seu Alagoas.
cargo, em regra, o exercício regular de direito, mas, Um policial militar recém-incorporado praticou ato
sim, o estrito cumprimento de dever legal. Resposta: considerado transgressão disciplinar. Nesse caso, a
Errado. falta de prática no serviço poderá ser considerada cir-
cunstância atenuante.

( ) CERTO  ( ) ERRADO


HORA DE PRATICAR!
7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com base no Estatuto dos sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser-
Policiais Militares do Estado de Alagoas, julgue o item a tiva a ser julgada de acordo com as disposições do
seguir. Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas. 317
Um policial militar, com cinco anos de serviço, foi puni- A respeito dessa situação hipotética, julgue o próximo
do disciplinarmente e ingressou no comportamento item, com base nas disposições do Decreto Estadual
mau. Nessa situação, se vier a praticar transgressão n.º 37.042/1996 — Regulamento Disciplinar da Polícia
disciplinar de qualquer espécie e natureza, poderá ser Militar de Alagoas.
licenciado a bem da disciplina.
A transgressão praticada por Magalhães poderá ser
( ) CERTO  ( ) ERRADO atenuada, mas em nenhuma hipótese essa atenuação
modificará a classificação da transgressão no rol das
8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre- transgressões previstas no Regulamento Disciplinar
sentada uma situação hipotética, seguida de uma asser- da Polícia Militar de Alagoas.
tiva a ser julgada de acordo com as disposições do
Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Um policial militar foi punido disciplinarmente, com
a correspondente averbação da penalidade, porém, 13. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A transgressão discipli-
após cinco anos, ele requereu à autoridade compe- nar praticada por Magalhães é classificada como gra-
tente o cancelamento do registro da punição, tendo, ve e a punição é a advertência ou a repreensão.
nesse período, sofrido apenas uma advertência. Nes-
sa situação, o requerimento será indeferido em razão ( ) CERTO  ( ) ERRADO
da punição de advertência sofrida no quinquênio
considerado. 14. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Antônio, depois de pre-
senciar um homicídio que ocorreu próximo de sua
( ) CERTO  ( ) ERRADO residência, foi à delegacia de polícia mais próxima e
comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
9. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Leia a proposição a seguir A respeito dessa situação hipotética e de aspectos
para responder às questões 9, 10 e 11. legais a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Pedro, policial militar do estado de Alagoas, deixou de Crime comum, como o homicídio, mesmo quando
comparecer à unidade em que serve durante quinze tipificado como crime militar, deve ser investigado por
dias do mês de agosto deste ano, sem licença, para autoridade policial judiciária civil.
viajar com a família. Ele, que já havia gozado férias no
último mês de junho, não comunicou a seus superio- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
res o motivo da ausência nem o período.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o 9 GABARITO
item a seguir.
A atitude de Pedro configura caso de demissão do
1 CERTO
serviço militar, mas, se ele se apresentar voluntaria-
mente e a inspeção de saúde a que será submetido 2 CERTO
julgá-lo apto, o processo será submetido ao Conselho
de Disciplina, independentemente de já ter sido ou não 3 ERRADO
demitido.
4 ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO 5 ERRADO

10. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com referência a essa situa- 6 CERTO


ção hipotética, julgue o item a seguir. 7 CERTO
Se Pedro for oficial da Polícia Militar e se for consi-
derado desertor, ele será demitido de ofício, devendo 8 CERTO
seu tempo de efetivo serviço ser averbado para fins de
inatividade — o período passado como desertor não 9 ERRADO
será computado para nenhum efeito. 10 CERTO

( ) CERTO  ( ) ERRADO 11 CERTO

12 CERTO
11. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com referência a essa situa-
ção hipotética, julgue o item a seguir. 13 ERRADO
A atitude de Pedro configura deserção do serviço mili-
tar, mas se ele for praça com estabilidade, será coloca- 14 ERRADO
do na condição de agregado, depois de cumpridas as
formalidades legais.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

12. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Leia a proposição a seguir


para responder às questões 12 e 13.

Magalhães, terceiro sargento da Polícia Militar do Esta-


do de Alagoas, enquanto estava em serviço, se referiu
318 ao major Fernandes sem designar o grau hierárquico.
citar como exemplo a desapropriação de um imóvel
pertencente a um particular: o particular pode ter
interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar
o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter
interesse em extinguir o instituto da expropriação
NOÇÕES DE DIREITO administrativa. Trata-se de um instituto que deve
existir, independentemente da sua vontade.
ADMINISTRATIVO Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
que ao Estado também lhe incumbe uma série de
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilida-
de do interesse público. Tal princípio pressupõe que
PRINCÍPIOS o Poder Público não é dono do interesse público, ele
deve manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe.
NOÇÃO GERAL DE PRINCÍPIO É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
nio público, contratar quem ele quiser, realizar gas-
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- tos sem prestar contas a seu superior, etc. Tais atos
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- configuram em desvio de finalidade, uma vez que o
mas cogentes que traduzem um comando direto, são objetivo principal deles não é de interesse público,
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro
e são utilizadas para a solução de casos concretos e beneficiário.
específicos. Os princípios, por sua vez, delimitam os
valores fundamentais de um ramo do direito, pos- Princípios Constitucionais da Administração Pública
suem conteúdo muito mais abrangente. São conside-
rados mais importantes, dado o seu caráter geral e São os princípios expressos, previstos no Texto
abstrato. Os princípios são descobertos pela doutrina, Constitucional, mais especificamente no caput do art.
através da análise das regras, retirando os aspectos 37. Segundo o referido dispositivo:
concretos desta. O legislador, dessa forma, tem um
papel indireto na criação dos princípios. “A administração pública direta e indireta de qual-
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
que os princípios e as regras são normas que apresen- Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico, dade e eficiência”.
são considerados hierarquicamente superiores. Vio-
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin- Assim, esquematicamente, temos os princípios
cípio é erro gravíssimo: é cometer ofensa a todo um constitucionais da:
ordenamento de comandos.
z Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO Direito, as atividades do gestor público estão sub-
missas a forma da lei. A legalidade promove maior
Os princípios de Direito Administrativo são, segurança jurídica para os administrados, na
assim, os princípios que atuam como diretrizes sistê- medida em que proíbe que a Administração Públi-
micas do próprio regime jurídico-administrativo. Os ca pratique atos abusivos. Ao contrário dos parti-
princípios que regem a atividade da Administração culares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor- proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém deno- é expressamente autorizado por lei;
tados segundo a interpretação das normas jurídicas. z Impessoalidade: a atividade da Administração
Temos, assim: princípios gerais de Direito Adminis- Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
trativo, os princípios constitucionais, e os princípios haver qualquer forma de tratamento diferenciado
infraconstitucionais. entre os administrados. Esse princípio apresenta NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
algumas vertentes que são importantes conhecer.
Princípios Gerais de Direito Administrativo A primeira diz respeito à finalidade: há uma for-
te relação entre a impessoalidade e a finalidade
Os princípios gerais de Direito Administrativo, pública, pois quem age por interesse próprio não
são os princípios basilares desse ramo jurídico, sen- condiz com a finalidade do interesse público. A
do aplicáveis ante ao fato de a Administração Públi- outra vertente diz respeito a pessoa do adminis-
ca ser considerada pessoa jurídica de direito público. trador, pois a atividade administrativa é conside-
São princípios implícitos, uma vez que eles não preci- rada de seus órgãos e pessoas jurídicas, e nunca de
sam estar expressos na legislação para que a doutri- seus agentes; pessoas físicas. Esse é o fundamento
na aceite sua existência, afinal, sem esses princípios da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso, é
a Administração não poderia funcionar direito. São vedada a possibilidade do agente público de utili-
dois: o princípio da supremacia do interesse público, e zar os recursos da Administração Pública para fins
o princípio da indisponibilidade do interesse público. de promoção pessoal, conforme aponta o § 1º do
O princípio da supremacia do interesse públi- art. 37 da CF/1988;
co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à z Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
Administração Pública. A supremacia do interesse tes o dever de zelar por uma “boa-administra-
público sobre o privado é um aspecto fundamental ção”, buscando atuar com base nos valores da
para o exercício da função administrativa. Podemos moral comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e 319
lealdade. A moralidade não é somente um prin- Não havendo necessidade de recorrer ao Poder
cípio, mas também requisito de validade dos atos Judiciário, quis o legislador que a Administração
administrativos; possa, dessa forma, promover maior celeridade na
z Publicidade: a publicação dos atos da Administra- recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilí-
ção promove maior transparência e garante eficá- cito, e garantir maior proteção ao interesse público
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito contra os atos inconvenientes.
ao direito fundamental que toda pessoa tem de Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999:
obter acesso a informações de seu interesse pelos
órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse “A Administração deve anular seus próprios atos,
direito ponha em risco a vida dos particulares ou quando eivados de vício de legalidade, e pode revo-
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a gá-los por motivo de conveniência ou oportunida-
vida íntima dos envolvidos; de, respeitados os direitos adquiridos”.
z Eficiência: implementado pela reforma adminis-
trativa promovida pela Emenda Constitucional A distinção feita pelo legislador é bastante opor-
nº 19 de 1998, a eficiência se traduz na tarefa da tuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anu-
Administração de alcançar os seus resultados de latório, e a discricionariedade do ato revogatório. A
uma forma célere, promovendo melhor produti- Administração pode revogar os atos inconvenientes,
vidade e rendimento, evitando gastos desneces- mas tem o dever de anular os atos ilegais.
sários no exercício de suas funções. A eficiência A autotutela também tem previsão em duas súmu-
fez com que a Administração brasileira adquiris- las do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A
se caráter gerencial, tendo maior preocupação na Administração Pública pode declarar a nulidade de
execução de serviços com perfeição ao invés de se seus próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administra-
preocupar com procedimentos e outras burocra- ção pode anular seus próprios atos, quando eivados de
cias. A adoção da eficiência, todavia, não permite à vícios que os tornam ilegais, porque deles não se origi-
Administração agir fora da lei, não se sobrepõe ao nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniên-
princípio da legalidade; cia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.

Importante! Princípio da Motivação

Um método que facilita a memorização desses Um princípio implícito, também pode constar
princípios é a palavra “limpe”, pois temos os prin- em algumas questões como “princípio da obrigató-
cípios da: ria motivação”. Trata-se de uma técnica de controle
Legalidade dos atos administrativos, o qual impõe à Administra-
Impessoalidade ção o dever de indicar os pressupostos de fato e de
Moralidade direito que justificam a prática daquele ato. A fun-
Publicidade damentação da prática dos atos administrativos será
Eficiência sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da Lei
nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser
motivados, com indicação dos fatos e dos fundamen-
Princípios Reconhecidos em Legislação tos jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par.
Infraconstitucional único, VII, da mesma Lei: “Nos processos administra-
tivos serão observados, entre outros, os critérios de:
Os princípios administrativos não se esgotam no VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja que determinarem a decisão”. A motivação é uma
previsão não está disposta na Carta Magna, e sim decorrência natural do princípio da legalidade, pois a
na legislação infraconstitucional, sendo reconheci- prática de um ato administrativo fundamentado, mas
dos tanto pela doutrina como pela jurisprudên- que não esteja previsto em lei, seria algo ilógico.
cia. É o caso do disposto no caput do art. 2º da Lei nº Convém estabelecer a diferença entre motivo e
9.784/1999: motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da
medida administrativa, portanto, antecede o ato
“A Administração Pública obedecerá, dentre outros, administrativo. A motivação, por sua vez, é o funda-
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, mento escrito, de fato ou de direito, que justifica a
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, prática da referida medida. Exemplo: na hipótese de
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, alguém sofrer uma multa por ultrapassar limite de
interesse público e eficiência”. velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem do
limite máximo de velocidade); já o documento de noti-
Princípio da Autotutela ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o
ato administrativo em questão.
A autotutela é um princípio que diz respeito ao Quanto ao momento correto para sua apresenta-
controle interno que a Administração Pública exer- ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul-
ce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, taneamente, ou em um instante posterior a prática do
havendo algum ato administrativo ilícito ou que seja ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
inconveniente e contrário ao interesse público, não é ção intempestiva, isso é, aquela dada em um momen-
necessária a intervenção judicial para que a própria to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
320 Administração anule ou revogue esses atos. ato administrativo.
Princípio da Finalidade Esses não são os únicos princípios que regem as
relações da Administração Pública. Porém, escolhe-
Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, mos trazer com mais detalhes os princípios que jul-
da Lei nº 9.784/1999. gamos ser mais característicos da Administração. Isso
não quer dizer que outros princípios não possam ser
“Nos processos administrativos serão observados, estudados ou aplicados a esse ramo jurídico. A Admi-
entre outros, os critérios de: II - atendimento a fins de nistração também deve atender aos princípios da res-
interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de ponsabilidade, ao princípio da segurança jurídica, ao
poderes ou competências, salvo autorização em lei”. princípio do contraditório e ampla defesa, ao princí-
pio da isonomia, entre outros.
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
primazia do interesse público. O primeiro impõe que
o Administrador sempre aja em prol de uma finalida-
de específica, prevista em lei. Já o princípio da supre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
macia do interesse público diz respeito à sobreposição
do interesse da coletividade em relação ao interesse 1. (FCC – 2020) Considerando os princípios que regem a
privado. A finalidade disposta em lei pode, por exem- Administração Pública, de acordo com o princípio da:
plo, ser justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo I. Indisponibilidade do interesse público, os interesses
ato, além de ser devidamente motivado, possui um públicos não se encontram à livre disposição do Admi-
fim específico, com a devida previsão legal. O desvio nistrador público.
de finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tor- II. Supremacia do interesse público, a Administração
nam nulo o ato praticado pelo Poder Público. Pública está sempre acima dos direitos e garantias
individuais.
Princípio da Razoabilidade III. Segurança jurídica, deve ser prestada a assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovem insufi-
Agir com razoabilidade é decorrência da própria ciência de recursos.
noção de competência. Todo poder tem suas corres- IV. Continuidade do serviço público, o serviço público,
pondentes limitações. O Estado deve realizar suas atendendo a necessidades essenciais da coletividade,
funções com coerência, equilíbrio e bom senso. Não como regra, não deve parar.
basta apenas atender à finalidade prevista na lei, mas
é de igual importância o como ela será atingida. É uma Está correto o que se afirma APENAS em
decorrência lógica do princípio da legalidade.
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio- a) II e III.
nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse b) I e II.
público, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário c) III e IV.
ou pela própria entidade administrativa que prati- d) I e IV.
cou tal medida. Em termos práticos, a razoabilidade e) II e IV.
(ou falta dela) é mais aparente quando tenta coibir o
excesso pelo exercício do poder disciplinar ou poder A frase II está errada, é verdade que a Administra-
de polícia. Poder disciplinar traduz-se na prática de ção Pública se encontra em uma posição superior
atos de controle exercidos contra seus próprios agen- em relação aos particulares. Todavia, isso não sig-
tes, isso é, de destinação interna. Poder de polícia é o nifica que ela esteja, também, acima dos direitos e
conjunto de atos praticados pelo Estado que tem por garantias individuais. A frase III está errada, a segu-
escopo limitar e condicionar o exercício de direitos rança jurídica é uma garantia concedida a todos os
individuais e o direito à propriedade privada. cidadãos e impede que a Administração Pública ata-
que situações jurídicas já resolvidas anteriormente.
Princípio da Proporcionalidade A frase, na verdade, trata do benefício da assistên-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cia judiciária gratuita. Resposta: Letra D.
O princípio da proporcionalidade tem similitudes
com o princípio da razoabilidade, sendo implícito 2. (VUNESP – 2020) Em Direito Administrativo, quando
também. Há muitos autores, inclusive, que preferem se fala que nem tudo que é legal é honesto, estamos
unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De nos referindo ao princípio constitucional
fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage-
ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade a) implícito da finalidade administrativa.
é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a b) implícito da motivação administrativa.
justa medida na prática de atos administrativos. Bus- c) explícito da moralidade administrativa.
ca evitar extremos, exageros, pois podem ferir o inte- d) explícito do poder-dever do administrador público.
resse público. e) explícito da publicidade.
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999,
deve o Administrador agir com “adequação entre meios A letra A está errada, o princípio da finalidade diz
e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições respeito aos atos administrativos, porque eles devem
e sanções em medida superior àquelas estritamente sempre cumprir uma finalidade específica, que é o
necessárias ao atendimento do interesse público”. Na interesse público. Todos os atos que acarretem em
prática, a proporcionalidade também encontra sua interesses pessoais, do administrador ou de direitos,
aplicação no exercício do poder disciplinar e do poder costuma-se dizer que tais atos possuem desvio de fina-
de polícia. lidade, e devem ser anulados. A letra B está errada, o 321
princípio da motivação também diz respeito aos atos Não há hierarquia na aplicação dos princípios.
administrativos, mas a diferença é que este impõe Eles devem ser interpretados de forma harmônica. No
que os atos administrativos devem estar devidamen- entanto, isso não impede que um ou outro esteja mais
te motivados, não existe ato administrativo sem uma presente quando da análise de uma situação concre-
fundamentação, sem uma razão de ser. A letra D está ta. Nesse ponto, não falaremos de hierarquia, mas da
errada, não existe um princípio explícito do poder-de- mera aplicabilidade do princípio à situação concreta
ver do administrador público. A letra E está errada, trazida à análise.
pois o princípio da publicidade traduz-se na exigência Vamos enumerar as características dos princípios
de que todos os atos administrativos sejam públicos. colocadas até então:
Isso garante maior transparência e fiscalização por
parte dos cidadãos. Resposta: Letra C. z Generalidade;
z Abstração;
z Ausência de hierarquia entre si;
3. (FCC – 2019) O direito administrativo disciplina a
z Interpretação e validação de regras.
função administrativa dos entes federados, órgãos,
agentes e atividades desenvolvidas pela Administra-
Vejamos agora sobre as regras. Elas serão menos
ção Pública. Entre seus princípios está a legalidade, ou genéricas e abstratas. Ainda que aplicáveis eventual-
seja, cabe à Administração Pública: mente a várias situações correlatas, elas já procuram
se aproximar da realidade dos fatos, apresentando
a) Apresentar resultados positivos para o serviço público, comandos mais claros e concretos.
bem como o atendimento das necessidades públicas. No Brasil temos alguns critérios que podem ser uti-
b) Promover a qualificação de agentes públicos que lizados para a solução do conflito entre regras:
apresentem comportamento de acordo com o interes-
se público. z Hierárquico: prevalece a de maior hierarquia. Ex.:
c) Ser composta por agentes públicos que não usem a CF/88 sobre qualquer norma interna;
administração pública para a promoção pessoal. z Cronológico: prevalecerá a lei mais nova sobre o
d) Ter credibilidade voltada para transparência na defesa tema;
de direitos para a oferta de informações nos órgãos z Especialidade: prevalecerá a lei mais específica
públicos. sobre o tema.
e) Atuar de acordo com a lei e finalidades expressas ou
implícitas previstas no Direito. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

A questão é bem fácil, ela exige que o candidato O regime jurídico pode ser definido como conjunto
conheça o princípio da legalidade, que é um dos de normas que irá orientar uma determinada relação
mais característicos desse ramo. O princípio da jurídica. Vejamos dois exemplos para, desde já, seja
legalidade se resume à vinculação das ações dos possível ter em mente que esse conjunto de normas
administradores aos termos da Lei. Há pouca mar- poderá variar de acordo com a situação.
O primeiro deles seria um desentendimento seu com
gem de liberdade para o servidor atuar, uma vez que
seu vizinho em uma eventual construção irregular, que
se o fizer, estará cometendo uma ilegalidade, e pode
extrapola o direito de um e invade o direito do outro.
ser punido por isso. Resposta: Letra E.
Num segundo momento, imagine que você foi fla-
grado por uma viatura policial ao avançar um sinal
vermelho em alta velocidade.
Veja que, em que pese caber discussões de defesa
REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO de direitos em ambos os exemplos, as normas apli-
cáveis aos casos não são as mesmas. No primeiro
CONCEITO exemplo há uma clara igualdade, o que não ocorre no
segundo momento.
Hoje conheceremos o regime jurídico-adminis- Para começar a entender o regime jurídico-admi-
trativo aplicável à Administração Pública, sendo, no nistrativo, ou seja, o regime jurídico ao qual se submete
entanto, necessário termos uma breve noção da dife- a Administração Pública quando da sua atuação, deve-
rença entre princípios e regras. remos entender dois princípios, chamados pela doutri-
na em Direito Administrativo de supra princípios:
Princípios x Regras
z Supremacia do interesse público;
z Indisponibilidade do interesse público.
Os princípios são a base de um ordenamento jurí-
dico, anteriores até mesmo à existência das normas,
Com base na supremacia do interesse público serão
pois influenciam no próprio processo legislativo.
criadas prerrogativas para proteger o interesse públi-
Podem constar expressamente ou não, tendo como co diante do interesse particular. Exemplo: presunção
característica terem enunciados genéricos, para apli- de veracidade e legitimidade dos atos administrativos.
cação num máximo possível de situações. Já a indisponibilidade do interesse público irá im-
Os princípios possuem alto nível de abstração, por restrições ao uso da coisa pública, também com in-
outra característica que irá permitir a sua aplicabili- tuito de proteção: inalienabilidade condicionada dos
dade a um grande número de situações. bens públicos.
Também poderão ser utilizados para análise da Importante ressaltar que a Administração Pública
validade de normas constantes do ordenamento jurí- nem sempre estará atuando sob este regime jurídi-
322 dico, assim como a sua correta interpretação. co-administrativo, apesar de esta ser a regra. Haverá
situações em que a Administração Pública estará atuan- Veja que a aplicabilidade do caput é bastante am-
do de igual para igual com o particular, sujeita a um pla: todos os poderes, todas as esferas, administração
regime de direito privado. Portanto, dito isso, vamos direta e indireta.
organizar essa parte do raciocínio. Você deve decorar esses princípios, fazendo uso do
famoso LIMPE, que traz a inicial de cada um dos prin-
z Regime jurídico de direito público: conceito restri- cípios constantes do caput.
to (regime jurídico-administrativo);
z Regime jurídico de direito privado. Legalidade

O princípio da legalidade tem sua origem no pró-


prio estado de Direito. Vejamos o art. 1º da Constituição.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à origem e às pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e
fontes do direito administrativo, aos sistemas adminis- do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
trativos e à administração pública em geral, julgue o item crático de Direito e tem como fundamentos:
que segue.
O conjunto das prerrogativas e restrições a que está sujeita Em um Estado de Direito, a vida das pessoas, assim
a administração pública e que não se encontra nas relações como também do Estado, será pautada no que cons-
entre particulares constitui o regime jurídico administrativo. tar da lei. No entanto, a interpretação do princípio da
legalidade terá abordagens diferentes quando olhar-
( ) CERTO  ( ) ERRADO mos para o particular ou para o agente público.
Vejamos a legalidade aplicável ao particular, cons-
A atuação da Administração Pública, diferentemente tante do art. 5º da Carta Magna.
da atuação entre pessoas privadas, em regra será regi-
da por um conjunto de normas próprias. Esse conjunto Art. 5º (...)
de normas a doutrina chama de regime jurídico-ad- II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de
ministrativo. Ele tem como pilares os supra princípios fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
supremacia do interesse público e indisponibilidade do
interesse público, como vimos acima. Resposta: Certo. Veja que o mandamento para o particular é permis-
sivo. Ele poderá fazer tudo que não estiver proibido em
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administração lei. Será obrigado a algo apenas quando da lei constar.
pública e de suas funções, julgue o item a seguir. Essa não é a interpretação do princípio da legalidade
A supremacia do interesse público sobre o particular pode para o agente público. Aqui já cabe falar em legalidade
ser verificada por meio tanto das prerrogativas associa- administrativa. Ao agente público será permitido tudo
das ao regime jurídico administrativo quanto da inexistên- que a lei autorizar ou mandar. Ou seja, a relação é opos-
cia de restrições à atuação da administração pública. ta. Não é um mandamento permissivo, mas restritivo.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

O regime jurídico administrativo tem como pilares PODERES DA ADMINISTRAÇÃO


os princípios da supremacia do interesse público e
da indisponibilidade do interesse público. A supre-
PÚBLICA
macia do interesse público impõe uma relação de
PODER HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR,
verticalidade do interesse público em relação ao
REGULAMENTAR E DE POLÍCIA
interesse particular. No entanto, relação de supe-
rioridade se dará conforme haja previsão legal, não
Noções introdutórias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
sendo uma inexistência total de restrições, confor-
me colocado pela questão. Resposta: Errado.
A Administração Pública tem vários objetivos a
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS COM PREVISÃO cumprir, sempre buscando o interesse público, sob
CONSTITUCIONAL diversas formas diferentes. Para o alcance desses
objetivos, lançará mão de instrumentos. Os atos admi-
Vamos começar a conhecer cada um dos princí- nistrativos são, sem dúvida, um desses instrumentos.
pios. Conheceremos os princípios expressos da Cons- No assunto de hoje veremos uma outra forma
tituição Federal. É importante que você saiba que há de entender como a Administração Pública causa
princípios expressos em várias outras normas que mudanças no mundo real. Os poderes administrativos
não são a CF/88. Conheceremos aqui apenas os cons- instrumentos dotados de prerrogativas, para que a
tantes do caput do art. 37. Vejamos a sua literalidade. Administração Pública possa executar determinadas
tarefas. Não são absolutos, pois encontram limitações
Art. 37 A administração pública direta e indireta nos direitos dos particulares. Por outro lado, são mar-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, cados pela irrenunciabilidade e pela obrigatorieda-
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá de de exercício.
aos princípios de legalidade, impessoalidade, Uma vez que eles são de exercício obrigatório, a dou-
moralidade, publicidade e eficiência e, também, trina vê esse poder como um poder-dever. Pois, ao mes-
ao seguinte: mo tempo em que há neles possibilidades de imposição 323
perante o particular, há também a imposição ao agen- Devemos, no entanto, nos lembrar que esse poder
te público competente do seu exercício para que seja não será absoluto, devendo o agente público que even-
alcançado o interesse público. tualmente receber ordem ilegal se recusar a cumpri-la.
Passemos agora a conhecer os diferentes poderes
administrativos. No estatuto dos servidores civis federais temos, espe-
cificamente no artigo 116, a previsão da desnecessidade
Poder vinculado do cumprimento de ordem manifestamente ilegal.

O poder vinculado se exterioriza quando a Adminis- Lei nº 8.112/90.


tração Pública deve se manifestar diante de determina- Art. 116 São deveres do servidor:
da situação. Aqui não haverá margem de escolha para o IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
agente competente. Em outros termos, o mérito adminis- manifestamente ilegais;
trativo (margem de escolha) é reduzido ou inexistente.
Os superiores hierárquicos têm a possibilidade de
Poder discricionário delegar determinadas atribuições aos subordinados,
quando assim julgar conveniente.
Em oposição às características do poder vinculado, Nesse contexto, temos algumas atribuições que
aqui a manifestação da Administração Pública terá não podem ser delegadas. São elas as seguintes:
margem de escolha, portanto teremos a manifestação
do mérito administrativo. Dentro das possibilidades z Atribuição de um Poder político para outro (salvo
colocadas pela lei ou ato normativo aplicável, haverá quando previsto na CF/88);
margem de escolha para o agente competente. z Atribuições previstas em lei como exclusivas;
z Atribuições de natureza política.
z Poder discricionário: há margem de escolha para a
atuação da Administração Pública; Especificamente na esfera federal, com base na Lei
z Poder vinculado: há pouca ou nenhuma margem de nº 9.784/99, temos algumas outras limitações para a
escolha para a atuação da Administração Pública. possibilidade de delegação. Vejamos.

Dica z Atos de caráter normativo;


z Decisão de recurso administrativo;
Você deve estar lembrando aqui dos atos admi- z Matéria de competência exclusiva.
nistrativos. O mérito administrativo sobre o qual
falamos lá é exatamente o que vemos aqui. Lá Poderá ocorrer também a avocação, que é trazer
aprendemos que o mérito administrativo, no ato para si atribuições do subordinado, sempre em cará-
administrativo, se manifestará nos elementos ter temporário.
motivo e objeto.

EXERCÍCIO COMENTADO
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de poderes admi-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsecuti- nistrativos, julgue o item subsequente.
vo, a respeito dos poderes da administração pública. Em decorrência do poder hierárquico, é lícita a avoca-
Poder discricionário corresponde à prerrogativa do ção por órgão superior, em caráter ordinário e por tem-
gestor público de avaliar a conveniência e a oportuni- po indeterminado, de competência atribuída a órgão
dade de praticar determinado ato administrativo. hierarquicamente inferior.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO

O poder discricionário do agente público é aquele A avocação, que ocorre quando um órgão superior traz
em que há maior margem de escolha para sua atua- para si atribuição de órgão subordinado, deverá ocor-
ção. Os termos conveniência e oportunidade serão rer sempre em caráter temporário. Resposta: Errado.
comuns quando da sua descrição. Resposta: Certo.
Poder disciplinar
Poder hierárquico
O poder disciplinar é a possibilidade que tem a
Por meio do poder hierárquico, a Administração Administração Pública de aplicar sanções àqueles que
Pública se organiza, atribuindo as competências e a ela estejam vinculados, ainda que temporariamen-
responsabilidades a seus órgãos e agentes da melhor te. Aqui temos um ponto que merece atenção. Para
maneira possível. que tenhamos a manifestação do poder disciplinar é
Esse poder se manifesta não só na possibilidade de necessário que haja um vínculo.
organização, como também por meio da hierarquiza- Tal vínculo poderá ser contratual (particular que
ção das estruturas, permitindo a imposição de diretri- presta serviços à Administração Pública) ou funcional
zes, ordens e revisão de trabalhos dentro da cadeia de (servidor público). Em que pese a natureza diferentes
324 subordinação. desses vínculos, há um vínculo específico.
Por outro lado, aquele que sofre sanção por come- b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
ter alguma irregularidade, por exemplo, no âmbito da vagos;
legislação de trânsito, não será sancionado com base
no poder disciplinar, mas baseado no poder de polícia Por fim, teremos os regulamentos autorizados,
(que conheceremos em breve). que são atos normativos expedidos com base em auto-
rização concedida pelo Poder Legislativo. Esse fenô-
meno é conhecido como deslegalização. Nele a lei
autoriza que um tema que originariamente deveria
EXERCÍCIO COMENTADO ser tratado por meio de uma lei seja definido por meio
de um decreto.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Aplicação de multa a Aqui temos um ato normativo secundário que
sociedade empresária em razão de descumprimento poderá inovar por expressa previsão legal. Normal-
de contrato administrativo celebrado por dispensa de mente acontece em matérias excessivamente técnicas.
licitação constitui manifestação do poder Há na doutrina uma interpretação segundo a qual
o poder regulamentar é exercido apenas pelos Chefes
a) de polícia. de Poder Executivo. Enquanto que o poder norma-
b) disciplinar. tivo seria exercido pelas outras autoridades. Nesse
c) hierárquico. entendimento, o poder normativo é um conceito mais
d) regulamentar. amplo, que engloba o conceito de poder regulamentar.
e) vinculante.

Devemos nos lembrar que uma característica mar-


cante do poder disciplinar é a existência prévia de EXERCÍCIO COMENTADO
vinculação entre o sancionado e a Administração
Pública. O enunciado descreve uma manifestação do 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsecuti-
poder disciplinar, pois há um vínculo entre a Admi- vo, a respeito dos poderes da administração pública.
nistração Pública e o sancionado. Resposta: Letra B. Ao exercer o poder regulamentar, a administração públi-
ca pode extrapolar os limites do ato normativo primário,
Poder regulamentar desde que o faça com vistas à finalidade pública.

O poder regulamentar é aquele por meio do qual ( ) CERTO  ( ) ERRADO


as autoridades do Poder Executivo expedem regula-
mentos para o cumprimento das leis. O exercício do poder regulamentar está limitado ao
Esse poder regulamentar tem como objetivo dar que está previsto pela lei, não podendo inovar. Em
maior concretude às normas constantes das leis, ema- outros termos, o poder regulamentar deverá trazer
nando diretrizes específicas e detalhadas para seu norma que pormenorize o ato normativo primário e
melhor cumprimento. permita seu cumprimento, mas sem extrapolar seus
É importante ter em mente que não há, em regra, a limites. Resposta: Errado.
possibilidade de inovação, mas apenas de pormenoriza-
ção e detalhamento dos comandos constantes das leis. Poder de polícia
Nesse contexto, é importante conhecermos três
tipos de regulamentos trazidos pela doutrina. Poder de polícia pode ser entendido como a capa-
O regulamento executivo (também chamados de cidade que tem o Estado de restringir liberdades indi-
decretos regulamentares), que terá como finalidade o viduais, uso de bens, fruição de direitos em prol da
cumprimento das leis, sendo atos normativos secundá- coletividade.
rios. Em que pese o dispositivo constitucional abaixo se Temos aqui um poder essencialmente discricionário.
Por meio do seu exercício temos a possibilidade da
referir apenas ao Presidente da República, sua aplicação
imposição do pagamento de taxas (espécie de tributo)
deve ser estendida a todos os Chefes de Poder Executivo.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
por expressa previsão do Código Tributário Nacional.
Código Tributário Nacional
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
República (...)
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade
bem como expedir decretos e regulamentos para da administração pública que, limitando ou disci-
sua fiel execução; plinando direito, interesse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de
O regulamento autônomo terá a capacidade de interesse público concernente à segurança, à higie-
inovar na ordem jurídica por expressa previsão cons- ne, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção
titucional, sendo atos normativos primários. Ou seja, e do mercado, ao exercício de atividades econômicas
ele não regulamenta uma lei, pois traz normas verda- dependentes de concessão ou autorização do Poder
deiramente novas. Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
República:(...) A doutrina classifica o poder de polícia em amplo e
VI – dispor, mediante decreto, sobre: restrito. Isso porque, para que haja qualquer restrição
a) organização e funcionamento da administração a um direito individual é necessário que antes haja a
federal, quando não implicar aumento de despesa previsão legal. Ou seja, o poder de polícia nasce em
nem criação ou extinção de órgãos públicos; uma restrição trazida pela lei. 325
z Poder de polícia em sentido amplo: atos normati- Primeiramente afastamos a aplicação do poder
vos do Poder Legislativo e Executivo; disciplinar diante da existência de uma relação de
z Poder de polícia em sentido estrito: atos do obrigacional específica entre a escola e o corpo de
Poder Executivo que impliquem em limitações aos bombeiros. Em seguida, temos a interdição de um
administrados. estabelecimento, que significa a privação da fruição
de um bem por parte do particular. Tal privação se
Muita atenção para a diferença que será apresen- dá em decorrência do poder de polícia, que tem como
tada agora! Não se pode de forma alguma confundir a objetivo preservar a coletividade. Isso fica claro
atuação da polícia judiciária com o poder de polícia da quando a questão se refere à inadequação do plano
Administração Pública. de evacuação em caso de incêndio. O exemplo descri-
A polícia judiciária é aquela que atua junto ao to traz uma clara manifestação do poder de polícia,
Poder Judiciário para a elucidação de crimes e contra- com base na limitação a direitos de administrados
venções penais. No âmbito estadual será a Polícia Civil para proteção da coletividade. Resposta. Errado.
e no âmbito federal a Polícia Federal.
Já o poder de polícia da administração se mani- Abuso de poder
festará na prevenção e repressão de ilícitos, pelo
menos inicialmente, de natureza administrativa. Por O abuso de poder mostra quando, de alguma for-
exemplo, se você tem um restaurante, deve obedecer ma, o agente competente desrespeita os limites que a
à regulamentação da vigilância sanitária, sujeito a lei impõe a sua atuação.
sanções. Temos duas espécies. Vejamos quais são.
O poder de polícia atuará de três formas distintas:
preventiva (atos normativos), repressiva (apreensões, z Excesso de poder (ou desvio de competência):
multas) e fiscalizadora (vistorias). o agente competente extrapola os limites de sua
O poder de polícia possui três atributos. Vejamos
competência, configurando vício do elemento
cada um deles.
competência;
Primeiramente, temos a discricionariedade. É da
z Desvio de finalidade: o agente atua conforme a
própria essência do poder de polícia, estando a atua-
lei, mas busca fim diverso do previsto, configuran-
ção da Administração Pública associada à conveniên-
do vício do elemento finalidade.
cia e oportunidade.
Temos também a autoexecutoriedade, que permite
Relembrando o que aprendemos quando do estu-
à Administração Pública decidir e praticar seus atos
do dos atos administrativos, é possível a convalidação
sem submeter-se a outro Poder.
(correção) do vício que recai sobre o elemento compe-
Aqui, assim como vimos por ocasião do estudo dos
atos administrativos, teremos duas possibilidades: tência. No entanto, o vício que recai sobre o elemento
finalidade é insanável.
z Previsão expressa em lei;
z Situação de urgência que requer imediata intervenção.

A autoexecutoriedade é desdobrada por alguns


EXERCÍCIO COMENTADO
autores em outros dois atributos:
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) No que se refere aos
poderes da administração pública e aos serviços
z Exigibilidade: capacidade de impor ao administra-
do suas próprias decisões, sem a necessidade de públicos, julgue o item subsecutivo.
autorização de outro Poder; Configura-se desvio de poder ou de finalidade quando
z Executoriedade: executar as ações próprias, inclu- o agente atua fora dos limites de suas atribuições, ou
sive, com uso de força física. seja, no caso de realizar ato administrativo não incluí-
do no âmbito de sua competência.
Por fim, temos a coercibilidade, que é a capacidade
que tem a Administração Pública de impor sua vontade ao ( ) CERTO  ( ) ERRADO
administrado, independentemente da sua concordância.
Vimos que o abuso de poder se divide em excesso de
poder e desvio de poder (ou desvio de finalidade). A
questão nos traz um caso de excesso de poder, pois
EXERCÍCIO COMENTADO o agente atou além de sua competência. Aqui o vício
recai sobre o elemento competência, não sobre o ele-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Cada um do item a seguir mento finalidade. Resposta: Errado.
apresenta uma situação hipotética seguida de uma asser-
tiva a ser julgada, acerca dos poderes administrativos. Impessoalidade
O corpo de bombeiros de determinada cidade, em busca
da garantia de máximo benefício da coletividade, interdi- O princípio da impessoalidade, também conhecido
tou uma escola privada, por falta de condições adequa- como princípio da finalidade, tem como objetivo maxi-
das para a evacuação em caso de incêndio. Nesse caso, mizar os resultados da Administração Pública para a
a atuação do corpo de bombeiros decorre imediatamen- sociedade como um todo. Ele irá impedir, por meio de
te do poder disciplinar, ainda que o proprietário da escola cada uma de suas facetas, o direcionamento da atuação
tenha direito ao prédio e a exercer o seu trabalho. do Estado tanto para o interesse de um particular ou
um grupo específico de particulares, como para o pró-
326 ( ) CERTO  ( ) ERRADO prio interesse do agente público tomador de decisão.
A partir disso temos algumas leituras possíveis z Atos sigilosos: não podem ser publicados;
para o princípio. Uma delas é a aplicação do princípio z Atos internos: não precisam ser publicados, pois
da impessoalidade por meio da ausência de qualquer não causam impacto nos administrados;
tipo de promoção pessoal do agente público cometen- z Atos externos: precisam ser publicados para ciên-
te, buscando apenas o interesse público. cia dos interessados.
Outra leitura possível passará pelo tratamento iso-
nômico dos administrados. A isonomia permite o tra- Há ainda a possibilidade de obtenção de informa-
tamento diferenciado de acordo com diferenças entre ções por parte dos administrados, trazida no art. 5º
os administrados. É o que você na reserva de vagas da CF/88.
para idosos, por exemplo.
Portanto, temos dois tipos de isonomia, a saber: Art. 5º [...]
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
z Isonomia horizontal: pessoas em situações seme- públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão presta-
lhantes devem ser tratadas da mesma forma;
das no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
z Isonomia vertical: pessoas em situações diferentes
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível
podem ter tratamentos distintos. à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independente-
Moralidade mente do pagamento de taxas:
b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
A moralidade administrativa estará intimamente para defesa de direitos e esclarecimento de situa-
ligada ao conceito de certo e errado, honesto e deso- ções de interesse pessoal;
nesto, extrapolando a letra fria da lei. No entanto, não
para desobedecê-la, mas para complementar com um Eficiência
conteúdo moral que muitas vezes não consta expres-
sa e claramente do texto legal, mas deve ser aplicado O princípio da eficiência foi introduzido no caput
pelo agente público quando da sua atuação. do art. 37 da CF/88 por meio da Emenda Constitucio-
Importante citar que a moralidade se aplica tanto nal de 1998, tendo como objetivo, juntamente com a
ao agente público, quanto ao particular que defende mudança de outros dispositivos, aumentar a eficiên-
seu interesse diante da Administração Pública. cia do Estado brasileiro.
Há na Constituição outro mandamento que expõe A atuação da Administração Pública dentro desse
a importância do princípio da moralidade, constante contexto, tentando se aproximar do conceito de admi-
do art. 5º. Vejamos. nistração gerencial, deverá buscar a maximização das
receitas do Estado, economicidade do gasto público,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção corte de gastos desnecessários etc.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: EXERCÍCIOS COMENTADOS
(...)
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para 1. (FGV – 2015) A Constituição da República de 1988, em seu
propor ação popular que vise a anular ato lesi- Art. 37, estabelece expressamente que a Administração
vo ao patrimônio público ou de entidade de que o Pública direta e indireta obedecerá aos seguintes princípios:
Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, a) Legitimidade, imparcialidade, modicidade, popularida-
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de de e empatia.
custas judiciais e do ônus da sucumbência; b) Legalidade, imparcialidade, moralidade, popularidade
e eficiência.
Publicidade c) Legitimidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
de e empatia.
A importância do princípio da publicidade está na d) Legalidade, impessoalidade, modicidade, publicidade
própria existência e exercício da democracia. Como e eficiência.
poderiam os cidadãos fiscalizar a atuação do Estado e e) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
seus governantes sem saber o que está acontecendo? eficiência.
A publicidade trará a transparência necessária para
que os administrados possam exercer a democracia. São os princípios expressos constantes do caput do art.
No entanto, devemos saber que tal princípio não 37, da Constituição.
tem aplicação absoluta. Há situações em que o sigilo, Art. 37. A administração pública direta e indireta de
a título de exceção, deverá prevalecer. qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
É o caso, por exemplo, de operações sigilosas de inves- to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
tigações de ilícitos ou mesmo inquéritos cuja publicidade legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
possa ofender a privacidade de uma eventual vítima. eficiência e, também, ao seguinte: Resposta: Letra E.
Há, por outro lado, atos que devem ser publicados
para que gerem efeitos, pois como poderiam ser os 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) O Tribunal de Contas de
particulares cobrados a respeito de determinado ato determinado estado da Federação, ao analisar as con-
ou norma do qual não tiveram a devida ciência? tas prestadas anualmente pelo governador do estado,
Nesse raciocínio, temos três tipos de atos conforme verificou que empresa de publicidade foi contratada,
a necessidade ou não da sua publicidade. mediante inexigibilidade de licitação, para divulgar 327
ações do governo. Na campanha publicitária promo- Princípio da Veracidade e da Legitimidade
vida pela empresa contratada, constavam nomes,
símbolos e imagens que promoviam a figura do gover- Visto também em atos administrativos, o princípio
nador, que, em razão destes fatos, foi intimado por da veracidade e da legitimidade informam que a atua-
Whatsapp para apresentar defesa. Na data de visuali- ção da Administração Pública estará conforme a lei e
zação da intimação, a referida autoridade encaminhou conforme a verdade dos fatos.
resposta, via Whatsapp, declarando-se ciente. Ao final Trata-se de presunções relativas, ou seja, o par-
do procedimento, o Tribunal de Contas não acolheu a ticular que se julgar prejudicado poderá se insurgir
defesa do governador e julgou irregular a prestação de contra os atos da Administração Pública. No entanto,
contas. tais presunções têm como consequência a inversão
A partir da situação hipotética apresentada, julgue o do ônus da prova, devendo o particular provar que a
item a seguir. Administração Pública está errada, seja em processo
Dado o teor da campanha publicitária, é correto inferir administrativo ou judicial.
que, na situação, se configurou ofensa aos princípios
da impessoalidade e da moralidade. Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade

( ) CERTO  ( ) ERRADO Não há unanimidade na doutrina na forma como


se correlacionam esses dois princípios. No entanto,
Não pode haver associação entre atos governamen- passaremos aqui a leitura que nos parece mais fre-
tais e pessoas, sobre pena de ofensa aos princípios da quente em provas.
impessoalidade e moralidade, no caso apresentado. Entenderemos a proporcionalidade como um sub-
Art. 37 (...) princípio da razoabilidade. A proporcionalidade é
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, ser- fácil de ser entendida quando falamos da duração de
viços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter um processo judicial ou administrativo. Aliás, direito
caráter educativo, informativo ou de orientação constante do art. 5º da CF/88.
social, dela não podendo constar nomes, símbolos
ou imagens que caracterizem promoção pessoal de Art. 5º [...]
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
autoridades ou servidores públicos. Resposta: Certo.
são assegurados a razoável duração do processo e os
meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
Já para entender a proporcionalidade eu vou pedir
que você imagine um outro cenário. Imagine uma mul-
O princípio implícito ao ordenamento jurídico é
tidão de manifestantes que possuem alguns objetos
aquele que não está escrito em norma alguma, mas
que podem causar danos ou ferimentos, mas sabe-se
se pode depreender do conjunto das normas deste
que não possuem arma de fogo. Caso haja necessidade
ordenamento. Em Direito Administrativo, a doutrina
de conter os manifestantes, seria razoável por parte do
nos trará inúmeros princípios. Uns são, naturalmente,
policiamento o uso de armamentos não letais.
mais citados e importantes. Nos ateremos a eles.
No entanto, dentro dessa escolha correta o agente
público deverá medir o correto uso desse meio. Não
Princípio da Autotutela
poderá usar indiscriminadamente o material, uma
vez que ele é adequado. O uso desproporcional de
Segundo o princípio da autotutela, a Administra-
um material adequado àquela situação poderá trazer
ção Pública poderá rever seus atos, podendo revogá-
problemas aos administrados.
-los ou anulá-los conforme o caso.
Esse direito não é irrestrito, encontrando limite no art.
Princípio da Continuidade do Serviço Público
54 da Lei nº 9.784/99, Processo Administrativo Federal.
Os serviços públicos garantem serviços essenciais
Art. 54 O direito da Administração de anular os
à população, por isso não podem, como regra, serem
atos administrativos de que decorram efeitos favo-
interrompidos, mas fornecidos permanentemente.
ráveis para os destinatários decai em cinco anos,
Tal importância traz impacto inclusive no direito
contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé. de greve de servidores públicos.

Art. 37 [...]
Os efeitos causados por essa revisão podem variar.
VII - o direito de greve será exercido nos termos e
Caso seja uma anulação, pois era viciado o ato admi-
nos limites definidos em lei específica;
nistrativo, os efeitos serão, em regra, retroativos.
No caso de se tratar de revogação, que é quando A Lei nº 8.987/95, que trata de concessão de servi-
o ato não é viciado, mas se tornou inconveniente, os ços públicos, traz a mitigação da exceção do contrato
efeitos não serão retroativos. não cumprido (exceptio non adimpleti contractus). Um
Por fim, a revisão pode resultar em manutenção concessionário que tenha perante si uma Administra-
do ato anteriormente praticado, sendo mero exercício ção Pública inadimplente, só poderá romper o contra-
da autotutela e poder hierárquico da estrutura admi- to depois da apreciação da Justiça, diferentemente do
328 nistrativa em questão. que permite a lei entre particulares.
Dica Este é encarregado de, dentre outras funções, o
Exceptio non adimpleti contractus: princípio exercício da função administrativa, que é a atividade
decorrente do estudo de contratos em Direito concreta e imediata desenvolvida sob regime de direi-
Civil que permite a uma parte contratante não to público, para a consecução dos interesses coletivos.
cumprir seu contrato diante da inadimplência do Dentre as funções administrativas, temos a prestação
outro contratante. de serviços públicos em sentido estrito.
Considerando o que foi exposto, cumpre esclare-
Segundo o mesmo diploma normativo, teremos cer o que vem a ser serviço público e o que o diferen-
duas situações em que não restará caracterizada a cia das atividades de fomento, do exercício do poder
descontinuidade dos serviços: de polícia e da intervenção no domínio econômico.

z Interrupções ocasionadas por situações de Conceito de Serviço Público, Elementos Constitutivos


emergência;
z Interrupções após aviso prévio por razões técnicas A matéria dos serviços públicos está contida,
ou segurança das instalações; de modo geral, na Constituição Federal e na Lei nº
z Interrupção após aviso prévio por inadimplemen- 8.987/1995, que disciplina o regime de concessão e
to do usuário. permissão dos serviços públicos.
O serviço público em sentido amplo (lato sensu)
Princípio da Segurança Jurídica tem sua origem com a denominada Escola do Serviço
Público, uma corrente doutrinária do século XX. Na
O princípio da segurança jurídica tem como obje- época, a doutrina começava a analisar com detalhes
tivo conferir estabilidade às relações jurídicas. Por aquilo que ficou decidido no caso Agnes Blanco, na
meio dele busca-se proteger:
França. Esse foi o caso primordial para decretar, de
modo geral, que ao Estado era vedado a utilização do
z Direito adquirido;
Código Civil para a apuração de sua responsabilidade,
z Coisa julgada;
quando causava danos na execução de serviços com
z Ato jurídico perfeito.
fundamento de direito público. Para Roger Bennard,
serviço público seria “a atividade ou organização que
Tal princípio do Processo Administrativo Federal, em
que há vedação expressa à aplicação retroativa de nova abrange todas as funções de Estado”. A noção de serviço
interpretação de norma, privilegia a estabilidade das público muito se confunde com a de Direito Público.
relações e situações jurídicas previamente estabelecidas. A Escola do Serviço Público também influencia os
autores brasileiros. Para José Cretella Junior, serviço
público é “toda atividade que o Estado exerce, direta ou
EXERCÍCIO COMENTADO indiretamente, para satisfação das necessidades públi-
cas, mediante procedimento típico de direito público”.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o próximo item, a Podemos observar o caráter amplo e abrangente do
respeito dos atos administrativos. instituto, ao considerar também como serviço público
Em decorrência do princípio da autotutela, não há limites as atividades legislativa e judiciária, que possuem um
para o poder da administração de revogar seus próprios rol difuso de destinatários (uti universe).
atos segundo critérios de conveniência e oportunidade. Com o passar do tempo, surge uma nova corren-
te doutrinária, que busca delimitar um pouco essa
( ) CERTO  ( ) ERRADO abrangência da noção de serviço público. Essa cor-
rente é defendida pela grande maioria dos autores
A autotutela não é absoluta, existindo danos admi- da atualidade, como Hely Lopes Meirelles e Celso
nistrativos que não podem ser revogados, dentre Antônio Bandeira de Mello. Serviço público stricto
eles constam atos vinculados, certidões e atos de sensu, então, seria todo aquele prestado pela Admi-
procedimentos. Resposta: Errado. nistração ou por seus delegados, sob regime de direito
público, e fruível individualmente por cada um dos

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


destinatários, para satisfazer necessidades essenciais
ou secundárias da coletividade, ou simples conve-
SERVIÇO PÚBLICO niências do Estado.
A grande diferença dessa nova noção de servi-
DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO, PRINCÍPIOS ço público diz respeito a sua abrangência. Somen-
E ELEMENTOS te abrange as atividades da Administração Pública,
não se incluindo as funções legislativa e judiciária.
A atuação do Estado pode ser dividida em dois seto- Também não deve ser considerado serviço público
res: o setor do domínio público e o setor dos serviços a exploração de atividade econômica, porque nesses
públicos. O domínio econômico tem natureza eminen- casos o Estado age em regime privado; bem como as
temente privada, é o campo de atuação primordial dos atividades de fomento, porque trata-se de um subsídio
particulares e possui regulamentação nos arts. 170 e que se dá ao particular para que exerça certas ativida-
seguintes da Constituição Federal. Não é o ponto de des com interesse coletivo.
enfoque, mas é importante ressaltar que o Estado pode Outro traço característico dessa nova corrente
atuar no domínio econômico, seja como agente norma- sobre serviço público é a restrição da matéria para
tivo e regulador, seja na exploração direta de ativida- apenas os serviços que possam ser fruídos singular-
des econômicas. mente por cada particular (uti singuli). Tais serviços
O setor dos serviços públicos, por outro lado, é o são custeados pelos próprios usuários, mediante o
campo de atuação predominante do Estado. pagamento de taxas. 329
Assim, para o serviço público stricto sensu, pode- Porém, há ainda alguns princípios específicos aos
mos elencar, dentre todos os conceitos, alguns ele- serviços públicos, que devem ser melhor analisados.
mentos identificadores que estão presentes em todas São eles:
as definições. São eles:
z Princípio da continuidade do serviço público: é
z Elemento Subjetivo: A titularidade do serviço o princípio que diz respeito a obrigação do Estado
público é exclusiva do Estado; de prestar o serviço público, que não pode parar,
z Elemento Objetivo: A atividade caracterizada dada a sua relevante finalidade pública. É dizer
como serviço público (geralmente, atendem a um que o Estado tem um poder-dever (obrigatorieda-
interesse público); de) de prestar tal atividade. O serviço deve ser inin-
z Elemento Formal: Qual o regime em que o serviço terrupto, porém, o art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/1995
é prestado. A maioria dos casos, trata-se do regime admite que, nos casos de serviços concessionados
de Direito Público. a entidades privadas, não se caracteriza desconti-
nuidade do serviço a paralização quando motiva-
O fenômeno conhecido como a “crise do serviço da por razões de ordem técnica ou de segurança
público” se deu com o advento do Estado Regulador, das instalações; e por inadimplemento do usuário,
na primeira metade do século XX. Ele traz a ideia de considerado o interesse da coletividade. A juris-
um Estado que procura regular as atividades consi- prudência apresenta diversos julgados que aca-
deradas serviços públicos. Se antes a execução dessas bam contestando referido legal, sobretudo no que
tarefa era exclusiva do regime público, atualmente diz respeito aos serviços de fornecimento de água
a execução desses serviços pode ser feita sob regime e de energia elétrica;
privado. O Estado carece de recursos para cuidar de z Princípio da mutabilidade do regime jurídico:
tantos setores, simultaneamente. o interesse público não é estanque, mas variável
Por isso, houve a necessidade de delegar tais servi- ao longo do tempo. A instauração de serviço públi-
ços, mediante concessão ou permissão, como também co mediante certo regime jurídico não gera um
a criação de pessoas jurídicas próprias para controlar “direito adquirido” ao mesmo, o que significa que
tais atividades. Há assim, uma mitigação dos elemen- o Poder Público pode alterar um estatuto ou con-
tos identificadores do serviço público. Atualmente, trato administrativo para promover maior ade-
admite-se que a execução dos serviços públicos seja quação na prestação do referido serviço;
realizada por particulares (elemento subjetivo). Há z Princípio da isonomia dos usuários: trata-se
uma delegação da execução do serviço, o qual poderá de uma decorrência direta do princípio constitu-
ocorrer mediante concessão ou permissão do serviço cional da impessoalidade. O serviço público deve
público, nos termos da Lei nº 8.987/1995. atender a todos, geralmente de forma individuali-
Também temos certas atividades que, embora zada, sem discriminações e privilégios;
sejam consideradas de serviço público, há serviços z Princípio da modicidade das tarifas: As tarifas
que satisfazem interesses particulares (elemento não devem ser exorbitantes, pois o serviço deve
objetivo), como no caso do serviço de distribuição de ser aproveitado pelo maior número de usuários
alimentos em prisões. possível, independentemente de sua classe eco-
Por fim, o regime do serviço público pode ser de nômica. O valor a ser exigido dos usuários deve
Direito Privado (elemento formal), seguindo as nor- ser o menor possível para, também, remunerar o
mas da CLT para o regime de contratação de funcio- prestador do serviço, com uma pequena margem
nários, e os bens podem ser alienados ou penhorados, de lucro. Com o objetivo de reduzir ao máximo
pois não estão afetados a uma utilidade pública. o valor da tarifa cobrada, a legislação brasileira
Assim, pode-se concluir que a noção de serviço prevê alguns mecanismos especiais, que se apre-
público está intrinsecamente ligada a forma de atua- sentam como fontes alternativas de remunera-
ção do Estado. Uma das principais dificuldades de ção do prestador do serviço público. É o caso, por
buscar um conceito de serviço público reside justa- exemplo, de espaços publicitários utilizados nos
mente nesse fato: a depender do modelo de Estado, arredores de uma rodovia. A menor tarifa é tam-
sua forma de atuação poderá ser mais liberal ou mais bém critério essencial para avaliação de proposta
intervencionista. Dessa forma, o conceito de serviço numa licitação do tipo concorrência pública.
público também poderá ser mais ou menos abrangen-
te para cada País. Da Classificação dos Serviços Públicos
José dos Santos Carvalho Filho é o autor jurista que
apresenta muito bem essa dificuldade, ao definir ser- Os serviços públicos podem ser dos mais variados
viço público como “toda atividade prestada pelo Esta- tipos. É uma tarefa difícil de estabelecer uma classifi-
do ou por seus delegados, basicamente sob regime de cação dos serviços públicos. O professor Hely Lopes
direito público, com vistas à satisfação de necessidades Meirelles1 apresenta uma boa classificação para os
essenciais e secundárias da coletividade”. serviços públicos, que podem ser agrupados com base
nos seguintes critérios:
Os Princípios Aplicáveis aos Servidores Públicos
z Quanto à essencialidade
Por estar submetido a um regime especial, que
pode ser total ou parcialmente de direito público, os „ Serviços públicos propriamente ditos: tam-
princípios de direito administrativo, previstos no caput bém são denominados de serviços essenciais,
do art. 37 da CF/1988, são aplicáveis à prestação dos são aqueles imprescindíveis à sobrevivência da
serviços públicos. sociedade. Por isso, tais serviços não admitem
330 1 MEIRELLES. Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 44ª Edição. Editora Malheiros: 2020.
delegação ou outorga. É o caso, por exemplo, do tributos. Os serviços de iluminação pública e cal-
poder de polícia, da saúde, da defesa nacional çamento são remunerados por essa maneira;
etc. Observe que não são somente as funções „ Serviços individuais ou uti singuli: são os
ligadas ao Poder de Império que caracterizam que possuem de antemão usuários conhecidos
um serviço público essencial propriamente e predeterminados, e o Estado já sabe, antes,
dito. O uso do poder de império é relevante quais são os beneficiados pela prestação do
para o critério da adequação; referido serviço. Por isso, esses serviços são
„ Serviços de utilidade pública: são serviços remunerados por tarifa. É o caso do serviço
úteis, mas não são considerados essenciais. de água e esgoto, de iluminação domiciliar, de
Por isso, eles podem ser prestados pelo Estado, telefonia etc.
ou por terceiros, mediante remuneração paga
pelos usuários e sob constante fiscalização. É o
Da Competência para Prestar Serviços Públicos
caso dos serviços de transporte coletivo, de tele-
fonia etc.
A atual Constituição Federal de 1988 atribuiu
diversos serviços públicos aos entes da Federação.
z Quanto à adequação:
Em relação a União, os serviços públicos federais
estão inclusos nos incisos X a XII do art. 21 da CF/1988.
„ Serviços próprios do Estado: são os serviços
São, de modo geral:
característicos do Estado brasileiro. Constituem
aqueles serviços que se relacionam intimamen-
a) serviço postal e o correio aéreo nacional;
te com as atribuições do Poder Público, isso é,
b) os serviços de telecomunicações;
que possuem alguma relação com o poder de
c) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e
império, que é único do Estado. O Estado exer-
imagens;
ce tais serviços em relação de supremacia,
d) os serviços e instalações de energia elétrica e
sobrepondo a sua vontade a dos particulares.
o aproveitamento energético dos cursos de água,
É o caso dos serviços de segurança, saúde, do
em articulação com os Estados onde se situam os
poder de polícia etc;
potenciais hidroenergéticos;
„ Serviços impróprios do Estado: são, como o
e) serviços de navegação aérea, aeroespacial e a
nome sugere, aqueles serviços que o Estado, ao
infraestrutura aeroportuária;
exercê-lo, não necessita do seu poder de impé- f) serviços de transporte ferroviário e aquaviário
rio para se sobrepor. São os que não afetam entre portos brasileiros e fronteiras nacionais; etc.
substancialmente as necessidades da comu-
nidade, mas satisfazem interesses comuns de
Aos Estados, por outro lado, a Constituição mencio-
seus membros, e, por isso, a Administração os
na que compete a eles explorar diretamente, ou median-
presta remuneradamente por seus órgãos ou
te concessão, os serviços locais de gás canalizado (art. 25,
entidades descentralizadas, ou até mesmo para
§ 2º, CF/1988). Isso não significa que os Estados somente
particulares mediante regime de concessão e
permissão. podem explorar serviços locais de gás canalizado, uma
vez que existem as competências comuns a todos os
z Quanto à finalidade: entes da Federação, atribuídas de forma remanescente.
Alguns exemplos de competências comuns estão dispos-
„ Serviços administrativos: são os serviços que tos no art. 23 da CF/1988, como:
a Administração executa para atender às suas
necessidades internas ou preparar outros servi- I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
ços que serão prestados ao público. São, assim, os instituições democráticas e conservar o patrimônio
serviços característicos da Administração Públi- público;
ca. Um exemplo diferente e que não menciona- II - cuidar da saúde e assistência pública, da prote-
mos até agora é o caso do serviço da imprensa ção e garantia das pessoas portadoras de deficiên-
cia; e
oficial, que tem como função divulgar todos os
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
atos prestados pelo Poder Público, promovendo
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
maior transparência e fiscalização de seus atos;
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
„ Serviços industriais: são os serviços que pro-
arqueológicos; entre outros.
duzem renda para quem os presta, mediante a
remuneração da utilidade usada ou consumida.
Essa remuneração se denomina tarifa ou preço Compete aos Municípios, na forma do art. 30 da
público e será fixada pelo Poder Público, quer CF/1988, a prestação de serviços públicos de interes-
quando o serviço é prestado por seus órgãos ou se local, incluindo o serviço de transporte coletivo;
entidades, quer quando por concessionários, bem como prestar serviços de atendimento à saúde
permissionários ou autorizatários. Os serviços da população, em cooperação com os demais entes
de energia elétrica, água, telefonia, são serviços federativos. Evidente que aos Municípios também se
dessa modalidade. aplicam as competências comuns previstas no art. 23.
Ao Distrito Federal compete, além das competên-
z Quanto aos destinatários: cias comuns, a prestação de todos os serviços estaduais
e municipais, uma vez que tal ente possui as mesmas
„ Serviços gerais ou uti universi: já menciona- competências legislativas dos Estados e Municípios.
mos um pouco sobre essa classificação. São os Por fim, em relação aos particulares, os mesmos
serviços públicos que não possuem usuários ou poderão prestar os serviços notariais e de registro, na
destinatários específicos e são remunerados por forma do art. 236 da CF/1988. 331
Tais serviços envolvem a organização técnica e admi- E são pessoas de direito privado integrantes da Admi-
nistrativa destinados a garantir a publicidade, autenti- nistração Indireta: as empresas públicas e as sociedades
cidade, a segurança e a eficácia dos atos jurídicos, nos de economia mista.
termos do art. 1º da Lei nº 8.985/1994. Os serviços de A execução indireta, por sua vez, ocorre sempre
notas e registros é regulamentado pela referida lei. que o Poder Público concede a pessoas jurídicas ou pes-
soas físicas estranhas à entidade estatal a possibilidade
Dica de virem a executar os serviços, mediante o regime de
concessão e permissão. A execução indireta caracteri-
As parcerias público-privadas (PPPs) são con- za-se pelo fato de que tais serviços são prestados pela
tratos administrativos de concessão, podendo esfera privada, isso é, são empresas que não possuem
apresentar-se na modalidade de concessão qualquer tipo de vínculo com a Administração Pública
patrocinada ou concessão administrativa, na for- (Direta ou Indireta), não fazem parte da mesma.
ma do caput do art. 2º da Lei nº 11.079/2004.
É uma hipótese que apresenta-se muito mais Da Delegação dos Serviços Públicos
viável e atraente para o particular, uma vez que
ele recebe uma contraprestação pecuniária do Como vimos, os serviços públicos podem ser exe-
ente público, o que diminui o valor a ser cobrado cutados diretamente pelo Poder Público, ou indireta-
como taxa para os usuários do serviço. mente por terceiros, que podem ser pessoas jurídicas
de direito público ou de direito privado. Aqui há uma
Das Formas de Prestação e Meios de Execução delegação da competência administrativa. Resta
saber quais são as principais formas de delegação
Formas de prestação do serviços públicos diz dos serviços públicos, são três: concessão, permissão
respeito ao titular do referido serviço público. Como e autorização
foi visto em competências, são várias as entidades O termo “concessão” é empregado para designar a
que podem prestar serviços públicos. Essas formas de atividade da Administração Pública de delegar ao par-
prestação variam para cada tipo de serviço: ticular a prestação de um serviço, ou a execução de
obra pública, ou ainda o uso de bem público.
z Serviços centralizados: são os serviços presta- Concessão de serviço público é o contrato pelo
dos diretamente pelo Poder Público, em seu pró- qual a Administração promove a prestação indire-
prio nome e sob sua exclusiva responsabilidade. A ta de um serviço, delegando-o a particulares. Exem-
União, os Estados, os Municípios e o Distrito Fede- plos: a construção de linha ferroviária ou metrô para
ral são os titulares desses serviços; transporte de passageiros, transmissão áudio sonora
z Serviços desconcentrados: são os serviços públi- (rádio) ou por imagens e sons (televisão), etc. Possui
cos prestados pelo Estado, mas não por ele pró- previsão legal na Lei nº 8.987/1995 (Lei de Concessões
prio, e sim por seus órgãos, mantendo para si dos Serviços Públicos), bem como previsão constitu-
apenas a responsabilidade pela execução. Exem- cional no art. 175 da CF/1988:
plos: o Ministério da Saúde, o Ministério da Eco-
nomia, as Secretarias de Justiça, as Ouvidorias, Constituição Federal de 1988
as Auditorias, todas essas pessoas que não são o Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da
Estado, mas que “fazem parte” dele e não possuem lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
personalidade jurídica própria, realizam serviços missão, sempre através de licitação, a prestação de
desconcentrados; serviços públicos.
z Serviços descentralizados: são os serviços públi- Parágrafo único. A lei disporá sobre:
cos que não são prestados pelo Estado, e sim por I - o regime das empresas concessionárias e permis-
terceiros, com personalidade jurídica própria, sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
podendo arcar com os riscos do negócio por con-
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
ta própria. Exemplos: o Procon, o Cadin, o INSS,
concessão ou permissão;
o Detran etc. Aqui a titularidade do serviço não é
mais do Estado, e sim dessa entidade terceira. Com
Lei nº 8.987/1995
isso, a responsabilidade pela execução do servi-
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se:
ço público recai primeiramente sobre o terceiro, [...]
mas é possível que o Estado se responsabilize tam- II - concessão de serviço público: a delegação de sua
bém, mas somente de forma subsidiária (se o ente prestação, feita pelo poder concedente, mediante
demonstrar não haver patrimônio suficiente para licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
fins de indenização). jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e
As formas de execução, que não se confundem risco e por prazo determinado;
com as formas de prestação, são apenas duas: execu-
ção direta e execução indireta. Dessa forma, podemos concluir que a prestação do
A execução direta ocorre sempre que o Poder serviço público pode ocorrer diretamente pela Admi-
Público emprega meios próprios para a sua prestação. nistração Pública, ou indiretamente, mediante dele-
Aqui engloba tanto a Administração Direta como a gação do serviço a concessionários e permissionários
Administração Indireta, isso é, a execução por intermé- que, por expressa determinação legal, necessita de
dio de pessoas jurídicas de direito público ou de direito prévio procedimento de licitação.
privado que foram instituídas para tal fim. A concessão de serviço público é contrato admi-
Relembrando que são pessoas jurídicas de direi- nistrativo bilateral, o que significa que depende,
to público integrantes da Administração Indireta: as para a sua formação, além dos requisitos essenciais a
332 autarquias e as fundações públicas. todo negócio jurídico dispostos no art. 104 do Código
Civil (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou ocorrer que a concessionária, para equilibrar o seu
não defesa em lei), a convergência de vontades distin- patrimônio, pretenda promover a alienação de um
tas. Temos de um lado o poder concedente, que tem ou mais bens. Porém, o poder concedente pode atri-
por objetivo a execução do serviço público em prol buir alguns limites, declarando esses bens como de
da coletividade; e do outro, a entidade concessionária necessidade, ou de utilidade pública. Dessa forma,
que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar esses bens tornam-se inalienáveis, e também impe-
mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene- nhoráveis, o que significa que a concessionária não
pode se dispor deles livremente.
ficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obri-
gatoriamente por escrito e rege-se pelas regras de
Direito Administrativo. Por outro lado, incumbe à concessionária do ser-
Ao mencionar a transferência para pessoa jurí- viço público as seguintes tarefas: (art. 31 da Lei nº
dica privada, quis o legislador que a delegação do 8.987/1995):
serviço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas
físicas, mas somente à empresa ou a um consórcio I - Prestar o serviço de maneira adequada, utilizan-
do-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
de empresas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é
nos casos previstos na lei ou no contrato. Essa é
sociedade de economia mista, na prestação do serviço
a tarefa primordial, óbvio, pois a concessionária
de abastecimento de água no Estado de São Paulo.
é a responsável pela execução do serviço público.
Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres- II - Prestar contas da gestão do serviço ao poder
tação de serviço público. A delegação ocorre apenas concedente e aos usuários. É formada uma rela-
sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari- ção de hierarquia entre o poder concedente e o
dade, que continua sendo do poder concedente. concessionário. Por isso, este deve prestar contas
Apesar da execução do serviço público não ser fei- de seus atos ao seu superior, devendo informar se
ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei a gestão do serviço público está ocorrendo corre-
nº 8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado. tamente, se não há nenhuma falha ou defeito, etc.
São deveres do poder concedente: III - Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço
e as cláusulas contratuais, havendo possibilidade
I - Regulamentar e fiscalizar a execução do ser- de pedir indenização pela inexecução do contrato.
viço concedido. A fiscalização é uma forma de É tarefa do concessionário exigir que tudo aquilo
exercício de controle da execução do serviço avençado no contrato se torne realidade. Assim, se
público, pois por mais que o Estado não este- o poder concedente se recusar a lhe outorgar algo
ja realizando a execução do serviço per si, nada estabelecido em contrato, ou se o valor da remu-
impede que ele possa fiscalizar se a execução neração não for igual a aquele avençado, poderá o
está ocorrendo de forma correta. Ele pode man- concessionário pedir a rescisão do contrato, com
dar um agente vinculado à Administração, ou pagamento de indenização pelo Poder Público.
um terceiro contratado justamente para esse fim. IV - Promover desapropriações e construir servi-
II - Intervir na execução do serviço, nos casos dões administrativas, mediante autorização do
previstos em lei. A intervenção advém do próprio poder concedente. Essas são formas de intervenção
ato de fiscalização: se a execução do serviço não do Estado na propriedade privada. Pode ocorrer
se mostrar adequada ou estiver conforme o que que o concessionário, para a melhor execução de
foi explícito no contrato, o poder concedente pode um serviço, precise ocupar um espaço de proprie-
requisitar a paralisação da execução, por exemplo. dade de um particular, seja para fins de desapro-
III - Aplicar as penalidades previstas na lei e/ priação, ou uma outra forma de intervenção mais
ou no contrato. As penalidades pela inexecu- branda, como construir uma servidão. Todas essas
ção do serviço público estão previstas no artigo hipóteses são possíveis, desde que mediante prévia
87 da Lei nº 8.666/1993, podendo variar de uma autorização, e também desde que haja uma indeni-
simples advertência, multa, ou até mesmo uma zação do particular, que teve sua propriedade pri-
declaração de inidoneidade para licitar ou con- vada obstruída.
tratar com a Administração Pública enquanto V - Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros
perdurarem os motivos determinantes da puni- necessários à prestação do serviço. Todos os encar-
ção ou até que seja promovida a reabilitação. gos do serviço público ficam a cargo do concessio-
IV - Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas nário. Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
cobradas. A revisão é uma ferramenta que pode ser poder de decisão sobre os recursos econômicos e
utilizada tanto na fase de estipulação do contrato, financeiros relacionados com a prestação do servi-
como na fase de execução do serviço público. Se res- ço público.
tar comprovado que a tarifa de um serviço público
se tornou demasiadamente alta, é possível realizar Por fim, o art. 35 da Lei nº 8.987/1995 dispõe sobre
alguns ajustes. Contudo, esses ajustes geralmente as modalidades de extinção da concessão do serviço
são muito pequenos, e geralmente costumam ser público. São seis ao todo:
para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la.
V - Atender as reclamações e outras queixas advin-
z Advento do termo contratual: trata-se da extin-
das dos usuários, zelando pela boa qualidade
ção do contrato pelo encerramento de seu prazo
do serviço. Não faria muito sentido os usuários
mandarem suas reclamações pela má qualidade
de vigência. É a extinção natural do contrato, haja
do serviço prestado para justamente a concessio- vista que nosso direito não admite contrato de con-
nária que está executando o referido serviço. Tais cessão por prazo indeterminado;
reclamações são recebidas pelo superior na linha z Encampação ou resgate: nos termos do art. 37
hierárquica, para que ele possa tomar as medidas da Lei nº 8.987/1995, é “a retomada do serviço
cabíveis. pelo poder concedente durante o prazo da conces-
VI - Declarar os bens necessários à execução do são, por motivo de interesse público, mediante lei
serviço de necessidade ou utilidade pública. Pode autorizativa específica e após prévio pagamento da 333
indenização (...)”. Aqui, não ocorreu nenhum tipo contrato de adesão, que observará os termos desta Lei,
de infração de algum termo do contrato, o conces- das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
sionário simplesmente abandonou a execução do inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade uni-
contrato (é muito comum algumas dessas empre- lateral do contrato pelo poder concedente”. Esse dispo-
sas “desaparecerem” no meio da prestação do ser- sitivo não faz o menor sentido, uma vez que dispõe
viço). Por isso, não é possível aplicar sanções ao que a permissão é uma espécie de “contrato precário”.
contratado; Não parece correto admitir que a permissão
z Caducidade: é a modalidade em que a execução seja uma espécie de contrato regulado por normas
do serviço não é realizada, no todo ou em parte, de Direito Privado, com princípios completamen-
ou pelo descumprimento de encargos atribuídos à te distintos dos princípios administrativos. Todavia,
concessionária. A caducidade deve ser declarada, há diversos autores que admitem tal possibilidade,
havendo a ocorrência de um dos eventos descritos inclusive o próprio Supremo Tribunal Federal, no jul-
no § 1º do art. 38 da Lei nº 8.987/1995, tais como: gamento da ADI nº 1.491/1998 0. A ação de inconsti-
a concessionária paralisar o serviço, descumprir tucionalidade foi ajuizada pelo Partido Democrático
cláusula contratual, não cumprir com as penalida-
Trabalhista (PDT) e pelo Partido dos Trabalhadores
des impostas etc;
(PT) contra dispositivos da Lei 9.295/1996, que dispõe
z Rescisão por culpa do poder concedente: Caso
sobre os serviços de telecomunicações e sua organiza-
o poder concedente descumpra com alguma regra
ção. O relator à época, ministro Carlos Velloso, votou
estabelecida no instrumento contratual, a conces-
pelo deferimento da liminar para suspender os efeitos
sionária tem direito a ingressar em juízo, objeti-
vando à indenização dos danos decorrentes da do § 2° do art. 8°. Esse dispositivo determina que “as
extinção contratual. A indenização, neste caso, entidades que, na data de vigência desta Lei, estejam
abrange somente os danos emergentes (o que efe- explorando o Serviço de Transporte de Sinais de Tele-
tivamente perdeu), e não os lucros cessantes (o comunicações por Satélite, mediante o uso de satélites
que ele poderia ter ganhado). que ocupem posições orbitais notificadas pelo Brasil,
z Anulação: é a modalidade de extinção em que têm assegurado o direito à concessão desta explora-
consta vício de legalidade no contrato. O contrato ção”. O fundamento da ADI é que, no entendimento
perde sua eficácia desde a sua concepção (ex tunc), dos referidos Partidos Políticos, tal dispositivo viola a
o que significa que a concessionária não faz jus à exigência constitucional de licitação prévia à realiza-
indenização, exceto quanto a parte já executada ção da concessão ou permissão de serviços públicos e
do contrato; ao princípio da livre concorrência e defesa do consu-
z Decretação de falência: como a concessão é con- midor. É um tanto surpreendente afirmar que a per-
trato personalíssimo, ou seja, as partes contra- missão de serviço público deve seguir normas e regras
tantes têm grande relevância para a execução do de Direito do Consumidor (ramo de Direito Privado).
serviço, havendo o desaparecimento da empresa Por isso, para todos os efeitos, vamos nos alinhar
concessionária mediante falência, ou o falecimen- com a posição da maioria das bancas costuma e defi-
to de empresário individual, o vínculo contratual nir a permissão como um contrato de adesão.
também desaparece. Importante destacar as diferenças entre permis-
são e a concessão de serviço público, que podem ser
A permissão é outra forma da Administração determinadas com base nos seguintes requisitos:
Pública de delegar a execução de serviço público para
os particulares, também possui previsão no art. 175 z Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni-
da CF/1988 e na Lei nº 8.987/1995. A permissão é uni- lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral.
lateral, discricionária, precária e intuitu personae z Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode
(personalíssima), promove a delegação do serviço ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi-
público mediante prévia licitação para um particular cas (empresas) podem ser concessionárias.
denominado permissionário. z Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
Questão controvertida é a natureza jurídica da per- maior aporte de capital, a permissão admite inves-
missão. Após a Constituição de 1988, o direito brasileiro
timentos de pequeno ou médio porte.
passou a tratar a permissão como se fosse um contrato
z Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
de adesão, como se depreende da leitura do inciso I do
dida de licitação na modalidade de concorrência.
parágrafo único do art. 175 da Carta Magna: “I - o regi-
Não há essa exigência para a permissão.
me das empresas concessionárias e permissionárias de
z Quanto à forma da outorga: a concessão se dá
serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de
mediante promulgação de lei específica. A permis-
sua prorrogação, bem como as condições de caducidade,
fiscalização e rescisão da concessão ou permissão”. são necessita apenas de autorização legislativa.
Todavia, contrato de adesão é remetente aos contra-
tos de Direito Privado, principalmente nas relações de A autorização, por sua vez, é um ato administrativo
consumo. Tal modalidade de contrato é elaborado unila- por meio do qual a administração pública possibilita ao
teralmente pelo fornecedor, obrigando a parte aderente particular a realização de alguma atividade de predomi-
apenas a manifestar o seu aceite. Trata-se de uma carac- nante interesse deste, ou a utilização de um bem público.
terística presente também nos contratos administrati- Assim como a permissão, a autorização é um ato
vos: as regras enclausuradas no contrato administrativo unilateral, discricionário, precário e independente
são unilateralmente elaboradas pelo poder concedente, de licitação. Todavia, se difere da permissão ante o
antes mesmo do processo de licitação. fato de que o interesse da autorização é predominan-
A confusão se estende ainda mais no âmbito legis- temente privado. Um exemplo disso é a autorização
lativo, como ocorre no art. 40 da Lei nº 8.987/1995, ao para o porte de arma: apenas o particular tem interes-
334 dispor que a permissão “será formalizada mediante se de ter em sua posse arma de fogo.
Parte da doutrina entende que é incabível a uti- Para que isso ocorra, é imputado aos prestadores
lização de autorização para a prestação de serviços do serviço público uma série de deveres e diretrizes
públicos, por força do art. 175 da CF/1988: “Incumbe que devem ser seguidas para garantir essa prestação
ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob do serviço público com excelência. Essas diretrizes
regime de concessão ou permissão, sempre através de são, in verbis:
licitação, a prestação de serviços públicos”.
I - urbanidade, respeito, acessibilidade e cortesia no
PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS DO USUÁRIO atendimento aos usuários;
DOS SERVIÇOS PÚBLICOS (LEI Nº 13.460/2017) II - presunção de boa-fé do usuário;
III - atendimento por ordem de chegada, ressal-
A prestação de serviços públicos não pode alcan- vados casos de urgência e aqueles em que hou-
çar sua finalidade se ela não servir para o seu público ver possibilidade de agendamento, asseguradas
as prioridades legais às pessoas com deficiência,
alvo, que são os seus próprios usuários. Assim, como
aos idosos, às gestantes, às lactantes e às pessoas
uma forma de promover maior excelência e qualidade
acompanhadas por crianças de colo;
na prestação dos serviços públicos, deve ser assegura- IV - adequação entre meios e fins, vedada a imposi-
do aos usuários a defesa de seus direitos, bem como ção de exigências, obrigações, restrições e sanções
permitir que eles tenham sua participação garantida. não previstas na legislação;
Nesse sentido, a Lei Federal nº 13.460, de 26 de V - igualdade no tratamento aos usuários, vedado
junho de 2017, é a lei que dispõe sobre a participação, qualquer tipo de discriminação;
a proteção e defesa dos direitos do usuário dos ser- VI - cumprimento de prazos e normas procedimentais;
viços públicos da administração pública. É importan- VII - definição, publicidade e observância de horá-
te analisar os principais dispositivos dessa Lei, bem rios e normas compatíveis com o bom atendimento
como as alterações mais recentes, introduzidas pela ao usuário;
Lei nº 14.015/2020. VIII - adoção de medidas visando a proteção à saú-
Preliminarmente, cumpre ressaltar que os dis- de e a segurança dos usuários;
positivos apresentados pela referida Lei se aplicam IX - autenticação de documentos pelo próprio agen-
à administração pública direta e indireta da União, te público, à vista dos originais apresentados pelo
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos usuário, vedada a exigência de reconhecimento de
termos do inciso I do § 3º do art. 37 da Constituição firma, salvo em caso de dúvida de autenticidade;
Federal. Porém, não são somente as pessoas jurídicas X - manutenção de instalações salubres, seguras,
sinalizadas, acessíveis e adequadas ao serviço e ao
de direito público: o § 3º do art. 1º dispõe também que
atendimento;
o regime dessa lei é aplicável, subsidiariamente, nos
XI - eliminação de formalidades e de exigências cujo
serviços públicos prestados por particulares.
custo econômico ou social seja superior ao risco
O art. 2º da Lei Federal nº 13.460 traz alguns concei- envolvido;
tos iniciais que são importantes para o entendimento XII - observância dos códigos de ética ou de conduta
da matéria. Para os efeitos dessa Lei, considera-se: aplicáveis às várias categorias de agentes públicos;
XIII - aplicação de soluções tecnológicas que visem
I - usuário - pessoa física ou jurídica que se benefi- a simplificar processos e procedimentos de atendi-
cia ou utiliza, efetiva ou potencialmente, de serviço mento ao usuário e a propiciar melhores condições
público; para o compartilhamento das informações;
II - serviço público - atividade administrativa ou XIV - utilização de linguagem simples e compreen-
de prestação direta ou indireta de bens ou serviços sível, evitando o uso de siglas, jargões e estrangei-
à população, exercida por órgão ou entidade da rismos; e
administração pública; XV - vedação da exigência de nova prova sobre
III - administração pública - órgão ou entidade inte- fato já comprovado em documentação válida
grante da administração pública de qualquer dos apresentada.
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal XVI - comunicação prévia ao consumidor de que
o serviço será desligado em virtude de inadimple-
e dos Municípios, a Advocacia Pública e a Defenso-
mento, bem como do dia a partir do qual será rea-
ria Pública;
lizado o desligamento, necessariamente durante
IV - agente público - quem exerce cargo, emprego ou
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
horário comercial.  
função pública, de natureza civil ou militar, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração; e
É o art. 6º, todavia, que apresenta os direitos dos
V - manifestações - reclamações, denúncias, suges-
usuários do serviço público. São uma série de prer-
tões, elogios e demais pronunciamentos de usuários
rogativas que devem ser respeitadas pelo Estado ou
que tenham como objeto a prestação de serviços
daquele cujo serviço público foi outorgado. Assim, são
públicos e a conduta de agentes públicos na presta-
direitos básicos dos usuários, in verbis:
ção e fiscalização de tais serviços.
I - participação no acompanhamento da prestação
Com periodicidade mínima anual,  cada Poder e
e na avaliação dos serviços;
esfera de Governo publicará quadro geral dos servi-
II - obtenção e utilização dos serviços com liber-
ços públicos prestados, que especificará os órgãos ou dade de escolha entre os meios oferecidos e sem
entidades responsáveis por sua realização e a autori- discriminação;
dade administrativa a quem estão subordinados ou III - acesso e obtenção de informações relativas à
vinculados (art. 3°). sua pessoa constantes de registros ou bancos de
dados, observado o disposto no inciso X do caput do
Dos Direitos Básicos e Deveres dos Usuários art. 5º da Constituição Federal e na Lei nº 12.527, de
18 de novembro de 2011 ;
O art. 5º dispõe que o usuário de serviço público IV - proteção de suas informações pessoais, nos ter-
tem direito à adequada prestação dos serviços. mos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011; 335
V - atuação integrada e sistêmica na expedição de IV - preservar as condições dos bens públicos por
atestados, certidões e documentos comprobatórios meio dos quais lhe são prestados os serviços de que
de regularidade; e trata esta Lei.
VI - obtenção de informações precisas e de fácil
acesso nos locais de prestação do serviço, assim Manifestação dos Usuários
como sua disponibilização na internet, especial-
mente sobre: A Lei nº 13.460/2017 permite que, para garantir seus
a) horário de funcionamento das unidades direitos, o usuário possa apresentar manifestações peran-
administrativas; te a administração pública acerca da prestação de servi-
b) serviços prestados pelo órgão ou entidade, sua ços públicos. A manifestação será dirigida à ouvidoria do
localização exata e a indicação do setor responsá- órgão ou entidade responsável e conterá a identificação do
vel pelo atendimento ao público; requerente (art. 9º e 10).
c) acesso ao agente público ou ao órgão encarrega- A manifestação poderá ser feita por meio eletrônico, ou
do de receber manifestações; correspondência convencional, ou verbalmente, hipótese
d) situação da tramitação dos processos adminis- em que deverá ser reduzida a termo. Nesse caso, poderá a
trativos em que figure como interessado; e administração pública ou sua ouvidoria requerer meio de
e) valor das taxas e tarifas cobradas pela prestação certificação da identidade do usuário (art. 10, parágrafos).
dos serviços, contendo informações para a com- Os procedimentos administrativos relativos à aná-
preensão exata da extensão do serviço prestado. lise das manifestações observarão os princípios da
eficiência e da celeridade, visando a sua efetiva reso-
VII - comunicação prévia da suspensão da presta-
lução, que compreende:
ção de serviço. 
I - recepção da manifestação no canal de atendi-
mento adequado;
Importante! II - emissão de comprovante de recebimento da
manifestação;
Pela leitura dos direitos básicos do usuário, per- III - análise e obtenção de informações, quando
cebe-se que o serviço público pode ser suspen- necessário;
so quando o usuário deixa de pagar a respectiva IV - decisão administrativa final; e
tarifa. O que a lei protege é a comunicação prévia V - ciência ao usuário.
dessa suspensão. Todavia, é vedada a suspen-
são da prestação de serviço em virtude de ina- Por fim, o art. 23 dispõe sobre a avaliação dos servi-
ços públicos, que deverá ser feita com base nos seguin-
dimplemento por parte do usuário que se inicie tes aspectos:
na sexta-feira, no sábado ou no domingo, bem
como em feriado ou no dia anterior a feriado. I - satisfação do usuário com o serviço prestado;
Esse é uma exceção introduzida recentemente II - qualidade do atendimento prestado ao usuário;
pela Lei nº 14.015/2020. III - cumprimento dos compromissos e prazos defi-
nidos para a prestação dos serviços;
IV - quantidade de manifestações de usuários; e
O art. 7º trata da Carta de Serviços ao Usuário, que V - medidas adotadas pela administração pública
para melhoria e aperfeiçoamento da prestação do
tem por objetivo informar o usuário sobre os serviços serviço.
prestados pelo órgão ou entidade, as formas de aces-
so a esses serviços e seus compromissos e padrões de A avaliação será realizada por pesquisa de satisfa-
qualidade de atendimento ao público (art. 7º, § 1º). ção feita, no mínimo, a cada um ano, ou por qualquer
A Carta de Serviços ao Usuário deverá trazer infor- outro meio que garanta significância estatística aos
mações claras e precisas em relação a cada um dos resultados. O resultado da avaliação deverá ser inte-
serviços prestados, apresentando, no mínimo, infor- gralmente publicado no sítio do órgão ou entidade,
mações relacionadas a: incluindo o ranking das entidades com maior incidên-
cia de reclamação dos usuários.
I - serviços oferecidos;
II - requisitos, documentos, formas e informações
necessárias para acessar o serviço;
III - principais etapas para processamento do EXERCÍCIOS COMENTADOS
serviço;
IV - previsão do prazo máximo para a prestação do 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de atos adminis-
serviço; trativos, serviços públicos e intervenção do Estado na
V - forma de prestação do serviço; e propriedade, julgue o item seguinte.
VI - locais e formas para o usuário apresentar even- Cada Poder e cada esfera de governo devem estabe-
tual manifestação sobre a prestação do serviço lecer regulamento específico dispondo sobre a ava-
(art. 7º, § 2º). liação da efetividade e dos níveis de satisfação dos
usuários dos serviços públicos por eles prestados,
Por fim, o art. 8º apresenta os deveres dos usuá- devendo a quantidade de manifestações dos usuários
rios, quando usufruem do serviço público. Assim, são ser um dos parâmetros considerado nessa avaliação.
obrigações dos usuários:
( ) CERTO  ( ) ERRADO
I - utilizar adequadamente os serviços, procedendo
com urbanidade e boa-fé;
II - prestar as informações pertinentes ao serviço A Lei n. 13.460/2017, que estabelece normas básicas
prestado quando solicitadas; para participação, proteção e defesa dos direitos do
III - colaborar para a adequada prestação do ser- usuário dos serviços públicos e que se aplica à admi-
336 viço; e nistração direta e indireta da União, dos estados, do
Distrito Federal e dos municípios, dispõe, no inciso amplitude possível, vale dizer, deve beneficiar o maior
IV do art. 23, que a quantidade de manifestações dos número possível de indivíduos. Trata-se do princípio da:
usuários é um dos aspectos a ser considerado pelos
órgãos e pelas entidades públicas na avaliação de a) continuidade;
b) modicidade;
seus serviços prestados. Resposta: Certo.
c) totalidade;
d) generalidade;
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito do regime e) universalidade.
de concessão e permissão da prestação de serviços
públicos, julgue o item subsecutivo. A letra A está errada, o princípio da continuidade sig-
A transferência de concessão ou de controle societá- nifica que o serviço público não pode parar, salvo em
rio da concessionária sem a prévia anuência do poder algumas hipóteses legalmente previstas. A letra B está
concedente implicará a caducidade da concessão. errada, o princípio da modicidade tem relação com
as tarifas a ser cobrada aos usuários. O preço dessas
( ) CERTO  ( ) ERRADO tarifas deve ser módicos. As letras C e E estão erradas
quanto ao nome, apesar de totalidade e universalidade
A questão exige do candidato conhecimento quanto serem sinônimos, no caso dos serviços públicos, o nome
correto do princípio é generalidade. Resposta: Letra D.
as possibilidades de extinção da concessão do ser-
viço público. Uma delas é a caducidade, prevista no
6. (FGV – 2019) O serviço público está submetido ao
art. 27 da Lei nº 8.987/1995: “A transferência de con- regime de direito público, com aplicação de regras
cessão ou do controle societário da concessionária específicas trazidas pela Lei nº 8.987/95. Assim, o
sem prévia anuência do poder concedente implicará serviço público deve ser prestado:
a caducidade da concessão”. Resposta: Certo. 1) com a modernidade das técnicas, do equipamento e
das instalações e sua conservação; e
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item que se 2) mediante tarifas mais baixas possíveis cobradas dos
segue, relativo a serviços públicos e aos direitos dos usuários, a fim de manter a prestação do serviço à
usuários desses serviços. maior parte possível da coletividade.
São exigências para apresentar manifestações à ouvi- As duas características acima descritas traduzem,
doria de órgãos públicos a utilização de meio eletrôni- respectivamente, os princípios do serviço público da:
co e a indicação dos motivos determinantes.
a) modicidade e continuidade;
b) atualidade e modicidade;
( ) CERTO  ( ) ERRADO c) economicidade e continuidade;
d) universalidade e eficiência;
Não é exigido que a manifestação seja feita por meio e) generalidade e competitividade.
eletrônico. A Lei nº 13.460/2017 dispõe que a manifes-
tação poderá ser feita por meio eletrônico, ou corres- A questão é bastante simples, analisando cada uma
pondência convencional, ou verbalmente, hipótese em das frases podemos destacar algumas palavras-cha-
que deverá ser reduzida a termo. Além disso, são veda- ve para identificar os princípios. No caso da frase
das quaisquer exigências relativas aos motivos deter- 1, as palavras “modernidade de técnicas” e “equi-
minantes da apresentação de manifestações perante a pamentos”, claramente trata-se do princípio da
ouvidoria (art. 10, § 2º, idem). Resposta: Errado. atualidade, que exige que a Administração Pública
utilize-se, sempre, da tecnologia mais moderna para
a prestação de um serviço de qualidade para seus
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item que se
usuários (não há mais espaço para os “servidores
segue, relativo a serviços públicos e aos direitos dos
de máquina de escrever”). A segunda frase apre-
usuários desses serviços. senta as palavras “tarifas baixas” e “cobradas dos
De acordo com o STJ, o princípio da continuidade do usuários”, o que é uma clara alusão ao princípio da
serviço público autoriza que o poder público promova modicidade das tarifas. Resposta: Letra B.
a retomada imediata da prestação do serviço no caso
de extinção de contrato de concessão por decurso do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
7. (FGV – 2018) Serviço público é toda atividade executa-
prazo de vigência ou por declaração de nulidade, des- da de forma direta ou indireta pelo Estado e usufruída
de que tal poder realize previamente o pagamento de pelos cidadãos, gozando de prerrogativas decorrentes
indenizações devidas. da supremacia do interesse público. Dentre os princí-
pios específicos do serviço público, o ordenamento
( ) CERTO  ( ) ERRADO jurídico estabeleceu o da:

O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendi- a) modicidade das tarifas, segundo o qual o serviço públi-
mento de que, havendo a extinção de concessão de co deve ser prestado aos hipossuficientes de forma
serviço público por decurso do prazo, cabe ao ente gratuita e universal;
concedente a retomada imediata da prestação do b) pessoalidade, segundo o qual o serviço público deve
serviço público até a realização de nova licitação, ser prestado em benefício a um círculo social previa-
para garantir a continuidade do serviço público, mente definido em lei;
não se condicionando o termo final do contrato ao c) continuidade, segundo o qual o serviço público, em
pagamento prévio de eventual indenização (REsp regra, não deve sofrer interrupções e deve ser presta-
1390911/SC). Resposta: Errado. do de forma permanente;
d) isonomia formal, segundo o qual o preço público cobra-
5. (VUNESP – 2018) Dentre os princípios regedores dos do para prestação do serviço deve ter valor progres-
serviços públicos, encontra-se o princípio pelo qual os sivo, de acordo com a capacidade contributiva do
serviços públicos devem ser prestados com a maior usuário; 337
e) onerosidade, segundo o qual o serviço público é remu- precário, entende-se que não pode ser utilizada para
nerado mediante tarifa e, em caso de inadimplemento outorga de serviço público). Em qualquer caso, é indis-
do usuário, pode ser suspenso independentemente de pensável a prévia licitação (art. 175, CF/1988), uma vez
aviso prévio. que ela é o meio que garante tratamento isonômico
entre os particulares competidores. Resposta: Letra D.
A letra A está errada, a modicidade das tarifas sig-
nifica que as tarifas cobradas pelo serviço público 10. (FCC – 2019) A exploração de serviços públicos por
devem ser baixas e módicas. A letra B está errada,
particulares demanda
não existe princípio da pessoalidade, pois os servi-
ços públicos devem atender ao número máximo de
a) transferência da titularidade dos serviços pelo ente
usuários possível, sem a possibilidade de discrimi-
público, para que o particular possa prestá-lo sob regi-
nação entre os usuários. A letra D está errada, pois
me jurídico de direito público;
a isonomia não tem relação com as tarifas cobra-
das aos usuários. A letra E está errada na sua parte b) vínculo jurídico formal para trespasse da execução dos
final, pois é vedada a suspensão do serviço público serviços públicos, a exemplo de contrato de conces-
sem o devido aviso prévio. Resposta: Letra C. são ou de permissão;
c) autorização legislativa e edição de decreto transferindo
8. (VUNESP – 2020) A delegação, a título precário, a titularidade do serviço público a particular;
mediante licitação, da prestação de serviços públicos, d) a instituição de empresa estatal para celebração de
feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica consórcio com empresa privada vencedora da licita-
que demonstre capacidade para seu desempenho, por ção visando contratação da prestação de serviços;
sua conta e risco. e) celebração de contrato de concessão de serviços públi-
É correto afirmar que o texto do enunciado trata da cos precedido de licitação, admitida a modalidade de
pregão presencial para a seleção do vencedor.
a) concessão de serviço público;
b) licitação de serviço público; A letra A está errada, os particulares jamais podem
c) autorização de serviço público; prestar um serviço sob regime jurídico de direito
d) regulamentação de serviço público; público, pois eles são pessoas jurídicas de direito pri-
e) permissão de serviço público. vado. A letra C está errada, a exploração de serviços
públicos não enseja, exatamente, a transferência de
No enunciado da questão há algumas palavras-cha- titularidade, apenas da execução do serviço. Além
ve para identificar a forma de delegação do serviço disso, tal outorga é feita mediante contrato. A letra D
público que a questão pede. Essas palavras são: “títu- está errada, a celebração de consórcio público pode
lo precário”, “mediante licitação”, “pessoa física” e ser feita pelos membros da Administração Direta e
“por sua conta e risco”. Se é a título precário, signifi- Indireta, seja de direito público ou de direito privado.
ca que pode ser revogada a qualquer tempo. Se a con- A letra E está errada, a concessão de serviço público
cessão é realizada mediante licitação, significa que somente pode ser feita mediante concorrência, pois
o ente que recebeu a delegação o fez mediante con- é um procedimento licitatório que envolve projetos
trato administrativo (e não ato). Além disso, tal ente grandes e vultosos. Resposta: Letra B.
desempenha as funções do serviço público por sua
conta e risco, responsabilizando-se pelos eventuais
danos. Logo, a única opção que se enquadra perfeita-
mente nesse quadro é a permissão. Resposta: Letra E.
ATOS ADMINISTRATIVOS
9. (FCC – 2018) Com a finalidade de satisfazer as neces-
sidades de toda a coletividade, em conformidade com CONCEITO
a Constituição Federal, o Poder Público presta servi-
ços públicos, na forma da Lei, Podemos entender ato administrativo como uma
manifestação unilateral relevante para o mundo jurídi-
a) diretamente ou sob regime de concessão ou permis- co. Por meio deles, a Administração Pública irá procu-
são, podendo ser dispensada a licitação após avaliação rar os efeitos jurídicos ligados aos diversos interesses
de sua oportunidade e conveniência socioeconômica; públicos que estará buscando, de acordo com cada
b) sob o regime de concessão ou permissão por meio de situação.
licitação ou diretamente dispensada a licitação;
c) diretamente por meio de licitação ou sob o regime de z Ato administrativo: manifestação unilateral da
concessão e permissão dispensada a licitação; Administração Pública com objetivo de atingir o
d) diretamente ou sob o regime de concessão ou permis- interesse público por meio de efeitos jurídicos.
são, sempre por meio de licitação;
e) diretamente ou sob o regime de concessão ou permis- Devemos ter em mente que esse conceito deve ser
são, podendo ser dispensada a licitação nos casos de entendido como a atuação da Administração Públi-
garantia de direitos fundamentais. ca, em regra, por meio de seu poder de império, se
impondo perante o particular.
Questão relativamente fácil. Os serviços públicos Por outro lado, o termo atos da administração
podem ser prestados diretamente pelo Estado, como será entendido quando a Administração Pública atua
ocorria na maioria dos casos, até a promulgação da desprovida de seu poder de império, portanto em
Constituição de 1988. Porém, poderá também prestar igualdade com o particular.
serviços públicos mediante o regime de concessão e Não confunda atos administrativos com atos da
338 permissão (a autorização, por ser ato administrativo administração.
Os atos administrativos são predominantemen- O vício que recai sobre finalidade não poderá ser
te regidos pelo direito público, enquanto os atos da convalidado. Aqui temos duas hipóteses, que vão seguir
administração, predominantemente regidos pelo a linha dos conceitos de finalidade colocados acima.
direito privado. A finalidade geral poderá ser ferida quando o
agente público pratica o ato em interesse próprio.
REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Vejamos um exemplo. Caso um superior promova a
remoção de um servidor com base em divergências
São cinco os requisitos ou elementos do ato admi- políticas, o ato foi praticado com o objetivo de atender
nistrativo: competência, finalidade, forma, motivo a um interesse particular, não ao interesse público,
e objeto. Quando temos a ausência ou algum tipo de portanto será viciado.
vício sobre um deles, poderemos ter até mesmo a nuli- Já a finalidade específica, utilizando uma hipótese
dade total do ato. Vejamos cada um deles. parecida, será ferida quando a remoção de um servi-
dor para um município diferente ocorrer com a fina-
lidade de punir o servidor por determinada conduta
Competência
irregular. Nesse caso, ainda que haja motivo para que
o servidor seja punido, a remoção não é prevista como
É o conjunto de atribuições de determinado agente
punição, mas como instrumento de gestão de pessoal.
público, entidade ou órgão. Para que haja o respeito a
esse requisito, é necessário que autoridade que prati-
Forma
ca o ato esteja respaldada por atos normativos, ainda
que infralegais.
A forma é o modo pelo qual é exteriorizado o ato
A competência é irrenunciável, intransferível
administrativo. Nesse contexto, importante trazermos
e imprescritível (não se extingue com o decurso do o art. 22, da Lei nº 9.784/99, Lei do Processo Adminis-
tempo). No entanto, a lei permite a delegação e a avo- trativo Federal.
cação. Esta sempre ocorrerá no contexto hierárquico Lei nº 9.784/99
entre os órgãos envolvidos, o que não se impõe ao ins-
tituto da delegação, que poderá ocorrer entre órgãos Art. 22 Os atos do processo administrativo não de-
sem subordinação hierárquica. pendem de forma determinada senão quando a lei
Vejamos agora alguns vícios que podem recair expressamente a exigir.
sobre o requisito competência.
Inicialmente temos o usurpador de função. Nesse No dispositivo podemos perceber o princípio da
caso uma pessoa se passa por agente público, exer- informalidade, que não deve ser utilizada para impe-
cendo suas atribuições sem ter qualquer ligação com dir ou retardar a prática dos atos pelos interessados
a Administração Pública. Aqui não há possibilidade no processo administrativo.
de convalidação do ato (conserto, correção), pois ele
é inexistente. Tal conduta é crime previsto do artigo Motivo
328 do Código Penal. Exemplo: pessoa se finge de fis-
cal para extorquir e aplica multa. Agora vamos ao atributo motivo, que corresponde
Em seguida, temos o excesso de poder, que ocorre aos fundamentos de fato e de direito que respaldam
quando a autoridade competente pratica um ato até a execução do ato administrativo. Vamos entender
previsto no ordenamento jurídico, mas fora de suas melhor isso.
atribuições. Tal ato é passível de convalidação, des- Aqui temos duas definições passíveis de serem
de que seja realizada pela autoridade que teria com- cobradas em prova.
petência para praticar o ato inicialmente. Exemplo:
superior hierárquico aplica pena de suspensão de 20 z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese
dias, quando a lei permitiria apenas 15. que irá permitir a execução do ato;
Finalmente temos a função de fato. Esse é o caso z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista
em que o agente fora irregularmente investido pela em lei no mundo real.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Administração Pública nas funções que esteja exercen-
do. Nesse caso os atos praticados deverão ser convali- Para o melhor entendimento, é interessante um
dados desde que haja boa-fé dos terceiros envolvidos. exercício de imaginação. Imagine-se diante do espe-
Exemplo: servidor empossado em cargo público sem lho. A sua imagem é uma projeção abstrata, enquanto
ter a escolaridade mínima prevista em edital. você é real. Assim são os motivos de fato e de direito.
Eles são como o corpo e a imagem. Para que o ato pos-
sa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na
Finalidade
realidade como a sua previsão abstrata em lei.
Temos agora uma informação com a qual você
O ato administrativo sempre terá como finalidade
deve ter muito cuidado: não confunda motivo com
atingir o interesse público. No entanto, de acordo com
motivação. O motivo fora devidamente abordado aci-
o contexto aplicável, teremos uma finalidade específi-
ma. A motivação é a exposição dos motivos que o res-
ca àquele ato praticado. Diante disso temos dois con- paldam quando for praticado o ato.
ceitos: finalidade geral (mediata) e finalidade especí- Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784/99 sobre a
fica (imediata). motivação de atos administrativos.

z Finalidade geral (mediata): satisfação do interesse Lei nº 9.784/99


público; Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
z Finalidade específica (imediata): alcance do resul- vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
tado específico esperado para o ato. jurídicos, quando: 339
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; Dica
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
sanções;
A presunção relativa, que estudamos neste
III - decidam processos administrativos de concur- momento, é também conhecida como presunção
so ou seleção pública; juris tantum. Em sentido oposto, a presunção
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de absoluta, não aplicável neste tema, é também
processo licitatório; conhecida como presunção jure et de jure.
V - decidam recursos administrativos;
VI - decorram de reexame de ofício; Temos também a imperatividade, que é o poder
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada da Administração Pública de impor ao particular seus
sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, atos administrativos. É decorrente do poder extrover-
propostas e relatórios oficiais; so do Estado, que permitirá a imposição de deveres e
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou obrigações ao particular.
convalidação de ato administrativo. Importante ressaltar que esse é um atributo que nem
sempre estará presente nos atos administrativos, pois se
Há a possibilidade da motivação de um ato admi- mostrará apenas quando impuser condições ao particular.
nistrativo por meio da referência a outro ato ou A autoexecutoriedade é a característica dos atos
processo. É o que a doutrina chama de motivação administrativos que confere à Administração Pública
aliunde, que significa “a outro lugar”. a capacidade de executar diretamente seus atos inde-
Finalmente, importante que você saiba da Teoria pendentemente de recorrer a qualquer outro Poder.
dos Motivos Determinantes, bastante cobrada em De forma similar à imperatividade, nem sempre
provas. Segundo ela, se os motivos apontados no ato estará presente nos atos administrativos.
administrativo forem inválidos, também o será o ato A autoexecutoriedade poderá se fazer presente em
administrativo praticado. duas hipóteses:

Objeto z Casos expressamente previstos em lei;


z Urgência da situação apresentada / grande possibi-
Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que lidade de dano.
será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a
alteração que ele causa. Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele
O vício no elemento objeto é insanável. impõe que os atos administrativos praticados devem
O motivo e o objeto são os elementos que cons- ser previamente definidos em lei, não cabendo ao
tituem o mérito administrativo, que é a margem de agente competente para a prática criar atos que não
escolha e valoração por parte do agente competente. sejam previamente constantes da lei.
Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
ato inominado para se referir a atos administrativos
sem prévia previsão em lei.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que se refere a atos
administrativos, julgue o item a seguir: EXERCÍCIO COMENTADO
De acordo com a teoria dos motivos determinantes, a
validade de um ato administrativo vincula-se aos moti- 1. (FCC – 2010) É atributo do ato administrativo, dentre
vos indicados como seus fundamentos, de modo que, se outros,
inexistentes ou falsos os motivos, o ato torna-se nulo.
a) a competência.
( ) CERTO  ( ) ERRADO b) a forma.
c) a finalidade.
A teoria dos motivos determinantes impõe que se d) a autoexecutoriedade.
os motivos apontados no ato administrativo forem e) o objeto.
falsos, nulo será o ato. O enunciado está conforme o
enunciado da teoria estudada. Resposta: Certo. A autoexecutoriedade é um dos atributos que estuda-
mos no presente tópico. As demais alternativas trazem
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS elementos do ato administrativo. Resposta: Letra D.

Os atos administrativos possuem características CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


fundamentais para que possam atingir os fins a que
se propõem. Vejamos cada um dos atributos. São várias as classificações dos atos administrati-
Os atos administrativos gozam de presunção de vos. Destacaremos aqui algumas que estão entre as
veracidade e de legitimidade. Em termos simples, mais cobradas em concursos públicos.
significa que as informações trazidas pelos atos admi-
nistrativos deverão ser tidas como verdadeira (vera- Quantos aos Destinatários
cidade) e conforme a lei (legitimidade) até que haja
prova em contrário. Os atos podem ser gerais ou individuais:
Ou seja, uma vez praticado o ato administrativo
ocorre a inversão do ônus da prova, cabendo ao parti- z Atos gerais: os destinatários são indeterminados.
340 cular provar eventual impropriedade que ele contenha. z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
A classificação não leva em conta o número de des- z Atos constitutivos: criam uma nova situação jurí-
tinatários, mas se eles são determinados ou não. dica para os seus destinatários;
z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
Quanto ao Grau de Liberdade jurídica;
z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
Os atos podem ser discricionários ou vinculados: tentes sem extinguir direitos ou obrigações;
z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
z Atos discricionários: possuem margem de valora- ção jurídica.
ção e escolha para o agente público que o pratica,
conhecida como mérito administrativo;
z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem
de escolha na prática dos atos administrativos. EXERCÍCIO COMENTADO
Lembrando os elementos dos atos administrati- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação aos atos
vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), administrativos e suas classificações, julgue o item
destacamos que a diferença nessa classificação que seguinte.
acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles: Atos administrativos de gestão são atos praticados
motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são pela administração pública como se fosse pessoa pri-
vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis- vada, o que afasta a supremacia que lhe é peculiar em
cricionários, se assim for o ato. relação aos administrados. Atos administrativos de
império, por sua vez, são aqueles praticados de ofício
Quanto aos Efeitos Produtivos pelos agentes públicos e impostos de maneira coer-
citiva aos administrados, os quais estão obrigados a
Os atos podem ser internos e externos: obedecer-lhes.

z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da ( ) CERTO  ( ) ERRADO


estrutura da administração pública;
z Atos externos: impactam os administrados. Nem sempre a Administração Pública atuará pauta-
da na supremacia do interesse público, impondo sua
Destacamos que, uma vez que os atos externos vontade ao particular. Por vezes poderá atuar em
recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen- posição de igualdade, o que acontece quando pratica
te publicados, o que não se aplica aos atos internos. os atos administrativos classificados como de gestão.
Em oposição, os atos de império serão aqueles em que
Quanto à manifestação de vontade estará a presente a supremacia do interesse público
ou poder extroverso do Estado. Resposta: Certo.
Os atos podem ser simples, complexos ou compostos:
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
z Atos simples: há uma única manifestação de von-
tade, ainda que de um órgão que seja composto Vejamos agora algumas espécies importantes de
por mais de um agente público; atos administrativos:
z Atos complexos: manifestação de mais de uma
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
competentes; mas que nelas tenham se baseado;
z Atos compostos: manifestação de uma única von- z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
posterior para que haja produção de efeitos. Tal mento do serviço;

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


manifestação de vontade é definida pela doutrina z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
como instrumental. ca a anuência (concordância) da Administração
Pública para a prática de determinada atividade;
Quanto ao Objeto z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
dos ou aos servidores.
Os atos poderão ser de império, de gestão ou de
expediente:

z Atos de império: possuem em si o poder extrover- EXERCÍCIO COMENTADO


so de Estado, impondo ao particular a vontade da
Administração Pública; 1. (VUNESP – 2017) Resolução do Conselho Federal de
z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o Biologia, subscrita por seu presidente, e que estabelece
patrimônio público; requisitos mínimos para o biólogo atuar em pesquisas,
z Atos de expediente: são atos de mera rotina interna projetos, perícias e outras atividades, é ato administrativo:
das repartições, sem conteúdo decisório relevante.
a) complexo, porque resulta da conjugação de vontade de
Também quanto ao objeto, teremos outra classifi- órgãos diferentes.
cação. Poderão ser constitutivos, extintivos, modifica- b) composto, porque espelha a vontade dos Conselhos
tivos ou declaratórios. Regionais ratificada pela autoridade competente. 341
c) concreto, porque regula a atuação dos Conselhos é a consecução de objetivos de interesse público.
Regionais. Os contratos da esfera privada, geralmente, tendem a
d) ordinatório, porque disciplina a conduta dos seus apenas buscar os melhores resultados e trazer lucros
agentes. para as partes. Essa finalidade econômica é incom-
e) normativo, porque expedido por alta autoridade para patível com os contratos administrativos, que se rege
regulamentar competência exclusiva. pelas normas de Direito Público, que apresenta como
um de seus princípios sistêmicos a primazia do inte-
Atos normativos são aqueles que trazem normas resse público sobre o privado.
gerais e abstratas, que procuram regular um tema Importante salientar a exigência de prévia lici-
de forma ampla, para todos os sujeitos que com ele tação para a celebração do contrato administrativo.
possam se envolver ou tratar. Resposta: Letra E. Trata-se de um pressuposto que, estando ausente,
pode macular a existência, validade e a eficácia do
contrato. A exigência de prévia licitação é exigida
somente para os contratos administrativos.
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E Indaga-se muito sobre a natureza dos contratos admi-
nistrativos. Isso porque há casos em que a Administração
LICITAÇÃO elabora contratos, mas que são muito parecidos com os
contratos comuns de direito civil. É o caso, por exemplo,
CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E CLASSIFICAÇÃO da locação de um bem imóvel a ser utilizado por uma
DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS repartição pública: não há a necessidade de elaborar um
contrato administrativo, pois aqui o Poder Público é trata-
A matéria dos contratos administrativos é bem do igualmente, como se fosse um particular.
desenvolvida na doutrina e na legislação. É a Lei n° Temos, então, uma diferença importante: o Poder
8.666/1993 que trata dos contratos administrativos, Público pode elaborar contratos da Administração, e
junto com o processo de licitação. também pode elaborar contratos administrativos. A
O Poder Público, no exercício de suas funções diferença é que os contratos da Administração é gêne-
administrativas, muitas vezes tende a estabelecer ro, o qual os contratos administrativos são espécie,
diversas relações jurídicas com particulares, criando isso é, estão inseridos dentro desse grupo maior.
vínculos especiais de colaboração com a esfera pri- Essa distinção é importante para compreender
vada. Tais conexões podem ser instrumentalizadas as características dos contratos administrativos. As
mediante um contrato. Se tal contrato estiver subordi- características podem se dividir em dois grupos.
nado às regras de Direito Administrativo, então esta-
mos diante de um contrato administrativo. Das Caraterísticas Gerais
Contrato administrativo, assim, é um pacto bilate-
ral estabelecido entre a Administração Pública, agindo As características gerais dos contratos adminis-
nessa qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas enti- trativos são aquelas características que se encontram
dades, submetido ao regime jurídico administrativo, em todas as espécies de contratos da Administração.
cuja finalidade é a consecução de objetivos de interes- Essas características são importantes, porque dão ao
se público. Deste conceito, podemos destacar alguns contrato a sua razão de existir. Não se trata de aspec-
aspectos específicos dos contratos administrativos. tos de legalidade/validade, e sim de existência.
Ao dizermos que contrato administrativo é o pac- Com isso, todos os contratos da Administração
to bilateral ajustado pela Administração Públi- devem possuir:
ca, agindo nessa qualidade, significa que, em pelo
menos um dos polos da relação jurídica deve haver z Acordo de vontades distintas: é um dos elemen-
a figura do Estado (contratante), como pessoa jurídi- tos mais característicos de todo e qualquer con-
ca de Direito Público, que se apresenta em relação de trato. Para ter um acordo, é preciso que haja duas
superioridade em face dos particulares. Os terceiros, partes, com interesses e finalidades contrapostas,
dessa forma, são as pessoas físicas (contratados) que mas que se unem para alcançar um mesmo obje-
não integram a Administração Pública. Todavia, há tivo. Sem o acordo de vontades, temos apenas um
alguns casos em que tal avença pode ser estabelecida ato administrativo;
com outras entidades administrativas, visando a coo- z Direitos e obrigações recíprocas: todo contrato
peração mútua e a persecução de objetivos comuns da Administração é um contrato comutativo, o que
entre os órgãos e entidades da Administração, como significa que cada uma das partes se compromete
é o caso dos consórcios estabelecidos entre a União e a alguma forma de ônus para a devida execução
um Estado, ou Município, por exemplo. do instrumento contratual.
A submissão ao regime jurídico administrativo
significa dizer que, para os contratos administrativos Das Características Específicas
vigoram os princípios e regras de Direito Administra-
tivo. Não basta apenas a Administração Pública estar É evidente que o contrato administrativo, por tudo
em um dos polos contratuais, pois a mesma pode rea- que já foi mencionado, apresenta alguns aspectos e
lizar ajustes de natureza não-administrativa, poden- características específicos. São eles:
do celebrar contrato de locação sobre determinado
imóvel, por exemplo. Tal hipótese é de contrato da z Presença da Administração Pública: é a figura
Administração, que não se confunde com o contrato do Estado, representada pelo Poder Executivo, com
administrativo. Contratos da Administração é gênero, todos os seus poderes e prerrogativas inerentes da
do qual o contrato administrativo é espécie. sua natureza. Isso faz com que a relação contratual
Outra característica que o diferencia dos demais sempre seja desigual, pois a Administração pos-
342 contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que sui diversos poderes e diversas vantagens, como
veremos mais adiante. E do outro lado temos o par- Exigência de Garantia
ticular interessado, em situação mais desfavorável;
z Finalidade pública: a Administração Pública Quando uma parte deixa de cumprir com suas
não pode almejar o lucro, como ocorre nas rela- obrigações contratuais, a outra parte fica em prejuízo.
ções jurídicas de direito privado. Assim, o objetivo Ao menos, é isso o que ocorre na esfera privada. Mas
maior do contrato administrativo é sempre o inte- a Administração Pública não pode se dar ao luxo de
resse público, que é inalienável e irrenunciável; sair no prejuízo. Por isso, o particular interessado já
z Forma prescrita em lei: significa que os contratos presta uma garantia antes do início dos trabalhos, na
administrativos são solenes, não podem ser for- possibilidade de haver um eventual inadimplemento.
Sobre a forma de garantia aceita para os contratos
mulados verbalmente. Não podem ser formulados
administrativos, o § 1° do art. 56 apresenta três pos-
sem os revestimentos legais;
sibilidades, cabendo ao particular escolher a melhor
z Procedimento legal: para que seja elaborado um
para o seu caso. São elas:
contrato administrativo, é necessário a ocorrência de
um ato anterior que o fundamente, como o caso da
a) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública;
prévia licitação, ou de uma autorização legislativa;
b) seguro-garantia;
z Natureza de contrato de adesão e personalíssi- c) fiança bancária.
mo: o contrato administrativo é apresentado pelo
Estado já pronto e acabado, cumpre ao particular
Alteração Unilateral do Contrato
apenas aderir ou não. Além disso, por ser contra-
to personalíssimo (intuitu personae), não pode ser
As alterações unilaterais são aquelas em que ape-
cedido para terceiros, pois a pessoa do contratado
nas uma parte mexe nos termos do contrato. Para os
é uma parte essencial dessa relação travada entre
contratos administrativos, somente a Administração
ele e o Poder Público. Não pode, por exemplo, o
Pública pode alterar unilateralmente o instrumento
contratado transferir os direitos e encargos do con-
contratual, por razões óbvias (posição mais vantajosa
trato para seus herdeiros, ou transferir para um
na relação).
“amigo”, pois o Poder Público somente tem inte-
O art. 65, inciso I, apresenta todas as possibilidades
resse em formalizar o contrato com aquela pessoa;
de alteração unilateral do contrato. Todas essas hipó-
z Presença de cláusulas exorbitantes: é um dos
teses, de modo geral, permitem que o contrato seja
pontos mais característicos do contrato adminis-
alterado, para melhor atender o interesse público.
trativo, pois são as cláusulas que colocam a Admi-
Assim, a Administração pode alterar unilateralmente
nistração Pública em uma situação de vantagem.
o contrato para:
FORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONTRATO
z Adequação técnica: é a modificação do projeto
em si, ou de suas especificações;
Sobre a formalização dos contratos administrativos, z Alteração do valor por acréscimo ou diminuição
o art. 60 da Lei n° 8.666 é bastante claro ao expor que: quantitativa de seu objeto.
“Os contratos e seus aditamentos serão lavrados É importante ressaltar o conteúdo do § 1° do art.
nas repartições interessadas, as quais manterão
65, que diz respeito ao reajuste contratual:
arquivo cronológico dos seus autógrafos e regis-
tro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a
direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por Art. 65 [...]
instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo § 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas
juntando-se cópia no processo que lhe deu origem”. mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou
compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
Todo contrato administrativo deve mencionar, valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
na forma do art. 61, os nomes das partes e os de seus particular de reforma de edifício ou de equipa-
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a mento, até o limite de 50% (cinquenta por cen-
sua lavratura, o número do processo da licitação, da
to) para os seus acréscimos.
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos con-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tratantes às normas da própria Lei n° 8.666/1993 e às
cláusulas contratuais. Rescisão Unilateral
Uma vez formalizado o contrato administrativo já
pronto (contrato de adesão), a Administração convo- Rescisão é o ato que visa a extinção do contrato. De
cará regularmente o interessado para assinar o termo novo, somente a Administração Pública pode rescin-
de contrato, aceitar ou retirar o instrumento equiva- dir unilateralmente o contrato administrativo, mesmo
lente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob que o particular não concorde com o ato. A rescisão
pena de decair o direito à contratação (art. 61, Lei n° unilateral pode ocorrer:
8.666/1993). O particular interessado tem prazo espe-
cífico para assumir compromisso de executar o con- z Inadimplemento culposo: é a hipótese em que
trato, embora tal prazo possa ser prorrogado uma particular comete um ato pela falta de cuidado,
vez, por igual período, quando solicitado pela parte isso é, ele age com culpa (não cumprimento ou
durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo cumprimento irregular, atraso na entrega do pro-
justificado aceito pela Administração. jeto, paralisação, faltas reiteradas etc.);
As cláusulas exorbitantes, por sua vez, são cláu- z Inadimplemento involuntário: aqui não há a
sulas especiais, que só existem nos contratos adminis- presença da culpa, porque são questões alheias,
trativos. Isso porque elas dão uma gama de vantagens mas que ainda assim fazem com que o particular
para a Administração Pública. Tais cláusulas estão fique impossibilitado de continuar com a execução
previstas no art. 58 da Lei n° 8.666/1993, veremos as contratual. É o caso do desaparecimento do parti-
principais. cular, ou de sua insolvência; 343
z Razões de interesse público: pode ocorrer que com a execução do pacto, não importa o que aconteça,
a execução do contrato deixe de fornecer as van- cabendo apenas a suspensão da execução do contrato
tagens almejadas pela Administração. Assim, ela se houver paralisação superior a 120 dias ou atraso
pode rescindir o contrato simplesmente porque nos pagamentos superior a 90 dias.
não deseja mais continuar com sua execução, por-
que não é mais interesse público continuar com Equilíbrio Econômico-Financeiro
ele. Essa é uma hipótese em que é cabível inde-
nização, na forma do art. 79, § 2°. Observe que a
Tal aspecto, que é de natureza orçamentária e
noção de “interesse público” é algo cambiante, que
financeira, é muito importante nos contratos admi-
varia muito para quem está no Poder;
nistrativos. Também denominada equação econômico-
z Caso fortuito ou força maior: são as hipóteses em
que eventos alheios à ambas as partes impedem a -financeira, consiste em uma garantia estabelecida no
execução do contrato. Aqui temos uma diferença: o momento da celebração do contrato para a manuten-
caso fortuito e/ou força maior, nos contratos admi- ção do equilíbrio dos encargos assumidos e da remune-
nistrativos, são passíveis de indenização, na forma ração percebida pelo particular, garantindo a este uma
do art. 79, § 2°. Isso não acontece na esfera privada. certa margem de lucro pela execução do negócio.
Para compreender a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro nos contratos administrati-
Fiscalização
vos, é importante salientar a Teoria da Imprevisão.
Trata-se de uma corrente com aplicação também nos
De modo geral, é possível colocar um agente para
ramos de Direito Privado, que admite que as condi-
ficar de olho na execução do serviço avençado. Esse
ções das partes podem sofrer alterações desde o início
agente fiscalizador pode ser da Administração, ou
da sua celebração. Pela ocorrência de algum even-
alguém contratado pelo próprio particular.
to imprevisto pelas partes, pode ocorrer um grande
desequilíbrio na relação contratual, fazendo com que
Aplicação de Sanções
uma das partes tenha lucros excessivos, e a outra se
prejudique ainda mais com a execução do contrato.
Ao invés de rescindir o contrato de uma vez, pode
Por isso, admite-se a possibilidade de revisão de algu-
a Administração impor sanções caso o particular não
mas cláusulas. Diz-se que os contratos que admitem
cumpra com todos os termos avençados. Mas o parti-
revisão regem-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus
cular pode sempre insurgir contra todas as penalida-
(“enquanto as coisas se mantiverem nesse estado”),
des, mediante recurso administrativo.
em oposição ao pacta sunt servanda (“os pactos devem
Sobre as sanções em espécie, são elas:
ser cumpridos”). Nos contratos administrativos apli-
ca-se com maior frequência a rebus sic stantibus.
a) Advertência;
b) Multa, podendo ser cumulada com as demais;
Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da
c) Suspensão para nova licitação ou contrato por CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório,
até dois anos; a manutenção das condições efetivas da proposta. O
d) Declaração de inidoneidade para participar de art. 65, II, d, da Lei n° 8.666/1993, seguindo essa linha
licitação ou contrato, enquanto perdurarem os de raciocínio, dispõe que:
motivos ou ocorra a reabilitação, após o mesmo
prazo da pena anterior. Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão
ser alterados, com as devidas justificativas, nos
A diferença da suspensão para a declaração de ido- seguintes casos:
neidade é que, no primeiro caso, terminado o prazo II - por acordo das partes:
da suspensão, o particular adquire capacitação para [...]
contratar automaticamente. Mas no caso da declara- d) para restabelecer a relação que as partes pac-
tuaram inicialmente entre os encargos do contra-
ção de idoneidade, o particular precisa de uma rea-
tado e a retribuição da administração para a justa
bilitação para poder contratar com o Poder Público.
remuneração da obra, serviço ou fornecimento,
objetivando a manutenção do equilíbrio econô-
Retomada do Objeto mico-financeiro inicial do contrato, na hipótese
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis
Alguns serviços públicos não podem parar, dada a porém de consequências incalculáveis, retardado-
sua grande importância para a população. Mas o que res ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
ocorre quando o particular não pode mais continuar ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
com a execução do contrato? do príncipe, configurando álea econômica extraor-
Para essas hipóteses, a Administração pode assu- dinária e extracontratual.
mir a atividade, por conta própria, para que a popu-
lação não seja afetada. Para isso, a retomada do A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
objeto exige a assunção imediata do objeto do contra- poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Rea-
to; a ocupação das instalações e pessoal; a execução juste é a terminologia que designa a atualização dos
da garantia contratual; bem como a retenção dos cré- valores remuneratórios ante as perdas econômicas ou
ditos contratuais até o limite dos prejuízos causados. majoração de insumos. As regras de reajuste devem
estar previstas no próprio instrumento contratual.
Restrições à Exceção do Contrato não Cumprido A revisão, por sua vez, corresponde a alterações no
valor efetivo da tarifa, geralmente sem previsão con-
A exceptio non adimpleti contractus é uma outra tratual, utilizado em circunstâncias em que a recom-
forma de corrigir o mesmo problema apresentado posição por reajuste se torna impossível. Há, nesse
344 anteriormente. Aqui, o contratado deve continuar caso, um aumento real do valor pago ao contratado,
ao contrário do reajuste, que apenas atualiza o aspec- Nesses casos, o melhor caminho é a prorrogação do
to pecuniário da remuneração. contrato, com eventuais reajustes quando necessário.
As hipóteses mais comuns para a autorização da Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei n° 8.666/1993
recomposição econômico-financeira do contrato são: admite três tipos de rescisão contratual. Observe o
texto do dispositivo, in verbis:
z Alteração unilateral do objeto: qualquer modi-
ficação feita pela Administração Pública, seja Art. 79 A rescisão do contrato poderá ser:
quantitativa ou qualitativa, do objeto principal I - determinada por ato unilateral e escrito da
do contrato, enseja a recomposição do equilíbrio Administração, nos casos enumerados nos incisos
econômico-financeiro. Trata-se de uma circuns- I a XII e XVII do artigo anterior;
tância interna do contrato. Exemplo: aumento do II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a
número de estações de linha ferroviária a serem termo no processo da licitação, desde que haja con-
construída; veniência para a Administração;
z Fato do príncipe: é evento externo ao contrato, III - judicial, nos termos da legislação;
de natureza geral, provocado pelo Poder Público.
Ocorre quando o próprio Estado, mediante ato A rescisão unilateral, decretada pela Administra-
legal, modifica as condições do contrato, provocan- ção Pública sem a necessidade de autorização judicial,
do prejuízo ao contratado. Tal interferência gera ensejando indenização do contratado, exceto se deu
indenização para o particular prejudicado com a causa à rescisão.
alteração unilateral do Estado. Exemplo: aumento Porém, temos também a rescisão amigável, feita
da carga tributári; de comum acordo entre ambas as partes, que geral-
z Fato da Administração: traduz-se em uma con- mente não enseja indenização. Os motivos da rescisão
duta irregular praticada pelo Poder Público, que amigável podem ser dos mais diversos.
não necessariamente impede, mas pode retardar Por fim, temos a rescisão judicial, promovida
a execução do contrato. Trata-se de ato com cará- pelo particular em hipótese que há a interferência
ter específico, relacionado com o próprio contrato, do Poder Judiciário em razão do inadimplemento por
o que o distingue do fato do príncipe. Exemplo: parte do Poder Público.
a construção de estrada em local residencial em Para que o contratado tenha o direito de ser
que a Administração não providencie mecanismos indenizado, provocado pela extinção do contrato
essenciais a desapropriação daqueles imóveis; administrativo, precisa preencher alguns requisitos.
z Álea econômica extraordinária: é o evento Primeiramente, a extinção contratual deve ser anteci-
externo ao contrato e estranho à vontade das par- pada, pois seria ilógico pedir reparação de danos em
tes. Por ser fato imprevisível e inevitável capaz de hipóteses em que o contrato se extinguiu naturalmen-
causar desequilíbrio contratual, enseja a revisão te pelo regular adimplemento do negócio. Além disso,
tarifária, desde que comprovada a imprevisibili- sua relação jurídica com o Poder Público não pode
dade e estranheza do fato, bem como o desequi- ser precária, pois atos precários são revogáveis pelo
líbrio anormal na equação econômico-financeira. Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o contrata-
Exemplo: aumento da carga tributária por entida- do deve ter agido de boa-fé durante a execução con-
de distinta do contratante; tratual, pois se o particular tivesse agido com intenção
z Interferências imprevistas: são eventos ocor- de extinguir o negócio (agir de má-fé), não lhe seria
ridos durante a execução do contrato, de ordem cabível o dever de indenizar, haja vista que ninguém
material, que causem dificuldades no cumprimen- pode beneficiar-se da própria torpeza.
to das tarefas pactuadas, tornando insuportavel- Nos casos de anulação, o dever de indenizar per-
mente onerosos para uma das partes. Exemplo: siste ainda que o contrato apresente algum vício de
desabamento de terras em área destinada a cons- ordem legal, devendo a Administração indenizar
trução de imóvel público, devido a fortes chuvas. o contratado pelo que este houver executado até a
data em que ela for declarada e por outros prejuízos

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DOS CONTRATOS regularmente comprovados, contanto que não lhe
ADMINISTRATIVOS seja imputável, promovendo-se a responsabilidade
de quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei n°
Se os contratos administrativos são celebrados por 8.666/1993). A anulação do contrato enseja, também,
prazo determinado, isso significa que, eventualmente, na aplicação das penalidades dispostas no art. 87.
eles devem deixar de vigorar, ou se extinguir. Assim, o
contrato administrativo admite as seguintes hipóteses DAS ESPÉCIES DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
de extinção: pela execução e conclusão do seu objeto,
pelo término de seu prazo, por anulação motivada por Uma vez visto todos os aspectos gerais sobre todos
defeito que o macule, ou ainda por rescisão. os contratos administrativos, podemos fazer uma aná-
A execução do objeto é a forma sobre a qual se pre- lise sobre alguns contratos especiais que costumam
tende que todos os contratos se encerrem. Uma vez cair em questões de prova com maior frequência.
concluído o negócio, ambas as partes têm seus inte-
resses obtidos, e o assunto se encerra com um final Contrato de Prestação de Serviço
positivo.
Isso, contudo, não tem como acontecer no caso de É o contrato que tem por objeto a prestação de
contratos administrativos que preveem a prestação uma atividade, a fim de promover uma determinada
de serviços públicos, pois pela sua grande importân- utilidade, de interesse para a Administração Pública,
cia, esses serviços não podem parar. ou para a coletividade. 345
Trata-se de uma avença com uma obrigação de de obra pública, ou ainda o uso de bem público. Con-
fazer, podendo ser dividida em: cessão de serviço público é o contrato pelo qual a Admi-
nistração promove a prestação indireta de um serviço,
z Serviços comuns: são os serviços que podem ser delegando-o a particulares. Exemplos: a construção de
realizados por qualquer pessoa, não se exige conhe- linha ferroviária ou metrô para transporte de passageiros,
cimentos específicos; transmissão áudio sonora (rádio) ou por imagens e sons
z Serviços técnicos profissionais generalizados: são (televisão) etc. Possui previsão legal na Lei n° 8.987/1995
aqueles que, para a execução do serviço, é necessária (Lei de Concessões dos Serviços Públicos), bem como pre-
alguma habilitação específica, como serviço de cons- visão constitucional no art. 175 da CF/1988. Vejamos:
trução que deve ser feito por algum engenheiro;
z Serviços técnicos profissionais especializados: Art. 175 Incumbe ao poder público, na forma da
são os que exigem conhecimentos mais apurados lei, diretamente ou sob regime de concessão ou per-
e específicos para a execução do serviço, como na missão, sempre através de licitação, a prestação de
elaboração de um parecer técnico; serviços públicos.
z Trabalhos artísticos: que tem relação com ativida- Parágrafo único. A lei disporá sobre:
des artísticas, como escultura, pintura, música etc. I - o regime das empresas concessionárias e permis-
sionárias de serviços públicos, o caráter especial de
São exemplos de contratos administrativos de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
prestação de serviços: coleta de lixo, instalação, ope-
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da
ração, reparação, manutenção, transporte de bens,
concessão ou permissão;
trabalhos técnico-profissionais etc.
Lei n° 8.987/1995
Contrato de Fornecimento
Art. 2° Para os fins do disposto nesta Lei,
considera-se:
É o contrato pelo qual a Administração adquire
[...]
bem móvel para sua utilização nas repartições públi-
cas ou em estabelecimentos públicos. Exemplos: con- II - concessão de serviço público: a delegação de sua
trato de fornecimento de alimentos para escolas de prestação, feita pelo poder concedente, mediante
rede pública. Apresentam-se em três vertentes: licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa
jurídica ou consórcio de empresas que demonstre
z Fornecimento integral: a entrega do bem é reali- capacidade para seu desempenho, por sua conta e
zada toda de uma vez só; risco e por prazo determinado;
z Fornecimento parcelado: a entrega é feita em fra-
ções, obedecendo uma programação previamente Dessa forma, podemos concluir que a prestação do
estabelecida. O fornecimento é considerado encer- serviço público pode ocorrer diretamente pela Admi-
rado somente com a entrega da última “parcela”; nistração Pública, ou indiretamente, mediante dele-
z Fornecimento contínuo: não há um prazo fixo gação do serviço a concessionários e permissionários
para se encerrar, o fornecimento se estende ao lon- que, por expressa determinação legal, necessitam de
go do tempo. prévio procedimento de licitação.
Contrato de Obra Pública A concessão de serviço público é contrato admi-
nistrativo bilateral, o que significa que depende,
Consiste no ajuste em que a Administração escolhe para a sua formação, além dos requisitos essenciais a
uma empresa privada com o objetivo de realizar a cons- todo negócio jurídico dispostos no art. 104 do Código
trução, ampliação, ou reforma de bem imóvel destina- Civil (agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou
do ao público, ou em prol do interesse público. As obras não defesa em lei), a convergência de vontades distin-
públicas poderão ser: de equipamento urbano; equipa- tas. Temos de um lado o poder concedente, que tem
mento administrativo; empreendimento de utilidade por objetivo a execução do serviço público em prol
pública; ou ainda um edifício público. Obra não se con- da coletividade; e do outro, a entidade concessionária
funde com prestação de serviço, pois as obras podem ser
que deve executar o serviço, com o objetivo de lucrar
remuneradas mediante contribuição de melhoria junto
aos contribuintes, enquanto que o serviço só pode ser mediante a arrecadação de tarifas dos usuários bene-
cobrado mediante arrecadação de taxas. ficiados com aquele serviço. O contrato deve ser obri-
Uma característica importante é o regime pelo gatoriamente por escrito, e rege-se pelas regras de
qual o contrato de obra pública pode adotar: Direito Administrativo.
Ao mencionar a transferência para pessoa jurídi-
z Regime de empreitada: a Administração põe a ca privada, quis o legislador que a delegação do ser-
execução da obra por conta e risco do contratado, viço não pudesse, em regra, ser feita a pessoas físicas,
mediante uma remuneração previamente ajusta- mas somente à empresa ou a um consórcio de empre-
da. As obras são de grande porte; sas. É o caso, por exemplo, da Sabesp, que é uma socie-
z Regime de tarefa: nessa modalidade, as obras são dade de economia mista, na prestação do serviço de
de pequeno porte e o pagamento pelo serviço é
abastecimento de água no Estado de São Paulo.
periódico e realizado após um processo de avalia-
ção por um fiscal do órgão contratante. Essa modalidade de contrato tem por objeto a pres-
tação de serviço público. A delegação ocorre apenas
Contrato de Concessão de Serviço Público sobre a execução do serviço, nunca sobre sua titulari-
dade, que continua sendo do poder concedente.
O termo “concessão” é empregado para designar Além dessas características gerais, convém anali-
a atividade da Administração Pública de delegar ao sar outros aspectos típicos dos contratos de concessão
346 particular a prestação de um serviço, ou a execução de serviço:
z Procedimento de licitação: antes da concessão do explícito no contrato, o poder concedente pode
serviço público, é obrigatório o procedimento lici- requisitar a paralisação da execução, por exemplo.
tatório na modalidade de concorrência (art. 2°, II, z Aplicar as penalidades previstas na lei e/ou no
da Lei n° 8.987/1995). É possível, também, que haja contrato. As penalidades pela inexecução do ser-
a inversão das fases de habilitação e julgamento viço público estão previstas no art. 87 da Lei n°
das propostas, assimilando-se mais com a modali- 8.666/1993, podendo variar de uma simples adver-
dade de pregão (art. 18-A, idem); tência, multa, ou até mesmo uma declaração
z Exigência de lei específica: o legislador é quem de inidoneidade para licitar ou contratar com a
decide a forma específica para a prestação do ser- Administração Pública enquanto perdurarem os
viço público. Deve haver a promulgação de lei na motivos determinantes da punição ou até que seja
qual a matéria seja unicamente o regramento da promovida a reabilitação;
concessão do referido serviço; z Possibilitar reajustes e a revisão das tarifas cobra-
z Concessionário assume à prestação do serviço das. A revisão é uma ferramenta que pode ser
por sua conta: significa dizer que, quaisquer danos
utilizada tanto na fase de estipulação do contra-
decorrentes da execução do serviço público são de
to, como na fase de execução do serviço público.
responsabilidade da empresa concessionária.
Se restar comprovado que a tarifa de um serviço
público tornou-se muito alta, é possível realizar
O STF, no julgamento do RE n° 591.874/MS, em agosto
alguns ajustes. Contudo, esses ajustes geralmente
de 2009, adotou o entendimento de que a concessioná-
são muito pequenos, e geralmente costumam ser
ria prestadora do serviço público tem responsabilidade
objetiva e direta de indenizar os danos causados tanto para elevar o preço da tarifa, e não para diminuí-la;
pelos usuários, quanto por terceiro não-usuários do z Atender as reclamações e outras queixas advindas
referido serviço. Responsabilidade objetiva é aquela dos usuários, zelando pela boa qualidade do servi-
em que não incumbe à vítima a necessidade de com- ço. Não faria muito sentido os usuários mandarem
provar a existência do dolo ou culpa do agente infrator. suas reclamações pela má qualidade do serviço
Responsabilidade direta significa admitir, no caso, que prestado para a concessionária que está executan-
o Estado, como poder concedente, está indiretamente do o referido serviço. Tais reclamações são recebi-
obrigado a reparar os danos causados na execução de das pelo superior na linha hierárquica, para que
serviço público, possuindo responsabilidade subsidiá- ele possa tomar as medidas cabíveis;
ria. Isso significa que a Administração só será obrigada z Declarar os bens necessários à execução do serviço
a indenizar caso a entidade concessionária não possua de necessidade ou utilidade pública. Pode ocorrer
condições e patrimônio suficientes para arcar com as que a concessionária, para equilibrar o seu patri-
despesas da indenização por conta própria. mônio, pretenda promover a alienação de um ou
mais bens. Porém, o poder concedente pode atri-
z Prazo determinado: o contrato de concessão deve buir alguns limites, declarando esses bens como
possuir um termo final, sendo inadmissível sua de necessidade, ou de utilidade pública. Dessa for-
celebração por prazo indeterminado. Há a possibi- ma, esses bens tornam-se inalienáveis, e também
lidade de prorrogação do contrato; impenhoráveis, o que significa que a concessioná-
z Cobrança de tarifas aos usuários: essa é a forma ria não pode se dispor deles livremente.
pela qual a concessionária deve ser remunerada
na concessão do serviço público. As tarifas não Obrigações da Concessionária
possuem natureza tributária: são uma contrapres-
tação contratual, devida a todas as pessoas que uti- Incumbe à concessionária do serviço público (art.
lizarem o serviço prestado. A legislação impõe que 31 da Lei n° 8.987/1995):
as tarifas a serem cobradas devem ser módicas,
sendo um dos critérios de julgamento da fase de
z Prestar o serviço de maneira adequada, utilizan-
licitação (art. 15, I, da Lei n° 8.987/1995).
do-se de técnicas específicas de seu conhecimento,
nos casos previstos na lei ou no contrato. Essa é a
Obrigações do Poder Concedente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
tarefa primordial, óbvio, pois a concessionária é a
responsável pela execução do serviço público;
Apesar da execução do serviço público não ser fei-
z Prestar contas da gestão do serviço ao poder con-
ta pelo poder concedente, a legislação (art. 29 da Lei
cedente e aos usuários. É formada uma relação de
n° 8.987/1995) prevê outras obrigações para o Estado.
hierarquia entre o poder concedente e o conces-
São deveres do poder concedente:
sionário. Por isso, este deve prestar contas de seus
z Regulamentar e fiscalizar a execução do serviço atos ao seu superior, devendo informar se a gestão
concedido. A fiscalização é uma forma de exercício do serviço público está ocorrendo corretamente,
de controle da execução do serviço público, pois se não há nenhuma falha ou defeito etc;
por mais que o Estado não esteja realizando a exe- z Cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e
cução do serviço per si, nada impede que ele não as cláusulas contratuais, havendo possibilidade
possa fiscalizar se a execução está ocorrendo de de pedir indenização pela inexecução do contrato.
forma correta. Ele pode mandar um agente vincu- É tarefa do concessionário exigir que tudo aquilo
lado a Administração, ou um terceiro contratado avençado no contrato se torne realidade. Assim, se
justamente para esse fim; o poder concedente se recusar a lhe outorgar algo
z Intervir na execução do serviço, nos casos previs- estabelecido em contrato, ou se o valor da remu-
tos em lei. A intervenção advém do próprio ato neração não for igual àquele avençado, poderá o
de fiscalização: se a execução do serviço não se concessionário pedir a rescisão do contrato, com
mostrar adequada ou estiver conforme o que foi pagamento de indenização pelo Poder Público; 347
z Promover desapropriações e construir servidões Não parece correto admitir que a permissão seja
administrativas, mediante autorização do poder uma espécie de contrato regulado por normas de Direi-
concedente. Essas são formas de intervenção do to Privado com princípios completamente distintos
Estado na propriedade privada. Pode ocorrer que dos princípios administrativos. Todavia, há diversos
o concessionário, para a melhor execução de um autores que admitem tal possibilidade, inclusive o pró-
serviço, precise ocupar um espaço de propriedade prio Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI
de um particular, seja para fins de desapropriação, n° 1.491/1990. Por isso, para todos os efeitos, é melhor
ou uma outra forma de intervenção mais branda, afirmar que se trata de uma modalidade contratual sui
como construir uma servidão. Todas essas hipó- generis.
teses são possíveis, desde que mediante prévia Importante destacar as diferenças entre permissão
autorização, e também desde que haja uma inde- e a concessão de serviço público, que podem determi-
nização do particular, que teve sua propriedade nadas com base nos seguintes requisitos:
privada obstruída;
z Captar, aplicar e gerir os recursos financeiros neces- z Quanto à natureza jurídica: a permissão é uni-
sários à prestação do serviço. Todos os encargos do lateral, enquanto a concessão é contrato bilateral.
serviço público ficam a cargo do concessionário. z Quanto aos beneficiários: qualquer pessoa pode
ser permissionária, mas somente as pessoas jurídi-
Logo, faz parte dessa lógica que ele deve ter poder de
cas (empresas) podem ser concessionárias.
decisão sobre os recursos econômicos e financeiros
z Quanto ao aporte de capital: a concessão exige
relacionados com a prestação do serviço público.
maior aporte de capital, a permissão admite inves-
timentos de pequeno ou médio porte.
Permissão de Serviço Público
z Quanto à licitação: a concessão deve ser prece-
dida de licitação na modalidade de concorrência.
A permissão é outra forma da Administração Públi-
Não há essa exigência para a permissão.
ca de delegar a execução de serviço público para os
z Quanto à forma da outorga: a concessão se dá
particulares, também possui previsão no art. 175 da
mediante promulgação de lei específica. A permis-
CF/1988 e na Lei n° 8.987/1995. A permissão é unila- são necessita apenas de autorização legislativa.
teral, discricionária, precária, e intuitu personae
(personalíssima), promove a delegação do serviço Contrato de Gerenciamento
público mediante prévia licitação para um particular
denominado permissionário. Contrato de gerenciamento é aquele em que a
Questão controvertida é a natureza jurídica da Administração transfere a um particular (gerencia-
permissão. Após a Constituição de 1988, o direito bra- dor) a condução de um empreendimento, havendo
sileiro passou a tratar a permissão como se fosse um reserva de competência decisória final. O que difere
contrato de adesão, como se depreende da leitura do essa modalidade do contrato de construção de obra,
inciso I do parágrafo único do art. 175 da Carta Magna: ou da prestação de serviço, é o fato do gerenciador
possuir maior autonomia executória para o desenvol-
“I - o regime das empresas concessionárias e per- vimento de suas tarefas. O Estado apenas atuará no
missionárias de serviços públicos, o caráter espe- controle dos resultados almejados pelo gerenciador.
cial de seu contrato e de sua prorrogação, bem O gerenciador deve exercer uma atividade especiali-
como as condições de caducidade, fiscalização e zada, atuando em nome próprio e por sua conta na
rescisão da concessão ou permissão”. execução das obrigações contratuais.

Todavia, contrato de adesão é remetente aos con- Contrato de Gestão


tratos de Direito Privado, principalmente nas relações
de consumo. Tal modalidade de contrato é elaborado Contrato de gestão é termo utilizado para designar,
unilateralmente pelo fornecedor, obrigando à parte de modo amplo e genérico, qualquer acordo entre o
aderente apenas manifestar o seu aceite. Trata-se de Poder Público e as organizações sociais ou agências
uma característica presente também nos contratos executivas, a fim de fixar metas de desempenho, com-
administrativos: as regras enclausuradas no contra- prometendo-se a assegurar maior autonomia e liber-
to administrativo são unilateralmente elaboradas dade gerencial para tais associações, promovendo
pelo poder concedente, antes mesmo do processo de maior controle na produção dos resultados (art. 5°
licitação. da Lei n° 9.637/1998). Tal modalidade contratual foi
A confusão se estende ainda mais no âmbito legis- introduzida no ordenamento jurídico brasileiro, pri-
lativo, como ocorre no art. 40 da Lei n° 8.987/1995, ao meiro, pela EC n° 19/1998, possuindo características
dispor que a permissão típicas do modelo de administração gerencial.
A finalidade do contrato de gestão é, nos termos do
“será formalizada mediante contrato de adesão, art. 5° da Lei n° 9.637/1998, promover o fomento e a
que observará os termos desta Lei, das demais nor- execução de atividades relativas ao ensino, à pesqui-
mas pertinentes e do edital de licitação, inclusive sa científica, à preservação do meio ambiente, à saú-
quanto à precariedade e à revogabilidade unilate- de, à cultura etc. No contrato de gestão deve constar,
ral do contrato pelo poder concedente”. além das obrigações e encargos do Poder Público e das
organizações sociais, a especificação do programa de
Esse dispositivo não faz o menor sentido, uma vez trabalho, bem como os limites e critérios a título de
que, de modo geral, dispõe que a permissão é uma remuneração dos dirigentes e membros das organiza-
348 espécie de “contrato precário”. ções (art. 7°, I e II, da Lei n° 9.637/1998).
Termo de Parceria Em relação a vedações, o art. 2°, § 4°, da Lei n°
11.079/2004 determina três hipóteses em que não é
Trata-se de acordo firmado entre a Administra- possível a celebração de parceria público-privada:
ção e as organizações da sociedade civil de interesse quando o valor contratual for inferior a vinte milhões
público (OSCIPs), estabelecendo um vínculo de coope- de reais; quando o período da prestação do serviço
ração, fomento e execução de atividades consideradas for inferior a cinco anos; ou nas hipóteses de forneci-
de interesse público (art. 9° da Lei n° 9.790/1999). Seus mento de mão de obra, instalação de equipamentos, e
objetivos e modo de operação são bastante similares construção de obra pública.
aos contratos de gestão celebrado com as organiza-
ções sociais, pois no termo de parceria também há a Consórcio Público
busca por um controle de resultados, característica
essencial do modelo de administração gerencial. Consórcio público é o contrato administrativo multi-
lateral, firmado entre as entidades federativas, que tem
Parceria Público-Privada a finalidade de perseguir objetivos comuns.
Do consórcio, há um processo de criação de uma
nova pessoa jurídica que pode ser de direito público
As Parcerias Público-Privadas (PPPs) são instru-
(associação pública), ou de direito privado, atendendo
mentos contratuais elaborados pela Administração
os requisitos da legislação civil, nos termos do art. 6° da
a fim de incentivar o investimento privado no setor
Lei n° 11.107/2005.
público, mediante a repartição dos riscos entre o
Possui fundamento legal no art. 241 da CF/1988:
Poder Público (parceiro público) e o investidor parti-
cular (parceiro privado).
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
Na verdade, as PPPs são uma modalidade de con-
cípios disciplinarão por meio de lei os consórcios
trato de concessão especial, uma vez que os riscos do
públicos e os convênios de cooperação entre os entes
negócio são menores para a entidade privada, o que tra- federados, autorizando a gestão associada de ser-
duz em uma grande vantagem para a mesma. O Estado, viços públicos, bem como a transferência total ou
nessa modalidade contratual, deve garantir o retorno do parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essen-
investimento privado resultante da parceria celebrada. ciais à continuidade dos serviços transferidos”.
As PPPs surgem no ordenamento jurídico por meio
da Lei n° 11.079/2004. Na época, as concessões estavam Com a finalidade de regulamentar o referido dispo-
em grande declínio, pois a falta de recursos públicos, sitivo constitucional, a Lei n° 11.107/2005 dispõe sobre
somados ao grande crescimento do capitalismo finan- a celebração dos consórcios públicos.
ceiro, acabaram forçando o Estado a adotar novas A Lei dos Consórcios Públicos (Lei n° 11.107/2004)
medidas para tornar a prestação de serviços públicos estabelece alguns requisitos essenciais que devem
um negócio mais atrativo. A distribuição de riscos foi constar como cláusulas obrigatórias do consórcio públi-
elemento essencial para atrair investimentos privados. co. Encontram-se dispostas no art. 4° da referida Lei.
Com base nesse contexto histórico, podemos con- Devem constar em todo contrato de consórcio público
ceituar as PPPs como uma modalidade especial de dados relevantes como a identificação dos entes da
contrato administrativo de concessão, com prazo
Federação, a área de atuação do consórcio, as normas
determinado entre cinco e trinta e cinco anos, cujo
de funcionamento da assembleia geral, o número e as
capital objeto do contrato seja de valor superior a
formas de remuneração dos empregados públicos, as
R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais), median-
condições em que o consórcio deve celebrar convênios,
te prévia licitação na modalidade de concorrência,
contratos de gestão e termos de parceria, entre outros.
tendo como característica fundamental a repartição
dos riscos entre o Poder Público e o parceiro privado.
Contrato de Convênio (Convênio Administrativo)
Também é característica primordial dessa parceria a
criação de uma sociedade de fim específico, que é
A transferência de recursos da União para os
uma pessoa jurídica privada criada justamente para
demais entes federativos, mediante convênios e con-
implantar e gerir o objeto da parceria.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
trato de repasse, é matéria regulamentada pelo Decre-
As Parcerias Público-Privadas comportam duas
espécies: to n° 6.170, de 25 de julho de 2007.
A definição de convênio está contida no § 1° do art. 1°
do referido Decreto, in verbis:
z Concessões administrativas: na maioria dos
casos, a concessão patrocinada é utilizada quando a
Art. 1° [...]
Administração é usuária direta ou indireta do servi-
§ 1° Para os efeitos deste Decreto, considera-se:
ço prestado pelo investidor privado. Por ser autos-
I - convênio - acordo, ajuste ou qualquer outro ins-
suficiente na geração de recursos, ou uti universi, é
trumento que discipline a transferência de recursos
incabível a cobrança de contraprestação pelo par-
financeiros de dotações consignadas nos Orçamen-
ceiro público (art. 2°, § 2°, da Lei n° 11.079/2004); tos Fiscal e da Seguridade Social da União e tenha
z Concessões patrocinadas: é aquela em que o servi- como partícipe, de um lado, órgão ou entidade da
ço prestado pelo investidor privado não é autossufi- administração pública federal, direta ou indireta, e,
ciente, não sendo financeiramente sustentável por si de outro lado, órgão ou entidade da administração
próprio, ou uti singuli. Para tanto, o parceiro público pública estadual, distrital ou municipal, direta ou
deverá remunerar o parceiro privado em pecúnia indireta, ou ainda, entidades privadas sem fins lucra-
(art. 2°, § 1°, da Lei n° 11.079/2004). Isso significa que tivos, visando a execução de programa de governo,
há duas fontes de receita para o investidor privado: envolvendo a realização de projeto, atividade, servi-
uma é a tarifa cobrada pelo usuário, e a outra advém ço, aquisição de bens ou evento de interesse recípro-
de contraprestação pelo parceiro público. co, em regime de mútua cooperação; 349
Convênio, assim, é o acordo celebrado entre Outra diferença interessante é que os consórcios
entidades públicas de qualquer tipo (União com um devem obrigatoriamente ser celebrados por entidades
Estado, um Estado com um Município, a União com da Federação, ou seja, não cabe a iniciativa privada nos
o Distrito Federal etc.), ou ainda entre eles e alguma consórcios públicos, o que não ocorre com os convê-
entidade particular, a fim de promover uma coopera- nios. Além disso, dos consórcios resultam a criação de
ção entre os conveniados para almejarem um objetivo uma pessoa jurídica nova e autônoma, nos termos da
de interesse comum a todos. No caso, a doutrina cos- Lei n° 11.107/2004, o que não ocorre com os convênios.
tuma nomear essa espécie de convênio administrati- Recomenda-se uma leitura do referido Decreto n°
vo, pois pelo menos uma das partes é uma entidade da 6.170/2007, na sua íntegra, para uma compreensão mais
Administração Pública. ampla e incisiva sobre os convênios administrativos.
Suponha que em um determinado Município, a
violência e a falta de segurança é um problema muito
grande, em que apenas as forças policiais locais não
têm condições suficientes de manter a ordem.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Sendo assim, é possível que a polícia civil daquele
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Considerando as normas
Município realize um convênio com a polícia militar,
gerais para licitação e contratação de parceria público-
ou outra força policial dentro do Estado onde se situa
-privada, assinale a opção correta.
o Município, para que ambos possam cooperar com
estratégias, entrega de suprimentos para combater o
crime nas ruas. Assim, os convênios são vistos como a) A sociedade de propósito específico deverá assumir a
formas usuais de concretizar incentivos, procurando forma de companhia aberta.
favorecer a iniciativa privada de interesse público por b) O edital de contratação poderá prever leilão a viva voz,
meio de atividade estatal denominada fomento. depois da abertura das propostas escritas.
Contudo, o art. 2° do referido Decreto traz veda- c) A administração pública deverá ser acionista majoritá-
ções importantes, pois existem alguns casos em que ria da sociedade de propósito específico.
não é permitido realizar convênios e contratos de d) A contratação de parceria público-privada será prece-
repasse. Observe o texto legal, in verbis: dida por processo de licitação na modalidade convite.
e) O limite de garantia concedido pela União aos estados
Art. 2° É vedada a celebração de convênios e con- incluirá as despesas de contratos de parceria celebra-
tratos de repasse:
dos por toda a administração direta e indireta.
I - com órgãos e entidades da administração públi-
ca direta e indireta dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios cujos valores sejam inferiores aos Em “a”: Errado – A sociedade de propósito especí-
definidos no ato conjunto previsto no art. 18 fico poderá (não é obrigatório) assumir forma de
II - com entidades privadas sem fins lucrativos que companhia aberta.
tenham como dirigente agente político de Poder ou Em “b”: Certo - O fundamento da resposta encontra-
do Ministério Público, dirigente de órgão ou enti- -se na Lei das PPPs (Lei n° 11.079/2004), mais espe-
dade da administração pública de qualquer esfera
cificamente no inciso III do art. 12, o qual dispõe: o
governamental, ou respectivo cônjuge ou compa-
nheiro, bem como parente em linha reta, colateral edital definirá a forma de apresentação das propos-
ou por afinidade, até o segundo grau; e tas econômicas, admitindo-se: a) propostas escritas
III - entre órgãos e entidades da administração em envelopes lacrados; ou b) propostas escritas,
pública federal, caso em que deverá ser observado seguidas de lances em viva voz. Os lances em viva
o art. 1°, § 1°, inciso III; voz serão sempre oferecidos na ordem inversa da
IV - com entidades privadas sem fins lucrativos que classificação das propostas escritas, e o edital não
não comprovem ter desenvolvido, durante os últi-
poderá limitar a quantidade de lances.
mos três anos, atividades referentes à matéria obje-
to do convênio ou contrato de repasse; e Em “c”: Errado – Pois é vedado a Administração Públi-
V - com entidades privadas sem fins lucrativos ca ser acionista majoritária da sociedade de propósito
que tenham, em suas relações anteriores com a específico (art. 9°, § 4°, Lei n° 11.079/2004.
União, incorrido em pelo menos uma das seguintes Em “d”: Errado – A contratação de PPP será precedida
condutas: de licitação na modalidade concorrência (art. 10, idem).
a) omissão no dever de prestar contas; Em “e”: Errado – Pois segundo o art. 28, § 2, da
b) descumprimento injustificado do objeto de con-
Lei n° 11.079/2004, o limite de repasses feitos pela
vênios, contratos de repasse ou termos de parceria;
c) desvio de finalidade na aplicação dos recursos União aos Estados, Municípios e Distrito Federal
transferidos; serão computadas as despesas derivadas de con-
d) ocorrência de dano ao Erário; ou tratos de parceria celebrados pela administração
e) prática de outros atos ilícitos na execução de con- pública direta, autarquias, fundações públicas,
vênios, contratos de repasse ou termos de parceria. empresas públicas, sociedades de economia mista
VI - cuja vigência se encerre no último ou no pri- e demais entidades controladas, direta ou indireta-
meiro trimestre de mandato dos Chefes do Poder
mente, pelo respectivo ente, excluídas as empresas
Executivo dos entes federativos.
estatais não dependentes. Resposta: Letra B.
Embora seja similar ao consórcio, os dois institutos
não se confundem, pois os convênios não são consi- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Em uma licitação, o ato
derados contratos. Primeiro, porque nos consórcios (e de adjudicação
nos demais contratos), temos um acordo de vontades
opostas, com interesses distintos entre as partes. No a) ocorre quando a autoridade gestora verifica se o pro-
caso dos convênios, os “partícipes” possuem o mesmo cesso licitatório ocorreu de acordo com a lei e com o
350 objetivo (por isso a utilização do termo “cooperação”). edital.
b) consiste em verificar se o produto oferecido pelos lici- o cumprimento de uma função social, o impedimento
tantes está de acordo com o que é indicado no edital, do desmatamento desnecessário, entre outros.
momento em que é gerada uma classificação com as
melhores condições em primeiro lugar. A finalidade do desenvolvimento nacional sus-
c) consiste na entrega do objeto da licitação ao vencedor tentável foi primeiramente denotada pela doutrina,
do certame. porém, podemos perceber várias medidas novas na
d) consiste na validação das condições fiscais, econômi- legislação adotadas no procedimento licitatório que
cas, técnicas e trabalhistas dos licitantes. evidenciam essa nova faceta do mesmo. Dentre essas
e) ocorre quando a área jurídica da organização autoriza medidas, destaca-se a referência para os produtos
a publicação do edital licitatório. manufaturados, pela indústria nacional (art. 6°, XVII,
Lei n° 8.666/1993) e a produção interna, bem como os
Em “a”: Errado – Pois descreve o procedimento da produtos manufaturados e serviços nacionais (art. 6°,
homologação. XVIII, Lei n° 8.666/1993) resultantes de desenvolvi-
Em “b”: Errado – Pois ela descreve a etapa do julga-
mento e realizações tecnológicas no País. Pode haver,
mento das propostas.
inclusive, uma equiparação entre os produtos e ser-
Em “c”: Certo – A adjudicação é exatamente isso: é
viços nacionais com aqueles prestados pelo Mercado
a última etapa da fase externa da licitação, em que
Comum do Sul (Mercosul).
temos a entrega do objeto da licitação para o com-
Sobre a natureza jurídica, a doutrina classifica,
petidor vencedor. A adjudicação dá uma expectativa
de forma quase unânime, a licitação como um pro-
de direito ao vencedor do certame de elaborar con-
cedimento administrativo. É um procedimento, uma
trato com a Administração Pública.
vez que se manifesta por uma sequência ordenada de
Em “d”: Errado – Pois descreve a etapa da habilita-
atos. Não pode ser considerado um processo, pela ine-
ção dos licitantes.
xistência de partes litigantes. A ênfase em dizer que
Em “e”: Errado – Pois descreve uma etapa da fase
a licitação é um procedimento administrativo advém
interna da licitação (a adjudicação é ato da fase
do fato de que, por muito tempo, houve quem susten-
externa da licitação), que se encerra com a publica-
tasse ser a licitação um instituto de Direito Financei-
ção do edital. Resposta: Letra C.
ro, e não de Direito Administrativo. Essa diferença no
enquadramento do instituto implicava em uma alte-
LICITAÇÃO LEI N° 8.666/1993
ração dos princípios aplicáveis e a mudança da com-
petência para editar leis sobre a matéria.
Noções Gerais de Licitação
Sobre a competência legislativa do instituto, o
art. 22, XXVII, da CF/1988 atribui como competência
A Administração tem a faculdade de realizar con-
privativa da União legislar sobre normas gerais de
tratos com particulares. Porém, ao contrário do que
licitação e contratações, em todas as modalidades,
ocorre na esfera privada, o Poder Público não pode
escolher livremente quem deve contratar, seja para a para as administrações públicas diretas, indiretas,
compra e fornecimento de materiais ou para a pres- autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
tação de um serviço com relevante interesse públi- Federal e Municípios. Todavia, a doutrina denota que,
co. Por ser uma pessoa jurídica de direito público, em se tratando de competência da União para editar
os imperativos da isonomia, da impessoalidade e “normas gerais”, cabe aos Estados, aos Municípios e
da indisponibilidade do interesse público obrigam ao Distrito Federal a edição de regras específicas para
a Administração à realização de um processo públi- suplementar essas normas gerais. Por isso, a doutrina
co para a seleção mais imparcial possível da melhor crê que a competência para legislar sobre licitações,
proposta, garantindo igualdade de condições a todos na verdade, é concorrente, e o referido dispositivo
que queiram concorrer para a eventual celebração do deveria estar expresso no art. 24 da CF/1988.
contrato. Esse é o processo denominado licitação, pre- Por ser um tema bastante técnico e preciso, o
visto no art. 37, XXI, da Constituição Federal. conhecimento da lei seca é essencial para qualquer
Assim, podemos conceituar a licitação como o procedi- concursando. A matéria legislativa sobre o procedi-

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


mento administrativo em que ocorre a seleção da melhor mento licitatório, na realidade, é bastante vasta. Pro-
proposta, de modo imparcial a todos os interessados. curamos dar maior destaque à Lei n° 8.666/1993, que
As finalidades das licitações são diversas, algumas dispõe sobre as normas gerais de licitação, e à Lei n°
dispostas no art. 3° da Lei n° 8.666/1993. Segundo o refe- 10.520/2002, que introduziu o pregão como uma nova
rido dispositivo legal, a licitação tem por finalidade: modalidade de licitação a todos os entes federativos.
Todavia, também gostaríamos de destacar outros ins-
z Buscar a melhor proposta, promovendo maior com- trumentos legais, como a Lei n° 8.883/1994, a Lei n°
petitividade entre os potenciais contratados, com a 11.079/2004, que institui as Parcerias Público-Privadas
finalidade de almejar o negócio mais vantajoso; ou PPPs, a Lei n° 9.472/1997 que institui duas modali-
z Oferecer uma igualdade de condições aos interes- dades de licitação exclusivas da ANATEL, o pregão e a
sados em contratar com o Poder Público, em aten- consulta; e o Decreto n° 9.412/2018, que atribui novos
dimento à isonomia e à impessoalidade, desde que valores quanto ao preço de algumas formas licitatórias.
atendam as condições previamente fixadas no ins-
trumento convocatório; e LEI GERAL DE LICITAÇÕES – LEI N° 8.666/1993
z A promoção do desenvolvimento nacional sus-
tentável, introduzido posteriormente pela Lei n° Como forma de regulamentar o inciso XXI do art. 37
12.349/2010, envolvendo aspectos econômicos, sociais da CF/1988, a Lei de Licitações (Lei n° 8.666/1993) é uma
e ambientais. Infere-se, com isso, que as licitações lei de âmbito nacional que institui normas gerais sobre
atualmente podem apresentar outros objetivos, como licitações e contratações feitas pela Administração 351
Pública, sendo aplicável a todos os entes da Federação. Federal, subordinam-se ao regime desta Lei, além dos
Importante, por isso, conhecer os seus principais dispo- órgãos da Administração Direta, os fundos especiais,
sitivos, bastante exigidos em concursos públicos. as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e demais
Pressupostos da licitação entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Ressalvadas as hipóteses de contratação direta defini- Assim, de modo geral, pode-se dizer que
das na legislação, a celebração de contratos administrati- todos os entes públicos tem um dever de licitar,
vos exige a prévia realização de procedimento licitatório. compreendendo:
Considerando ser uma disputa que visa a obtenção da
melhor proposta à luz do interesse público, a licitação só z Os entes da Administração Pública Direta, União,
pode ser instaurada mediante o preenchimento de certos Estados, Municípios, Distrito Federal;
pressupostos, que podem ser definidos como: z As autarquias, fundações, e agências reguladoras,
enfim, as pessoas jurídicas de direito público da
z Pressuposto lógico: para ocorrer um procedimen- Administração Indireta;
to licitatório, faz parte da sua lógica a existência z As empresas públicas e as sociedades de economia
de pluralidade de objetos e de ofertantes, sem os mista;
quais torna inviável a competitividade inerente z O Poder Legislativo;
da licitação. Ausente o pressuposto lógico, a licita- z O Poder Judiciário;
ção torna-se inexigível. É o caso, por exemplo, da z O Ministério Público;
compra de equipamentos fornecidos por produtor z O Tribunal de Contas;
exclusivo (art. 25, I, Lei n° 8.666/1993). z As fundações de apoio;
z Pressuposto Jurídico: caracteriza-se pela conve- z As organizações do sistema S; etc.
niência e oportunidade do procedimento licitató-
rio. A licitação deve ser útil e trazer vantagem para Todos esses entes, de certa forma, fazem parte da
a Administração, bem como atender ao interesse Administração Pública, seja porque integram o seu
público. Caso contrário, é preferível uma contra- quadro de pessoas, seja porque prestam serviços de
tação direta. A ausência desse pressuposto torna relevante interesse público.
a licitação inexigível ou dispensável. É o caso, por Todavia, alguns desses entes públicos apresentam
exemplo, da compra de bens de valor inferior a R$ certas particularidades que os dispensam do dever de
330.000,00 (trezentos e trinta mil reais). licitar. No caso das Organizações Sociais (OS), o art.
z Pressuposto Fático: por razões óbvias, é também 24, XXIV da Lei n° 8.666/1993 prevê expressamente a
imprescindível o comparecimento dos interessa- dispensa de licitação para a celebração de contratos
dos em participar da licitação. Se ninguém com- de gestão com as OS, pois, apesar de serem entidades
parecer, ou se ninguém apresenta uma proposta privadas, o tipo de atividade que exercem entende-se
válida (que atenda aos requisitos exigidos no edi- não ser exigível à licitação. No caso das Organizações
tal), a licitação é considerada deserta ou fracassa- da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs),
da, respectivamente. A ausência do pressuposto apesar de não haver previsão expressa, por ser ins-
fático implica em dispensa da licitação, na forma tituto similar à OS, entende-se também que não há o
do art. 24, V, da Lei n° 8.666/1993. dever de licitar, exceto para obras, compras, serviços
z Pressuposto Orçamentário: alguns autores tam- e alienações contratados por entidades com recursos
bém elencam a obediência ao orçamento público ou bens repassados voluntariamente pela União (art.
como um pressuposto essencial do procedimento 1°, Decreto n° 5.504/2006).
licitatório. Nos termos do art. 7°, § 2°, III e IV, da Lei
de Licitações, as obras e os serviços somente pode-
rão ser licitados quando houver previsão de recur- Importante!
sos orçamentários que assegurem o pagamento
das obrigações decorrentes de obras ou serviços a As autarquias profissionais possuem o dever de
serem executadas no exercício financeiro em curso, licitar. Contudo, isso não se aplica à OAB. O STF
de acordo com o respectivo cronograma; bem como pacificou entendimento de que a OAB não é uma
quando o produto dela esperado estiver contempla- autarquia, mas uma entidade sui generis. Por
do nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de isso a OAB não é obrigada a licitar.
que trata o art. 165 da Constituição Federal, quando
for o caso. Vale destacar, também, o texto do art. 14
da mesma Lei, que dispõe que nenhuma compra Outro ponto que merece destaque é a questão das
será feita sem a adequada caracterização de seu empresas públicas e sociedades de economia mis-
objeto e indicação dos recursos orçamentários para ta. Pelo texto constitucional (art. 173, § 1°, CF/1988), as
seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e res- empresas estatais possuem o dever de licitar. Porém,
ponsabilidade de quem lhe tiver dado causa. uma corrente na doutrina, defendida por Celso Antô-
nio Bandeira de Mello, surge com a questão das
O dever de licitar empresas estatais que realizam uma atividade econô-
mica. A obrigatoriedade de licitar, nesses casos, traria
A quem incumbe a obrigatoriedade de licitar? Essa uma grande desvantagem dessas empresas estatais,
é uma questão que apresenta diversos desdobramen- comparado com as demais empresas privadas. Por
tos na doutrina, e por isso, precisa ser melhor deta- isso, tal corrente defende que as empresas estatais
lhada. Segundo o parágrafo único do art. 1° da Lei n° que exercem atividade econômica não devem licitar.
8.666/1993, que apresenta um rol muito mais exten- O próprio art. 173, inclusive, faz menção apenas as
352 so do que o disposto no art. 37, XXI, da Constituição empresas prestadoras de serviço público.
Para efeitos didáticos, as empresas estatais não z Princípio do sigilo das propostas: nos termos do
precisam licitar durante o exercício de sua ativi- art. 43, § 1°, da Lei n° 8.666/1993, os envelopes con-
dade-fim, envolvendo a exploração de atividades tendo as propostas dos licitantes não podem ser
econômicas. Contudo, para as suas atividades-meio abertos, e seu conteúdo não pode ser divulgado
(contratação de funcionários de limpeza, vigilância antes do momento adequado.
etc.), é preciso licitar.
Sobre o objeto da licitação, o art. 2° da Lei n° O art. 6°, por sua vez, trata de algumas definições
8.666/1993 determina que a licitação será utilizada para iniciais que ajudam a ter uma melhor compreensão da
a compra de bens móveis e imóveis; a contratação de matéria. Para todos os efeitos dessa Lei, considera-se:
serviços, incluindo serviços de publicidade e seguro; a
realização de obras de engenharia; locação e alienação I  -  Obra  -  toda construção, reforma, fabricação,
de bens públicos; a outorga de concessão de serviços recuperação ou ampliação, realizada por execução
públicos; e a outorga de permissão de serviços públicos. direta ou indireta;
O art. 3°, por sua vez, dispõe sobre a finalidade da II  -  Serviço  -  toda atividade destinada a obter
determinada utilidade de interesse para a Admi-
licitação:
nistração, tais como: demolição, conserto, ins-
talação, montagem, operação, conservação,
“a licitação destina-se a garantir a observância do reparação, adaptação, manutenção, transporte,
princípio constitucional da isonomia, a seleção da locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos
proposta mais vantajosa para a administração e a técnico-profissionais;
promoção do desenvolvimento nacional sustentá- III  -  Compra  -  toda aquisição remunerada
vel e será processada e julgada em estrita confor- de bens para fornecimento de uma só vez ou
midade com os princípios básicos da legalidade, da parceladamente;
impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da IV - Alienação - toda transferência de domínio de
publicidade, da probidade administrativa, da vincu- bens a terceiros;
lação ao instrumento convocatório, do julgamento V  -  Obras, serviços e compras de grande vul-
objetivo e dos que lhes são correlatos”. to - aquelas cujo valor estimado seja superior a 25
(vinte e cinco) vezes o limite estabelecido na alínea
O o referido dispositivo faz uma menção dessa for- «c» do inciso I do art. 23 desta Lei;
ma à obediência de alguns princípios da licitação. VI  -  Seguro-Garantia  -  o seguro que garante o
Por ser a licitação um instituto de Direito Admi- fiel cumprimento das obrigações assumidas por
nistrativo, deve, obrigatoriamente, obedecer aos empresas em licitações e contratos;
princípios inerentes daquele ramo de direito público, VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e
dispostos no caput do art. 37 da CF/1988. Contudo, a entidades da Administração, pelos próprios meios;
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade
licitação por si apresenta alguns princípios específi-
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes
cos, que fundamentam a sua forma de ser. Esses prin-
regimes:
cípios são: a) empreitada por preço global - quando se contra-
ta a execução da obra ou do serviço por preço certo
z Princípio da isonomia: é o princípio que defen- e total;
de a igualdade entre todos os competidores, pois b) empreitada por preço unitário - quando se con-
se encontram na mesma situação. Em decorrência trata a execução da obra ou do serviço por preço
disso, o art. 3°, § 1°, da Lei n° 8.666/1993 proíbe pre- certo de unidades determinadas;
ferências ou distinções dos competidores em razão c) (VETADO);
da naturalidade, domicílio ou qualquer outra cir- d) tarefa  -  quando se ajusta mão-de-obra para
cunstância irrelevante para o objeto do contrato. pequenos trabalhos por preço certo, com ou sem
z Princípio da competitividade: como a licitação fornecimento de materiais;
serve para buscar a melhor proposta dentre várias e)  empreitada integral  -  quando se contrata um
empreendimento em sua integralidade, compreen-
apresentadas, a adoção de medidas que ferem com
dendo todas as etapas das obras, serviços e insta-
o caráter competitivo do certame é vedada. Assim,
lações necessárias, sob inteira responsabilidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
as exigências de qualificação técnica e econômica da contratada até a sua entrega ao contratante em
devem se restringir ao que for considerado indis- condições de entrada em operação, atendidos os
pensável para a garantia do cumprimento das requisitos técnicos e legais para sua utilização em
obrigações advindas da licitação. condições de segurança estrutural e operacional
z Princípio da vinculação ao instrumento convo- e com as características adequadas às finalidades
catório: a Administração não pode descumprir para que foi contratada;
as normas e condições do edital, ao qual se acha IX - Projeto Básico - conjunto de elementos neces-
estritamente vinculada. Edital mal elaborado cau- sários e suficientes, com nível de precisão adequado,
sa diversos problemas (art. 41, Lei n° 8.666/1993). para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo
z Princípio do julgamento objetivo: deve-se evitar de obras ou serviços objeto da licitação, elabora-
a subjetividade o máximo possível. Apesar de ine- do com base nas indicações dos estudos técnicos
preliminares, que assegurem a viabilidade técnica
xistir a possibilidade de um julgamento totalmente
e o adequado tratamento do impacto ambiental
objetivo, os aspectos subjetivos e pessoais devem
do empreendimento, e que possibilite a avaliação
ser mínimos, a fim de pouco interferir no resulta- do custo da obra e a definição dos métodos e do
do do instrumento licitatório. prazo de execução, devendo conter os seguintes
z Princípio da vedação de oferta de vantagens: é elementos:
absolutamente vedado ao Estado fazer subsídios a) desenvolvimento da solução escolhida de forma
ou vantagens baseadas nas ofertas dos demais lici- a fornecer visão global da obra e identificar todos
tantes (art. 44, § 2°, Lei n° 8.666/1993). os seus elementos constitutivos com clareza; 353
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficien- TIPOS E MODALIDADES DE LICITAÇÃO – ARTIGOS
temente detalhadas, de forma a minimizar a neces- 20 A 26
sidade de reformulação ou de variantes durante as
fases de elaboração do projeto executivo e de reali- Os tipos de licitação variam, de acordo com a for-
zação das obras e montagem; ma do julgamento das propostas e os critérios diferen-
c) identificação dos tipos de serviços a executar e tes adotados. Trata-se de um rol taxativo, previsto no
de materiais e equipamentos a incorporar à obra, art. 45, § 1°, da Lei n° 8.666/1993. Com isso, pode-se
bem como suas especificações que assegurem os afirmar que são tipos de licitação:
melhores resultados para o empreendimento, sem
frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
z Tipo menor preço: envolve o julgamento de
d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
valores econômicos de cada proposta. A proposta
ção de métodos construtivos, instalações provisó-
rias e condições organizacionais para a obra, sem vencedora deve ser aquela que apresentar preço
frustrar o caráter competitivo para a sua execução; menor.
e) subsídios para montagem do plano de licitação z Tipo melhor técnica: geralmente utilizada para
e gestão da obra, compreendendo a sua programa- as propostas envolvendo trabalhos intelectuais ou
ção, a estratégia de suprimentos, as normas de fis- artísticos, que requerem alta expertise.
calização e outros dados necessários em cada caso; z Tipo técnica e preço: é apenas uma junção dos
f) orçamento detalhado do custo global da obra, tipos de licitação anteriores. Aqui, há uma ponde-
fundamentado em quantitativos de serviços e for- ração entre as propostas que apresentam maior
necimentos propriamente avaliados; qualidade técnico-profissional, com o seu valor
X  -  Projeto Executivo  -  o conjunto dos elemen- econômico-financeiro.
tos necessários e suficientes à execução completa
z Tipo maior lance ou oferta: é utilizado nas licitações
da obra, de acordo com as normas pertinentes da
na modalidade leilão de bens. O vencedor do certame
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
XI - Administração Pública - a administração dire-
será aquele que apresentar o maior lance. Há tam-
ta e indireta da União, dos Estados, do Distrito bém a licitação por tipo menor lance ou oferta, utili-
Federal e dos Municípios, abrangendo inclusive as zado principalmente no pregão (Lei n° 10.520/2002).
entidades com personalidade jurídica de direito pri-
vado sob controle do poder público e das fundações O tema não se exaure apenas na Lei de Licitações. A Lei
por ele instituídas ou mantidas; n° 8.987/1995, que dispõe sobre as concessões e permissões
XII  -  Administração  -  órgão, entidade ou unidade de serviço público, elenca outros tipos de licitação, isso é,
administrativa pela qual a Administração Pública outros critérios de julgamento de propostas, como:
opera e atua concretamente;
XIII  -  Imprensa Oficial  -  veículo oficial de divulga- z Menor preço, com julgamento apenas no quesito
ção da Administração Pública, sendo para a União de valores econômicos,
o Diário Oficial da União, e, para os Estados, o Dis-
z Melhor técnica, sendo muito utilizada em traba-
trito Federal e os Municípios, o que for definido nas
lhos intelectuais e artísticos,
respectivas leis;
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatá- z Maior lance ou oferta, como o que ocorre nos lei-
ria do instrumento contratual; lões; ou ainda
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica sig- z Menor lance ou oferta, que é utilizado nos pre-
natária de contrato com a Administração Pública; gões, onde temos uma “licitação por menor preço
XVI  -  Comissão  -  comissão, permanente ou espe- com lances sucessivos” dos competidores.
cial, criada pela Administração com a função de
receber, examinar e julgar todos os documentos e O interessante dessas formas de julgamento de
procedimentos relativos às licitações e ao cadastra- propostas é que elas podem ser combinadas umas com
mento de licitantes. as outras, para melhor atender a finalidades distintas.
XVII - produtos manufaturados nacionais - produ- O art. 15 da Lei n° 8.987/1995, que dispõe sobre o
tos manufaturados, produzidos no território nacio-
regime de concessão e permissão de serviços públicos,
nal de acordo com o processo produtivo básico ou
apresenta também como modalidades de julgamento
com as regras de origem estabelecidas pelo Poder
de propostas:
Executivo federal;      
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no
País, nas condições estabelecidas pelo Poder Exe- I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser
cutivo federal;            prestado;
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu- II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao
nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia poder concedente pela outorga da concessão;
da informação e comunicação cuja descontinui- III - a combinação, dois a dois, dos critérios referi-
dade provoque dano significativo à administração dos nos incisos I, II e VII;
pública e que envolvam pelo menos um dos seguin- IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no
tes requisitos relacionados às informações críti- edital;
cas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e V - melhor proposta em razão da combinação dos
confidencialidade.           critérios de menor valor da tarifa do serviço
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - público a ser prestado com o de melhor técnica;
bens, insumos, serviços e obras necessários para VI - melhor proposta em razão da combinação
atividade de pesquisa científica e tecnológica, dos critérios de maior oferta pela outorga da
desenvolvimento de tecnologia ou inovação tecno- concessão com o de melhor técnica; ou
lógica, discriminados em projeto de pesquisa apro- VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
354 vado pela instituição contratante. qualificação de propostas técnicas. 
A ideia de utilizar uma combinação de julgamento Mas a concorrência também deve ser utilizada,
de propostas, assim, é utilizada com maior frequên- obrigatoriamente, independentemente de valores
cia nas concessões e permissões de serviços públicos, econômicos, para a compra e venda de bens imóveis,
para melhor facilitar a forma como o concessionário para concessão de direito real de uso, para as licita-
ou permissionário deverá executar o referido servi- ções feitas em âmbito internacional, nos contratos de
ço público. É o concessionário/permissionário quem empreitada e para as concessões de serviços públicos.
assume todos os riscos do serviço prestado e, por isso, Por envolver diversos objetos licitatórios, a con-
é importante que ele saiba, de antemão, sobre como o corrência apresenta um prazo bem grande, entre a
procedimento licitatório será realizado para melhor publicação do edital e a entrega dos envelopes com
atender suas necessidades.    as propostas, em comparação com as outras modali-
Atualmente, há sete modalidades de licitação no dades. Há um prazo mínimo de 45 dias para a maioria
ordenamento jurídico brasileiro. A Lei n° 8.666/1993 das técnicas, sendo de 30 dias apenas para a técnica
faz menção expressa de cinco em seu art. 22 e pará- de menor preço, pois entende-se que a proposta é
mais simples de se elaborar.
grafos. São eles:

I - concorrência;
Tomada de preços
II - tomada de preços;
III - convite; Com fundamento no art. 22, § 2°, da Lei n°
IV - concurso; 8.666/1993, a tomada de preços é a modalidade reali-
V - leilão. zada entre interessados já devidamente cadastrados,
ou que atendem as condições específicas do edital e
Concorrência requeiram seu cadastramento em até três dias úteis
antes do recebimento das propostas. Percebe-se, com
A concorrência é a espécie de licitação em que qual- isso, que o número de competidores é menor, se com-
parado com o da concorrência.
quer pessoa pode participar, desde que preencha os
A tomada de preços, geralmente, envolve projetos
requisitos básicos e mínimos exigidos no edital na espe-
de vulto médio. Os valores limites para a tomada de
cificação do objeto licitatório. Tem o seu fundamento
preços são:
no art. 22, § 1° da Lei n° 8.666/1993. É um procedimento
que envolve uma grande quantidade de competidores,
z Para obras e serviços de engenharia; os valores
em atendimento ao princípio da isonomia.
das propostas serão de até R$ 3.300.000,00 (três
A concorrência, de modo geral, é utilizada para
milhões e trezentos mil reais); e
projetos de grande vulto, envolvendo grandes valo- z Para os demais serviços em geral; até R$ 1.430.000,00
res econômicos. Podemos, inclusive, realizar uma (um milhão, quatrocentos e trinta mil reais).
diferenciação entre a concorrência, a tomada de pre-
ços e o convite justamente pelos seus valores limites. O prazo de intervalo mínimo entre a publicação do
O estudo desses valores-limite merece maior desta- edital e a entrega dos envelopes é de trinta dias corri-
que, considerando uma atualização recentemente da dos para a melhor técnica ou melhor técnica e preço,
matéria. Em 2018, o então presidente Michel Temer sendo de 15 dias corridos para a de menor preço.
editou o Decreto n° 9.412/2018, alterando os valo-
res dispostos nos incisos I e II do art. 23 da Lei n° Convite
8.666/1993.
Com isso, podemos afirmar que, a concorrência O convite (art. 22, § 3°, Lei n° 8.666/1993) é a moda-
possui um valor piso, isso é, um valor mínimo que deve lidade de licitação entre os interessados que atuam no
constar nas propostas apresentadas. Esses limites são: ramo do referido projeto. Como o próprio nome aduz,
a Administração convida, no mínimo, três prestadores
z Para as obras e serviços de engenharia, acima de de serviços para participarem do procedimento. Essa

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


R$ 3.300.000,00 (três milhões e trezentos mil reais); é a modalidade que possui os critérios mais variados
z Para as compras e serviços não relacionados com a para o chamamento, sendo muitas vezes utilizado a
engenharia; o valor deve ser acima de R$ 1.430.000,00 confiança do ente público em relação com o interessa-
(um milhão, quatrocentos e trinta mil reais). do. O ente público deve, todavia, publicar o edital do
convite, abrindo-o para os demais cadastrados, desde
O art. 15 da Lei n° 8.666/1993 dispões sobre as que façam requerimento em participar do pleito em
principais características referentes às compras até 24 horas da publicação do edital.
mediante licitação. Dentre elas, destaca-se: Seu procedimento também é muito mais simples,
justamente por ter poucos competidores. Não há aqui
I – atender ao princípio da padronização; um edital, mas uma carta-convite, que apresenta o pro-
II – processadas através de sistema de registro de jeto de modo mais simples e sem muitas especificações.
preços; O convite apresenta-se como o exato oposto da
III – submeter-se às condições de aquisição e paga- concorrência, sendo utilizado para projetos de peque-
mento semelhantes às do setor privado; no vulto. Assim, seus valores limites são:
IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas
necessárias para aproveitar as peculiaridades do z Para obras e serviços de engenharia, até R$
mercado, visando economicidade; e 330.000,00 (trezentos e trinta mil reais); e
V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos z Para os demais serviços em geral; até R$ 176.000,00
órgãos e entidades da Administração Pública. (cento e setenta e seis mil reais). 355
O intervalo mínimo entre a expedição da carta- Consulta
-convite e a entrega dos envelopes é de 5 dias úteis.
Esquematicamente, temos: A consulta é uma modalidade prevista exclusivamen-
te para a Agência Nacional de Telecomunicações (ANA-
VALORES TEL), sendo utilizada justamente para o fornecimento
LIMITE Para obras e de bens e serviços. Todavia, a consulta sofreu ampliação,
(SEGUNDO serviços de Para os demais podendo ser utilizada por todas as agências regulado-
DECRETO engenharia serviços res. Tem previsão na Lei n° 9.472/1997, sendo realizada
N°9.412/2018) mediante procedimentos próprios e determinada por
atos normativos expedidos pela própria agência.
Acima de Acima de
CONCORRÊNCIA
3.300.000,00 1.430.000,00 Registro de Preços: Decreto n° 7.892/1993
TOMADA DE
Até 3.300.000,00 Até 1.430.000,00 Previsto no art. 15 da Lei n° 8.666/1993, sendo regu-
PREÇOS
lamentado pelo Decreto n° 7.892/1993, é uma espécie
CONVITE Até 330.000,00 Até 176.000,00 utilizada para compras, obras ou serviços que sejam
frequentes. É o caso, por exemplo, da compra de pas-
Concurso sagens aéreas para os membros do Executivo reali-
zar as constantes viagens internacionais. Ao invés de
Concurso é a modalidade de licitação realizada várias licitações, é realizada uma concorrência e o
entre quaisquer interessados para a escolha de tra- posterior registro da proposta vencedora para ser uti-
balho técnico, científico ou artístico, mediante a ins- lizada sempre que necessária para uma contratação.
tituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, A contratação, por si, não é obrigatória, embora seja
necessário, sempre, fazer uma pesquisa de preços de
conforme os critérios dispostos no edital. Tem seu fun-
mercado antes da contratação pelo registro de preços.
damento disposto no art. 22, § 4°, da Lei de Licitações.
FASES DA LICITAÇÃO
Importante!
É certo que cada modalidade licitatória apresen-
Não confundir com o concurso público, instru- ta um procedimento próprio. Todavia, a sequência de
mento utilizado para o provimento de cargos fases de cada licitação observa a mesma estrutura e
públicos na Administração. padrão da concorrência. As fases da concorrência, des-
se modo, são iguais para todas as outras modalidades.
A concorrência é dividida em duas grandes etapas:
Importante destacar que não há a utilização de fase interna e fase externa. A fase interna é aquela
valores como critério de diferenciação, pois trata-se em que temos todos os atos anteriores à publicação do
de uma modalidade de licitação em que os valores edital, envolvendo etapas como:
econômicos são irrelevantes ao objeto do mesmo.
O prazo mínimo é um dos maiores das modali- z Elaboração de projeto básico para serviços de
dades licitatórias: de 45 (quarenta e cinco) dias. Por engenharia;
envolver um trabalho bastante técnico (confecção de z Detalhamento do orçamento;
obra de arte, trabalhos de natureza científica), enten- z Compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA);
de-se que os competidores devem ter um prazo maior z Criação da Comissão de Licitação; e
para elaborá-lo nos moldes do edital. z A publicação do instrumento convocatório.
A Comissão Julgadora das propostas pode ser
composta por pessoas que não possuem vínculo com A Comissão de Licitação será composta por 3 mem-
a Administração Pública. É o caso de uma comissão bros, sendo 2 deles obrigatoriamente servidores inte-
composta por professores ou cientistas, enfim, pes- grantes dos quadros da Administração Pública (art.
51, Lei n° 8.666/1993).
soas com um conhecimento técnico profissional alto e
O edital é o instrumento utilizado para a convoca-
relevante para o objeto do concurso.
ção dos interessados no procedimento licitatório. Seu
conteúdo é pormenorizado, devendo constar detalhes
Leilão
como o tipo de licitação, o nome da repartição inte-
ressada na licitação, os critérios de julgamento, as
O leilão é utilizado, de modo geral, entre quaisquer
condições de pagamento, entre outras disposições. O
interessados, para a alienação de bens móveis inser- conteúdo do edital é previsto nos incisos do art. 40 da
víveis, bem como para os bens imóveis oriundos de Lei n° 8.666/1993. É lícito à Administração introduzir
procedimento judicial ou dação, e para a alienação de alterações no Edital, devendo, em tal caso, renovar a
produtos apreendidos. Seu fundamento jurídico encon- publicação do aviso por prazo igual ao original, sob
tra-se disposto no art. 22, § 5° da Lei n° 8.666/1993. O pena de frustrar a garantia da publicidade e o princí-
vencedor será escolhido quando o lance dado for igual pio formal da vinculação ao procedimento.
ou superior ao da avaliação do referido bem. A fase externa, por sua vez, tem o seu início com a
Assim como no concurso, não há limitação de valo- publicação do edital. É possível impugnar o edital, no
res, pois o leilão é sempre analisado segundo o critério prazo de 5 dias úteis, devendo a Administração res-
do maior lance ou oferta. O intervalo mínimo entre o ponder a impugnação em prazo não superior a 3 dias
instrumento convocatório e a entrega dos envelopes é úteis (art. 41, § 1°, Lei n° 8.666/1993). Após isso, temos a
356 de 15 (quinze) dias. etapa da habilitação, com o recebimento e abertura de
envelopes. Os envelopes são recebidos sigilosamente, Público. Não há, nesse caso, uma responsabilidade
em exceção ao princípio da publicidade disposto no do Estado de indenizar o participante vencedor, não
caput do art. 37 da CF/1988. havendo a eventual contratação do mesmo.
A etapa da habilitação envolve quatro verifica- A última etapa da fase externa é a adjudicação.
ções de cada competidor: Consiste na elaboração de ato administrativo decla-
ratório e vinculado, de atribuição jurídica do objeto
z A habilitação jurídica, envolvendo os documentos da licitação ao vencedor do certame. Adjudicatário é o
da pessoa física ou da pessoa jurídica; vencedor do certame, e tal ato é apenas declaratório,
z A regularidade fiscal, isso é, a verificação do paga- pois não gera um direito de contratar com a Adminis-
mento devido e correto dos tributos do competidor; tração. A adjudicação produz dois efeitos:
z A qualificação técnica (art. 30, Lei n° 8.666/1993),
envolvendo a aptidão do competidor para desem- z Garantir o direito de que o vencedor não tenha seu
penho da atividade pertinente e compatível com o direito preterido na elaboração do contrato; e
z A liberação jurídica dos demais competidores.
disposto no edital; e
z A qualificação econômico-financeira (art. 31,
DA CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSA E
idem), envolvendo o balanço patrimonial e as
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
demonstrações contábeis do último exercício
social, por exemplo.
A regra geral é a obrigatoriedade da licitação para
as pessoas que integram a Administração, ou que
Para preservar a competitividade, as exigências de
mesmo não integrando, realizam a prestação de um
qualificação técnica e econômica devem ser compatí- serviço de relevante interesse público. Ocorre que,
veis e proporcionais ao objeto licitado, restringindo-se em alguns casos, a legislação autoriza o Poder Públi-
ao que for estritamente indispensável para garantir co a realizar a contratação direta, sem a necessidade
o cumprimento do futuro contrato. O não atendimen- do procedimento licitatório. O direito brasileiro prevê
to às exigências da habilitação implica a exclusão da quatro possibilidades de contratação direta:
empresa no certame.
A classificação é a etapa de análise e julgamento z Dispensa de licitação: a dispensa de licitação apre-
das propostas apresentadas pelos concorrentes habili- senta hipóteses em que o procedimento licitatório,
tados. Aqui, temos efetivamente a abertura dos enve- apesar de ser possível, não é viável, dada razões de
lopes, cabendo à comissão a tarefa de analisar se cada conveniência e oportunidade (discricionariedade).
uma das propostas se adequa com os requisitos espe- É o caso, por exemplo, de procedimento licitató-
cíficos do edital, bem como com os preços de mercado. rio cujo valor seja irrisório, cujo objeto seja bens
A desclassificação das propostas pode se dar: ou serviços de pequeno valor. O legislador, nessas
hipóteses, atribui uma liberdade à Administração
z Por inexequibilidade, quando os preços forem para escolher outra alternativa além da licitação.
muito abaixo do preço de mercado;
z Que contrariam cláusula do edital, como ocorre As hipóteses de dispensa de licitação estão previs-
quando há uma qualificação técnica que não tem tas primordialmente no art. 24 da Lei n° 8.666/1998.
relevância alguma para o objeto da licitação; ou Dos incisos, destaca-se:
z Por condições relativas às propostas de outros lici-
tantes, sendo absolutamente vedado elaborar uma „ Para obras e serviços de engenharia de valor
proposta cujo preço, por exemplo, é “10% inferior até 10% (dez por cento) do limite previsto a lici-
ao preço do competidor X”. tação tipo convite
„ Para outros serviços e compras de valor até
Com a divulgação dos resultados, abre-se o prazo 10% (dez por cento) do limite previsto para
para recurso de efeito suspensivo (em 5 dias). compras e serviços em geral do convite e para
Importante lembrar que alguns diplomas especí- alienações, nos casos previstos nesta Lei, des-
de que não se refiram a parcelas de um mesmo
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ficos, como o de pregão e o da Lei n° 8.987/1995, tra-
serviço, compra ou alienação de maior vulto
zem a inversão de fases de julgamento e habilitação.
que possa ser realizada de uma só vez;
Primeiro se faz o julgamento das propostas e depois
„ Nos casos de guerra ou grave perturbação da
abre-se o envelope da proposta já julgada.
ordem;
A homologação é a etapa em que todos os autos
„ Nos casos de emergência ou calamidade
sobem para a autoridade superior, que procederá a pública;
avaliação de todo o procedimento. Essa é uma hipó- „ Quando a União tiver que intervir no domínio
tese de controle interno da licitação, haja vista que é econômico para regular preços ou normalizar
realizada por ente público dentro da própria Adminis- o abastecimento;
tração. Essa forma de controle é possível, devido ao „ Celebração de contrato de gestão com entida-
poder de autotutela que Administração Pública tem des do terceiro setor (OS e OSCIPs);
para rever seus próprios atos. Assim, a licitação pode- „ Contratação realizada por Instituição Científi-
rá ser anulada, havendo algum vício que torna algum ca e Tecnológica ou agência de fomento para a
de seus atos defeituosos, ou revogada, por alguma transferência de tecnologia etc.
causa superveniente (mudanças no cenário econômi-
co) que não torna a licitação mais vantajosa. z Inexigibilidade de licitação: no caso da inexigibili-
Novamente, é importante frisar que não existe dade da licitação, o procedimento é absolutamente
direito subjetivo à contratação, mas uma mera expec- impossível de se realizar, em razão da inviabilidade
tativa de direito em realizar contrato com o Poder da competição. Trata-se, por isso, de ato vinculado. 357
É o caso, por exemplo, da licitação cujo objeto seja exemplo disso é a Emenda Constitucional n° 106/2020,
produto ou serviço oferecido exclusivamente por que institui regime extraordinário fiscal, financeiro e
um único fornecedor. Envolve hipóteses em que de contratações para vigorar nesse período.
seria ilógico realizar uma licitação. Caso haja alguma questão que procure relacionar
a vedação da licitação de caráter emergencial, consi-
As hipóteses de inexigibilidade estão previstas nos derando o atual cenário calamitoso do País, é impor-
incisos do art. 25 da Lei n° 8.666/1993. São três: tante que o candidato se lembre que as bancas de
concurso público são bastante legalistas. Assim, por
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou não ser uma hipótese legalmente prevista, ela per-
gêneros que só possam ser fornecidos por produ- manece vedada, até surgir algum outro instrumento
tor, empresa ou representante comercial exclusivo, normativo.
vedada a preferência de marca, devendo a compro-
vação de exclusividade ser feita através de atesta- z Licitação dispensada: são hipóteses descritas no
do fornecido pelo órgão de registro do comércio do art. 17 da Lei n° 8.666/1993. São os casos de aliena-
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o ção de bens imóveis para programas habitacionais
serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação
do governo e bens móveis para uma finalidade
Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
pública específica.
II - para a contratação de serviços técnicos enu-
merados no art. 13 desta Lei, de natureza singular,
com profissionais ou empresas de notória especia- Apesar do nome parecido, não podemos confundir
lização, vedada a inexigibilidade para serviços de a licitação dispensada com a dispensa de licitação. Pri-
publicidade e divulgação. meiramente, as hipóteses de licitação dispensada são
vinculadas, ao contrário da dispensa, em que a deci-
A ideia desses incisos é a de que, por ser uma compra são para sua aplicação é sempre discricionária. Além
ou um serviço bastante específico, que provavelmente disso, suas hipóteses são taxativas, são apenas aquelas
poucas pessoas ou talvez só uma pessoa (ou empresa) previstas no art. 17.
possam comprá-lo/realizá-lo. Assim, a competição no pro-
cedimento licitatório torna-se inviável nessas condições. SANÇÕES ADMINISTRATIVAS NAS LICITAÇÕES
O mencionado art. 13 apresenta o que é conside-
rado, para os efeitos da Lei n° 8.666/1993, um serviço Também denominadas como crimes contra licita-
técnico profissional especializado. Acredita-se ser um ção, são hipóteses em que tanto o particular como o
rol taxativo, que não admite outras hipóteses a não ser próprio Poder Público podem praticar atos que ferem
aquelas previstas nessa Lei. Assim, são inexigíveis de e ofendem os princípios gerais da Administração
licitação: os estudos técnicos, planejamentos e projetos Pública e os princípios das licitações.
básicos ou executivos; os pareceres, perícias e avalia- É certo que o Código Penal regulamenta as con-
ções em geral; as assessorias ou consultorias técnicas dutas praticadas pelos agentes públicos consideradas
e auditorias financeiras ou tributárias; a fiscalização, delituosas. Ocorre que, devido ao aumento do número
supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; o de interessados em participar dos procedimentos lici-
patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administra- tatórios, passou-se a exigir maior correção na condu-
tivas; o treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; e a ção desses processos de contratação. Na medida que
restauração de obras de arte e bens de valor histórico. o instituto crescia, também aumentava a quantidade
de fraudes e falcatruas do procedimento licitatório.
III - para contratação de profissional de qualquer O Código Penal já não mais conseguia tutelas, de
setor artístico, diretamente ou através de empre- modo satisfatório, os interesses que se almeja-
sário exclusivo, desde que consagrado pela crítica va resguardar com a realização dos processos
especializada ou pela opinião pública. licitatórios.
Os crimes de licitação estão previstos na seção III,
z Vedação à licitação: não possui uma previsão nos arts. 89 a 98 da Lei n° 8.666/93 e o art. 99 que a eles
legal propriamente dita. Trata-se de hipóteses de é correlato:
extrema urgência, não previstas em lei, sendo
de forte discussão doutrinária. Seria o caso, por z Ilegalidade nas contratações dispensadas, dis-
exemplo, da realização de procedimento licitató- pensáveis e nas inexigibilidades: Imagine que
rio para exploração de uma atividade econômica, temos um administrador que, como forma de
sendo esta já uma atividade-fim de uma empresa evitar todo o trabalho envolvido em um procedi-
estatal. A realização de licitação, nessas hipóte- mento licitatório, decide por declarar uma falsa
ses, é vedada uma vez que ela carece de interesse hipótese de dispensa ou inexigibilidade de um
público, porque o objetivo final dessa licitação não procedimento licitatório para a construção de um
é a prestação de um serviço público. Isso significa edifício. Relembrando que a exigência de licita-
que há a ausência de um dos pressupostos essen- ção é uma hipótese sempre prevista em lei, é ato
ciais à licitação. vinculado, e não seguir essa possibilidade resulta
em um grave ilícito. Por outro lado, as hipóteses
Parte da doutrina acredita que, na verdade, não de dispensa de licitação ficam mais a critério do
seria uma hipótese nova de vedação, e sim um caso de administrador, por razões de conveniência e opor-
inexigibilidade de licitação. tunidade (ato discricionário). Todavia, o ato de
Atualmente estamos vivendo em uma pandemia, o dispensar licitação conveniente, ou torna-la ine-
que pode ser considerada uma gravíssima calamidade xigível fora das hipóteses legalmente previstas, é
pública. Por causa disso, o Poder Legislativo vem ela- considerado um crime contra o próprio instituto,
borando diversas normas especiais para vigorarem cuja pena é a detenção de 3 (três) a 5 (cinco) anos
358 nesse estado anormal que o Brasil se encontra. Um e multa, na forma do art. 89 da Lei n° 8.666/1993.
No caso, temos como sujeitos ativos, quais sejam, o O sigilo das propostas é um princípio do procedi-
servidor público responsável pelo processo; e/ou o mento licitatório que busca promover maior competi-
terceiro que tenha participado na prática da ilega- tividade entre os particulares interessados. Não pode,
lidade e se beneficiado com ela. por exemplo, o administrador ter acesso ao envelope
z Frustrar ou fraudar a competição: com previsão no de outro competidor, abri-lo e revelar o conteúdo de
art. 90 da Lei n° 8.666/1993, este crime está diretamen- sua proposta, pois isso desvirtuaria a própria ideia
te ligado com a violação dos princípios da licitação, da licitação, que é promover uma competição justa e
isso é, igualdade, competitividade, julgamento objeti- imparcial. Há uma etapa própria para a abertura dos
vo, dentre outros. Suponhamos que um dos membros envelopes dentro do ciclo da licitação, e a sua aber-
da comissão que julga as propostas da licitação seja tura em momento anterior é inadmissível. O sigilo
um parente, amigo íntimo ou um inimigo capital de
das propostas, assim, promove também o tratamento
um dos competidores. Assim, o membro dessa comis-
impessoal dos particulares, um dos princípios previs-
são pode, de má-fé, não utilizar de critérios objetivos
tos no art. 37 da CF/1988.
para julgar a proposta de seu conhecido.

O julgamento objetivo das propostas favorece o z Fraudar a licitação: suas hipóteses estão contidas
ambiente competitivo entre os licitantes, para que nos incisos do art. 96 da Lei n° 8.666/1993. São cin-
eles possam celebrar contratos com a Administração co formas de fraudar a licitação:
Pública, evitando apadrinhamentos, favoritismos
e perseguições dos licitantes. Qualquer ato que pos- I - elevando arbitrariamente os preços;
sa prejudicar a competitividade dentro da licitação, II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, merca-
favorecendo um competidor, ou ainda um ato que doria falsificada ou deteriorada;
provoque a desistência de todos os outros licitantes, é III - entregando uma mercadoria por outra;
considerado crime, punível com pena de detenção, de IV - alterando substância, qualidade ou quantidade
2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa. da mercadoria fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente,
mais onerosa a proposta ou a execução do contra-
z Patrocínio direto ou indireto de interesse pri-
to”. Como se depreende da leitura dos incisos do
vado: este crime está disposto no art. 91 da Lei de
referido artigo, são atos que, mesmo que não ense-
Licitações. Basicamente, não pode o particular se
jam em violação de um princípio, ou que frustre a
beneficiar do procedimento licitatório almejando
competição, são atos que acabam fraudando a lici-
interesse próprio, ou de terceiros. Não pode, por
tação. A pena por fraudar a licitação é de 3 (três) a
exemplo, o gestor público realizar uma licitação
5 (cinco) anos e multa.
em que todos os competidores são gerentes de
empresas em que o gestor é um dos acionistas e,
independente de quem for o vencedor, isso obvia- A pena de multa, presente em praticamente todos
mente deve gerar ganho pessoal, independente ou os crimes contra a licitação consiste no pagamento
não de aumento efetivo de seu patrimônio ou de de quantia fixada na sentença e calculada em índices
terceiros. De modo geral, essa é a hipótese também percentuais, cuja base deve corresponder ao valor
do crime denominado de advocacia administrati- da vantagem efetivamente obtida ou potencialmente
va, prevista no art. 321 do Código Penal. auferível pelo agente (art. 99, Lei n° 8.666/1993).

Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse pri- DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS – ARTIGOS


vado perante a Administração, dando causa à instau- 54 A 80
ração de licitação ou à celebração de contrato, cuja
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário, A matéria dos contratos administrativos é bem
é crime cuja pena será de detenção de 6 (seis) meses desenvolvida na doutrina e na legislação. É a Lei n°
a 2 (dois) anos e multa. Ocorre que, na prática, essa 8.666/1993, também, que trata dos contratos admi-
é uma modalidade de crime que pouco se configura. nistrativos, junto com o processo de licitação. Sob o
É que, para que se configure o crime apresentado no enfoque das licitações, pode-se afirmar, inclusive, que
dispositivo da Lei de Licitações, há necessidade da a licitação é puramente um meio para que o particu- NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
invalidação do procedimento licitatório ou do contra- lar almeje um fim. E esse fim, esse objetivo maior, é
to administrativo pelo Poder Judiciário. Significa, de justamente contratar com o Poder Público.
modo geral, que não basta apenas o dolo do agente A Administração, no exercício de suas funções,
público para configurar o crime, ele deve produzir um
muitas vezes tende a estabelecer diversas relações
resultado específico, que é a invalidação da licitação
jurídicas com particulares, criando vínculos especiais
ou do contrato administrativo posterior. Por isso, sua
de colaboração com a esfera privada. Tais conexões
aplicabilidade é virtualmente impossível.
podem ser instrumentalizadas mediante um contrato.
z Devassar o sigilo das propostas apresentadas: Se tal contrato estiver subordinado às regras de Direi-
segundo o art. 84 da Lei n° 8.666/1993, devassar o to Administrativo, então estamos diante de um contra-
sigilo de proposta apresentada em procedimento to administrativo.
licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de Contrato administrativo, assim, é um pacto bilate-
devassá-lo, é crime punível com pena de detenção, ral estabelecido entre a Administração Pública, agindo
de 2 (dois) a 3 (três) anos e multa. O termo “devassar” nessa qualidade, e terceiros, ou entre ela e suas enti-
significa que o infrator deve agir positivamente para dades, submetido ao regime jurídico administrativo,
interferir com o sigilo das propostas, isso é, da sua cuja finalidade é a consecução de objetivos de interes-
conduta deve resultar em danificação dos envelopes se público. Deste conceito, podemos destacar alguns
onde estão contidas as propostas dos licitantes. aspectos específicos dos contratos administrativos. 359
Ao dizermos que contrato administrativo é o pac- Essas características são importantes, porque dão ao
to bilateral ajustado pela Administração Públi- contrato a sua razão de existir. Não se trata de aspec-
ca, agindo nessa qualidade, significa que, em pelo tos de legalidade/validade, e sim de existência.
menos um dos polos da relação jurídica deve haver Com isso, todos os contratos da Administração
a figura do Estado (contratante), como pessoa jurídi- devem possuir:
ca de Direito Público, que se apresenta em relação de
superioridade em face dos particulares. Os terceiros, z Acordo de vontades distintas: é um dos elemen-
dessa forma, são as pessoas físicas ou jurídicas (deno- tos mais característicos de todo e qualquer con-
minadas contratados) que não integram a Adminis- trato. Para ter um acordo, é preciso que haja duas
tração Pública. Todavia, há alguns casos em que tal partes, com interesses e finalidades contrapostas,
avença pode ser estabelecida com outras entidades mas que se unem para alcançar um mesmo obje-
administrativas, visando a cooperação mútua e a per- tivo. Sem o acordo de vontades, temos apenas um
secução de objetivos comuns entre os órgãos e entida- ato administrativo.
des da Administração, como é o caso dos consórcios z Direitos e obrigações recíprocas: todo contrato
estabelecidos entre a União e um Estado, ou Municí- da Administração é um contrato comutativo, o que
pio, por exemplo. significa que cada uma das partes se compromete
A submissão ao regime jurídico administrativo a alguma forma de ônus para a devida execução
significa dizer que, para os contratos administrativos do instrumento contratual.
vigoram os princípios e regras de Direito Administra-
tivo. Não basta apenas a Administração Pública estar Das características específicas
em um dos polos contratuais, pois a mesma pode rea-
lizar ajustes de natureza não-administrativa, poden- É evidente que o contrato administrativo, por tudo
do celebrar contrato de locação sobre determinado que já foi mencionado, apresenta alguns aspectos e
imóvel, por exemplo. Tal hipótese é de contrato da características específicos. São eles:
Administração, que não se confunde com o contrato
administrativo. Contratos da Administração é gênero,
z Presença da Administração Pública: é a figura
do qual o contrato administrativo é espécie.
do Estado, representada pelo Poder Executivo,
Outra característica que o diferencia dos demais
com todos os seus poderes e prerrogativas ine-
contratos de Direito Privado é a sua finalidade, que
rentes da sua natureza. Isso faz com que a relação
é a consecução de objetivos de interesse público.
contratual sempre seja desigual, pois a Adminis-
Os contratos da esfera privada, geralmente, tendem a
tração possui diversos poderes e diversas vanta-
apenas buscar os melhores resultados e trazer lucros
gens, como veremos mais adiante. E do outro lado
para as partes. Essa finalidade econômica é incom-
temos o particular interessado, em situação mais
patível com os contratos administrativos, que se rege
desfavorável.
pelas normas de Direito Público, que apresenta como
z Finalidade pública: a Administração Pública
um de seus princípios sistêmicos a primazia do inte-
não pode almejar o lucro, como ocorre nas rela-
resse público sobre o privado.
ções jurídicas de direito privado. Assim, o objetivo
Importante salientar a exigência de prévia lici-
maior do contrato administrativo é sempre o inte-
tação para a celebração do contrato administrativo.
resse público, que é inalienável e irrenunciável.
Trata-se de um pressuposto que, estando ausente,
z Forma prescrita em lei: significa que os contratos
pode macular a existência, validade e a eficácia do
administrativos são solenes, não podem ser for-
contrato. A exigência de prévia licitação é exigida
mulados verbalmente. Não podem ser formulados
somente para os contratos administrativos.
sem os revestimentos legais.
Indaga-se muito sobre a natureza dos contratos
z Procedimento legal: para que seja elaborado um
administrativos. Isso porque há casos em que a Admi-
contrato administrativo, é necessário a ocorrên-
nistração elabora contratos, mas que são muito pare-
cia de um ato anterior que o fundamente, como
cidos com os contratos comuns de direito civil. É o
o caso da prévia licitação, ou de uma autorização
caso, por exemplo, da locação de um bem imóvel a ser
legislativa.
utilizado por uma repartição pública: não há a neces-
z Natureza de contrato de adesão e personalíssi-
sidade de elaborar um contrato administrativo, pois
mo: o contrato administrativo é apresentado pelo
aqui o Poder Público é tratado igualmente, como se
Estado já pronto e acabado, cumpre ao particular
fosse um particular.
apenas aderir ou não. Além disso, por ser contra-
Temos, então, uma diferença importante: o Poder
to personalíssimo (intuitu personae), não pode ser
Público pode elaborar contratos da Administração, e
cedido para terceiros, pois a pessoa do contratado
também pode elaborar contratos administrativos. A
é uma parte essencial dessa relação travada entre
diferença é que os contratos da Administração é gêne-
ele e o Poder Público. Não pode, por exemplo, o
ro, o qual os contratos administrativos são espécie,
contratado transferir os direitos e encargos do con-
isso é, estão inseridos dentro desse grupo maior.
trato para seus herdeiros, ou transferir para um
Essa distinção é importante para compreender
“amigo”, pois o Poder Público somente tem inte-
as características dos contratos administrativos. As
características podem se dividir em dois grupos. resse em formalizar o contrato com aquela pessoa.
z Presença de cláusulas exorbitantes: é um dos
Das caraterísticas gerais pontos mais característicos do contrato adminis-
trativo, pois são as cláusulas que colocam a Admi-
As características gerais dos contratos adminis- nistração Pública em uma situação de vantagem.
trativos são aquelas características que se encontram Veremos melhor sobre essas cláusulas em momen-
360 em todas as espécies de contratos da Administração. to posterior.
FORMALIZAÇÃO E EXECUÇÃO DO CONTRATO O art. 65, inciso I, apresenta todas as possibilidades
de alteração unilateral do contrato. Todas essas hipó-
Sobre a formalização dos contratos administrati- teses, de modo geral, permitem que o contrato seja
vos, o art. 60 da Lei n° 8.666 é bastante claro ao expor
alterado, para melhor atender o interesse público.
que “Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
Assim, a Administração pode alterar unilateralmente
nas repartições interessadas, as quais manterão arqui-
o contrato para:
vo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemá-
tico do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais
z Adequação técnica: é a modificação do projeto
sobre imóveis, que se formalizam por instrumento
lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se em si, ou de suas especificações
cópia no processo que lhe deu origem”. z Alteração do valor por acréscimo ou diminuição
Todo contrato administrativo deve mencionar, quantitativa de seu objeto.
na forma do art. 61, os nomes das partes e os de seus
representantes, a finalidade, o ato que autorizou a É importante ressaltar o conteúdo do § 1° do art.
sua lavratura, o número do processo da licitação, da 65, que diz respeito ao reajuste contratual:
dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos con-
tratantes às normas da própria Lei n° 8.666/1993 e às Art. 65 [...]
cláusulas contratuais. § 1° O contratado fica obrigado a aceitar, nas
Uma vez formalizado o contrato administrativo mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
já pronto (é um contrato de adesão), a Administração supressões que se fizerem nas obras, serviços ou
convocará regularmente o interessado para assinar compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do
o termo de contrato, aceitar ou retirar o instrumento valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
equivalente, dentro do prazo e condições estabeleci- particular de reforma de edifício ou de equipa-
dos, sob pena de decair o direito à contratação (art. 61, mento, até o limite de 50% (cinquenta por cen-
Lei n° 8.666/1993). O particular interessado tem prazo to) para os seus acréscimos
específico para assumir compromisso de executar o
contrato, embora tal prazo possa ser prorrogado uma O reajuste é um instrumento de alteração dos valo-
vez, por igual período, quando solicitado pela parte res econômicos, previstos tanto no edital da licitação
durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo como no próprio instrumento contratual. A sua fina-
justificado aceito pela Administração. lidade é, simplesmente, estabelecer o equilíbrio eco-
nômico-financeiro existente na relação contratual.
DA ALTERAÇÃO DO CONTRATO Os contratos possuem prazos muito longos, e
podem ser prorrogados diversas vezes. Por isso, é bas-
As cláusulas exorbitantes, por sua vez, são cláu- tante comum que as condições estabelecidas durante
sulas especiais, que só existem nos contratos adminis-
o início do contrato administrativo acabem se alteran-
trativos. Isso porque elas dão uma gama de vantagens
do com o passar do tempo. Essa é a denominada Teo-
para a Administração Pública. Tais cláusulas estão
ria da Imprevisão, que vigora em muitos contratos,
previstas no art. 58 da Lei n° 8.666/1993, veremos as
e não apenas os contratos administrativos. A Teoria
principais.
da Imprevisão serve para equilibrar outra máxima
Exigência de garantia do Direito dos Contratos, que estabelece que todos os
contratos devem ser cumpridos não importa o que
Quando uma parte deixa de cumprir com suas aconteça (ou pacta sunt servanda).
obrigações contratuais, a outra parte fica em prejuí- A razão para estabelecer valores limites para os
zo. Ao menos, é isso o que ocorre na esfera privada. acréscimos e supressões que vierem a ocorrer com o
Mas a Administração Pública não pode se dar ao luxo contrato advém justamente do fato de que a situação
de sair no prejuízo. Por isso, o particular interesse já dos negócios pode mudar (“rebus sic stantibus”). O

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


presta uma garantia antes do início dos trabalhos, na legislador entende que esses limites são o máximo que
possibilidade de haver um eventual inadimplemento. a pessoa particular pode suportar para continuar com
Sobre a forma de garantia aceita para os contratos a execução do contrato, sem que ele fique no prejuízo.
administrativos, o § 1° do art. 56 apresenta três pos- O conteúdo do § 1° do art. 65, assim, é importante
sibilidades, cabendo ao particular escolher a melhor porque ele apresenta não somente uma prerrogativa
para o seu caso. São elas: da Administração Pública, de poder alterar o valor do
contrato, e impor essas alterações unilateralmente.
a) caução (em dinheiro ou títulos da dívida pública)
Mas esse artigo também estabelece um valor limite
b) seguro-garantia
para esses acréscimos e supressões: ele não está obri-
c) fiança bancária
gado a aceitar as alterações que sobressaltem a esses
Alteração unilateral do contrato limites de 25%, para as obras, serviços ou compras; e
de 50% para reformas de edifícios ou de equipamentos.
As alterações unilaterais são aquelas em que ape- Por mais que seja essencial que a execução do contrato
nas uma parte mexe nos termos do contrato. Para os não seja interrompida, o particular não pode ficar “pre-
contratos administrativos, somente a Administração so” a um contrato que só está lhe causando prejuízo,
Pública pode alterar unilateralmente o instrumento isso seria muito injusto. Dessa forma, pode o particular
contratual, por razões óbvias (posição mais vantajosa interessar requerer a rescisão do contrato pela via judi-
na relação). cial, se a Administração Pública for contra a rescisão. 361
Rescisão unilateral Retomada do objeto

Rescisão é o ato que visa a extinção do contrato. De Alguns serviços públicos não podem parar, dada a
novo, somente a Administração Pública pode rescin- sua grande importância para a população. Mas o que
dir unilateralmente o contrato administrativo, mesmo ocorre quando o particular não pode mais continuar
que o particular não concorde com o ato. A rescisão com a execução do contrato?
unilateral pode ocorrer: Para essas hipóteses, a Administração pode assumir
a atividade, por conta própria, para que a população
z Inadimplemento culposo: é a hipótese em que não seja afetada. Para isso, a retomada do objeto exige
particular comete um ato pela falta de cuidado, a assunção imediata do objeto do contrato; a ocupação
isso é, ele age com culpa (não cumprimento ou das instalações e pessoal; a execução da garantia con-
cumprimento irregular, atraso na entrega do pro- tratual; bem como a retenção dos créditos contratuais
jeto, paralisação, faltas reiteradas etc.) até o limite dos prejuízos causados. Aquilo que a Admi-
z Inadimplemento involuntário: aqui não há a nistração deveria pagar mensalmente ao particular
presença da culpa, porque são questões alheias, deixa de fazer até o limite dos prejuízos.
mas que ainda assim fazem com que o particular
fique impossibilitado de continuar com a execução Restrições à exceção do contrato não cumprido
contratual. É o caso do desaparecimento do parti-
cular, ou de sua insolvência. A exceptio non adimpleti contractus é uma outra
z Razões de interesse público: pode ocorrer que forma de corrigir o mesmo problema apresentado
a execução do contrato deixe de fornecer as van- anteriormente. Aqui, o contratado deve continuar
tagens almejadas pela Administração. Assim, ela com a execução do pacto, não importa o que aconteça,
pode rescindir o contrato simplesmente porque cabendo apenas a suspensão da execução do contrato
não deseja mais continuar com sua execução, por- se houver paralisação superior a 120 dias ou atraso
que não é mais interesse público continuar com nos pagamentos superior a 90 dias.
ele. Essa é uma hipótese em que é cabível inde-
nização, na forma do art. 79, § 2°. Observe que a Equilíbrio econômico-financeiro
noção de “interesse público” é algo cambiante, que
varia muito para quem está no Poder. Um aspecto de natureza orçamentária e finan-
z Caso fortuito ou força maior: são as hipóteses em ceira muito importante dos contratos administrativos.
que eventos alheios a ambas as partes impedem a Também denominada equação econômico-financeira,
execução do contrato. Aqui temos uma diferença: o consiste em uma garantia estabelecida, no momen-
caso fortuito e/ou força maior, nos contratos admi- to da celebração do contrato, para a manutenção do
nistrativos, são passíveis de indenização, na forma equilíbrio dos encargos assumidos e da remuneração
do art. 79, § 2°. Isso não acontece na esfera privada.
percebida pelo particular, garantindo a este uma cer-
ta margem de lucro pela execução do negócio.
Fiscalização Para compreender a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro nos contratos administrativos,
De modo geral, é possível colocar um agente para é importante salientar a Teoria da Imprevisão. Tra-
ficar de olho na execução do serviço avençado. Esse ta-se de uma corrente, com aplicação também nos
agente fiscalizador pode ser da Administração, ou ramos de Direito Privado, que admite que as condi-
alguém contratado pelo próprio particular. ções das partes podem sofrer alterações desde o início
da sua celebração. Pela ocorrência de algum even-
Aplicação de sanções to imprevisto pelas partes, pode ocorrer um grande
desequilíbrio na relação contratual, fazendo com que
Em vez de rescindir o contrato de uma vez, pode uma das partes tenha lucros excessivos, e a outra se
a Administração impor sanções caso o particular não prejudique ainda mais com a execução do contrato.
cumpra com todos os termos avençados. Mas o parti- Por isso, admite-se a possibilidade de revisão de algu-
cular pode sempre insurgir contra todas as penalida- mas cláusulas. Diz-se que os contratos que admitem
des, mediante recurso administrativo. revisão regem-se pelo vernáculo do rebus sic stantibus
Sobre as sanções em espécie, são elas: (“enquanto as coisas se mantiverem nesse estado”),
em oposição ao pacta sunt servanda (“os pactos devem
z Advertência: ser cumpridos”). Nos contratos administrativos apli-
ca-se com maior frequência a rebus sic stantibus.
„ Multa, podendo ser cumulada com as demais; Possui previsão constitucional (art. 37, XXI, da
„ Suspensão para nova licitação ou contrato por CF/1988), que estabelece, no procedimento licitatório,
até dois anos; e a manutenção das condições efetivas da proposta. O
„ Declaração de inidoneidade para participar de art. 65, II, d, da Lei n° 8.666/1993, seguindo essa linha
licitação ou contrato, enquanto perdurarem os de raciocínio, dispõe que:
motivos ou ocorra a reabilitação, após o mesmo
prazo da pena anterior. Art. 65 Os contratos regidos por esta Lei poderão
ser alterados, com as devidas justificativas, nos
A diferença da suspensão para a declaração de ido- seguintes casos:
neidade é que, no primeiro caso, terminado o prazo II - por acordo das partes:
da suspensão, o particular adquire capacitação para [...]
contratar automaticamente. Mas no caso da declara- d) para restabelecer a relação que as partes pac-
ção de idoneidade, o particular precisa de uma rea- tuaram inicialmente entre os encargos do contra-
362 bilitação para poder contratar com o Poder Público. tado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, enseja a revisão tarifária, desde que comprovada a
objetivando a manutenção do equilíbrio econô- imprevisibilidade e estranheza do fato, bem como o
mico-financeiro inicial do contrato, na hipótese desequilíbrio anormal na equação econômico-finan-
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis ceira. Exemplo: em um contrato de transporte de mate-
porém de consequências incalculáveis, retardado- riais de construção elaborado entre um Município e um
res ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
particular, houve aumento da carga tributária sobre o
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato
do príncipe, configurando álea econômica extraor-
ICMS, um imposto de competência do Estado onde se
dinária e extracontratual”. situa o Município e o contratado.

A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro Interferências imprevistas


poderá ser obtida mediante reajuste ou revisão. Rea-
juste é a terminologia que designa a atualização dos São eventos ocorridos durante a execução do contrato,
valores remuneratórios ante as perdas econômicas ou de ordem material, que causem dificuldades no cumpri-
majoração de insumos. As regras de reajuste, como já mento das tarefas pactuadas, tornando insuportavelmente
vimos, devem estar previstas no próprio instrumento onerosos para uma das partes. Exemplo: desabamento de
contratual. terras em área destinada a construção de imóvel público,
A revisão, por sua vez, corresponde às altera- devido a fortes chuvas.
ções no valor efetivo da tarifa, geralmente sem pre-
visão contratual, utilizado em circunstâncias em que DA INEXECUÇÃO E RESCISÃO DO CONTRATO
a recomposição por reajuste se torna impossível. Há,
nesse caso, um aumento real do valor pago ao contra- Se os contratos administrativos são celebrados por
tado, ao contrário do reajuste, que apenas atualiza o prazo determinado, isso significa que, eventualmente,
aspecto pecuniário da remuneração. eles devem deixar de vigorar, ou se extinguir. Assim, o
As hipóteses mais comuns para a autorização da contrato administrativo admite as seguintes hipóteses
recomposição econômico-financeira do contrato são: de extinção: pela execução e conclusão do seu objeto,
pelo término de seu prazo, por anulação motivada por
Alteração unilateral do objeto defeito que o macule, ou ainda por rescisão.
A execução do objeto é a forma sobre a qual se pre-
Qualquer modificação, pela Administração Públi- tende que todos os contratos se encerrem. Uma vez
ca, seja quantitativa ou qualitativa, do objeto princi- concluído o negócio, ambas as partes têm seus interes-
pal do contrato, enseja a recomposição do equilíbrio ses obtidos, e o assunto se encerra com um final positi-
econômico-financeiro. Trata-se de uma circunstância vo. Isso, contudo, não tem como acontecer no caso de
interna do contrato. Exemplo: aumento do número de contratos administrativos que preveem a prestação de
estações de linha ferroviária a serem construídas. serviços públicos, pois pela sua grande importância,
esses serviços não podem parar, podendo se estender
Fato do príncipe para além do período do ano financeiro. Nesses casos,
o melhor caminho é a prorrogação do contrato, com
É evento externo ao contrato, de natureza geral, eventuais reajustes quando necessário.
provocado pelo Poder Público. Ocorre quando o pró- A prorrogação do contrato é disciplinada pelo art.
prio Estado, mediante ato legal, modifica as condições 57, § 1° da Lei n° 8.666/1993. Segundo o referido dispo-
do contrato, provocando prejuízo ao contratado. Tal
sitivo, os prazos de início da execução, da conclusão, e
interferência gera indenização para o particular pre-
da entrega do objeto podem ser prorrogados, mas essa
judicado com a alteração unilateral do Estado. Exem-
prorrogação não pode atingir as demais cláusulas do
plo: aumento da carga tributária.
contrato, sendo assegurada, também, a manutenção
de seu equilíbrio econômico-financeiro.
Fato da Administração
O artigo prevê, também, quais são as causas que justi-
ficam a prorrogação do contrato administrativo. São elas:
Traduz-se em uma conduta irregular praticada
pelo Poder Público, que não necessariamente impede,
z Alteração do projeto ou especificações pela NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
mas pode retardar a execução do contrato. Trata-se de
ato com caráter específico, relacionado com o próprio Administração;
contrato, o que distingue do fato do príncipe. Exem-
plo: a construção de estrada em local residencial em A grande maioria dos motivos de prorrogação do
que a Administração não providencia mecanismos contrato consiste justamente na alteração de seu obje-
essenciais à desapropriação daqueles imóveis. to. Pode ser que, no início, o particular foi contratado
para realizar uma construção em uma praça pública,
Álea econômica extraordinária mas que, eventualmente, a Administração tenha inte-
resse em realizar uma outra construção, exatamente
É o evento externo ao contrato e estranho à vontade igual, mas em outra área do Município.
das partes. O que difere a álea extraordinária para o
fato do príncipe é que, no último, a alteração contratual z Superveniência de fato excepcional ou imprevisí-
é gerada por um ato feito pelo próprio contratante. Já vel, estranho à vontade das partes, que altere funda-
na álea extraordinária, temos um fato gerado por um mentalmente as condições de execução do contrato;
membro do Estado que não é o contratante, mas que
mesmo assim acaba ensejando em uma alteração con- É aqui que temos a ocorrência de Fato do Príncipe,
tratual. Por ser fato imprevisível e inevitável capaz de ou de Fato da Administração, ou ainda algum outro
causar desequilíbrio contratual, a álea extraordinária fato advindo de caso fortuito ou força maior. 363
z Interrupção da execução do contrato ou diminui- Porém, temos também a rescisão amigável, feita
ção do ritmo de trabalho por ordem e no interesse de comum acordo entre ambas as partes, geralmente
da Administração; não enseja indenização. Os motivos da rescisão ami-
z Aumento das quantidades inicialmente previstas gável podem ser dos mais diversos.
no contrato, nos limites permitidos por esta Lei; Por fim, temos a rescisão judicial, promovida
z Impedimento de execução do contrato por fato ou pelo particular em hipótese que há a interferência
ato de terceiro reconhecido pela Administração do Poder Judiciário em razão do inadimplemento por
em documento contemporâneo a sua ocorrência; parte do Poder Público.
Para que o contratado tenha o direito de ser
Se, por exemplo, o particular foi contratado para indenizado, provocado pela extinção do contrato
realizar uma obra em um terreno que, supostamen- administrativo, precisa preencher alguns requisitos.
te, era de propriedade da Administração Pública, mas Primeiramente, a extinção contratual deve ser anteci-
eventualmente surge um terceiro que comprove ser pada, pois seria ilógico pedir reparação de danos em
hipóteses em que o contrato se extinguiu naturalmen-
o dono legítimo daquele terreno, então o contrato
te pelo regular adimplemento do negócio. Além disso,
não pode mais prosseguir no mesmo ritmo. Por isso é
sua relação jurídica com o Poder Público não pode
recomendada sua prorrogação.
ser precária, pois atos precários são revogáveis pelo
Poder Público, a qualquer tempo. Por fim, o contrata-
z Omissão ou atraso de providências a cargo da
do deve ter agido de boa-fé durante a execução con-
Administração, inclusive quanto aos pagamentos tratual, pois se o particular tivesse agido com intenção
previstos de que resulte, diretamente, impedimento de extinguir o negócio (agir de má-fé) não teria direito
ou retardamento na execução do contrato, sem pre- à indenização, haja vista que ninguém pode benefi-
juízo das sanções legais aplicáveis aos responsáveis. ciar-se da própria torpeza.
Nos casos de anulação, o dever de indenizar per-
Em qualquer uma dessas hipóteses, é importan- siste ainda que o contrato apresente algum vício de
te frisar que a prorrogação deverá ser justificada por ordem legal, devendo a Administração indenizar
escrito e previamente autorizada pela autoridade com- o contratado pelo que este houver executado até a
petente para celebrar o contrato (art. 56, § 2°). data em que ela for declarada e por outros prejuízos
O conteúdo do § 3° desse mesmo dispositivo não é regularmente comprovados, contanto que não lhe
nenhuma novidade: É vedado o contrato com prazo de seja imputável, promovendo-se a responsabilidade
vigência indeterminado. Essa é uma regra máxima válida de quem lhe deu causa (art. 59, par. único, da Lei n°
para todo e qualquer contrato: o fato dele ter um prazo 8.666/1993). A anulação do contrato enseja, também,
para extinguir faz parte da própria natureza do contra- na aplicação das penalidades dispostas no art. 87.
to. Caso contrário, o contrato seria um ato precário, e a
Administração poderia revoga-lo a qualquer tempo.
Sobre a rescisão, o art. 79 da Lei n° 8.666/1993
admite três tipos de rescisão contratual. Observe o EXERCÍCIOS COMENTADOS
texto do dispositivo, in verbis:
1. (VUNESP – 2020) Considerando a distinção entre lici-
Art. 79 A rescisão do contrato poderá ser: tação deserta e licitação fracassada, assinale a alter-
I - determinada por ato unilateral e escrito da nativa correta.
Administração, nos casos enumerados nos incisos
I a XII e XVII do artigo anterior; a) A deserta ocorre quando há interessados na licitação,
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a mas nenhum é selecionado, em decorrência de inabili-
termo no processo da licitação, desde que haja con- tação ou desclassificação das propostas.
veniência para a Administração; b) A deserta torna a nova licitação inexigível, permitindo
III - judicial, nos termos da legislação; a contratação direta.
c) Quando a licitação é convocada e não aparece nenhum
A rescisão unilateral, decretada pela Administra- interessado, ocorre a denominada licitação fracassada.
ção Pública sem a necessidade de autorização judicial, d) Em ambas, o administrador poderá fazer a contrata-
ensejando indenização do contratado, exceto se deu ção direta, sendo por dispensa, no caso da deserta, e
causa à rescisão. Na ocorrência da rescisão unilateral, por inexigibilidade, no da fracassada.
ocorrerá as seguintes consequências, todas elas pre- e) Não existe limite de valor do contrato para que se decida
vistas nos incisos do art. 80: pela contratação direta em razão da licitação deserta.

I  -  assunção imediata do objeto do contrato, no A letra A está errada, licitação deserta é aquela em que
estado e local em que se encontrar, por ato próprio não existem competidores, não há ninguém interes-
da Administração; sado no certame, tornando-a “deserta” dessa forma.
II - ocupação e utilização do local, instalações, equi- A letra B está errada, quando a licitação é deserta, é
pamentos, material e pessoal empregados na exe- caso de licitação dispensável, e não de inexigibilidade.
cução do contrato, necessários à sua continuidade, A letra C está errada, licitação fracassada é aquela em
na forma do inciso V do art. 58 desta Lei; que os competidores aparecem para o certame, mas
III - execução da garantia contratual, para ressarci- todos eles acabam não sendo aprovados, isso é, todos
mento da Administração, e dos valores das multas os competidores ficam inabilitados para competir no
e indenizações a ela devidos; procedimento licitatório. A letra D está errada, tanto
IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato na hipótese de licitação deserta como na licitação fra-
364 até o limite dos prejuízos causados à Administração. cassada. Resposta: Letra E.
2. (FCC – 2019) De acordo com a Lei n° 8.666/1993, de bem público os bens das empresas públicas e
quando permitida na licitação a participação de sociedades de economia mista;
empresas em consórcio: z Corrente inclusivista: defendida por autores
como Maria Sylvia Zanella Di Pietro e Hely Lopes
a) não é admitido, para efeito de qualificação técnica, o Meirelles, consideram bens públicos todos os bens
somatório dos quantitativos de cada consorciado, pertencentes à Administração Pública Direta e
sendo necessária a comprovação individual. Indireta. Apesar de tal abrangência, essa corren-
b) é desnecessária a indicação da empresa responsável te não deixa clara a diferença de regime jurídico
pelo consórcio uma vez que todos devem atender às entre os bens utilizados para a prestação de um
condições de liderança, obrigatoriamente fixadas no serviço público, e os bens destinados à exploração
edital. de atividade econômica;
c) há responsabilidade solidária dos integrantes pelos z Corrente mista: tal corrente nos parece ser a mais
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licita- correta, pois define bens públicos não só aque-
ção quanto na de execução do contrato. les pertencentes às pessoas jurídicas de Direito
d) não há impedimento de participação de empresa con- Público, como também os bens afetados a uma
sorciada, na mesma licitação, através de mais de um prestação de um serviço público. Os bens afeta-
consórcio, sendo vedado apenas a participação de dos às prestações de serviços públicos, mesmo que
forma isolada. não pertencentes às pessoas jurídicas de Direito
e) a indicação da empresa responsável pelo consórcio Público, possuem atributos específicos dos demais
que deverá atender às condições de liderança, obriga- bens públicos, tais como a impenhorabilidade.
toriamente fixadas no edital, deverá ocorrer no prazo Essa é a corrente defendida por Celso Antônio Ban-
preclusivo de 48 horas após a divulgação do consór- deira de Mello.
cio licitante vencedor.
Com base no conceito disposto, podemos incluir
A participação de empresas em consórcio é discipli- como bens públicos: os bens da Administração Públi-
nada pelo art. 33 da Lei n° 8.666/1993. Quando tal ca Direta, isso é, bens da União (art. 20 da CF/1988),
participação é possível, há responsabilidade solidá- dos Estados (art. 26, idem), dos Municípios (pelo cri-
ria dos integrantes pelos atos praticados em consór- tério residual, são todos aqueles não pertencentes à
cio, tanto na fase de licitação quanto na de execução União e aos Estados, como ruas, praças, parques), e
do contrato. Resposta: Letra C. dos Territórios Federais (art. 33, idem), bem como os
bens da Administração Pública Indireta, inclusive
os bens particulares, pertencentes às pessoas jurí-
dicas de Direito Privado, mas que são afetados à
prestação de um serviço público, como os bens das
BENS PÚBLICOS empresas públicas, sociedades de economia mista,
concessionárias e permissionárias.
REGIME JURÍDICO DE BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
IMÓVEIS CARACTERÍSTICAS DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS
E IMÓVEIS
Conceitos Iniciais
Os bens públicos, em regra, pertencem à Adminis-
Denomina-se domínio público o conjunto de tração Pública. Por esse motivo, são dotados de um
bens, móveis e imóveis, corpóreos e incorpóreos, regime jurídico especial que os diferenciam dos bens
pertencentes ao Estado. Bens públicos, na verdade, é particulares. De modo geral, podemos identificar três
uma expressão mais abrangente, uma vez que exis- atributos essenciais dos bens públicos:
tem bens constituintes do patrimônio público que são
regidos pelas regras de Direito Privado. z Inalienabilidade: os bens públicos, em regra, não
Conceituar bens públicos é uma tarefa árdua. O podem ser vendidos livremente como os bens par-
direito brasileiro não apresenta uma concepção satis- ticulares, pois a legislação impõe certas condições
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
fatória na visão dos autores administrativos. No míni- específicas para a venda de tais bens. Por não ser
mo, utilizam o excerto do art. 98 do Código Civil, que uma proibição absoluta, há autores que preferem
dispõe: “São públicos os bens do domínio nacional a denominação alienação condicionada. Pela ina-
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público lienabilidade, também podemos afirmar que os
interno; todos os outros são particulares, seja qual for bens públicos não podem ser embargados, hipote-
a pessoa a que pertencerem”. Tal conceito, todavia, cados, desapropriados, penhorados, reivindicados,
não é aceito de maneira unânime pelos doutrinadores e nem poderão ser objeto de servidão;
administrativistas, que dividem seu posicionamento a z Impenhorabilidade: a penhora é uma constrição
partir das seguintes correntes: judicial dos bens de alguma pessoa, para satisfa-
zer a execução promovida por outra. Ao dizer que
z Corrente exclusivista: é a ideologia dos autores os bens públicos são inalienáveis, pela lógica, con-
como José dos Santos Carvalho Filho, que enten- clui-se que eles também não podem ser penhora-
dem estar absolutamente correto o dispositivo dos. É a impenhorabilidade, inclusive, que justifica
legal do Código Civil, e que o conceito de bens a existência de execução especial contra a Fazenda
públicos deve abranger somente os bens que Pública e da ordem dos precatórios disposto no
compõem o patrimônio das pessoas jurídicas art. 100 da CF/1988, sendo impossível promover
de Direito Público. Embora esta seja a corrente a execução normal dos bens da Administração
mais aceita para os concursos públicos, enten- pelas regras do Código de Processo Civil. A impe-
demos que ela peca em não incluir na concepção nhorabilidade também atinge os bens públicos das 365
empresas públicas, sociedades de economia mista prescreve que são bens públicos “os de uso comum do
e concessionárias, que são afetados à prestação de povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças”.
um serviço público; Pela sua característica de utilização universal, os
z Imprescritibilidade: no caso dos bens públicos, bens de uso comum são inalienáveis. Isso significa
a imprescritibilidade é na forma aquisitiva. Isso que, enquanto mantiverem esse status de utilização
significa que os bens públicos não são passíveis de geral por toda a população, não poderá ser vendido
usucapião, que é a forma de aquisição da proprie- ou onerado (art. 100 do CC). Para que possam ser devi-
dade com a posse contínua de imóvel ao longo do damente alienados, precisam passar pelo processo
tempo (art. 183, §3º, da CF/1988, e art. 102 do CC). de desafetação, hipótese em que se transformam em
Trata-se de uma característica atribuída a todos os bens dominicais. Apesar da utilização ser comum a
bens públicos, inclusive os bens dominicais; todos, nada impede que a utilização desses bens seja
z Não-onerabilidade: é uma consequência natural da
remunerada, ou seja, os bens de uso comum não são
impenhorabilidade. Se o bem público não pode ser
obrigatoriamente gratuitos (art. 103, CC).
alienado e nem penhorado, também não pode sofrer
qualquer tipo de encargo ou outra oneração, porque
Bens de Uso Especial
são bens que não possuem valor patrimonial.
Também denominados bens do patrimônio
CLASSIFICAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS MÓVEIS E
IMÓVEIS administrativo, são os bens que apresentam uma
destinação (finalidade) específica, e por isso, são con-
O Código Civil brasileiro apresenta uma seção espe- siderados instrumentos para a execução de serviços
cial para disciplinar a matéria dos bens públicos, esta- públicos. São os prédios das repartições públicas, os
belecendo o seu conceito (art. 98), classificação (art. cemitérios, os mercados municipais, os matadou-
99), a inalienabilidade dos bens de uso comum e uso ros etc. O art. 99, II, do CC assim dispõe que são bens
especial (art. 100), a admissão de alienação dos bens públicos: “os de uso especial, tais como edifícios ou
dominicais (art. 101), a imprescritibilidade dos bens terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
públicos (art. 102), e sua forma de utilização (art. 103). administração federal, estadual, territorial ou munici-
Em relação a classificação dos bens públicos, a pal, inclusive os de suas autarquias”
doutrina costuma agrupá-los em três grupos: Assim como os bens de uso comum, os bens espe-
ciais também são, em regra, inalienáveis, dado a sua
z Quanto à titularidade: é o critério que estabelece utilização específica e essencial para a prestação de
os bens públicos de acordo com o nível federativo um serviço público, compondo o patrimônio indis-
da pessoa jurídica a que pertençam, podendo ser: ponível da Administração Pública. A sua alienação
federais, estaduais, municipais ou distritais; somente será possível também pela sua transforma-
z Quanto à disponibilidade: os bens podem ser: ção em bens dominicais pela desafetação.
indisponíveis por natureza, que não possuem
natureza patrimonial e insuscetíveis a qualquer Bens Dominicais
alienação ou oneração. São os bens de uso comum
do povo, como os mares, o meio ambiente, paisa- São também denominados bens do patrimônio
gens naturais etc.; patrimoniais indisponíveis, que fiscal da Administração. Não possuem uma destina-
apesar de terem valor de mercado, por estarem ção específica, podendo ser utilizado sem qualquer
destinados a um interesse público, não podem ser
finalidade pela Administração. São as terras devolu-
alienados. São os bens de uso especial, como as
tas, terrenos baldios, carteiras de escolas públicas,
repartições públicas, mercados municipais, veícu-
títulos da dívida pública etc.
los da Administração etc.; patrimoniais disponíveis,
A grande distinção entre os bens dominicais sobre
são os bens que podem ser onerados e legalmente
os demais é a ausência de interesse público na sua uti-
passíveis de alienação. É o caso dos bens dominicais
ou dominiais, como as terras devolutas; lização: os bens dominicais possuem apenas interesse
z Quanto à destinação: os bens, sob esse critério, patrimonial e secundário do Estado. Nesse sentido, o
poderão ser de três tipos: bens de uso comum do art. 99, III, do CC assim prescreve serem dominicais os
povo; bens de uso especial; bens dominicais. bens “que constituem patrimônio das pessoas jurídi-
cas de direito público, como objeto de direito pessoal,
DOS MEIOS DE UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS ou real, de cada uma destas entidades”.
PELO PARTICULAR Mas os bens dominicais não precisam pertencer
somente à Administração Direta. Segundo o parágrafo
Antes de determinar as modalidades diferentes do único do art. 99 do referido Código:
uso de bens públicos pelo administrado, é importante
fazer uma breve consideração. Quanto a sua destina- Não dispondo a lei em contrário, consideram-se
ção, os bens públicos poderão ser de uso comum do dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídi-
povo, de uso especial, ou ainda dominicais. cas de direito público a que se tenha dado estrutura
de direito privado.
Bens de Uso Comum
O referido dispositivo, dessa forma, acrescenta ao
São os bens do domínio público, abertos a utilização grupo dos bens disponíveis do Estado os bens perten-
universal, por todos os cidadãos. São os mares, os rios, centes às fundações governamentais de Direito Pri-
o meio ambiente, as florestas, as paisagens naturais, vado que não possuem destinação específica para a
366 entre outros. Nesse mesmo sentido, o art. 99, I, do CC execução de um serviço público.
Da Outorga dos Bens Públicos: Concessão,
Importante! Permissão, Autorização

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), no jul- Os bens públicos, sejam de uso comum, de uso
gamento do RESP n° 1.296.964 no dia 7 de especial ou dominicais, podem ser outorgados a deter-
dezembro de 2016, firmou entendimento de ser minados particulares. Essa outorga, como já vimos,
possível que particulares possam discutir a pos- tem algumas características importantes, como o fato
se de imóvel localizado em área pública sem de ser uma outorga precária (que pode ser revogada
destinação específica, por meio da tutela judicial a qualquer tempo), envolvendo juízo de discriciona-
possessória. Apesar de não haver a possibilida- riedade por parte da Administração (razões de conve-
de de transferência da propriedade do Estado ao niência e oportunidade), devendo se dar mediante ato
particular, é possível que este seja possuidor de administrativo formal (não se admite a forma verbal
de outorga), entre outras.
referido imóvel dominical, tendo por fundamen-
É importante, dessa forma, conhecer quais são os
to valores constitucionais como a função social
instrumentos de outorga do uso privativo de bens
da propriedade e o máximo aproveitamento do públicos. São eles:
solo. Assim, podemos resumir o entendimen-
to do STJ na possibilidade do particular adqui- z Autorização de uso de bem público: autorização
ri posse ad interdicta de imóvel público, isso é, é o ato administrativo unilateral, discricionário e
admite proteção da posse pela via judicial, mas precário, por meio do qual a Administração faculta
a referida posse não enseja a usucapião, ou ad o uso do bem de forma privativa, para um deter-
usucapionem. minado particular, com a finalidade de atender
a interesses predominantemente privados. A
autorização não depende de prévia licitação, mas
Sobre as formas de uso dos bens públicos, temos também apresenta um certo risco, uma vez que ela
quatro possibilidade: uso comum; uso especial; uso não tem prazo determinado, podendo ser revogada
compartilhado; e uso privativo. Observe que algumas a qualquer tempo, sem qualquer indenização para
formas de uso tem o mesmo nome do que umas espé- o particular. Também não depende de previsão
cies de bens públicos. Porém, elas significam coisas legal, pois da autorização não decorrem direitos
diferentes. Pode ocorrer, por exemplo que um bem de conexos, apenas o direito de exercitar a referida
uso comum do povo (espécie), acabe sendo utilizado atividade. É o caso do fechamento de ruas para as
de forma privativa. quermesses ou feiras, o interesse é predominan-
Dessa forma, as modalidades de uso dos bens temente privado porque só o dono das barracas é
públicos são: que ganha com a utilização temporária desse bem;
z Permissão de uso de bem público: é também um
z Uso comum: é a forma de uso de bem público ato administrativo unilateral, discricionário e pre-
aberto, indiscriminadamente, para toda a coletivi- cário. Mas difere-se da autorização pelo fato de que
dade. Não há a necessidade de uma autorização, a Administração outorga o bem com uma finalida-
por parte do Estado, para o seu uso. É o caso das de de atender a um interesse predominantemen-
praças, das praias e dos parques. Sua utilização te público. Com isso, a utilização do bem público é
pode ser gratuita ou onerosa, ou seja, pode-se exi- obrigatória e, por isso, deve ser precedida de licita-
gir uma contraprestação; ção. Qualquer modalidade de licitação serve para
z Uso especial: para a utilização desses bens, é a permissão de uso de bem público. Outra diferen-
necessário um regramento específico, sendo igual- ça importante é que a revogação antecipada da
mente importante que o Poder Público autorize permissão pode gerar indenização, quando hou-
ver menção de um prazo determinado no ato de
a sua utilização pelas pessoas. Também pode ser
permissão. Isso porque a permissão se assemelha
gratuita ou onerosa. É o caso da estrada submeti-
um pouco mais com um contrato de adesão, e aca-
da a pedágio: o particular só pode dela utilizar se
ba perdendo a característica da precariedade. Por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
estiver autorizado, e também se estiver disposto a
isso, entende-se que o permissionário, nessas con-
pagar uma quantia para atravessá-la;
dições, pode exigir uma indenização. Um exemplo
z Uso compartilhado: como o próprio nome aduz, a
de permissão de uso de bem público é a utilização
utilização do bem público deve ser compartilhada de área de domínio da União para a realização de
entre o ente estatal e a pessoa jurídica de direito eventos de curta duração, de natureza recreativa,
público ou privado. É o caso da instalação de fios elé- esportiva, cultural, religiosa ou educacional (art.
tricos, por iniciativa do Estado, em uma área munici- 22, Lei nº 9.636/1998);
pal. Precisa de autorização para o uso compartilhado; z Concessão de uso de bem público: a concessão
z Uso privativo: é a forma de uso de bem público é um instrumento mais rígido pois é um contrato
para uma pessoa ou um grupo específico de pes- administrativo (pressupõe um acordo de vontades
soas. Há uma outorga do bem, mediante instru- distintas), pelo qual o Poder Público outorga o uso
mento jurídico específico (autorização), e que de bem, mediante prévia licitação, a um particu-
exclui a sua utilização pelas demais pessoas. Algu- lar, por prazo determinado. A sua finalidade é
mas características importantes do uso privativo: também para atender interesses predominante-
a) privatividade, c) discricionariedade, d) preca- mente públicos, o que significa que o concessioná-
riedade, e e) regulamentada pelo regime de direito rio deve respeitar a destinação específica daquele
público. Um exemplo bem comum de uso privativo bem, não podendo alterar sua natureza, podendo
é a utilização de uma praça pública para uma fei- a utilização ser gratuita ou onerosa. Por ter prazo
ra, ou uma quermesse. determinado, a sua revogação antecipada gera ao 367
concessionário direito de indenização, desde que Para os bens imóveis pertencentes à União, a
a rescisão não tenha sido sua culpa. O art. 176 da Lei nº 9.636/1998 disciplina sobre os requisitos para a
CF/1988 prevê, por exemplo, a concessão de uso venda de tais bens em seu art. 24, in verbis:
de jazidas de minérios. O traço mais característico
da concessão de uso é o fato de que o concessioná- Art. 24 A venda de bens imóveis da União será feita
ria pode utilizar do bem público o quanto quiser mediante concorrência ou leilão público, observa-
(posse ad interdicta), mas nunca poderá ser o das as seguintes condições:
I - na venda por leilão público, a publicação do edi-
proprietário do bem, pois sua posse lhe carece do
tal observará as mesmas disposições legais aplicá-
direito de usucapião (posse ad usucapionem); veis à concorrência pública;
z Concessão de direito real de uso: esse é um caso II - os licitantes apresentarão propostas ou lances
em que a concessão recai sobre direito real, ao distintos para cada imóvel;
contrário da hipótese anterior, que recai sobre um III - REVOGADO
direito pessoal. A concessão de direito real de uso IV - no caso de leilão público, o arrematante pagará,
recai, sobretudo, sobre terrenos públicos e espa- no ato do pregão, sinal correspondente a, no míni-
ços aéreos. Ela possui finalidades bem específicas, mo, 10% (dez por cento) do valor da arrematação,
todas elas de interesse público, como a regulariza- complementando o preço no prazo e nas condições
ção fundiária, a urbanização e industrialização, o previstas no edital, sob pena de perder, em favor da
União, o valor correspondente ao sinal e, em favor
cultivo da terra, a preservação de comunidades, o
do leiloeiro, se for o caso, a respectiva comissão;
aproveitamento de várzeas etc. Por ser direito real, V - o leilão público será realizado por leiloeiro ofi-
essa concessão pode ser transferida por ato inter cial ou por servidor especialmente designado;
vivos, ou por herança legítima ou testamentária. VI - quando o leilão público for realizado por lei-
loeiro oficial, a respectiva comissão será, na forma
Um destaque especial deve ser feito para a conces- do regulamento, de até 5% (cinco por cento) do
são de uso especial para fins de moradia, prevista valor da arrematação e será paga pelo arrematan-
na Medida Provisória nº 2.220/2002, cujos requisitos te, juntamente com o sinal;
estão previstos no art. 1º da MP: “Aquele que, até 30 VII - o preço mínimo de venda será fixado com base
no valor de mercado do imóvel, estabelecido em
de junho de 2001, possuiu como seu, por cinco anos,
avaliação de precisão feita pela SPU, cuja validade
ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cin-
será de doze meses;
quenta metros quadrados de imóvel público situado VIII - demais condições previstas no regulamento e
em área urbana, utilizando-o para sua moradia ou de no edital de licitação.
sua família, tem o direito à concessão de uso especial
para fins de moradia em relação ao bem objeto da De modo geral, pode-se afirmar que os bens públi-
posse, desde que não seja proprietário ou concessio- cos são adquiridos mediante alguns modos: contra-
nário, a qualquer título, de outro imóvel urbano ou to, usucapião, desapropriação, acessão, aquisição por
rural”. Vemos, assim, que é uma modalidade especial causa mortis, adjudicação, ou ainda por força de lei.
de concessão de uso, uma vez que é a única em que se Por outro lado, as formas de alienação de bens
admite a usucapião. públicos, ou ao menos aqueles que podem ser aliena-
dos, são, de modo geral, as seguintes: por venda, por
FORMAS DE AQUISIÇÃO E ALIENAÇÃO DE BENS doação a outro órgão/ente da Administração Pública,
PÚBLICOS por permuta, por concessão do domínio, por dação em
pagamento, por incorporação, entre outras formas.
Como já vimos, os bens estatais, em regra, são ina-
lienáveis. Porém, tal regra comporta exceções. O legis- DA AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
lador, para proteger o interesse público, impôs que a
alienação dos bens públicos devesse seguir uma série Pela lógica, pode-se concluir que o patrimônio do
de requisitos especiais, que variam dependendo da Estado possui um certo desequilíbrio muito grande,
pessoa a quem esses bens pertençam. Tais requisitos pois a quantidade de bens públicos, com destina-
encontram-se dispostos no art. 17 da Lei nº 8.666/1993, ção específica, é muito maior do que a quantidade
os quais agrupamos dessa forma para fins didáticos: de bens que o Poder Público pode livremente se dis-
por. Isso pode gerar alguns problemas financeiros. O
Estado não pode entrar em insolvência (ter o passivo
z Bens imóveis pertencentes às entidades da
maior do que o ativo) pelo fato de constituir em um
Administração Direta e autarquias e funda-
maior patrimônio indisponível do que o patrimônio
ções necessitam de interesse público devidamente
disponível.
motivado, autorização legislativa, prévia avalia-
Ele não pode carecer de recursos enquanto apre-
ção, e procedimento de licitação na modalidade senta alguns bens com destinação específica, mas
concorrência; que no momento não se encontram em uso. Por
z Bens imóveis pertencentes às empresas públi- isso, é muito importante que a Administração Públi-
cas, sociedades de economia mista e paraesta- ca possua meios para reequilibrar o seu patrimônio,
tais necessitam de interesse público motivado, transformando-os de acordo com a sua vontade. Os
prévia avaliação e procedimento de licitação na processos de transformação desse patrimônio deno-
modalidade concorrência; minam-se afetação e desafetação.
z Bens móveis, independentemente de a quem Afetação é um termo que apresenta várias acep-
pertençam, necessitam de interesse público moti- ções distintas. A acepção aceita pela maioria dos auto-
vado, avaliação prévia, e procedimento de licita- res é a condição estática e atual de um bem público,
368 ção em qualquer modalidade. que está servindo a alguma finalidade pública. São
os bens de uso comum e de uso especial, como as pai- 2. (INSTITUO AOCP – 2020) Em relação aos bens, como
sagens naturais de uso comum a todos, e o prédio de as edificações onde estão instaladas as “Escolas
uma unidade hospitalar, cuja finalidade pública é Públicas”, no Município de Novo Hamburgo (RS), são
a promoção da saúde. O Poder Público, assim, pode classificados como bens públicos os de uso(s)
transformar um bem patrimonial em um bem de uso
comum, ou de uso especial, pelo processo de afetação, a) comum do povo, sendo inalienáveis e não sujeitos a
conferindo à referida coisa uma destinação pública. usucapião.
Por outro lado, desafetação é a situação de bem b) dominicais, podendo ser alienáveis e sujeitos a
público que não se encontra servido a nenhuma uti- usucapião.
lidade pública em específico. São os bens dominicais, c) dominicais, sendo inalienáveis e não sujeitos a
como o terreno baldio pertencente ao Estado, ou um usucapião.
imóvel que deveria servir para uma repartição públi- d) especiais, sendo inalienáveis e não sujeitos a
ca, mas que no momento encontra-se abandonado. usucapião.
Dessa forma, pode a Administração, mediante pro- e) especiais, podendo ser alienáveis e não sujeitos a
cesso de desafetação, “remover” a destinação pública usucapião.
daquele bem, transformando-o em bem patrimonial.
Já sabemos qual a principal característica dos bens A questão é bastante duvidosa, pois entendemos que
patrimoniais do Estado: ele pode dispor livremen- a alternativa D também estaria correta. Os bens de
te sobre tais bens, mediante alienação ou penhora. uso especial, enquanto destinados à uma finalidade
Porém, por se tratar de um processo em que um bem pública e específica, não podem ser penhorados, e
público perde a sua destinação específica, a desafeta- nem estão sujeitos a usucapião. A única forma de
ção sempre ocorre mediante redação de lei específica, fazer um bem de uso especial poder ser alienado,
nunca poderá ser tácita, isso é, não pode ser promovi- é mediante o processo de desafetação. Porém, em
da pelo simples desuso do referido bem. nenhum momento o enunciado da questão mencio-
na a desafetação. Resposta: Letra E.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação à organiza-


EXERCÍCIOS COMENTADOS ção do Estado, julgue o item a seguir.
Rio que banhe os estados do Maranhão e do Piauí é
1. (FCC – 2020) A concessão de uso é instrumento jurídi-
um bem da União.
co por meio do qual a Administração pública
( ) CERTO  ( ) ERRADO
a) obriga particulares, necessariamente pessoas jurí-
dicas, ao desenvolvimento de atividades de inte-
A questão menciona um rio que banha mais de um Esta-
resse público, vedado o uso exclusivo e privativo.
do. É, assim, considerado um rio federal, pertencente à
b) faculta ao particular a exploração de bens públi-
União. Se o rio banhasse apenas um Estado, então ele
cos imóveis, por prazo indeterminado ou determi-
seria de domínio do próprio Estado. Resposta: Certo.
nado, este que deve guardar relação com o tempo
necessário à implementação das atividades abran-
4. (INSTITUTO AOCP – 2019) Os bens públicos são
gidas pela finalidade do uso.
tema de análise pelo direito administrativo brasileiro.
c) contrata com particular a prestação de serviços
A respeito deles, assinale a alternativa correta.
públicos essenciais, mediante cobrança de tarifa
do usuário ou pagamento de remuneração pelo
a) Os bens afetados à prestação de serviços públicos,
poder público.
mesmo que não pertencentes a pessoas jurídicas de
d) outorga ao particular a execução de serviços públi-
cos, mediante remuneração própria e necessaria- direito público, podem ser penhorados.
mente submetida a princípios específicos. b) Bens dominicais podem ser exemplificados, tais como
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
e) confere ao particular, por prazo determinado no rios, mares, estradas, ruas e praças.
contrato celebrado, a utilização de bens públicos c) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou
imóveis, podendo ser remunerado ou gratuito, retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela
observado o interesse público. entidade a cuja administração pertencerem.
d) Os bens públicos dominicais não podem ser alienados
A letra A está errada, pois a concessão de uso de por iniciativa pública ou projeto de lei.
bem público pode ser utilizado, de forma exclusiva
e privativa ao particular. A letra B está errada, pois A letra A está errada, pois os bens afetados a pres-
por ser um contrato administrativo, a concessão de tação de um serviço público, por ter uma finalidade
uso de bem público tem prazo determinado para pública, são inalienáveis e impenhoráveis, pois a
acabar. A letra C está errada, porque a concessão só Administração não pode livremente dispor do mes-
pode ser feita sobre os serviços públicos não essen- mo. A letra B está errada, os rios, mares, estradas,
ciais, isso é, aqueles serviços que não são caracte- ruas, e praças, não são bens dominicais, e sim bens
rísticos do poder político de Estado. A letra D está de uso comum do povo. A letra D está errada, os
errada, porque quando ocorre a concessão de ser- bens dominicais constituem no patrimônio disponí-
viço público para o particular, este é remunerado, vel da Administração. Isso significa que esses bens
geralmente, mediante a cobrança de tarifas pelos podem sim, ser alienados, seja por iniciativa pública
usuários do serviço. Resposta: Letra E. ou por projeto de lei. Resposta: Letra C. 369
5. (FCC – 2018) Um órgão da Administração pública dire- existe tal limitação para a alienação de bens públi-
ta deseja vender um prédio público desativado para cas para as terras devolutas. A letra D está incorreta
uma entidade autárquica. Em conformidade com a Lei pois, de novo, o processo de afetação e desafetação
n° 8.666/1993, tal alienação é não depende de lei específica, ou de uma lei que
autorize esse processo. A letra E está incorreta, pois
a) vedada, já que os bens públicos são inalienáveis. na verdade descreve hipótese de retrocessão, e não
b) possível, por se tratar de um bem público dominical, alienação. Resposta: Letra A.
desde que exista interesse público devidamente justi-
ficado e seja precedida de avaliação e de autorização 7. (FCC – 2018) Um Município pretende se desfazer
legislativa, sendo dispensada a licitação na modalida- de um prédio onde funciona uma unidade escolar,
de concorrência. mediante alienação por meio de licitação, pois ela se
c) possível, por se tratar de um bem de uso comum, insere em região que se tornou bastante valorizada
desde que exista interesse público devidamente jus- para empreendimentos imobiliários. Editou decreto
tificado e seja precedida de licitação na modalidade autorizando a licitação. Esse ato:
concorrência, sendo dispensada a autorização legis-
lativa, já que não está cumprindo a função social da a) é ilegal, considerando que a alienação depende de lei
propriedade. autorizando a alienação e desafetando o bem de uso
d) possível, por se tratar de um bem de uso especial, especial.
desde que exista interesse público devidamente jus- b) é válido e regular, ficando condicionado à prévia deso-
tificado e seja precedida de avaliação e de autoriza- cupação do imóvel.
ção legislativa, bem como de licitação na modalidade c) é inválido, não podendo ser considerado o resultado
concorrência. da licitação, independentemente de anulação.
e) possível, por se tratar de um bem público dominical, des- d) é aderente ao princípio da eficiência, tendo em vista
de que exista interesse público devidamente justificado e que o interesse público será mais e melhor atendi-
seja precedida de avaliação e de autorização legislativa, do com a receita oriunda da alienação e destinada a
bem como de licitação na modalidade concorrência. outras políticas públicas.
e) deve ser revogado, pois viola a norma legal que exige
A letra A estão erradas, pois a alienação do bem não avaliação prévia e desafetação para somente então o
é vedada, é possível uma vez que o bem não possui bem poder ser alienado.
destinação específica (prédio público desativado). As
letras C e D estão erradas, porque o referido bem não Pela leitura da questão, percebe-se que estamos diante
é de uso comum. Ele poderia ser um bem de uso espe- de um bem público de uso especial (o prédio onde fun-
cial, se tivesse sendo destinado a uma finalidade de ciona unidade escolar). A possibilidade de alienação
interesse público, mas por ser um prédio desativado de tal bem se dá mediante processo de desafetação,
(leia-se abandonado), ele também não é bem de uso que será feita pela edição de lei específica autorizan-
especial. A letra E está errada, porque a venda de um do a alienação. A “pegadinha” da questão encontra-se
bem imóvel para outro órgão ou ente da Administra- na alternativa E. Como a desafetação necessita de lei
ção Pública não necessita de licitação. Os dois entes específica autorizando tal procedimento, é ato vincu-
interessados pertencem ao Estado, logo, seria ilógico lado, o que significa que só pode ser extinto pela sua
promover um procedimento licitatório que tem por anulação, e não revogação. Resposta: Letra A.
fundamento a competitividade e o julgamento de
uma melhor proposta. Resposta: Letra B. 8. (VUNESP – 2020) A concessão de direito real de uso:

6. (VUNESP – 2018) No tocante a bem público, é correto a) tem conteúdo obrigacional, podendo ser definida
afirmar que: como uma modalidade específica de contrato privado
firmado pelo Poder Público.
a) a alienação de bens imóveis, como regra, dependerá b) tem por objetivo permitir o uso compartilhado, gratuito
de autorização legislativa, de avaliação prévia e de lici- ou oneroso, de bem público, móvel ou imóvel.
tação, realizada na modalidade de concorrência c) tem natureza jurídica precária, podendo ser revogada
b) afetação de bem a uso comum dependerá de avalia- a qualquer tempo, mediante despacho fundamentado
ção prévia, assim como de autorização legislativa ou da autoridade competente.
decreto. d) embora se trate de direito real, se destinada a progra-
c) alienação poderá decorrer de retrocessão, que não se mas habitacionais ou de regularização fundiária de
confunde com concessão de uso, porque é forma de interesse social, desenvolvidos por órgãos ou entida-
alienação hoje admitida apenas para terras devolutas des da administração pública, deverá ser precedida de
da União, Estados e Municípios. licitação.
d) afetação e a desafetação de qualquer bem sempre e) quando precedida de licitação, será esta na modalida-
dependerão de lei. de concorrência, do tipo maior lance ou oferta, inde-
e) alienação poderá decorrer de concessão de domínio, pendentemente do valor do objeto.
que ocorre sempre que a Administração não mais
necessita do bem expropriado, e o particular o aceita A letra A está errada, a concessão de direito real de
em retorno. uso, na verdade, é um contrato administrativo e não
um contrato privado. A letra B está errada, não é
A letra B estão incorretas porque o processo de afe- um caso de uso compartilhado, e sim de uso privati-
tação não depende de uma lei específica, podendo se vo de um bem público. A letra C está errada porque
dar tacitamente pela atividade administrativa natu- a concessão não é um ato precário, e se for revo-
ral do Estado, ou até mesmo por iniciativa do pro- gada antes do prazo previsto no contrato, enseja a
370 prietário particular. A letra C está errada pois não indenização. A letra D está errada, a concessão de
direito real de uso sempre deve preceder de proce-
dimento licitatório, independentemente da sua fina- EXERCÍCIO COMENTADO
lidade. A modalidade de licitação a ser adotada é a
concorrência. Resposta: Letra E. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito da administra-
ção pública brasileira, julgue o item a seguir.
O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comu-
nicações integra a administração direta, enquanto a
Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), agência
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA sob a supervisão desse ministério, integra a adminis-
tração indireta.
Para atingir seus objetivos, a Administração Públi-
ca atuará, em termos simples, por meio de seus agen-
tes públicos e de sua estrutura. No presente tópico nós ( ) CERTO  ( ) ERRADO
entenderemos uma divisão bastante básica da estru-
tura administrativa. Vejamos os conceitos básicos Os Ministérios fazem parte da administração indi-
para administração direta e administração indireta. reta, pois são órgãos. A FINEP é empresa pública,
portanto é uma entidade da administração indireta.
z Administração direta é composta pela estrutura Resposta: Certo.
administrativa dos entes federados (União, Esta-
dos, Distrito Federal e Municípios); CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO,
z Administração indireta é composta por entida- CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
des personalizadas apartadas da estrutura admi-
nistrativa dos entes federados. Para entendermos os conceitos constantes do pre-
sente tópico, temos que ter em mente de forma bas-
Em complemento, é importante sabermos o con- tante clara os conceitos do título anterior. Por isso,
ceito de órgão, que são centros de competência des- caso surja alguma dúvida, faça a revisão para sanar
personalizados. A partir disso, podemos compreender a dúvida.
melhor uma das principais diferenças entre a admi-
nistração direta e indireta. Enquanto aquela é com- Concentração e Desconcentração
posta por uma estrutura hierarquizada que poderá se
subdividir em órgãos, esta é uma entidade com perso- A concentração e a desconcentração estão ligadas
nalidade própria, com autonomia para atuar. ao surgimento ou extinção de órgãos. Lembremos,
Importante termos contato com o art. 4º do Decre- então, o conceito de órgão.
to-Lei nº 200/67, que definiu a administração direta e
indireta em âmbito federal, sendo bastante importan-
z Órgão: são centros de competência despersonalizados.
te para o estudo do assunto ainda hoje, por refletir o
que ocorre também na estrutura administrativa dos
Por meio da criação e extinção de órgãos à Admi-
outros entes federados.
nistração Pública se organiza da melhor maneira
Art. 4° A Administração Federal compreende: segundo a decisão de seus agentes públicos. Vamos a
I - A Administração Direta, que se constitui dos um exemplo para ajudar no entendimento. Veja, no
serviços integrados na estrutura administrativa da caso da estrutura federal, que abaixo da Presidência
Presidência da República e dos Ministérios. da República temos vários Ministérios. Você deve se
II - A Administração Indireta, que compreende recordar que os Ministérios variam em número de
as seguintes categorias de entidades, dotadas de governo para governo, ou até mesmo dentro de um
personalidade jurídica própria: mesmo mandato. Isso ocorre para uma melhor orga-
a) Autarquias; nização dos serviços públicos ligados a cada um des-
b) Empresas Públicas;
ses órgãos.
c) Sociedades de Economia Mista.
Ainda, tendo em mente o conceito de órgão coloca-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
d) fundações públicas.
Parágrafo único. As entidades compreendidas na do acima, cada um deles tem suas competências defi-
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério nidas (Ministério da Educação, Ministério da Saúde,
em cuja área de competência estiver enquadrada etc). E dentro dessas áreas, atuam em nome da União,
sua principal atividade. pois são centros de competência despersonalizados.
Em outros termos, as consequências de sua atuação
Por fim, é importante ressaltarmos uma pequena serão imputadas à União e a ela devem obediência
desatualização do dispositivo acima, que não traz o hierárquica.
consórcio público de direito público (também conhe- De forma similar ocorrerá em Estados e Municípios
cidas por associações públicas), também entidade em relação às suas Secretárias e Governo/Prefeitura.
integrante da administração indireta, conforme cons- Importante destacar que a criação de órgãos tem o
ta no Código Civil. objetivo de dividir as tarefas e aumentar a eficiência
do serviço público.
Art. 41 São pessoas jurídicas de direito público interno:
Diante disso, temos os seguintes conceitos.
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios; z Concentração: extinção de órgãos (ou sua não
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; criação);
V - as demais entidades de caráter público criadas z Desconcentração: criação de órgãos dentro de
por lei. uma mesma pessoa jurídica. 371
Finalizando o tema, trago dois importantes dispo- Para que não façamos confusão do assunto do pre-
sitivos constitucionais sobre a criação ou extinção de sente tópico com o anterior, cabe uma comparação.
órgãos públicos. Vejamos:
CF/88.
ESTRUTURA
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente ADMINISTRATIVA CENTRAL
da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre:
a) organização e funcionamento da administração
Descentralização: criação Criação de órgão -
federal, quando não implicar aumento de despesa
de entidades nova / centro de competência
nem criação ou extinção de órgãos públicos;
personalidade jurídica despersonalizado
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a san-
ção do Presidente da República, não exigida esta
para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor Formas de Descentralização
sobre todas as matérias de competência da União,
especialmente sobre: A descentralização poderá ocorrer por meio de
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos três formas diferentes. Vejamos quais são:
da administração pública;
z Outorga: criação de entidade da administração
Centralização e Descentralização indireta para exercício de determinada atividade.
Faz-se necessária a edição de lei;
Os institutos da centralização e descentralização z Delegação (ou colaboração): realizada por meio
estão ligados à atribuição de competências a entida- de contrato ou ato unilateral, ocorrendo a trans-
des fora da estrutura administrativa central, que pos- ferência de determinadas atribuições para o
suem personalidade jurídica própria. setor privado. Aqui ocorre a transferência ape-
De forma direta, temos aqui os seguintes conceitos: nas da execução, permanecendo a competência
com o ente público devido à imposição do texto
z Centralização: exercício das atividades por meio constitucional;
da estrutura administrativa direta e seus órgãos; z Geográfica: criação de território federal.
z Descentralização: atribuição de atividades a enti-
dades com personalidade jurídica própria. Portanto, de forma esquemática temos o seguinte:

Chamo sua atenção para a própria semântica (sig-


nificado) das palavras que trazem nossos conceitos DESCENTRALIZAÇÃO
(centralização x descentralização). Lembra que as ADMINISTRATIVA
entidades da administração indireta têm personali-
dade própria? O termo quer nos informar justamente
que quando elas são criadas teremos uma entidade
Por delegação
que atuará de forma “separada” da estrutura admi- Por outorga Geográfica
(colaboração)
nistrativa “central” do ente federado em questão.
Ou seja, teremos uma entidade que atuará de forma
“descentralizada”.
No sentido oposto, caso tenhamos a extinção de EXERCÍCIOS COMENTADOS
uma dessas entidades, as suas funções, a princípio,
recairão sobre a estrutura administrativa centraliza- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito da administra-
da pré-existente. Ou seja, a atividade passará a ser ção pública brasileira, julgue o item a seguir.
exercida de maneira centralizada. A descentralização por colaboração ocorre, por exemplo,
Lembre-se que esse conceito doutrinário se aplica quando a administração pública, por meio de ato admi-
à Administração Pública de qualquer dos entes fede- nistrativo, transfere a execução de um serviço a uma pes-
rados, como vimos anteriormente. soa jurídica, mas mantém a titularidade do serviço.
Finalizando esse entendimento trago um exem-
plo para você. O Ministério da Educação faz parte da ( ) CERTO  ( ) ERRADO
estrutura centralizada do governo. Já uma universida-
O conceito de descentralização por colaboração foi cor-
de federal a ele vinculada será uma autarquia (entida-
retamente tratado. Por questão constitucional, a com-
de da administração indireta).
petência do serviço permanece com o ente público que
delegou o serviço. Não se esqueça que essa descentrali-
zação também é conhecida como por delegação. Pode-
Importante! rá ser realizada por meio de contrato ou ato unilateral,
Não há relação de hierarquia entre as entidades ocorrendo a transferência de determinadas atribuições
para o setor privado. Resposta: Certo.
da administração indireta e a estrutura adminis-
tração central. Há apenas vinculação para fins de
2. (FCC – 2019) A Administração pública de determi-
controle finalístico. Em outros termos, a entida- nado estado da federação está estruturada de forma
de da administração indireta estará ligada a um descentralizada. Isso significa que
órgão da administração direta que verificará se
os objetivos para os quais a entidade fora criada a) a Administração pública foi autorizada por lei ou
372 estão sendo cumpridos. decreto a criar, mediante lei específica, autarquias,
pessoas jurídicas de direito público que executam ser- No entanto, inicialmente conheceremos algumas
viços públicos. informações que se aplicam a todas elas para, em segui-
b) foram constituídas pessoas jurídicas, integrantes da
da, adentrarmos aos detalhes atinentes a cada uma.
Administração indireta, às quais foram conferidas atri-
buições originalmente de competência da Administra-
ção central. Responsabilidade Civil Objetiva
c) a Administração pública delegou integralmente suas
competências e atribuições para os entes que inte- A regra geral para a responsabilidade para os entes
gram a Administração indireta públicos é a responsabilidade civil objetiva, constan-
d) foi editada lei específica criando empresas públicas e te do art. 37, parágrafo sexto, da Constituição Federal.
sociedades de economia mista, que podem prestar ser-
Isso inclui as entidades da administração indireta,
viços públicos mas não integram a Administração indi-
reta por possuírem natureza jurídica de direito privado. inclusive as de personalidade privadas que prestarem
e) foram criadas autarquias, fundações e empresas serviço público. Vejamos a literalidade do dispositivo.
públicas, pessoas jurídicas dotadas de personalida-
de jurídica própria e com natureza jurídica de direito Art. 37 [...]
público. § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos
A questão nos cobra o conhecimento do fenômeno responderão pelos danos que seus agentes, nes-
descentralização na Administração Pública. Veja que sa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
a letra B é a alternativa correta, por ser a única se direito de regresso contra o responsável nos casos
que se refere à criação de pessoas jurídicas que irão de dolo ou culpa.
exercer tais atribuições. Essa é uma característica
fundamental na descentralização: as atribuições
passam a uma pessoa jurídica diferente daquelas que Em termos simples, sempre que as entidades que
as detinham inicialmente. Resposta: Letra B. se enquadrem no conceito acima causarem dano
deverão repará-lo. No entanto, como trazido no final
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito da administra- do dispositivo, poderão apurar a responsabilidade de
ção pública brasileira, julgue o item a seguir. seus agentes (analisando a culpa ou dolo na conduta)
A descentralização consiste na repartição de funções os obrigando a ressarcir os prejuízos tidos pela pessoa
entre mais de um órgão de uma mesma administra- jurídica em nome da qual atuam.
ção, sem que haja quebra de hierarquia, e pode ocorrer
As exceções a essa regra serão oportunamente
por critério territorial.
abordadas em outro ponto no material.
( ) CERTO  ( ) ERRADO A responsabilidade civil objetiva é aquela em que
não se analisa a culpa ou dolo da conduta, sendo a
Aprendemos que no caso da descentralização have- reparação devida desde a constatação do dano.
rá a criação de uma nova pessoa jurídica, deixando
de existir relação hierárquica, mas vinculação para Imunidade Tributária Recíproca
fins de controle finalístico. Desta forma, a questão é
incorreta, pois impõe que a divisão se dará dentro Há uma importante vedação na Constituição Fede-
de uma mesma estrutura administrativa, expondo a
figura da desconcentração. Resposta: Errado. ral ao poder de tributar. O objetivo é a manutenção
e estabilidade do pacto federativo, impedindo que os
AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS entes federados prejudiquem uns aos outros por meio
E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA da tributação. Vejamos a literalidade do dispositivo.

Depois de estudarmos o surgimento das entidades Art. 150 Sem prejuízo de outras garantias assegu-
da administração indireta, conheceremos as espécies radas ao contribuinte, é vedado à União, aos Esta-
que compõem o gênero, que são as seguintes: dos, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
Autarquias
Pagamento por Meio de Precatórios

Fundações Públicas A Constituição Federal impõe modalidade especí-


fica de pagamento no caso de sentenças judiciais. O
intuito é a proteção do patrimônio público. Vejamos
o dispositivo.
ADM. PÚB. INDIRETA Empresas Públicas
Art. 100 Os pagamentos devidos pelas Fazendas
Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Munici-
Sociedade de pais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão
Economia Mista exclusivamente na ordem cronológica de apre-
sentação dos precatórios e à conta dos créditos
respectivos, proibida a designação de casos ou de
Associações Públicas pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos
adicionais abertos para este fim. 373
Autonomia Administrativa × Autonomia Política O significado do termo patrimônio personalizado
entenderemos pela sua própria origem: a doação de
Uma característica marcante das entidades da um patrimônio por parte do instituidor. Tal definição
administração indireta é a autonomia. Como vimos consta do nosso Código Civil.
anteriormente, elas possuem personalidade jurídica, CC/02.
sendo sujeitas de direito e obrigações.
No entanto, não podemos confundir autonomia Art. 62 Para criar uma fundação, o seu instituidor
administrativa com autonomia política. A autonomia fará, por escritura pública ou testamento, dotação
política é natural aos entes federados (União, Estado, especial de bens livres, especificando o fim a que
Distrito Federal e Municípios). Já a autonomia admi- se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
nistrativa se refere à capacidade de atuar conforme administrá-la.
seus objetivos, sem subordinação hierárquica em
relação ao órgão ao qual estão vinculadas. Também conforme o Código Civil, o Ministério
A autonomia administrativa encontra respaldo no Público terá a função de fiscalizar seu funcionamento.
princípio da vinculação, que informa a inexistência de CC/02.
subordinação, mas a vinculação para fins de controle
finalístico (controle da finalidade da entidade). Art. 66 Velará pelas fundações o Ministério Público
do Estado onde situadas.
Autarquias
A fundação pública poderá ser de direito privado
As autarquias são pessoas jurídicas de direito ou de direito público, conforme a forma pela qual for
público. Suas finalidades estão ligadas a atividades criada.
típicas de Estado, como fiscalização. O Decreto-Lei nº
200/67 traz a sua definição. z Fundação pública de direito público: por lei
específica – conhecidas também por fundações
Art. 5º Para os fins desta lei, considera-se: autárquicas, terão, além da atividade voltada a
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com interesse social, as características associadas no
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, tópico anterior às autarquias;
para executar atividades típicas da Administração
z Fundação pública de direito privado: autorizada
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamen-
por lei e criada pelo registro dos atos constitutivos no
to, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Nesse
caso, sua personalidade será de direito privado.
Aqui temos um pequeno detalhe que muitas vezes
é cobrado em prova. Enquanto as demais entidades
estudadas hoje têm a criação autorizada por lei, a Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. Você
autarquia é criada pela própria lei. Veja o dispositi- perceberá que ela se limita à hipótese da personalida-
vo correlato abaixo, que já traz as duas informações. de jurídica de direito privado.

Art. 37 [...] Art. 5º [...]


XIX – somente por lei específica poderá ser criada IV - Fundação Pública - a entidade dotada de
autarquia e autorizada a instituição de empresa personalidade jurídica de direito privado, sem
pública, de sociedade de economia mista e de fun- fins lucrativos, criada em virtude de autorização
dação, cabendo à lei complementar, neste último legislativa, para o desenvolvimento de atividades
caso, definir as áreas de sua atuação; que não exijam execução por órgãos ou entidades
de direito público, com autonomia administrativa,
Com base no princípio da simetria das formas, a patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos
sua extinção também deverá ocorrer por meio de lei de direção, e funcionamento custeado por recursos
específica, em que pese a inexistência expressa desde da União e de outras fontes.
comando.
Dentre as características das autarquias, devemos A possibilidade da personalidade jurídica de direi-
destacar as seguintes: to público para as fundações encontra respaldo na
jurisprudência nacional.
z Atuam sob regime de direito público – sua atua- Dentre as características das fundações públicas
ção prevalecerá sobre o particular; de direito privado, destacamos as seguintes.
z Presença do poder de império como regra em seus
atos; z Atos com base no direito privado como regra;
z Seus bens são públicos, possuindo suas prerroga- z Submetidas à Lei de Licitações – Lei nº 8.666/90;
tivas específicas: inalienabilidade, impenhorabili- z Seus bens são privados (não possuem as prerroga-
dade e imprescritibilidade (não podem ser adqui- tivas naturais aos bens públicos).
ridos por meio da usucapião);
z Prerrogativas típicas de Estado de maneira geral. Empresas Públicas

Fundações Públicas As empresas públicas podem atuar tanto na explo-


ração de atividades econômicas quanto na presta-
As fundações públicas são patrimônios personali- ção de serviços públicos. Muito importante que você
zados com a finalidade de exercer atividades de inte- saiba que seu capital será formado 100 % por capital
374 resse social, não tendo fins lucrativos. público, no próximo tópico você entenderá o motivo.
É pessoa jurídica de direito privado, ou seja, Dentre as características das sociedades de econo-
em regra atuará em igualdade com o particular (dife- mia mista, ressaltamos aqui as seguintes.
rentemente das autarquias e fundações autárquicas,
lembra?). z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
A Constituição Federal traz as hipóteses em que tivas perante o particular;
poderão atuar as empresas públicas no caso de explo- z Maioria do capital votante público.
ração de atividade econômica. z Devem adotar o tipo sociedade anônima;
z Devem observar a Lei das Estatais;
Art. 173 Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
z Seus bens são privados.
tituição, a exploração direta de atividade econômi-
ca pelo Estado só será permitida quando necessária
aos imperativos da segurança nacional ou a rele-
vante interesse coletivo, conforme definidos em lei. Importante!
Enquanto na empresa pública o capital é 100%
É importante saber que as empresas públicas e público, na sociedade de economia mista impõe-
sociedades de economia mista não poderão gozar de
-se que a maioria do capital votante seja público.
privilégios não extensivos ao setor privado (CF/88,
173, § 2º).
Não confunda essas informações!
Vejamos a definição de empresa pública constante
do Decreto-Lei nº 200/67. Consórcio Público de Direito Público
Decreto-Lei nº 200.
O aprofundamento nessa espécie foge aos nossos ob-
Art. 5º [...]
jetivos. No entanto, devemos entendê-la conceitualmente.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de perso-
nalidade jurídica de direito privado, com patrimô- Trazida pela Lei nº 11.107/05, trata-se de pessoa
nio próprio e capital exclusivo da União, criado por jurídica criada por entes federados para consecução
lei para a exploração de atividade econômica que o de objetivos comuns.
Governo seja levado a exercer por força de contin- Também poderá ser citado como associação públi-
gência ou de conveniência administrativa, podendo ca, autarquia interfederativa ou multifederada.
revestir-se de qualquer das formas admitidas em
direito.

Como dito anteriormente, cabe aqui também a EXERCÍCIOS COMENTADOS


interpretação do conceito para os demais entes fede-
rados, em que pese a citação do dispositivo apenas da 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza-
União. ção administrativa e à administração pública direta e
Dentre as características das empresas públicas, indireta, julgue o item a seguir.
ressaltamos aqui as seguintes:
Diferentemente das empresas públicas, que podem ser
constituídas sob qualquer forma empresarial admitida
z Personalidade de direito privado – sem prerroga-
em direito, as sociedades de economia mista somente
tivas perante o particular;
podem constituir-se sob a forma de sociedade anônima.
z Capital 100 % público – ainda que de mais de um
ente federado;
z Podem adotar qualquer tipo societário; ( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Devem observar a Lei das Estatais;
z Seus bens são privados. As empresas públicas e sociedades de economia
mista têm muito em comum, uma diferença marcan-
Sociedades de Economia Mista te, muito cobrada em provas é a forma societária

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


sob a qual poderão ser organizar. Conforme dito na
Entidade bastante parecida com as empresas pú- questão, as empresas públicas poderão adotar qual-
blicas. A principal diferença é a composição do capital quer forma societária prevista em lei, enquanto as
social e a imposição de forma societária. sociedades de economia mista deverão se organizar
Enquanto na empresa pública o capital social era sob a forma de sociedade anônima. Resposta: Certo.
100 % público, aqui a maior parte do capital votante
deverá ser público, podendo o restante ser privado. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à gestão
A forma societária será obrigatoriamente socieda- nas organizações da administração pública brasileira,
de anônima. julgue os próximos itens.
Vejamos a definição do Decreto-Lei nº 200/67. Fundações públicas são entidades dotadas de perso-
Decreto-Lei nº 200. nalidade jurídica de direito público ligadas à adminis-
tração indireta.
Art. 5º [...]
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade do-
tada de personalidade jurídica de direito privado,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
criada por lei para a exploração de atividade eco-
nômica, sob a forma de sociedade anônima, cujas Como vimos, as fundações públicas podem ter per-
ações com direito a voto pertençam em sua maioria sonalidade jurídica tanto de direito público, como
à União ou a entidade da Administração Indireta. de direito privado. Resposta: Errado. 375
3. (CESPE-CEBRASPE – 2009) Compõem a administra- I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
ção pública indireta plano plurianual, a execução dos programas de
governo e dos orçamentos da União;
a) as organizações sociais; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
b) as empresas públicas; quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
c) os serviços sociais autônomos; ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
d) os municípios; da administração federal, bem como da aplicação de
e) as organizações da sociedade civil de interesse público. recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais
Dentre as alternativas trazidas na questão, apenas e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
as empresas públicas compõem a administração IV - apoiar o controle externo no exercício de sua
indireta, como estudamos nesta oportunidade, jun- missão institucional.
tamente com as autarquias, sociedades de econo-
mia mista, fundações públicas e consórcios públicos Temos também a possibilidade de reexame da
de direito público. Resposta: Letra B. matéria por meio da interposição de recursos pelos
eventuais interessados. Em regra, esses recursos serão
analisados dentro da estrutura do próprio Poder, sen-
do então classificados como recursos próprios. Quan-
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO do a análise do recurso se der em outro Poder, será
classificado como recurso impróprio.
PÚBLICA
INTRODUÇÃO
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A Administração Pública estará sujeita a vários meca-
nismos que irão verificar a regularidade da sua atuação. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Julgue o item a seguir,
Por vezes, mecanismos internos, assim como externos, acerca de controle da administração pública.
sujeitam-se a controles exercidos por outros Poderes.
Essa possibilidade de um Poder limitar o outro O sistema de contencioso administrativo ocorre
você poderá encontrar referida como sistema de freios no âmbito de tribunais de competência especializa-
e contrapesos ou checks and balances. Nada mais é do da que não integram a estrutura do Poder Judiciário,
que a limitação mútua de um Poder para com outro, cujas sentenças são dotadas de força de coisa julgada.
de forma que o poder que emana do povo seja exerci-
do de forma equilibrada pelos representantes eleitos. ( ) CERTO  ( ) ERRADO

CONTROLE ADMINISTRATIVO O contencioso administrativo nada mais é do que a


discussão de direitos em âmbito administrativo, o
O controle administrativo é o controle exercido que se dará conforme o assunto e a competência. No
pela própria Administração Pública sobre seus atos. entanto, tais decisões ainda são passíveis de aprecia-
Uma importantíssima característica do controle inter- ção por parte do Poder Judiciário. Resposta: Certo.
no é a amplitude, pois recairá tanto sobre os aspectos
de legalidade como sobre os aspectos de mérito. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A respeito de reparação
Vejamos o artigo 70 da CF/88, que faz menção direta à de danos, sindicância e processo administrativo, e
existência do sistema de controle interno de cada Poder. controle interno da administração pública, julgue o
item seguinte.
Art. 70 A fiscalização contábil, financeira, orça- O controle interno instituído pela Constituição Federal
mentária, operacional e patrimonial da União e de 1988 foi mais um instrumento para a garantia da
das entidades da administração direta e indireta, legalidade das ações nos órgãos e nas entidades da
quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, administração pública federal.
aplicação das subvenções e renúncia de receitas,
será exercida pelo Congresso Nacional, mediante ( ) CERTO ( ) ERRADO
controle externo, e pelo sistema de controle inter-
no de cada Poder. O controle interno a ser exercido pelos Poderes tem pre-
visão no próprio texto constitucional. Nesse contexto,
Tal informação deve ser desde já trabalhada em importantíssimo o artigo 74. Vejamos a sua literalidade.
comparação ao controle externo exercido sobre outros Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá-
poderes sobre a Administração Pública. Nesses casos, rio manterão, de forma integrada, sistema de con-
além de eles acontecerem nas hipóteses constitucio- trole interno com a finalidade de:
nalmente previstas, em regra, deverão recair apenas I - avaliar o cumprimento das metas previstas no
sobre os aspectos de legalidade do ato praticado. plano plurianual, a execução dos programas de
A CF/88 fala mais uma vez sobre o controle interno governo e dos orçamentos da União;
no seu artigo 74. II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados,
quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentá-
Art. 74 Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- ria, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades
rio manterão, de forma integrada, sistema de con- da administração federal, bem como da aplicação de
376 trole interno com a finalidade de: recursos públicos por entidades de direito privado;
III - exercer o controle das operações de crédito, avais IX - julgar anualmente as contas prestadas
e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; pelo Presidente da República e apreciar os rela-
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua tórios sobre a execução dos planos de governo;
missão institucional. Resposta: Certo. X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qual-
quer de suas Casas, os atos do Poder Executivo,
incluídos os da administração indireta;
3. (CESPE-CEBRASPE – 2016) A respeito do controle na
XI - zelar pela preservação de sua competência
administração pública, julgue o próximo item.
legislativa em face da atribuição normativa dos
Na administração pública, uma forma de controle é o sis- outros Poderes;
tema de freios e contrapesos, cuja principal característi- XII - apreciar os atos de concessão e renovação de
ca é a divisão e a independência dos poderes da União. concessão de emissoras de rádio e televisão;
XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal
( ) CERTO ( ) ERRADO de Contas da União;
XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo refe-
O controle entre os poderes expressa um sistema de rentes a atividades nucleares;
freios e contrapesos, se controlam mutuamente de XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
forma que nenhum se imponha sobre os demais. Em XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e
consonância com essa afirmativa, temos o artigo 2º o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa
e lavra de riquezas minerais;
da Constituição Federal, que impõe que os Poderes
XVII - aprovar, previamente, a alienação ou conces-
sejam independentes e harmônicos. são de terras públicas com área superior a dois mil
Art. 2º São Poderes da União, independentes e har- e quinhentos hectares.
mônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judi- Vejamos agora as atribuições que competem
ciário. Resposta: Certo. privativamente ao Senado Federal, art. 52 da
CF/88.
CONTROLE LEGISLATIVO I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Pre-
sidente da República nos crimes de responsa-
O controle legislativo é o controle realizado pelo bilidade, bem como os Ministros de Estado e
Poder Legislativo sobre os demais poderes. O contro- os Comandantes da Marinha, do Exército e da
le poderá ser político ou financeiro, de acordo com a Aeronáutica nos crimes da mesma natureza cone-
hipótese constitucionalmente prevista. xos com aqueles;
Em regra, o aspecto financeiro será aquele fiscali- II - processar e julgar os Ministros do Supremo
zado com o auxílio do TCU (ou Tribunal de Contas de Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacio-
nal de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério
outra esfera, se for o caso), conforme previsto no arti-
Público, o Procurador-Geral da República e o Advo-
go 70 da Constituição Federal (leia novamente, agora
gado-Geral da União nos crimes de responsabilida-
nesse contexto). de; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
Temos aqui uma importante exceção no funcio- 45, de 2004)
namento do controle legislativo. Veja que os termos III - aprovar previamente, por voto secreto,
“legitimidade, economicidade” constantes do disposi- após arguição pública, a escolha de:
tivo que você acabou de ler permitirão uma análise a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta
que poderá, conforme o caso, adentrar em aspectos Constituição;
do mérito administrativo. Portanto, fique atento com b) Ministros do Tribunal de Contas da União indi-
termos extremos nos enunciados das questões quan- cados pelo Presidente da República;
do estiverem abordando a presente temática. c) Governador de Território;
Vejamos as competências exclusivas do Congres- d) Presidente e diretores do banco central;
sos Nacional trazidas pelo artigo 49, da Constituição e) Procurador-Geral da República;
f) titulares de outros cargos que a lei determinar;
Federal.
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após
arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de
I - resolver definitivamente sobre tratados, acor-
missão diplomática de caráter permanente;
dos ou atos internacionais que acarretem encargos V - autorizar operações externas de natureza finan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; ceira, de interesse da União, dos Estados, do Distri-
II - autorizar o Presidente da República a declarar to Federal, dos Territórios e dos Municípios;
guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças VI - fixar, por proposta do Presidente da República,
estrangeiras transitem pelo território nacional limites globais para o montante da dívida consoli-
ou nele permaneçam temporariamente, ressalva- dada da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos os casos previstos em lei complementar; dos Municípios;
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente VII - dispor sobre limites globais e condições para
da República a se ausentarem do País, quando a as operações de crédito externo e interno da União,
ausência exceder a quinze dias; dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção de suas autarquias e demais entidades controladas
federal, autorizar o estado de sítio, ou suspen- pelo Poder Público federal;
der qualquer uma dessas medidas; VIII - dispor sobre limites e condições para a con-
V - sustar os atos normativos do Poder Executi- cessão de garantia da União em operações de crédi-
vo que exorbitem do poder regulamentar ou dos to externo e interno;
limites de delegação legislativa; IX - estabelecer limites globais e condições para o
VI - mudar temporariamente sua sede; montante da dívida mobiliária dos Estados, do Dis-
VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados trito Federal e dos Municípios;
Federais e os Senadores; X - suspender a execução, no todo ou em parte,
VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Pre- de lei declarada inconstitucional por decisão
sidente da República e dos Ministros de Estado; definitiva do Supremo Tribunal Federal; 377
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secre- Ainda, em que pese o nome “tribunal”, suas
to, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da decisões não fazem coisa julgada como as do Poder
República antes do término de seu mandato; Judiciário. Em consequência, aquele que se julgar
XII - elaborar seu regimento interno; prejudicado poderá recorrer ao Poder Judiciário para
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamen- apreciação da matéria.
to, polícia, criação, transformação ou extinção dos Conforme artigo 71, da CF/88, o controle externo, a
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini-
cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxí-
ciativa de lei para fixação da respectiva remunera-
lio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei
de diretrizes orçamentárias;
I - apreciar as contas prestadas anualmente
XIV - eleger membros do Conselho da República,
pelo Presidente da República, mediante parecer
nos termos do art. 89, VII.
prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do
Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e a contar de seu recebimento;
seus componentes, e o desempenho das administra- II - julgar as contas dos administradores e
ções tributárias da União, dos Estados e do Distrito demais responsáveis por dinheiros, bens e
Federal e dos Municípios. valores públicos da administração direta e
indireta, incluídas as fundações e sociedades ins-
tituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as
Finalmente, vejamos as atribuições que competem
contas daqueles que derem causa a perda, extravio
privativamente à Câmara dos Deputados.
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
erário público;
I - autorizar, por dois terços de seus membros, a ins- III - apreciar, para fins de registro, a legalidade
tauração de processo contra o Presidente e o Vice- dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
-Presidente da República e os Ministros de Estado; título, na administração direta e indireta, incluí-
II - proceder à tomada de contas do Presiden- das as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
te da República, quando não apresentadas ao
Público, excetuadas as nomeações para cargo de
Congresso Nacional dentro de sessenta dias
provimento em comissão, bem como a das conces-
após a abertura da sessão legislativa;
sões de aposentadorias, reformas e pensões, ressal-
III - elaborar seu regimento interno;
vadas as melhorias posteriores que não alterem o
IV - dispor sobre sua organização, funcionamento,
fundamento legal do ato concessório;
polícia, criação, transformação ou extinção dos
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara
cargos, empregos e funções de seus serviços, e a ini-
dos Deputados, do Senado Federal, de Comissão
ciativa de lei para fixação da respectiva remunera-
técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
ção, observados os parâmetros estabelecidos na lei
natureza contábil, financeira, orçamentária, opera-
de diretrizes orçamentárias;
cional e patrimonial, nas unidades administrativas
V - eleger membros do Conselho da República, nos
dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
termos do art. 89, VII.
demais entidades referidas no inciso II;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas
supranacionais de cujo capital social a União par-
Importante! ticipe, de forma direta ou indireta, nos termos do
tratado constitutivo;
Quando a Constituição Federal se refere ao VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos
“Congresso Nacional”, devemos entender Sena- repassados pela União mediante convênio, acordo,
do e Câmara reunidos em sessão conjunta para ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Esta-
deliberação. do, ao Distrito Federal ou a Município;
VII - prestar as informações solicitadas pelo
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas,
Comissão Parlamentar de Inquérito ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre
a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
São comissões que podem ser criadas pela Câma- operacional e patrimonial e sobre resultados de
ra ou pelo Senado, em conjunto ou separadamen- auditorias e inspeções realizadas;
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilega-
te, mediante 1/3 dos seus membros, com poderes de
lidade de despesa ou irregularidade de contas, as
investigação, para apuração de fato determinado e
sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre
por prazo certo.
outras cominações, multa proporcional ao dano
As CPIs podem realizar diligências, convocar e tomar causado ao erário;
depoimentos, requisitar informações e documentos de IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade
órgãos, requisitar auditorias e inspeções do TCU. adote as providências necessárias ao exato cumpri-
Segundo jurisprudência do STF, é vedado às CPIs mento da lei, se verificada ilegalidade;
fazer buscas e apreensões domiciliares, determinar X - sustar, se não atendido, a execução do ato
interceptações telefônicas, dar ordem de prisão (exce- impugnado, comunicando a decisão à Câmara dos
to em flagrante). Deputados e ao Senado Federal;
XI - representar ao Poder competente sobre irregu-
Tribunais de Contas laridades ou abusos apurados.

Como dito anteriormente, o Tribunal de Contas irá Cuidado com o termo! As contas do Presidente da
auxiliar o Poder Legislativo no exercício de suas atribui- República são apreciadas pelo TCU, enquanto as dos
ções constitucionais. Importante frisar que não estão a demais administradores de dinheiro e bens públicos
378 ele subordinados, nem fazem parte de sua estrutura. são julgadas.
externo, e pelo sistema de controle interno de cada
EXERCÍCIOS COMENTADOS Poder.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca do controle da
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
atividade financeira do Estado e do controle exercido
pelos tribunais de contas, julgue o próximo item. de Contas da União, ao qual compete:
Compete ao Tribunal de Contas da União, entre outras II - julgar as contas dos administradores e demais
atribuições, representar ao poder competente sobre responsáveis por dinheiros, bens e valores públi-
irregularidades ou abusos apurados. cos da administração direta e indireta, incluídas
as fundações e sociedades instituídas e mantidas
( ) CERTO  ( ) ERRADO pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que
derem causa a perda, extravio ou outra irregulari-
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso dade de que resulte prejuízo ao erário público;
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal Mais uma questão que traz uma das hipóteses de
de Contas da União, ao qual compete: controle externo do Congresso Nacional a ser exer-
XI - representar ao Poder competente sobre irregulari- cido com o auxílio do TCU. Vejamos os trechos cons-
dades ou abusos apurados. titucionais importantes para seu entendimento.
Dentre as competências de controle externo do Con- CF/88. Resposta: Certo.
gresso Nacional previstas no artigo 71, temos a hipó-
tese trazida pela questão no inciso XI. Resposta: Certo.
CONTROLE JUDICIAL
2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação à respon-
Esse é o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre
sabilidade civil do Estado, aos serviços públicos e
os atos praticados pelos demais poderes e de seus pró-
ao controle da administração pública, julgue o item
subsequente. prios atos quando do exercício da função administrativa.
A função fiscalizatória exercida pelos tribunais de con- Importante lembrar que no Brasil aplica-se o prin-
tas dos estados constitui uma expressão de controle do cípio da inafastabilidade de jurisdição, segundo o qual
Poder Legislativo sobre os atos da administração pública. nenhuma lesão ou ameaça de lesão a direito poderá
ser afastada a apreciação do Poder Judiciário.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Nesse contexto, importante lembrar que, em
âmbito administrativo, teremos a ocorrência do con-
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- tencioso administrativo nesses termos. Tribunais
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- administrativos especializados apreciarão a matéria
dades da administração direta e indireta, quanto à de sua competência, o que não afasta a competência
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação do Poder Judiciário de apreciar novamente a matéria.
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida No entanto, como já vimos anteriormente, essa
pelo Congresso Nacional, mediante controle exter- análise, em regra, não poderá adentrar ao mérito
no, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
administrativo dos atos analisados, devendo se ater
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso
aos aspectos vinculados.
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal
Ainda, segundo o princípio da inércia que norteia
de Contas da União, ao qual compete:
a atuação do Poder Judiciário, deverá ser sempre pro-
O Tribunal de Contas auxilia o Poder Legislativo no
controle externo. Nesse contexto, são importantes vocado por um dos interessados na sua manifestação.
os artigos 70 e 71 da Constituição Federal, que espe-
cificam a natureza do controle e as hipóteses especí- Dica
ficas do seu exercício. Resposta: Certo. O Poder Judiciário só poderá se manifestar sobre a
execução de políticas públicas diante de situações
3. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Em relação aos consór- extremas, quando o mínimo aceitável não tenha
cios públicos, aos princípios do direito administrativo sido feito. Deverá, na análise, levar em conta o prin-
e à organização da administração pública, julgue o cípio da reserva do possível, para que seja definido NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
item a seguir.
o mínimo aceitável na situação apresentada.
As contas de toda e qualquer entidade da administra-
ção indireta, independentemente de seu objeto e de
Veremos agora algumas ações por meio das quais
sua forma jurídica, estão sujeitas ao julgamento do tri-
poderá ser provocado o Poder Judiciário para mani-
bunal de contas, inclusive ao procedimento de toma-
da de contas especial, aplicável a quem deu causa a festação. As situações e que ensejam seus usos são
perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte diferentes. Vejamos os pontos mais importantes.
prejuízo ao erário público.
Comentários. Mandado de segurança

( ) CERTO  ( ) ERRADO O mandado de segurança tem seus pormenores


constantes da Lei nº 12.016/09. Segundo a própria
Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen- Constituição Federal servirá para proteger direito
tária, operacional e patrimonial da União e das enti- líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou
dades da administração direta e indireta, quanto à habeas data. Outra condicionante é a ilegalidade ser
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação praticada por autoridade pública ou agente de pessoa
das subvenções e renúncia de receitas, será exer- jurídica no exercício de atribuições do Poder Público
cida pelo Congresso Nacional, mediante controle (como concessionárias de serviço público). 379
O conceito de autoridade aqui deverá ser inter-
pretado em sentido amplo, incluindo tanto servidores EXERCÍCIOS COMENTADOS
públicos, como agentes particulares de delegatários
de serviços públicos. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A administração pública,
O mandado de segurança poderá ser tanto repressi- além de estar sujeita ao controle dos Poderes Legisla-
vo, preventivo. Ou seja, pode ser anterior a uma lesão tivo e Judiciário, exerce controle sobre seus próprios
ao direito. atos. Tendo como referência inicial essas informações,
Temos situações em que não será cabível o manda- julgue o item a seguir, acerca do controle da administra-
do de segurança. Vejamos. ção pública.
O Poder Judiciário tem competência para apreciar o
z Contra ato do qual seja cabível recurso administrativo
mérito dos atos discricionários exarados pela admi-
com efeito suspensivo, sem necessidade de caução;
nistração pública, devendo, no entanto, restringir-se à
z Contra decisão judicial transitada em julgado;
z Contra lei em tese; análise da legalidade desses atos.
z Para assegurar liberdade de locomoção (aqui será
cabível o habeas corpus). ( ) CERTO  ( ) ERRADO

Mandado de injunção O Poder Judiciário deverá analisar os atos admi-


nistrativos apenas quando provocado. No entanto,
Será cabível como remédio jurídico para garantir o mérito administrativo, em regra, não deverá ser
ao cidadão exercício de direito que dependa de norma alterado, devendo a análise se ater aos elementos
ainda não existente. Vejamos a literalidade do texto vinculados do ato administrativo. Resposta: Certo.
constitucional para um melhor entendimento.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação à classifica-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
ção da Constituição Federal de 1988, ao controle de
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
constitucionalidade e à atividade administrativa do
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, Estado brasileiro, julgue (C ou E).
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: O controle de legalidade dos atos administrativos, que
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sem- verifica a compatibilidade formal do ato com a legis-
pre que a falta de norma regulamentadora torne lação infraconstitucional, pode ser exercido tanto no
inviável o exercício dos direitos e liberdades consti- âmbito interno, por meio da autotutela administrativa,
tucionais e das prerrogativas inerentes à nacionali- quanto externo, pelos órgãos do Poder Judiciário.
dade, à soberania e à cidadania; Comentários.

O mandado de injunção é regulamentado pela Lei


( ) CERTO  ( ) ERRADO
nº 13.300/2016. Vejamos seu artigo 2º.
O artigo 70 da Constituição Federal traz as diretri-
Art. 2º Conceder-se-á mandado de injunção sempre
que a falta total ou parcial de norma regulamentado- zes para o controle interno de cada Poder. Há tam-
ra torne inviável o exercício dos direitos e liberdades bém as hipóteses de controle externo. Uma delas é o
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacio- controle realizado pelo Poder Judiciário, que deverá
nalidade, à soberania e à cidadania. ocorrer mediante provocação. Abaixo o dispositivo
constitucional citado.
Habeas data Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamen-
tária, operacional e patrimonial da União e das enti-
Este remédio constitucional tem como finalidade dades da administração direta e indireta, quanto à
garantir o direito à informação. Ele consta expressa-
legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação
mente do artigo 5º da Constituição Federal. Vejamos a
das subvenções e renúncia de receitas, será exercida
literalidade do dispositivo.
pelo Congresso Nacional, mediante controle exter-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção no, e pelo sistema de controle interno de cada Poder.
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- Resposta: Certo.
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 3. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A respeito do controle da
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: administração pública, julgue o próximo item.
LXXII - conceder-se-á habeas data: No mandado de segurança impetrado em razão de
a) para assegurar o conhecimento de informações omissão do poder público, a autoridade coatora deve
relativas à pessoa do impetrante, constantes de
ser aquela competente para rever ou corrigir o ato que
registros ou bancos de dados de entidades governa-
mentais ou de caráter público; deveria ter sido praticado.
b) para a retificação de dados, quando não se prefira
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; ( ) CERTO  ( ) ERRADO

O habeas data será cabível para obtenção de infor- O mandado de segurança será impetrado contra a
380 mações pessoais. autoridade que praticou o ato. Resposta: Certo.
Diante disso, para que se configure a culpa do Esta-
RESPONSABILIDADE DO ESTADO do, deveremos estar diante dos seguintes requisitos.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO DIREITO z Dano: material, estético ou moral;


BRASILEIRO z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como
agente público;
Introdução z Nexo causal: relação de causa e consequência
entre a conduta e o dano ocorrido;
Neste ponto estudaremos a responsabilização do z Dolo ou culpa: presença o elemento subjetivo.
Estado e seus agentes quando da sua atuação. Inicial-
mente devemos raciocinar que a responsabilidade Teoria da Culpa Administrativa
poderá ser contratual ou aquiliana. Contratual será
aquela que surge no bojo de uma relação contratual, Essa teoria também pode ser referenciada como
o que pode acontecer em inúmeros contextos diferen- culpa do serviço, teoria do acidente administrativo,
tes. Já a aquiliana será a responsabilidade extracon- ou culpa anônima do serviço público.
tratual, aquela a que o Estado está sujeito quando da
Segundo ela, para que se configure a responsabili-
sua atuação no dia a dia, sem qualquer necessidade de
dade do Estado, basta que se comprove o mau funcio-
existência de contrato para que ela se efetive.
namento do serviço público prestado.
Estudaremos a responsabilidade extracontratual
Veja que a evolução aqui recai sobre a desneces-
do Estado, conhecendo um pouco de sua evolução
sidade de apuração do aspecto subjetivo da conduta
até o ponto em que se encontra hoje no ordenamento
do agente, bastando verificar o proceder da própria
jurídico brasileiro. Perceba que a evolução das teorias
Administração Pública.
entrega uma tentativa de proteger o indivíduo cada
vez mais da atuação do Estado.
Teoria do Risco Administrativo
Antes de adentrarmos aos detalhes, importante
que você tenha em mente que o conceito de agente
público aqui será o mais amplo possível, engloban- Segundo a teoria do risco administrativo, a Admi-
do tanto os servidores públicos, como particulares nistração Pública deverá ser responsabilizada sempre
que estejam atuando em nome da Administração que sua conduta comissiva ou omissiva ensejar pre-
Pública, ainda que por meio de concessionários ou juízos aos administrados. Tal responsabilização se
delegatários. dará independentemente de dolo ou culpa.
Ou seja, aqui temos o primeiro momento em que
Teoria da Irresponsabilidade surge uma responsabilidade civil ao Estado de natu-
reza objetiva, pois não será analisado o aspecto subje-
Adentrando à evolução da teoria, temos inicial- tivo da conduta que causou o dano.
mente a teoria da irresponsabilidade. Ela tem suas Por outro lado, temos o surgimento, neste momen-
origens no absolutismo, onde os reis não teriam, em to, de causas atenuantes ou até mesmo excludentes
tese, a capacidade de errar (“king can do no wrong”). da responsabilidade. Diante do caso concreto, o juiz
Como os monarcas se confundiam com o próprio Esta- analisa a própria conduta do prejudicado, assim como
do, não haveria possiblidade de culpa. de outros envolvidos eventualmente, atenuando ou
excluindo a culpa do Estado no caso, de acordo com as
Teoria dos atos de império x atos de gestão condutas dos envolvidos.

Nesse momento já temos uma primeira diferencia- Teoria do Risco Integral


ção que permitirá a responsabilização do Estado por
parte dos seus atos. Os atos de império continuam não Entendida a teoria anterior, fica fácil entender
sendo passíveis de responsabilização. São aqueles em esta. Aqui os ditames são os mesmos, com exceção da
que o Estado atua em posição de superioridade em existência de excludentes e atenuantes da responsa-

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


relação ao administrado. bilidade do Estado. Em outros termos, para que reste
Já no caso dos atos de gestão, o Estado estaria comprovada a responsabilidade do Estado se impõem
atuando em igualdade de condições com o adminis- os seguintes fatores:
trado, sendo possível a responsabilização aqui.
z Dano: material, estético ou moral;
Teoria da Responsabilidade Subjetiva z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como
agente público;
Para facilitar o entendimento, é importante que se z Nexo causal: relação de causa e consequência
reflita sobre a sua noção “normal” de culpa. Aquela em entre a conduta e o dano ocorrido.
que será apurada a sua culpa, por exemplo, em um pre-
juízo causado ao vizinho. Isso é o que o Direito chama
de responsabilidade subjetiva. É aquela em que a con-
duta do sujeito é analisada para que se conclua sobre a EXERCÍCIO COMENTADO
sua responsabilidade ou não. É a culpa trazida no Códi-
go Civil para situações gerais, digamos assim. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Historicamente, a respon-
Reforçando, temos aqui a teoria responsabilidade sabilidade civil do Estado evoluiu a partir da teoria da
subjetiva, que também pode ser chamada de culpa irresponsabilidade civil do Estado, passando por um
civil comum. Nela será importantíssimo o elemento período no qual predominaram teorias de responsabi-
subjetivo da conduta do agente público. lidade subjetiva. 381
Atualmente, encontra-se sedimentada e prevalecente cobrar o agente público com meio de ação regressiva.
a teoria da responsabilidade objetiva do Estado. Importante diferenciar que aqui, nesse momento, a
responsabilidade será subjetiva (culpa civil comum).
( ) CERTO  ( ) ERRADO Devemos lembrar dos requisitos necessários à
caracterização da responsabilidade civil do Estado.
A questão traz, em termos resumidos, a evolução das
teorias da responsabilidade do Estado. Em um primei-
z Dano: material, estético ou moral;
ro momento, tendo por base governos absolutistas, a
z Conduta oficial: agir de pessoa enquadrada como
responsabilidade do Estado era negada, pois o pois o
agente público;
rei, que se confundia com o Estado, seria incapaz de
z Nexo causal: relação de causa e consequência
errar. Em seguida, as teorias evoluem para uma res-
entre a conduta e o dano ocorrido.
ponsabilidade subjetiva, em que é analisada a culpa
do agente. Finalmente, chega-se ao momento em que
estamos, em que as teorias apuram a responsabilida- Temos também as excludentes e atenuantes, já
de do Estado de forma objetiva. Resposta: Certo. abordadas anteriormente, mas que carecem de um
detalhamento ainda.
Responsabilidade Civil do Estado Brasileiro por ato A causa atenuante se dará quando existir culpa
comissivo concorrente da Administração Pública com o prejudi-
cado. Ou seja, o agente público de fato causou dano,
Depois de conhecer a evolução dos modelos de res- no entanto, o particular também teve parcela de cul-
ponsabilidade do Estado, vamos conhecer como o tema pa. Exemplo: viatura oficial avança sinal e colide com
se encontra hoje no país. Temos a predominância da cidadão que também avança sinal de trânsito.
teoria do risco administrativo, ou seja, em regra, a res- A excludente irá se mostrar de maneira ainda mais
ponsabilidade civil do Estado Brasileiro será apurada fácil: ocorrerá quando o cidadão prejudicado, ou um
de forma objetiva, sendo possível a aplicação de causas terceiro, tiver culpa exclusiva no evento danoso, de
atenuantes e excludentes diante do caso concreto. forma que a Administração Pública não causou qual-
Como vimos anteriormente, os danos podem ser quer dano. Exemplo: cidadão avança o sinal e colide
material, moral ou estético, havendo, segundo juris- com viatura oficial que estava respeitando todas as
prudência do STJ a possibilidade de cumulação. regras de trânsito aplicáveis.
A principal norma sobre o tema se encontra no Veja esse entendimento do STF no caso de acidente
texto constitucional. Vejamos. em transporte de passageiros.

Art. 37 (...) Sumula 187, STF. A responsabilidade contratual do


§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e transportador, pelo acidente com o passageiro, não
as de direito privado prestadoras de serviços
é elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem
públicos responderão pelos danos que seus agen-
ação regressiva.
tes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu-
rado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa. Outra situação que ensejará a exclusão da culpa
da Administração Pública será a ocorrência de fatos
Como dito anteriormente, as pessoas de direito imprevisíveis e extraordinários, que são o caso for-
privado responderão quando estiverem atuando em tuito e a força maior. Em termos simples, devemos
nome da Administração Pública, conforme vimos no entendê-los da seguinte maneira:
dispositivo acima.
Importante ressaltar que em consonância com a z Força maior: eventos da natureza causam prejuí-
jurisprudência pátria, não haverá distinção no caso de zo sem qualquer participação humana. Exemplo:
o terceiro prejudicado ser usuário ou não da prestadora furacão.
de serviço eventualmente envolvida em um incidente. z Caso fortuito: situação extraordinária causada por
conduta humana. Exemplo: guerra.

Importante!
As pessoas de direito privado responderão
segundo o artigo 37, § 6°, CF/88, quando presta-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
doras de serviço público. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A condenação do Estado
em ação indenizatória ajuizada em razão de dano cau-
Ao fim do dispositivo temos a possibilidade da ação sado por servidor público enseja a responsabilização
regressiva. Essa ação regressiva não influencia de for- do servidor em ação regressiva, independentemente
ma alguma na reponsabilidade do Estado perante o da configuração de dolo ou culpa na conduta.
prejudicado. Será apenas um instrumento do Estado
para se ressarcir dos prejuízos causados pelos seus ( ) CERTO  ( ) ERRADO
agentes.
De acordo com a jurisprudência do STF, não é pos- A responsabilização do Estado será objetiva, mas a
sível ao prejudicado propor a ação contra o Estado e do agente público é subjetiva, devendo haver a con-
agente público simultaneamente. A responsabilida- figuração da culpa para que o agente deva ressarcir
382 de deve recair sobre o Estado, que irá, se for o caso, o Estado pelos prejuízos causados. Resposta: Certo.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da responsabili- servidores públicos, sob pena de violação do princípio
dade civil do Estado, julgue o item seguinte: da impessoalidade.
A vítima que busca reparação por dano causado por
agente público poderá escolher se a ação indenizató- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ria será proposta diretamente contra o Estado ou em
litisconsórcio passivo entre o Estado e o agente públi- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos
co causador do dano. princípios e poderes da administração pública e ao
serviço público, julgue o item a seguir.
( ) CERTO  ( ) ERRADO A atuação da administração pública deve observar os
princípios da legalidade, da impessoalidade, da mora-
A questão busca o conhecimento sobre quem pode lidade, da publicidade e da eficiência.
integrar o polo passivo de uma ação de danos
causados pelo Estado. A questão está conforme a ( ) CERTO  ( ) ERRADO
jurisprudência do STJ sobre o tema. No entanto, no
entendimento do STF a ação deverá ser proposta 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administra-
exclusivamente contra o Estado. Resposta: Certo. ção pública e de suas funções, julgue o item a seguir.
A supremacia do interesse público sobre o particular
Responsabilidade Civil do Estado Brasileiro por ato pode ser verificada por meio tanto das prerrogativas
omissivo associadas ao regime jurídico administrativo quanto
da inexistência de restrições à atuação da adminis-
A discussão da responsabilidade civil do Estado tração pública.
no caso de atos omissivos é um pouco mais complexa,
dependendo do tema específico e do direcionamen- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
to jurisprudencial. Por isso conheceremos o tema de
maneira geral, adentrando aos casos específicos mais 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, a respei-
importantes e cobrados em provas. to da administração pública direta e indireta.
Como regra geral, aqui será aplicada a teoria da Pode a administração pública anular atos adminis-
culpa administrativa. Então teremos o seguinte, com- trativos caso estejam eles marcados por vício ou,
pilando com o que vimos no item anterior. ainda, revogá-los conforme juízo de oportunidade e
conveniência.
z Responsabilidade por atos comissivos: respon-
sabilidade objetiva / teoria do risco administrativo; ( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Responsabilidade por atos omissivos: responsa-
bilidade subjetiva / teoria da culpa administrativa. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administra-
ção pública e de suas funções, julgue o item a seguir.
Portanto, já sabemos neste momento que para a A autoexecutoriedade, atributo do poder de polícia,
comprovação da culpa do Estado por ato omissivo confere à administração pública a execução de suas
será necessária a comprovação do elemento subjetivo: decisões por meios próprios, desde que autoriza-
dolo ou culpa. No caso do Brasil, é necessário apenas a da por lei ou que seja verificada hipótese de medida
comprovação da falta no serviço prestado. Diante dis- urgente, sem a necessidade de consulta prévia ao
so, vamos abordar três exemplos para que possamos Poder Judiciário.
melhor entender esse ponto específico do estudo.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
z Atos omissivos: em regra ensejam a responsabili-
dade subjetiva do Estado; 6. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos
z Fenômenos da natureza: responde a Administra- princípios e poderes da administração pública e ao
ção Pública no caso de não ter cuidado devidamen- serviço público, julgue o item a seguir.
te do sistema de esgoto, ou por outras omissões que Os atributos do poder de polícia da administração
venham a agravar as consequências do fenômeno pública incluem a discricionariedade, observada, por
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO
em questão; exemplo, na concessão de licença para dirigir veículos.
z Atos de multidão: surge a culpa da Administração
Pública quando a atuação diante da multidão seja ( ) CERTO  ( ) ERRADO
ineficiente, dando causa a dano maior do que ocor-
reria se a atuação da Administração Pública fosse 7. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação à adminis-
apropriada. tração direta e indireta, ao controle da administração
pública e à responsabilidade do Estado, julgue o item
que se segue.
As autarquias, as fundações públicas, as empresas
HORA DE PRATICAR! públicas e as sociedades de economia mista são enti-
dades da administração pública indireta.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administra-
ção pública e de suas funções, julgue o item a seguir. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Em respeito ao princípio da publicidade, campanhas
de órgãos públicos devem ser realizadas em cará- 8. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, a respeito
ter informativo, educativo ou de orientação social, da administração pública direta e indireta.
não podendo nelas constar imagens que possam Caracterizada por ser uma medida de distribuição de
configurar promoção pessoal de autoridades ou de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica,
383
a descentralização desafoga o volume de trabalho 15. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito de contratos
compreendido em um mesmo setor, já que se dis- administrativos, licitações e bens públicos, julgue o
persam internamente as atribuições acumuladas ao próximo item.
serem distribuídas competências dentro de uma mes- Veículos oficiais são bens de uso especial, o que implica
ma pessoa jurídica. que são inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO

9. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, a respei- 16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca da administra-
to da administração pública direta e indireta. ção pública e de suas funções, julgue o item a seguir.
Em situações de danos causados a terceiros, a res- Os contratos entre a administração pública e terceiros
ponsabilidade recai sobre as pessoas jurídicas de devem ser precedidos de licitação, ressalvadas algu-
direito público, havendo, ainda, a possibilidade de mas circunstâncias previstas em lei, como é o caso
direito de regresso contra o agente responsável nas da contratação de profissional do setor artístico con-
hipóteses de dolo ou culpa, responsabilidade que não sagrado pela opinião pública, hipótese de dispensa da
recai sobre pessoas jurídicas de direito privado presta- licitação.
doras de serviços públicos.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito de contratos
10. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação à adminis- administrativos, licitações e bens públicos, julgue o
tração direta e indireta, ao controle da administração próximo item.
pública e à responsabilidade do Estado, julgue o item Para a contratação de músico consagrado tanto pela crí-
que se segue. tica como pela opinião pública, a licitação é dispensável.
Tanto as pessoas jurídicas de direito público como as
de direito privado prestadoras de serviços públicos ( ) CERTO  ( ) ERRADO
responderão pelos prejuízos que seus agentes cau-
sarem a terceiros no exercício de suas funções, asse- 18. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito de contratos
gurado o direito de regresso contra o responsável nos administrativos, licitações e bens públicos, julgue o
casos de dolo ou culpa. próximo item.
Concorrência é a modalidade de licitação entre inte-
( ) CERTO  ( ) ERRADO ressados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até
11. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que se refere aos o terceiro dia anterior à data do recebimento das pro-
princípios e poderes da administração pública e ao postas, observada a necessária qualificação.
serviço público, julgue o item a seguir.
Para caracterizar uma atividade de interesse público ( ) CERTO  ( ) ERRADO
como serviço público, é essencial a edição de lei que
determine ao Estado tal atividade. 19. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito de contratos
administrativos, licitações e bens públicos, julgue o
( ) CERTO  ( ) ERRADO próximo item. Os contratos administrativos subme-
tem-se sempre ao regime jurídico de direito privado.
12. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Com relação à adminis-
tração direta e indireta, ao controle da administração ( ) CERTO  ( ) ERRADO
pública e à responsabilidade do Estado, julgue o item
que se segue. Partidos políticos não têm legitimida- 20. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Acerca do regime de
de para denunciar irregularidades ou ilegalidades na concessão e permissão da prestação de serviços
administração pública ao Tribunal de Contas da União. públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal,
julgue o item a seguir com base na Lei n.º 8.987/1995.
( ) CERTO  ( ) ERRADO As concessões de serviço devem ser firmadas, neces-
sariamente, por prazo estabelecido.
13. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, a respeito
da administração pública direta e indireta. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
O controle externo e a fiscalização dos atos da admi-
nistração direta são de competência exclusiva do Tri-
9 GABARITO
bunal de Contas da União.

( ) CERTO  ( ) ERRADO 1 CERTO

14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item, a respeito 2 CERTO


da administração pública direta e indireta. 3 ERRADO
Os edifícios utilizados como estabelecimentos da
administração pública, incluindo as autarquias, são 4 CERTO
classificados como bens públicos de uso especial.
5 CERTO
( ) CERTO  ( ) ERRADO 6 ERRADO

384
7 CERTO

8 ERRADO

9 ERRADO

10 CERTO

11 CERTO

12 ERRADO

13 ERRADO

14 CERTO

15 CERTO

16 ERRADO

17 ERRADO

18 ERRADO

19 ERRADO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

385
ANOTAÇÕES

386
Note que, a constituição ao determinar o direito à
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física
e psíquica.
Importante mencionar que o STF já se posicionou
sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em
NOÇÕES DE DIREITO julgamento de grande repercussão, que não constitui
crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o
CONSTITUCIONAL julgamento somente autorizou a interrupção da gravi-
dez de feto portador de anencefalia, não se estenden-
do a nenhuma outra deficiência.1
É importante ressaltar também que o STF decidiu
pela legitimidade da realização de pesquisas com
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS a utilização de células-tronco2 embrionárias, obti-
das de embriões humanos produzidos por fertilização
Os direitos fundamentais estão localizados no títu- in vitro e não utilizados no respectivo procedimento,
lo II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, e estão classifica- atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
dos em cinco grupos: direitos individuais e coletivos, 11.105/2005, que estabelece as normas de segurança
direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos e maneiras de fiscalização das atividades que envol-
políticos e direitos relacionados à existência, organi- vam organismos geneticamente modificados. Nesse
zação e participação em partidos políticos. sentido, o STF considerou que as mencionadas pesqui-
Também são classificados em três dimensões de sas não violam direito à vida, vejamos o dispositivo
direito, pois surgiram em épocas diferentes. mencionado:

DIREITOS DIREITOS DIREITOS Lei 11.105 de 25 de março de 2005


FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia,
DE 1º DIMENSÃO DE 2º DIMENSÃO DE 3º DIMENSÃO a utilização de células-tronco embrionárias obtidas
Direitos civis e po- Direitos sociais, eco- de embriões humanos produzidos por fertilização
Fraternidade.
líticos. nômicos e culturais. in vitro e não utilizados no respectivo procedimen-
to, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS E
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou
COLETIVOS
mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já
congelados na data da publicação desta Lei, depois
Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, data de congelamento.
garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade, § 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimen-
à igualdade, à segurança e à propriedade. to dos genitores.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde
Direito à vida que realizem pesquisa ou terapia com células-tron-
co embrionárias humanas deverão submeter seus
A Constituição protege a vida, extrauterina e projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto. comitês de ética em pesquisa.
Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori- § 3º É vedada a comercialização do material bioló-
zação do aborto como exceção em duas hipóteses, são gico a que se refere este artigo e sua prática implica
eles como único meio para salvar a vida da mulher e o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de
no caso de gravidez resultante de estupro. fevereiro de 1997.

Art. 128 Não se pune o aborto praticado por


médico: Importante!

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Aborto necessário As decisões do STF também são objeto de ques-
tionamento em provas.
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Direito à liberdade
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
Trata-se de direito fundamental de primeira
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
dimensão, ou seja, são os direitos fundamentais que
precedido de consentimento da gestante ou, quando
estão ligados ao valor da liberdade, sendo eles: os
incapaz, de seu representante legal
direitos civis e os direitos políticos.
Liberdade de pensamento, prevista no inciso IV
Subentende-se direito à saúde, na vedação à pena da CF, determina a livre manifestação do pensamento,
de morte, proibição do aborto e, por fim, direito às porém, é importante se atentar à parte final do inciso,
condições mínimas necessárias para uma existência que veda o anonimato, por exemplo: um indivíduo vai
digna, conforme também prevê o princípio da digni- até uma manifestação nas ruas com panos no rosto e
dade da pessoa humana, apresentado no art. 1º, inciso comete atos ilícitos (como furto).
III da CF/88.
1 ADPF 54/DF Min Marco Aurélio, julgado em 11.04.2012, DJe 24.04.2013.
2 ADI 3.510/DF, rel. Min. Carlos Brito, julgamento em 29.05.2008, DJe em 05.06.2008 387
Ainda sobre a liberdade de pensamento, é impor- O que é calamidade pública?
tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima
é permitida. Contudo, o poder público não pode ini- O dicionário Aurélio assim define calamidade:
ciar o procedimento formal tendo como base única “desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”. Ou
uma denúncia anônima. seja, é um estado anormal resultante de um desastre
O STF considerou desnecessária a utilização de natureza, pandemia ou até financeiro, situações
de diploma de jornalismo e registro profissional no em que o Governo Federal deve intervir nos outros
Ministério do Trabalho como condição para o exercí- Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni-
cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên- cípios) para auxiliar no combate à situação.
cia a manifestação do pensamento.3 Conforme o Governo Federal, o reconhecimento
Liberdade de consciência e crença está localiza- do estado de calamidade pública estava previsto para
do nos incisos VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É impor- durar até 31 de dezembro de 2020, prologando-se
tante mencionar que o Brasil não tem religião oficial, até o início de 2021. Ele é necessário “em virtude do
sendo considerado um Estado laico que tem como monitoramento permanente da pandemia Covid-19,
base o pluralismo político. da necessidade de elevação dos gastos públicos para
proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da
perspectiva de queda de arrecadação”.4
Art. 5° [...]
Entenda a explicação sobre calamidade pública:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul- z D ecretado estado de Calamidade Pública, através de
tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
aprovação das duas casas: Senado Federal e Câma-
ção aos locais de culto e a suas liturgias;
ra dos Deputados, torna-se possível que o Executivo
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas
assistência religiosa nas entidades civis e militares
fiscais para custear ações de combate à pandemia.
de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por moti- z O Governo Federal já pode determinar quais medi-
vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou das de apoio serão tomadas, com base na lei com-
política, salvo se as invocar para eximir-se de obri- plementar 101/2020.
gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir z Governo Federal poderá:
prestação alternativa, fixada em lei;
„ Liberar recursos; enviar defesa civil militar;
Liberdade de locomoção, localizado no inciso enviar kits emergenciais.
XV da CF, é um tópico muito importante e está ligado
ao direito de ir e vir. Esse não é um direito absolu- z Estados podem:
to, pois temos os casos de prisão previstos na lei, ou
seja, as diversas situações em que prisões são necessá- „ Parcelar dívidas; atrasar execução de gastos;
rias deixam claro que o direito a locomoção não é um não precisa fazer licitações.
direito absoluto.
Agora que entendemos como funciona o estado
Atualidade! Direito de ir e vir x Coronavírus de calamidade pública, vamos à análise do direito de
locomoção que foi restringido.
(Covid-19)
Primeiramente, é importante mencionar que nenhum
direito fundamental pode ser considerado absoluto
Aqui temos um tema muito comentado, o isola- (quando dizemos isso, significa que esse direito pode ser
mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem violado, desde que se cumpra alguns requisitos) e a
suas próprias empresas, de permanecerem em pra- proporcionalidade de cada situação deve ser observada.
ças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e vir limi- O interesse da coletividade deve ser sempre
tado.. entenda: observado e ter preferência em relação ao direito
do particular, com o objetivo de aplicar o denomina-
do princípio da supremacia do interesse público
Somente grupo de risco deve sobre o particular, que inclusive é um dos principais
ficar isolado em casa. (idosos
Vertical
e pessoas com problemas de princípios do direito administrativo.
saúde) Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que
prevê o direito à saúde como sendo um dever do Esta-
Isolamento do (no sentido de nação politicamente organizada, ou
seja, é um dever do País/Governo Federal).
Toda população deve ficar
Horizontal isolada em casa e empresas
fechadas Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta-
do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
cas que visem à redução do risco de doença e de
Se o direito à liberdade de locomoção é um direito outros agravos e ao acesso universal e igualitário
fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas às ações e serviços para sua promoção, proteção e
se locomovam? Mas e a constituição? recuperação.
No caso do covid-19, em 18 de março de 2020, foi
aprovado pelo Congresso Nacional o decreto que colo- Ainda, cabe mencionar o princípio da propor-
ca o país em estado de calamidade pública, tendo em cionalidade, que tem como finalidade equilibrar os
vista a situação excepcional de emergência de saúde. direitos individuais com os da sociedade, exatamente
Para você entender melhor, vamos estudar por etapas. como no caso que aqui estamos analisando.
3 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009.
4 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
388 2020.
Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor- igual os iguais e os desiguais com desigualdade, na
me os requisitos demonstrados na situação atual para medida de suas desigualdades, ou seja, é uma forma de
provas: direito de ir e vir é um direito fundamen- proteção a certos grupos sociais, certos grupos de pes-
tal, mas fique atento: não é um direito absoluto! No soas que foram discriminadas ao longo da história do
caso da violação desse direito, em face do covid-19, Brasil. Isso ocorre por meio das chamadas ações afir-
foi observado o princípio da proporcionalidade mativas, que visam, por meio da política pública, redu-
e o princípio da supremacia do interesse público zir os prejuízos. Por exemplo, temos o sistema de cotas
sobre o particular. para os afrodescendentes nas universidades públicas.
Lembrando que o desrespeito a qualquer medida
Sobre o tema, o STF já se posicionou pela constituciona-
imposta configura como crime contra a saúde públi-
lidade, e a decisão foi tomada no julgamento do Recur-
ca prevista no art. 268 do código penal, que pune cri-
minalmente a conduta de “infringir determinação do so Extraordinário (RE 597285), com repercussão geral,
poder público, destinada a impedir introdução ou pro- em que um estudante questionava os critérios adota-
pagação de doença contagiosa”. dos pela UFRGS para reserva de vagas.5
A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI do
art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem como Igualdade nos concursos públicos
não deve frustrar outra reunião anteriormente convo-
cada para aquele local. Tem preferência quem avisar Tem como base o princípio da isonomia, o qual
primeiro, , ou seja, quem realizar o chamado aviso pré- deve ser rigorosamente observado sob pena de nuli-
vio à autoridade competente, que é diferente de auto- dade da prova a ser realizada pelo respectivo concur-
rização, pois a reunião não depende de autorização. so público.
Liberdade de associação tem previsão no inci- Entretanto, alguns concursos exigem, por exem-
so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men- plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências
cionar que todos esses incisos já foram cobrados em contidas no edital que façam distinção entre as pes-
provas em geral. Cuidado com o texto constitucional,
soas somente serão lícitas e constitucionais desde
como por exemplo:
que preencham dois requisitos:
Art. 5º [...]
XVII - é plena a liberdade de associação para fins z Deve estar previsto em lei – igualdade formal;
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; z Deve ser necessário ao cargo.

A expressão “plena”, utilizada no dispositivo, tem Como por exemplo, concurso para contratação de
o mesmo sentido de ser considerada livre a liberdade agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
de associação, desde que para fins lícitos. tal constar que é permitido somente mulheres para
Por conseguinte, o texto constitucional prevê a investidura do cargo.
possibilidade de criação de associações e cooperati- Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
vas, independente de autorização. Ainda, só pode- bição de tatuagem contida nos editais de concurso
rão ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades público. Sobre o tema o STF assim entendeu:
por decisão judicial. Ninguém pode ser obrigado a
associar-se ou permanecer associado. Por fim, o tex- Editais de concurso público não podem estabelecer
to constitucional autoriza, desde que expressamente restrição a pessoas com tatuagem, salvo situações
excepcionais, em razão de conteúdo que viole
autorizada, a representação dos associados pelas enti-
valores constitucionais.
dades associativas.

Igualdade Entenda, por situação excepcional, tatuagem que


viole os princípios constitucionais e os princípios do
Princípio da igualdade, previsto também no caput Estado brasileiro. Ex.: tatuagem de suástica nazista.
do art. 5º da CF, é muito importante e, deste princípio,
inúmeros outros decorrem diretamente, conforme União estável homoafetiva
veremos a seguir.

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Em 2011, o STF se posicionou sobre o reconheci-
Igualdade na lei x igualdade perante a lei mento da união estável para casais do mesmo sexo,
decisão tomada sob o argumento de que o artigo 3º,
A igualdade na lei obriga o legislador a tratar inciso IV, da CF veda qualquer discriminação em
todos da mesma forma ao criar as normas; já a igual- virtude de sexo, raça, cor e que, nesse sentido, nin-
dade perante a lei significa que quem administra o guém pode ser diminuído ou discriminado em fun-
Estado também deve observar o princípio da igual- ção de sua orientação sexual. “O sexo das pessoas,
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis- salvo disposição contrária, não se presta para desi-
trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar gualação jurídica” Conclui-se, portanto, que qualquer
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos depreciação da união estável homoafetiva colide com
particulares. o inciso IV do artigo 3º da CF.6

Igualdade formal x igualdade material Legalidade

A igualdade formal, também chamada de igualda- Princípio da legalidade está previsto no art. 5º,
de jurídica, significa que todos devem ser tratados da inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga-
mesma forma. Já a igualdade material significa tratar do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
5 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
6 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011. 389
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio É importante frisar que, se o agente policial entrar
da legalidade, se está falando no âmbito particular e na residência e não constatar a ocorrência de crime
não da administração pública. em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos
No tocante aos particulares, o princípio da lega- agentes policiais se forem apresentadas fundadas
lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade razões que os levaram a invadir aquela casa, o que,
para criar obrigações de fazer, também chamadas de sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que
obrigações positivas, e também as chamadas obriga- posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo
ções de não fazer, chamadas obrigações negativas. Ministério Público (a quem compete exercer o con-
Nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu- trole externo da atividade policial, nos termos do art.
ma, é dado ao particular fazer o que bem entender, 129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar-
ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em -se a legitimidade de eventual prova colhida durante
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse essa entrada à residência.
ponto o princípio da autonomia da vontade. Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim
Em refêrencia ao poder público, o conteúdo do considerou:
princípio da legalidade é outro: tem-se a ideia de que A entrada forçada em domicílio sem mandado
o Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que judicial só é lícita, mesmo em período noturno,
governar é uma atividade cuja realização exige a edi- quando amparada em fundadas razões, devida-
ção de leis. Assim, o poder público não pode atuar mente justificadas “a posteriori”, que indiquem
nem contrário às leis, nem na ausência da lei. que dentro da casa ocorre situação de flagrante
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
Inviolabilidade civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
dade dos atos praticados.
Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a
honra e da imagem das pessoas tem previsão no art. repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro-
5º, inciso X da CF; vejamos: vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, de das provas obtidas mediante invasão de domicílio
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o por autoridades policiais sem o devido mandado de
direito a indenização pelo dano material ou moral busca e apreensão. O acórdão impugnado assentou
decorrente de sua violação; o caráter permanente do delito de tráfico de drogas
e manteve condenação criminal fundada em busca
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí- domiciliar sem a apresentação de mandado de busca
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu-
própria imagem frente aos meios de comunicação em cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas
massa (televisão, jornais etc.). exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen-
XI do art. 5º da CF: timento do morador, salvo em caso de flagrante delito
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia,
Art. 5º [...] por determinação judicial”). Seriam estabelecidas, por-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém tanto, quatro exceções à inviolabilidade:
nela podendo penetrar sem consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou a - flagrante delito;
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o b -desastre;
dia, por determinação judicial; c) - prestação de socorro; e
d) - determinação judicial.

Importante! A interpretação adotada pelo STF seria no sentido


de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri-
Memorize que, como dia, entende-se o período
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas
das 6h às 18h. forças policiais, independentemente de determinação
judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri-
Note que existem exceções à inviolabilidade: fla- mes permanentes haveria um interregno entre a con-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime
grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o
minação judicial. Convém lembrar também que, de
crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador
acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação
conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
cílio. (RE 603616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
barraca); qualquer aposento ocupado de habitação
em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015)
coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
A inviolabilidade das correspondências e comu-
qualquer compartimento privado onde alguém exerça
nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da
profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas. CF, vejamos.
O STF, em relevante julgamento com repercussão
geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão no XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das
sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes- comunicações telegráficas, de dados e das comuni-
mo no período noturno – fundamentada e devi- cações telefônicas, salvo, no último caso, por
damente justificada, se indicado que no interior na ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei
casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta- estabelecer para fins de investigação criminal ou
390 do de flagrante delito. instrução processual penal;
As correspondências são invioláveis, com exce- Bens corpóreos são os bens possuidores de exis-
ção nos casos de decretação de estado de defesa tência física, concretos e visíveis, como por exemplo,
e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante uma casa, um automóvel etc. Já os bens incorpóreos
mencionar também que o STF já reconheceu a possi- são bens abstratos que não possuem existência física,
bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a ou seja, não são concretos, mas possuem um valor
inviolabilidade de correspondência não pode ser usa- econômico, como por exemplo, propriedade intelec-
da como defesa para atividades ilícitas.7 tual, direitos do autor etc.
Possibilidade de interceptação telefônica: inter- Em relação à propriedade de bens incorpóreos,
ceptação telefônica é a captação e gravação de conver- existe a específica proteção constitucional denomina-
sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por da propriedade intelectual, que abrange os direitos de
terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer um autor e os direitos relativos à propriedade industrial,
dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso como a proteção de marcas e patentes.
XII do art. 5º da CF acima mencionado, que para ser
lícita deve obedecer três requisitos: Desapropriação

Como característica dos direitos fundamentais, o


Ordem Judicial;
Para fins de investigação direito de propriedade também não é um direito abso-
Interceptação telefônica criminal; luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten-
Hipóteses e formas que a da uma função social, há outras hipóteses em que
lei estabelecer. o interesse público pode justificar a imposição de
limitações.
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo-
Ainda, a interceptação telefônica dependerá de cupou em atribuir tratamento especial à política de
ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96. desenvolvimento urbano. Referente à desapropria-
ção de imóvel rural, somente é lícita para fins de
Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni- interesse social, ou seja, imóvel rural que não esti-
cas, de qualquer natureza, para prova em investi- ver cumprindo sua função social é desapropriado.
gação criminal e em instrução processual penal, Nesse sentido, é importante verificar a importân-
observará o disposto nesta Lei e dependerá de cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de
ordem do juiz competente da ação principal, sob desapropriação por interesse social. Ora, desde que
segredo de justiça. seja paga a indenização mencionada nesse artigo,
Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte-
interceptação do fluxo de comunicações em siste- resse social para fins de reforma agrária.
mas de informática e telemática.
Defesa do consumidor
O segundo requisito necessário exige que a pro-
dução desse meio de prova seja dirigida para fins de Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o
investigação criminal ou instrução processual penal; estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu-
assim, não é possível a autorização da interceptação midor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso
telefônica em processos civis, administrativos, disci- V da CF, que estabeleceu como princípio fundamental
plinares etc. de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”.
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-
interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbito ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
de investigação criminal ou instrução processual penal. por fim assegurar a todos existência digna, con-
A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei forme os ditames da justiça social, observados os
9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu- seguintes princípios:
nicações como meio de prova, estendendo também [...]
a sua regulamentação à interceptação de fluxo de V - defesa do consumidor;
comunicações em sistemas de informática e telemáti-
ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação Assim que foi promulgada a Constituição em 1988,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
com informática, e-mail e outros). o legislador se preocupou em estipular um prazo de
cento e vinte dias para que fosse elaborado o Código
Direito de propriedade de Defesa do Consumidor, exigência estipulada por
meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Disposições Consti-
Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art.
tucionais Transitórias. São regras que estabelecem
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF.
a harmonia da transição do regime constitucional
Art. 5º [...] XXII - é garantido o direito de propriedade;
anterior – 1969, para o novo regime - 1988).
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valoriza-
Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape-
por fim assegurar a todos existência digna, con- nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei
forme os ditames da justiça social, observados os 8.078/1990.
seguintes princípios:
II - propriedade privada; Direito de informação

O direito de propriedade assegurado na constitui- Instrumento de natureza administrativa derivado


ção como direito constitucional abrange tanto os bens do princípio da publicidade da atuação da administra-
corpóreos quanto os incorpóreos. ção pública, tem como objetivo a atuação transparente
7 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994. 391
em decorrência da própria indisponibilidade do inte- deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
resse público, disciplinado nos incisos XXXIII e LXXII é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
do art. 5º da CF e Lei 9507/1997 que regula o direito de que serão sorteados dentre os alistados.
acesso a informações e disciplina o rito processual do
habeas data. XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
organização que lhe der a lei, assegurados:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos a) a plenitude de defesa;
públicos informações de seu interesse parti- b) o sigilo das votações;
cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão c) a soberania dos veredictos;
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi- d) a competência para o julgamento dos crimes
lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres- dolosos contra a vida;
cindível à segurança da sociedade e do Estado;
Destarte, a competência mencionada na alínea “d”
Direito de certidão não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica-
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro
O Estado é obrigado a fornecer as informações especial por prerrogativa de função, que deverão ser
solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção julgados por tribunais específicos conforme previsto
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que na Constituição.
é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o
Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun-
mandado de segurança, tema que também será abor-
ção se refere ao órgão competente para julgar ações
dado no título Garantias Constitucionais.
O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV, penais contra certas autoridades públicas, levando-se
“b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de
do pagamento de taxas, o seguinte: modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja,
por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de
XXXIV - são a todos assegurados, independente- determinar o órgão julgador competente não acompa-
mente do pagamento de taxas: nha a pessoa após o fim do exercício do cargo.
[...]
b) a obtenção de certidões em repartições públi- Princípio da legalidade penal e da retroatividade da
cas, para defesa de direitos e esclarecimento de lei
situações de interesse pessoal;
Princípio da legalidade penal, com previsão no
Importante frisar aqui que, conforme entendi- inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de
mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen- princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do
to no sentido de que não se exige do administrado a princípio da legalidade, de forma mais específica no
demonstração da finalidade específica do pedido. âmbito do direito penal.
Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre-
Direito adquirido, coisa julgada e ato jurídico perfeito vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a
cominação da pena, que não é admissível à configura-
Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei ção de crime baseado nos costumes.
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico per-
feito e a coisa julgada”. Entenda: XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
Direito adquirido é aquele direito que cumpriu nem pena sem prévia cominação legal;
todos os requisitos previstos em lei, como, por exem-
plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi- Princípio da retroatividade da lei tem previsão no
gidos para concessão da aposentadoria por idade, inciso XL do art. 5º da CF, consiste em analisar um fato
conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o
passado à luz de um direito presente, estabelece que
direito adquirido para requerer seu benefício.
os fatos sejam apreciados com base na lei em vigor no
tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a lei do tem-
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
po do crime, ou seja, na regra geral, as normas penais
de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
não retroagem, salvo se trouxerem algum tipo de
as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e benefício para o réu.
62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
vado tempo mínimo de contribuição; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
ciar o réu;
Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor-
me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes- Cuidado, aqui temos um exemplo de “exceção da
te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei exceção”:
vigente na época, tornando-se, portanto, completo. Crimes praticados durante a vigência de lei tempo-
Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi- rária ou excepcional não podem ser beneficiados pela
cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor- retroatividade da lei mais benéfica.
nando-a imutável e indiscutível. Lei excepcional é a lei criada para regular fatos
ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual
Júri popular perde seus efeitos após findar situação irregular que
a motivou.
A nossa Carta Magna reconhece no seu inciso XXX- Lei temporária vigorou até extinguir-se o prazo de
VIII a instituição do júri, que é visto como uma prer- duração fixado pelo legislador, por exemplo, uma lei
392 rogativa democrática do cidadão e que exige que o réu que fixa a tabela de preços de artigos de consumo.
Crimes IV – o crime de tráfico internacional de arma de
fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18
O legislador originário também se preocupou em da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci- V – o crime de organização criminosa, quando
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados direcionado;
contra ordem constitucional.
Fique atento com os artigos mencionados acima
XLII - a prática do racismo constitui crime e as novidades legislativas,pois são temas utilizados
inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de com frequência pelas bancas examinadoras.
reclusão, nos termos da lei;
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS
A pena de reclusão é a pena prevista para os casos
mais graves, o qual o regime inicial será fechado, em
prisão de segurança máxima. É importante não confundir direitos fundamentais
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen-
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e tais são vantagens, proteção em favor das pessoas,
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor- como por exemplo o direito de informação. Já as
tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas garantias fundamentais são instrumentos processuais
afins, o terrorismo e os definidos como crimes para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações
hediondos, por eles respondendo os mandantes, os ou remédios constitucionais, como por exemplo:
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança,
Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme
Crimes hediondos são aqueles que a legislação veremos a seguir.
entende que geram maior reprovação por parte da
sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não Habeas corpus
são necessariamente crimes cometidos com alto grau
de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs-
Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90.
ou seja, pode ser requerido sempre que alguém sofrer
O homicídio qualificado é o primeiro mencionado
na legislação, ou seja, quando praticado em circuns- ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação
tância que revele perversidade – por exemplo, se o em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
crime é praticado por motivo fútil ou torpe. abuso de poder; está fundamentado no art. 5º, LXVIII
Bem como, o homicídio praticado por grupo de da CF e art. 647 a 667 do CPP.
extermínio também está no rol dos crimes hediondos, Pode ser habeas corpus preventivo para evitar
mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo. uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já
XLIV - constitui crime inafiançável e impres- cometida. Importante frisar também que não existe a
critível a ação de grupos armados, civis ou mili- necessidade de um advogado para entrar com a ação.
tares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático; z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa.
z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou
Entenda: prescrição é a perda do direito de punir estrangeiro.
do Estado pelo seu não exercício em determinado lap- z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen-
so de tempo. te público que cometeu ilegalidade ou abuso de
Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri- poder contra particular.
mes hediondos, o assassinato de policiais e o
feminicídio. Habeas corpus também pode ser impetrado por
Em 2019, houve alterações na legislação penal e estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra
processual diante da aprovação da Lei nº 13.964, tam- particular.
bém chamada de Pacote Anticrime; nessa oportuni-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar
dade houve a inclusão de crimes no rol dos crimes militar, salvo se imposta pela autoridade competente.
hediondos.
Destacamos a seguir algumas Súmulas importan-
Veja quais foram os crimes incluídos:
tes do STF sobre o tema:
II – roubo:
Súmula 395: Não se conhece de recurso de habeas
a) circunstanciado pela restrição de liberdade
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de custas, por não estar mais em causa à liberdade de
fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de locomoção.
arma de fogo de uso proibido ou restrito (art. Súmula 431: É nulo o julgamento de recurso crimi-
157, § 2º-B); nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou
III – extorsão qualificada pela restrição da liber- publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou Súmula 692: Não se conhece de habeas corpus con-
morte (art. 158, § 3º); tra omissão de relator de extradição, se fundado em
IX – furto qualificado pelo emprego de explo- fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava
sivo ou de artefato análogo que cause perigo dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
comum (art. 155, § 4º-A). Súmula 693: Não cabe habeas corpus contra deci-
III – o crime de comércio ilegal de armas de são condenatória a pena de multa, ou relativo a
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de processo em curso por infração penal a que a pena
dezembro de 2003; pecuniária seja a única cominada. 393
Súmula 694: Não cabe habeas corpus contra a „ Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
imposição da pena de exclusão de militar ou de per- políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo.
da de patente ou de função pública. „ Agente passivo: autoridade, pessoa física
Súmula 695: Não cabe habeas corpus quando já revestida de poder público. União, Estados e
extinta a pena privativa de liberdade. DF ingressarão como litisconsortes necessá-
rios, por meio de seus procuradores; no caso do
Habeas data município, através de seu Prefeito.
„ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei
A previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997 12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspen-
regula o direito de acesso às informações e discipli- são do ato (que causou a violação do direito),
na o rito processual do habeas data tem o objetivo desde que exista motivo relevante, vejamos:
de acessar e retificar informações do impetrante que
estão em um órgão público ou de caráter público8, Art. 7o Ao despachar a inicial, o juiz ordenará:
como por exemplo: entidade privada de caráter públi- III - que se suspenda o ato que deu motivo ao
co = SPC/SERASA. pedido, quando houver fundamento relevante e
Note que, neste caso, precisa ser demonstrado do ato impugnado puder resultar a ineficácia da
que foram solicitadas as informações em um pri- medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul-
meiro momento, ou seja, precisa-se esgotar a via tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi-
administrativa. to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à
A doutrina e jurisprudência admitem que cônjuge, pessoa jurídica.
ascendente, descendente ou irmão podem impetrar
habeas data em favor de terceiro, caso este esteja inca- z Mandado de Segurança Coletivo
pacitado ou ausente.
Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei
Mandado de Segurança 12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de
pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo decaden-
Agora passaremos à análise do mandado de segu- cial são os mesmos do Mandado de Segurança individual.
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo:
„ Agente ativo: Partido político com represen-
z Mandado de Segurança Individual tação no Congresso Nacional; ou organização
sindical, entidade de classe ou associação legal-
Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009, mente constituída e em funcionamento há pelo
tem o objetivo de proteger direito líquido e certo menos um ano, em defesa de seus membros
(requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da ou associados; deve demonstrar pertinência
lesão), devidamente comprovado com provas docu- temática.
mentais; não há prova testemunhal nem pericial. Tem „ Agente passivo: autoridade coatora.
caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de „ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22 §2º
habeas corpus e nem habeas data. da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisitos
Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de “fumus boni iuris” e “periculum in mora”.
autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que
“Controvérsia sobre matéria de direito não impede con- Súmulas importantes do STF sobre o tema:
cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
dúvida a respeito de interpretação da lei não impede Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de
o deferimento do mandado de segurança. segurança coletivo por entidade de classe em favor
Não cabe Mandado de segurança nos seguintes dos associados independe da autorização destes.
casos: Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi-
timação para o mandado de segurança ainda quan-
do a pretensão veiculada interesse apenas a uma
„ Atos meramente informativos;
parte da respectiva categoria.
„ Atos que transitaram em julgado;
„ Ato administrativo que comporte recurso com
Mandado de Injunção
efeito suspensivo; e
„ Ato judicial em fase recursal.
Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
(lei do MS), não tem lei específica própria; devem ser
Cuidado! Referente aos atos que transitaram em
observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí-
vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos: ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
8.038/1990.
“No entanto, sendo a impetração do mandado de
segurança anterior ao trânsito em julgado da Art. 24 [...]
decisão questionada, mesmo que venha a acon- Parágrafo único - No mandado de injunção e
tecer, posteriormente, não poderá ser invocado o no habeas data, serão observadas, no que couber,
seu não cabimento ou a sua perda de objeto, mas as normas do mandado de segurança, enquanto
preenchidas as demais exigências jurídico-proces- não editada legislação específica.
suais, deverá ter seu mérito apreciado”. (EDcl no
MS 22.157/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Rel. z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamenta-
p/ Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, julgado dora de direito, liberdade constitucional e das prer-
em 14.03.2019, DJe 11.06.2019) rogativas inerentes a nacionalidade, soberania e
394 8 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima.
cidadania. Buscar o exercício do direito para uma A Ação popular é isenta de custas judiciais e do
pessoa ou certo grupo de pessoas. ônus de sucumbência.
Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o Sobre o tema, vejamos também art. 5º, §4º da Lei
direito de greve. 4.717/1965:
z Agente ativo: Qualquer pessoa.
z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar. Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
competente para conhecer da ação, processá-la e
Ação Popular julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
judiciária de cada Estado, o for para as causas que
interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
É um direito fundamental e individual de todo
ou ao Município.
cidadão, fundamentado no art. 5º, LXXIII e regulado § 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus-
pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção pensão liminar do ato lesivo impugnado.
do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
meio ambiente e da moralidade administrativa. Pro- Ainda, é possível requerer a condenação por per-
tege o patrimônio público contra, por exemplo, obras das e danos dos responsáveis pela lesão. Cabe a todos
superfaturadas. os cidadãos a fiscalização da vida pública, auxiliando
Ação popular pode ter duas formas, a preventi- o Estado na boa gestão da vida pública.
va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos
do ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos DIREITOS SOCIAIS
consumados.
Os direitos sociais têm previsão no art. 6º ao 11º
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este da Constituição, e também podem ser encontrados no
abandonar ação, outro cidadão poderá assumir. título VIII da Constituição Federal, que trata da ordem
social.
O Ministério Público não pode propor, mas São direitos que pertencem à segunda geração dos
pode assumir andamento e dar execução à decisão direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra-
da ação popular (legitimidade extraordinária ou ta dos direitos da democracia e informação, e alguns
superveniente). doutrinadores também os chamam de liberdades
positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis-
z Agente passivo: administrador da entidade que so com o objetivo de assegurar uma compensação
lesionou. resultante da desigualdade entre as pessoas.
Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado
Lei 4.717/1965 em face da desigualdade social e tem aplicabilidade
imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas igualdade formal (ou também chamada de igualdade
públicas ou privadas e as entidades referidas no art. jurídica, conforme prevê na CF/88, significa que todos
1º, contra as autoridades, funcionários ou adminis- devem ser tratados da mesma forma).
tradores que houverem autorizado, aprovado, rati- Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em
ficado ou praticado o ato impugnado, ou que, por três espécies:
omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e con-
tra os beneficiários diretos do mesmo. z D ireitos sociais destinados a toda sociedade; (Art.
6º da CF)
z Direitos sociais para os trabalhadores; (Art. 7° da
Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei- CF)
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos z Direitos sociais coletivos dos trabalhadores. (Art.
lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos 8º ao 11º da CF)
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, Direitos sociais destinados a toda sociedade
§ 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
represente os segurados ausentes, de empresas públicas, Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda- alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte,
ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja o lazer, a segurança, a previdência social, a prote-
concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen- ção à maternidade e à infância, a assistência aos
to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor- desamparados, na forma desta Constituição.
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
Direitos garantidos para toda sociedade brasileira,
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
com exceção, por exemplo, da previdência social, pois
públicos.
neste caso só terá benefício quem for contribuinte e
preencher todos os requisitos legais exigidos.
z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus
boni iuris” e “periculum in mora”. Direito à propriedade x direito à moradia

Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não Direito de propriedade é um direito individual,
substitui a ação popular. conforme já estudado neste material, já o direito à
Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti- moradia é um direito social, localizado no caput do
midade para propor ação popular. art. 6º da CF/88. 395
Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi- XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
to individual) e art. 6º (direito social), entenda a desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
diferença: creches e pré-escolas;
Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere à XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
segurança jurídica, já a segurança mencionada no art. coletivos de trabalho;
6º da CF refere-se ao direito à segurança pública. XXVII - proteção em face da automação, na forma
da lei;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
Direitos sociais para os trabalhadores
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e
culpa;
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
condição social:
relações de trabalho, com prazo prescricional de
I - relação de emprego protegida contra despedida
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei
até o limite de dois anos após a extinção do contra-
complementar, que preverá indenização compensa-
to de trabalho;
tória, dentre outros direitos;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercí-
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
cio de funções e de critério de admissão por motivo
involuntário;
de sexo, idade, cor ou estado civil;
III - fundo de garantia do tempo de serviço;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
tocante a salário e critérios de admissão do traba-
unificado, capaz de atender a suas necessidades
lhador portador de deficiência;
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
técnico e intelectual ou entre os profissionais
ne, transporte e previdência social, com reajustes
respectivos;
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba-
V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição
plexidade do trabalho;
de aprendiz, a partir de quatorze anos;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador
convenção ou acordo coletivo;
com vínculo empregatício permanente e o trabalha-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
dor avulso
para os que percebem remuneração variável;
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos
VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
trabalhadores domésticos os direitos previstos
ração integral ou no valor da aposentadoria;
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII,
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e
do diurno;
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
lei e observada a simplificação do cumprimento
do crime sua retenção dolosa;
das obrigações tributárias, principais e acessórias,
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari-
culada da remuneração, e, excepcionalmente, par-
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV
ticipação na gestão da empresa, conforme definido
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência
em lei;
social.
XII - salário-família pago em razão do dependente
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
XIII - duração do trabalho normal não superior a O mencionado dispositivo aborda os direitos dos
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são
facultada a compensação de horários e a redução tratados de forma específica em legislação especial.
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva Cabe ressaltar, neste tópico, que os examinado-
de trabalho; res das bancas costumam perguntar datas e questões
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza- numéricas. Por exemplo, um tema sempre muito
do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo cobrado em provas é sobre a prescrição trabalhista,
negociação coletiva; ou seja, o prazo máximo para entrar com a reclama-
XV - repouso semanal remunerado, preferencial- ção trabalhista após o término do contrato de trabalho
mente aos domingos; para discutir os últimos cinco anos; ou seja, os crédi-
XVI - remuneração do serviço extraordinário tos trabalhistas prescrevem nos últimos cinco anos.
superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
normal;
z Prazo para entrar com reclamação trabalhista: 2
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
menos, um terço a mais do que o salário normal;
anos.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego z Prescrição dos créditos: últimos 5 anos.
e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, TRABALHADORES
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; observado o seguinte:
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
meio de normas de saúde, higiene e segurança; para a fundação de sindicato, ressalvado o regis-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; co a interferência e a intervenção na organização
396 XXIV - aposentadoria; sindical;
II - é vedada a criação de mais de uma organização A nacionalidade é considerada pela CF/88 um
sindical, em qualquer grau, representativa de cate- direito fundamental, e tem previsão no título II da CF.
goria profissional ou econômica, na mesma base O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi-
territorial, que será definida pelos trabalhadores ção da nacionalidade brasileira:
ou empregadores interessados, não podendo ser
inferior à área de um Município; z jus solis: atribui nacionalidade ao território onde
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes- o indivíduo nasce.
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
z jus sanguinis: atribui a nacionalidade ao vínculo
em questões judiciais ou administrativas;
sanguíneo.
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
em se tratando de categoria profissional, será des-
contada em folha, para custeio do sistema con- Brasileiro nato
federativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei; Conforme prevê o art. 12, inciso I da CF, é conside-
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se rado brasileiro nato:
filiado a sindicato;
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas z Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiro,
negociações coletivas de trabalho; desde que estes não estejam a serviço de seu
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser país.
votado nas organizações sindicais;
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali- No que diz respeito à necessidade de ambos os
zado a partir do registro da candidatura a cargo de genitores estrangeiros estarem a serviço do país,
direção ou representação sindical e, se eleito, ainda entende-se que deve haver a verificação do fato do
que suplente, até um ano após o final do mandato, deslocamento desse Estado (país) ao Brasil ter ocorri-
salvo se cometer falta grave nos termos da lei. do em virtude de interesse do seu país. Ainda que um
Parágrafo único. As disposições deste artigo apli- deles não exerça função governamental, por exemplo:
cam-se à organização de sindicatos rurais e de
Pais argentinos, a serviço da Argentina – nesse caso,
colônias de pescadores, atendidas as condições que
o filho nascido no Brasil não será brasileiro nato9.
a lei estabelecer.
Pais argentinos a serviço do Uruguai – nesse caso, o
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
filho nascido no Brasil será brasileiro nato, pois os pais
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
não estão a serviço de seu país (no exemplo, Argentina).
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
dele defender.
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen- z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira,
ciais e disporá sobre o atendimento das necessida- desde que qualquer um deles esteja a serviço
des inadiáveis da comunidade. do Brasil;
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
às penas da lei. Neste caso o termo a “serviço da República Federati-
Art. 10 É assegurada a participação dos trabalha- va do Brasil” engloba a serviço da administração direta e
dores e empregadores nos colegiados dos órgãos indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
públicos em que seus interesses profissionais
ou previdenciários sejam objeto de discussão e z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe
deliberação. brasileira, desde que sejam registrados em repar-
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre- tição brasileira competente (embaixada ou con-
gados, é assegurada a eleição de um representante sulado) ou venham a residir no Brasil e optem,
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira.
o entendimento direto com os empregadores.
O filho poderá optar pela nacionalidade brasileira
As garantias desse último grupo de direitos sociais observando três requisitos cumulativos:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
estão divididas em: direito de associação sindical,
direito de greve e direito de representação. z I dade mínima: 18 anos;
Direito de associação sindical tem relação com o z Residência no Brasil;
princípio da liberdade de associação. Ja o direito de z Obedecendo aos dois requisitos acima, deve-se optar
greve, citado no art. 9º, não é o mesmo direito de gre- a qualquer tempo pela nacionalidade brasileira.
ve assegurado ao servidor público no art. 37 da CF, ou
seja, a greve mencionada no art. 9º é autoaplicável A Constituição Federal em seu art. 12 §3º determi-
(norma de eficácia contida), não sendo necessária lei na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei-
para regulamentar o direito de greve. Já o direito de ro nato, vejamos:
representação, está presente no art. 11 da CF.
z �Presidente e Vice-Presidente da República;
DA NACIONALIDADE z �Presidente da Câmara dos Deputados;
z �Presidente do Senado Federal;
Ligação que une um indivíduo a cada território. z �Ministro do STF;
Grande parte dos países determina o modo de aqui- z �Carreira Diplomática;
sição e perda da nacionalidade em suas respectivas z �Oficial das Forças Armadas;
constituições. z �Ministro de Estado da Defesa.
9 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova. 397
Naturalizados Importante frisar que o brasileiro nato não pode
ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao
Neste caso, o indivíduo não tem vínculo nem de TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que; podem
solo nem de sangue com o Brasil, mas quer tornar- ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza-
-se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o dos e estrangeiros.
estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal
(art. 12, inciso II da CF). Internacional, decreto Lei nº 4388/2002, em seu art.
102, define a diferença entre a entrega e extradição,
vejamos:
z Estrangeiros provenientes de países de língua
portuguesa devem ter um ano de residência no
z P
or “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa
Brasil e idoneidade moral.
por um Estado ao Tribunal nos termos do presente
Ex.: Portugal, Angola, Cabo Verde etc.
Estatuto.
z Nacionalidade extraordinária: para os demais
z
Por “extradição”, entende-se a entrega de uma
estrangeiros, deve-se ter 15 anos de residência
pessoa por um Estado a outro Estado, conforme
ininterrupta e ausência de condenação penal. previsto em um tratado, em uma convenção ou no
direito interno.
O Supremo Tribunal Federal entende que a natu-
ralização extraordinária é ato declaratório do Brasil. CONSIDERAÇÕES REFERENTES À NACIONALIDADE
Estrangeiro que provar os requisitos necessários,
ou seja, possuir 15 anos de residência ininterrupta e Extradição
ausência de condenação penal, tem o direito subjetivo
à naturalização. Negado este pedido, caberá Mandado Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país)
de Segurança. de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note
Importante mencionar também a leitura do Esta- que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi-
tuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980. mento à extradição o fato de o extraditado ser casado
com brasileira ou ter filho brasileiro.
Perda da nacionalidade Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete
à União legislar sobre extradição.
A constituição brasileira também dispõe que
Conforme art. 14 §4º da CF/88, tanto o brasilei-
ro nato quanto o naturalizado poderá perder a sua
“nenhum brasileiro será extraditado, salvo o
nacionalidade.
naturalizado, em caso de crime comum, praticado
Existem dois instrumentos que podem ser usados
antes da naturalização, ou de comprovado
para decretar a perda da nacionalidade brasileira: envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins, na forma da lei.” Bem como, “não
z S
entença Judicial transitada em julgado: esta será concedida extradição de estrangeiro por crime
alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu político ou de opinião” (art. 5º, incisos LI e LII da CF).
o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que
perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui- Ainda, o art. 102, I, g da CF dispõe que o Supremo
ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação Tribunal Federal será o responsável por processar e
Rescisória.10 julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
z
Brasileiro nato e naturalizado que adquire
voluntariamente outra nacionalidade; este ato Expulsão
engloba tanto a aceitação quanto o pedido da natu-
ralização oferecida por outro país. Neste caso, exis- Ato de tirar o estrangeiro do Brasil de modo coa-
tem duas exceções, ou seja, existem dois casos em tivo, por infração ou ato que o torne inconveniente à
que é permitida a dupla cidadania: defesa e à conservação da ordem interna do Estado.
Neste caso, a União é responsável para legislar
„ R econhecimento da nacionalidade pela lei sobre expulsão, conforme art. 22, inciso XV da CF.
estrangeira; Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
rente da extradição, a expulsão não será admitida
„ Imposição por outro país, como condição de
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde
permanência em seu território ou para exer-
que não esteja divorciado ou separado de fato) e o
cício dos direitos civis. Exemplo: atletas/joga-
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos,
dores de futebol quando são “vendidos” e
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob
representam times estrangeiros.
sua guarda e dependência econômica.

Atualmente compete ao Ministro da Justiça decla- Deportação


rar a perda e a requisição da nacionalidade.
Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum Refere-se ao estrangeiro que ingressou ou perma-
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, neceu de forma irregular no território nacional, ou
em caso de crime comum, praticado antes da natura- seja, é a devolução do estrangeiro por entrar no Brasil
lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico de forma irregular. Assim, não há deportação de brasi-
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. leiros no Brasil (art. 5º, inciso XV da CF).
398 10 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado.
XV - é livre a locomoção no território nacional em III - condenação criminal transitada em julgado,
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter- enquanto durarem seus efeitos; SUSPENSÃO
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
com seus bens; ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
PERDA.
Note que a deportação não tem relação com a prá- V - improbidade administrativa, nos termos do art.
tica do estrangeiro em território brasileiro, mas sim, 37, § 4º. SUSPENSÃO
do não cumprimento dos requisitos legais para sua
entrada. Dica
Não existe mais o instituto do banimento, que era
o envio compulsório de brasileiros para o exterior. Não existe a cassação dos direitos políticos.
Observe também que há vedação constitucional de
seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d, da CF. DOS PARTIDOS POLÍTICOS

DIREITOS POLÍTICOS Art. 17 É livre a criação, fusão, incorporação e


extinção de partidos políticos, resguardados a
Tem regras fixadas pela constituição no Capítulo soberania nacional, o regime democrático, o plu-
IV referente à participação popular no processo polí- ripartidarismo, os direitos fundamentais da pes-
tico, Art. 14 e seguintes da Constituição. soa humana e observados os seguintes preceitos:
Os direitos políticos conferidos à população brasi- Regulamento
leira são o sufrágio universal, o voto direto e secreto I - caráter nacional;
e a participação em plebiscitos, referendos ou inicia- II - proibição de recebimento de recursos finan-
tivas populares. ceiros de entidade ou governo estrangeiros ou de
Sufrágio universal é o direito de homens e mulhe- subordinação a estes;
res naturalizados ou nascidos em um país de partici- III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
par das eleições, ou seja: IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
lei.
z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; § 1º É assegurada aos partidos políticos autono-
z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser mia para definir sua estrutura interna e estabele-
votado. cer regras sobre escolha, formação e duração de
seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
Condições de elegibilidade organização e funcionamento e para adotar os cri-
térios de escolha e o regime de suas coligações nas
eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas
Conforme art. 14, § 3º da CF, são condições de elegi-
eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vin-
bilidade, na forma da lei: culação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus esta-
Nacionalidade brasileira; tutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade
Não ter direitos políticos cassados; partidária. (Redação dada pela Emenda Constitu-
Alistamento eleitoral; cional nº 97, de 2017)
ELEGIBILIDADE
Domicilio eleitoral na circunscrição § 2º Os partidos políticos, após adquirirem perso-
correspondente; nalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
Filiação partidária. seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo par-
A constituição também define a idade mínima que tidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
cada candidato, correspondente a seu cargo, deve ter: forma da lei, os partidos políticos que alternativa-
mente: (Redação dada pela Emenda Constitucional
z Presidente + Vice Senador: 35 anos nº 97, de 2017)
z Governador + Vice dos Estados e DF: 30 anos I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Depu-
z Deputado Federal, Estadual e Distrital, Prefeito + tados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Vice e Juiz de Paz e 21 anos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das
z Vereador: 18 anos unidades da Federação, com um mínimo de 2%
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma
delas; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº
Perda ou suspensão dos direitos políticos
97, de 2017)
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados
A perda ou suspensão dos direitos políticos estão Federais distribuídos em pelo menos um terço das
apresentadas no art. 15 da Constituição. unidades da Federação. (Incluído pela Emenda
Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento Constitucional nº 97, de 2017)
por tempo determinado, já a perda, o cancelamento § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos
por prazo indeterminado. Vejamos em quais situações de organização paramilitar.
podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o art. § 5º Ao eleito por partido que não preencher os
15 da CF/88. requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegu-
rado o mandato e facultada a filiação, sem perda
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, do mandato, a outro partido que os tenha atingi-
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: do, não sendo essa filiação considerada para fins
I - cancelamento da naturalização por sentença de distribuição dos recursos do fundo partidário
transitada em julgado; PERDA. e de acesso gratuito ao tempo de rádio e de tele-
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso) visão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97,
Suspensão de 2017) 399
b) a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros
EXERCÍCIOS COMENTADOS natos e naturalizados, salvo nos casos previstos em
lei complementar.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Servidores públicos de c) é privativo de brasileiro nato o cargo de membro da
determinado estado da Federação iniciaram movi- Câmara dos Deputados.
mento grevista, motivados pelo atraso no pagamen- d) será declarada a perda da nacionalidade do brasilei-
to de seus vencimentos, na tentativa de regularizar ro que tiver cancelada sua naturalização, por decisão
a situação salarial. Inconformado com a paralisação administrativa, em virtude de atividade nociva ao inte-
de atividades que julgava essenciais, o gestor público resse nacional.
expediu ato administrativo determinando o desconto e) é fator impeditivo de aquisição da nacionalidade bra-
do salário dos servidores grevistas, bem como o pro- sileira a condenação, por improbidade administrativa,
cessamento da devida anotação funcional. de cidadão estrangeiro residente no Brasil por período
Nessa situação hipotética, o instrumento processual superior a quinze anos ininterruptos.
de controle judicial que o sindicato dos servidores
deverá invocar para suspender o ato administrativo de Sim, são brasileiros natos os nascidos na República
desconto e anotação dos dias não trabalhados é o Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
desde que estes não estejam a serviço de seu país.
a) mandado de injunção. Atente-se, sempre que a questão mencionar que os
b) recurso ordinário. pais estão a serviço do seu país de origem: o filho
c) habeas corpus. nascido no Brasil não será brasileiro nato. Respos-
d) habeas data. ta: Letra A.
e) mandado de segurança.
5. (FGV – 2019) João, servidor público, preencheu todos
No caso em tela, houve uma violação de um direito os requisitos exigidos para o recebimento de determi-
líquido e certo previsto na constituição; uma afron- nado benefício pecuniário, mas decidiu que iria reque-
ta a esse direito de greve dá causa ao Mandado de rê-lo somente na semana seguinte. Ocorre que, no dia
Segurança. Sobre o tema, o STF já se posicionou anterior àquele em que apresentaria o seu requerimen-
sobre a ilegalidade do desconto, em virtude de greve to, foi editada a Lei nº XX, que extinguiu o benefício.
motivada por ilicitude do poder público – STF. RE n. À luz da sistemática constitucional, a edição da Lei nº
693.456 - Tema 531. Resposta: Letra E. XX:

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, a) impede que João receba o benefício;
relativo ao direito de nacionalidade. b) não impede que João receba o benefício, pois a lei
Os indivíduos que possuem multinacionalidade vincu- não pode prejudicar a coisa julgada;
lam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade c) não impede que João receba o benefício, pois a lei
primária: o direito de sangue e o direito de solo. não pode prejudicar o direito adquirido;
d) não impede que João receba o benefício, pois a lei
( )CERTO  ( )ERRADO não pode prejudicar o ato jurídico perfeito;
e) somente impedirá que João receba o benefício
O Brasil adota dois critérios para definir a aquisição caso não o requeira no dia imediato à promulga-
da nacionalidade brasileira: direito de solo (na sua ção da lei.
prova também pode ser chamada de jus solis), que
atribui nacionalidade ao território onde o indivíduo João deve receber o benefício, pois a lei, na data em
nasce, e direito de sangue (também pode ser chama- que foi editada, já garantia seu direito adquirido. Cui-
do de jus sanguinis), que atribui a nacionalidade ao dado para não confundir coisa julgada com direito
vínculo sanguíneo. Resposta: Certo. adquirido, sendo que na coisa julgada é conferida a
sentença quando não cabem mais recursos e o direi-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos direitos to adquirido se dá quando o indivíduo já preencheu
e garantias fundamentais, julgue o item que se segue, todos os requisitos exigidos por lei (no tempo em que
tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tri- determinada lei era vigente) para se beneficiar de
bunal Federal. determinado direito. Resposta: Letra C.
É vedado ao legislador editar lei em que se exija o
pagamento de custas processuais para a impetração
de habeas corpus.

( )CERTO  ( )ERRADO ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DO


ESTADO BRASILEIRO
O habeas corpus não tem custas processuais, é gra-
tuito e também não tem necessidade de advogado, FEDERAÇÃO
conforme prevê o art. 5º, inciso LXXVII da Constitui-
ção. Resposta: Certo. Federação é a organização política, administrativa
e jurídica formada por uma população em um territó-
4. (FCC – 2019) Acerca do que dispõe a Constituição rio determinado. O Estado federado é constituído por
Federal sobre nacionalidade, um conjunto de Estados membros autônomos unidos
por uma Constituição, mas somente a Federação como
a) são brasileiros natos os nascidos na República Fede- um todo é considerada soberana, bem como, cada
rativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde Estado membro é considerado uma unidade federati-
400 que estes não estejam a serviço de seu país. va que possui poder político descentralizado.
Sendo assim, são componentes da República Federati- No nosso pacto federativo, o poder é descentralizado,
va: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. pois a Constituição prevê núcleos de poder e concede
A descentralização é basicamente quando as fun- autonomia para os seus entes (União, Estados, Muni-
ções atribuídas a um só poder passam a ser reparti- cípios e Distrito Federal).
das, por exemplo, com a delegação das competências. z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica
Conforme art. 18. § 1º  da CF, atualmente Brasília de direito público interno que integra a República
é a Capital Federal, trata-se de uma inovação do legis- Federativa do Brasil, é através da União que o país
lador constituinte de 1988. Conforme preleciona José é representado nas relações internacionais.
Afonso da Silva (2017) Brasília tem uma posição jurí-
dica específica no conceito de cidade até porque não Os bens da União estão enumerados no art. 20 da
se enquadra no conceito geral de cidade pelo fato de Constituição Federal, que compreende:
não ser sede de um Município11.
z Terrenos de marinha: são os terrenos situa-
UNIÃO dos nas margens dos rios e lagoas, até onde haja
influência das marés (vão de 1831 até 33 metros
A União é a entidade federativa autônoma e exer- para a parte da terra), além destes são também os
ce as atribuições de soberania do Estado brasileiro. que contornam as ilhas situadas em zona onde se
Conforme preleciona Pedro Lenza (2020) a União faça sentir a influência das marés;
possui “dupla personalidade” assumindo um papel z Terreno acrescido de marinha: são terrenos acres-
internamente como pessoa de direito público interno, cidos de marinha os que se tiverem formado, natu-
componente da Federação e detentor de autonomia ral ou artificialmente, para o lado do mar ou dos
financeira, administrativa e política e um papel inter- rios e lagoas, em seguimento nos terrenos de mari-
nacionalmente sendo que representa a República nha (art. 2 da Lei nº 3.438/1941);
Federativa do Brasil12. z Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas
A União representa o Estado brasileiro nas rela- de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é
ções internacionais, perante os Estados estrangeiros
banhada pelo oceano Atlântico;
a ela rege-se pelo princípio da independência nacio-
z Zona contígua: é a faixa do mar que se estende
nal, prevalência dos direitos humanos, autodetermi-
das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con-
nação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os
tadas a partir das linhas de base que servem para
Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos,
medir a largura do mar territorial;
repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre
z Zona econômica exclusiva: compreende uma faixa
os povos para o progresso da humanidade e concessão
que se estende das doze às duzentas milhas maríti-
de asilo político (art. 4º, CF/88).
mas, contadas a partir das linhas de base que servem
As competências da União estão elencadas no texto para medir a largura do mar territorial, é a faixa
constitucional, organizadas pelo legislador originário territorial do Atlântico. O Brasil tem soberania para
com base no chamado princípio da predominância fins de exploração e aproveitamento, conservação e
do interesse público pelo particular. Neste sentido, as gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das
atribuições de interesse nacional são de competência águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar
da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz. e seu subsolo, e;
As competências da União são classificadas como z Plataforma continental: é a faixa de terra do
competência administrativa e legislativa, a primei- fundo do mar, que vai até 200m de profundidade,
ra que se relaciona com as funções de organização do ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas
Estado e a segunda que é a competência de legislar. submarinas que se estendem além do seu mar ter-
Vejamos os exemplos: ritorial, é uma importante área de exploração e
pesquisa de petróleo (art. 11 da Lei nº 8617/1993).
z Competência administrativa: é competência de
a União elaborar e executar planos nacionais e Entenda melhor na ilustração a seguir:
regionais de ordenação do território e de desen-
volvimento econômico e social;
z Competência legislativa: é competência de a NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
União legislar sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.

O estudo das competências será abordado de for-


ma mais aprofundada em tópico específico na sequên-
cia deste material.
Cuidado para não confundir União com República
Federativa do Brasil:

z A República Federativa do Brasil é um Estado Fede-


rado, ou seja, é constituído por um conjunto de Esta-
dos-Membros. Vale ressaltar que os Estados-Membros
são autônomos, pois são dotados de autonomia e auto-
governo, por outro lado, não são soberanos, uma vez
que a soberana é somente a Federação como um todo.

11  SILVA, op. cit, p. 476.


12  LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497. 401
Vejamos o art. 20 do texto constitucional que enu- Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.
mera os bens da União:
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie- arqueológicos e pré-históricos;
rem a ser atribuídos;
Exemplo: Sítio  Arqueológico,  Parque Nacional do
Exemplo: as ilhas, rios, mar territorial, entre Catimbau, localizado no estado de Pernambuco.
outros, com exceção das terras de aldeamentos extin-
tos, ainda que ocupadas por indígenas em passado XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
remoto, conforme dispõe a Súmula nº 650 do STF.
Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
indígenas no oeste de Santa Catarina, localizado entre
fronteiras, das fortificações e construções milita-
os rios Chapecó e Chapecósinho, a 70 km de Chapecó,
res, das vias federais de comunicação e à preserva-
ção ambiental, definidas em lei; denominada como terra indígena Xapecó.
Ainda, a redação do § 1º do mencionado dispo-
As terras devolutas são terras que não tem destina- sitivo foi modificada pela Emenda Constitucional
ção pública e também não integram o patrimônio de nº 102/2019, conforme a atual redação a Constitui-
um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas ção prevê possibilidade da participação da União,
na Amazônia. dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no
resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em de recursos hídricos para fins de geração de energia
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de elétrica e de outros recursos minerais.
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou Por conseguinte, a Constituição consagra a terra
se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
designada como faixa de fronteira, sendo esta a fai-
nham, bem como os terrenos marginais e as praias
xa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
fluviais;
ao longo das fronteiras terrestres, considerada fun-
Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de damental para defesa do território nacional, ainda
Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul. determina que a sua ocupação e utilização devem ser
reguladas em lei. (art. 20 § 2º).
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí-
trofes com outros países; as praias marítimas; as ESTADOS
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as
que contenham a sede de Municípios, exceto aque- Os estados possuem autonomia para se organizarem
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade (auto-organização) caracterizado por um autogoverno,
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II;      autoadministração e autolegislação, onde o povo que
escolhe diretamente os seus representantes no poder
Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de
legislativo e executivo local, sem que haja subordinação
Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil,
por parte da União (arts. 27, 28 e 125 da CF).
com 25.000 km².

V - os recursos naturais da plataforma continental


z Autogoverno: autonomia política para eleger seus
e da zona econômica exclusiva; representantes, por exemplo, eleição de Governa-
dor (arts.27 e 28 da CF/88).
Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí- z Autoadministração: decorre das competências
do da plataforma continental. administrativas conferidas aos Estados, por exemplo,
os estados poderão, mediante lei complementar, ins-
VI - o mar territorial; tituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de
Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial municípios limítrofes, para integrar a organização,
brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci- o planejamento e a execução de funções públicas de
dos pelo Brasil. interesse comum (art. 25, § 3º da CF).
z Autolegislação: tem competência de elaborar
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; sua própria Constituição, ou seja, cada estado tem
autonomia de criar a sua própria constituição esta-
Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33
dual, entretanto esta deve sempre obedecer à lei
metros para a parte da terra).
maior (CF/88).
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
Os estados organizam-se e regem-se pelas Consti-
Para efeito de exploração, os potencias hidráuli- tuições e leis que adotarem. Ainda, conforme estudado
cos dos rios pertencem à União, por exemplo a Usina no título do poder constituinte derivado decorrente,
Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de o art. 25 da CF consagra aos Estados federados auto-
Porto Velho, estado de Rondônia. nomia política e administrativa, com capacidade de
elaborar suas próprias Constituições estaduais, obe-
402 IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; decendo às diretrizes da Constituição Federal 1988.
AUTOGOVERNO parte do País e em cada Comarca, o primeiro Juiz de
Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público serão
nomeados pelo Governador eleito após concurso
público de provas e títulos.
É possível a incorporação, subdivisão e o desmem-
bramento de estado, vejamos:
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Assembleia Legislativa Governador do Estado Tribunais e Juízes
z incorporação: quando dois ou mais estados se
unem com outro nome, perdendo sua personali-
Formação de novos estados dade por integrarem um novo estado. Por exem-
plo, como se houvesse a incorporação do estado de
Na forma prevista do art. 18 e art. 48, VI, da CF/88, Santa Catarina e Rio Grande do sul, passando a ser
a estrutura territorial do Brasil poderá ser modifica- um só estado.
da por meio de alteração dos limites territoriais dos
z subdivisão: quando um estado se divide em novos
diferentes entes federados existentes. Por exemplo,
vários estados, todos estes com personalidades
em 1988, o norte do estado de Goiás foi desmembrado,
formando o estado de Tocantins. diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do
Sul deixa de existir, ou seja, o estado foi dividido
Art. 18 A organização político-administrativa da em dois ou mais estados, cada um com personali-
República Federativa do Brasil compreende a União, dades distintas.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos z desmembramento: já na hipótese de separar uma
autônomos, nos termos desta Constituição. ou mais partes de um estado sem que este perca
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, sub- sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o
dividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a estado de Goiás, formando o estado de Tocantins.
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
Federais, mediante aprovação da população direta-
mente interessada, através de plebiscito, e do Con- Vejamos os requisitos e procedimento para a incor-
gresso Nacional, por lei complementar. poração, a subdivisão e o desmembramento do estado
(art. 18, § 3º da CF):

INCORPORAÇÃO SUBDIVISÃO DESMEMBRAMENTO


FAVORÁVEL
Separar uma ou mais
Fusão Cisão
partes de um estado

Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção 2º
do Presidente da República, não exigida esta para Plebiscito
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre Propositura de projeto de lei
todas as matérias de competência da União, espe- Consulta prévias as popula- complementar
cialmente sobre: [...] ções diretamente interessa-
VI - Incorporação, subdivisão ou desmembramento das. (Expressão da vontade e Caso a população seja
da opinião do povo, demons- favorável no plebiscito será
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res-
trada através de votação); proposto projeto de lei com-
pectivas Assembleias Legislativas;
Atenção! O plebiscito é con- plementar perante qualquer
dição prévia, caso não houver uma das casas do Congresso
Ainda, conforme o art. 235 da Constituição, nos aprovação, não passará para a Nacional.
dez primeiros anos de sua criação a Assembleia Legis- próxima fase.
lativa será composta de dezessete Deputados se a
população do Estado for inferior a seiscentos mil habi-
tantes, e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse 3º 4º
número, até um milhão e quinhentos mil, o Governo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
terá no máximo dez Secretarias, o Tribunal de Con- Oitiva da assembleia Lei complementar
tas terá três membros, nomeados, pelo Governador
Oitiva das assembleias legisla- Aprovação de lei complemen-
eleito, dentre brasileiros de comprovada idoneidade
tivas dos estados interessados; tar pelo Congresso Nacional.
e notório saber, o Tribunal de Justiça terá sete Desem- Atenção! Mesmo que a Congresso Nacional não
bargadores, os primeiros Desembargadores serão assembleia seja desfavorável, é obrigado a aprovar, mas
nomeados pelo Governador eleito, escolhidos confor- pode continuar o processo de caso assim decida deverá
me dispõe o inciso V do mencionado dispositivo: formação do novo estado, não ser conforme determina art.
é vinculativo. 69 da CF/88, pelo quórum de
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta absoluta.
e cinco anos de idade, em exercício na área do novo
Estado ou do Estado originário;
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições,
e advogados de comprovada idoneidade e saber MUNICÍPIOS
jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício
profissional, obedecido o procedimento fixado na No Brasil, não só os Estados membros, mas tam-
Constituição; bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
Caso o novo estado seja proveniente de Território Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
Federal, os cinco primeiros Desembargadores pode- vista no art. 18, caput da CF/88.
rão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer 403
Vejamos. A sede do governo do Distrito Federal é Brasília,
conforme consagra a Lei Orgânica do DF, art. 6º.
Art. 18 A organização político-administrativa Conforme art. 32, § 1º da CF, ao Distrito Federal são
da República Federativa do Brasil compreende a atribuídas às competências legislativas reservadas
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
aos Estados e Municípios, cumulativamente. Entre-
pios, todos autônomos, nos termos desta Consti-
tuição. (grifo nosso)
tanto, conforme o § 4º do dispositivo em comento a
lei federal disporá sobre a utilização pelo Governo do
Como exemplo da autonomia municipal, podemos DF, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili-
citar a capacidade de normatização, em que consiste tar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são
na capacidade do município de elaborar a sua própria mantidos diretamente pela União.
lei orgânica e demais legislações municipais.
Conforme art. 30 do texto constitucional, os muni- TERRITÓRIOS FEDERAIS
cípios têm competência legislativa local, ou seja,
podem legislar sobre assuntos de interesse local e Os Territórios Federais são divisões administra-
suplementando a legislação federal e estadual no que tivas da União, sem pertencer a qualquer Estado;
couber, por exemplo, é de competência do município podem surgir da divisão de um Estado membro ou
a fixação do horário de funcionamento do comércio desmembramento, existindo autonomia administrati-
local. (Súmula 645 do STF). va, mas não política, ou seja, os Estados podem subdi-
Ainda, os Municípios também têm autonomia polí-
vidir-se ou desmembrar-se para formarem Territórios
tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito,
Federais, mediante aprovação da população direta-
Vice-Prefeito e vereadores sem a intervenção do esta-
do ou da União. Além de autonomia administrativa, ou mente interessada, por meio de plebiscito e do Con-
seja, tem capacidade de atuar sobre assuntos de inte- gresso Nacional, por intermédio de lei complementar.
resse local, por exemplo, cabe ao município promover Entretanto, no caso de criação de um Território o
a proteção do patrimônio histórico cultural local. texto constitucional não exige a realização de plebisci-
to, porém nada impede que possa ocorrer.
Formação de novos municípios Sendo que os Territórios a partir da CF/88 não são
considerados entes federativos, servem para que a
Os municípios também têm autorização constitu- União administre áreas que não possuem um governo
cional para criação, incorporação, fusão e desmem- estadual, ou seja, trata-se apenas de uma mera autar-
bramento de municípios. Vejamos os requisitos e quia em regime especial que é designada para admi-
procedimento para a incorporação, a subdivisão e o nistrar parcela de território do país.
desmembramento de município (art. 18, § 4º da CF): Atualmente não existem mais Territórios Federais
no Brasil, inclusive a própria Constituição Federal
(1988), no Ato das Disposições Gerais Transitórias, art.
1º 2º 14, transformou os Territórios Federais de Roraima e
do Amapá em Estados Federados. entretanto confor-
Lei Complementar Plebiscito + Estudo de me art. 18, § 2° da CF há uma autorização constitucio-
viabilidade nal para sua criação, a qual deve ser regulada em lei
Aprovação de lei comple- complementar, vejamos.
mentar, fixando o período Consulta prévia, mediante
dentro do qual poderá ocor- plebiscito às populações Art. 18 A organização político-administrativa da
rer a criação, incorporação, dos municípios envolvidos, República Federativa do Brasil compreende a União,
fusão e o desmembramento; após divulgação dos estu- os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
dos de viabilidade municipal, autônomos, nos termos desta Constituição.
apresentados e publicados § 1º Brasília é a Capital Federal.
na forma da lei;
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
criação, transformação em Estado ou reintegração
3º ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
mentar. (grifo nosso)
Lei Estadual

Aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS


incorporação, fusão, ou desmembramento do município.
A repartição das competências são atribuições que
DISTRITO FEDERAL a Constituição dá aos Entes federados, de natureza
administrativa e legislativa. O legislador se preocupou
A Constituição Federal (1988) conferiu ao Distri- em dividir essas atribuições (competências) com base
to Federal natureza de ente federativo autônomo, no chamado princípio da predominância do interes-
com capacidade de auto-organização, autogoverno se, ou seja, as atribuições de interesse nacional são
e autoadministração, sendo proibida a possibilidade de competência da União (exemplo: declarar guerra
de subdivisão em Municípios (art. 32, caput). Como e celebrar paz), já as atribuições de interesse Estadual
exemplo de autonomia do Distrito Federal, podemos são de competência dos estados (exemplo: exploração
citar a capacidade do Distrito Federal para criar a sua de serviço de transporte de passageiros intermunici-
lei orgânica, bem como na capacidade de eleger seu pal) e atribuições de interesse local de competência
Governador e Vice-Governador, sem interferência da dos municípios (exemplo: expedição de alvará de esta-
404 União nas eleições. belecimento comercial).
Não existe hierarquia entre os Entes da Federação. VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio
A divisão de competências é basicamente por dois de material bélico;
modelos, modelo horizontal, quando a Constituição VII - emitir moeda;
dá atribuição a um único ente (exclusiva e privativa), VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis-
calizar as operações de natureza financeira, espe-
por exemplo, art. 21 da CF que consagra a competên-
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização,
cia exclusiva da União. Bem como, pelo modelo verti-
bem como as de seguros e de previdência privada;
cal, que atribui a mais de um ente a competência, por
exemplo, é o caso da competência legislativa concor- Exemplo: Competeaà União administrar os ativos
rente da União, do Estado e do Distrito Federal previs- financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser-
ta no art. 24 da CF. vas internacionais, denominadas como reservas cam-
biais; é como um ativo do Banco Central do Brasil. Assim
z Espécies de competências cabe a União optar por vender esses ativos ou não.

Na nossa Carta Magna, a repartição das compe- IX - elaborar e executar planos nacionais e regio-
tências tem previsão nos artigos 21, 22, 23 e 24 e tem nais de ordenação do território e de desenvolvimen-
o objetivo de partilhar entre os entes federados as to econômico e social;
atividades do Estado, classificada como competência X - manter o serviço postal e o correio aéreo
administrativa e competência legislativa. nacional;
XI - explorar, diretamente ou mediante autoriza-
ção, concessão ou permissão, os serviços de teleco-
„ Competência administrativa
municações, nos termos da lei, que disporá sobre a
organização dos serviços, a criação de um órgão
A competência administrativa também pode ser regulador e outros aspectos institucionais;        
chamada de competência material, pois trata-se da XII - explorar, diretamente ou mediante autoriza-
organização do Estado para efetuar tarefas e realização ção, concessão ou permissão:
de atividades referente às matérias nela relacionadas, a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
podem ser classificadas como competência exclusiva da imagens;
União e competência comum entre os Entes Federados. b) os serviços e instalações de energia elétrica e
o aproveitamento energético dos cursos de água,
em articulação com os Estados onde se situam os
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA potenciais hidroenergéticos;
GERENCIAL OU MATERIAL c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru-
tura aeroportuária;
Art. 21 da CF Art. 23 da CF
d) os serviços de transporte ferroviário e aqua-
viário entre portos brasileiros e fronteiras nacio-
EXCLUSIVA DA UNIÃO COMUM nais, ou que transponham os limites de Estado ou
INDELEGÁVEL Território;
e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
Como memorizar? Entes federados.União, Es- dual e internacional de passageiros;
Os incisos fazem menção tados, DF e Municípios. f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
à atuação e ação. XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o
Ministério Público do Distrito Federal e dos Territó-
Competência exclusiva da União é indelegável, ou rios e a Defensoria Pública dos Territórios;   
seja, não pode ser delegada a outro ente federativo, XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
prevista no art. 21 da CF. Perceba que os incisos fazem penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
menção a atuação e ação, vejamos: tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
cia financeira ao Distrito Federal para a execução
de serviços públicos, por meio de fundo próprio;         
Atenção! Colocamos o art. 21 da CF na íntegra, XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
pois é muito cobrado em provas. Recomenda-se a tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
leitura do dispositivo reiteradas vezes! nacional;
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
Art. 21 Compete à União: de diversões públicas e de programas de rádio e
I - manter relações com Estados estrangeiros e par- televisão;
ticipar de organizações internacionais; XVII - conceder anistia;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XVIII - planejar e promover a defesa permanente
III - assegurar a defesa nacional; contra as calamidades públicas, especialmente as
IV - permitir, nos casos previstos em lei complemen- secas e as inundações;
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
nacional ou nele permaneçam temporariamente; de recursos hídricos e definir critérios de outorga
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a de direitos de seu uso
intervenção federal; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
transportes urbanos;
Exemplo: Em 2018, foi decretada a intervenção
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
federal no estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 9.288 ma nacional de viação;
de 2018), uma medida excepcional de natureza mili- XXII - executar os serviços de polícia marítima,
tar com o objetivo de reestabelecer a ordem pública e aeroportuária e de fronteiras;       
resolver algumas questões de segurança pública prin- XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
cipalmente nas comunidades. de qualquer natureza e exercer monopólio estatal 405
sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro- local, são atribuições que tratam da edição de
cessamento, a industrialização e o comércio de normas gerais e abstratas.
minérios nucleares e seus derivados, atendidos os „ Competência privativa: é a competência da
seguintes princípios e condições: União para legislar sobre determinados assun-
a) toda atividade nuclear em território nacional tos de interesse nacional, com a edição de nor-
somente será admitida para fins pacíficos e median- mas de interesse processual, normas de direito
te aprovação do Congresso Nacional;
material e administrativo.
b) sob regime de permissão, são autorizadas a
comercialização e a utilização de radioisótopos para
a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;      PROCESSUAL
c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
dução, comercialização e utilização de radioisóto- Normas de processo civil, processo penal e processo
pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;      do trabalho.
d) a responsabilidade civil por danos nucleares
independe da existência de culpa;    MATERIAL
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
trabalho; Normas de direito civil, comercial, penal, político-elei-
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
exercício da atividade de garimpagem, em forma trabalho.
associativa.
ADMINISTRATIVO
No que tange à competência comum, que também Demais matérias, como requisições civis e militares,
pode ser chamada de competência paralela, concor- tempo de guerra, trânsito, transporte etc.
rente ou cumulativa, todos os Entes podem agir de for-
ma independente, é a competência comum da União, Art. 22 da CF
Estados, Distrito Federal e Munícipios, consagrada no
art. 23 da CF, vejamos:
Privativa Da União
Art. 23 É competência comum da União, dos Esta-
Como memorizar?
dos, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
Os incisos do art. 22 da CF fazem menção a legis-
instituições democráticas e conservar o patrimônio lar, privativa e delegável.
público; Fique atento! Cabe delegação aos Estados e DF, median-
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção te lei complementar sobre questões específicas.
e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens Art. 22 Compete privativamente à União legislar
de valor histórico, artístico e cultural, os monu- sobre:
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
arqueológicos; ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- trabalho;
rização de obras de arte e de outros bens de valor II - desapropriação;
histórico, artístico ou cultural; III - requisições civis e militares, em caso de iminen-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- te perigo e em tempo de guerra;
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;      IV - águas, energia, informática, telecomunicações
VI - proteger o meio ambiente e combater a polui- e radiodifusão;
ção em qualquer de suas formas; V - serviço postal;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
VIII - fomentar a produção agropecuária e organi- garantias dos metais;
zar o abastecimento alimentar; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transfe-
IX - promover programas de construção de mora- rência de valores;
dias e a melhoria das condições habitacionais e de VIII - comércio exterior e interestadual;
saneamento básico; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
marginalização, promovendo a integração social marítima, aérea e aeroespacial;
dos setores desfavorecidos; XI - trânsito e transporte;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces- XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur- metalurgia;
sos hídricos e minerais em seus territórios; XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
XII - estabelecer e implantar política de educação XIV - populações indígenas;
para a segurança do trânsito. XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego
Ainda, o parágrafo único do mencionado dispositivo e condições para o exercício de profissões;
estabelece que, tendo em vista o equilíbrio do desenvol- XVII - organização judiciária, do Ministério Público
vimento e do bem-estar em âmbito nacional, as leis com- do Distrito Federal e dos Territórios e da Defenso-
plementares fixarão normas para a cooperação entre a ria Pública dos Territórios, bem como organização
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. administrativa destes;             
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
„ Competência legislativa: A competência legis- geologia nacionais;
lativa como o próprio nome já nos remete é a XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
competência para elaborar leis, classificada em poupança popular;
406 competência privativa, concorrente, residual e XX - sistemas de consórcios e sorteios; (grifo nosso)
Veja o que dispõe a Súmula Vinculante nº 2: É VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual ou artístico, turístico e paisagístico;
Distrital que disponha sobre sistemas de consórcios e VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
sorteios, inclusive bingos e loterias. ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate- IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
rial bélico, garantias, convocação, mobilização, tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;   
inatividades e pensões das polícias militares e dos X - criação, funcionamento e processo do juizado de
corpos de bombeiros militares; pequenas causas;
XXII - competência da polícia federal e das polícias XI - procedimentos em matéria processual;
rodoviária e ferroviária federais; XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
XXIII - seguridade social; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; XIV - proteção e integração social das pessoas por-
XXV - registros públicos; tadoras de deficiência;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; XV - proteção à infância e à juventude;
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
em todas as modalidades, para as administrações polícias civis.
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da § 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe-
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe- tência da União limitar-se-á a estabelecer normas
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre- gerais.   
sas públicas e sociedades de economia mista, nos § 2º A competência da União para legislar sobre
termos do art. 173, § 1°, III; normas gerais não exclui a competência suplemen-
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe- tar dos Estados.         
sa marítima, defesa civil e mobilização nacional; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
XXIX - propaganda comercial. Estados exercerão a competência legislativa plena,
Parágrafo único. Lei complementar poderá para atender a suas peculiaridades.       
autorizar os Estados a legislar sobre questões § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
específicas das matérias relacionadas neste arti- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
go. (grifo nosso) lhe for contrário.      

Delegável: Deve ocorrer por lei complementar As regras de aplicação da competência concor-
federal, editada pelo Congresso Nacional. Obs.: Tam- rente estão relacionadas no § 1º ao 4º do mencionado
bém contempla o Distrito Federal. (Art. 32, § 1º da CF.) dispositivo, que determina que a União limitar-se-á
Não confunda a competência exclusiva da União a estabelecer normas gerais, entretanto não exclui a
com a competência privativa da União: competência suplementar dos Estados.   Ainda, inexis-
tindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
EXCLUSIVA ART. 21 PRIVATIVA ART. 22 cerão a competência legislativa plena, para atender a
DA CF DA CF suas peculiaridades. Por conseguinte, consagra o tex-
Administrativa Legislativa to constitucional que a superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta-
Indelegável Delegável dual, no que lhe for contrário. 

REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E AS DECISÕES


„ Competência concorrente: tem fundamento FRENTE AO CORONAVIRUS – ADI 926/2020
no art. 24 da CF, dispõe que a União (que se limi-
ta a estabelecer normas gerais), os Estados e o Em março de 2020, determinado partido político
Distrito Federal (normas suplementares) podem ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
legislar concorrentemente. 6341) para questionar a Medida Provisória (MP)
926/2020 – autoria do Governo Federal, que dispõe

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Atente-se: sobre medidas para o enfrentamento da emergência
Os Municípios não foram contemplados com essa de saúde pública decorrente do coronavírus 2020.
possibilidade. Os legitimados da ADI sustentaram que a redis-
Em relação ao Art. 24, da CF, considere, concorren- tribuição de poderes de polícia sanitária introduzida
te entre: pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu no regi-
me de cooperação entre os entes federativos. Ainda,
z União: normas gerais alegaram que essa centralização de competência
z Estados/DF: normas suplementares esvazia a responsabilidade constitucional de esta-
dos e municípios para cuidar da saúde, dirigir o
Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Sistema Único de Saúde e executar ações de vigi-
Federal legislar concorrentemente sobre: lância sanitária e epidemiológica.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco-
Assim, ao apreciar o caso em tela, o Ministro Mar-
nômico e urbanístico;    
co Aurélio, em decisão monocrática, considerou que
II - orçamento;
III - juntas comerciais; a redistribuição de atribuições pela MP 926/2020 não
IV - custas dos serviços forenses; afasta a competência concorrente dos entes fede-
V - produção e consumo; rativos, ou seja, entendeu que a distribuição de atri-
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da buições prevista na Medida Provisória não contraria
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, a Constituição Federal, pois as providências não afas-
proteção do meio ambiente e controle da poluição; taram atos a serem praticados pelos demais entes 407
federativos no âmbito da competência comum para § 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen-
legislar sobre saúde pública (artigo 23, II da CF). tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa-
SAÚDE – CRISE – CORONAVÍRUS – MEDIDA mentos de municípios limítrofes, para integrar a
PROVISÓRIA – PROVIDÊNCIAS – LEGITIMAÇÃO organização, o planejamento e a execução de fun-
CONCORRENTE ções públicas de interesse comum.

Surgem atendidos os requisitos de urgência e z Competência local


necessidade, no que medida provisória dispõe sobre
providências no campo da saúde pública nacional, É a competência atribuída aos Municípios consa-
sem prejuízo da legitimação concorrente dos Estados, grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar
do Distrito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel. sobre temas da competência legislativa concorrente,
Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em desde que seja no interesse local e suplementando a
26.03.2020) legislação federal e estadual no que couber.
Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes-
que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe ca se atividade econômica pescaria for predominante
da competência de todos os entes cuidarem da saú- no município, conforme o art. 30, I e II combinado
de e assistência pública. É oportuno mencionar tam- com art. 24 § 2º da CF.
bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos Em relação ao Art. 30, da CF, considere:
mencionados.
„ Competência Legislativa Local: Temas de
Art. 23 É competência comum da União, dos competência legislativa concorrentes desde
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: que seja de interesse local.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de defi- Art. 30 Compete aos Municípios:
ciência; (grifo nosso) I - legislar sobre assuntos de interesse local;
Art. 198 As ações e serviços públicos de saúde II - suplementar a legislação federal e a estadual no
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e que couber;
constituem um sistema único, organizado de acor- Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito
do com as seguintes diretrizes: Federal legislar concorrentemente sobre:
I - descentralização, com direção única em cada [...] § 2º A competência da União para legislar sobre
esfera de governo; (grifo nosso) normas gerais não exclui a competência suplemen-
tar dos Estados.  
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente
da República definiu como serviço essencial as acade- É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis-
mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli- tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital
cado acima, cada estado poderá optar por receber e pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º,
implantar as regras contidas no Decreto do Presiden- art. 147 e 155 da CF).
te, ou seja, cada Governador poderá entender por
não receber este decreto e decidir por não aplica- Art. 32 O Distrito Federal, vedada sua divisão em
-lo em seu estado, sempre observando o princípio Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
interesse público sobre o particular13. aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
z Competência residual lecidos nesta Constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
A competência residual é a competência dos Esta- petências legislativas reservadas aos Estados e
dos membros para se organizarem, consagrada art. Municípios.
25 da CF. § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governa-
Em relação ao Art. 25, da CF, considere: dor, observadas as regras do art. 77, e dos Deputa-
dos Distritais coincidirá com a dos Governadores
„ Competência Residual: Estados organizam-se e Deputados Estaduais, para mandato de igual
e regem-se, assim fazendo a sua própria consti- duração.
tuição estadual e leis observando os princípios § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati-
va aplica-se o disposto no art. 27.
da CF/88.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
Art. 25 Os Estados organizam-se e regem-se pelas
polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
Constituições e leis que adotarem, observados os
beiros militar.  
princípios desta Constituição.
§ 1º São reservadas aos Estados as competências
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição. z A  superveniência de lei federal  sobre normas
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
mediante concessão, os serviços locais de gás cana- lhe for contrária.
lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida z Regulamento de Uber, por exemplo, deve ser fei-
provisória para a sua regulamentação.         to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o

408 13 Decreto Nº 10.344, de 11 de Maio de 2020


município, ora, compete à lei federal regulamentar I. O desmembramento de um município será determina-
transporte de pessoas que utilizam o aplicativo14. do por lei municipal, dentro do período determinado
z STF considerou que lei estadual não pode isentar por lei complementar federal, e dependerá de consulta
cobrança de estacionamento de estabelecimen- prévia, mediante plebiscito, às populações dos muni-
tos comerciais15. Da mesma forma considerou que cípios envolvidos, inexistindo a necessidade de divul-
lei estadual não pode alterar data de vencimento gação prévia de estudos de viabilidade municipal na
das mensalidades escolares16. imprensa oficial.
z STF também já considerou que compete aos muni- II. Os estados podem incorporar-se entre si, mediante a
cípios legislar sobre tempo de fila em banco. aprovação da população diretamente interessada, por
Tema de Repercussão Geral nº 27217. meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
complementar.
Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes18 III. É permitida somente à União a criação de distinções
importantes sobre o tema abordado: entre brasileiros.

Súmula Vonculante 2: É inconstitucional a lei ou Assinale a opção correta.


ato normativo Estadual ou Distrital que disponha
sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive a) Apenas o item I está certo.
bingos e loterias. b) Apenas o item II está certo.
Súmula vinculante 38: É competente o Município c) Apenas os itens I e III estão certos.
para fixar o horário de funcionamento de estabele- d) Apenas os itens II e III estão certos.
cimento comercial. e) Todos os itens estão certos.
Súmula vinculante 39: Compete privativamente à
União legislar sobre vencimentos dos membros das Conforme o § 3º do art. 18 da CF os estados podem
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros mili-
incorporar-se, subdividir-se ou desmembra-se para
tar do Distrito Federal.
se anexarem a outros mediante aprovação da popu-
Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de
responsabilidade e o estabelecimento das respecti-
lação através do plebiscito e do Congresso por lei
vas normas de processo e julgamento são de com- complementar. Referente Aos municípios, há necessi-
petência legislativa privativa da União. dade de consulta prévia, mediante plebiscito às popu-
lações dos municípios envolvidos, após divulgação
dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e
publicados na forma da lei. Resposta: Letra B.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza-
ção do Estado e às funções essenciais à justiça, julgue Segundo José Afonso da Silva (2017), adminis-
o item subsecutivo: tração pública é o conjunto de meios institucionais,
A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, por- financeiros e humanos destinados à execução das
que a Constituição Federal de 1988 veda a possibili- decisões políticas19.
dade de emenda constitucional tendente a aboli-la, A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
não fazendo o mesmo em relação à forma de governo, gerais e preceitos específicos no Título III, Capítulo
que constitui princípio sensível da ordem federativa, VII. São normas que tratam da organização, diretrizes,
podendo ser autorizada intervenção federal no ente remuneração e atuação dos servidores, acesso aos car-
federado que a desrespeitar. gos públicos etc. Assim, a seguir passaremos a estudar as
regras e preceitos específicos da Administração Pública.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
NATUREZA E ELEMENTOS
As cláusulas pétreas estão relacionadas no § 4º do

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


art. 60 da CF/88. Vejamos : O Título III, da Constituição Federal refere-se às nor-
“§ 4º não será objeto de deliberação a proposta de mas das orientações de atuação dos agentes adminis-
emenda tendente a abolir: trativos, empregos públicos, responsabilidade civil etc.,
I - a forma federativa de Estado; ou seja, trata-se da administração de bens e interesse
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; público, assim, conclui-se que a administração públi-
III - a separação dos Poderes; ca tem natureza de “múnus público”. Por exemplo,
IV - os direitos e garantias individuais”.(grifo nosso) os agentes públicos são obrigados a velar pela estrita
Resposta: Certo. observância dos princípios de legalidade, impessoa-
lidade, moralidade e publicidade no trato dos assun-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da organização tos que lhe são afetos, caso contrário o agente estará
político-administrativa do Estado, julgue os itens a cometendo ato de improbidade administrativa sujeito
seguir. as sanções e penalidades previstas na Lei nº 8429/1992.
14  Lei 13.640 de 26 de março de 2018.
15 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.
16 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.
17  RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.
18  Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional.
19  SILVA, op. cit, p. 665. 409
Dica A função administrativa é exercida pelos três
A palavra múnus tem origem no latim e signifi- poderes da República, de forma típica pelo executivo
ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma e de forma atípica pelo legislativo e judiciário.
obrigação imposta por lei, em atendimento ao Ainda, a Administração Pública não pode renun-
poder público, que beneficia a coletividade e não ciar os poderes, sendo exercício obrigatório. Assim,
pode ser recusado, exceto nos casos previstos agora vamos falar sobre cada um dos poderes atribuí-
em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como dos à Administração Pública.
testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi- Temos a princípio o poder vinculado que é o
ço militar, entre outros.20 poder que a Administração Pública deve exercer nos
termos da lei.
Toda vez que a administração pública pratica uma Quanto ao poder discricionário, a Administração
ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato possui uma margem de escolha entre as opções exis-
administrativo que produz efeitos que podem criar, tentes na lei.
modificar ou extinguir direitos. Por sua vez, o poder normativo é aquele conferi-
Os elementos dos atos administrativos são com- do ao Poder Executivo para editar normas, por exem-
petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda plo, conforme art. 84 da CF/88, inciso IV, vejamos:
vez que um ato é praticado deve se observar qual é a
competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com- Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da
petência é a função atribuída a cada órgão ou autori- República:
dade por lei, tem como característica ser irrenunciável, IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis,
imprescritível, inderrogável e improrrogável. bem como expedir decretos e regulamentos para
O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 (Lei que regula o sua fiel execução;
processo administrativo no âmbito da administração
pública), permite a delegação de competência, vejamos: Por conseguinte, o poder disciplinar é o poder
que fundamenta a Administração Pública a aplicar
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode- sanção disciplinar e apurar possíveis infrações dos
rão, se não houver impedimento legal, delegar par- servidores públicos. Importante frisar que os parti-
te da sua competência a outros órgãos ou titulares, culares contratados pela administração pública tam-
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente bém se sujeitam ao poder disciplinar, por exemplo,
subordinados, quando for conveniente, em razão de estão sujeitos às penalidades impostas no art. 87 da
circunstâncias de índole técnica, social, econômica,
Lei 8.666/1993.
jurídica ou territorial.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo
Art.  87 Pela inexecução total ou parcial do con-
aplica-se à delegação de competência dos órgãos
trato a Administração poderá, garantida a prévia
colegiados aos respectivos presidentes.
defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
I - advertência;
O resultado do ato administrativo é o objeto, ou II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
seja, é aquilo que o ato decide, por exemplo, a puni- catório ou no contrato;
ção decorrente de uma multa de trânsito. O elemento III - suspensão temporária de participação em lici-
motivo são as razões de fato e de direito que levaram tação e impedimento de contratar com a Adminis-
a Administração Pública a praticar determinado ato, tração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
por exemplo, é a infração de trânsito que deu origem IV  -  declaração de inidoneidade para licitar ou
a multa. A finalidade deve objetivar alcançar sempre contratar com a Administração Pública enquanto
o interesse público (definido em lei), é o resultado perdurarem os motivos determinantes da punição
que a Administração Pública pretende alcançar com ou até que seja promovida a reabilitação perante a
determinado ato, por exemplo, a desapropriação por própria autoridade que aplicou a penalidade, que
utilidade pública. Por fim, a forma é manifestação do será concedida sempre que o contratado ressarcir
ato, por exemplo, publicar no Diário Oficial da União a Administração pelos prejuízos resultantes e após
a nomeação do Servidor Público. decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
inciso anterior.
COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato.
O poder hierárquico atribui a distribuição de
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide. competências no âmbito da Administração Pública,
ou seja, é o escalonamento de competências e funções.
MOTIVO Razões fáticas e jurídicas. Já o poder de polícia é quando o Estado coloca con-
Resultado que o ato deseja (interesse dições (limites) ao exercício de direitos individuais,
FINALIDADE para garantia da ordem pública, segurança pública,
público).
interesse público e saúde pública. Por exemplo, a
FORMA Manifestação do ato. determinação pela autoridade competente de fecha-
mento de um estabelecimento comercial por vender
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA produtos com prazo de validade vencido.
Cuidado para não confundir poder de polícia com
Os poderes que a Administração Pública possui a prestação de serviço público que são ações positi-
são exercidos quando o Estado assume a sua função vas, fazeres do Estado. O art. 78 do Código Tributário
administrativa. Nacional traz o conceito do poder de polícia, observe:
20 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
410 em: 12 out 2020.
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade A banca examinadora, ao formular uma questão,
da administração pública que, limitando ou dis- também pode se referir aos entes da Administração
ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula Direta pelos seguintes nomes:
a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à z �Entes Federados;
higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
z �Entes Políticos;
produção e do mercado, ao exercício de atividades
z �Pessoas Políticas;
econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
z �Administração Centralizada.
ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
coletivos.  Já as entidades da Administração Pública indire-
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício ta são entidades criadas pela administração pública
do poder de polícia quando desempenhado pelo direta (por meio de lei, tendo uma finalidade espe-
órgão competente nos limites da lei aplicável, com cífica), que tem autonomia administrativa (para se
observância do processo legal e, tratando-se de organizar), técnica (atribuições especificadas em lei)
atividade que a lei tenha como discricionária, sem e financeira, ou seja, a Administração Pública indireta
abuso ou desvio de poder. é quando o serviço público é prestado pelo estado de
forma descentralizada.
ORGANIZAÇÃO Fazem parte da Administração Pública indireta as
Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de Econo-
A organização no Estado Federal é complexa, por- mia Mista e Empresas Públicas:
que a função administrativa é institucionalmente
imputada a diversas entidades governamentais z A utarquias Federais são responsáveis pela fisca-
autônomas, que, no caso brasileiro estão expressa- lização e regulamentação de atividades ligadas à
mente referidas no próprio art. 37, de onde decorre
telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.:
a existência de várias Administrações Públicas: a
ANATEL, ANEEL, ANP;
federal (da União), a de cada Estado (Administra-
z Fundações são entidades que executam ativida-
ção estadual), a do Distrito Federal e a de cada
Município (Administração municipal ou local), des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra-
cada qual submetida a um Poder político próprio, tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.;
expresso por uma organização governamental z Empresas Públicas são entidades em que 100%
autônoma. (SILVA, 2017, p. 665). do capital é público, podendo ser tanto uma socie-
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.:
Conforme o art. 4º, do Decreto-Lei 200/1967, a Correios e Caixa Econômica Federal;
Administração Pública no Brasil compreende em z Sociedade de Economia Mista deve ser criada
administração direta e administração indireta. necessariamente sobre a forma de uma sociedade
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro
Art. 4º A Administração Federal compreende: público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras.
I - A Administração Direta, que se constitui dos
serviços integrados na estrutura administrativa da A administração direta exerce o chamado controle
Presidência da República e dos Ministérios. finalístico ou supervisão ministerial sobre a adminis-
Exemplo: São os também os chamados entes políti-
tração indireta.
cos com autonomia para se organizar e editar suas
normas. Ainda, a banca examinadora, ao formular uma
II - A Administração Indireta, que compreende questão, também pode se referir aos entes da Admi-
as seguintes categorias de entidades, dotadas de nistração Indireta com os seguintes nomes:
personalidade jurídica própria:
a) Autarquias; z Entidade Administrativa;
b) Empresas Públicas; z Administração Pública Descentralizada;
c) Sociedades de Economia Mista.
z A Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
d) fundações públicas.            
na prova também podem ser chamadas de: Empre-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério sas Estatais.
em cuja área de competência estiver enquadrada
sua principal atividade. ADM. PÚBLICA ADM. PÚBLICA
DIRETA INDIRETA
A Administração Pública direta é composta por Entidade administra-
pessoas jurídicas de direito público regidas pelos tiva.
princípios da supremacia do interesse público sobre o Entes políticos
Autarquias-fundações
FORMAÇÃO União - Estados - DF
particular e da indisponibilidade do interesse público. públicas-sociedade de
- Municípios
Ainda, tem autonomia política (para editar normas), economia mista – em-
administrativa (organização) e financeira (podem presas públicas.
realizar auditoria das próprias contas, além da lei de Pessoas jurídicas de
responsabilidade fiscal), sendo que os Entes da Admi- direito público, com Pessoas jurídicas de
nistração Pública direta não possuem hierarquia. O autonomia política, direito público e priva-
texto constitucional no art. 18 dispõe da administra- NATUREZA administrativa e fi- do, com autonomia ad-
ção direta. Vejamos: nanceira. Entes po- ministrativa, técnica e
líticos são PJ de DP financeira.
interno.
Art. 18. A organização político-administrativa da
República Federativa do Brasil compreende a União, Não existe hierarquia
Não tem subordinação
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos ESPECIFIDADES entre os entes, esses
entre elas.
autônomos, nos termos desta Constituição. têm autonomia. 411
PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO também pode ser observado a partir do que dispõe o
PÚBLICA art. 5º, inciso LXXVIII da CF, vejamos:

Os princípios específicos da Administração Pública LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra-


estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui- tivo, são assegurados a razoável duração do pro-
ção, são os chamados princípios constitucionais explí- cesso e os meios que garantam a celeridade de sua
citos da administração pública, vejamos: tramitação. 

Art. 37 A administração pública direta e indireta


Referente ao princípio da razoabilidade e pro-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos porcionalidade o agente público quando vai agir
princípios de legalidade, impessoalidade, moralida- deve praticar os atos de forma proporcional, para
de, publicidade e eficiência [...]. evitar os excessos, serve de limite para os atos discri-
cionários. Por exemplo, o art. 132, VII, da Lei nº Lei
Vamos à análise de cada um dos princípios expres- 8.112/90, prevê a demissão do servidor público em
sos no caput dispositivo em comento. caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso
No princípio da legalidade o agente público está das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali-
restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe- sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso
tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den- de força física em alguns casos, sendo que esta não é
tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o
uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto.
agente pratica um ato que não está previsto em lei,
Já o princípio da supremacia do interesse público
este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente
se refere ao interesse público, devendo este sempre
público recebe vantagem econômica de qualquer
natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse
ou a prática de jogos de azar. da sociedade prevalece sobre o interesse individual.
No princípio da impessoalidade (ou princípio da Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de
finalidade) o agente público sempre deve prezar pela 2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação
defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia pelo poder público para que ocorresse o isolamento
(tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun- (lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu
ções públicas. direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala-
Já o princípio da moralidade está relacionado à midade pública decretada, note que, o interesse da
ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve coletividade deve ser sempre observado e ter prefe-
atuar buscando o interesse público e evitar se valer do rência em relação ao direito do particular.
cargo público e do poder incumbido para se promover No que tange ao princípio da autotutela, esse
ou atender algum interesse individual.
se refere ao poder que a Administração Pública tem
No que tange ao princípio da publicidade, este
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende
exige que a atuação do poder público seja transparen-
te e com acesso à informação a toda população, sendo do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas.
que as informações devem ser claras e publicadas no Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade cessão de benefício previdenciário (por força de uma
(editais) conforme a lei de acesso à informação, assim interpretação errônea) a um determinado cidadão,
os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos entretanto após identificar o erro à própria Previdên-
agentes públicos. cia Social pode cancelar esse benefício.
No que concerne aos princípios, o princípio da efi- Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem
ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia
à atuação da administração pública com presteza e da de que o agente público irá desempenhar sua função
maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres- observando as diretrizes da Administração Pública.
teza do agente público no atendimento em um hospi-
tal, objetivando garantir o atendimento mais rápido
possível aos pacientes, garantindo a estes o acesso ao PRINCÍPIOS DA
médico e medicamentos de maneira eficiente. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS
z Princípios implícitos
Expressos art. 37 CF/88
Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da
“L I M P E”
Constituição, a Administração Pública também deve
� Supremacia do Inte-
observar os da supremacia do interesse público,
z Legalidade; resse Público;
princípio da razoabilidade, princípio da propor-
z Impessoalidade; � Razoabilidade;
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da
z Moralidade; z Proporcionalidade;
segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha- z Publicidade; z Autotutela;
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não z Eficiência. z Segurança Jurídica.
estarem expressos na Constituição, também devem
ser observados pela Administração Pública.
Os princípios implícitos são obtidos por meio de O Agente público deve observar os princípios
uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí- administrativos explícitos do art. 37 da CF e também
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente. os princípios implícitos da Administração Pública,
Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está sendo que a não observância do mesmo resultará em
412 escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele responsabilização criminal, civil e administrativa.
SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES requisitos: a) aprovação em concurso público; b)
nomeação; c) avaliação especial de desempenho. Veja-
Nesse tópico de estudo, é importante não confun- mos o § 4º do mencionado dispositivo que determina
dir agente público, agente político e agente adminis- a obrigatoriedade de comissão com a finalidade de
trativo, pois a troca de uma simples palavra pode avaliação para estabilidade:
mudar todo contexto e definição.
A utilização da expressão agente público é um § 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo nho por comissão instituída para essa finalidade. 
temporário e não remunerado.
Agentes políticos são os detentores de manda-
Após o estágio probatório o servidor público só
to eletivo, chamados também de agentes de primeiro
perderá o cargo em virtude de sentença transitada em
escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo: o Pre-
julgado, mediante processo administrativo, assegura-
sidente da República, Senadores, Deputados, Ministros
do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava-
do STJ, Membros do Ministério Público etc. Bem como,
liação periódica de desempenho, assegurada ampla
os agentes administrativos são aqueles que exercem
uma atividade sujeita a hierarquia funcional, ocupan- defesa. Sobre esse tema, é importante a observância
tes dos cargos públicos, empregos públicos e funções do art. 41, § 2º da CF, sobre eventual invalidade da
públicas na administração direta ou indireta da Fede- demissão do servidor estável:
ração. O acesso ao cargo ocorrerá a partir de nomea-
ção, concurso público ou designação, cabendo exercer § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
atividade de forma remunerada e profissional. servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor- ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
me a Constituição Federal, os agentes administrativos se de origem, sem direito a indenização, aproveitado
repartem em dois grupos: servidores públicos e militares. em outro cargo ou posto em disponibilidade com
remuneração proporcional ao tempo de serviço.   
z Servidores públicos
z Empregados públicos: Os servidores investidos
Os servidores públicos compreendem outras em empregos têm regime jurídico de natureza
quatro categorias: 1) Servidores investidos em cargos trabalhista, ou seja, são regidos pela CLT (Conso-
(estatutário); 2) Servidores públicos investidos em lidação das Leis do Trabalho). O ingresso também
empregos (empregados públicos); 3) Servidores admi- é por meio de concurso público, entretanto não
tidos em funções públicas (comissionados); 4) Servido- adquirem a estabilidade do art. 41 da CF. Ex.: Ban-
res contratados por tempo determinado (temporários). cário da Caixa Econômica Federal.
z Servidores comissionados: Os servidores investi-
dos em funções públicas são os que ocupam car-
AGENTES PÚBLICOS
go em comissão e são livremente nomeados ou
PARTICULARES exonerados por autoridade competente (art. 37, V
AGENTE AGENTE
EM da CF). Cabe ressaltar que os ocupantes de cargos
POLÍTICO ADMINISTRATIVO
COLABORAÇÃO comissionados têm caráter transitório, ou seja, não
� Servidores Públi- � Militares � Agentes gozam de estabilidade.
cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos z Servidores temporários: Os servidores temporá-
� Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente rios são contratados por tempo determinado em
blicos (celetista) Delegado situações excepcionais de interesse público, exer-
� Servidores � Agentes cem função pública remunerada de caráter tem-
Comissionados Credenciados porário, o vínculo com a administração pública
� Servidores é contratual (contrato de direito público – não de
Temporários
natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
z Servidores públicos estatutários: por tempo determinado para atender à necessida-
de temporária de excepcional interesse público.
Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi-
co, ingresso por meio de concurso público, titulares de
Já os particulares em colaboração são pessoas
cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista.
que transitoriamente prestam serviços para o Estado,
O prazo de validade do concurso público será de
vejamos:
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período
(art. 37, III da CF). Bem como, durante o prazo impror-
rogável previsto no edital de convocação, o candidato z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um
aprovado em concurso público de provas ou de pro- serviço específico, em função de sua honra para
vas e títulos será convocado com prioridade sobre colaborar com o Estado, sem remuneração e sem
novos concursados para assumir cargo ou emprego vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado.
(Art. 37, IV da CF). z Agente Delegado: É um particular autorizado a
Ainda, conforme art. 37, VI da CF é assegurado realizar um determinado serviço público, remune-
ao servidor público civil o direito à livre associação rado pela atividade executada, sem vínculo com a
sindical. administração. Ex.: Leiloeiro.
O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser- z Agentes Credenciados: Representam o Estado com
vidores públicos após três anos de efetivo exercício um objetivo específico, sendo remunerado para
(estágio probatório), desde que cumpram os seguintes executar a atividade determinada. 413
Ex.: Pessoa competente para representar o Brasil § 8º O militar alistável é elegível, atendidas as
em determinado evento em função de seu conheci- seguintes condições:
mento sobre tema específico. I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá
afastar-se da atividade;
II - se contar mais de dez anos de serviço, será
MILITARES
agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
sará automaticamente, no ato da diplomação, para
A Emenda Constitucional n. 18/1998 modificou o a inatividade.
texto constitucional, que antes consagrava os milita-
res como servidores públicos e dispôs dos militares Conforme nova redação atribuída pela Emenda
como um grupo separado, ou seja, formalmente dei- Constitucional nº 109/2019, para fins de aposentado-
xaram de ser tratados pela Constituição como servi- ria será assegurada a contagem recíproca do tempo
dores públicos. de contribuição entre o Regime Geral de Previdência
Entretanto, na prática não houve mudanças e con- Social e os regimes próprios de previdência social, e
tinuam sendo agentes públicos. Bem como, são remu- destes entre si, observada a compensação financeira,
nerados por subsídio, conforme art. 39, § 4º da CF. de acordo com os critérios estabelecidos em lei. Bem
como, o tempo de serviço correspondente será conta-
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato do para fins de disponibilidade (art. 40 § 9º da CF).             
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Ainda, terão contagem recíproca para fins de ina-
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- tivação militar ou aposentadoria e a compensação
sivamente por subsídio fixado em parcela única, financeira será devida entre as receitas de contribui-
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi- ção referentes aos militares e as receitas de contribui-
cional, abono, prêmio, verba de representação ou ção aos demais regimes. Por exemplo, caso o militar
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual- tenha atuado nas forças armadas e posteriormente
quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.      tomou posse em cargo público poderá averbar esse
tempo que atuou como militar para fins de aposenta-
A seção III do título III da Constituição que trata doria civil.
dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Por conseguinte, a Emenda Constitucional nº
Territórios tem apenas um artigo (art. 42), pois as 101/2019 também incluiu o § 3º ao art. 42 da CF para
forças armadas são tratadas em capítulo diverso (art. vedar a acumulação remunerada de cargos públicos
142), ou seja, após a EC 18/1998 a Constituição passou pelos militares, ou seja, determinou a aplicação do art.
a tratar de forma diversa os militares, dividindo em 37, XVI da CF para os militares dos Estados, DF e Ter-
dois capítulos. Conforme considerações de Alexandre ritórios, vejamos.
de Moraes:
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
A organização e o regime únicos dos servidores públicos, exceto, quando houver compatibilidade
públicos militares já diferiam entre si, até porque de horários, observado em qualquer caso o dispos-
o ingresso nas Forças Armadas dá-se tanto pela via to no inciso XI:     
compulsória do recrutamento oficial, quanto pela a) a de dois cargos de professor;  
via voluntária do concurso de ingresso nos cursos b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
de formação dos oficiais; enquanto o ingresso dos científico;         
servidores militares das polícias militares ocor- c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
re somente por vontade própria do interessado, sionais de saúde, com profissões regulamentadas;         
que se submeterá a obrigatório concurso público.
(MORAES, 2011, p. 413) Dica
Cuidado ao responder questão de prova: confor-
Entenda:
me a Constituição Federal (EC nº18/19998), os
militares não são denominados como servidores
MILITARES NA CF/88 públicos civis.
POLÍCIA MILITAR FORÇAS ARMADAS IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Art. 42 da CF Art. 142 e 143 da CF
Os atos de improbidade administrativa são os atos
Ingresso: Ingresso:
previsto na Lei nº 8429/1992 que violam os princí-
pios constitucionais e legais da administração públi-
z Voluntário: median- z Compulsório
ca, estando sujeitos a sanções aplicáveis aos agentes
te aprovação em – recrutamento;
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer-
concurso público; z Voluntário – curso de
cício de mandato, cargo, emprego ou função na admi-
formação;
nistração pública direta, indireta ou fundacional. Por
exemplo, no caso de enriquecimento ilícito, o agente
Conforme art. 42 da CF, com base na hierarquia e público poderá perder os bens ou valores acrescidos
disciplina, os militares dos Estados, Distrito Federal e ao seu patrimônio.
Territórios são compostos por membros das Polícias Os agentes públicos de qualquer nível ou hierar-
Militares e Corpos de Bombeiros Militares.  Ainda, o quia são obrigados a velar pela estrita observância
mencionado dispositivo no § 1º dispõe que os milita- dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
res são alistáveis e elegíveis, devendo ser observadas dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
414 as regras do art. 14, § 8º da CF: afetos (art. 4º da Lei nº 8429/1992).
Vamos relembrar conforme estudamos no tópico Seguindo este entendimento o Supremo Tribunal
dos princípios administrativos: Federal, em agosto de 2019, considerou que a pessoa
prejudicada deve mover ação somente contra Estado
z Princípio da legalidade: o agente público deve e este contra o particular, não sendo possível o parti-
atuar somente dentro dos limites estabelecidos cular mover a ação diretamente contra o Estado e o
em lei, por exemplo, o agente público recebe van- Agente público. Vejamos:
tagem econômica de qualquer natureza, direta ou
indireta, para tolerar a exploração ou a prática de RECURSO EXTRAORDINÁRIO – RESPONSABI-
jogos de azar; LIDADE OBJETIVA DO ESTADO – ENQUADRA-
z Princípio da impessoalidade: o agente público MENTO NO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL
sempre deve prezar pela defesa do interesse públi- – AGRAVO PROVIDO. 1. O Tribunal de origem
co, deve tratar a todos sem privilégio no exercício reformou o entendimento adotado na sentença,
das funções públicas; afirmando caber à vítima escolher quem demanda-
z Princípio da moralidade: o agente deve atuar rá: o agente público responsável pelo ato lesivo ou
o Estado. Consignou inexistirem motivos razoáveis
buscando o interesse público e evitar se valer do
para proibir o acionamento direto do servidor cujos
cargo público e do poder incumbido para se pro-
atos tenham, culposa ou dolosamente, prejudicado
mover ou atender algum interesse individual;
o indivíduo. Entendeu estarem presentes os requisi-
z Princípio da publicidade: este exige que a atua- tos para responsabilização da recorrida por danos
ção do poder público seja transparente e com aces- materiais, tendo em vista a ilegalidade do ato de
so à informação a toda população, por exemplo, remoção do autor. (RE 1.027.633 SP, rel, Min. Marco
as informações devem ser claras e publicadas no Aurélio, julgado em 14.08.2019, Dje em 06.12.2019)
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicida-
de (editais) conforme a lei de acesso à informação, PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO,
assim os cidadãos podem fiscalizar os atos pratica- DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE
dos pelos agentes públicos. COMPETÊNCIA E CONTROLE
z Princípio da eficiência: como o próprio nome já
demonstra, refere-se à atuação da administração O planejamento, coordenação, descentralização,
pública com presteza e de maneira mais eficiente delegação de competência e controle, são princípios
possível, por exemplo, a presteza do agente públi- fundamentais que as atividades da administração
co no atendimento em um hospital, objetivando federal devem obediência, estão consagrados no texto
garantir o atendimento mais rápido possível aos do Decreto-Lei nº 200/1967, decreto que estabeleceu a
pacientes, garantindo a estes o acesso ao médico e reforma administrativa federal do regime militar.
medicamentos de maneira eficiente.
Art. 6º As atividades da Administração Federal
Conforme art. 37, § 4º da CF os atos de improbi- obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
dade importarão na suspensão dos direitos políticos, I - Planejamento.
perda da função pública, indisponibilidade dos bens e II - Coordenação.
o ressarcimento ao erário. III - Descentralização.
Ainda, a Constituição no art. 37, § 6º prevê a res- IV - Delegação de Competência.
ponsabilidade civil objetiva do Estado nos danos V - Controle.
causados por seus agentes públicos, ou seja, as pes-
soas jurídicas de direito público e as de direito priva- Planejamento
do prestadoras de serviços públicos respondem pelos
danos causados por seus agentes a terceiros. O planejamento visa a segurança nacional e o
Entretanto, é assegurado o direito de regresso desenvolvimento econômico-social do Brasil que com-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, ou preenderá a elaboração e atualização do plano geral
seja, caso seja comprovada o dolo ou a culpa do agen- de governo, dos programas gerais, setoriais e regio-

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


te público pode a Administração pública ajuizar ação nais, de duração plurianual, do orçamento-programa
contra este agente que causou o dano. anual e da programação financeira de desembolso.
Neste caso, é necessário o particular demonstrar Ainda, conforme consagra o art. 15 do decreto-lei
a ocorrência entre o dano e o fato ocorrido, ou seja, a 200/67, a ação administrativa do Poder Executivo obe-
ocorrência do nexo de causalidade, configurada esta- decerá a programas gerais, setoriais e regionais de
rá à responsabilidade civil do Estado. duração plurianual, elaborados pelos órgãos de plane-
Vejamos o exemplo a seguir: jamento, sob a orientação e a coordenação superiores
Um determinado agente público no exercício de do Presidente da República.
suas funções colide com o veículo de um particular; Como exemplo, podemos citar o plano plurianual
O particular move ação de indenização contra o (PPA) modelo orçamentário de planejamento e gestão
Estado; está previsto no art. 165 da Constituição, em que as
Posteriormente o estado é condenado a pagar o leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão o
dano causado. plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
O Estado verifica o dolo do agente, que estava sob orçamentos anuais.
efeito de álcool, então move ação de regresso para que O plano plurianual estabelece os programas de
o causador ressarça ao Estado a indenização que foi duração continuada e despesas de capital da adminis-
paga ao particular; tração Pública, ou seja, é um planejamento de médio
Obs.: Além das sanções administrativas que este prazo que estabelece de forma regionalizada as metas
Agente está sujeito. e diretrizes da administração pública. 415
Ainda, conforme consagra o art. 15, § 3º, a aprova- Exemplo: em 1996 por meio da Lei nº 9.277/1996,
ção dos planos e programas gerais, setoriais e regio- a União delegou aos Estados a administração de rodo-
nais é da competência do Presidente da República, vias e exploração de trechos de rodovias, ou obras
sendo que, cada ano será elaborado um orçamento- rodoviárias federais.
-programa, que pormenorizará a etapa do programa São indelegáveis atos normativos, decisões em recur-
plurianual a ser realizada no exercício seguinte e que sos administrativos e matérias de competência exclusiva.
servirá de roteiro à execução coordenada do progra-
ma anual. Controle

Coordenação O controle deve ser feito pela chefia por meio de


auditorias e também pelo sistema de controle interno.
A coordenação tem como objetivo a organização da Conforme consagra o art. 13 do mencionado decre-
administração pública, ou seja, objetiva evitar a dupli- to, o controle das atividades da Administração Federal
cidade de atuação pelos órgãos da administração. deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os
Diante disto, as atividades da Administração órgãos, compreendendo, particularmente, o contro-
Federal e, especialmente, a execução dos planos e le da execução dos programas e da observância das
programas de governo, serão objeto de permanente normas que governam a atividade específica do órgão
coordenação (art. 8º Decreto-lei 200/67). controlado, o controle, pelos órgãos próprios de cada
sistema, da observância das normas gerais que regu-
Bem como, a coordenação será exercida em todos
lam o exercício das atividades auxiliares e o controle
os níveis da administração, com a realização sistemáti-
da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos
ca de reuniões e com a participação das chefias subor-
bens da União pelos órgãos próprios do sistema de
dinadas e a instituição e funcionamento de comissões
contabilidade e auditoria.
de coordenação em cada nível administrativo.
Exemplo: o Tribunal de contas da União que tem
Exemplo, O Ministério do Exército administra os como função realizar inspeções e auditorias de natu-
negócios do Exército, o Ministério da Aeronáutica reza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
administra os negócios da Aeronáutica e o Ministério patrimonial, nas unidades administrativas dos Pode-
da Marinha administra os negócios da Marinha de res Legislativo, Executivo e Judiciário.
Guerra.

Descentralização
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A descentralização é a delegação de ativida-
des, mas sem o Estado deixar de fiscalizar, atuando 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com os prin-
indiretamente. cípios e valores que regem a administração pública, o
O decreto em estudo prevê que a descentralização servidor público.
deve ser posta em prática em três planos principais
(art. 10), quais sejam: a) deverá zelar pelo princípio da supremacia do interesse
público, que veda, ao servidor, o questionamento da
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distin-
validade do ato a ser praticado.
guindo-se claramente o nível de direção do de execução;
b) da Administração Federal para a das unidades b) deverá impor a penalidade cabível àquele que deixar
federadas, quando estejam devidamente aparelha- de observar a legislação aplicável a um caso concreto,
das e mediante convênio; sendo irrelevante a comprovada boa-fé demonstrada
c) da Administração Federal para a órbita privada, pelo particular.
mediante contratos ou concessões. c) deverá zelar pelos princípios que regem a adminis-
tração pública e deles não poderá se afastar, sob
Sendo que a aplicação dessa possibilidade está con- pena de eventual responsabilização criminal, civil e
dicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse administrativa.
público e às conveniências da segurança nacional. d) poderá afastar o comando da lei diante de uma
Exemplo: as Autarquias Federais que são res- injustiça.
ponsáveis pela fiscalização e regulamentação de ati- e) poderá deixar de entregar documentos sigilosos soli-
vidades ligadas à telecomunicação, energia elétrica e citados pelas autoridades competentes que possam
petróleo (Ex.: ANATEL, ANEEL, ANP) e Fundações que comprometer a administração pública e o interesse
são entidades que executam atividades sociais (pes- público.
quisa/saúde/ensino) sem fins lucrativos (Ex.: FUNASA,
FUNAI etc.).
O agente público deve observar os princípios admi-
nistrativos explícitos do art. 37 da CF e também os
Delegação de competência
princípios implícitos da Administração Pública, sen-
do que a não observância do mesmo resultará em
É um instrumento de descentralização administrati-
responsabilização criminal, civil e administrativa.
va, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetivi-
dade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, Resposta: Letra C.
pessoas ou problemas a atender (art. 11 Decreto-lei
200/67), ou seja, um órgão administrativo poderá dele- 2. (FCC – 2020) De acordo com o artigo 37 da Constitui-
gar parte de sua competência a outros órgãos, ainda que ção Federal de 1988, os princípios da Administração
estes não sejam hierarquicamente subordinados. pública da
Ainda, o ato de delegação deverá indicar com pre-
cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e a) moralidade e publicidade devem ser obedecidas por
416 as atribuições objeto de delegação. uma autarquia estadual.
b) legalidade e universalidade devem ser obedecidas por 3º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
uma assembleia legislativa estadual.
c) eficiência e competência devem ser obedecidas por z Confirma: Art. 49, IV da CF/88
empresas públicas estaduais. z Rejeita: Art. 136 § 4º da CF/88
d) exclusividade e impessoalidade devem ser obe-
decidas por instituições sem fins lucrativos não Controle político imediato – ocorre na decretação
governamentais. ou caso persistirem as razões que justificaram o esta-
e) prudência e eficiência devem ser obedecidas pelos do de defesa, este poderá ser prorrogado por mais 30
órgãos da administração direta estadual. dias, então o Presidente da República no prazo de 24
horas submete a decisão ao Congresso Nacional, que
Conforme art. 37 da CF/88 a Administração pública indi- deverá decidir pelo voto da maioria absoluta e median-
reta também deve obediência aos princípios da mora- te decreto legislativo, sobre a aprovação ou suspensão.
lidade e publicidade conforme caput do art. 37 da CF. Caso o Congresso estiver em recesso, será convocado
no prazo de cinco dias – Sessão Legislativa Extraordiná-
Resposta: Letra A.
ria. Deverá, também, apreciar o decreto no prazo de dez
dias do seu recebimento (art. 136, §5º e 6º da CF/88).
Controle político concomitante (ao mesmo
tempo) - Neste caso, cinco membros da mesa do Con-
DEFESA DO ESTADO E DAS gresso Nacional têm que acompanhar e fiscalizar as
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS medidas tomadas.
Controle político sucessivo (no final) – Ocorre nos
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter-
ESTADO DE DEFESA
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli-
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente
O Estado de Defesa e Estado de Sítio são legalida-
da República em mensagem ao Congresso Nacional.
des extraordinárias temporárias, criadas por Decreto
Caso o Congresso Nacional não aceite a justifica-
do Presidente da República, consagrados no Título V tiva relada pelo Presidente da República no controle
da Constituição Federal. político sucessivo e se, caracterizado algum crime de
O estado de defesa tem o objetivo de preservar ou responsabilidade, poderá o Presidente ser submetido
reestabelecer em locais restritos à ordem pública e a paz ao processo, conforme a Lei 1.079/1950 e art. 85 da
social ameaçada por grave e iminente instabilidade ins- CF/88 (controle jurídico).
titucional ou atingidas por calamidade de grande pro-
porção da natureza, conforme dispõe art. 136 da CF/88. ESTADO DE SÍTIO
É obrigatória análise pelo Conselho da República e
pelo Conselho de Defesa Nacional (art. 89 a 91 da CF/88), O estado de sítio está consagrado no art. 137 a 139
ainda que a opinião dos Conselhos não seja vinculante. da CF/88 e será decretado diante da ineficácia do esta-
O controle político ocorre após a decretação do Presi- do de defesa, diante de comoção de grave repercussão
dente deve no prazo de 24 horas enviar ao Congresso nacional. E não pode ser decretado por mais de 30 dias,
Nacional para análise, para ser autorizado depende da porém, se necessário, pode ser prorrogado por mais 30,
autorização da maioria absoluta de seus membros. se necessário de novo, mais 30, e assim por diante.
O tempo de duração não será superior a 30 dias, poden- No caso de declaração de estado de guerra ou res-
posta a agressão armada estrangeira, o estado de sítio
do ser prorrogado uma única vez, por igual período. Nes-
poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar
se período será limitado o direto de reunião, mesmo que
a guerra ou a agressão armada estrangeira.
exercida junto às associações, sigilo de correspondência e
Procedimento:
sigilo de comunicação telegráfica e telefônica.
Procedimento: 1º: Presidente da República consulta dois conselhos.

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


1º: Presidente da República consulta dois conselhos. z Conselho da República
z Conselho da Defesa Nacional
z Conselho da República
z Conselho da Defesa Nacional 2º: Controle político prévio - Presidente da Repúbli-
ca solicita autorização ao Congresso Nacional par
2º: Presidente da República decreta Estado de Defesa a decretação ou prorrogação do estado de sítio
(Art. 84 IX e 136 caput da CF) (Art. 137, parágrafo único da CF/88).

Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da Autorização será por maioria absoluta e por
República: decreto legislativo (art. 49, IV da CF/88).
IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
Art. 136 O Presidente da República pode, ouvidos 3º: Presidente da República decreta estado de sítio.
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Art. 84 IX e 137 caput da CF.
Nacional, decretar estado de defesa para preservar 4º: Controle Político feito pelo Congresso Nacional:
ou prontamente restabelecer, em locais restritos
e determinados, a ordem pública ou a paz social Controle político concomitante (ao mesmo tem-
ameaçadas por grave e iminente instabilidade ins- po) –A partir do momento que o estado de sítio é auto-
titucional ou atingidas por calamidades de grandes rizado, o Congresso designa cinco membros da mesa
proporções na natureza. do Congresso Nacional para acompanhar e fiscalizar 417
as execuções das medidas referente ao estado de sítio. ESTADO DE
ESTADO DE SÍTIO
Art. 49, IV e art. 140 da CF/88. DEFESA
Controle político sucessivo (no final) - Ocorre nos Presidente da Presidente da
COMPETÊNCIA
termos do art. 141, parágrafo único da CF, o qual deter- República República
mina que após cessar o estado de defesa as medidas apli-
cadas em sua vigência serão relatadas pelo Presidente Posterior:
Prévio:
da República em mensagem ao Congresso Nacional. Depois de decreta-
Presidente da Re-
O direito de reunião pode ser limitado por decreto do estado de defesa
pública depende de
presidencial no estado de defesa e estado de sítio. A CONTROLE o Presidente da Re-
autorização pelo
POLÍTICO pública comunica
censura também se torna possível no estado de sítio. congresso nacional
Congresso Nacio-
Ainda, caso decretado estado de sítio por comoção nal para decretar o
que pode confirmar
estado de sítio.
grave de repercussão nacional ou ineficácia da medi- ou cessar.
da tomada durante o estado de defesa, só poderão ser
tomadas contra as pessoas as medidas consagradas no
art. 139 da CF. Vejamos: FORÇAS ARMADAS

I - obrigação de permanência em localidade As forças armadas estão consagradas no título V da


determinada; Constituição Federal, conforme art. 142, as forças arma-
II - detenção em edifício não destinado a acusados das são constituídas pela Marinha, Exército e Aeronáu-
ou condenados por crimes comuns; tica, a qual são instituições nacionais permanentes e
III - restrições relativas à inviolabilidade da corres- regulares, organizadas com base na hierarquia e dis-
pondência, ao sigilo das comunicações, à prestação ciplina, sob autoridade do Presidente da República. As
de informações e à liberdade de imprensa, radiodifu- funções das forças armadas, além da defesa da pátria,
são e televisão, na forma da lei; também englobam a defesa do estado e das instituições
democráticas (garantidoras da lei e da ordem).
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; Dica
VII - requisição de bens. As forças armadas estão inseridas na estrutura
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do do Poder Executivo.
inciso III a difusão de pronunciamentos de parla-
mentares efetuados em suas Casas Legislativas, Os membros das forças armadas são denomina-
desde que liberada pela respectiva Mesa. dos como militares e tem função subsidiária, ou seja,
desempenham funções que originalmente são de
ESTADO DE competência das forças da segurança pública (polícia
ESTADO DE SÍTIO federal, civil e militar dos estados e DF).
DEFESA
Ainda, conforme dispõe o art. 142 do texto constitu-
TÍTULO V Seção I Seção II cional, as forças armadas estão sob a autoridade supre-
ART. 136 A 141 Art. 136 da CF Art. 137 da CF ma do Presidente da República, e destinam-se à defesa
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por
Preservar ou rees- Comoção grave de iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
tabelecer ordem repercussão nacio-
pública e a paz nal ou ineficácia
social ameaçada da medida tomada FORÇAS ARMADAS
por grave e imi- durante o estado de PRESIDENTE DA REPÚBLICA É AUTORIDADE
PRESSUPOSTOS
nente instabilidade defesa; SUPREMA
institucional; Declaração de esta-
Calamidade de do de guerra ou res- MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA
grande proporção posta a agressão
da natureza. armada estrangeira.
Internamente são subordinadas aos seus respecti-
vos comandantes, integrados no Ministério da Defesa
Comoção grave de com obediência ao Presidente da República. Assim, as
repercussão nacio- patentes são conferidas pelo Presidente da República,
nal ou ineficácia entretanto a perda desta só ocorrerá se for julgado
da medida tomada indigno do oficialato ou com ele incompatível, por
durante o estado de
decisão de tribunal militar de caráter permanente,
defesa;
30 dias podendo
em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
30 dias podendo ser se for o caso ser de guerra, conforme incisos I e VI do art. 142 da CF/88.
prorrogado somen- prorrogado suces- Aos militares é proibida a sindicalização e greve.
PRAZO te uma vez por igual sivamente 30 + 30 Ainda, no serviço ativo não pode estar filiado a parti-
período. + 30 [...] do político.
Exemplo: 30 + 30 Declaração de esta- STF já se posicionou sobre o tema:
do de guerra ou res-
posta a agressão z O exercício do direito de greve, sob qualquer for-
armada estrangeira.
ma ou modalidade, é vedado aos policiais civis e
Decretado pelo
tempo que durar a
a todos os servidores públicos que atuem direta-
guerra ou agressão mente na área de segurança pública.
armada. z É obrigatória a participação do poder público em
418 mediação instaurada pelos órgãos classistas das
carreiras de segurança pública, nos termos do art. art. 23, caput , inciso XIV, da Lei nº 4.737, de 15 de julho
165 do CPC, para vocalização dos interesses da cate- de 1965 - Código Eleitoral, DECRETA:
goria. (STF. ARE 654.432, rel. Min. Alexandre de
Moraes, j. 5-4-2017, P, DJE de 11.60.2018, Tema 541) Art. 1º Fica autorizado o emprego das Forças Arma-
das para a garantia da ordem pública durante a vota-
Conforme dispõe o § 2º do art. 142 da CF, não cabe ção e a apuração das eleições de 2020.
Art. 2º As localidades e o período de emprego das
habeas corpus em caso de punição militar, sendo que
Forças Armadas serão definidos conforme os ter-
este segue as próprias regras de hierarquia e disciplina.
mos de requisição do Tribunal Superior Eleitoral.
Mas cuidado! A doutrina e jurisprudência enten-
Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua
de que se aplica o mencionado dispositivo quanto ao publicação.
mérito das punições militares, ou seja, quando for
o caso de ilegalidade dos pressupostos, como com-
SEGURANÇA PÚBLICA
petência e cumprimento de regras estabelecidas no
regulamento militar é cabível a impetração de habeas
A segurança pública é dever do Estado, direito e
corpus para análise do poder judiciário.
responsabilidade de todos, a qual objetiva a preserva-
ção da ordem pública e da incolumidade de pessoas e
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. MATÉRIA CRIMI-
do patrimônio, conforme consagra o art. 144 do texto
NAL. PUNIÇÃO DISCIPLINAR MILITAR. Não há
constitucional.
que se falar em violação ao art. 142, § 2º, da CF, se
a concessão de habeas corpus, impetrado con-
É exercido por meio de órgãos federais e esta-
tra punição disciplinar militar, volta-se tão-so- duais como a polícia federal, polícia rodoviária fede-
mente para os pressupostos de sua legalidade, ral, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
excluindo a apreciação de questões referentes militares, o corpo de bombeiros militares e as polícias
ao mérito. Concessão de ordem que se pautou pela penais federal, estadual e distrital, esta última acres-
apreciação dos aspectos fáticos da medida punitiva centada pela Emenda Constitucional nº 104/2019.
militar, invadindo seu mérito. A punição disciplinar Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
militar atendeu aos pressupostos de legalidade, podem constituir guardas municipais destinados à pro-
quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o ato teção de seus bens, serviços e instalações (deve atuar
ligado à função e a pena susceptível de ser aplica- somente na municipalidade). Cuidado! Esse órgão não
da disciplinarmente, tornando, portanto, incabível integra a estrutura de segurança pública para exercer
a apreciação do habeas corpus. Recurso conhecido a função de polícia ostensiva.
e provido. (STF. RE 338.840, rel. min. Ellen Gracie, Para o STF os órgãos que compõe a segurança
Segunda Turma, DJ de 12.09.2003) pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
A Constituição também prevê o serviço militar os municípios ou estados criarem outros órgãos para
obrigatório, conforme art. 143, entretanto o inciso integrarem à segurança pública.
VIII do art. 5º desobriga o alistado do serviço militar
por motivo de crença religiosa, convicção filosófica ou Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
política, desde que cumpra prestação alternativa, que direito e responsabilidade de todos, é exercida para
é de competência das forças armadas atribuir. a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
órgãos:
Art. 143 O serviço militar é obrigatório nos termos
I - polícia federal;
da lei.
II - polícia rodoviária federal;
§ 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, III - polícia ferroviária federal;
atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de IV - polícias civis;
paz, após alistados, alegarem imperativo de cons- V - polícias militares e corpos de bombeiros
ciência, entendendo-se como tal o decorrente de militares.
crença religiosa e de convicção filosófica ou políti- VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.    
ca, para se eximirem de atividades de caráter essen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
cialmente militar. Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
§ 2º - As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujei-
ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons-
tos, porém, a outros encargos que a lei lhes atribuir.  
tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da
segurança pública. Entre eles não está o Departamen-
Exemplo prático de uso das Forças Armadas: to de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados-mem-
Em 20/10/2020, foi publicado no DOU decreto pre- bros a possibilidade de estender o rol, que esta Corte
sidencial que autoriza o uso das Forças Armadas nas já firmou ser numerus clausus, para alcançar o Depar-
eleições municipais de 2020. tamento de Trânsito.
O objeto é garantir a ordem pública durante a [ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11-
votação e segurança do processo eleitoral. 2005, P, DJ de 10-3-2006.]
DECRETO Nº 10.522, DE 19 DE OUTUBRO DE 2020 Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9-
Autoriza o emprego das Forças Armadas para a 2010, P, DJE de 6-4-2011
garantia da ordem pública durante a votação e a apu- Serviços da segurança pública são custeados
ração das eleições de 2020. mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui- ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera-
ções que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e XIII, ção dos servidores será exclusivamente por subsídio
da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 15 fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39
da Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999, e no da CF/88. 419
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Art. 144 [...]
Municípios instituirão conselho de política de admi- § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
nistração e remuneração de pessoal, integrado por polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
servidores designados pelos respectivos Poderes.     tência da União, as funções de polícia judiciária e a
[...] apuração de infrações penais, exceto as militares.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Fique atento que o art. 144 § 4º não menciona a ati-
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- vidade penitenciária como atividade da polícia civil.
sivamente por subsídio fixado em parcela úni- A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, incumbirem às polícias civis “as funções de polícia
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
adicional, abono, prêmio, verba de representação
militares”. Não menciona a atividade penitenciária,
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais;
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
não atribui essa atividade específica à polícia civil.
(STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, DJE de 14-5-2010)
z Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF) é órgão per-
manente, organizado e mantido pela União. Exer- z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
ce a função de polícia judiciária da União, que está (art. 144, § 5º da CF): as polícias militares cabem
disposto nos incisos I ao IV, vejamos: à polícia ostensiva sendo atribuído a preservação
da ordem pública e ao corpo de bombeiros milita-
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão res objetivam a execução das atividades de defesa
permanente, organizado e mantido pela União e civil, prevenção e combate a incêndios, buscas e
estruturado em carreira, destina-se a: salvamentos públicos.
I - apurar infrações penais contra a ordem polí-
tica e social ou em detrimento de bens, serviços e Ainda, conforme consagra § 6º do art. 144 da CF
interesses da União ou de suas entidades autárqui- ambos “subordinam-se, juntamente com as polícias civis
cas e empresas públicas, assim como outras infra- e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governado-
ções cuja prática tenha repercussão interestadual res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”.
ou internacional e exija repressão uniforme, segun-
do se dispuser em lei; z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor- (art. 144 § 5º-A) foi incluído pela Emenda Consti-
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca- tucional nº 104 de 2019, às polícias penais cabe à
minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros segurança dos estabelecimentos penais, vincula-
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; das ao órgão administrador do sistema penal da
unidade federativa a que pertencem.
Conforme considerações do STF, na busca e apreen-
são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem
judicial pela polícia militar não contamina o flagrante
e a busca e apreensão realizadas. EXERCÍCIOS COMENTADOS
III - exercer as funções de polícia marítima, aero- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme a CF, às polícias
portuária e de fronteiras;         
civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, cabe
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
a) exercer as funções de polícia marítima, aérea e de
cia judiciária da União.
fronteiras.
b) patrulhar ostensivamente as ferrovias federais.
z Polícia Rodoviária Federal (art. 144, § 2º da CF) c) apurar as infrações penais contra a ordem política e social
é órgão permanente, organizado e mantido pela ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União.
União, tem como função o patrulhamento ostensi- d) exercer as funções de polícia judiciária e apurar as
vo das rodovias federais. infrações penais, exceto as de natureza militar.
z Polícia Ferroviária Federal (art. 144, § 3º da CF) e) responder pelo policiamento ostensivo, pela preserva-
é órgão permanente, organizado e mantido pela ção da ordem pública e pela defesa civil.
União, tem como função o patrulhamento ostensi-
vo das ferrovias federais. O item “d” está em consonância com o Art. 144. § 40º: “Às
polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi- funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o penais, exceto as militares”. Resposta: Letra D.
objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A CF, em seu art. 144,
das pelos trilhos de ferro.
apresenta o rol dos órgãos encarregados da seguran-
Apesar de ter autorização na atual constituição,
ça pública. Esse rol é
hoje essa polícia não existe de fato.
a) taxativo para a União e inaplicável aos estados e ao
z Polícias Civis (art. 144, § 4º da CF) são dirigidas Distrito Federal.
por delegados de carreiras e subordinadas aos b) taxativo para a União e exemplificativo para os esta-
Governadores dos estados ou DF têm função de dos e o Distrito Federal.
polícia judiciária (exercício da segurança pública) c) exemplificativo para a União e taxativo para os esta-
420 e apuração de infrações penais, salvo as militares. dos e para o Distrito Federal.
d) taxativo para a União, para os estados e para o Distrito 7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e
Federal. garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
e) exemplificativo para a União, para os estados e para o A utilização de organização paramilitar por determina-
Distrito Federal. do partido político em um estado da Federação é per-
mitida desde que autorizada pelo governador desse
Conforme entendimento do STF os órgãos que com- estado e pelo respectivo tribunal regional eleitoral.
põe a segurança pública estão relacionados nos
incisos I ao VI do art. 144 da CF são rol taxativo,
( ) CERTO  ( ) ERRADO
numerus clausus (ADI 1.182, voto do rel. min. Eros
Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.) Fique aten-
to! A Emenda Constitucional nº 104 de 2019 incluiu 8. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Sobre a estrutura e
no rol também às Polícias Penais Federal, estaduais a organização do Estado brasileiro, julgue o item
e distrital. Resposta: Letra D. subsequente.
Os estados federados, o Distrito Federal e os municí-
pios são todos dependentes e subordinados à União.

HORA DE PRATICAR! ( ) CERTO  ( ) ERRADO


1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e 9. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Sobre a estrutura e
garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
a organização do Estado brasileiro, julgue o item
Poderá ser violada a casa em cujo interior esteja indi-
subsequente.
víduo em flagrante delito, mesmo durante o período
Compete concorrentemente à União, aos estados
noturno e sem determinação judicial.
federados e ao Distrito Federal legislar sobre normas
gerais de organização das polícias militares e dos cor-
( ) CERTO  ( ) ERRADO
pos de bombeiros militares.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e
( ) CERTO  ( ) ERRADO
garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Situação hipotética: Em uma briga de trânsito, Felipe
10. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação à estrutu-
sacou uma arma de fogo e atirou diversas vezes con-
ra e à organização do Estado brasileiro, julgue o item
tra Cláudio, com a intenção de matá-lo. Assertiva: A
competência para o julgamento da conduta de Felipe subsequente.
somente será do júri se o crime tiver sido consumado. O município que não aplicar o mínimo exigido de sua
receita em ações e serviços públicos de saúde está sujei-
( ) CERTO  ( ) ERRADO to à intervenção estadual, por meio de decreto que deve-
rá ser submetido à assembleia legislativa do respectivo
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e estado-membro, no prazo de vinte e quatro horas.
garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
Uma pessoa presa em patrulha policial pelo cometi- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
mento de crime deverá ser informada, nos termos da
Constituição Federal de 1988, do seu direito de perma- 11. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação à estrutu-
necer calada. ra e à organização do Estado brasileiro, julgue o item
subsequente.
( ) CERTO  ( ) ERRADO Soldado da polícia militar que, no exercício de suas
funções, cometer ato de improbidade administrativa
4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Acerca dos direitos e estará sujeito à perda de sua função, à indisponibilida-
garantias fundamentais, julgue o item a seguir. de de seus bens, à suspensão de seus direitos políti-
A Constituição Federal de 1988 estabelece a prisão cos e ao ressarcimento ao erário.
como medida excepcional, que, em regra, depende de
flagrante delito ou de ordem escrita e fundamentada. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL
( ) CERTO  ( ) ERRADO 12.
(CESPE-CEBRASPE – 2017) Sobre a estrutura e
a organização do Estado brasileiro, julgue o item
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e subsequente.
garantias fundamentais, julgue o item a seguir. De acordo com a Constituição Federal de 1988, as
Um militar com cinco anos de serviço e candidato a polícias militares e os corpos de bombeiros militares
deputado estadual deverá ser agregado pelo coman- são instituições organizadas com base na hierarquia e
dante do batalhão onde serve e, se eleito, deverá pas- na disciplina.
sar para a inatividade no ato da diplomação.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
13. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que concerne à defe-
6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de direitos e sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o
garantias fundamentais, julgue o item a seguir. item que se segue.
Enquanto presta o serviço militar obrigatório, o cons- A decretação, pelo presidente da República, tanto do
crito é impedido de alistar-se como eleitor e, conse- estado de defesa como do estado de sítio depende de
quentemente, fica inelegível. autorização do Congresso Nacional.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO 421


14. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que concerne à defe- 9 GABARITO
sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o
item que se segue.
A decretação do estado de defesa, medida que visa 1 CERTO
preservar ou restabelecer a ordem pública e a paz
2 ERRADO
social, exige consulta prévia ao Conselho da República
e ao Conselho de Defesa Nacional, os quais se mani- 3 CERTO
festam em caráter meramente opinativo.
4 CERTO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
5 ERRADO
15. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Acerca dos direitos e 6 CERTO
garantias fundamentais, julgue o item a seguir.
O direito de greve é constitucionalmente garantido a 7 ERRADO
todos os trabalhadores, tanto civis quanto militares.
8 ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO 9 ERRADO

16. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que concerne à defe- 10 CERTO


sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o 11 CERTO
item que se segue.
A competência das forças armadas para a garantia 12 CERTO
da lei e da ordem é subsidiária, cabendo às forças de
segurança pública tal atribuição ordinariamente. 13 ERRADO

14 CERTO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
15 ERRADO
17. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à defe-
sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o 16 CERTO
item. 17 ERRADO
Na realização de patrulhamento ostensivo, os policiais
militares exercem a função de polícia judiciária, cujo 18 CERTO
objetivo é a preservação da ordem pública.
19 ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO 20 ERRADO

18. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à defe-


sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o
item.
A Polícia Militar do Estado de Alagoas, embora seja ANOTAÇÕES
força auxiliar e reserva do Exército, subordina-se ao
governador do estado.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

19. (CESPE-CEBRASPE – 2017) No que concerne à defe-


sa do Estado e das instituições democráticas, julgue o
item que se segue.
A segurança pública é exercida apenas por órgãos de
polícia: nessa atividade não se incluem os corpos de
bombeiros, tendo em vista que a atuação dos bombei-
ros não é de patrulhamento ostensivo.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Tendo em vista a disci-


plina constitucional sobre os direitos à liberdade e à
propriedade, julgue o item.
A propriedade poderá ser desapropriada por neces-
sidade ou utilidade pública, ou por interesse social,
mas sempre mediante justa e prévia indenização em
dinheiro.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

422
Dica

Como o inquérito policial é mera peça informa-


tiva, eventuais vícios constantes não têm o con-

NOÇÕES DE DIREITO dão de contaminar o processo penal a que der


origem.

PROCESSUAL PENAL Nesse momento, ainda não há o exercício de pre-


tensão acusatória. Não se trata, pois, de processo judi-
cial, nem tampouco de processo administrativo. O
inquérito policial consiste em um conjunto de diligên-
INQUÉRITO POLICIAL cias realizadas pela polícia investigativa.

HISTÓRICO CONCEITO

De acordo com o autor Renato Brasileiro de Lima,


Em Roma surgiram as primeiras investigações
o Inquérito Policial é um procedimento administrati-
exercidas pelo Estado e, nesta época, o poder era ili-
vo inquisitório e preparatório, presidido pelo Delega-
mitado e arbitrário. O nome dado a tal fase persecu-
do de Polícia, com vistas à identificação de provas e a
tória, de caráter investigativo, era “inquisitio”, e, após colheita de elementos de informação quanto à autoria
o esclarecimento baseando-se em critérios da época, e materialidade da infração penal, a fim de possibi-
passava-se de imediato ao processo cognitio, sem que litar que o titular da ação penal possa ingressar em
existisse uma formal fase de acusação, e, consequen- juízo.
temente, apenava-se o acusado. Para que se possa dar início a um processo crimi-
A denominação inquérito policial, no Brasil, surgiu nal contra alguém, faz-se necessária a presença de um
com a edição da Lei 2.033, de 20 de setembro de 1871, lastro probatório mínimo, apontando no sentido da
regulamentada pelo Decreto 4.824, de 22 de novembro prática de uma infração penal e da probabilidade de o
de 1871, encontrando-se no art. 42 do citado decreto acusado ser o seu autor. Daí a finalidade do inquérito
a seguinte definição: “O inquérito policial consiste em policial, instrumento usado pelo Estado para a colhei-
todas as diligências necessárias para o descobrimento ta desses elementos de informação, viabilizando o
dos fatos criminosos, de suas circunstâncias e de seus oferecimento da peça acusatória quando houver justa
autores e cúmplices, devendo ser reduzido a instrumen- causa para o processo.
to escrito”. Passou a ser função da polícia judiciária a
FINALIDADE
sua elaboração. Apesar de seu nome ter sido mencio-
nado pela primeira vez na referida Lei 2.033, as suas
O Estado tem o Poder-Dever de punir um supos-
funções, que são da natureza do processo criminal,
to autor do ilícito. Todavia, para que o Estado faça a
existem de longa data e tornaram-se especializadas persecução criminal em juízo é preciso de elementos
com a aplicação efetiva do princípio da separação da mínimos quanto a autoria e a materialidade da infra-
polícia e da judicatura. Portanto, já havia no Código ção penal, que caracteriza justa causa. Inclusive, a fal-
de Processo de 1832 alguns dispositivos sobre o proce- ta de justa causa é motivo idôneo para a rejeição da
dimento informativo, mas não havia o nomen juris de peça acusatória pelo juiz.
inquérito policial. Muitas vezes o titular da ação penal, o Ministério
Ao decorrer dos anos passou a ser reconhecido Público, não consegue formar uma opinião sobre a
mundialmente que para que se possa dar início a um viabilidade da acusação sem as peças informativas do

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


processo criminal contra alguém, faz-se necessária a inquérito policial. Portanto, a finalidade do inquérito
presença de um lastro probatório mínimo, apontando é colher esses elementos mínimos com vistas ao ajui-
no sentido da prática de uma infração penal e da pro- zamento ou não da ação penal.
babilidade de o acusado ser o seu autor.
CARACTERÍSTICAS
REFERÊNCIA
A doutrina e a jurisprudência com o passar dos
anos definiram quais são as características essenciais
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo
do Inquérito Policial, de acordo com a sua natureza e
Penal: Voluma Único – 8 ed. rev. ampl. e atual.
finalidade:
Salvador: Ed. JusPodivm, 2020.
z Procedimento escrito;
NATUREZA z Dispensável, quando já há justa causa para o ofere-
cimento da acusação;
O Inquérito Policial possui natureza de procedi- z Sigiloso;
mento administrativo. Não é ainda um processo, por z Inquisitorial, pois ainda não é um processo
isso não se fala em partes munidas de completo poder acusatório;
de contraditório e ampla defesa. Ademais, por sua z Discricionário, a critério do delegado que deve
natureza administrativa, o procedimento não segue determinar o rumo das diligências de acordo com
uma sequência rígida de atos. as peculiaridades do caso concreto; 423
z Oficial, incumbe ao Delegado de Polícia (civil ou Crimes de ação penal pública incondicionada
federal) a presidência do inquérito policial;
z Oficioso, ao tomar conhecimento de notícia de cri- z De ofício;
me de ação penal pública incondicionada, a autori- z Requisição da autoridade judiciária ou do Minis-
dade policial é obrigada a agir de ofício; tério Público;
z Indisponível, a autoridade policial não poderá z Requerimento do ofendido ou de seu representan-
mandar arquivar autos de inquérito policial. te legal;
z Notícia oferecida por qualquer do povo;
Aqui temos que lembrar que a Súmula Vinculante z Auto de Prisão em Flagrante.
nº 14 é direito do defensor, no interesse do represen-
tado, de ter acesso amplo aos elementos de prova que, Crimes de ação penal pública condicionada e ação
já documentados em procedimento investigatório rea- penal privada
lizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa. Nos crimes de ação penal pública condicionada, a
deflagração da persecução criminal está subordinada
FUNDAMENTO à representação do ofendido ou à requisição do Minis-
tro da Justiça.
O fundamento legal do Inquérito Policial encontra-
-se no Código de Processo Penal (CPP): z Em se tratando de crime de ação penal de ini-
ciativa privada, o Estado fica condicionado ao
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto- requerimento do ofendido ou de seu represen-
ridades policiais no território de suas respectivas tante legal;
circunscrições e terá por fim a apuração das infra- � No caso de morte ou ausência do ofendido, o
ções penais e da sua autoria. requerimento (ação penal privada) e a representa-
Parágrafo único. A competência definida neste arti- ção (ação penal pública condicionada) poderão ser
go não excluirá a de autoridades administrativas, a formulados por seu cônjuge, ascendente, descen-
quem por lei seja cometida a mesma função. dente ou irmão (CPP, art. 31). Exceção: nas ações
personalíssimas, a morte do ofendido gera a extin-
Perceba que o Código não dá exclusividade ao ção da punibilidade, porque são intransmissíveis;
inquérito como forma de investigação. Lembre-se que z Esse requerimento deve ser formulado pelo ofendi-
a CPI e o procedimento investigativo do Ministério do dentro do prazo decadencial de 6 meses, contado,
Público também são formas de obter lastro probatório em regra, do dia em que vier a saber quem é o autor
mínimo pensando em uma futura ação penal. do crime, sob pena de extinção da punibilidade.
Conforme a literalidade do art. 58 da Constituição
Federal, as CPI’s possuem poderes de investigação: NOTITIA CRIMINIS E DELATIO CRIMINIS

§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que Notitia criminis é o conhecimento, espontâneo ou


terão poderes de investigação próprios das autori- provocado, por parte da autoridade policial, acerca de
dades judiciais, além de outros previstos nos regi- um fato delituoso. Subdivide-se em:
mentos das respectivas Casas, serão criadas pela Notitia criminis de cognição imediata (ou
Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em espontânea): ocorre quando a autoridade policial
conjunto ou separadamente, mediante requerimen- toma conhecimento do fato delituoso por meio de
to de um terço de seus membros, para a apuração suas atividades rotineiras.
de fato determinado e por prazo certo, sendo suas Notitia criminis de cognição coercitiva: ocorre
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Minis- quando a autoridade policial toma conhecimento do
tério Público, para que promova a responsabilidade
fato delituoso através da apresentação do indivíduo
civil ou criminal dos infratores.
preso em flagrante.
Já a delatio criminis é uma espécie de notitia crimi-
TITULARIDADE
nis, consubstanciada na comunicação de uma infração
penal feita por qualquer pessoa do povo à autoridade
A tarefa investigatória pertence a Polícia Judiciá- policial. A depender do caso concreto, pode funcio-
ria, composta pela polícia civil e pela polícia federal. nar como uma notitia criminis de cognição imediata,
O delegado de polícia é quem preside o inquérito poli- quando a comunicação à autoridade policial é feita
cial, agindo de forma discricionária, de acordo com durante suas atividades rotineiras, ou como notitia
a conveniência e oportunidade da situação, pautado criminis de cognição mediata, na hipótese em que a
pela legalidade e pelo interesse público. comunicação à autoridade policial feita por terceiro
se dá através de expediente escrito.
FORMAS DE INSTAURAÇÃO
PRAZOS
O Inquérito Policial apura autoria e materialidade,
com vistas ao ajuizamento de uma futura ação penal. De acordo com o Código de Processo Penal:
Dessa forma, seu início é dividido de duas maneiras
diferentes, a depender se é um crime de ação penal Art. 10 O inquérito deverá terminar no prazo de 10
pública incondicionada, ajuizada pelo Ministério dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante,
Público, ou, se é uma ação que vai depender da parti- ou estiver preso preventivamente, contado o prazo,
cipação de outrem – representação do ofendido (ação nesta hipótese, a partir do dia em que se executar
penal pública condicionada) ou iniciativa do ofendido a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando
424 (ação penal privada). estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
Essa regra perdura por anos, o famoso 10:30 a instância competente do órgão ministerial, confor-
título de memorização do prazo. Todavia, o Pacote me dispuser a respectiva lei orgânica;
Anticrime trouxe alteração quanto ao prazo do réu 5º Nas ações penais relativas a crimes praticados em
preso, que tradicionalmente era conhecido como detrimento da União, Estados e Municípios, a revi-
improrrogável. são do arquivamento do inquérito policial poderá
Agora, se o investigado estiver preso, o juiz das ser provocada pela chefia do órgão a quem couber
garantias poderá, mediante representação da autori- a sua representação judicial.    
dade policial e ouvido o Ministério Público, prorro-
gar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 No antigo procedimento de arquivamento, o
(quinze) dias, após o que, se ainda assim a investiga- Ministério Público oferecia o arquivamento e o juiz
ção não for concluída, a prisão será imediatamente decidia se acolhia ou não. Caso a autoridade judicial
relaxada. não acolhesse o arquivamento, remetia ao PGJ para
que dele partisse a decisão final, no sentido de arqui-
z No CPP o prazo é de 10 dias, prorrogável por mais var ou não. Caso não entendesse pelo arquivamento,
15 dias se o réu estiver preso, ou, o limite máximo o PGJ designava um longa manus para propor a ação
para a conclusão do IP é de 30 dias prorrogável, se penal ou ele mesmo o fazia.
o réu se encontra solto; Com a mudança trazida pelo Pacote Anticrime, o
z No IP federal o prazo é de 15 dias, prorrogável por controle do arquivamento passa a ser realizado no
mais 15 dias se o réu estiver preso, ou, possui o âmbito exclusivo do Ministério Público, atribuindo-se
limite de 30 dias caso o réu esteja solto; à vítima a legitimidade para questionar a correção da
z Se o caso envolver a lei de drogas, o prazo é de 30 postura adotada pelo órgão ministerial.
dias prorrogável por mais 30 dias, em caso de réu Entenda que o arquivamento continua funcionan-
preso, bem como, 90 dias prorrogável por mais 90 do como um ato complexo, mas agora constituindo em
dias se o réu estiver solto; um primeiro momento pela decisão do promotor e na
z Crime contra a economia popular tem prazo máxi- sequência da homologação ou não pela instância de
mo de conclusão do inquérito de 10 dias sempre; revisão ministerial.
z Prisão temporária decretada em inquérito policial Incumbe exclusivamente ao Ministério Público
relativo a crimes hediondos e equiparados pos- avaliar se os elementos de informação de que dis-
sui o prazo de 30 dias + 30 dias, em caso de réu põe são (ou não) suficientes para o oferecimento da
preso. denúncia. Nenhum inquérito pode ser arquivado sem
expressa determinação do MP.
ARQUIVAMENTO
VALOR PROBATÓRIO
O Pacote Anticrime trouxe novo procedimento
para o arquivamento no âmbito da justiça estadual, A finalidade de toda e qualquer investigação preli-
justiça federal e justiça comum do DF. De acordo com minar é a identificação de fontes de prova da autoria
o art. 28 do CPP reformado, deixará de haver qualquer e materialidade, e, na sequência, a colheita desses ele-
controle judicial sobre a promoção de arquivamento mentos informativos, de modo a auxiliar na formação
apresentada pelo Ministério Público. da opinio delicti (opinião a respeito de delito) do titular
Ocorre que, a eficácia desse dispositivo foi suspen- da ação penal. Por exemplo, por meio do inquérito poli-
sa em virtude de medida cautelar concedida nos autos cial o promotor de justiça pode se convencer que ocor-
de Ação Direta de Inconstitucionalidade. Inclusive, foi reu determinado crime e que certa pessoa é o seu autor,
determinado que o antigo art. 28 permaneça em vigor estando o parquet obrigado a oferecer a ação penal.
enquanto perdurar a cautelar: Partindo da premissa de que os elementos de
informação produzidos na fase investigatória devem
Art. 28.  Se o órgão do Ministério Público, ao invés ter como objetivo precípuo a formação da convicção
de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do titular da ação penal e, eventualmente, subsidiar a
decretação de medidas cautelares, não se pode admi-

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


do inquérito policial ou de quaisquer peças de infor-
mação, o juiz, no caso de considerar improcedentes tir que o juiz da instrução e julgamento forme seu con-
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou vencimento com base neles. Por exemplo, o juiz não
peças de informação ao procurador-geral, e este pode condenar exclusivamente com um interrogató-
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do rio obtido na fase de inquérito.
Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no Uma sentença condenatória em um Estado Demo-
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o crático de Direito só poderá ter por fundamento pro-
juiz obrigado a atender. vas produzidas validamente no curso da instrução
processual, com plena observância da publicidade,
Novo procedimento de arquivamento: oralidade, imediação, contraditório e ampla defesa, o
que afasta a possibilidade de utilização residual dos
1º O MP ordena o arquivamento do inquérito policial; elementos informativos, cuja produção não assegura
2º O MP comunica a vítima, o investigado e a autori- a observância desses postulados.
dade policial;
3º O MP encaminha os autos para a instância de revi- Dica
são ministerial para fins de homologação, na for-
ma da lei; Ante a criação do juiz das garantias, o ideal é
4º Se a vítima, ou seu representante legal, não con- concluir que a investigação preliminar não mais
cordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá integrar os autos do processo judicial,
poderá, no prazo de 30 dias do recebimento da salvo no tocante às provas irrepetíveis, anteci-
comunicação, submeter a matéria à revisão da padas e meios de obtenção de prova. 425
De acordo com o art. 3-B, verifica-se o baixo valor pro- z colher informações sobre a existência de filhos, res-
batório das investigações para a conclusão do processo: pectivas idades e se possuem alguma deficiência e
o nome e o contato de eventual responsável pelos
§ 3º Os autos que compõem as matérias de com- cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.
petência do juiz das garantias ficarão acautelados
na secretaria desse juízo, à disposição do Ministé- O Código de Processo Penal traz opções de diligên-
rio Público e da defesa, e não serão apensados aos cias investigatórias que poderão ser adotadas pela
autos do processo enviados ao juiz da instrução e autoridade policial ao tomar conhecimento de um fato
julgamento, ressalvados os documentos relativos delituoso. Algumas são de caráter obrigatório, como,
às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de pro- por exemplo, a realização de exame pericial quando
vas ou de antecipação de provas, que deverão ser a infração deixar vestígios; outras, no entanto, têm
remetidos para apensamento em apartado. sua realização condicionada à discricionariedade da
autoridade policial, que deve determinar sua realiza-
Apesar do enfraquecimento da investigação para ção de acordo com as peculiaridades do caso concreto.
a decisão final, não há dúvidas sobre a importância Concluída a investigação policial, os autos do
do procedimento investigatório para o nascimento do inquérito policial devem ser encaminhados primeira-
processo, pois essa apuração preliminar evita que ino- mente ao Poder Judiciário, e somente depois ao Minis-
centes sejam processados sem justa causa, o que sem tério Público.
dúvidas macula a imagem do indivíduo inocente e o Em se tratando de crime de ação penal de inicia-
seu próprio senso de (in)justiça. tiva privada, deve o juiz determinar a permanência
dos autos em cartório, aguardando-se a iniciativa do
PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS ofendido ou de seu representante legal.
Cuidando-se de crime de ação penal pública, os
O procedimento investigativo inerente ao Inqué- autos do inquérito policial são remetidos ao Ministério
rito Policial não é exclusivo da autoridade policial. Público, que poderá: formalizar acordo de não perse-
O Ministério Público pode fazer investigações, mes- cução penal; oferecer denúncia; entender pelo arqui-
mo porque a ele quem mais interessa a investigação, vamento; requisitar diligências; declinar competência.
visto que a finalidade desta é o acolhimento de lastro De acordo com o novo regramento constante do
probatório mínimo para o ajuizamento da ação penal. art. 28 do CPP, deixará de haver qualquer controle
Ademais, a CPI também é uma forma de colher infor- judicial sobre a promoção de arquivamento apre-
mações para futura responsabilização pessoal. sentada pelo órgão ministerial. O controle sobre tal
decisão ficará restrito ao Ministério Público. Todavia,
Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas auto- a eficácia desse dispositivo foi suspensa em virtude
ridades policiais no território de suas respectivas de medida cautelar concedida pelo Min. Luiz Fux nos
circunscrições e terá por fim a apuração das infra- autos da ADI nº 6.305 (j. 22/01/2020).
ções penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste arti- INDICIAMENTO
go não excluirá a de autoridades administrativas, a
quem por lei seja cometida a mesma função. Indiciar é atribuir a autoria de uma infração penal
a uma pessoa. É apontar uma pessoa como prová-
O CPP esclarece que logo que tiver conhecimen- vel autora ou partícipe de um delito. Possui caráter
to da prática da infração penal, a autoridade policial ambíguo, constituindo-se, ao mesmo tempo, fonte de
deverá (rol exemplificativo): direitos, prerrogativas e garantias processuais, e fon-
te de ônus e deveres que representam alguma forma
z dirigir-se ao local, providenciando para que não de constrangimento, além da inegável estigmatização
se alterem o estado e conservação das coisas, até a social que a publicidade lhe imprime.
chegada dos peritos criminais; De acordo com o art. 5º da CF:
z apreender os objetos que tiverem relação com o
fato, após liberados pelos peritos criminais; LVII - ninguém será considerado culpado até o trân-
sito em julgado de sentença penal condenatória;
z colher todas as provas que servirem para o escla-
LXIII - o preso será informado de seus direitos,
recimento do fato e suas circunstâncias;
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
z ouvir o ofendido; assegurada a assistência da família e de advogado;
z ouvir o indiciado;
z proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e A condição de indiciado poderá ser atribuída já no
a acareações; auto de prisão em flagrante ou até o relatório final do
z determinar, se for o caso, que se proceda a exame delegado de polícia. Logo, uma vez recebida a peça
de corpo de delito e a quaisquer outras perícias; acusatória, não será mais possível o indiciamento, já
z ordenar a identificação do indiciado pelo processo que se trata de ato próprio da fase investigatória.
datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos Considera-se indispensável a presença de elemen-
sua folha de antecedentes; tos informativos acerca da materialidade e da autoria
z averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o pon- do delito para que seja feito o indiciamento. Assim, o
to de vista individual, familiar e social, sua condi- delegado de polícia deve cientificar o investigado, atri-
ção econômica, sua atitude e estado de ânimo antes buindo-lhe, fundamentadamente, a condição jurídica
e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros de “indiciado”. Esse procedimento funciona como um
elementos que contribuírem para a apreciação do poder-dever da autoridade policial, uma vez conven-
426 seu temperamento e caráter; cida da concorrência dos seus pressupostos.
INDICIAMENTO DIRETO INDICIAMENTO z Prorrogar a prisão provisória ou outra medida
(REGRA) INDIRETO cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do con-
O indiciamento direto ocor- O indiciamento indireto
traditório em audiência pública e oral;
re quando o indiciado está ocorre quando o indiciado
z Decidir sobre o requerimento de produção ante-
presente. está ausente. Ex.: foragido.
cipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla
Ausente qualquer elemento de informação quan-
defesa em audiência pública e oral;   
to ao envolvimento do agente na prática delituosa,
z Prorrogar o prazo de duração do inquérito, estan-
a jurisprudência tem admitido a possibilidade de
do o investigado preso, em vista das razões apre-
impetração de habeas corpus a fim de sanar o cons-
sentadas pela autoridade policial;
trangimento ilegal daí decorrente, buscando-se o
z Determinar o trancamento do inquérito policial
desindiciamento.
quando não houver fundamento razoável para sua
De acordo com o STF, o indiciamento é ato privati- instauração ou prosseguimento;    
vo do delegado de polícia, ninguém pode ordená-lo a z Requisitar documentos, laudos e informações ao dele-
fazer isso. gado de polícia sobre o andamento da investigação;    
Por fim, em se tratando de crimes de lavagem de z Julgar o habeas corpus impetrado antes do ofereci-
capitais, a lei determina o afastamento do servidor mento da denúncia;   
público de suas funções como efeito automático do z Determinar a instauração de incidente de insani-
indiciamento, permitindo seu retorno às atividades dade mental;   
funcionais apenas se houver decisão judicial funda- z Decidir sobre o recebimento da denúncia ou
mentada nesse sentido. queixa;   
z Assegurar prontamente, quando se fizer necessá-
GARANTIAS DO INVESTIGADO rio, o direito outorgado ao investigado e ao seu
defensor de acesso a todos os elementos informati-
O investigado é sujeito de direitos, de maneira que vos e provas produzidas no âmbito da investigação
são resguardados direitos inerentes à dignidade da criminal, salvo no que concerne, estritamente, às
pessoa humana durante a investigação. Por exemplo, diligências em andamento;   
a Constituição Federal (art. 5º) garante o direito ao z Deferir pedido de admissão de assistente técnico
silêncio e não produção de provas contra si mesmo. para acompanhar a produção da perícia;   
z Decidir sobre a homologação de acordo de não
LXIII - o preso será informado de seus direitos, persecução penal ou os de colaboração premiada,
entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe quando formalizados durante a investigação;
assegurada a assistência da família e de advogado; z Decidir sobre os requerimentos de:   
Ademais, a tortura, bem como qualquer outro tra-
tamento degradante, que venha ferir o rol de direi-
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunica-
tos fundamentais é rechaçado pelo ordenamento
jurídico pátrio.
ções em sistemas de informática e telemática ou
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- de outras formas de comunicação;    
mento desumano ou degradante; b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e
XLVII - não haverá penas: telefônico;    
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos c) busca e apreensão domiciliar;    
termos do art. 84, XIX; d) acesso a informações sigilosas;   
b) de caráter perpétuo; e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam
c) de trabalhos forçados; os direitos fundamentais do investigado. 
d) de banimento;
e) cruéis; z Outras matérias inerentes às atribuições definidas.
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integri-
dade física e moral;

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias
poderá, mediante representação da autoridade poli-
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL DO INQUÉRITO cial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma
POLICIAL única vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze)
dias, após o que, se ainda assim a investigação não for
O modelo de investigação criminal foi reafirmado concluída, a prisão será imediatamente relaxada (art.
com o Pacote Anticrime, o juiz das garantias foi colo- 3-B, § 2º).
cado como o responsável pelo controle da legalidade A competência do juiz das garantias abrange todas
da investigação criminal e pela salvaguarda dos as infrações penais, exceto as de menor potencial
direitos individuais. Competências atribuídas a ele: ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
queixa. Ao ser recebida a denúncia ou queixa, as ques-
z Receber a comunicação imediata da prisão; tões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução
z Receber o auto da prisão em flagrante para o con- e julgamento.
trole da legalidade da prisão; As decisões proferidas pelo juiz das garantias não
z Zelar pela observância dos direitos do preso, vinculam o juiz da instrução e julgamento, que, após o
podendo determinar que este seja conduzido à sua recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexami-
presença, a qualquer tempo;     nar a necessidade das medidas cautelares em curso,
z Ser informado sobre a instauração de qualquer no prazo máximo de 10 dias.
investigação criminal;     O juiz que, na fase de investigação, praticar qual-
z Decidir sobre o requerimento de prisão provisória quer ato relacionado ao inquérito ficará impedido de
ou outra medida cautelar;     atuar no processo. Como isso funciona na prática? Nas 427
comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribu- O investigado deverá ser citado da instauração
nais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a do procedimento investigatório, podendo constituir
fim de atender esse dispositivo. O juiz das garantias defensor no prazo de até 48 horas a contar do recebi-
será designado conforme as normas de organização mento da citação. Em caso de ausência de nomeação
judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, de defensor pelo investigado, a autoridade responsá-
observando critérios objetivos a serem periodicamen- vel pela investigação deverá intimar a instituição a
te divulgados pelo respectivo tribunal.   que estava vinculado o investigado à época da ocor-
Como pode-se perceber, o juiz das garantias é res- rência dos fatos, para que essa, no prazo de 48 horas,
ponsável pelo controle da legalidade da investigação indique defensor para a representação do investigado
e pela salvaguarda dos direitos individuais, consiste (art. 14-A). 
na outorga a um determinado órgão jurisdicional, da
competência para exercício da função de garantidor TERMO CIRCUNSTANCIADO
na fase investigatória. Após a atuação dessa figura, ele
fica impedido de atuar no processo. Termo Circunstanciado é substitutivo do Inqué-
rito Policial, usado nas infrações penais de menor
z Competência entre a instauração da investigação e potencial ofensivo. Conforme o entendimento do STF,
o recebimento da acusação: o TCO só pode ser lavrado pela polícia judiciária, sob
pena de usurpação das polícias ostensivas.  O  Termo
„ Competência do Juiz das Garantias. Circunstanciado de Ocorrência não pode ser confun-
dido com o Inquérito Policial. O que os difere é o nível
z Competência após o recebimento da denúncia ou de formalidades, grau de complexidade. O IP é muito
queixa até o trânsito em julgado da sentença: mais complexo e formal do que o TC, ainda que ambos
tenham a finalidade de prestar informações sobre um
„ Competência do juiz da instrução e julgamento. fato penalmente relevante.

O Pacote Anticrime reconheceu que não existe Art. 69 A autoridade policial que tomar conheci-
mento da ocorrência lavrará termo circunstan-
imparcialidade se o mesmo julgador que intervém na
ciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado,
fase investigatória, ao mesmo tempo aprecia o mérito,
com o autor do fato e a vítima, providenciando-se
condenando ou absolvendo o acusado. Isso é perceptí- as requisições dos exames periciais necessários.
vel, uma vez que, na investigação o juiz se contamina Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavra-
com elementos de informação. Logo, a nova legislação tura do termo, for imediatamente encaminhado ao
separa a figura do juiz das garantias do juiz da instru- juizado ou assumir o compromisso de a ele com-
ção e julgamento. parecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
Todavia, perceba que o juiz das garantias possui se exigirá fiança. Em caso de violência doméstica,
a função de garantidor dos direitos fundamentais, o juiz poderá determinar, como medida de cautela,
na fase investigatória, mas não é dotado de iniciati- seu afastamento do lar, domicílio ou local de convi-
va acusatória, como erroneamente pode ser pensa- vência com a vítima.
do. Alerte-se para o fato que o Pacote Anticrime veda
expressamente a iniciativa do juiz na fase de inves-
tigação. A intervenção do juiz das garantias na fase
investigatória deve ser contingente e excepcional. AÇÃO PENAL
Para ressaltar, não podemos esquecer que o juiz
das garantias deverá assegurar o cumprimento das HISTÓRICO
regras para o tratamento dos presos, impedindo o
acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos Na Roma Antiga havia apenas duas infrações que
da imprensa para explorar a imagem da pessoa sub- instigavam a perseguição pública (criminal): perduel-
metida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, lio (traição e atentado contra a segurança do Estado)
administrativa e penal (art. 3-F). e parricidium (morte do pater familis, chefe do núcleo
O Pacote Anticrime trouxe a figura da assistência familiar) e, ambas atingiam o governo. As demais
jurídica em favor de servidores vinculados aos órgãos infrações, entre as quais o furto e as ofensas físicas ou
de segurança pública diante da instauração de inqué- morais, eram punidas pela própria vítima que então
rito para fins de investigação de fatos relacionados ao assumia a vingança.
uso da força letal praticados no exercício funcional. Na Idade Média não havia aplicação centralizada
Essa mudança se justifica pelo fato de figurar como da justiça, só com o direito canônico e, mais tarde,
suposto autor ou partícipe da infração penal em uma com o Estado absoluto cristalizou-se o monopólio dos
investigação criminal, por si só, funciona como uma meios de coerção.
imputação em sentido amplo que acarreta consequên- O Brasil enquanto colônia lusitana herdou um sis-
cias. Logo, a observância do contraditório e ampla tema jurídico já estabelecido em Portugal onde vigiam
defesa não podem ficar restritos à fase processual da inicialmente em 1521 as Ordenações Afonsinas, mas
persecução penal. aplicadas efetivamente foram as Ordenações Filipi-
Na investigação de fatos relacionados ao uso da nas a partir de 1603. As Ordenações do Reino eram
força letal praticados no exercício profissional (da compilações das leis de Portugal e fundamentavam a
polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia estrutura judiciária do regime, reproduziam as regras
ferroviária federal; polícias civis; polícias militares e do direito canônico (relacionado à igreja).
corpos de bombeiros militares; polícias penais fede- Por muito tempo coexistiram as normas canônicas
ral, estaduais e distrital), o indiciado poderá constituir ao lado das normas do poder secular. Com a vinda
428 defensor. da família real para o Brasil após 1808, a edição das
normas passou a ser feita aqui, os alvarás e decretos z Pública: atribuição do Poder Judiciário;
foram constituídos, e era também o local que se con- z Subjetiva: o titular da ação exige do Estado uma
cedia perdão e se comutavam as penas. Somente após decisão;
a Independência do Brasil ocorrida em 1822, houve a z Autônoma: em relação ao direito material;
possibilidade de o Brasil formar ordenamento penal e z Abstrata: independe do resultado da postulação
processual penal próprio.
em juízo;
O primeiro Código de Processo Penal brasileiro foi
z Instrumental: ferramenta.
o de 1832 e denominava-se Código de Processo Crimi-
nal de Primeira Instância, foi liberal e oferecia mui-
tas garantias de defesa aos acusados.  O atual Código FUNDAMENTO
de Processo Penal foi confeccionado em 1941, mas no
final de 2019 passou pela atualização do Pacote Anti- A ação penal possui tanto fundamento constitucio-
crime, uma vez que vários dos seus institutos já se nal, no art. 5º da CF, bem como existe um título inteiro
encontravam defasados. do CPP direcionado ao tema, disciplinando o passo a
passo da marcha processual.
REFERÊNCIA
Art. 5º
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo (...)
Penal: Voluma Único – 8 ed. rev. ampl. e atual. Sal- LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
vador: Ed. JusPodivm, 2020. bens sem o devido processo legal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
NATUREZA Judiciário lesão ou ameaça a direito;

A ação penal possui natureza de direito público TITULARIDADE


processual, autônomo e distinto do direito material.
Ou seja, o titular da ação penal exige do Estado a
De acordo com a Constituição Federal:
prestação jurisdicional, independente da efetiva exis-
tência do direito material. Ex.: o MP pode ajuizar a
Art. 129 São funções institucionais do Ministério
ação penal e o juiz julgar improcedente, absolvendo
Público:
o acusado.
I - promover, privativamente, a ação penal pública,
na forma da lei;
CONCEITO

A doutrina e a jurisprudência definem a ação O titular da ação penal pública é o Ministério Públi-
penal como direito de exigir do Estado a aplicação do co, todavia, a ação penal pode ser privada, tendo por
direito penal (lei penal) em face do indivíduo envolvi- sujeito ativo o ofendido ou o seu representante legal.
do em fato tipificado como infração penal (crime ou Ademais, mesmo a ação penal de titularidade do MP
contravenção penal). (pública), divide-se em:

FINALIDADE AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PÚBLICA


INCONDICIONADA CONDICIONADA
A finalidade da ação penal é a pacificação social,
uma vez que, não cabe em um Estado democrático de Atuação do Ministério
Direito a justiça pelas próprias mãos. A Constituição Público condicionada a
Federal assegura o devido processo legal, respeitado o Atuação apenas do representação da vítima/
contraditório e ampla defesa para punir alguém, ainda Ministério Público. representante legal ou
mais quando se trata em possível restrição da liberdade. requisição do Ministro da

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Veja que por um lado, o acusado merece um proces- Justiça.
so pautado em todas as regras legais e procedimentais
adequadas, e do outro, o órgão acusador tem o poder
de exigir do Poder Judiciário uma decisão judicial fren- CONDIÇÕES GERAIS DA AÇÃO
te a violação de um bem jurídico penalmente tutelado.
A ação penal precisa respeitar quatro condições:
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
bens sem o devido processo legal; z Possibilidade jurídica do pedido;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder z Legitimidade para agir;
Judiciário lesão ou ameaça a direito; z Interesse processual;
z Justa causa.
CARACTERÍSTICAS
A possibilidade jurídica do pedido significa que os
A doutrina e a jurisprudência entendem que a
fatos narrados na inicial acusatória encontram pre-
ação penal é pública – faz parte do Direito Público,
visão dentro da lei penal incriminadora. Ex.: o fato
pois a atividade jurisdicional é atribuição do Poder
Judiciário; subjetiva, uma vez que o titular da ação narrado é típico. Para o possível exercício do direito
exige do Estado uma decisão; autônoma, em relação de ação, o fato descrito na denúncia ou queixa-crime
ao direito material; abstrata, visto que é independen- deve encontrar subsunção na lei penal incriminadora.
te do resultado da postulação em juízo; instrumental, A legitimidade para agir consiste na pertinência
pois serve de ferramenta para a composição da lide. subjetiva para a ação. 429
LEGITIMIDADE incide o princípio da obrigatoriedade, também conhe-
LEGITIMIDADE ATIVA cido por legalidade, de maneira que estando presen-
PASSIVA
tes elementos suficientes para a propositura da ação
Apenas a pessoa cuja ti- Somente o responsável penal o MP é obrigado a oferecer a denúncia. Todavia,
tularidade da ação penal pelo fato definido como in- esse princípio é mitigado pela transação penal, por
é garantida pela lei tem o fração penal pode figurar exemplo. E, decorre da obrigatoriedade o princípio
poder de ajuizar a ação. no polo passivo da ação. da indisponibilidade da ação penal, uma vez que, o
MP não pode desistir da ação penal nem de eventual
recurso interposto.
A ação penal pública é proposta pelo Ministério A doutrina divide-se sobre a (in)divisibilidade da
Público, enquanto a ação penal privada é ajuizada ação penal pública. Todavia, o STF, no caso mensalão,
pelo ofendido ou seu representante legal. entendeu pela divisibilidade, no sentido de que o pro-
O interesse processual divide-se em: cesso penal pode ser desmembrado. O oferecimento
da denúncia contra um acusado não exclui a possibi-
z Utilidade; lidade futura de ação penal contra outros envolvidos.
z Necessidade; Ex.: o MP adita a denúncia.
z Adequação. De acordo com o princípio da intranscendência, a
ação penal somente pode ser ajuizada contra os res-
A ação penal é pressuposta para a aplicação da ponsáveis pela infração penal, excluindo sucessores e
pena, de maneira que estará preenchido o requisito responsáveis civis pelo criminoso.
necessidade caso realmente se verifique que o pro- Por fim, a ação penal pública obriga que os órgãos
cesso tem potencial para aplicar a pena cominada ao encarregados pela persecução penal atuem de ofício
delito. Ex.: um processo conduzido no Tribunal do Júri (princípio da oficiosidade). Essa regra, todavia, não se
é necessário para aplicar a pena cominada ao homicí- aplica à ação penal pública condicionada, pois consis-
dio. A utilidade consiste na eficácia da decisão judicial te em condição de procedibilidade a representação do
para a satisfação do interesse pleiteado pelo titular da ofendido ou de quem tiver qualidade para represen-
ação. Ex.: não há utilidade caso ocorra uma causa de tá-lo, bem como, requisição do ministro da justiça, nos
extinção da punibilidade. A adequação desponta na casos expressamente exigidos por lei.
compatibilidade entre o meio empregado (ação) e a O direito de representação pode ser exercido no
pretensão do titular do direito (ex.: condenação). prazo decadencial de 6 meses, contados do conhe-
Por fim, a justa causa é a condição geral da ação cimento da autoria. Decorrido esse prazo ocorre a
que obriga a existência de um lastro mínimo de prova extinção da punibilidade. Ademais, uma vez ofereci-
capaz de fornecer base à pretensão acusatória. Inclu- da a representação, a retratação pode ocorrer até o
sive, cabe HC em caso de coação ilegal com ausência oferecimento da denúncia.
de justa causa na ação penal. A requisição do ministro da justiça cuida-se de
Existem condições específicas estabelecidas em lei, condição de procedibilidade consistente em ato de
cuja ausência impede o regular exercício do direito de natureza administrativa e política, revestido de dis-
ação. Ex.: representação do ofendido ou requisição do cricionariedade. Diferente da representação, a requi-
ministro da justiça na ação penal pública condiciona- sição não tem prazo decadencial. Dessa forma, pode
da; entrada do agente em território nacional em caso ser lançada a qualquer tempo, enquanto não extinta a
de crime praticado no exterior. punibilidade pela prescrição.

AÇÃO PENAL PÚBLICA AÇÃO PENAL PRIVADA

De acordo com o art. 129, I, da Constituição Fede- A legitimidade para a propositura da ação penal
ral, é função do Ministério Público promover a ação privada pertence ao ofendido ou a quem legalmente o
penal pública. Consiste em uma função privativa. A represente. Ex.: se o ofendido for menor de 18 anos ou
ação penal é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP. mentalmente enfermo.
A ação penal pública pode ser: A ação penal será privada nos casos expressa-
mente indicados pela lei. Quando a lei se cala sobre
z Incondicionada: exige apenas atuação do MP; a espécie de ação a ser utilizada é caso de ação penal
z Condicionada à representação da vítima ou seu pública.
representante legal; Assim como na representação, o prazo da quei-
z Condicionada à requisição do ministro da justiça, xa-crime é de 6 meses, contados do conhecimento da
ex.: casos de crime cometido por estrangeiro con- autoria.
tra brasileiro fora do território nacional, crimes Os princípios da ação penal privada são:
contra a honra do Presidente da República e con-
tra chefe de governo estrangeiro. z Oportunidade: o ofendido tem discricionariedade
para iniciar ou não a ação penal;
De acordo com o STF, a representação independe z Disponibilidade: o ofendido pode desistir da ação
de forma especial. Ex.: é suficiente a demonstração penal, bem como de eventual recurso;
inequívoca da intenção do ofendido ou de quem tiver z Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer
qualidade para representá-lo. dos autores do crime obrigará ao processo de
A ação penal pública é regida pelo princípio da todos, e o MP zelará pela indivisibilidade;
oficialidade, uma vez que os órgãos responsáveis pela z Intranscendência: a ação penal somente pode
persecução penal são públicos/oficiais. Isso se funda- ser ajuizada contra os responsáveis pela infração
menta porque o Estado detém a titularidade exclusiva penal, não abrangendo sucessores, nem responsá-
430 do direito de punir. Ademais, na ação penal pública veis civil.
Dica
HORA DE PRATICAR!
De acordo com o art. 5º, LIX, da Constituição
Federal, em caso de inércia do MP, o ofendido 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item a seguir,
pode oferecer ação penal privada subsidiária da com base no que dispõe o Código Penal.
pública, no prazo de 6 meses, contados do termo Será excluída a imputabilidade penal do indivíduo que
tenha praticado crime no momento de emoção, por se
final do prazo para oferecimento da denúncia.
considerar que ele não estava inteiramente capaz de
Após o prazo de 6 meses cessa a possibilidade entender o caráter ilícito da ação.
de queixa subsidiária, mas o MP ainda pode-
rá oferecer a denúncia enquanto não extinta a ( ) CERTO  ( ) ERRADO
punibilidade.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da aplicação
ADITAMENTO À DENUNCIA E À QUEIXA da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Na ação penal privada subsidiária da pública, o Um crime é classificado como crime culposo quan-
do o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
MP pode aditar a queixa:
produzi-lo.
Art. 29 Será admitida ação privada nos crimes de
( ) CERTO  ( ) ERRADO
ação pública, se esta não for intentada no prazo
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da aplicação
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir
da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
em todos os termos do processo, fornecer elementos o item a seguir.
de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso Situação hipotética: Um indivíduo que, ao tempo que
de negligência do querelante, retomar a ação como praticou ação ou omissão, era inteiramente capaz de
parte principal. entender o caráter ilícito do fato. Posteriormente veio
a ser afetado por doença mental.
Isso ocorre porque a essência da ação ainda é Assertiva: Nesse caso, esse indivíduo é isento de pena.
pública, a inércia do MP que conduziu ao ajuizamento
da queixa. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Outra situação de aditamento é a mutatio libeli:
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ação
z Emendatio Libeli penal, julgue o item subsecutivo.
O titular da ação penal pública incondicionada é o
Ministério Público.
O juiz não muda os fatos da peça de acusação, ape-
nas atribui definição jurídica diversa (desclassifica um
( ) CERTO  ( ) ERRADO
crime para outro crime), ainda que isso ocasione apli-
cação de pena mais grave. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No que se refere à ação
Se com essa desclassificação houver possibilidade de penal, julgue o item subsecutivo.
suspensão condicional do processo, o juiz suspenderá. Em se tratando de crime que se processe mediante
Se com a desclassificação a competência começar a ação penal pública incondicionada, o perdão concedi-
ser de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. do pela vítima ao criminoso, antes do oferecimento da
denúncia, impede o processamento da ação penal.
z Mutatio Libeli
( ) CERTO  ( ) ERRADO

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


Se depois da instrução, o juiz percebe mudança nos
fatos da peça acusatória, o Ministério Público deverá 6. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
sentada uma situação hipotética, seguida de uma
aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias.
assertiva a ser julgada a respeito do inquérito policial
Se o MP se recusa, o órgão do MP encaminhará os e da ação penal.
autos para a instância de revisão ministerial para fins Situação hipotética: O Ministério Público ofereceu
de homologação. denúncia contra Marcos, imputando-lhe o crime de
Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) furto. Durante a instrução processual da ação penal,
dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de foram reunidas provas da inocência do acusado.
qualquer das partes, designará dia e hora para conti- Assertiva: Nessa situação, o Ministério Público não
nuação da audiência, com inquirição de testemunhas, poderá desistir da ação penal; todavia, como defen-
novo interrogatório do acusado, realização de debates sor dos direitos e das garantias sociais, deverá pedir a
e julgamento. absolvição de Marcos.
Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até
( ) CERTO  ( ) ERRADO
3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando
o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 7. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No item a seguir, é apre-
Obs.: se não for recebido o aditamento, o processo sentada uma situação hipotética, seguida de uma
prosseguirá. assertiva a ser julgada a respeito do inquérito policial
O juiz pode fazer de ofício e cabe na 2ª instância. e da ação penal.
Necessita que o MP adite e não cabe em 2ª instância. 431
Situação hipotética: Maria, de 21 anos de idade, trânsito, o que provocou o início de incêndio em fun-
tendo sido, há um ano e dois meses, vítima de crime ção do combustível armazenado no tanque. Com o ris-
cuja ação penal se processa mediante queixa e tendo co iminente de explosão, o policial conseguiu se salvar
conseguido identificar, na oportunidade, o agressor, saindo pela janela. O indivíduo transportado ficou pre-
pretende, agora, oferecer queixa para obter a condena- so na viatura em chamas.
ção do autor do crime. Assertiva: Nessa situação, o policial poderá invocar
Assertiva: Não será possível ocorrer a condenação do em sua defesa a excludente de ilicitude do estado de
criminoso, em razão da extinção da punibilidade pela necessidade.
decadência.
( ) CERTO  ( ) ERRADO
( ) CERTO  ( ) ERRADO
14. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de inquérito poli-
8. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, cial, julgue o item que se segue.
relativo à ação penal prevista no Código de Processo Uma das características do inquérito policial é a publi-
Penal brasileiro. cidade, razão pela qual é vedada a instauração de
Na hipótese de o Ministério Público determinar a devo- inquérito sigiloso.
lução dos autos à autoridade policial para a realização
de diligências imprescindíveis à verificação da mate- ( ) CERTO  ( ) ERRADO
rialidade da infração penal, será admitida a ação penal
privada subsidiária da pública. 15. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de inquérito poli-
cial, julgue o item que se segue.
( ) CERTO  ( ) ERRADO O inquérito policial consiste em uma fase da ação
penal que tem por objetivo apurar a autoria e a mate-
9. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, rialidade de um crime.
relativo à ação penal prevista no Código de Processo
Penal brasileiro. ( ) CERTO  ( ) ERRADO
Na ação penal pública incondicionada, a atuação do
Ministério Público depende de manifestação da vítima 16. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Acerca de inquérito poli-
ou de terceiros. cial, julgue o item que se segue.
No curso do inquérito policial, é assegurado ao indicia-
( ) CERTO  ( ) ERRADO do o amplo direito de defesa, com a garantia de que a
autoridade policial realize diligências, requeridas pelo
10. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, indiciado, para a produção de provas que confirmem a
relativo à ação penal prevista no Código de Processo sua inocência.
Penal brasileiro.
As fundações legalmente constituídas podem exercer ( ) CERTO  ( ) ERRADO
a ação penal.
17. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Antônio, depois de pre-
( ) CERTO  ( ) ERRADO senciar um homicídio que ocorreu próximo de sua
residência, foi à delegacia de polícia mais próxima e
11. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Julgue o próximo item, comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
relativo à ação penal prevista no Código de Processo A respeito dessa situação hipotética e de aspectos
Penal brasileiro. legais a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Se o crime for praticado em prejuízo do patrimônio ou do Antes de instaurar o inquérito policial, a autoridade
interesse da União, a ação penal será sempre pública. policial deverá averiguar a procedência das infor-
mações contidas no documento apresentado por
( ) CERTO  ( ) ERRADO Antônio.

12. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da aplicação ( ) CERTO  ( ) ERRADO


da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir. 18. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Antônio, depois de pre-
Situação hipotética: Joana contratou Antônia para senciar um homicídio que ocorreu próximo de sua
servir de curadora de sua mãe, uma pessoa idosa. Cer- residência, foi à delegacia de polícia mais próxima e
to dia, enquanto Antônia dormia, a mãe de Joana, ao comunicou o crime à autoridade policial, por escrito.
caminhar pela sala, caiu e fraturou o fêmur da perna A respeito dessa situação hipotética e de aspectos
esquerda. legais a ela relacionados, julgue o item a seguir.
Assertiva: Nessa situação, Antônia não será responsa- O inquérito policial é instrumento utilizado pelo Estado
bilizada pela lesão sofrida pela mãe de Joana: a con- para colher informações quanto à autoria e à materia-
duta omissiva de Antônia é penalmente irrelevante. lidade da infração penal.

( ) CERTO  ( ) ERRADO ( ) CERTO  ( ) ERRADO

13. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da aplicação 19. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item a seguir,
da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue com base no que dispõe o Código Penal.
o item a seguir. Situação hipotética: Um indivíduo desferiu facadas
Situação hipotética: No trajeto para a delegacia de em alguém, com a intenção de matar. A vítima veio a
polícia, a viatura policial que transportava um indiví- óbito três semanas depois.
432 duo preso em flagrante delito sofreu um acidente de
Assertiva: Nesse caso, considera-se praticado o crime
desde o momento em que as facadas foram desferi-
das (ação), ainda que somente em momento posterior
tenha ocorrido a morte da vítima (resultado almejado
pelo agressor).

( ) CERTO  ( ) ERRADO

20. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da aplicação


da lei penal, do crime e da imputabilidade penal, julgue
o item a seguir.
Situação hipotética: Pedro residia na cidade X com
sua companheira Maria. Em uma discussão domésti-
ca, Pedro esfaqueou Maria, que teve de ser atendida
na cidade Y, já que em X não havia atendimento médi-
co adequado ao seu caso. Maria faleceu na cidade Y,
em decorrência da lesão sofrida.
Assertiva: Nessa situação, considera-se lugar do cri-
me a cidade X.

( ) CERTO  ( ) ERRADO

9 GABARITO

1 ERRADO

2 ERRADO

3 ERRADO

4 CERTO

5 ERRADO

6 CERTO

7 CERTO

8 ERRADO

9 ERRADO

10 CERTO

11 CERTO

12 ERRADO

13 CERTO

14 ERRADO

NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL


15 ERRADO

16 ERRADO

17 CERTO

18 CERTO

19 CERTO

20 CERTO

ANOTAÇÕES

433
ANOTAÇÕES

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