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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE

UNIDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA

CURSO DE DIREITO

PROFESSORA: MARIA DE FÁTIMA SCHUMAKER WOLKMER

ACADÊMICA: THAIS AGUIAR SANTANA LAPA

RESENHA CRÍTICA

A presente resenha tem como escopo principal a análise do artigo escrito por
Boaventura de Souza Santos, publicado no site Outras Palavras em agosto de 2018, cujo tema
central baseia-se nos conceitos que nos faltam, sobretudo, naqueles voltados aos direitos
humanos, a democracia, a paz e ao progresso.

Inicialmente, faz-se mister aludir no que concerne aos conceitos, o que o jurista
português menciona a respeito, para ele, os conceitos originam-se quando os herdamos com o
objetivo de analisar ou avaliar o mundo em que vivemos, caso eles não existissem o mundo
pareceria caótico e muito pior do que ele realmente é.

Assim, verifica-se que os conceitos não retratam exatamente a realidade e a


vivência das pessoas, pelo contrário retratam os interesses dos grupos sociais, políticos,
econômicos e culturalmente dominantes, ainda que tais conceitos venham a ser matizados pelas
modificações que lhes vão sendo introduzidas pelos grupos sociais que resistem à dominação.

Não obstante, os conceitos serviriam para fundamentar e dar conta das


consequências potencialmente nefastas para a sociedade, excelente exemplo usado por
Boaventura consiste no fato da utilização do conceito de meio ambiente, utilizado em regra
pelas sociedades, culturas e economias que visam destruir o meio ambiente, isso porque, só
assim necessitariam deste termo, assim justifica também o porquê de tribos indígenas e
camponeses não fazerem o seu uso, uma vez que estes não demonstram referida intenção.
Ademais, Boaventura reflete mencionando que os conceitos nunca são neutros e
existem para consolidar os sistemas de poder, sejam eles velhos ou novos, contudo, possuem
prazo de validade insondáveis, vão se ressignificando, quer seja para que a classe dominante
disfarce ou legitime a sua dominação.

Vivenciamos uma época em que os grupos dominantes nunca tiveram tanto poder,
ao mesmo tempo em que, nunca sentiram tanto medo dos grupos dominados. Da mesma forma
que os grupos dominados por não inventarem novos conceitos e novas lutas acabam não
confiando em si mesmos, o que faz com que continuem sendo os seus próprios inimigos.

Assim, diante de supra aludida reflexão e de tal desgaste no que se refere aos
conceitos, o professor exemplifica citando os direitos humanos, criados com o intuito de
garantir uma sociedade mais justa, digna e igualitária, este não alcançou o seu objetivo, uma
vez que as sociedades ainda se mantêm no mesmo cenário, senão pior, onde a polarização
social entre ricos e pobres nunca foi tão grande, onde as guerras continuam a serem travadas,
bem como cada vez mais civis inocentes, majoritariamente do grupo dos dominados,
continuam morrendo. E o que mais deixa questionamentos e indignação é que grande parte das
brutalidades cometidas contra o bem-estar das minorias foram desempenhadas em nome dos
direitos humanos.

Do mesmo modo em que conceitos como paz, soberania e progresso também


sofrem o mesmo processo de desgaste e erosão, utiliza-se destes conceitos como biombos para
se esconder um mundo cada vez mais violento, desigual e alienado, em que se objetiva a paz,
entretanto, para alcança-la faz-se necessário a guerra.

Sucede-se que a forma como esses conceitos são criados e permanecem presentes
nas sociedades não tem que ser sempre a mesma, é necessário que as classes dominadas
continuem a luta para que esses conceitos possam ser verdadeiramente atingidos, que conceitos
como anti-fascimo, anti-capitalismo, anti-colonialismo sejam relembrados e possam ser
evidenciados nas suas lutas, para que assim possamos alcançar de fato uma sociedade mais
igualitária.

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