Você está na página 1de 13

INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA PARA DESENVOLVIMENTO DA

INOVAÇÃO NAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

PROF. DRº. HÉLIO MATOS


O ambiente favorável à inovação
Leydesdorff e Etzkowitz (2001) explicitam que a estruturação de um ambiente propício à
ação conjunta de três diferentes
inovação só pode se efetivar a partir da
entes da sociedade: o governo, a universidade e a empresa. Além
disso, destacam que a realização das interações entre esses diferentes entes ocorre de forma
independente, ainda que em um processo de cooperação e interdependência (Leydesdorff
& Etzkowitz, 1998; Paula, Ferreira, Silva, & Faria, 2013; Stal & Fujino, 2005).

Tríplice Hélice Interação U-E Inovação em MPEs

As MPEs correspondem a cerca de 99% do total das empresas legalmente


estabelecidas no Brasil, respondendo por 27% da geração do Produto Interno
Bruto (PIB) brasileiro.
MOTIVAÇÕES PARA AS UNIVERSIDADES INTERAGIREM COM AS EMPRESAS
PARA AS UNIVERSIDADES PARA AS EMPRESAS
Necessidade de fontes de financiamento de pesquisas Ausência de recursos para desenvolver suas pesquisas

Necessidade de equipamentos e materiais para os Licenciamento para exploração de tecnologia externa pode
laboratórios ser mais caro que contratar pesquisa em universidades

Efetivação da função social da universidade, fornecendo Consideração sobre resultados exitosos anteriormente
conhecimento tecnológico que promova o bem-estar da obtidos na interação universidade-empresa
sociedade
Possibilidade de geração de renda para o pesquisador e Acesso às pesquisas na fronteira do conhecimento
para a universidade
Aumento do prestígio institucional da universidade Estímulo à criatividade científica dos funcionários, em
especial, na área de pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Difusão do conhecimento Divisão dos riscos envolvidos


Obtenção de meios para a manutenção de grupos de Acesso aos recursos universitários, tais como laboratórios
pesquisas e equipamentos de ponta.
Acesso dos pesquisadores universitários com o ambiente Melhoria da imagem da empresa através da interação com
industrial. as universidades
Aumento do prestígio do pesquisador individual, Redução do prazo necessário para o Desenvolvimento de
proporcionando a ampliação de perspectivas profissionais novas tecnologias.

Figura 5: Motivações para a interação universidade-empresa


Fonte: Adaptado de Bonaccorsi e Piccaluga (1994) e Segatto-Mendes (1996)
BARREIRAS PARA AS UNIVERSIDADES INTERAGIREM COM AS EMPRESAS

PRINCIPAIS BARREIRAS
Visão de comprometimento da integridade da função acadêmica da universidade ao se envolver
com empresas privadas

Crítica ao aumento da realização de pesquisa aplicada nas universidades


Defesa de que o Estado seja o único provedor de recursos para as universidades
Dificuldade da definição de a quem pertence o direito sobre a patente resultante do conhecimento
científico desenvolvido.

Descompasso existente entre o tempo de atendimento das demandas das empresas e o tempo
necessário para a realização de pesquisas por parte da universidade.

Contratação direta de pesquisadores pela empresa, sem a anuência da universidade.


Dificuldade de comunicação entre as partes envolvidas
Figura 6: Principais barreiras para as universidades interagirem com as empresas
Fonte: Elaboração própria
MECANISMOS PARA AS UNIVERSIDADES INTERAGIREM COM AS EMPRESAS

PRINCIPAIS MECANISMOS
a Fundações universitárias h Disque tecnologia
b Fundações de amparo à pesquisa i Consultoria
c Incubadoras de empresas j Estágios
d Escritórios de transferência de k Empresa júnior
tecnologia
e Centros de pesquisas cooperativos l Núcleos de Inovação Tecnológica
f Parques tecnológicos m Realização de pesquisas nas empresas
g Spin-0ff n Financiamento de pesquisas com foco
em inovação tecnológica nas MPEs

Figura 7: Mecanismos utilizados pelas universidades para interação com as empresas


Fonte: Elaboração própria
MODELO CONCEITUAL PARA INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA

Figura 04: Modelo da tríplice hélice adotado para realização do estudo


Fonte: Adaptado de Etzkowitz e Leydesdorff (1998, 2000)
RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO - MOTIVAÇÕES

• Efetivação da função social da universidade, por • Promoção do acesso dos pesquisadores


meio da aplicação do conhecimento desenvolvido na universitários ao ambiente industrial, garantindo
universidade para o atendimento das demandas por recursos humanos capacitados a atuarem no ambiente
inovação tecnológica junto às empresas, não podendo industrial e empresarial. Nesse sentido, é necessária a
o conhecimento tecnológico desenvolvido ficar regulamentação dessa ocupação, de forma a garantir
guardado entre os muros da universidade; aos pesquisadores a participação em ações de interação
• Necessidade de obtenção de recursos, sejam fontes U-E formalmente definidas no conjunto de atividades
de financiamentos ou meios para a manutenção de de trabalho;
equipamentos e materiais de laboratório; • Necessidade de construção de uma “ponte” entre a
• Promoção do prestígio institucional da universidade e o mercado, ou seja, é necessário que a
universidade, principalmente ao ser considerado a universidade interaja com a MPEs, o que pode
necessidade de reconhecimento, por parte da classe favorecer o alcance de vantagem competitiva para os
empresarial, da capacidade da universidade em gerar pequenos negócios locais;
soluções tecnológicas;
• Contribuir para o desenvolvimento regional, ao
• Reconhecimento das potencialidades e necessidades interagir com as MPEs e realizar o atendimento das
locais, assim, a universidade pode realizar pesquisas demandas por inovação tecnológica dessas empresas a
que ajudem a solucionar problemas reais e cooperar universidade pode favorecer o desenvolvimento do
com o desenvolvimento local, em especial, com as mercado local.
micro e pequenas empresas;
RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO - BARREIRAS
• Posição ideológica contraria ao processo de • Ausência ou pouco número de profissionais
interação U-E; há a necessidade de compreensão por dedicados a atividades de interação U-E nas
parte de alguns setores da universidade quanto ao universidades, situação que reflete a falta de
entendimento do processo de interação e seus visibilidade e a falta de apoio institucional aos setores
benefícios; responsáveis por realizarem a interação universidade-
• Estrutura “engessada” da universidade, situação empresa;
que prejudica a concretização de ações de interação • A contratação direta de pesquisadores por
U-E devido ao trâmite burocrático existente na empresas, ou seja, o entrave ocorre a partir do
universidade, o que provavelmente resulta das momento em que essa contratação é individualizada e
diferentes interpretações acerca do que estabelece a realizada sem a anuência da universidade, podendo
legislação; inclusive resultar em danos à imagem da instituição;

• Baixo apoio institucional para a efetivação da • Pouca cultura de efetivação da interação U-E,
interação U-E, situação identificada pela ausência de devido ao receio dos empresários em investir em
um consenso de que a efetivação da interação é uma processos de inovação e a grande ocorrência de MPEs
forma de a universidade contribuir para o no estado do Maranhão e no Brasil, o que em muitos
desenvolvimento local, por considerar em suas casos inviabiliza a interação por ausência de recursos;
pesquisas o atendimento das demandas por inovação
tecnológica das empresas, em especial, das MPEs; • Legislação focada apenas na regulamentação do
processo de interação U-E, isto é, as patentes
• Ausência de recursos financeiros, tecnológicos e resultantes de pesquisas aplicadas não possuem o
estruturais das micro e pequenas empresas para mesmo valor para o processo de desenvolvimento do
desenvolver e promover conhecimento gerador de pesquisador quanto um artigo publicado em uma boa
inovação tecnológica; revista;
RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO - BARREIRAS
• Ausência de divulgação das competências tecnológicas • Dificuldade em reconhecer as potencialidade e
da universidade, a divulgação da universidade ocorre necessidades locais, o que é caracterizado pela pequena
sempre com o foco na formação de recursos humanos, realização de pesquisas práticas, as pesquisas aplicadas.
nunca em termos que indiquem que a universidade pode Ou seja, os acadêmicos são direcionados a realizarem
contribuir com a solução de problemas nas empresas; pesquisas consideradas mais complexas e que permitam a
elaboração de artigos, isto é, o foco é prioritariamente na
vida acadêmica;
• Ausência de normas claras quanto ao ganho do • Postura passiva da universidade, o que dificulta o
pesquisador universitário envolvidos em interações U-E, acesso das empresas pela simples ausência de definição
não existindo algo que permita ao professor declarar de um local para onde o empreendedor possa se dirigir
abertamente o ganho resultante da realização de uma na universidade para obter uma solução para sua
pesquisa, sendo ainda tratado, na maioria das vezes, como demanda;
uma ação ilegal; • Dificuldade com a linguagem acadêmica, a utilização
de um diálogo mais acadêmico e diferente da forma
como os empreendedores estão acostumados tende a
• Envelhecimento da universidade, situação que expõe a criar a imagem de que a solução a ser proposta é algo
ausência de renovação dos quadros de professores, e a que não servirá, ou ainda, que é algo inútil para a
permanência de um quadro em desalinhamento com as empresa;
novas tecnologias, fazendo com que muitos jovens • Dificuldade em atender às demandas das empresas
pesquisadores busquem a iniciativa privada; em tempo hábil, o que provavelmente resulta da falta
de prioridade da universidade em atender a demanda
das empresas, independentemente do porte.
RESULTADOS DA PESQUISA E DISCUSSÃO - MECANISMOS
• O núcleo de inovação tecnológica, posicionado como o
• As consultorias técnicas, desde que realizadas
responsável por coordenar o processo de interação U-E,
de forma institucionalizada e que ocorra a
portanto, é necessário que atue não apenas como um
regulamentação e a definição da forma de
guardião dos conhecimentos tecnológicos desenvolvidos
execução dessas consultorias pela universidade,
na universidade. Deve promover a aproximação da
garantindo a legitimidade da consultoria e
universidade e coordenar o recebimento das demandas
preservando a atividade fim do servidor;
por inovação tecnológica das empresas e proceder a
gestão dos processos de transferência tecnológica;
• A fundação de amparo à pesquisa,
• A incubadora de empresas de base tecnológica, reconhecendo a necessidade de apoiar a
posicionada como mecanismo essencial para a interação interação U-E, a partir da publicação de editais
U-E com as MPEs. Principalmente, se considerado o seu que contemplem o financiamento de pesquisas
papel como agente facilitador e incentivador do com a participação da universidade,
empreendedorismo acadêmico e, por conseguinte, o objetivando o desenvolvimento da inovação
atendimento das demandas dessas empresas originárias tecnológica nas micro e pequenas empresas;
da academia;
• A realização de estágios tecnológicos, considerando o • As empresas juniores, mantendo a sua atuação
potencial de interação do estagiário com as MPEs; o na realização de consultorias para as empresas,
estágio é identificado como sendo um possível meio de que em sua maioria são MPEs, além de atuar
reconhecimento de demandas por inovação tecnológicas no fomento ao empreendedorismo acadêmico;
dessas empresas. Nesse sentido, é necessário considerar
a estruturação desse modelo de estágio;
PROPOSIÇÕES PARA AS UNIVERSIDADES CONTRIBUÍREM COM O DESENVOLVIMENTO DA
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS MPEs
• Constituição do núcleo de inovação tecnológica, • Definição de um local na universidade para uso
reconhecido como o responsável pela gestão do das MPEs, com infraestrutura adequada e
atendimento das demandas por inovação tecnológica funcionando nos moldes de um coworking, onde as
das empresas; MPEs, sejam acadêmicas ou não, possam interagir
• Elaboração da política de inovação da entre si e receberem orientações quanto ao
universidade, especificando como os pesquisadores atendimento de suas demandas por professores e
poderão atuar em pesquisas realizadas nas empresas alunos mais experientes.
ou com as empresas; determinação da divisão dos
• Incentivo à criação de grupos de pesquisas com
ganhos obtidos com a inovação desenvolvida;
foco em empreendedorismo e inovação, podendo,
• Incentivo ao desenvolvimento do assim, atender às demandas das MPEs por inovação
empreendedorismo acadêmico de base tecnológica, ao fazer pesquisas com foco na solução
tecnológica, por meio de criação e inclusão de real de problemas dessas empresas.
disciplinas que contemplem as temáticas da inovação
e do empreendedorismo.; • Criação de eventos com chamada pública para
atender às necessidades das MPEs, possibilitando o
• Incentivo ao desenvolvimento de empresas de recebimento de demandas por inovação tecnológica
base tecnológica por estudantes e professores, pela universidade e internamente desenvolver ações
favorecendo, assim, a transferência de tecnologias com os acadêmicos, incentivando a solução de
para o setor produtivo por meio do incentivo ao problemas reais das empresas, colocando em prática
surgimento de empresas nascidas na universidade, os os conhecimentos adquiridos na universidade.
spin-offs acadêmicos.
PROPOSIÇÕES PARA AS UNIVERSIDADES FEDERAIS CONTRIBUÍREM COM O
DESENVOLVIMENTO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NAS MPEs
MOTIVAÇÕES BARREIRAS
• Efetivação da função social da universidade • Posição ideológica contraria a interação U-E
• Necessidade de obtenção de recursos • Estrutura engessada da universidade
• Promoção do prestígio institucional • Pouco apoio institucional
• Ausência de recursos nas MPES
• Reconhecimento das potencialidades locais
• Poucos profissionais dedicados
• Acesso ao ambiente industrial
• Contratação direta de pesquisadores
• Aproximação do mercado
• Pouca cultura em interação U-E
• Contribuição para o desenvolvimento regional • Legislação com foco em regulamentação
MECANISMOS • Ausência de divulgação das competências tecnológicas da universidade
• O NIT como responsável pela gestão da interação U-E • Falta de clareza quanto aos ganhos do pesquisador
• A incubadora de empresas de base tecnológica • Envelhecimento da universidade
• Realização de estágios tecnológicos • Dificuldade em reconhecer potencialidades locais
• Consultorias técnicas institucionalizadas • Postura passiva da universidade
• Fundação de Amparo à pesquisa • Dificuldade com a linguagem acadêmica
• Empresas juniores atuando junto as MPEs • Pouca preocupação com o tempo de entrega
PROPOSIÇÕES
• Constituição do NIT da instituição
• Elaboração da política de inovação
• Incentivo ao empreendedorismo acadêmico
• Incentivo ao desenvolvimento de empresas de base tecnológica
• Definição de um local para atendimento das MPEs
• Incentivo à criação de grupos de pesquisa em empreendedorismo e inovação
• Incentivo à criação de eventos de empreendedorismo e inovação em MPEs

Figura 16: Proposições para as universidades contribuírem com a inovação nas MPES
Fonte: Elaboração própria

Você também pode gostar