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Curso: 380372 – Técnico/a de Serviços Jurídicos 02 EFA PRO CB-FAD

Objetivos Globais do Módulo: Visa reconhecer o Estado como sociedade politicamente


organizada; reconhecer o Direito Constitucional como ramo de Direito Público; Identificar a
organização política do Estado/ Órgãos de soberania; Interpretar artigos da Constituição da
República Portuguesa.

Objetivos específicos:
- O Estado e o Direito:
- Sociedade politicamente organizada
- Elementos
- Poderes/funções e fins
- Direito Constitucional:
- Ramo do Direito Público
- Organização política do Estado/Órgãos de soberania
- Constituição da República Portuguesa
- Legislação aplicável: Constituição da República Portuguesa - https://dre.pt/legislacao-
consolidada/-/lc/34520775/view - Diário da República n.º 86/1976, Série I de 1976-04-10 –
Lei n.º 1/ 2005, de 12 de Agosto

Definição de órgão de soberania – é um órgão do Estado em que está


depositada parte da sua soberania enquanto Estado Soberano.

Estado – o termo Estado data do século XIII e refere-se a qualquer País soberano, com
estrutura própria e politicamente organizada, bem como designa o conjunto das instituiçõe s
que controlam e administram uma nação.

Soberania – refere-se à entidade que não conhece superior na ordem externa nem igual
na ordem interna. Soberania é o poder absoluto e perpétuo de um Estado-Nação – segundo
Jean Bodin (renascentista francês).
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O Estado é estruturado política, social e juridicamente, ocupando um território


definido onde normalmente, a lei máxima é uma constituição escrita – de onde também
surge a legitimação de sua atuação e existência.
É dirigido por um governo que possui soberania determinada tanto interna como
externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima “Um governo, um povo, um
território”. O Estado é responsável pela organização e pelo controle social, pois detém,
segundo Max Weber, o monopólio da violência legítima (coerção, especialmente a legal).
Segundo a divisão sectorial sociológica mais comum, considera-se o Estado o Primeiro
sector, ficando o Mercado e as Entidades da Sociedade Civil respetivamente como o
Segundo e Terceiro Sectores.
O reconhecimento da independência de um Estado em relação aos outros,
permitindo, ao primeiro, firmar acordos internacionais, é uma condição fundamental para
estabelecimento da soberania. O Estado pode também ser definido em termos de
condições internas, especificamente (conforme descreveu Max Weber, entre outros) no que
diz respeito à instituição do monopólio do uso da violência.

Elementos do Estado

O Estado possui quatro elementos, a saber:

• População: é a reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um


poder central. Quando os indivíduos da população possuem elementos comuns,
como a cultura, a religião, a nacionalidade, a etnia ou o idioma, são chamados de
nação; caso contrário, são chamados de povo, pois apesar de se submeterem ao
poder de um Estado e estarem reunidos num determinado local, possuem elementos
diferentes;
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• Território: é o espaço geográfico onde reside determinada população, servindo de


limite de atuação dos poderes do Estado. Ou seja, não poderá haver dois Estados
exercendo seu poder num mesmo território;

• Soberania: é o exercício do poder pelo Estado, tanto internamente, quanto


externamente. O Estado, portanto, deve ser soberano para controlar seus recursos
e dirigir seus objetivos políticos, económicos e sociais, sem depender de nenhum
outro Estado ou órgão internacional;

• Governo: Essa é a autoridade governante de uma unidade política, que tem o


objetivo de dirigir uma sociedade política e exercer autoridade. O tamanho do
governo vai variar de acordo com o tamanho do Estado, e ele pode ser local, regional
e nacional.

A Constituição da República Portuguesa prevê os seguintes órgãos de soberania:

• Presidente da República;
• Assembleia da República;
• Governo;
• Tribunais.

A Constituição estabelece também a separação e interdependência dos poderes dos


órgãos de soberania:

- O Presidente da República pratica atos do poder moderador e do poder executivo.

- A Assembleia da República exerce o poder legislativo.

- O Governo pratica atos do poder executivo e do poder legislativo.

- E os Tribunais exercem o poder judicial.


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O mandato do Presidente da República tem a duração de cinco anos e termina com a posse
do novo Presidente eleito.
O mandato da Assembleia da República (legislatura), se não se verificarem nenhumas das
vicissitudes constitucionalmente previstas que podem interrompê-lo, tem a duração de
quatro anos.
O Governo, em condições normais, está ligado à duração de cada legislatura, uma vez que
é formado em resultado da composição da Assembleia da República saída de uma eleição
— o que corresponde a quatro anos, como referido.
Ao contrário do que se passa com os restantes órgãos de soberania, nos tribunais há que
distinguir entre os titulares das várias espécies de tribunais, que são os juízes: juízes dos
tribunais judiciais, juízes dos tribunais administrativos e fiscais, juízes do Tribunal de Contas
e juízes do Tribunal Constitucional.
Os juízes dos tribunais judiciais, cujo regime de designação é também aplicável aos juízes
dos tribunais administrativos e fiscais, são recrutados por concurso público.
Constituem exceção os juízes do Tribunal Constitucional e o Presidente do Tribunal de
Contas, os únicos cujo modo de designação é especificamente regulado pela própria
Constituição:
- O Tribunal Constitucional é composto por 13 juízes, 10 dos quais são designados pela
Assembleia da República e três incorporados por estes últimos, sendo o seu mandato de
nove anos.
- Quanto ao Tribunal de Contas, o seu Presidente é nomeado pelo Presidente da República,
sob proposta do Governo, e tem o mandato de quatro anos.

O Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a


independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das
instituições democráticas, e é o comandante supremo das Forças Armadas.
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O presidente da República representa tanto o Estado português quanto a própria


comunidade nacional, enquanto entidade histórica, política e cultural.
Enquanto representante da República Portuguesa no domínio das relações internacionais,
o Presidente da República nomeia e acredita os representantes diplomáticos de Portugal
no estrangeiro, aceita as credenciais dos representantes diplomáticos estrangeiros, ratifica
os tratados internacionais, declara a guerra e procede à feitura a paz.
Enquanto garante da unidade do Estado, o Presidente da República representa Portugal
na sua totalidade perante os outros Estados, tem uma intervenção na dissolução dos
órgãos das regiões autónomas, nomeia os respetivos representantes da República e
garante a continuidade do Estado perante uma eventual dissolução da Assembleia da
República e demissão do Governo.
Na função de garante do regular funcionamento das instituições democráticas, o Presidente
da República tem competência para solicitar a fiscalização da constitucionalidade das leis
(tanto a título preventivo quanto sucessivo), dissolver a Assembleia da República, demitir o
Governo (quando esteja em causa o regular funcionamento das instituições democráticas)
ou exonerar o Primeiro-Ministro, e para declarar o estado de sítio e o estado de emergência.

Quais as diferenças de poderes entre a Assembleia da República e o Governo?

A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos


portugueses, com competências político-legislativas e de controlo do Governo. Pode
legislar sobre todas as matérias, exceto as respeitantes à organização e funcionamento do
Governo. É o principal órgão legislativo do país. No exercício da função de controlo do
executivo, dispõe de instrumentos como o direito de interpelação e de perguntas, de exame
das petições apresentadas por cidadãos, criação de comissões de inquérito, sujeição do
Governo a moções de censura, assim como de fiscalização do cumprimento da
Constituição e de controlo financeiro das contas do Estado. Tem também uma função de
eleição de determinados órgãos constitucionais ou seus titulares, como o Provedor de
Justiça.
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O Governo, por sua vez, dirige a política geral do país e é o órgão superior da Administração
Pública. É o órgão executivo por excelência, com uma função política ou de governo, mas
também exerce ativa e frequentemente a função legislativa, tanto por competência própria
quanto mediante autorização legislativa da Assembleia da República ou mesmo
apresentando propostas de lei a serem debatidas e aprovadas no Parlamento.

O Governo é essencialmente o órgão de soberania que conduz a política geral do


país e é o órgão superior da Administração Pública.
Além disso, no exercício das suas funções políticas, compete ao Governo: referendar os
atos do Presidente da República; negociar e ajustar convenções internacionais; aprovar os
acordos internacionais cuja aprovação não seja da competência da Assembleia da
República ou que a esta não tenham sido submetidos; apresentar propostas de lei e de
resolução à Assembleia da República; propor ao Presidente da República a sujeição a
referendo de questões de relevante interesse nacional; pronunciar-se sobre a declaração
do estado de sítio ou do estado de emergência; propor ao Presidente da República a
declaração da guerra ou a feitura da paz.
No exercício da sua competência legislativa, compete ao Governo: fazer decretos-leis em
matérias não reservadas à Assembleia da República; fazer decretos-leis em matérias de
reserva relativa da Assembleia da República (por exemplo, direitos, liberdades e garantias,
crimes e penas, expropriação por utilidade pública, etc.), mediante autorização desta; fazer
decretos-leis de desenvolvimento dos princípios contidos em leis que contenham bases
gerais de regimes jurídicos.
Enquanto órgão superior da Administração Pública, cabe ao Governo elaborar os planos
(por exemplo, nas áreas da economia, das finanças e do orçamento, da cidadania, das
relações exteriores e da defesa nacional, da justiça, da segurança e de outras áreas
sectoriais) e ordenar a sua execução; fazer executar o Orçamento do Estado; fazer os
regulamentos necessários à boa execução das leis; dirigir os serviços e a atividade da
administração direta do Estado, civil e militar, superintender na administração indireta e
exercer a tutela sobre esta e sobre a administração autónoma; praticar todos os atos
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exigidos pela lei respeitantes aos funcionários e agentes do Estado e de outras pessoas
coletivas públicas; e, em geral, tomar as providências necessárias à promoção do
desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades coletivas

.
«Os Tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a
Justiça em nome do povo» - O que significa esta afirmação?

Incumbe-lhes assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos dos


cidadãos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir os conflitos de interesses
públicos e privados, tendo direito à ajuda de outras autoridades no exercício das suas
funções.

A administração da justiça feita em nome do povo indica que essa justiça não se faz
mediante sufrágio, mas mediante um mecanismo de representação constitucional do povo
nos tribunais, designadamente na pessoa dos juízes, que são os titulares desses órgãos
de soberania.
A principal conclusão de tal afirmação é que só aos tribunais compete administrar a justiça
e, dentro dos tribunais, ao juiz. O poder judicial só pode ser exercido por tribunais, e os
juízes atuam estritamente vinculados a certos princípios de independência, legalidade e
imparcialidade.

Que tipos de lei existem e como se processa a sua elaboração, discussão e


aprovação?

A Constituição prevê a existência de três tipos de atos legislativos: as leis, os decretos-leis


e os decretos legislativos regionais.

As leis provêm da Assembleia da República, e os decretos-leis do Governo. Os decretos


legislativos regionais, por sua vez, são elaborados nas assembleias legislativas regionais
dos Açores e da Madeira.
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As leis têm início com um projeto de lei (apresentado pelos deputados ou pelos grupos
parlamentares) ou com uma proposta de lei apresentada pelo Governo, pelas assembleias
legislativas das regiões autónomas ou, em casos definidos por legislação especial, por um
mínimo de 35 000 cidadãos eleitores. Após parecer de uma comissão especializada, há o
debate e a votação na generalidade — relativa, como o nome indica, aos traços gerais da
lei proposta. Segue-se o debate e a votação na especialidade, artigo a artigo, em plenário
ou em comissão. Note-se que há matérias cujo debate e votação têm de ser feitos em
plenário.
O texto resultante é submetido a votação final global e, se aprovado, é remetido ao
Presidente da República para promulgação. O Presidente da República tem então oito dias
para requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade e
20 para exercer o seu direito de veto ou promulgar. Qualquer que seja a razão do veto
(política ou não), a Assembleia pode sempre confirmar o texto do diploma anteriormente
aprovado por maioria absoluta dos deputados em funções; exige-se a maioria de dois terços
para certas matérias, ex. leis orgânicas e leis sobre relações externas. Em caso de
aprovação nestes termos, o Presidente da República tem obrigatoriamente de promulgar o
diploma no prazo de oito dias depois de o receber.
Os decretos-leis são emitidos pelo Governo no âmbito das suas competências legislativas
próprias ou em matérias de reserva relativa (não absoluta) da Assembleia da República,
com autorização desta. Os decretos-leis devem ser assinados pelo Primeiro-Ministro e
pelos ministros competentes em razão da matéria; ficam sujeitos a fiscalização preventiva
da constitucionalidade, requerida pelo Presidente da República no prazo de oito dias, ou a
promulgação e veto, igualmente do Presidente da República.
Por fim, o processo de elaboração dos decretos legislativos regionais obedece à
Constituição e aos estatutos político-administrativos de cada uma das regiões autónomas.
O direito de assinatura ou veto sobre esses diplomas é exercido pelos Representantes da
República nas regiões autónomas.
Em regra, qualquer ato legislativo entra em vigor um dia após a sua publicação no Diário
da República, expecto se ele próprio estabelecer outra data para o efeito.
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ESTADO DEMOCRÁTICO (Desde 25 de Abril de 1974) - O Estado corresponde a uma


comunidade de cidadãos politicamente organizada, mas também a uma estrutura
organizada de poder e ação — que se manifesta através de órgãos, serviços, relações de
autoridade. Tal estrutura organizada destina-se a garantir a convivência ordenada entre os
cidadãos e manter a segurança jurídica. O Estado consegue fazê-lo porque regula
vinculativamente a conduta da comunidade, ou seja, cria normas e impõe a conduta
prescrita, inclusivamente a si próprio. Neste sentido, a estrutura organizativa a que
chamamos Estado deve obediência ao direito — isto é, cria direito e vincula-se a ele —,
não sendo outro o sentido da expressão «Estado de direito».
Não existe, portanto, a ideia de poder legítimo sem a ideia de direito, pois o direito legitima
o exercício do poder, na medida em que o controla e modera. Por isso, a expressão
«Estado de direito» significa que o exercício do poder público está submetido a normas e
procedimentos jurídicos (procedimentos legislativos, administrativos, judiciais) que
permitem ao cidadão acompanhar e eventualmente contestar a legitimidade (leia-se: a
constitucionalidade, a legalidade, a regularidade) das decisões tomadas pelas autoridades
públicas.
Este «Estado de direito» é um «Estado democrático», o que significa que o exercício
do poder baseia-se na participação popular. Tal participação não se limita aos momentos
eleitorais, mediante «sufrágio universal, igual, direto e secreto», mas implica também a
participação ativa dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais, o permanente
controlo/escrutínio do exercício do poder por cidadãos atentos e bem informados, o
exercício descentralizado do poder e o desenvolvimento da democracia económ ica, social
e cultural — ou seja, a responsabilidade pública pela promoção do chamado Estado social:
a satisfação de níveis básicos de prestações sociais e correção das desigualdades sociais.
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O Sistema Político Português


1. A CONSTITUIÇÃO PORTUGUESA - Aprovada em 2 de Abril de 1976 em sessão
plenária dos Deputados da Assembleia Constituinte.

2. - OS ÓRGÃOS DE SOBERANIA

A - Presidente da República
B - Assembleia da República
C - Governo
D - Tribunais

A - PRESIDENTE DA REPÚBLICA - Representa a República Portuguesa

Funções e poderes do PR - O Presidente da República representa a República Portuguesa,


garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das
instituições democráticas, e é o comandante supremo das Forças Armadas.
O presidente da República representa tanto o Estado português quanto a própria
comunidade nacional, enquanto entidade histórica, política e cultural.
Enquanto representante da República Portuguesa no domínio das relações internacionais,
o Presidente da República nomeia e acredita os representantes diplomáticos de Portugal
no estrangeiro, aceita as credenciais dos representantes diplomáticos estrangeiros, ratifica
os tratados internacionais, declara a guerra e procede à feitura a paz.
Enquanto garante da unidade do Estado, o Presidente da República representa Portugal
na sua totalidade perante os outros Estados, tem uma intervenção na dissolução dos
órgãos das regiões autónomas, nomeia os respetivos representantes da República e
garante a continuidade do Estado perante uma eventual dissolução da Assembleia da
República e demissão do Governo.
Na função de garante do regular funcionamento das instituições democráticas, o Presidente
da República tem competência para solicitar a fiscalização da constitucionalidade das leis
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(tanto a título preventivo quanto sucessivo), dissolver a Assembleia da República, demitir o


Governo (quando esteja em causa o regular funcionamento das instituições democráticas)
ou exonerar o Primeiro-Ministro, e para declarar o estado de sítio e o estado de emergência

QUEM SE PODE CANDIDATAR - As candidaturas são propostas por cidadãos eleitores


(num mínimo de 7500 e num máximo de 15000) e o candidato para ser eleito tem
necessariamente de obter mais de metade dos votos validamente expressos. Para esse
efeito, se necessário, realizar-se-á uma segunda votação com os dois candidatos mais
votados no primeiro sufrágio

COMO É ELEITO - Presidente da República é eleito pelos cidadãos, por sufrágio direto e
universal, para um mandato de 5 anos, não podendo ser reeleito para um terceiro mandato
consecutivo.

FUNÇÕES - De representar a República Portuguesa - Garantir a independência nacional a


unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições Comandante Supremo das
Forças Armadas (por inerência)

COMPETÊNCIAS
- o Comando Supremo das Forças Armadas
- a dissolução da Assembleia da República
- a nomeação do Primeiro-Ministro e a demissão do Governo
- a dissolução dos órgãos de governo próprio das regiões autónomas
- a declaração do estado de sítio ou do estado de emergência
- a declaração da guerra e feitura da paz
- promulgação das leis, decretos-leis e decretos regulamentares e a assinatura dos
restantes decretos do Governo - a ratificação dos tratados internacionais e a assinatura dos
decretos e resoluções que aprovem acordos internacionais
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- a convocação do referendo
- a fiscalização preventiva da constitucionalidade
- a nomeação e exoneração de titulares de órgãos do Estado
- a nomeação dos embaixadores e dos enviados extraordinários
- o indulto e comutação de penas
- os poderes transitórios relativos a Macau e Timor Leste

Preside ao Conselho de Estado - órgão político de consulta do Presidente da República e


ao Conselho de Ministros quando o Primeiro-Ministro lho solicitar

Designa cinco cidadãos para integrarem a composição deste órgão pelo período
correspondente à duração do mandato do Presidente da República

O Presidente da Assembleia da República pode substituir interinamente o Presidente da


República durante eventual impedimento temporário, mas não pode exercer algumas
competências.

B - Assembleia da República - Representa os cidadãos

A Assembleia da República é a assembleia representativa de todos os cidadãos


portugueses, com competências político-legislativas e de controlo do Governo. Pode
legislar sobre todas as matérias, expecto as respeitantes à organização e funcionamento
do Governo. É o principal órgão legislativo do país. No exercício da função de controlo do
executivo, dispõe de instrumentos como o direito de interpelação e de perguntas, de exame
das petições apresentadas por cidadãos, criação de comissões de inquérito, sujeição do
Governo a moções de censura, assim como de fiscalização do cumprimento da
Constituição e de controlo financeiro das contas do Estado. Tem também uma função de
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eleição de determinados órgãos constitucionais ou seus titulares, como o Provedor de


Justiça.

Legislação exclusiva da Assembleia da República


• os regimes de eleições e referendo;
• cidadania e símbolos nacionais;
• regimes do estado de sítio e de emergência;
• organização e funcionamento da Defesa Nacional, das forças de segurança, e dos
Serviços de Informação;
• restrições a direitos dos militares e agentes das forças de segurança;
• regime geral do orçamento do Estado, das regiões e das autarquias. A Assembleia da
República, elege, segundo o sistema de representação proporcional
• cinco membros do Conselho de Estado,
• cinco membros da alta autoridade para a Comunicação Social
• os membros do Conselho Superior do Ministério Público
• dez juízes do Tribunal Constitucional,
• Provedor da Justiça,
• Presidente do Conselho Económico e Social,
• sete vogais do Conselho Superior da Magistratura
• e os membros de outros órgãos constitucionais cuja designação seja cometida à
Assembleia da República.

C – Governo

O Governo é essencialmente o órgão de soberania que conduz a política geral do país e é


o órgão superior da Administração Pública.
Além disso, no exercício das suas funções políticas, compete ao Governo: referendar os
atos do Presidente da República; negociar e ajustar convenções internacionais; aprovar os
acordos internacionais cuja aprovação não seja da competência da Assembleia da
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República ou que a esta não tenham sido submetidos; apresentar propostas de lei e de
resolução à Assembleia da República; propor ao Presidente da República a sujeição a
referendo de questões de relevante interesse nacional; pronunciar-se sobre a declaração
do estado de sítio ou do estado de emergência; propor ao Presidente da República a
declaração da guerra ou a feitura da paz.
No exercício da sua competência legislativa, compete ao Governo: fazer decretos-leis em
matérias não reservadas à Assembleia da República; fazer decretos-leis em matérias de
reserva relativa da Assembleia da República (por exemplo, direitos, liberdades e garantias,
crimes e penas, expropriação por utilidade pública, etc.), mediante autorização desta; fazer
decretos-leis de desenvolvimento dos princípios contidos em leis que contenham bases
gerais de regimes jurídicos.
Enquanto órgão superior da Administração Pública, cabe ao Governo elaborar os planos
(por exemplo, nas áreas da economia, das finanças e do orçamento, da cidadania, das
relações exteriores e da defesa nacional, da justiça, da segurança e de outras áreas
sectoriais) e ordenar a sua execução; fazer executar o Orçamento do Estado; fazer os
regulamentos necessários à boa execução das leis; dirigir os serviços e a atividade da
administração direta do Estado, civil e militar, superintender na administração indireta e
exercer a tutela sobre esta e sobre a administração autónoma; praticar todos os atos
exigidos pela lei respeitantes aos funcionários e agentes do Estado e de outras pessoas
coletivas públicas; e, em geral, tomar as providências necessárias à promoção do
desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades coletivas.

Formação do Governo - Após as eleições para a Assembleia da República (que ocorrem


de 4 em 4 anos) demissão do Governo anterior, o Presidente da República ouve todos os
partidos que elegeram deputados à Assembleia e, tendo em conta os resultados das
eleições legislativas, convida uma pessoa para formar Governo.
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Primeiro-Ministro, convida as pessoas que entende. Presidente da República dá posse ao


Primeiro-Ministro e ao Governo que, seguidamente, faz o respetivo Programa,
apresentando-o à Assembleia da República.

Primeiro-Ministro
- É designado pelo partido vencedor das eleições para a Assembleia da República
- Forma um novo Governo e apresenta um novo Programa à Assembleia da
República.
- Não há limite para o número de mandatos do Primeiro-Ministro.

FUNÇÕES DO PRIMEIRO-MINISTRO
- Dirigir o Governo, coordenar a ação dos ministros
- Representar o Governo junto dos outros órgãos de soberania
- Prestar contas à Assembleia da República
- Manter o Presidente da República informado.

Que poderes tem o Primeiro-Ministro?


O Primeiro-Ministro assume a posição constitucional de chefe do Governo. Compete dirigir
a sua política geral, coordenando e orientando a ação de todos os ministros; dirigir o
funcionamento do Governo e as suas relações de carácter geral com os demais órgãos do
Estado; informar o Presidente da República acerca dos assuntos respeitantes à condução
da política interna e externa do país; presidir e convocar o Conselho de Ministros; e exercer
as demais funções que lhe sejam atribuídas pela Constituição e pela lei.

Cabe-lhe a tarefa fundamental de representar o Governo perante os demais órgãos de


soberania de que depende constitucionalmente: o Presidente da República e a Assembleia
da República. É o Primeiro--Ministro que apresenta o Programa de Governo à Assembleia
da República, que pode apresentar as moções de confiança e que lidera o Governo na
Assembleia da República nas moções de censura, nas interpelações e nos outros grandes
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debates parlamentares (por ex., Orçamento e Plano). É também o Primeiro-Ministro que


referenda (subscrição em concordância) os atos do Presidente da República, que lhe pede
eventualmente para presidir ao conselho de ministros e que lhe apresenta as propostas de
exoneração e substituição de membros do governo bem como o pedido de demissão do
próprio Governo.

Ministros / Secretários de Estado - São nomeados pelo Presidente da República, sob


proposta do Primeiro-Ministro.
- Dependem do Primeiro-Ministro
- Ajudam a decidir a política geral do Governo e executar a política para a sua área
- Podem ser demitidos pelo Presidente da República, a pedido do Primeiro-Ministro ou, em
certos casos especiais, os Tribunais.

FUNÇÕES DO GOVERNO - Políticas legislativas e administrativas - Quando o Governo


legisla, faz decretos-leis.
Estes podem versar sobre:
- Matérias situadas fora da reserva legislativa da Assembleia da República;
- Matérias situadas na reserva relativa da Assembleia da República, mediante autorização
desta (como direitos, liberdades e garantias; definição dos crimes; estatutos das autarquias
locais; bases do regime da função pública);
- Decretos-leis que desenvolvam os princípios ou bases gerais dos decretos-leis
anteriormente descritos.
Os decretos-leis elaborados na sequência de autorização legislativa da Assembleia da
República ou no desenvolvimento de princípios ou das bases gerais de leis devem invocar
expressamente essa referência originária na lei.
Note-se que é da exclusiva competência legislativa do Governo a matéria respeitante à sua
própria organização e funcionamento. Por outro lado, o Governo nunca pode legislar sobre
matérias de reserva absoluta de competência da Assembleia da República. A «reserva
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relativa» corresponde ao conjunto das matérias em que a Assembleia da República pode


autorizar o Governo a legislar. Nas matérias da «reserva absoluta», só a Assembleia da
República pode legislar.

VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DO PROGRAMA DO GOVERNO


• O Povo nas eleições
• o Presidente da República e os deputados, podem fazer perguntas ao Governo, recusar
as suas propostas, recusar um voto de confiança ou aprovar uma moção de censura.

RELAÇÃO ENTRE O GOVERNO E O PRESIDENTE DA REPÚBLICA


• Responsabilidade institucional e política do Governo perante o Presidente da República.
• Governo responde perante o Presidente da República através do Primeiro-Ministro.

MANDATO DE UM GOVERNO
- Quatro anos após as eleições para a Assembleia da República
- Quando se apresenta um voto de confiança ao Parlamento e este o rejeita.
- Quando a maioria absoluta dos deputados aprova uma moção de censura ao Governo.
- Quando o seu programa não é aprovado pela Assembleia da República.
- Quando o Presidente da República entende dever demiti-lo para assegurar o regular
funcionamento das instituições democráticas portuguesas.
- Quando o Primeiro-Ministro apresenta a demissão, falece ou se encontra em
impossibilidade física duradoura.

D - OS TRIBUNAIS
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Os Tribunais, administram a justiça em nome do povo, estando apenas sujeitos à lei e sendo
as suas decisões obrigatórias para todas as entidades públicas e privadas.
Esta afirmação, que surge na Constituição da República Portuguesa, tem como sentido
mais corrente expressar que os tribunais, tal como os outros órgãos de soberania, são uma
expressão da soberania popular. Incumbe-lhes assegurar a defesa dos direitos e interesses
legalmente protegidos dos cidadãos, reprimir a violação da legalidade democrática e dirimir
os conflitos de interesses públicos e privados, tendo direito à ajuda de outras autoridades
no exercício das suas funções.

A administração da justiça feita em nome do povo indica que essa justiça não se faz
mediante sufrágio (de forma imediata por eleições), mas mediante um mecanismo de
representação constitucional do povo («em nome» dele) nos tribunais, designadamente na
pessoa dos juízes, que são os titulares desses órgãos de soberania. Isso não exclui a
existência de mecanismos de representação democrática na composição de alguns órgãos
incluídos no sistema judicial (Tribunal Constitucional, Conselho Superior da Magistratura,
Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, Conselho Superior do Ministério
Público, etc.).
O principal corolário da afirmação é que só aos tribunais compete administrar a justiça e,
dentro dos tribunais, ao juiz (reserva de juiz), pelo que não podem ser atribuídas funções
jurisdicionais a outros órgãos, designadamente à Administração Pública. O poder judicial
só pode ser exercido por tribunais, e os juízes atuam estritamente vinculados a certos
princípios de independência, legalidade e imparcialidade.

Tribunais Comuns:
• Tribunais de 1ª instância ou de comarca
• Tribunais de 2ª instância ou da Relação
• Tribunal de última instância, o Supremo Tribunal de Justiça

Tribunais Especiais:
• Tribunal Constitucional
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• Tribunais Militares
• Tribunais Administrativos e Fiscais
• Tribunal de Contas

Constituição da República Portuguesa

Direito Constitucional

O direito constitucional é um ramo especial do direito público interno, quer isto dizer que
procura regular o próprio modo de exercício do poder pelos órgãos do Estado, assegurando
a validade dos atos praticados por estes nas suas relações entre si, com os cidadãos
nacionais e estrangeiros e mesmo no âmbito da aplicação de direito de fontes externas no
plano do direito interno, como o direito internacional e o direito europeu.

1- Âmbito e objeto do direito constitucional


O estudo do direito constitucional deve iniciar-se por uma clara e correta compreensão do
seu âmbito e do seu objeto. Em relação ao âmbito do direito constitucional, devemos
sublinhar que, no plano territorial, se trata de um direito estadual, no sentido de ser um
direito cujo âmbito de aplicação se encontra, em princípio, circunscrito ao espaço territorial
do Estado português, pois é aqui que o direito constitucional pode fazer prevalecer a sua
ordem de valores.
Por exemplo, quando se analisa a constitucionalidade de questões como as
condições de admissibilidade da interrupção voluntária da gravidez esta análise limita-se
aos atos praticados em território português.
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Todavia, verificamos que em certas circunstâncias, e por causa da sua especial vocação
normativa e função de validade global, o direito constitucional apresenta certas pretensões
de regulação de relações jurídicas com efeitos transestatais.

Por exemplo, “só admite a extradição por crimes a que corresponda, segundo
o direito do Estado requisitante, pena ou medida de segurança privativa ou restritiva da
liberdade com carácter perpétuo ou de duração indefinida, se, nesse domínio, o Estado
requisitante for parte de convenção internacional a que Portugal esteja vinculado e oferecer
garantias de que tal pena ou medida de segurança não será aplicada ou executada” e “não
admite a extradição, nem a entrega a qualquer título, por motivos políticos ou por crimes a
que corresponda, segundo o direito do Estado requisitante, pena de morte ou outra de que
resulte lesão irreversível da integridade física “ (artigo 33.º/4 e 6 da C.R.P.).

Já no plano subjetivo, é um direito que regula as relações de direito público entre órgãos
de soberania

Por exemplo, a necessidade de o Presidente da República ter o assentimento


da Assembleia da República para se ausentar do território nacional — artigo 163.º/b da
C.R.P.

entre estes e outros órgãos representativos do poder político,

Por exemplo, compete à Assembleia da República, mediante lei, estabelecer


outras formas de organização territorial autárquica, para além das freguesias, dos
municípios e das regiões administrativas nas grandes áreas urbanas e nas ilhas — artigos
164.º/n e 236.º/3 da C.R.P.

entre o poder público e os cidadãos em matéria de direitos fundamentais


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Por exemplo, a possibilidade de uma escola pública inserir no respetivo


programa o ensino facultativo de uma qualquer religião, o que só pode ser proibido no caso
de existir um fundamento de interesse público que justifique essa proibição — artigo 41.º/5
da C.R.P

entre o poder público e os administrados

Por exemplo, o direito de acesso a um registo administrativo pessoal por parte


do aluno a quem aquele registo se reporta, o qual só pode ser impedido no caso de existir
um fundamento de interesse público que justifique a recusa do referido acesso— artigo
268.º/2 da C.R.P.

entre os particulares entre si em matéria de direitos fundamentais (artigo 18.º/1 da C.R.P.)

Por exemplo, a obrigação de um estabelecimento de ensino privado aceitar a


inscrição de qualquer aluno, não podendo recusar-se a aceitá-lo com fundamento na
situação económica dos pais ou na circunstância de um dos progenitores ser homossexual
— artigo 18.º/1 da C.R.P.

e entre poder público e cidadãos estrangeiros e apátridas, bem como entre estes e os
cidadãos nacionais e entre estes entre si em matéria de direitos fundamentais (artigo 15.º
da C.R.P.).

Por exemplo, o direito a realizar o aborto em estabelecimento de saúde do


SNS por uma cidadã francesa residente em Portugal (artigo 15.º/1 da C.R.P.); o direito de
um aluno estrangeiro residente em Portugal a inscrever- -se num estabelecimento privado
de ensino, não podendo o mesmo ser recusado com o fundamento de o aluno ser
estrangeiro (artigos 15.º/1 e 18.º/1 da C.R.P.); não é admitido nem reconhecido o
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casamento poligâmico entre dois cidadãos marroquinos em Portugal, apesar de a lei civil
marroquina admitir e regular este tipo de casamento, o que significa que no exercício do
direito ao reagrupamento familiar por parte dos imigrantes residentes em Portugal apenas
um dos cônjuges pode beneficiar desse direito.

Por último, no plano material, é um direito baseado num princípio de supremacia sobre as
restantes normas do ordenamento jurídico - a Constituição como “norma suprema”

As funções da Constituição não é a de regular de forma detalhada e aprofundada um


determinado tipo de relações jurídicas, mas antes a de estabelecer os quadros normativos
essenciais de todas as áreas do direito positivo.
Segundo o artigo 16.º da Declaração dos Direito do Homem e do Cidadão (1789) onde se
pode ler que “a sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem
estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição” — a presença de dois
postulados essenciais na determinação do conteúdo de uma Constituição no âmbito dos
modelos do constitucionalismo ocidental europeu:

i) a separação, limitação e interdependência dos poderes (por isso a Constituição


contempla as regras de organização e funcionamento dos órgãos do poder político — v.
ponto IV deste curso);

Por exemplo, é a Constituição que define matérias como a identificação dos


órgãos de soberania em Portugal (artigo 110.º da C.R.P.), as condições de elegibilidade do
Presidente da República e o modo como é eleito (artigos 122.º e 126.º da C.R.P.), o modo
como se forma o Governo (artigo 187.º da C.R.P. ) as competências de cada um dos órgãos
de soberania (artigos 133.º, 134.º, 135.º, 161.º, 162.º, 163.º164.º 165.º, 197.º 198.º, 199.º…
da C.R.P.) — e é o estudo aprofundado e comparado destas regras que permite caracterizar
a forma de Governo da República Portuguesa.
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Ea

ii) fundação da normação jurídica (da regulação normativa) na dignidade da pessoa humana
(por isso a Constituição contempla limites balizadores das opções dos órgãos
representativos da vontade popular na prossecução do interesse público e na formação das
políticas públicas, assim como impõe limites às liberdades individuais sempre que o seu
exercício contenda com aquele valor).

Por exemplo, a Constituição proíbe a pena de morte (artigo 24.º/2 da C.R.P.), a


tortura (artigo 25.º da C.R.P.), assegura a liberdade de expressão (artigo 37.º da C.R.P.), a
liberdade de criação de escolas particulares e cooperativas (artigo 43.º da C.R.P.), proíbe
o despedimento dos trabalhadores por motivos políticos ou ideológicos (artigo 53.º da
C.R.P.) — neste particular, cada ordenamento jurídico-constitucional pode ter diferentes
perspetivas sobre a forma como deve regular os direitos fundamentais, não obstante, como
veremos mais à frente, o movimento dos direitos humanos, originário do direito internacional,
ter contribuído de forma significativa para um certo nivelamento, através da fixação de
standards considerados essenciais.

As funções clássicas da Constituição

A Constituição é um documento que estabelece regras vinculativas ordenadoras da política,


de modo a garantir que o confronto de ideias numa determinada comunidade política é
racionalizado e estruturado de modo a permitir assegurar um ‘sistema de governo’.
No âmbito destas regras ordenadoras de natureza constitucional incluem-se:
i) as normas constitucionais relativas ao princípio da separação dos poderes e à
organização do poder político (constituição dos órgãos, competências, limitação
dos mandatos, etc.);
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ii) as normas legais que a Constituição reconhece um valor superior ao das


restantes normas legais, o que significa que o respeito por elas é condição de
validade das restantes, sob pena de ‘ilegalidade qualificada’, que disciplinam
ainda aspetos essenciais ao funcionamento do sistema político e que não estão
diretamente regulados na Constituição — como é o caso das leis orgânicas em
matéria de eleições dos titulares dos órgãos de soberania (artigo 164.º/a), da lei
orgânica do regime do referendo (artigo 164.º/b), da lei orgânica dos partidos
políticos (artigo 164.º/h), das leis orgânicas eleitorais das Assembleias
legislativas das Regiões Autónomas (artigo 164.º/j), da lei orgânica eleitoral dos
órgãos das Autarquias Locais (artigo 164.º/j); e
iii) as normas constitucionais que asseguram os direitos individuais em matéria
participação cívica e política, como a liberdade de expressão (artigo 37.º), o
direito de reunião e de manifestação (artigo 45.º), o direito de participação na vida
pública (artigo 48.º), o direito de sufrágio (artigo 49.º), o direito de acesso a cargos
públicos (artigo 50.º), a liberdade de participar em partidos políticos (artigo 51.º)
e o direito de petição e de ação popular (artigo 52.º).
Em segundo lugar, a Constituição é também o instrumento ordenador do Estado, ou
seja, é a Constituição que disciplina o regime político e a organização horizontal e
vertical dos poderes dentro do Estado, bem como os princípios ordenadores do
exercício do poder dentro da organização política estadual, designadamente, o princípio
da subsidiariedade e da descentralização democrática (artigo 6.º/1 e 267.º).
Em terceiro lugar, a Constituição cumpre uma função de norma jurídica suprema no
ordenamento jurídico nacional (princípio da supremacia da Constituição).
Por último, cumpre ainda destacar que a função de norma jurídica suprema exigiu ainda
a instituição de mecanismos de garantia da sua efetividade, ou seja, a criação de
instrumentos adequados para assegurar que, na prática, não só o funcionamento dos
órgãos do Estado e do poder político respeitava as regras constitucionais, mas também
que se cumpria efetivamente um controlo de conformidade constitucional das normas
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jurídicas, incluindo das que eram emanadas pelo poder legislativo legitimamente eleito
— este é o problema de saber quem é o “guardião da Constituição”.

O que são Direitos Fundamentais?


Os direitos fundamentais são as posições jurídicas básicas reconhecidas pelo direito
português, europeu e internacional com vista à defesa dos valores e interesses mais
relevantes que assistem às pessoas singulares e coletivas em Portugal,
independentemente da nacionalidade que tenham (ou até, no caso dos apátridas, de não
terem qualquer nacionalidade).

O Estado tem a obrigação respeitar os direitos fundamentais e de tomar medidas para os


concretizar, quer através de leis, quer nos domínios administrativo e judicial. Estão
obrigadas a respeitá-los tanto as entidades privadas quanto as públicas, e tanto os
indivíduos quanto as pessoas coletivas.
À luz da nossa Constituição, existem duas grandes categorias de direitos fundamentais: os
direitos, liberdades e garantias, por um lado, e os direitos e deveres económicos, sociais e
culturais, por outro. Os primeiros — por ex., o direito à liberdade e à segurança, à
integridade física e moral, à propriedade privada, à participação política e à liberdade de
expressão, a participar na administração da justiça — correspondem ao núcleo fundamental
da vivência numa sociedade democrática. Independentemente da existência de leis que os
protejam, são sempre invocáveis, beneficiando de um regime constitucional específico que
dificulta a sua restrição ou suspensão.
Em contraste, os direitos económicos, sociais e culturais — por exemplo, o direito ao
trabalho, à habitação, à segurança social, ao ambiente e à qualidade de vida — são, muitas
vezes, de aplicação diferida. Dependem da existência de condições sociais, económicas
ou até políticas para os efetivar. A sua não concretização não atribui a um cidadão, em
princípio, o poder de obrigar o Estado ou terceiros a agir, nem o direito de ser indemnizado.

O que são deveres fundamentais do cidadão?


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Juntamente com os direitos fundamentais, os deveres correspondem à base jurídica


essencial para a vida social, política e humana, tal como hoje se entende.

Alguns deveres – como o pagamento de impostos, a colaboração com a administração da


justiça, a obediência às ordens legítimas da autoridade – são diretamente exigíveis, pelo
que o seu incumprimento pode dar origem a sanções previstas na lei. Existem outros
deveres, geralmente de carácter cívico (por ex., votar), cuja falta de cumprimento não dá
lugar a qualquer sanção. Há ainda deveres que se impõem aos cidadãos em virtude de
alguma condição particular. Os magistrados e os militares, por exemplo, estão sujeitos ao
dever de isenção partidária, enquanto os advogados e os médicos são obrigados ao sigilo
profissional.
O cumprimento dos deveres fundamentais atende, naturalmente, à situação específica de
alguns cidadãos. Por exemplo, as pessoas com deficiência não são obrigadas ao
cumprimento de deveres para que se encontrem incapacitadas.
Tal como os direitos, é possível repartir os deveres fundamentais em dois grandes grupos:
os de carácter civil e político, e os de carácter económico, social e cultural. Os primeiros
têm como característica principal serem deveres dos cidadãos para com o Estado: defesa
da pátria, pagamento de impostos, recenseamento eleitoral. Os segundos visam proteger
valores sociais que a Constituição entende como sendo mais relevantes: promoção da
saúde, educação dos filhos, defesa do ambiente humano e do património cultural.

Os direitos fundamentais podem e devem ser exercidos com a maior eficácia possível.
Claro que a sua concretização depende das condições que o Estado a cada momento
providencia ao cidadão lesado nos seus direitos e interesses legalmente protegidos.
Depende também do nível de respeito que os direitos fundamentais merecem dos demais
cidadãos e da sociedade em geral. A vida social, cultural e política pode incentivar, em
maior ou menor grau, o exercício dos direitos e dos deveres de cidadania.
No que concerne aos direitos económicos, sociais e culturais, o nível de proteção depende
em grande medida da concretização legislativa dos preceitos constitucionais, obviamente
relacionada com o nível de desenvolvimento do país e da sua governação, salvo no que
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respeita a um núcleo essencial de direitos que representam um padrão mínimo de


existência.
Quanto aos direitos, liberdades e garantias (que são aplicáveis diretamente, sem
necessidade de leis que os concretizem), o cidadão tem uma variedade de meios ao seu
dispor. Desde logo, se estiver em causa a Administração Pública, os cidadãos podem
defender os seus direitos mediante reclamações e recursos administrativos
(nomeadamente o recurso hierárquico). A outro nível, o acesso aos tribunais é ele próprio
um direito fundamental e representa um dos princípios fundamentais do Estado de direito.
Os tribunais podem ser usados para assegurar direitos e interesses legalmente protegidos,
seja perante outros cidadãos (indivíduos ou pessoas coletivas) seja perante atos do próprio
Estado nas suas várias facetas (legislador, juiz ou administrador). Deve acontecer em
termos equitativos, pois todos têm direito a que o processo seja objeto de decisão por um
tribunal independente e imparcial, em prazo razoável, e ainda que a sentença seja
executada (feita cumprir) através de meios judiciais ou por outras autoridades públicas.

O estatuto de cidadão europeu permite, além do recurso ao Tribunal de Justiça da União


Europeia, a proteção diplomática e consular de qualquer outro país da União Europeia,
caso não seja viável a nacional, e ainda a petição ao provedor de Justiça Europeu e a
comunicação e resposta com as várias instituições europeias, mediante certas condições,
em qualquer das línguas oficiais.
Os cidadãos podem ainda recorrer individualmente, através de petição, para a Comissão
Europeia dos Direitos do Homem. Esta petição, por sua vez, pode conduzir (por iniciativa
da Comissão ou de outro Estado) a um processo perante o Tribunal Europeu, que
eventualmente culminará numa decisão condenatória do Estado. Em alternativa, existe o
direito de exposição e queixa ao Conselho de Direitos do Homem (Nações Unidas),
invocando a lesão de qualquer dos direitos reconhecidos e garantidos no Pacto.
Excecionalmente, a defesa dos direitos fundamentais pode fazer-se recorrendo ao direito à
resistência, que permite resistir a qualquer agressão quando não seja possível recorrer à
autoridade pública. Existe ainda direito de petição aos diversos órgãos de soberania e ao
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provedor de Justiça e também direito de audição e participação dos cidadãos nos


procedimentos administrativos. Do mesmo modo, atribui-se a todos os cidadãos a
faculdade de determinar e controlar a utilização dos seus dados pessoais e de aceder aos
arquivos e registos administrativos.

Como se tornam efetivos os direitos fundamentais?


Os direitos fundamentais devem ser garantidos por todas as instituições próprias de um
Estado de direito democrático. Quanto aos cidadãos, além de se poderem manifestar,
apresentar petições, queixar ao Provedor de Justiça, deverão ter acesso a todos os meios
legais de defesa contra qualquer violação de um direito fundamental, nomeadamente o
direito de acesso aos tribunais.
Os direitos fundamentais estão protegidos pela Constituição contra eventuais atuações de
qualquer órgão de soberania ou do Estado que os possam lesar. Existe uma proibição
genérica de os restringir ou suspender, seja por via legal, seja por qualquer outra via (por
ex., administrativa).
Quando um direito fundamental se encontra sob ameaça ou é ofendido, o meio de defesa
por excelência é o recurso aos tribunais. Podem-se invocar violações de direitos
fundamentais em qualquer tipo de tribunal, embora cada um tenha a sua competência
específica. No caso de direitos cuja violação seja crime — por ex., o direito à vida, o direito
à integridade pessoal, o direito à intimidade da vida privada e familiar ou o direito à
propriedade privada —, o cidadão deve acionar penalmente o infrator (seja este outro
cidadão ou uma pessoa coletiva pública ou privada), denunciando ou queixando-se às
autoridades competentes.
Fora do plano criminal, o cidadão afetado nos seus direitos fundamentais pode recorrer aos
tribunais civis ou administrativos: por exemplo, mediante providências cautelares para
suspender os efeitos de determinado ato da Administração, de ações para declarar um
direito, para intimar ou condenar em determinadas prestações (como uma indemnização
para um dano causado), para impor proibições ou regras de conduta.
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Em qualquer tribunal, um cidadão pode invocar a invalidade ou inconstitucionalidade das


normas jurídicas que considere lesivas de um direito fundamental, com o objetivo de
suspender ou extinguir os efeitos dessas normas.
Os cidadãos têm ainda um direito de resistência que lhes dá o poder de se oporem a
qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias. À luz do direito de
resistência, pode ainda, no limite, repelir pela força uma agressão quando não seja possível
recorrer à autoridade pública, nomeadamente aos tribunais. O exercício desse direito tem
de ser necessário e proporcional ao bem que visa defender.
Finalmente, se houver violação de direitos fundamentais pela Administração Pública, os
cidadãos podem sempre recorrer aos órgãos de soberania ou ao Provedor de Justiça,
mediante uma petição, reclamação ou queixa. Podem ainda apelar para instâncias
internacionais, como o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (esgotado o recurso aos
tribunais portugueses) ou o Tribunal de Justiça da União Europeia, ou reclamar para várias
instituições da União Europeia.
A concretização de um direito fundamental estará muito mais limitada se esse direito não
beneficiar do regime dos direitos, liberdades e garantias. Os direitos económicos, sociais
ou culturais (por ex., o direito à proteção da saúde ou o direito à habitação) possuem um
grau de proteção mais reduzido e estão dependentes da capacidade económica do Estado
para os concretizar.
Caso o direito económico, social ou cultural em causa seja suficientemente concreto na sua
previsão constitucional, pode pedir-se, em determinadas circunstâncias, que o Estado seja
condenado a praticar o ato em falta.

Algum dos direitos fundamentais podem ser suspensos, restringidos ou extintos?


Os direitos fundamentais devem ser garantidos por todas as instituições próprias de um
Estado de direito democrático. Quanto aos cidadãos, além de se poderem manifestar,
apresentar petições, queixar ao Provedor de Justiça, deverão ter acesso a todos os meios
legais de defesa contra qualquer violação de um direito fundamental, nomeadamente o
direito de acesso aos tribunais.
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Os direitos fundamentais estão protegidos pela Constituição contra eventuais atuações de


qualquer órgão de soberania ou do Estado que os possam lesar. Existe uma proibição
genérica de os restringir ou suspender, seja por via legal, seja por qualquer outra via (por
ex., administrativa).
Quando um direito fundamental se encontra sob ameaça ou é ofendido, o meio de defesa
por excelência é o recurso aos tribunais. Podem-se invocar violações de direitos
fundamentais em qualquer tipo de tribunal, embora cada um tenha a sua competência
específica. No caso de direitos cuja violação seja crime — por ex., o direito à vida, o direito
à integridade pessoal, o direito à intimidade da vida privada e familiar ou o direito à
propriedade privada —, o cidadão deve acionar penalmente o infrator (seja este outro
cidadão ou uma pessoa coletiva pública ou privada), denunciando ou queixando-se às
autoridades competentes.
Fora do plano criminal, o cidadão afetado nos seus direitos fundamentais pode recorrer aos
tribunais civis ou administrativos: por exemplo, mediante providências cautelares para
suspender os efeitos de determinado ato da Administração, de ações para declarar um
direito, para intimar ou condenar em determinadas prestações (como uma indemnização
para um dano causado), para impor proibições ou regras de conduta.
Em qualquer tribunal, um cidadão pode invocar a invalidade ou inconstitucionalidade das
normas jurídicas que considere lesivas de um direito fundamental, com o objetivo de
suspender ou extinguir os efeitos dessas normas.
Os cidadãos têm ainda um direito de resistência que lhes dá o poder de se oporem a
qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias. À luz do direito de
resistência, pode ainda, no limite, repelir pela força uma agressão quando não seja possível
recorrer à autoridade pública, nomeadamente aos tribunais. O exercício desse direito tem
de ser necessário e proporcional ao bem que visa defender.
Finalmente, se houver violação de direitos fundamentais pela Administração Pública, os
cidadãos podem sempre recorrer aos órgãos de soberania ou ao Provedor de Justiça,
mediante uma petição, reclamação ou queixa. Podem ainda apelar para instâncias
internacionais, como o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (esgotado o recurso aos
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tribunais portugueses) ou o Tribunal de Justiça da União Europeia, ou reclamar para várias


instituições da União Europeia.
A concretização de um direito fundamental estará muito mais limitada se esse direito não
beneficiar do regime dos direitos, liberdades e garantias. Os direitos económicos, sociais
ou culturais (por ex., o direito à proteção da saúde ou o direito à habitação) possuem um
grau de proteção mais reduzido e estão dependentes da capacidade económica do Estado
para os concretizar.
Caso o direito económico, social ou cultural em causa seja suficientemente concreto na sua
previsão constitucional, pode pedir-se, em determinadas circunstâncias, que o Estado seja
condenado a praticar o ato em falta.

O que é o Estado de exceção? E o Estado de emergência ou de calamidade pública?

O estado de sítio e o estado de emergência são estados de exceção ao regime


constitucional vigente, designadamente quanto à proteção dos direitos fundamentais.
O estado de sítio e o estado de emergência só podem ser declarados, no todo ou em parte
do território nacional, em situações de agressão efetiva ou iminente por forças estrangeiras,
grave ameaça ou perturbação da ordem constitucional democrática ou calamidade pública.
Permitem suspender o exercício de certos direitos fundamentais, conferindo às autoridades
públicas, competência para tomarem as providências necessárias ao restabelecimento da
normalidade constitucional.
Compete ao Presidente da República declarar o estado de sítio ou o estado de emergência,
após audição do Governo e autorização da Assembleia da República.
A diferença entre os dois regimes de exceção reside no grau de gravidade das situações
que levaram à sua declaração. O estado de emergência refere-se normalmente a uma
situação localizada (como uma epidemia de gripe), pelo que só pode levar à suspensão dos
direitos, liberdades e garantias com relevância concreta para essa situação (no caso de
uma epidemia, o direito à liberdade). Já o estado de sítio, aplicável em situações mais
graves ou duradouras, pode determinar a suspensão de um conjunto mais alargado de
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direitos, pois terá por base a necessidade de prevenir ou suprimir atos muito graves que
implicam o uso de força ou insurreição e que põem em causa a soberania, a independência,
a integridade territorial ou a ordem constitucional democrática.
Os estados de sítio ou de emergência não podem ter duração superior a 15 dias, salvo em
consequência de declaração de guerra. Aquele prazo pode ser renovado, mas tem de
respeitar os mesmos requisitos de proporcionalidade, fundamentação e duração
demarcada no tempo da declaração original. Em caso algum podem ser afetados os direitos
à vida, à integridade pessoal, à identidade pessoal, à capacidade civil e à cidadania, à não
retroatividade da lei criminal, às garantias de defesa dos arguidos e à liberdade de
consciência e de religião. Não pode ainda ser alterada a normalidade constitucional,
nomeadamente a aplicação das regras constitucionais relativas à competência e ao
funcionamento dos órgãos de soberania (Presidente, Governo, Assembleia da República,
tribunais) e dos órgãos de governo próprio das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Também não podem ser afetados os direitos e as imunidades dos titulares desses órgãos.

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