Você está na página 1de 4

Justiça Eleitoral

PJe - Processo Judicial Eletrônico

17/09/2020

Número: 0000170-18.2018.6.10.0013
Classe: AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL
Órgão julgador: 013ª ZONA ELEITORAL DE BACABAL MA
Última distribuição : 03/12/2018
Valor da causa: R$ 0,00
Processo referência: 00001701820186100013
Assuntos: DIREITO ELEITORAL, Abuso - De Poder Político/Autoridade, Conduta Vedada ao Agente
Público
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
ELEICAO SUPLEMENTAR CESAR ANTONIO DA COSTA MAXIMA REGINA SANTOS DE CARVALHO FERREIRA
BRITO PREFEITO (REQUERENTE) (ADVOGADO)
AIRON CALEU SANTIAGO SILVA (ADVOGADO)
LUCAS RODRIGUES SA (ADVOGADO)
PEDRO CARVALHO CHAGAS (ADVOGADO)
EDVAN BRANDAO DE FARIAS (INVESTIGADO) DANILO MOHANA PINHEIRO CARVALHO LIMA
(ADVOGADO)
GRACIETE DE MARIA TRABULSI LISBOA (INVESTIGADO) LUANA DINIZ ARAUJO DA SILVA (ADVOGADO)
MARCELO ALMEIDA CONCEICAO JUNIOR (INVESTIGADO) ANA CASSIA MAGALHAES COSTA (ADVOGADO)
PROMOTOR ELEITORAL DO ESTADO DO MARANHÃO
(FISCAL DA LEI)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
41162 13/09/2020 12:53 Petição Petição
10
EXCELENTÍSSIMA SENHORA JUÍZA DE DIREITO DA 13ª ZONA ELEITORA DE
BACABAL/MA.

PJE nº 0000170-18.2018.8.10.0013

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL

Tratam os presentes autos de AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL


ELEITORAL interposta na data de 03/12/2018, pela Coligação BACABAL VAI VENCER DE
NOVO, contra, EDVAN BRANDÃO DE FARIAS, GRACINETE DE MARIA TRABULSI LISBOA,
JOSÉ ROBERTO COSTAS SANTOS, JOÃO MARCELO SANTOS DE SOUSA, ELY
BRANDÃO DE FARIAS, MANOEL SERAFIM REIS, MARCELO ALMEIDA DA CONCEIÇÃO
JUNIOR.

Objetiva o autor a cassação do diploma dos requeridos eleitos e a


consequente inelegibilidade de todos pelo prazo de 08 (oito) anos, nos termos do art. 22, inciso
XIV, da LC 64/90.

O autor da presente ação elenca, em síntese, os seguintes fatos praticados


pelos investigados durante o processo eleitoral em epígrafe, pelo que requerem a procedência
do feito:

a) Os requeridos no mês de julho de 2018, promoveram uma série de


exoneração e contratações irregulares;

b) Que os servidores estavam sendo coagidos a participar de atos de


campanha eleitoral do requerido Edvan Brandão;

c) Prática de publicidade institucional por parte de alguns requeridos, em


especial o requerido Edvan Brandão, que nos últimos três meses de gestão
antes do pleito, veiculou diversos atos e serviços de governo, com a
finalidade unicamente eleitoral;

d) Realização de comício em data expressamente vedada na legislação.

No ID 3441348 consta despacho determinado a citação dos requeridos.

Devidamente citados os requeridos apresentaram contestação.

Designada a audiência de instrução para o dia 11 de setembro de 2020, às


8h00min, que não se realizou devido a juntada de petição ID 4041783, na qual o autor requereu a
desistência da ação.

Por sua vez, os requeridos nas petições constantes no ID


4043540/4045454/4048541 manifestaram concordância na desistência de ação proposta pelo

Assinado eletronicamente por: LICIA RAMOS CAVALCANTE MUNIZ - 13/09/2020 12:53:22 Num. 4116210 - Pág. 1
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20091312532196500000003755154
Número do documento: 20091312532196500000003755154
autor.

Vieram os autos. É o relatório. Passo à manifestação.

De início cumpre ressaltar, que Ação de Investigação Judicial Eleitoral está


prevista na LC nº 64/90, no art. 22, que prevê como legitimados para a propositura da presente
ação os partidos políticos, coligações, candidato ou Ministério Público Eleitoral, cujo prazo para
ajuizamento exaure-se com diplomação dos eleitos e tem como escopo apurar uso indevido,
desvio ou abuso de poder econômico ou do poder de autoridade. Vejamos:
Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público
Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-
Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e
circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso
indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou
utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício
de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

No caso vertente, a presente Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) tem


por finalidade a declaração da ocorrência do fato jurídico ilícito do abuso de poder econômico,
com a decretação da inelegibilidade dos investigados por oito anos e, por via de consequência, a
cassação dos registros dos mesmos, portanto, os fatos apresentado nessa ação versam acerca
de ilícitos eleitorais, cuidando-se de matéria de ordem pública.

Nesse contexto, observa-se que o pleito do autor de desistência da presente ação


não pode ser acolhido, vez que trata-se de interesse de ordem pública em material eleitoral, não
havendo disponibilidade da ação pela coligação, posto que o deslinde do caso alcança interesse
público muito maior que os interesses individuais dos partidos e candidatos que proporam a
presente demanda, que sem justificativa apresentaram desistência de uma ação que visa
assegurar a lisura do processo eleitoral.

Nesse sentido:

EMENTA. RECURSO ELEITORAL. ELEIÇÕES 2012. AÇÃO DE


INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL. DOIS FATOS: PROMESSA DE
CAMPANHA AO CLUBE DA TERCEIRA IDADE E FORNECIMENTO DE
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO A ELEITOR. PRIMEIRO FATO: NÃO
COMPROVAÇÃO DA FINALIDADE DE OBTER O VOTO DOS IDOSOS;
SEGUNDO FATO: PEDIDO DE DESISTÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA
DE ORDEM PÚBLICA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1.
Promessas de campanha dirigidas indistintamente a eleitores sem referência a
pedido de voto não constituem captação ilícita de sufrágio, a que alude o art. 41-
A da Lei nº 9.504/97 (Precedentes desta Corte Eleitoral). 2.Inadmissível a
homologação de pedido de desistência em ação de investigação judicial eleitoral
por captação ilícita de sufrágio por se tratar de matéria de interesse público.
Precedentes do C. TSE.3.Recurso conhecido e desprovido. ACÓRDÃO Nº
45.610/TRE-PR, de 28 de fevereiro de 2013, RE 505-49, rel. Dr. Jean Carlo
Leeck.

Assinado eletronicamente por: LICIA RAMOS CAVALCANTE MUNIZ - 13/09/2020 12:53:22 Num. 4116210 - Pág. 2
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20091312532196500000003755154
Número do documento: 20091312532196500000003755154
ELEIÇÕES 2012. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
DESISTÊNCIA APÓS O PLEITO. IMPACTO NO QUOCIENTE ELEITORAL.
INTERESSE PÚBLICO ENVOLVIDO. HOMOLOGAÇÃO DO PEDIDO.
IMPOSSIBILIDADE. DIREITO INDISPONÍVEL. COMISSÃO PARTIDÁRIA
MUNICIPAL. DIRETRIZ DO ÓRGÃO ESTADUAL. CONTRARIEDADE.
ANULAÇÃO DA CONVENÇÃO. INVIABILIDADE. ART. 70, § 2 0, DA LEI N°.
9.504197. AGRAVOS REGIMENTAIS NÃO PROVIDOS. 1. A parte não pode
desistir do seu recurso, caso já realizado o pleito, se, desse ato, advir alteração
do quociente eleitoral, por se tratar, em última análise, da apuração da vontade
popular e, consequentemente, da legitimidade da eleição, o que se insere como
matéria de ordem pública. O direito é indisponível nessas situações
(Precedentes: AgR-RO n°. 4360-06/PB, Rei. Mm. Arnaldo Versiani, DJE de
13.2.2013; REspe n°. 26.018/MG, Rei. Mm. José Delgado, DJ de 27.10.2006;
REspe n°. 25.0941GO, Rei. Min. Caputo Bastos, DJde 7.10.2005). 2. A
contrariedade à diretriz do órgão partidário estadual não autoriza seja anulada a
convenção da comissão municipal que versar sobre coligação, uma vez que a
ofensa há de ser, necessariamente, à orientação do órgão nacional, a quem
compete, com AgR-REspe n° 1 14-03.2012.6.05.0120/BA 2 exclusividade,
declarar a nulidade desse ato, nos termos do art. 70, § 20, da Lei no. 9.504/97
(AgR-REspe n°. 6.415/SC, Rei. Mm. Dias Toifoli, DJE de 12.3.2013). 3. Agravos
regimentais não providos.

Assim, está claro que a ação deve seguir o seu curso normal até a entrega final
da prestação jurisdicional com a procedência ou a improcedência do pedido, por tratar-se de
matéria de ordem pública, e, ainda que o Ministério Público concordasse com a desistência, o
feito deveria prosseguir por impulso oficial até seu deslinde final com o julgamento do mérito da
ação.

Sendo assim, por se tratar de direito indisponível, manifesta-se o Ministério


Público Eleitoral pela rejeição do pedido de desistência formulado pelo autor, pugnando pelo
prosseguimento do feito, com designação de nova data de audiência para oitiva das testemunhas
elencadas da inicial.

Bacabal, data da assinatura eletrônica.

Lícia Ramos Cavalcante Muniz


Promotora de Justiça

Assinado eletronicamente por: LICIA RAMOS CAVALCANTE MUNIZ - 13/09/2020 12:53:22 Num. 4116210 - Pág. 3
https://pje1g.tse.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=20091312532196500000003755154
Número do documento: 20091312532196500000003755154

Você também pode gostar