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Caderno

temático

1
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ

O diálogo na efetivação
da Gestão Escolar
Democrática
PONTA GROSSA
2008
C A DE R N O T E M Á T I CO 1

O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO


ESCOLAR DEMOCRÁTICA

PROBLE- DEFINIÇÃO
MATIZAÇÃO DO OBJETO
DO TEMA DE ESTUDO

GESTÃO
ESCOLAR
DEMO-
CRÁTICA

Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática


Área de concentração: Gestão Escolar
Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz
Orientadora: Profª Ms. Maria José Bastos Martins
 Secretaria de Estado da Educação do Paraná
Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde
CEP 80240-900 Curitiba-PR
Tel.: (041) 3340-1500

]
CADERNO TEMÁTICO 1

O diálogo na
efetivação da
Gestão Escolar
Democrática

Capítulo I Capítulo II Capítulo III

Problematização do Definição do objeto A Gestão Escolar


tema de estudo Democrática

CADERNO TEMÁTICO 2

Buscando a
ressignificação dos
processos
pedagógicos

Capítulo I Capítulo II Capítulo III


Formação O Conselho de
O Projeto Político Continuada de Classe e a Avaliação
Pedagógico Professores da Aprendizagem
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................... 4

CAPÍTULO 1

Problematização do tema:
- Problematização, contextualização e objeto de estudo............... 8

CAPÍTULO 2

Definição do objeto de estudo:


- Importância da Gestão Escolar Democrática e a
ressignificação dos processos pedagógicos centrais.
- Princípio metodológico: a dialogicidade, fundamentada em
Paulo Freire ................................................................................ 13

CAPÍTULO 3

A Gestão Escolar Democrática:


- Gestão Democrática: o diálogo e a instâncias colegiadas.
- Ressignificação dos processos pedagógicos centrais: a
busca de qualidade e de eficácia ........................................ 17

REFERÊNCIAS .............................................................. 34
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática

Introdução

Í C O N E S
Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o
Informações valiosas mundo pela magia de nossa palavra. O professor, assim, não
 Teste seu conhecimento morre jamais... (ALVES, 2000).

 Atividades on-line

T
Atividades práticas
endo em vista que entre sociedade e escola acontece uma relação
dialética, isto é, o que acontece na sociedade reflete diretamente
na escola e vice versa, e como a sociedade nos dias atuais se apresenta
...a dialogicidade
– essência da muito conturbada, percebe-se que cada vez mais, os relacionamentos
educação como humanos, inter e extra escolar, vêm sendo prejudicados. Se faz
prática da
liberdade. necessário que os gestores e a comunidade escolar estejam atentos a
FREIRE, 1981. essas exigências1, que apresentem propostas e oportunizem a discussão
das mesmas com todas os envolvidos no cotidiano da escola, de modo
que o trabalho se realize de maneira eficiente, por terem encontrado
significado no que fazem, o que certamente levará a obtenção de
melhores resultados. A proposta desse estudo é a de refletir sobre a
Gestão Escolar Democrática, no sentido de resgatar o diálogo entre os
gestores escolares e as instâncias colegiadas que constituem a
comunidade escolar.
Segundo Alves, 2000, a palavra do professor é um importante
instrumento nesse processo, pois o educador se imortaliza na formação

1Exigências que se configuram como: a formação de um aluno crítico, preparado para o


exercício da cidadania; a participação de uma comunidade aprendente com a compreensão do
mundo que a cerca, na busca de uma sociedade mais justa.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

dos educandos, sendo o mediador entre o conhecimento elaborado e a


integração dos mesmos na sociedade em que vivem.
O objeto de estudo proposto é a gestão escolar democrática e a
ressignificação dos processos pedagógicos, tendo por princípio
metodológico a dialogicidade, fundamentando as análises na teoria de
Freire (1981, p. 89) “a dialogicidade – essência da educação como prática
da liberdade”. Consultamos outros autores, tais como: Gadotti, 2001,
Libâneo, 2001, Paro, 2004 e Ferreira, 2004, que abordam essa temática.
Este caderno temático faz parte da produção do material
pedagógico no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que

...é uma política pública que estabelece o diálogo entre os


professores da Educação Superior e os da Educação Básica,
através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo
É urgente a como resultado a produção de conhecimento e mudanças
necessidade de qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense.
Tem por objetivo proporcionar aos professores da rede
repensar a pública estadual subsídios teórico-metodológicos para o
educação, desenvolvimento de ações educacionais sistematizadas, e
buscando a que resultem em redimensionamento de sua prática na
ressignificação dos modalidade Educação a Distância – EaD, como meio de
formação de Grupos de Trabalho em Rede. (PARANÁ,
processos 2007)
pedagógicos.
Este programa de formação continuada para professores que
atuam na escola pública do Estado do Paraná, orientados pelas
Instituições de Ensino Superior consta de: Fundamentação Teórica,
Trabalho em Rede, Produção de Material Didático e Intervenção na
Escola.
Desta forma para a implementação da intervenção na escola será
oportunizado o diálogo com os gestores e a comunidade escolar. O

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

plano de trabalho será apresentado, socializado e discutido, visando à


proposta de intervenção no contexto escolar.
A proposta de intervenção trata da ressignificação dos processos
pedagógicos, levando em conta a necessidade da realização de uma ação
coletiva, dialógica e interativa das pessoas envolvidas, dentro do
contexto da sociedade atual e da realidade da comunidade escolar,
buscando a formação continuada dos profissionais da educação para a
melhoria das relações humanas e o desempenho de um trabalho
eficiente, eficaz e prazeroso, que tenha como reflexo uma melhor
aprendizagem dos alunos.
O foco dos questionamentos e das tarefas propostas é o diálogo.
A metodologia deste trabalho dar-se-á inicialmente com a reflexão
individual, a seguir diálogo com o colega e posteriormente no grupo,
onde far-se-á a discussão e socialização das idéias levantadas, e
O exercício do finalmente a elaboração da síntese com o registro do pensamento crítico
diálogo fortalece
os laços de resultante das discussões e do diálogo do grande grupo.
amizade e Com o objetivo de situar o leitor, apresentamos os capítulos que
favorece a troca
compõem o Caderno Temático 1.
de experiências.
No Capítulo I, abordamos a problematização do tema
contextualizando-o em relação à proposta e ao objeto de estudo,
considerando o diálogo como forma de expressão do ser humano e
recurso importante para a democratização da escola.
No Capítulo II, a metodologia da dialogicidade é apresentada,
tendo em vista os processos de mudanças educacionais que vem
ocorrendo em nossa sociedade, levantando questionamentos sobre as
posturas de inovação que os educadores devem assumir.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

A Gestão Escolar Democrática é discutida em profundidade no


Capítulo III, onde o leitor se familiarizará com as propostas de Freire,
prioritariamente, complementadas por conceituados autores que
possuem concepções semelhantes como Paro, Libâneo e outros.
No Caderno 1 o aprofundamento é na Gestão Escolar
Democrática e no Caderno 2, a proposta é de discussão e de diálogo dos
encaminhamentos, visando a ressignificação dos processos pedagógicos
centrais: o Projeto Político Pedagógico, a Formação Continuada de
Professores, o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

CAPÍTULO 1

Problematização do tema

C onsiderando ser o diálogo uma das formas de expressão do ser


humano que permite a manifestação de suas idéias com os
demais, e sendo o homem um ser eminentemente social, é
necessário que esta relação aconteça de forma harmoniosa, entretanto,
percebe-se que o diálogo vem sendo prejudicado nas escolas, devido a
uma série de fatores que podem ser apontados como prováveis causas
O diálogo é uma para que este fenômeno aconteça, tais como: o isolamento; a limitação
das formas de do papel do professor; o individualismo; a falta de espaço e tempo para
expressão do ser
humano que discussão e construção de novas propostas; o conservadorismo de
permite a alguns, cuja postura é de resistência à inovação e a mudança de
manifestação de
concepção; a baixa estima que muitas vezes assola o ambiente de
suas idéias com
os demais. trabalho; resultando numa ação repetitiva, sem reflexão, apresentando
resultados nem sempre satisfatórios.

• Anote suas expectativas em relação à proposta apresentada,


 fundamentada no diálogo.
• Estabeleça um diálogo com seu colega sobre a pedagogia da práxis:
• O que é práxis?
• Qual a importância do diálogo, segundo Paulo Freire?
• Existe diálogo em sua escola?

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Segundo Gadotti (2001, p. 28-30).

A pedagogia da práxis é a teoria de uma prática pedagógica


que procura não esconder o conflito, a contradição, mas,
ao contrário, os afronta, desocultando-os. Mas, a pedagogia
da práxis não é uma pedagogia inventada a partir do nada.
Ela já tem uma história. Ela se inspira na dialética. [...]
Conflito é uma categoria que continuo utilizando como
essencial a toda a pedagogia: o papel do pedagogo é educar
e educar supõe transformar e não há transformação
pacífica. Ela é sempre conflituosa. É sempre ruptura com
alguma coisa, com preconceitos, com hábitos, com
comportamentos, etc. [...] Ela continua sendo minha
pedagogia, a pedagogia que procuro praticar, mesmo
reconhecendo as dificuldades. Nem sempre estamos
dispostos a enfrentar o conflito. Nem sempre estamos
dispostos a assumir o ônus de nos envolver, de assumir o
risco do engajamento. Mas só assumindo esse risco é que
podemos nos tornar educadores. O educador é aquele que
não fica indiferente, neutro, diante da realidade. Procura
intervir e aprender com a realidade em processo. O
conflito, por isso, está na base de toda a pedagogia.
O referencial maior dessa pedagogia é a práxis, a ação
transformadora. [...] Práxis, em grego, significa literalmente
ação. [...]
A pedagogia da A pedagogia da práxis pretende ser uma pedagogia para a
práxis pretende ser educação transformadora.
uma pedagogia
para a educação De acordo com a citação acima, e tendo em vista ser a escola um
transformadora.
GADOTTI, 2001 espaço privilegiado para que as relações aconteçam, se faz necessário
oportunizar o diálogo entre os partícipes2 e envolvidos3 no trabalho da
educação, objetivando a efetivação de uma gestão escolar democrática e
visando a ressignificação dos processos pedagógicos.
Neste contexto, vejamos o que afirma Oliveira (1997, p. 44)

Melhorar a qualidade da educação vai muito além da


promoção de reformas curriculares, implica, antes de tudo

2Partícipes: participam, discutem e assumem tarefas, se propõem a contribuir para mudanças.


3Envolvidos: estão presentes, comparecem ao chamado, mas não ascendem ao nível de
partícipes.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

trabalho na escola, que não apenas se contraponham às


formas contemporâneas de organização e exercício do
poder, mas que constituam alternativas práticas possíveis de
se desenvolverem e de se generalizarem, pautadas não pelas
hierarquias de comando, mas por laços de solidariedade,
que consubstanciam formas coletivas de trabalho,
instituindo uma lógica inovadora no âmbito das relações
sociais.

Analisando a forma como esta autora aborda a questão da


educação, apontando propostas inovadoras de mudança para melhoria
do trabalho escolar em todos os seus aspectos, nos sugere que para a
consolidação dessas propostas será necessária uma ampla
conscientização, desde as estruturas de poder com políticas educacionais
mais condizentes com o que a sociedade atual está a exigir, passando
pela reorganização de todo o trabalho da escola, inclusive a formação
continuada dos educadores, levando-os a perceber a necessidade de uma
mudança de concepção, e a partir daí, desde as ações mais simples até as
mais complexas do trabalho escolar poderão evidenciar tais mudanças,
alcançando resultados qualitativamente mais eficientes.
Todas as ações
são importantes
no trabalho
escolar, desde as Leitura complementar:
mais simples até
as mais O Bambu Chinês
complexas.
Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por
aproximadamente 5 anos, exceto um lento desabrochar de um diminuto broto a
partir do bulbo.
Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu,
mas uma maciça e fibrosa estrutura de raiz que se estende vertical e

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

horizontalmente pela terra está sendo construída. Então, no final do 5º ano, o


bambu chinês cresce até atingir a altura de 25 metros.
Um escritor de nome Covey escreveu:
"Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu
chinês. Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir
seu crescimento, e às vezes não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas se
tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano
chegará, e com ele virão um crescimento e mudanças que você jamais esperava."
O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de
nossos projetos e de nossos sonhos. Em nosso trabalho especialmente, que é um
projeto fabuloso que envolve mudanças de comportamento, de pensamento, de
cultura e de sensibilização, devemos sempre lembrar do bambu chinês para não
desistirmos facilmente diante das dificuldades que surgirão.
Procure cultivar sempre dois bons hábitos em sua vida: a Persistência e
Devemos ter a Paciência, pois você merece alcançar todos os seus sonhos!4
consciência de
que cada
educando tem o Sugestão metodológica:
seu tempo para
aprender.
Após a leitura do texto acima:
1. Reflita individualmente sobre as possíveis mudanças que poderão
ocorrer em sua escola, registrando em seu caderno.
2. Dialogue com um colega sobre o que você refletiu e registrem o
consenso.

4 METÁFORAS. Disponível em
http://www.pensamentopositivo.com.br/metaforas/bambuchines.html acessado em
9/11/2007 às 16h.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

3. Reúna-se com o grupo de sua escola, socializando as discussões,


registrando os encaminhamentos que o grupo todo sugere, que
sejam viáveis de serem implementadas.

Liste, de três a cinco, propostas de mudanças que o grupo se propõe a


 fazer:

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

CAPÍTULO 2
Definição do objeto de estudo

O
objeto de estudo, deste caderno temático é a Gestão Escolar
Democrática e a ressignificação dos processos pedagógicos
centrais, tendo por princípio metodológico a dialogicidade,
fundamentada na proposta de Paulo Freire.
Sabemos que a educação, hoje, enfrenta sérios desafios devido ao
Paulo Freire
descompasso sofrido com as mudanças abruptas da sociedade nas
últimas décadas, final de século e início deste novo milênio.
É urgente a necessidade de repensar a educação, buscando a

ressignificação dos processos pedagógicos, numa perspectiva
inovadora de modo a responder aos anseios impostos por essa mesma
sociedade. Neste momento, encontramos elucidação na proposta de

Não é no Freire (1981, p. 91) “a propósito da educação problematizadora, parece-


silêncio que os nos indispensável tentar algumas considerações em torno da essência do
homens se
diálogo”.
fazem, mas na
palavra, no Ele enfatiza a palavra pensada, verdadeira que nos leve à ação,
trabalho, na reflexão e resulte numa ação transformadora.
ação-reflexão.
FREIRE, 1981. A partir dessas reflexões, considera-se que as finalidades desta
proposta metodológica de dialogicidade, além de favorecer o
relacionamento interpessoal, intrapessoal, o profissionalismo interativo e
a colaboração, poderão contribuir para que os gestores, juntamente com
os demais educadores, funcionários e todas as instâncias colegiadas
estejam em sintonia, reunindo-se periodicamente, realizando o

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

levantamento de toda a problemática da escola, discutindo e


apresentando propostas, para que juntos e cooperativamente possam
buscar os encaminhamentos para a realização das mesmas, com
distribuição de tarefas, de modo que cada um realize o seu trabalho com
competência, satisfação e produtividade.

Leitura complementar:

Persistência x Mudanças5

Contam que certa vez, duas moscas caíram num copo de leite. A primeira
era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Mas como a
superfície era muito lisa e ela tinha suas asas molhadas, não conseguiu sair.
Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de nadar e se debater e

É pensando afundou.
criticamente a Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz.
prática de hoje
Continuou a se debater, a se debater e a se debater por tanto tempo, que, aos poucos o
ou de ontem que
se pode melhorar leite ao seu redor, com toda aquela agitação, foi se transformando e formou um
a próxima pequeno nódulo de manteiga, onde a mosca tenaz conseguiu com muito esforço subir e
prática.
FREIRE, dali alçar vôo para algum lugar seguro.
1996. Durante anos, ouvi esta primeira parte da história como elogio à
persistência, que, sem dúvida, é um hábito que nos leva ao sucesso, no entanto...
Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido ou acidente, novamente caiu no
copo. Como já havia aprendido em sua experiência anterior, começou a se debater, na
esperança de que, no devido tempo, se salvaria. Outra mosca, passando por ali e

5 MUNDO DAS METÁFORAS, 2007.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou: "Tem


um canudo ali, nade até lá e suba por ele" A mosca tenaz não lhe deu ouvidos,
baseando-se na sua experiência anterior de sucesso e, continuou a se debater e a se
debater, até que, exausta, afundou no copo cheio de água.
Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de notar as
mudanças de ambiente e ficamos nos esforçando para alcançar os resultados esperados,
até que afundamos na própria falta de visão? Fazemos isso quando não conseguimos
ouvir aquilo que quem está de fora da situação nos diz.

Sugestão metodológica:

Utilizando a técnica Phillips 22 6 ou técnica do zunzum vamos


discutir sobre a metodologia da dialogicidade, tendo como pano de
fundo a metáfora Persistência x Mudanças sobre estas questões:
Ensinar • O que você entende por metodologia da dialogicidade proposta por
exige Paulo Freire e como ela poderá contribuir para a Gestão Escolar
disponibilida Democrática?
de para o • Os educadores de sua escola possuem predisposição às mudanças?
• Quais as sugestões propostas?
diálogo.
FREIRE, Componentes:
1996. • Um coordenador, um secretário e demais participantes.

Passos:
1. Formam-se grupos de dois componentes, que passam a dialogar
por dois minutos (ou mais) sobre a questão problemática
proposta acima, anotando em uma folha as suas conclusões.

6 NÉRICI, 1981, p. 248-250.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

2. Terminado o tempo o coordenador pede que cada grupo


comunique as conclusões a que chegaram. Um dos componentes
do grupo faz a leitura das anotações, enquanto o secretário faz o
seu registro brevemente no quadro de giz ou no flip shart.
3. Depois que os grupos se expressaram, o coordenador orienta
uma discussão sobre as idéias levantadas, para que todos
cheguem a um consenso a respeito da questão proposta.
4. É possível levantar outras sugestões em relação ao tema
proposto, ou mesmo que a dupla retorne para um novo diálogo,
caso seja necessário.

 Registre as idéias levantadas no grupo e na plenária:

O trabalho
coletivo é
relevante para a
garantia do
sucesso das
propostas
pedagógicas.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

CAPÍTULO 3
A Gestão Escolar Democrática

E stamos vivendo em uma sociedade secularizada que vem, ao


longo do tempo, sofrendo mudanças, sendo que nas últimas
décadas essas mudanças se tornaram mais radicais e profundas,
ocasionadas pela aceleração da evolução nos setores econômico, técnico-
científico, cultural, filosófico, social e político, além de outros fatores,
geradores de conflitos, como o aumento da violência, decorrente da crise
social, pela qual estamos passando.
Na atual sociedade Essas transformações se processam tão rapidamente que afetam e
de informação, de
comprometem a vida de todos os seres humanos, o meio ambiente, as
cultura globalizada
e acesso rápido às instituições sociais, as relações de trabalho e as relações sociais, causando
pesquisas; forte impacto pela aplicação das novas tecnologias, o que acarreta a
precisamos estar
atentos às mudança de hábitos, valores e tradições.
inovações e, ao A sociedade se apresenta desigual, injusta e se caracteriza por uma
mesmo tempo, não
sociedade de informação, destacando-se os meios de comunicação de
perder de vista as
finalidades da massa, que proporcionam com muita facilidade uma intensa gama de
educação pública. informações positivas, quando facilitam o acesso ao conhecimento e
negativas, quanto distorcem os valores, essenciais à vida, ocasionando a
perda destes mesmos valores, prejudicando os relacionamentos
humanos.
Está presente também na sociedade de hoje, a cultura globalizada
que interfere diretamente na economia interna e externa dos países,

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

gerando exclusão, desemprego, desestrutura familiar e social.

Nesse contexto, a educação e a formação de profissionais,


que são constituídas e constituintes das relações sociais,
reduzem-se ao economismo do emprego e da
empregabilidade, da eficiência e da eficácia, da
competitividade, da produtividade e conseqüente entropia da
formação humana e da cidadania. As políticas públicas,
emanadas do Estado, anunciam-se nesse “paradigma” e,
meditatizadas por lutas, pressões e conflitos, abrem-se a
“possibilidades” para implementar sua “face social”.Nesse
contexto de tal gravidade, a gestão da educação, como
tomada de decisões, utilização racional de recursos para
a realização de determinados fins [...] necessita ser repensada
e ressignificada ante a “cultura globalizada”, a partir dessas
determinações e à luz dos compromissos com a
fraternidade, a solidariedade, a justiça social e a construção
humana do mundo. (FERREIRA, 2004, p. 1231)

Neste contexto social em que se evidencia a deteriorização dos


relacionamentos humanos, torna-se cada vez mais complexa a atividade
educativa, tendo em vista que se pretende formar os educandos para a
vivência e transformação desta sociedade, com igualdade de
A escola é oportunidades realizando–se como cidadãos plenos. Para tanto, se faz
um espaço urgente repensar a educação frente à imposição destes desafios,
privilegiado
para que as buscando a ressignificação dos processos pedagógicos de forma que na
relações comunidade escolar haja a participação de todas as pessoas que nela
aconteçam.
atuam, num constante refletir de suas ações em conjunto, tendo
consciência e percepção do mundo que a cerca e do momento social que
estão vivendo, na tentativa de que o trabalho educativo possa se tornar
mas significativo e prazeroso e, consequentemente, apresentar
resultados mais eficientes/eficazes.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

A nossa proposta nesse estudo é a de implementar na escola


 uma gestão democrática que oportunize o diálogo entre as
instâncias colegiadas, visando a ressignificação dos processos
pedagógicos centrais e configurando-se como um caminho que direcione
para uma educação com resultados qualitativos e eficazes.

Temos como princípios que norteiam a gestão democrática:


- Descentralização: A administração, as decisões, as ações
devem ser elaboradas e executadas de forma não
hierarquizada.
- Participação: Todos os envolvidos no cotidiano escolar
devem participar da gestão: professores, estudantes,
funcionários, pais ou responsáveis, pessoas que participam
de projetos na escola, e toda a comunidade ao redor da
escola.
- Transparência: Qualquer decisão e ação tomada ou
implantada na escola têm que ser de conhecimento de
todos.
A Gestão Democrática é formada por alguns componentes
básicos: Constituição do Conselho escolar; Elaboração do
Princípios que Projeto Político Pedagógico de maneira coletiva e
norteiam a gestão participativa; definição e fiscalização da verba da escola pela
democrática: comunidade escolar; divulgação e transparência na
prestação de contas; avaliação institucional da escola,
- Descentralização professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica; eleição
- Participação direta para diretor (a) 7.
- Transparência
Portanto, a Gestão Democrática pressupõe a participação de
todas as instâncias colegiadas nas decisões. A Figura 1 sobre decisão
partilhada demonstra a visão do Ministério da Educação do Brasil
(MEC, 2007) em relação ao tema. Vamos fazer uma leitura e refletir
sobre estes conceitos?

7 WIKIPÉDIA. Gestão Escolar. Disponível em


http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica acessado em 09/11/2007
às 17h.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

FIGURA 1: Decisão partilhada (MEC, 2007)

Registre suas idéias



A gestão escolar
democrática
pressupõe a
participação de
todas as instâncias
colegiadas nas
decisões.
A seguir, vamos observar a Figura 2, sobre Gestão Escolar
Democrática, proposta pela Secretaria de Estado da Educação, na
Coordenação de Apoio a Direção e Equipe Pedagógica – CADEP,
procurando comparar com os conceitos apresentados pelo MEC.

20
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Figura 2: Gestão Democrática na Escola (MAIA, 2007; BOGONI, 2007)


É importante que
as pessoas
participem da Segundo Maia, 2007; Bogoni, 2007, a relação entre as pessoas é uma
discussão, em relação horizontal, uma relação entre iguais. Dessa forma, não se deve negar o outro,
igualdade de
condições, sem ter senão estará negando a si próprio. A liberdade de expressão deve ser
receio de expor privilegiada na Gestão Escolar Democrática.
posições
Os gestores devem proporcionar a comunidade escolar o acesso e
contrárias.
a participação nas decisões, visando o bem coletivo. É importante que as
pessoas participem da discussão, em igualdade de condições, sem ter
receio de expor posições contrárias.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Sugestão metodológica:

Convidamos o grupo para assistir o filme Coach Carter - Treino para


a Vida, onde vamos perceber alguns conceitos de Gestão Escolar.
 Poderemos estabelecer analogias dos conceitos de decisão partilhada, de
acordo com a Secretaria de Educação Básica – MEC, com os conceitos
de gestão escolar democrática proposta pela Secretaria de Estado da
Educação do Paraná e o filme. Registre suas reflexões na ficha em
anexo, em seguida vamos nos organizar para um debate.

Acesse também:
• Portal MEC/BR – Escola de Gestores:
http://portal.mec.gov.br/seb
• Portal SEED/PR - CADEP:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep

 Registre suas conclusões:

Todos nós
somos feitos
para brilhar
como as
crianças o Nosso mais profundo medo não é o de sermos
fazem. inadequados. Nosso mais profundo medo é o de sermos
GONZALEZ, poderosos além da medida. É a nossa luz, não nossa
2005 escuridão, que nos amedronta. Pensar pequeno não ajuda o
mundo. Não tem nada de esclarecedor em se diminuir para
que as pessoas não se sintam inseguras ao seu lado. Todos
nós somos feitos para brilhar como as crianças o fazem.
Não está apenas em alguns de nós; está em todos. E
quando deixamos nossa luz brilhar, inconscientemente
damos permissão para que outras pessoas façam o mesmo.
Como estamos livres dos nossos próprios medos, nossa
presença automaticamente faz os outros se libertarem. Por
Timo Cruz (Rick Gonzalez) no filme “Coach Carter” 8.

8Tradução livre de MENEZES. Disponível em http://blog.kelmamazziero.com.br/page/4/


acessado em 11/11/2007 às 19h.

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O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Legislação que rege a gestão democrática:


Constituição Federal de 1988:
Art. 206: O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
VI - gestão democrática do ensino público na forma da
Lei.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº.


9394/96:
Art. 3º: O ensino será ministrado com base nos seguintes
princípios:
VIII – gestão democrática do ensino público, na forma da
Lei e da legislação dos sistemas de ensino.
Art. 14: Os sistemas de ensino definirão as normas de
Gestão Democrática (...):
I – participação dos profissionais da educação na
elaboração da proposta pedagógica;
A educação II – participação das comunidades escolar e local em
problematizadora se conselhos escolares ou equivalentes.
faz, assim, um esfôrço Art. 15: Os sistemas de ensino assegurarão às escolas
permanente através progressivos graus de autonomia pedagógica,
administrativa e de gestão financeira.
do qual os homens
vão percebendo, Deliberação 16/99, CEE/PR
criticamente, como Art. 4º : A comunidade escolar é o conjunto constituído
estão sendo no mundo pelos corpos docente e discente, pais de alunos,
funcionários e especialistas, todos os protagonistas da ação
com que e em que se educativa em cada estabelecimento de ensino.
acham. Parágrafo Único: A organização institucional de cada um
FREIRE, desses segmentos terá seu espaço de atuação reconhecido
1981. pelo regimento escolar.
Art. 5º: A direção escolar tem como principal atribuição
coordenar a elaboração e a execução da proposta
pedagógica, eixo de toda e qualquer ação a ser
desenvolvida pelo estabelecimento.
Art. 6º: A gestão escolar da escola pública, como
Alunos decorrência do princípio constitucional da democracia e
colegialidade, terá como órgão máximo de direção um
colegiado.

Direção .
Pais e
Profes-
A legislação, acima citada, é bem clara no sentido de que os
Comuni-
dade sores
trabalhos a serem realizados na escola devem se pautar pelos princípios

23
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

da democracia e serem realizados de forma coletiva. Entretanto não


basta estar na legislação, é necessário efetivá-la na prática.
Comuni- A literatura que trata da temática, nos apresenta vários conceitos
Gestores dade
Escolar sobre gestão democrática, mas para fundamentar este trabalho, optamos
pelo conceito defendido por Libâneo (2001, p.131-132), para esse autor:

Proces-
sos
Alunos
a gestão democrática participativa valoriza a participação
pedagó-
gicos
da comunidade escolar no processo de tomada de decisão ,
concebe a docência como trabalho interativo, aposta na
construção coletiva dos objetivos e das práticas escolares,
no diálogo [grifo meu] e na busca de consenso .

Portanto, considera-se especificamente relevante esta citação pelo


A verdadeira
revolução, cedo ou fato de que a mesma respalda a proposta apresentada, enfatizando a
tarde, tem de importância do trabalho coletivo9 na escola.
inaugurar o diálogo
corajoso com as
massas. Sua Observe que apresentamos vários diagramas, no decorrer deste capítulo,
legitimidade está  procure identificar as suas semelhanças e diferenças, em relação a
no diálogo com dialogicidade na Gestão Escolar Democrática. Pesquise em sua escola
elas, não no qual o diagrama adotado, comparando-o com os apresentados aqui.
engodo, na Registre suas observações.
mentira.
FREIRE,
1981

Direção

Professor Funcionários Alunos 9 “Trabalho coletivo, segundo Fusari, 2007, é aquele realizado por um grupo de pessoas que
têm compromisso com a democratização da educação escolar no país: diretores,
coordenadores, professores, funcionários, alunos, membros do Conselho de Escola e demais
representantes da comunidade.”

24
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Buscamos, neste contexto, no educador Paulo Freire, inspiração


para tratar sobre a temática “diálogo”. Para Freire (1981, p. 92-94)

A existência, porque humana, não pode ser muda,


silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras,
mas de palavras verdadeiras, com que os homens
transformam o mundo, é modificá-lo. O mundo
“pronunciado”, por sua vez, se volta problematizado aos
sujeitos “pronunciantes”, a exigir dêles nôvo “pronunciar”.
Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra,
no trabalho, na ação-reflexão.
Mas, se dizer a palavra verdadeira, que é trabalho, que é
práxis, é transformar o mundo, dizer a palavra não é
privilégio de alguns homens, mas direito de todos os
homens. Precisamente por isto, ninguém pode dizer a
palavra verdadeira sozinho, ou dizê-la “para” os outros,
num ato de prescrição, com o qual rouba a palavra aos
demais.
O diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo
mundo, para “pronunciá-lo”, não se esgotando, portanto,
na relação eu-tu. [...] Segundo fundamento do diálogo, o
O diálogo é este amor é, também, diálogo. Daí que seja essencialmente
tarefa de sujeitos e que não possa verificar-se na relação de
encontro dos dominação. Nesta, o que há é patologia de amor: sadismo
homens, em quem domina; masoquismo nos dominados. Amor,
mediatizados pelo não. Porque é um ato de coragem, nunca de medo, o amor
mundo, para é compromisso com os homens. Onde quer que estejam
estes, oprimidos, o ato de amor está em comprometer-se
pronunciá-lo, não com sua causa. A causa de sua libertação. Mas, este
se esgotando, compromisso, porque é amoroso, é dialógico.
portanto, na
relação eu-tu.
FREIRE, Incontestável é a agudeza do pensamento de Freire quando se
1981.
 refere ao diálogo como a mais intrínseca forma de
comunicação humana. Nessa perspectiva é que apontamos a prática do
diálogo como uma possível alternativa para a efetivação de uma Gestão
Escolar Democrática, comungando com as idéias de Freire, Ferreira
(2007, p. 1242-1243), diz que:

25
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Respeito, paciência e diálogo como encontro de idéias e de


vida “única forma superior de encontro” dos seres
humanos, os únicos seres vivos que possuem esta condição
e possibilidade e que não a utilizam. Diálogo, como
fundamental caminho em todas as suas possíveis formas,
entendido como “o reconhecimento da infinita diversidade
do real que se desdobra numa disposição generosa de cada
pessoa para tentar incorporar ao movimento do
pensamento algo da inesgotável experiência da consciência
dos outros” (FERREIRA apud FERREIRA, 2007, p.
1242). Diálogo com uma generosa disposição de abrir-se ao
“outro” que irá “somar” compreensões convergentes ou
divergentes no sentido da construção da humanização das
relações. Diálogo como confraternização de idéias e de
culturas que se respeitam porque constituem diferentes
produções humanas. Diálogo como uma verdadeira forma
de comunicação humana, na tentativa de superar as
estruturas de poder autoritário que permeiam as relações
sociais e as práticas educativas a fim de se construir,
coletivamente na escola, na sociedade em todos os espaços
do mundo, uma nova ética humana e solidária. Uma nova
Os gestores têm por ética que seja o princípio e o fim da gestão democrática da
função buscar, junto educação comprometida com a verdadeira formação da
aos professores e às cidadania.
instâncias colegiadas Fraternidade, solidariedade, justiça social, respeito, bondade
e emancipação humana, mais do que nunca, precisam ser
um significado mais assimilados e incorporados como consciência e
profundo para as suas compromisso da gestão democrática da educação –
ações, repensando os princípios que necessitam nortear as decisões a serem
processos pedagógicos, tomadas no sentido da humanização e da formação de
todas as pessoas que vivem neste planeta. (Id ibidem).
lançando um novo
olhar ao entorno da
escola, fazendo uma Essas considerações colocam a nosso ver, a importância do
nova leitura do seu diálogo para que as relações aconteçam de forma mais humana, bem
cotidiano, levantando
questionamentos. como o seu reconhecimento de que os seres humanos, sendo os únicos
que possuem esta condição e possibilidade, não o utilizam.
Assim, estas referências teóricas, vêm respaldar com veemência a
proposta deste trabalho.
Além do referencial teórico, acima citado, dialogaremos com Paro
(2004, p. 108). Para esse autor:

26
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

[...] a educação só pode dar-se mediante o “processo


pedagógico”, necessariamente dialógico, não-dominador, que
garanta a condição de imprescindibilidade para a realização
histórico-humana, a educação deve ser direito de todos os
indivíduos enquanto viabilizadora de sua condição de seres
humanos. Isso tudo acarreta características especiais e
importância sem limites à “escola pública” enquanto
instância da divisão social do trabalho, incumbida da
universalização do saber.

Diante do exposto, percebemos que a prática do diálogo pode ser


uma alternativa que leve os gestores, juntamente com as instâncias
colegiadas, a uma verdadeira práxis como ação e reflexão para uma
educação transformadora.

Vamos aprofundar nossos conhecimentos?



Acesse os sites abaixo e outros que julgar importantes para nossa
pesquisa, ampliando nossas leituras:

Instituto Paulo Freire:


O diálogo http://www.paulofreire.org/pf_.htm
proporciona a Centro Paulo Freire: estudos e pesquisas:
http://www.paulofreire.org.br/asp/Index.asp
verdadeira
Biblioteca digital Paulo Freire:
práxis como http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal.jsp
ação e reflexão Centro de Referência Educacional Paulo Freire:
da prática http://www.centrorefeducacional.com.br/paulo.html
pedagógica. Pedagogia da Autonomia – Paulo Freire
http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/Files/Pedagogia_da_
Autonomia.pdf

Num país de dimensões sociais como o Brasil, as diferenças


sociais se evidenciam de forma bastante acentuada. Necessário se faz
estar muito atentos a essas diferenças, levando em conta que os

27
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

alunos(as), os sujeitos da escola, são seres historicamente construídos,


que são únicos(as) em sua individualidade, mas diferentes uns dos
outros, portanto se devem considerar os saberes de todos e de cada um.
É função da escola direcioná-los rumo ao conhecimento,
instrumentalizar o saber de forma que a interação permeie em todos os
trabalhos escolares. Os gestores têm por função buscar, junto aos
professores e às instâncias colegiadas um significado mais profundo para
as suas ações, repensando os processos pedagógicos, lançando um novo
olhar ao entorno da escola, fazendo uma nova leitura do seu cotidiano,
levantando questionamentos, como por exemplo: Quem são nossos
alunos(as)? O que iremos trabalhar? Que conteúdos? Por que esses

O grande problema conteúdos? Para que? Qual o significado desses conteúdos para a vida
que se coloca ao dos nossos alunos(as)? E, a partir daí, juntos tentarem elaborar propostas
educador ou à que conduzam os educandos(as) à compreensão do conhecimento
educadora de opção
democrática é como adquirido, preparando-os para o exercício da cidadania.
trabalhar no sentido Isto posto, enfatizamos que a abordagem deste tema tem sua
de fazer possível que
a necessidade de importância pelo fato de que o diálogo é uma das formas de
limite seja assumida comunicação que oportuniza aos seres humanos a expressão de suas
eticamente pela idéias, podendo colocá-las em prática, percebendo-se como cidadãos
liberdade.
FREIRE participativos e atuantes, contribuindo para a melhoria da sociedade em
1996.
que estão inseridos.
Pretende-se, ainda, que esse diálogo “como prática da

liberdade” se estabeleça de tal forma a romper as barreiras dos
relacionamentos, independentemente de raça, cor, religião e condição
sócio-econômica e cultural, nas ações das pessoas envolvidas com o
trabalho da educação, que compõem a comunidade escolar.

28
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Leitura complementar:

A ESCOLA

Escola é... Nada de conviver com as pessoas e depois


o lugar onde se faz amigos descobrir
não se trata só de prédios, salas, quadros, que não tem amizade a ninguém
programas, horários, conceitos... nada de ser como o tijolo que forma a
Escola é, sobretudo, gente, parede,
gente que trabalha, que estuda, indiferente, frio, só.
que se alegra, se conhece, se estima. Importante na escola não é só estudar, não
O diretor é gente, é só trabalhar,
O coordenador é gente, o professor é gente, é também criar laços de amizade,
o aluno é gente, é criar ambiente de camaradagem,
Nada de ‘ilha cada funcionário é gente. é conviver, é se ‘amarrar nela’!
cercada de gente
por todos os E a escola será cada vez melhor Ora , é lógico...
lados’. na medida em que cada um numa escola assim vai ser fácil
FREIRE, se comporte como colega, amigo, irmão. estudar, trabalhar, crescer,
2001
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os fazer amigos, educar-se,
lados’. ser feliz.
(FREIRE, 2001)

29
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Sugestão metodológica:

Diante de todos estes pontos de vista apresentados neste capítulo,


vamos sistematizar o nosso entendimento sobre a Gestão Escolar
Democrática, através da metodologia da dialogicidade.

Passos:

1. Releia as suas anotações deste caderno temático.


2. Reúna-se em grupos de até três pessoas e destaquem os pontos
considerados mais relevantes de grupo.
3. Organizem a sala em forma de painel, onde cada grupo apresentará
suas discussões para todos.
4. Elejam um secretário para anotar os pontos chaves das discussões e
...a educação só
pode dar-se sistematizar em forma de um texto para ser aprovado por todos.
mediante o 5. Após todas as apresentações, o grupo pontuará os aspectos mais
“processo
relevantes em relação ao tema proposto.
pedagógico”,
necessariamente 6. O secretário fará a leitura das propostas apresentadas, onde os
dialógico, não participantes poderão alterar ou sugerir mudanças no texto.
dominador...
7. Juntos, todos planejam a implantação das mudanças necessárias para
PARO,
2004 o sucesso da Gestão Democrática na Escola.

 Registre as conclusões:

30
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

 Atividade individual:

Agora vamos fazer o caminho que seu entendimento percorreu.


1. Retome suas idéias iniciais, registradas neste caderno e avalie o que
foi:
a. Conservado e ampliado:

b. Reformulado e aprofundado:

O educador é
aquele que não
fica indiferente,
neutro, diante
da realidade.
GADOTTI,
2001
c. Acrescentado e incluído:

31
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

 Atividade em grupo:

Reúna-se em grupos de até três participantes para uma reflexão sobre as


seguintes questões:
a) De acordo com as discussões anteriores, quais são as condições
necessárias para garantir a gestão democrática do trabalho educativo?
b) Se a escola pode ser entendida, necessariamente, como um espaço de
contradição e espaço democrático, como garantir a participação dos
segmentos escolares nas tomadas de decisões da escola?
c) Qual a relação entre autoridade, poder e diálogo numa gestão
democrática?
d) Quais as principais instâncias de democratização do sistema de
ensino que sua escola está inserida?
e) Que ações podemos fazer para garantir a Gestão Escolar
Democrática na Escola Pública?
É relevante a
participação
da
comunidade  Registre as conclusões:
escolar no
processo
educativo.

32
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

A efetivação da Gestão Escolar Democrática envolve toda a


comunidade escolar e as diversas funções que cada um desempenha para a
aprendizagem dos alunos. Este processo inicia com a construção do Projeto
Político Pedagógico da instituição, onde estão presentes as concepções de
sociedade, de homem, de escola, de diversos saberes daqueles que o
constroem, expressando a compreensão dos educadores e a proposta de sua
formação continuada.
O Caderno 2 nos remete a estes estudos, além de propor uma análise
das participações que o Conselho de Classe e a Avaliação da Aprendizagem
poderão definir na democratização da Escola Pública.

33
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

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BRASIL. Constituição da República Federativa. Brasília, 1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da


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Imagens)

FERREIRA, N. S. C. Repensando e ressignificando a gestão


democrática da educação na “cultura globalizada”. In: Revista
Educação & Sociedade. Campinas, vol. 25, n. 89, p. 1227-1249,
Set./Dez. 2004. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/es/v25n89/22619.pdf acessado em
13/07/2007 às 14h.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra,


Anotações
1981.

____. A pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Ed. Unesp, 2001

____. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.


____. Imagem de Paulo Freire. In: CENTRO DE COMUNICAÇÃO DA
UFMG (CDECOM). Roda de conversa homenageia Paulo Freire. Disponível
em http://www.ufmg.br/online/arquivos/anexos/paulo%20freire.jpg ,
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FUSARI, J. C. A construção da proposta educacional e do trabalho


coletivo na unidade escolar. In: Portal do Governo do Estado de São
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http://www.crmariocovas.sp.gov.br/prp_a.php?t=006 acessado em
11/11/2007 às 22h.

GADOTTI, M. Pedagogia da práxis. São Paulo: Cortez, 2001.

34
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão na Escola: teoria e prática.


Goiânia: Alternativa, 2001.

MAIA, B. P.; BOGONI, G. Gestão Democrática. Disponível em


http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/cadep/gestao_de
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MEC. Secretaria de Educação Básica. Caderno 5: A construção da gestão


democrática e os processos de participação. Disponível em
http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&i
d=777&Itemid=817 acessado em 01/10/2007 às 22h.

MENEZES. Blog Tarô Virtual. Disponível em


http://blog.kelmamazziero.com.br/page/4/ acessado em 10/11/2007
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MUNDO DAS METÁFORAS. Persistência e Mudança. Disponível em


http://www.metaforas.com.br/metaforas/metaf20051008.htm acessado
em 10/11/2007 às 19h.

OLIVEIRA, D. A. Gestão Democrática da Educação: desafios


contemporâneos . Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
Anotações PARANÁ, Conselho Estadual de Educação. Deliberação 16/99.
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_____. Portal dia-a-dia educação. PDE. Disponível em


http://www.pde.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo
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PARO, V. H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo:


Ática, 2004.

PERSONAL COMPUTER WORD. Reino Unido: Compact disc, 1996.


(CD-ROM - Imagens)

WIKIPÉDIA. Gestão Escolar. Disponível em


http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_democr%C3%A1tica
acessado em 09/11/2007 às 17h.

35
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Sugestão de leitura complementar


para aprofundamento dos temas:

APPLE, M. W. Educação e Poder. Porto Alegre: Artmed, 1989.

BRANDÃO, C. R. Educar: ousar utopias da educação cidadã à


educação que a pessoa cidadã cria. Disponível em
http://www8.pr.gov.br/portals/portal/pde/texto_educar.pdf acessado
em 15/07/2007 às 16h.

_____. O trabalho de ensinar. Disponível em


http://www8.pr.gov.br/portals/portal/pde/textos.php acessado em
15/07/2007 às 17h.

BRASIL. Constituição da República Federativa. Brasília: 1988.

______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e bases da


Educação Nacional. Lei nº. 9394/96. Brasília: 1996.
Anotações FREIRE, P. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros
escritos. São Paulo: UNESP, 2000.

____. A escola é. Disponível em


http://www.paulofreire.org/escola_p.htm acessado em 11/11/2007 às
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____. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e


Terra, 1992.

GOMES, C. A. A escola de qualidade para todos: abrindo as camadas


da cebola. In: Ensaio: aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v.13, n.48, p.
281-306, jul./set. 2005. Disponível em
http://www.scielo.br/pdf/ensaio/v13n48/27551.pdf acessado em
14/07/2007 às 17h.

KUENZER, A. Z. Conhecimento e competências no trabalho da


escola. Disponível em
http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/Textos_Videos/Acacia_

36
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar
Democrática

Kuenzer/CONHECIMENTO_E_COMPETENCIA_NO_TRABALH
O_E_NA_ESCOLA.PDF acessado em 15/07/2007 às 16h.

LUDWIG, A. C. W. Conservadorismo e progressismo na formação


Docente. São Paulo: Pontes Editores, 2000.

NAGEL, L. H. O Estado Brasileiro e as políticas a partir dos anos


80. Disponível em
http://www.pde.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/Textos_Videos/Lizia_Na
gel/CASCAVELEstadoPOL.pdf acessado em 15/07/2007. as 17h.

NÉRICI, I. G. Metodologia do Ensino. São Paulo: Atlas, 1981.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA. Programa de


Desenvolvimento Educação – PDE. Disponível em
http://www.uepg.br/pde/ , acessado em 13/07/2007 às 16h.

VIEIRA, S. L. (org). Gestão da escola: desafios a enfrentar. Rio de


Janeiro: DP&A, 2000.

37
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática

CADERNO TEMÁTICO 1

O DIÁLOGO NA EFETIVAÇÃO DA GESTÃO


ESCOLAR DEMOCRÁTICA

Agende-se:
__/__/__

__/__/__

__/__/__

__/__/__

i
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática
Caderno
temático

2
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE – SEED - PR
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
NILMA DE OLIVEIRA CESAR LUIZ

Buscando a
ressignificação dos
processos pedagógicos
PONTA GROSSA
2008

ii
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática

CADERNO TEMÁTICO 2

BUSCANDO A RESSIGNIFICAÇÃO DOS


PROCESSOS PEDAGÓGICOS

CONSELHO DE
PROJETO
CLASSE
POLÍTICO
E AVALIAÇÃO DA
PEDAGÓGICO
APRENDIZAGEM

FORMAÇÃO
CONTINUADA DE
PROFESSORES

Tema: A Práxis da Dialogicidade na Gestão Escolar Democrática


Área de concentração: Gestão Escolar
Orientanda: Nilma de Oliveira César Luiz
Orientadora: Profª. Ms. Maria José Bastos Martins
 Secretaria de Estado da Educação do Paraná
Avenida Água Verde, 2140 - Água Verde
CEP 80240-900 Curitiba-PR
Tel.: (041) 3340-1500

iii
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática

CADERNO TEMÁTICO 1

O diálogo na
efetivação da
Gestão Escolar
Democrática

Capítulo I Capítulo II Capítulo III

Problematização do Definição do objeto A Gestão Escolar


tema de estudo Democrática

CADERNO TEMÁTICO 2

Buscando a
ressignificação dos
processos
pedagógicos

Capítulo I Capítulo II Capítulo III


Formação O Conselho de
O Projeto Político Continuada de Classe e a Avaliação
Pedagógico Professores da Aprendizagem

iv
O diálogo na efetivação da Gestão Escolar Democrática

Sumário

INTRODUÇÃO ............................................................... 4

CAPÍTULO 1

O Projeto Político Pedagógico (PPP):

- Referencial teórico e reflexões para construção/reformulação


do PPP ...................................................................................... 7

CAPÍTULO 2

Formação continuada de professores:

- Discussão sobre a importância da formação continuada –


direito e qualificação profissional dos
educadores................................................................................... 14

CAPÍTULO 3

O Conselho de Classe e a Avaliação da


Aprendizagem:

- A importância do diálogo envolvendo toda a comunidade


escolar ........................................................................................

- A Avaliação da Aprendizagem como processo formativo e


referencial de análise .................................................................. 21

REFERÊNCIAS .............................................................. 32

v
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Introdução

Í C O N E S Ao fundar-se no amor, na humildade, na fé nos homens, o


diálogo se faz uma relação horizontal, em que a confiança
Informações valiosas de um pólo no outro é conseqüência óbvia. Seria uma
contradição se, amoroso, humilde e cheio de fé, o diálogo
Teste seu conhecimento
não provocasse êste clima de confiança entre seus sujeitos.
Atividades on-line ( FREIRE, 1981)

Atividades práticas
este caderno vamos discutir um pouco mais sobre a Gestão

N Escolar Democrática, abordando a ressignificação dos


processos pedagógicos, dentre os quais destacaremos o
Projeto Político Pedagógico (PPP), Formação Continuada de
Professores, o Conselho de Classe e Avaliação da Aprendizagem.
Serão utilizados citações de depoimentos de professores que
atuam na rede estadual de ensino, para ilustrar os temas tratados e
perceber as concepções pedagógicas desses professores e gestores.

A escola é um espaço social e democrático, composto pelos


A reflexão alunos e seus familiares, professores, funcionários e por demais
coletiva favorece membros da comunidade, mas a garantia desse espaço se dá no interior
o diálogo, o
respeito e a da escola, levando em conta a sua cultura, nas ações que cada ser
autocrítica humano realiza, nos seus hábitos, suas atitudes, sua participação nas
CADEP, 2007
atividades de modo a proporcionar a realização das propostas
pedagógicas com responsabilidade e eficiência/eficácia.

É no PPP que se inicia todo o trabalho de construção de uma


linha pedagógica adotada pela escola. É no momento de se rever as
ações para o próximo período que se efetiva a busca de alternativas

4
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

para as soluções dos problemas que a escola vem enfrentando. Mas,


para que estas ações se efetivem, se faz necessário o diálogo, o estudo
permanente das teorias educacionais, a avaliação constante das
atividades realizadas, das aprendizagens dos alunos, dos projetos
propostos, da participação da comunidade escolar.

A Formação Continuada de Professores, neste processo


educativo, pressupõe uma política educacional voltada para a
democratização da escola pública, atendendo as necessidades da
sociedade atual e a qualidade do ensino das instituições e incentivando
o investimento do próprio educador em seu desenvolvimento pessoal e
profissional.

Abordaremos o Conselho de Classe como um importante


momento de diálogo entre os professores e a equipe pedagógica, no
sentido de levantamento e discussão dos problemas de aprendizagem
dos alunos, com vistas a inovações de suas ações pedagógicas,
buscando o aprimoramento das atividades pedagógicas.
A educação é
essencial e A Avaliação da Aprendizagem proposta, neste Caderno
insubstituível.
BRANDÃO,
Temático 2, deverá ser processo constante no trabalho educativo. É
2007. através da avaliação que os professores e equipe pedagógica da escola
obtém os resultados do seu trabalho, visando um repensar de suas
práticas. Consideramos importante a participação dos alunos, neste
processo de aprendizagem, para uma tomada de consciência dos
mesmos sobre a aquisição e formação de conceitos, refletindo sobre
seus saberes adquiridos e a forma de como proceder para se
apropriarem de novos conhecimentos.

A partir das discussões sobre a Gestão Escolar Democrática,

5
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

levantadas no Caderno Temático 1 e as propostas de Estudos sobre a


Ressignificação dos Processos Pedagógicos, deste Caderno Temático 2,
aprofundamos o referencial teórico e propomos atividades que levem o
leitor a refletir sobre a sua prática e atuação na comunidade escolar em
que está inserido, propondo inovações que contribuam para a
democratização da educação por meio do diálogo.

6
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

CAPÍTULO 1
Projeto Político Pedagógico
(PPP)

N o contexto social atual, a escola não pode ser considerada


isoladamente. Para se compreender os problemas da escola é
necessário conhecer os problemas sociais.
Nesta abordagem enfatizamos a necessidade de repensar a
organização da escola levando em conta suas contradições e conflitos. O
PPP é o documento que norteia todas as ações a serem desenvolvidas
pela escola. Deverá ser construído com a participação de todas as
A função social pessoas que compõem a comunidade escolar e conter os objetivos, as
da escola é algo diretrizes, a síntese das exigências sociais e legais do sistema de ensino,
que se mistura
com o próprio os propósitos e expectativas da comunidade escolar.
acontecer da Vamos analisar o ponto de vista de Professores atuantes na rede
história em suas pública estadual do Paraná sobre o Projeto Político Pedagógico:
diferentes
manifestações.
VIEIRA, 2002. O Projeto Político Pedagógico é planejado conforme a
realidade escolar tem atendido às necessidades especiais,
como envolvimento da família e comunidade com o aluno.
(Professor A)
Há participação parcial na elaboração do Projeto Político
Pedagógico, porém, [nós professores] conhecemos a
realidade e a totalidade do projeto. (Professor B) 10

10 Depoimento, sobre o Projeto Político Pedagógico, de Professores que atuaram na rede pública
estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos.

7
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Percebe-se, através destes depoimentos, a necessidade de uma


participação mais efetiva dos professores na construção e reformulação
do PPP da escola, bem como de colocá-lo em prática no seu cotidiano
de trabalho.
Vejamos o que diz Veiga ( 2005, p. 12-13)

O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação


intencional, com um sentido explícito, com um
compromisso definido coletivamente. [...] É político no
sentido de compromisso com a formação do cidadão para
um tipo de sociedade. [...] Na dimensão pedagógica reside a
possibilidade da efetivação da intencionalidade da escola,
que é a formação do cidadão participativo, responsável,
compromissado, crítico e criativo. Pedagógico no sentido
de definir as ações educativas e as características
necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua
intencionalidade.
Político e pedagógico têm assim uma significação
indissociável.

Veiga vem reafirmar que somente através do envolvimento de

Buscar uma toda a comunidade escolar será possível assegurar a construção de um


nova projeto com as dimensões política e pedagógica, colocando-o em prática
organização
durante a realização de todo o trabalho escolar, o que provavelmente
para a escola
constitui uma possa não estar ocorrendo, conforme o depoimento do Professor B,
ousadia para citado anteriormente.
os educadores,
pais, alunos e O PPP respalda a autonomia da escola, expressa a sua cultura e
funcionários. aponta caminhos para inovações e desenvolvimento, portanto se faz
VEIGA,
2005. necessário que todos participem de sua construção para a garantia desta
finalidade.
Nos seus princípios orientadores está prevista a Gestão
Democrática, tema central de nossa discussão, pois abrange além do
princípio constitucional, as dimensões administrativa, pedagógica e

8
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

financeira. A Secretaria de Estado da Educação do Paraná, através da


Coordenação de Apoio à Direção e Equipe Pedagógica – CADEP
apresenta os princípios norteadores do Projeto Pedagógico, de acordo
com a Lei nº. 9.394/96, em seu art. 3º e, propõe orientações para a
elaboração coletiva do PPP, cooperativa e democrática na escola pública,
mas para que se efetive esta proposta, requer o enfrentamento de todas
as questões que excluem e marginalizam a criança, o jovem e o adulto,
ou seja, construir um projeto comprometido com os interesses e anseios
de todos os alunos.

Sugestão metodológica:
...se sonhamos com
uma sociedade menos
agressiva, menos Atividade em grupo:
injusta, menos
violenta, mais Após a leitura dos temas propostos por este Caderno Temático 2,
humana, o nosso seguramente podemos dizer que todos temos temores e esperanças 11 .
testemunho deve ser o
de quem, dizendo não Propomos uma atividade12 onde poderemos expressar esses sentimentos,
a qualquer para isso:
possibilidade em face
• Vamos nos agrupar de quatro a seis pessoas.
dos fatos, defende a
capacidade do ser • Cada grupo indicará um secretário para anotar os temores e as
humano em avaliar, esperanças do grupo, após o diálogo de 15 minutos.
de compreender, de
escolher, de decidir e, • Prosseguindo a atividade, cada grupo expressará os seus temores e
finalmente, de intervir esperanças em relação aos temas deste Caderno Temático 2,
no mundo.” registrados pelo secretário, em no máximo sete minutos. (Anotar no
CADEP, 2007.

11Os termos temores e esperança foram utilizados, anteriormente, por Fritzen em seu livro Exercícios
Práticos de Dinâmica de Grupo, com o objetivo de conscientizar o grupo sobre suas motivações, desejos
e esperanças; suas angústias e temores.

12 FRITZEN, 1990, p. 14-15.

9
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

flip shart)
• Após todos os grupos se apresentarem, o coordenador da atividade
fará um resumo que expresse os principais temores e esperanças do
grupo, demonstrando que todos possuem expectativas,
categorizando os temores e as esperanças comuns à todos,
analisando-os coletivamente, sem desconsiderar os elementos que
não são comuns, isto é, são diferentes, portanto configuram-se como
um modo singular de perceber a realidade.

Vamos refletir um pouco?

Retornando ao grupo inicial, vamos dialogar sobre o que


pensamos, anotando novamente os tópicos principais.
• Quais as características da comunidade em que atua?
• Como é estabelecida a hierarquia da equipe no cotidiano de trabalho?
• Como são tomadas as decisões? Quem toma as decisões referentes ao
trabalho a ser feito na unidade escolar?
Uma escola • Você participou da elaboração do PPP de seu estabelecimento de
identificada por ensino? Discuta se foi levado em consideração a ruptura entre:
sua cultura
concepção e execução; pensar e fazer; teoria e prática; ciência e
específica detém
força para influir cultura?
na cultura da • Que mecanismos de gestão estão sendo adotados para conferir os
comunidade.
VIEIRA, 2002. resultados do processo de participação da comunidade?
• Quais os problemas que o grupo encontra em seu cotidiano de trabalho,
em função da aprendizagem dos alunos?
• Acrescente outras questões que julgar pertinente.

10
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

O processo de construção e avaliação do Projeto Político Pedagógico


pressupõe três momentos, segundo o Governo do Estado do Paraná, 2007:

1. Ato Situacional
- Como compreendemos a sociedade atual?
- Como se caracteriza o contexto social onde a escola
deverá atuar?
- Qual o papel da escola?
- A quem ela serve?
- Que experiências ela propicia ao aluno?
2. Ato Conceitual
- Em face da realidade descrita e analisada, que
concepções de educação, escola, gestão, currículo,
ensino, aprendizagem e avaliação se fazem
necessárias para atingir o que pretendemos?
3. Ato Operacional
- Como redimensionar a organização do trabalho
pedagógico?
- Que tipo de gestão?

Estes atos do PPP são imprescindíveis para sua efetivação de


forma democrática, consensual e fundamentada em uma
proposta dentro da pedagogia histórico-crítica. A análise do ato
O PPP não é um situacional leva os educadores, alunos e comunidade a refletirem sobre
agrupamento de as reais condições da escola, levantando situações problemas,
planos e de atividades
diversas e nem algo descrevendo pontos conflituosos e que precisam ser revistos. A
construído para ser problematização da realidade social é o ponto de partida para as
arquivado e muito
discussões, buscando-se referências conceituais que fundamentem a
menos tarefa
específica do defesa dos princípios da gestão democrática: participação, autonomia,
pedagogo. liberdade. É através da administração colegiada que se garantirá a
CADEP, 2007.
participação efetiva de todos os segmentos da escola na construção da
concepção, na execução e avaliação da proposta pedagógica. Segundo o
Governo do Estado do Paraná, 2007, é na escola que se efetiva a
organização, o redimensionamento e avaliação contínua dos mecanismos
de gestão democrática, através de seus órgãos escolares como o

11
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Conselho Escolar, Conselho de Classe, Eleição direta do Diretor e do


Aluno Representante de Turma, a participação de todos na APMF, a
abertura para a atuação do Grêmio Estudantil e outros.
Diante das discussões realizadas, observa-se a importância de
compreender que o Projeto Político Pedagógico traz implícito em seu
texto à concepção de mundo, humanidade e educação dos seus autores,
uma vez que não existe neutralidade no fazer pedagógico. A este
respeito, Freire (1996, p. 102-103) afirma:

Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor


que, por não ser neutra, minha prática exige de mim uma
definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura.
Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso
ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de
não importa o quê. Não posso ser professor a favor
simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de
uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude
da prática educativa. Sou professor a favor da decência
contra o despudor, a favor da liberdade contra o
autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da
Que sujeitos queremos democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
formar? Sou professor a favor da luta constante contra qualquer
Que saberes queremos forma de discriminação, contra a dominação econômica
discutir? dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra
a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a
Que sociedade miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que
queremos para viver? me anima apesar de tudo.
Que escola queremos?
Que educação
Entendemos esta citação como um alerta para a necessidade de
queremos priorizar?
CADEP, 2007 reação da postura do educador que não deve ser de neutralidade, diante
do contexto social contemporâneo.
Sabemos que por muito tempo a educação foi colocada a serviço
do poder econômico, cumprindo o papel de formação do cidadão para o
serviço de interesse das classes dominantes.
Apesar de que, ainda hoje, esta herança cultural e econômica

12
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

prevalece em muitos casos, se faz necessário um repensar sobre a prática


educativa. É imprescindível que o professor busque e obtenha, na sua
formação continuada, a clareza e o entendimento de que deverá formar
um cidadão crítico com acesso ao conhecimento científico, preparado
para exercer a sua cidadania, dentro dos preceitos de liberdade e
democracia, não tornando-se um sujeito passivo, sem a compreensão do
mundo que o cerca, vivendo tão somente a serviço do capital.

Sugestão metodológica:

Vamos discutir::

1. Reunir o grupo para a leitura das anotações realizadas na atividade


anterior e sistematizar as principais questões no quadro a seguir,
levando em consideração o referencial teórico apresentado.
Somos livres 2. Apresentem soluções dos problemas levantados e,
com os consequentemente, a ressignificação do seu trabalho pedagógico, a
outros, não, curto, médio e longo prazo.
apesar dos
outros.
CADEP, SOLUÇÕES PRAZOS
2007.
PROBLEMAS CURTO MÉDIO LONGO

PPP

Comunidade

Tomada de decisões

Mecanismos de gestão

13
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

CAPÍTULO 2
Formação Continuada de
Professores

A organização escolar tem como função prever e realizar a


formação continuada de professores e funcionários, juntamente
com outros órgãos responsáveis pela educação.

Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico torna-se


necessário que a escola reformule seu tempo,
estabelecendo período de estudo e reflexão de equipes de
educadores, fortalecendo a escola como instância de
A formação educação continuada.
continuada é um É preciso tempo para que os educadores aprofundem seus
direito de todos os conhecimentos sobre os alunos e sobre o que estão
aprendendo. É preciso tempo para acompanhar e avaliar o
trabalhadores em projeto político-pedagógico em ação. (VEIGA, 2005, p.
educação, na 30)
perspectiva da
especificidade de sua
função. Nesta citação a autora destaca a necessidade da escola prever o
tempo destinado à reflexão da equipe de educadores para
aprofundamento de estudos, conhecimento dos seus alunos e avaliação
do PPP. Sabe-se que nem sempre tem sido previsto tempo e espaço
destinados a esta tão importante tarefa.
No depoimento dos Professores C e D podemos perceber como
vem acontecendo a formação continuada no estabelecimento de ensino
que atuam.
Participo do Grupo de Estudos na área de “Educação

14
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Especial”, e foi de grande valia para todos do grupo.


Temos que estar em constante aperfeiçoamento e os
cursos que o Estado disponibiliza nos ajudam a refletir
sobre nossa prática em sala de aula. (Professor C)

A formação é necessária, para melhorar a prática do


professor em sala de aula, o Governo fornece os meios,
mas o professor tem que estar disposto a procurar essa
formação e por em prática. (Professor D)13

Estes depoimentos expressam o reconhecimento dos professores


quanto à necessidade e importância de sua formação continuada para a
melhoria do seu desempenho em sala de aula. Destacam também que
deve haver predisposição para a busca de aperfeiçoamento e crescimento
pessoal e profissional, bem como, de colocar em prática no seu cotidiano

Entender a de trabalho.
organização
escolar como A formação continuada é condição para a aprendizagem
cultura significa permanente e para o desenvolvimento pessoal, cultural e
dizer que ela é profissional de professores e especialistas. É na escola, no
construída pelos contexto de trabalho, que os professores enfrentam e
resolvem problemas, elaboram e modificam
seus próprios procedimentos, criam e recriam estratégias de trabalho e,
membros que com isso, vão promovendo mudanças pessoais e
tanto podem criar profissionais. (LIBÂNEO, 2001, p. 227)
um espaço de
trabalho Analisando a citação de Libâneo percebe-se a necessidade de
produtivo e até
prazeroso ou um melhor aperfeiçoar as propostas de formação continuada de
espaço hostil e professores para atender as necessidades que a sociedade atual exige, de
estressante.
LIBÂNEO, modo que o professor reconheça como direito seu, estar em constante
2001. crescimento. Que os cursos ofertados oportunizem aos professores
formação político-pedagógica, filosófica, cuja teoria sirva de subsídio
para trabalhar as situações-problemas enfrentadas no dia-a-dia da sala de

13Depoimento, sobre Formação Continuada de Professores, concedido por educadores que atuaram na
rede pública estadual em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos.

15
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

aula, decorrentes das grandes mudanças ocorridas na sociedade.


Formação para trabalhar com as camadas populares, os mais excluídos
da sociedade, as massas. Formação para uma educação
problematizadora, de forma que o professor possa criar no aluno uma
necessidade de aprender, partindo do conhecimento do seu cotidiano,
tendo consciência de que somos seres inacabados e que juntos iremos
construindo o conhecimento.

O sujeito que se abre ao mundo e aos outros inaugura com


seu gesto a relação dialógica em que se confirma como
inquietação e curiosidade, como inconclusão em
permanente movimento na História. [...]
A formação dos professores e das professoras devia insistir
na constituição deste saber necessário e que me faz certo
desta coisa óbvia, que é a importância inegável que tem
sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em
que vivemos. E ao saber teórico desta influência teríamos
que juntar o saber teórico-prático da realidade concreta em
que os professores trabalham. (FREIRE, 1996, p. 136-
137)

O mundo Encontramos, nesta citação de Freire, respaldo para a necessidade


encurta, o de trazer à escola discussões dos grandes problemas atuais que afetam a
tempo se
dilui: o ontem humanidade e comunidade local, colocando em risco a vida dos seres e
vira agora; o do próprio planeta como: a falta de água, a poluição, o aquecimento
amanhã já
global, a desigualdade de poder econômico entre as classes sociais, a má
está feito.
FREIRE, distribuição da renda, as altas cargas tributárias e outros problemas
1996.
sociais como, a ética na política, os problemas de corrupção e a
exploração de pessoas.
A valorização dos trabalhadores em educação tem como princípio central a
busca da qualidade e do sucesso na tarefa educativa de formação de cidadãos
capazes de participar na vida sócio-econômica, cultural e política porque está
relacionada diretamente com a formação inicial, isto é, a graduação e a
especialização do educador; e, por conseguinte, a formação continuada, realizada na
agência formadora do profissional no decorrer das atividades profissionais dos

16
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

educadores, promovida pelo empregador, dentro de uma política educacional


instituída pelos seus dirigentes, com participação do povo, assim como pelo
próprio indivíduo, investindo em seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Freire, 1996, p. 29 comenta sobre o professor pesquisador:

Fala-se hoje, com insistência, no professor pesquisador. No


meu entender o que há de pesquisador no professor não é
uma qualidade ou uma forma de ser ou de atuar que se
acrescente à de ensinar. Faz parte da natureza da prática
docente à indagação, a busca, a pesquisa. O que se precisa é
A formação que, em sua formação permanente, o professor se perceba
continuada [...] É e se assuma, porque professor, como pesquisador.
responsabilidade
da instituição, mas A pesquisa, conforme citação de Freire faz parte do cotidiano da
também do próprio
escola, cabendo aos educadores o registro de suas reflexões, pois muito
professor, porque o
compromisso com se discute e pouco se registra e nem tudo se efetiva em sala de aula.
a profissão requer As instituições devem prever os recursos necessários para o
que ele tome para
si a efetivo trabalho pedagógico, tais como recursos didáticos, físicos,
responsabilidade materiais, além da dedicação integral do educador ao estabelecimento de
com a própria
ensino, com jornadas de trabalho, com horas-atividade e tempo de
formação.
LIBÂNEO, 2001. permanência na instituição educacional, assim como, número de alunos
adequados a cada série, modalidade e grau de ensino, por turmas.

A gestão da sala de aula tem como objetivo principal


garantir a formação do sujeito. [...] a gestão de conflitos
refere-se ao gerenciamento de problemas disciplinares e
comportamentais e das relações intra e interpessoais.
(ANINGER, 2005, p.20)

É atribuição do professor, segundo a citação acima, realizar a


gestão em sala de aula, resolvendo os impasses internos, garantindo a
formação do educando.
A permanência do educador na escola pública está condicionada,

17
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

também, ao seu plano de carreira e salário, condizentes com a sua


profissionalização.
Cabe aos gestores a organização de espaços privilegiados para
discussão e análise das práticas educativas na escola, o incentivo a grupos
de estudos e pesquisas dentro do estabelecimento de ensino,
congregando todos os trabalhadores em educação, oportunizando a
participação consciente nos processos decisórios da escola pública.

Sugestão de sites que oferecem cursos


on-line:

Portal Educacional do Estado do Paraná


A valorização
dos trabalhadores http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br
em educação tem Portal Educação:
como princípio
http://www.portaleducacao.com.br
central a busca
da qualidade e Movimento Software Livre Paraná:
do sucesso na http://www.softwarelivreparana.org.br
tarefa educativa
de formação de EPROINFO - Ambiente Colaborativo de Aprendizagem
cidadãos. http://www.eproinfo.mec.gov.br

Sugestão metodológica:

18
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Vamos refletir um pouco?

A CADEP, 2007 propõe alguns entraves e recuos à continuidade


do trabalho pedagógico na escola, que estão intimamente relacionados
com a formação do professor.

1 – Paralisia paradigmática X formação técnico-


pedagógica.
2 – Confusões conceituais e imprecisão terminológica. [...]
4 – Incoerência entre o discurso veiculado e a prática
realizada; não incorporação efetivas das propostas
pedagógicas por parte dos diversos grupos.
5 – Resistência, insegurança e pouco envolvimento.
6 – Inexperiência em gestão democrática. [...]
8 – Dificuldade de deflagrar ações, visando corrigir as
disfunções detalhadas.
9 – Dificuldade em respeitar os tempos e espaços
escolares de cada uma das unidades escolares.

Liberdade e
Atividade coletiva:
autonomia
constituem a
própria Considerando as questões levantadas pela CADEP e as listadas
natureza do
ato pedagógico. abaixo, podemos perceber a importância do professor estar capacitado para
CADEP, as funções que vai desempenhar diante das inovações que a escola pública
2007.
vem instalando em seu interior.
Em grupos, vamos compartilhar nossos temores e esperanças,
levantados anteriormente e coletivamente propor soluções para os
problemas de formação continuada do professor, levando também em
consideração as seguintes questões:
o Quais os profissionais com quem trabalha cotidianamente?
o Qual o nível de escolaridade destes profissionais e a sua
formação?
o Qual a sua proposta de formação continuada para sua equipe de

19
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

trabalho?

SOLUÇÕES PRAZOS

CURTO MÉDIO LONGO


PROBLEMAS

Formação inicial e em
serviço

Gestão na sala de aula

A gestão do Relações humanas


conflito em sala
de aula deve ter
sempre valor Resistência a mudanças
educativo.
ANINGER,
2005.
Os grupos trocam as idéias levantadas e propõem
encaminhamentos coletivos para as questões elencadas, que serão
afixadas no edital da escola e registradas em ata, firmando o
compromisso assumido individual e coletivamente.

20
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

CAPÍTULO 3
O Conselho de Classe e a
Avaliação da Aprendizagem

O
Conselho de Classe é uma das instâncias colegiadas que permite aos professores e equipe pedagógica
dialogarem a respeito da sua ação pedagógica, bem como analisarem os resultados do processo ensino-
aprendizagem, destacando os aspectos positivos e negativos com vistas às propostas de mudanças e
inovações para obtenção de melhores resultados. Nesse momento, a postura política dos educadores e a
sua consciência crítica irão contribuir para que o processo de mudança aconteça, resultando no sucesso
do trabalho coletivo.

Simplesmente querer mudar a realidade não permite mudá-


la, já que existe uma racionalidade objetiva que possui leis e
normas regulamentares para ela. Entretanto simplesmente
aceitá-la é uma questão de ignorar que essa mesma
racionalidade foi construída historicamente pelos homens e
...uma prática são os próprios homens que deverão transformá-la. [...] O
reflexiva – nas processo de construção de uma consciência crítica é
desencadeado pelo desvelamento dos diversos níveis,
reuniões objetivos e subjetivos, nos quais o sujeito age. Ao mesmo
pedagógicas, nas tempo, é fundamental o reconhecimento de que também
entrevistas com a nos atos conscientes e reflexivos está posta a dimensão da
racionalidade objetiva que historicamente construiu o
coordenação referencial ideológico pelo qual o sujeito orienta-se.
pedagógica, nos (DALBEN, 1995, p. 174)
cursos de
aperfeiçoamento, nos
Entende-se, através desta citação, que o posicionamento político
conselhos de classes,
etc. – leva a uma do educador, bem como a sua visão de mundo, ou seja, a compreensão
relação ativa e não do mundo que o cerca, também historicamente construída, será
queixosa com os
problemas e determinante nesse processo de mudança.
dificuldades. Vejamos os depoimentos de professores sobre o Conselho de
LIBÂNEO, 2001
Classe.

O Conselho de Classe possibilita uma avaliação mais ampla


dos aspectos educativos, permite uma avaliação dos aspectos

21
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

relevantes e, sobretudo a casos que precisem de um olhar mais


atento, uma reflexão mais profunda sobre o aprendizado do
aluno e o processo pedagógico em questão. (Professor E)
No Conselho de Classe discute-se a aprendizagem do aluno e
as intervenções que podem ser feitas para que esta realmente
se efetive. Nem sempre se consegue um retorno positivo do
aluno, pois há um grande desinteresse por parte do mesmo e a
ausência da família. (Professor F) 14

Os professores consideram importante o Conselho de Classe, porque oportuniza momentos de diálogo


sobre as aprendizagens dos alunos e reflexão sobre a sua prática pedagógica. É nesse momento que são consideradas
as influências internas e externas que interferem no processo educativo. Destacam como dificuldade a falta de
interesse dos educandos e seus familiares, mas é importante se repensar a organização da escola e a gestão
democrática. Percebem a necessidade de um novo olhar e uma reflexão mais aprofundada na busca de soluções para
os problemas de aprendizagem, buscando através de sua formação continuada novas propostas de ação.

O fazer e o pensar
entrelaçam-se e é no
trabalho, no
processo de É fundamental que os profissionais assumam-se como
dotados de consciência e vontade. É fundamental que
produção da própria percebam-se como sujeitos do movimento histórico e da
existência humana mesma forma percebam os seus alunos.
que está posta a É fundamental que busquem conhecer os limites e
dimensão educativa possibilidades que se colocam presentes na totalidade
estruturada das leis que regem a racionalidade das relações
da formação do sociais e, inconscientemente, também os regem.
homem. É fundamental que os profissionais passem a organizar-se e
DALBEN, 1995. solidarizar-se em práticas comuns coletivas, eliminando a
tendência corporativa de proteção de espaços. E, nesse
processo, é fundamental que o discente coloque-se como
sujeito ativo, reflexivo e participante das transformações.
(DALBEN, 1995, p. 175)

Esta citação ressalta a importância do Conselho de Classe como


momento de reflexão, de diálogo, de um repensar das práticas
pedagógicas, pois evidencia a possibilidade de práticas comuns coletivas,
com participação ativa dos sujeitos envolvidos, o que resultará em
aprendizagem colaborativa.

14Depoimento, sobre Conselho de Classe, de Professores que atuaram na rede pública estadual em 2007,
identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos.

22
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Os professores e os alunos passam a ser parceiros


solidários que enfrentam desafios a partir das
Que avaliação problematizações reais do mundo contemporâneo e
precisamos demandam ações conjuntas que levem à colaboração, à
cooperação e à criatividade, para tornar a aprendizagem
construir? colaborativa crítica e transformadora. (BEHRENS, 2005,
Que cultura p. 76)
queremos valorizar?
Que conhecimentos
Desta forma, podemos perceber a importância da aprendizagem
queremos
trabalhar? colaborativa para eliminar a situação de jogo de poder, onde muitas
Que relações de vezes ocorrem situações injustas, favorecendo alguns alunos e
poder queremos
manter? prejudicando outros, preponderando os aspectos quantitativos sobre os
CADEP, 2007. qualitativos.

Vamos refletir um pouco?

Percebendo a importância da instância colegiada do Conselho de


Classe e do diálogo como instrumento de comunicação democrática na
escola pública, vamos refletir, individualmente, os seguintes
questionamentos e levá-los para serem discutidos no grupo de trabalho
posteriormente:
• Como vêm sendo realizadas em sua escola as reuniões de Conselho de
Classe?
• Cite algumas de suas contribuições para o sucesso do Conselho de
Classe na ressignificação dos processos pedagógicos?
• No Conselho de Classe ou ao avaliar um aluno, preponderam os
aspectos qualitativos ou quantitativos?
• Como em sua escola tem sido tratada a questão dos resultados de
aprendizagem dos alunos?
• O que sua escola está fazendo para melhorar seus índices de
aprendizagem e aprovação dos alunos?

23
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

• Quais os aspectos significativos (positivos/lacunas/dificuldades) do


Conselho de Classe? Diante disto quais os temores e esperanças para
o Conselho de Classe?
• Que mudanças são possíveis de implantar no Conselho de Classe?
O homem
constrói sua

A
especificidade e se Avaliação da Aprendizagem, considerada uma das mais
constrói enquanto
complexas ações pedagógicas, é evidenciada pelo Conselho de
ser histórico à
medida que Classe. Este processo deverá ocorrer em todos os momentos
transcende o do trabalho pedagógico realizado na escola, buscando acompanhamento
mundo natural
pelo trabalho. das atividades de ensino-aprendizagem, bem como detectando
PARO, 2004 problemas que possam interferir neste processo.
Vamos observar o depoimento dos professores, a seguir:

A avaliação tem que ser tanto para os alunos quanto para


os professores. Os alunos também devem avaliar seus
professores, se queremos formar cidadãos conscientes e
críticos, devemos aceitar críticas e recebê-las como
construtivas. (Professor G)

A avaliação da aprendizagem é oportunizada por meio de


diversos instrumentos. A indisciplina é uma das causas do
baixo rendimento escolar. A falta de “cobrança” por parte
da família, também leva ao desinteresse, ocasionando falhas
na aprendizagem. (Professor H) 15

Os professores afirmam que se utilizam de diversos instrumentos


para avaliar a aprendizagem dos seus alunos. Consideram a indisciplina e
a falta de cobrança da família como causa de desinteresse e do baixo
rendimento dos mesmos.
Nesse contexto, reafirmamos que a função da avaliação é

15Depoimento, sobre Avaliação da Aprendizagem, de Professores que atuaram na rede pública estadual
em 2007, identificados por letra para preservar a identidade dos mesmos.

24

A ação avaliativa
mediadora se
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

bastante ampla, no sentido de levantamento das possíveis causas dos


problemas de aprendizagem que os alunos apresentam, levando em
conta a sua história de vida, a vivência familiar, a situação sócio-
econômica-cultural, pois nem sempre o baixo rendimento dos alunos
tem sua origem, tão somente na sala de aula. Daí a importância do
trabalho conjunto entre professores, equipe pedagógica e a família dos
alunos, no sentido de amenizar esses entraves, o que certamente
resultará no sucesso do trabalho educativo.
Sobre a aprendizagem vejamos o que diz:

A escola [...] só realiza suas funções e torna-se viva na


mediação da docência em sala de aula, onde uma turma de
alunos e uma equipe de professores fazem-se
sujeitos/autores de seu ensinar e de seu aprender. Os
alunos, com seus saberes da vida e sua experiência escolar
pregressa; e os professores além dos saberes da própria
experiência vivida com o saber organizado e sistematizado,
sob a forma escolar e em virtude dela, na cultura e nas
ciências. Confrontam-se, assim, em revelação criadora, os
saberes dos professores com a situação problematizadora
dos alunos, uma força ativa interrogante. [...]
A aprendizagem realiza-se nas relações face a face, ou
melhor, ouvido a ouvido de alunos e professores postos à
escuta das vozes que os interpelam. (VEIGA, 2005, p. 148)

Esta citação ressalta a importância da interação professor/aluno,


protagonistas em busca do saber, no processo ensino-aprendizagem. A
participação ativa de ambos, o interesse, o dinamismo, a relação de
afetividade e o respeito são fatores que interferem de forma positiva
nesse processo de aprendizagem colaborativa.
Sobre a avaliação da aprendizagem, acrescenta:

A avaliação da aprendizagem escolar feita pelos professores deverá estar a serviço das funções sociais da escola,

dos objetivos de ensino, do projeto pedagógico da escola, do currículo, das metodologias. Além disso, ela se

25
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

assenta no respeito de todos os alunos de usufruírem de um ensino de qualidade. Os critérios de relevância da

avaliação dos alunos centram-se, portanto, em dimensões qualitativas e quantitativas, ou seja, melhor qualidade da

aprendizagem para todos os alunos, em condições iguais. Desse modo, a justa medida da eficácia das escolas está

no grau em que todos os alunos incorporam capacidades e competência cognitivas, operativas, afetivas, morais,

para sua inserção produtiva, criativa e crítica na sociedade contemporânea. (LIBÂNEO, 2001, p. 240)

Esta citação destaca a importância da escola cumprir a sua função


social, garantindo direitos e oportunidades iguais à todos os alunos, de
acordo com os objetivos propostos no PPP, trabalhando conteúdos
significativos e aplicando metodologia adequada.
Portanto, é através da avaliação que os educadores vão conhecer a realidade
escolar, buscando compreender criticamente as causas de existência de problemas
pedagógicos, para poder analisá-las, estudar cada caso e propor possíveis ações para
a resolução dos problemas levantados. As alternativas de solução apresentadas
deverão ser analisadas coletivamente, de tal forma que haja um compromisso de
todos os envolvidos com a efetivação dos resultados planejados, visando o sucesso
do trabalho pedagógico.

Defino a avaliação da aprendizagem como um ato


amoroso, no sentido de que a avaliação, por si, é um ato
acolhedor, integrativo, inclusivo. Para compreender isso,
importa distinguir avaliação de julgamento. O julgamento é
um ato que distingue o certo do errado, incluindo o
primeiro e excluindo o segundo. A avaliação tem por base
acolher uma situação, para, então (e só então), ajuizar a sua
qualidade, tendo em vista dar-lhe suporte de mudança, se
necessário. (LUCKESI, 1995, p. 172).

Luckesi nos leva a refletir e sugere aos educadores um olhar


diferenciado, oportunizando aos alunos uma avaliação acolhedora,
considerando suas experiência de vida, sem pré-julgamento, o que
muitas vezes provoca nos estudantes o fracasso escolar ou a desistência

Agregar novas de seus estudos, excluindo-os e marginalizando-os.


perspectivas [...] só Comungamos com a idéia desse autor e consideramos que
é possível quando
compreendo meus
próprios
pensamentos e 26

apreendo o de
outros, isto é,
quando habilito
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

trabalhar com a educação é um ato de amor, de acolhimento e de


respeito ao próximo.
Pode-se concluir que a ação colegiada do Conselho de Classe, articulada com um processo de
avaliação pedagógica séria, fortalece a gestão democrática e subsidia a efetivação do Projeto Político
Pedagógico da instituição. A ressignificação dos processos pedagógicos imprime uma direção às
ações dos educadores e educandos, pois pressupõe o trabalho coletivo e diagnóstico, pautado numa
pedagogia de transformação social.

Sugestão metodológica:

Desafios lançados:

Vamos propor novas formas de organização do trabalho


pedagógico, possibilitando a gestão democrática, a liberdade de
expressão, o diálogo e a ressignificação dos processos pedagógicos?

• Reunam-se em três grupos que constem representante de cada


instância da escola.
o Grupo A: Projeto Político Pedagógico.
o Grupo B: Formação Continuada de Professores
o Grupo C: Conselho de Classe e Avaliação

• Cada grupo indica o seu relator e o secretário para organizar as


atividades coletivamente.
A educação é • Com base no referencial teórico estudado neste Caderno Temático 2,
um instrumento
de resistência e em outras pesquisas, nas discussões realizadas e na sua experiência
transformação profissional o grupo fará um diálogo sobre as situações problemas
dos padrões
levantadas e.as possibilidades de implementação.
socioculturais
dominantes. • Cada grupo propõe um encaminhamento para as questões centrais,
VIEIRA, 2002.

27
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

estabelecendo distribuição de tarefas e metas a serem cumpridas em


curto, médio e longo prazo.
• Os grupos retornam ao grande grupo em forma de painel, onde cada
relator fará a exposição dos principais aspectos levantados e os
encaminhamentos sugeridos.

• Após todos os grupos exporem suas idéias, inicia-se a discussão no


grande grupo, refletindo, sugerindo e acordando propostas comuns
para serem efetivadas na escola. O registro será realizado no flip shart,
simultaneamente, de forma que todos possam acompanhar as
propostas.

A escola que
passa por um Aprofunde seus conhecimentos
processo Atividade 1:
avaliativo sério
e participativo a) Indique atividades que seriam desejáveis e que ainda não
descobre a sua constam da prática pedagógica na Educação Básica pública.
identidade e b) Analisando o PPP de sua escola, liste outras atividades que
acompanha a
sua dinâmica.
VIEIRA,
28
2002.
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

considera importantes para o enriquecimento do PPP.

Atividade 2:

a) Combine com sua equipe uma entrevista com um Gestor


Educacional que vem atuando significativamente na rede
pública, para conhecer melhor suas propostas de trabalho e
ações que deram resultados positivos, em relação à temática
deste caderno.
b) Anote as questões para a entrevista.

29
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Concluímos esta proposta de trabalho, na perspectiva da práxis da


dialogicidade na Gestão Escolar Democrática, através dos estudos realizados
no Caderno Temático 1, sobre o Diálogo na Efetivação da Gestão Escolar
Democrática e no Caderno Temático 2, Buscando a Ressignificação dos
Processos Pedagógicos.
O Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná
foi imprescindível para a elaboração destes cadernos temáticos, como
requisito dos trabalhos de conclusão referentes ao segundo semestre de
2007, sob a orientação valiosa dos docentes da Universidade Estadual de
Ponta Grossa.
O referencial teórico apresentado, os questionamentos, as reflexões e
A escola precisa as atividades práticas poderão subsidiar, respaldar e contribuir para um
articular sua melhor desempenho do trabalho pedagógico na educação pública do Estado
capacidade de
receber e interpretar do Paraná.
informação, com a Nossa intenção foi de colaborar com a ação docente dos
de produzi-la,
profissionais da educação, abrindo possibilidades de inserção de novas
considerando seu
aluno sujeito do seu contribuições, sem jamais perder o sonho e a esperança de uma educação
próprio libertadora, pois o ideal seria equilibrar uma “educação do gesto poético”, lembrada por
conhecimento.
LIBÂNEO, 2001. Rubem Alves, com uma “educação do ato político”, sempre reclamado por Paulo Freire.
(BRANDÃO, 2007, p. 10)

30
Buscando a ressignificação dos processos pedagógicos

Referências

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Criarp, abr, 2005, n. 44.

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colaborativa num paradigma emergente. In: ALMEIDA, Mª E. B.;
MORAN, J. M. (orgs). Integração das tecnologias na educação.
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http://www8.pr.gov.br/portals/portal/pde/textos.php acessado em
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Imagens)
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Anotações

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BRANDÃO, C. R. Educar: ousar utopias da educação cidadã à


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33
CADER NO TEM ÁTICO 2

BUSCANDO A RESSIGNIFICAÇÃO DOS


PROCESSOS PEDAGÓGICOS

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