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Resumo
Através da análise das práticas de gestão da cadeia de suprimentos da rede McDonald’s,
baseada em abordagem teórica sobre a interdependência dos aspectos tecnológicos e
organizacionais entre os agentes da cadeia, o estudo procura entender a influência que a
cultura organizacional da organização focal exerce sobre os diversos atores sociais e os
processos que fluem na cadeia de suprimentos.
Palavras chaves: Cadeia de Suprimentos, Gestão da Cadeia de Suprimentos, Fornecedores,
Operador Logístico.
1 Introdução
Talvez a característica mais marcante da passagem para o terceiro milênio seja o processo de
globalização. Nesse contexto de expansão, no qual as empresas têm possibilidade de trabalhar
com fornecedores, clientes, mercados e processos de forma mundial, a necessidade de
coordenação e cooperação entre os diversos agentes envolvidos no atendimento ao cliente
final é fundamental para a viabilização das operações.
Juntamente com a globalização tem-se observado um acirramento da competição, em todos os
níveis, tanto em termos geográficos, como pela busca de oferecimento de novos produtos e
serviços aos consumidores. A conseqüência direta do maior nível de concorrência é a pressão
sobre a rentabilidade das empresas.
Ao longo dos últimos anos, várias abordagens têm sido utilizadas para dar competitividade às
empresas, de forma a recuperar a rentabilidade pressionada pelo novo ambiente de negócios.
Atualmente o gerenciamento da cadeia de suprimentos é o campo onde a maioria das
empresas vê a possibilidade de conseguir reduções de custo e/ou de agregar valor aos seus
produtos e serviços. Entretanto, essa tarefa não é fácil, e especialistas como DORNIER,
observam que tradicionalmente, a logística e operações desenvolveram-se dentro de áreas
geográficas, e eram controladas por uma área funcional (isto é, marketing ou produção). Hoje,
novas pressões estão mudando as definições e estruturas utilizadas pelas empresas. Essas
pressões incluem a duplicação de estoques, a incompatibilidade das infra-estruturas logísticas
e a limitada capacidade de reação individual às mudanças na cadeia de suprimentos.
Muitos estudos têm sido feitos e publicados sobre o tema gerenciamento da cadeia de
abastecimento, aumentando a compreensão do assunto e avançando o conhecimento. Dentro
desse contexto, parece oportuno descrever e analisar a cadeia de abastecimento de uma
empresa de atuação global, reconhecida em todo o planeta como um ícone do capitalismo e da
cultura americana (FONTENELLE, 2002), que tem na gestão dos suprimentos um dos seus
diferenciais competitivos, servindo de modelo para inúmeras outras firmas: a rede de
Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações
Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP
2 Quadro teórico
Há várias perspectivas teóricas que podem ser utilizadas para o entendimento da gestão da
cadeia de suprimentos. SKJOETT-LARSEN (1999) realizou uma revisão da literatura sobre
as perspectivas teóricas utilizadas para se analisar a cadeia de fornecimento, e identificou três
que considerou as mais importantes: o enfoque dos custos de transação, a perspectiva de rede
organizacional e a visão baseada em recursos (resource-based view). O presente estudo
adotará a perspectiva de rede organizacional.
COOPER et al (1997) propuseram um esquema conceitual da gestão da cadeia de suprimentos
que inclui três elementos principais ou três áreas chave de decisão correlacionadas: os
processos de negócio, os componentes de gerenciamento, e a estrutura da cadeia. Os
processos de negócio são as atividades que produzem um resultado específico de valor para os
clientes; os componentes de gestão são os componentes pelos quais os processos de negócio
são estruturados e gerenciados; e a estrutura da cadeia é a configuração de companhias dentro
da cadeia de suprimentos. COOPER et al (1997) relacionam oito processos como os mais
importantes para a gestão da cadeia de suprimentos: gestão do relacionamento com clientes,
atendimento aos clientes, atendimento de pedidos, planejamento da demanda, fluxo de
manufatura, comercialização e desenvolvimento de novos produtos, gestão do relacionamento
com fornecedores e gestão de retornos.
Uma vez verificada a interdependência das ações dos vários elos da cadeia de abastecimento,
faz sentido que se busque a sua coordenação, visando o bem comum. BALLOU (1995), que
afirma que “as atividades logísticas, como quaisquer outras, exigem elevado grau de gestão
inter e intra firmas. Mercadorias fluem de fornecedores para compradores por intermédio de
transportadores. Estas três categorias representam os elementos básicos do canal logístico.
São, geralmente, razões sociais distintas. Este canal, ou sistema interorganizacional, deve ser
estruturado e gerenciado pelas mesmas razões que as atividades logísticas internas de uma
firma, isto é, para balancear custos de comportamento conflitante. Os membros do canal não
experimentam necessariamente os mesmos custos, assim como não têm o mesmo grau de
envolvimento nas decisões de movimentação de mercadorias. Mesmo assim, compartilham o
impacto dessas decisões nos custos do canal, mesmo que de forma diferenciada. Boa
organização do canal reverte em benefícios para todos os seus membros”.
Evidentemente a idéia de integração das atividades de várias empresas que atuam dentro de
um mesmo canal não é algo fácil de ser conseguido, posto que envolve inúmeros aspectos
complexos, inclusive valores pessoais e culturais. Entretanto, em uma época de operações
globalizadas e de alto grau de competição entre as empresas, a integração e o gerenciamento
da cadeia pode ser uma fonte importante de vantagem competitiva. A visão de gerenciamento
da cadeia de abastecimento é sintetizada por CHRISTOPHER (2001), que diz que esse
gerenciamento “...é significativamente diferente dos controles clássicos de materiais e de
fabricação em quatro sentidos. Primeiro, ele vê a cadeia de suprimentos como uma entidade
única, em vez de confiar responsabilidade fragmentada para áreas funcionais, tais como
compras, fabricação, distribuição e vendas. A segunda característica do gerenciamento da
cadeia de suprimentos deriva diretamente da primeira: ela requer – e, ao final, depende da –
tomada de decisão estratégica. O ‘suprimento’ é um objetivo compartilhado por praticamente
todas as funções na cadeia e tem significado estratégico particular devido ao seu impacto
sobre os custos totais e participação de mercado. Em terceiro lugar, o gerenciamento da
cadeia de suprimentos fornece uma perspectiva diferente sobre os estoques que são usados
como mecanismo de balanceamento, como último, não primeiro recurso. Finalmente, o
gerenciamento da cadeia de suprimentos exige uma nova abordagem de sistemas: a chave é a
integração, não simplesmente interface”.
Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações
Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP
Institucional
Relacional
Processual
Operacional
3. Estudo de caso
Ray Kroc acreditava que estava no negócio para servir seus franqueados e desenvolver sua
lealdade, e que os mesmos eram seus clientes, e, se falhassem, ele falharia também. Assim, o
relacionamento entre corporação e franqueados foi sendo pautado sempre em termos de
Anais do VII Simpósio de Administração da Produção, Logística e Operações
Internacionais – SIMPOI 2004 – FGV-EAESP
Embora atualmente a Martin-Brower tenha outros clientes, seu propósito principal sempre
será atender o sistema McDonald’s, como citado na Martin-Brower World Class (Summer
2001). O principal executivo da Martin-Brower comenta que “ ... as expectativas do
McDonald’s são muito altas... e atendê-las é a essência do nosso negócio” (In Martin-Brower
World Class).
A base do relacionamento com os fornecedores foi pautada da mesma forma como com os
franqueados, tendo em vista sempre a lealdade, confiança e comprometimento. Como atesta
LOVE (1996), “... a cadeia não se acha presa por nenhum requisito legal a qualquer um de
seus fornecedores. Seus ’contratos‘ são firmados apenas com um aperto de mão, nunca por
escrito, mesmo com companhias cujos negócios dependem totalmente do McDonald’s”. A
negociação baseada em planilhas de custos abertas e a instalação de parcerias na área
operacional, como a construção do condomínio Food Town, em São Paulo, ilustram a
transparência e cooperação entre os diversos elos da cadeia de abastecimento.
Os principais fornecedores do sistema McDonald’s são: Martin-Brower, GSF, OSI, Simplot,
McCain, Schreiber, Fresh Start.
V
Consum
Franqui
Corpora
4 Conclusão
5. Referências bibliográficas
DORNIER, P.P., ERNST, R., FENDER, M. & KOUVELIS, P., Logística e operações
globais, São Paulo: Atlas, 2000.
FONTENELLE, I. A. O nome da marca. São Paulo, Boitempo Editorial, 2002.