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1 INTRODUÇÃO
Em 2020, o Brasil assim como todos os países foram atingidos por uma pandemia
que surpreendeu pelas características inéditas do vírus, isso é , pela ubiquidade da ameaça,
que se caracteriza por ser um vírus que pode estar em qualquer pessoa, em qualquer lugar
e qualquer objeto. Essas características e seus impactos catastróficos materializados no
número de óbitos mobilizou nações inteiras para o enfretamento da maior crise após
segunda Guerra Mundial.
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Doutoranda em Serviço Social na PUC/RS. Mestra em Serviço Social pela PUC/RS, Professora na
Universidade Federal de Santa Maria / RS e integrante do Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre trabalho,
saúde e Intersetorialidade (NETSI/PUCRS). E-mail:nadiannamarques@gmail.com
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Doutora em Serviço social. Professora do curso de Serviço Social e do Programa de Pós-graduação
Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul/PUCRS e coordenadora do
Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre trabalho, saúde e Intersetorialidade (NETSI/PUCRS). E-mail:
maria.bellini@pucrs.br
Uma das ações propostas pelo Ministério da Saúde, ocorreu no dia 31 de março
de 2020, quando publicou a portaria nº 639 dispondo sobre a Ação Estratégica “O Brasil
Conta Comigo – Profissionais da Saúde”, voltada à capacitação e ao cadastramento de
profissionais da área de saúde para o enfrentamento à pandemia do coronavírus (COVID-
19), abrangendo diferentes categorias profissionais que atuam no rol da saúde, entre elas
o Serviço Social.
Desta forma, este artigo se constitui pela realização de uma revisão narrativa, e
reúne reflexões (com base em artigos acadêmicos, teses , dissertações e lives
recentemente publicadas) acerca da atuação do assistente social frente a situações de
desastres, tendo como base a situação da pandemia do COVID-19, vivenciada e
experimentada no cotidiano por diversos profissionais.
A palavra desastre3 tem sua origem no latim e provém do termo “disastro”, que
aporta a ideia de algo infortuno ou inesperado, calamidade e fracasso total. Porém, autores
como Green (1996), apontam que tal definição não proporciona uma amplitude necessária
para compreender um desastre diante de outras adversidades, sendo indispensável
aprimorar o seu desenvolvimento conceitual. O termo desastre foi muito discutido por
teóricos da Sociologia, e com importantes reflexões e contribuições para diversos campos
de discussão, especialmente no início do desenvolvimento dos estudos na área no Brasil
em meados de 1990. Quarantelli (1998) ressalta que discutir o conceito do termo desastre
não deve impor uma definição hegemônica, pois é complexo expressar em um conceito
as diferentes características encontradas nos variados processos de desastres. Acrescenta,
ainda, que áreas de estudo, como psicologia, sociologia e outras áreas, contribui com essa
temática, conduzindo suas discussões a partir de diferentes perspectivas.
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Definição conforme Oxford English Dictionary, 1987.
Com base nos autores supracitados, conceitua-se o termo emergência, como uma
situação de crise a qual está interfere nas atividades realizadas por um determinado grupo
de pessoas. Diferente da terminologia adotada para acidentes que determina situações
de menor estresse coletivo. Pois trata de eventos onde a ruptura acontece a grupos muito
específicos de vítimas, podendo ser considerado um grupo pequeno. O termo desastre
está implicado em um maior número de pessoas afetadas, apresentando uma abrangência
de ruptura das estruturas sociais e da infraestrutura comunitária, como, por exemplo, em
uma situação de terremotos ou epidemias e pandemias. Garcia-Renedo (2008) ainda
ressalta como características subjetivas: o potencial de afetar as crenças das pessoas que
ocasiona a perda do sentido de (in)vulnerabilidade; crença em um mundo justo e a
capacidade de gerar ansiedade diante da possibilidade de morte e sentimento de
insegurança quanto ao futuro. Essas características subjetivas podem se estender
indefinidamente
Compreendendo que durante um desastre causado por uma pandemia este afeta
toda uma sociedade pois desoculta expressões da questão social já vivenciadas
anteriormente aquela situação, e o serviço social enquanto profissão que atua e se dedica
a compreender as relações da dinâmica social e à intervenção nas expressões da questão
social, emerge como um profissional fundamental na contribuição de “ruptura com a
lógica objetivista hegemônica no campo dos desastres”. (DUTRA, p. 137, 2017)
Por não fazerem parte do quadro da instituição responsável por esta política, os
assistentes sociais são convocados apenas quando o desastre já aconteceu, limitando a
atuação profissional a serviços emergenciais, imediatos, limitados, residuais e
descontinuados.
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Fonte: Elaborado pelas autoras com base na lei de regulamentação da profissão n° 8.662/1993; Código de
Ética Profissional do/a Assistente Social e estudos recentes sobre a atuação profissional.
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4 CONCLUSÃO
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Ainda que seja um tema desafiador, este artigo busca ressaltar que é a partir do
cotidiano do assistente social, respaldado pelos aportes teóricos e normativos que
sustentam e legitimam esta profissão, que é possível contribuir nas situações de
calamidade pública, desastres, pandemias, acidentes para além de meros “interventores”,
orientados por uma perspectiva crítica de compreensão do mundo, fortalecendo que os
interesses da população afetada possam estar expressos em programas, projetos,
protocolos e ações mitigatórias.
REFERENCIAS
AVILA, Maria Roseli Rossi; MATTEDI, Marcos Antonio; SILVA, Maria Salete da.
Serviço Social e desastres: campo para o conhecimento e a atuação
profissional. Serviço Social & Sociedade, n. 129, p. 343-365, 2017.
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VARGAS, M.A. R. Reino da necessidade versus reino dos direitos: desafios e impasses
ao assistente social em contextos de desastres. In: SIQUEIRA, A. et al. (Orgs.). Riscos
de desastres relacionados à água. São Carlos: Rima, 2015.
VENTURA, deisy. Direito a saúde global – o caso da pandemia de gripo H1N1. São
Paulo, editora Dobra, 2013
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