Você está na página 1de 5

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 30ª VARA DO

TRABALHO DO RIO DE JANEIRO.

PROCESSO N: 0045784-98.2021.8.19.0011

CARLOS ROSA, brasileiro, solteiro, inscrito no CPF sob o


nº 010.241.635-89, residente e domiciliado à Rua Aquari, nº 120,
Bloco 2, Apto 104, Taquara/RJ, (qualificação e endereço completo com
CEP), irresignado com a sentença de fls. xx, vem, respeitosamente, a presença
de Vossa Excelência, apresentar seu RECURSO ORDINÁRIO, com fulcro no
art.895, I CLT, nos autos que move em face de VENDE MAIS BRASIL, já
qualificado, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.
No mais, requer o Recorrente a certificação do preenchimento dos
requisitos intrínsecos e extrínsecos do presente recurso, e logo após, que seja
remetido este ao Egrégio Tribunal Regional do Trabalho, em seus efeitos de
praxe.

Termos em que,
Pede deferimento.
Local, data
Advogado
OAB-UF.
RAZÕES RECURSAIS
EGRÉGIA TURMA RECURSAL

RECORRENTE: Carlos Rosa


RECORRIDO: Vende Mais Brasil

I – DA SÍNTESE FÁTICA
Relata o Recorrente que laborou para a Reclamada de 20/04/2018 a
20/04/2020, na função de vendedor de eletrodomésticos.
Nestes dois anos de contrato de trabalho, houve diversas mudanças de
horários, assim como diminuição de seu salário sem o seu consentimento.
Inicialmente o Reclamante recebia o valor de R$ 2200,00 (dois mil e
duzentos reais) registrado na carteira. Após 8(oito) meses de atividade, seu
salário diminuiu para R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) sem sua anuência,
muito embora ganhasse “por fora” a diferença do valor pactuado à época da
contratação.
Por fim, no ato da assinatura do termo de rescisão foi descontado
indevidamente o período de 30 (trinta) dias do aviso prévio pelo empregador, em que
pese tenha informado ao mesmo o interesse no desligamento da empresa e laborado
à época do cumprimento. Registra-se, que o termo fora assinado pelo
empregado, uma vez que foi coagido a fazê-lo, sob pena de não receber o que
era devido.
Com isso, ingressou com a presente demanda para resguardar seus direitos,
ocorre que o juízo de 1º grau julgou improcedente o pedidos do Reclamante, pois
supostamente não teria comprovado os fatos alegados.
Ante o exposto JULGO IMPROCEDENTE o pedido
inicial na forma do art.847, I CPC. Anote-se o nome do
patrono indicado pelo réu para fim de futuras
publicações.

Mediante a improcedência, pugna o Recorrente pela reforma do julgado nos


termos abaixo.

II - DOS MOTIVOS DA REFORMA DO JULGADO

II.I - DA ALTERAÇÃO PREJUDICIAL DO CONTRATO DE TRABALHO - REDUÇÃO


ILÍCITA DO SALÁRIO DO EMPREGADO

Em que pese o Recorrente ter em sua CTPS com remuneração de


R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais), saliente-se que a alteração contratual
realizada pela Reclamada causou danos aos interesses do empregado, eis que após 8
meses de jornada de trabalho, o Recorrente teve seu salário reduzido para R$
1.500,00 (mil e quinhentos reais), sofrendo defasagem em seu salário no valor de R$
700 (setecentos reais), sem sua anuência.

Ressalte-se que a conduta da Recorrida reflete o seu descaso e a


sua má-fé para com o Recorrente, uma vez que por ter o salário natureza alimentar e
constituir fonte de sobrevivência para o trabalhador e sua família, recebe proteção
constitucional e da legislação infraconstitucional contra a irredutibilidade salarial.

Destaca-se:

Art. 7º CRFB/1988 – São direitos dos trabalhadores


urbanos e rurais, além de outros que visem a melhoria de
sua condição social:

VI – irredutibilidade de salários, salvo o disposto em


convenções e acordo coletivo de trabalho.

Art. 468 da CLT – Nos contratos individuais de trabalho só


lícita a alteração das respectivas condições por mútuo
consentimento, e, ainda assim, desde que não resultem,
direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena
de nulidade da cláusula infringente desta garantia. (grifo
nosso)

 
Na lição de Maurício Godinho Delgado:
 
“O princípio da irredutibilidade salarial traduz a
incorporação pelo Direito do Trabalho, do princípio geral
da inalterabilidade dos contratos, “pacta sunt servanda”,
sendo este sua matriz”.

 
Note-se que a redução salarial causa – inequivocamente - uma série
de prejuízos ao sustento do Recorrente, dessa forma, a alteração salarial deve ser
declarada nula, face ao princípio da irredutibilidade salarial insculpido no art. 7º, VI da
Constituição Federal de 1988.
Destarte, requer o Reclamante à reforma da sentença para que haja
a condenação da Recorrida ao pagamento da diferença salarial, observadas as
alterações salariais constantes da CTPS ora em anexo, a fim de ter satisfeito seu
correto pagamento.

II.II - DO AVISO PRÉVIO – DESCONTO INDEVIDO

O Recorrente foi descontado indevidamente o período de 30 dias de


aviso prévio, pela Recorrida. Em que pese tenha informado o interesse no
desligamento da empresa e laborado a época do cumprimento.
Mais uma vez, é cristalina a má-fé da Recorrida, que a todo tempo
tenta prejudicar o Recorrente.
Senão vejamos:
Art. 487 CLT- Não havendo prazo estipulado, a
parte que, sem justo motivo, quiser rescindir o
contrato deverá avisar a outra da sua resolução
com a antecedência mínima de:

§ 2º - A falta de aviso prévio por parte do


empregado dá ao empregador o direito de
descontar os salários correspondentes ao
prazo respectivo.

Como exposto anteriormente, o Recorrente comunicou com


antecedência a Recorrida que queria se desligar da empresa e cumpriu todo o aviso.
O Recorrente preencheu todos os requisitos para que não lhe fosse
aplicado nenhum desconto, porém, a Recorrida agiu como se tivesse dado causa,
como exposto no art. 884 CC “ Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores
monetários.”

Portanto, como o Recorrente atendeu todos os requisitos da lei, faz jus a


reforma da Sentença para que receba o que lhe foi descontado.

II.III - DO VÍCIO NO DISTRATO

Como já reconhecida as práticas abusivas da Recorrida, fica fácil


perceber que a mesma coagiu o Recorrente para que assinasse o termo, caso
contrário, ficaria sem receber verba alguma.
Receoso e desamparado, o Recorrente não viu outra saída a não ser
assinar o termo. Vejamos como aborda o CC sobre o assunto:
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da
vontade, há de ser tal que incuta ao paciente
fundado temor de dano iminente e considerável
à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens

Assim, sendo houve assédio moral, o assédio moral considerado como


uma conduta hostil, intimidatória, constrangedora e humilhante, por meio da
degradação das condições de trabalho, constitui-se em ato irregular e amoral a
conduta da Reclamada em prejuízo do Recorrente, visto ser ofensivo aos direitos da
personalidade, mormente aqueles referentes à intimidade, integridade moral e à
imagem.

Desta feita, considerando o nível de perversidade moral a que fora


submetido ser demasiadamente agressivo, resta evidentemente caracterizado o
assédio moral.

II.IV - DA COMPROVAÇÃO DO ÔNUS DA PROVA


Como pode-se observar, estão presentes nos autos todos os meios
constitutivos de direito do Recorrente, conforme em anexo é trazida diversas provas
documentais, garantindo o direito do Recorrente.
Haja vista ter atendido o art. 818 da CLT “ Art. 818. O ônus da prova
incumbe: ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)”, não merece prosperar a sentença proferida.

III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer o Recorrente, que seja recebido o presente


recurso, em seus efeitos de praxe, requerendo a parte Recorrente que o Recorrido
efetue o pagamento das diferenças das verbas trabalhistas e previdenciárias devido a
alteração contratual; que o Recorrido efetue o pagamento do aviso prévio de 30 dias e
por fim, requer a anulação da rescisão contratual uma vez eu estava eivada de vícios.
Por fim, que seja a Recorrida condenado ao pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios.

Termos em que,
Pede Deferimento.
Local, data
Advogado
OAB-UF.

Você também pode gostar