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PROBIÓTICO EM DIETAS DE FRANGOS DE CORTE COMO MELHORADOR

DOS ÍNDICES PRODUTIVOS

Leandro de Carvalho Maquiné1

RESUMO

Estudos demonstram os benefícios do uso de probióticos em dietas de aves de produção.


Caracterizados como suplementos alimentares, suprem as necessidades metabólicas do
organismo hospedeiro. Esses aditivos melhoram e favorecem a microbiota intestinal benéfica
em detrimento às patogênicas. Pesquisas relacionadas ao uso de probióticos em rações de
frangos de corte têm demonstrado melhoria na criação, com o alcance de ótimos resultados de
desempenho zootécnico e incremento na produção.

Palavras-chave: microrganismo, ganho de peso, conversão alimentar.

1 INTRODUÇÃO

A produção de frangos de corte no Brasil evolui de forma expressiva, e com ganhos de


mercado. Esse dinamismo é vinculado aos constantes aumentos de produtividade, com a
melhoria dos índices de conversão alimentar, melhoramento genético e boas práticas de manejo.
Santana et al. (2012) citaram que com a proibição do uso de antibióticos em rações de
frangos de corte, houve uma crescente demanda a buscas por alternativas a estes aditivos nas
rações dos plantéis nacionais.
Novas tecnologias surgiram, incluindo a introdução de produtos naturais na dieta de
aves de produção, mantendo as garantias nutricionais e proporcionando viabilidade econômica
para o produtor rural, sem prejuízo aos ganhos de zooeconômicos e saúde das aves (CARRIJO
et al., 2005).
Dentre os compostos alternativos para inclusão às rações, estão os probióticos, de
origem microbiana, que geram benefícios quanto a eficiência do desempenho animal. Esse
método representa um avanço biotecnológico, aplicando os efeitos benéficos proporcionados
por esses aditivos naturais em favor das criações de frangos de corte (FURLAN et al., 2004).
Esse resumo objetiva descrever o uso de probióticos como aditivos que melhorem o
desempenho na criação e produção de frangos de corte, de maneira que se possa conceder mais
informações acerca do assunto.

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Discente de Doutorado do Programa de Pós Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do
Amazonas. E-mail: lcmzootecnista@gmail.com
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2 METODOLOGIA

Essa revisão aborda o tema probióticos sobre o desempenho zootécnico de frangos de


corte, consultada de artigos publicados em revistas indexadas e que estão disponibilizados em
bases de dados como PubMed, Google acadêmico, Scielo, nos idiomas português e inglês.
Foram selecionados apenas dados de estudos que tinham relação com desempenho produtivo e
microbiota intestinal das aves, todos analisados estatisticamente com P < 0,05 de significância.

3 PROBIÓTICOS

Probióticos são bactérias não patogênicas normalmente provenientes da microbiota


normal e da mesma espécie alvo aos quais serão administradas. Com isso, para se fornecer estes
aditivos em rações de frangos de corte, estes devem ser autóctones (FULLER, 1984;
GARLICH, 1999).

O uso de probiótico na composição das dietas de frangos de corte, tem proporcionado


grande redução do risco de infecções contra patógenos e auxilia na diminuição de os
antibióticos induzirem à resistência microbiana patogênica (EDENS, 2003).

Como microrganismos vivos, seu uso na avicultura se apresenta em dois modos de ação:
com o aumento do ganho de peso animal e melhor conversão alimentar e com a redução da
colonização intestinal por microrganismos patogênicos (SILVA, 2000).

Os probióticos promovem então um equilíbrio da microbiota intestinal uma vez que


competem com os patógenos do intestino, evitando lesões no vilo e permitindo a regeneração
da mucosa intestinal (SATO et al., 2002).

Portanto, o uso desse aditivo em rações se apresenta como uma alternativa ao uso de
antibióticos promotores de crescimento (FURLAN e MACARI, 2004).

4 MECANISMO DE AÇÃO DOS PROBIÓTICOS NO TRATO GASTROINTESTINAL


DAS AVES

O fator determinante para o uso de probióticos é feito com base nas características
microbiológicas do lúmen intestinal. São elaborados a partir de cepas de bactérias não
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patogênicas da espécie alvo, contribuindo para exclusão de microrganismos patogênicos do


epitélio e melhorando a resposta imune (SILVA et al., 2012).

A microbiota do trato gastrointestinal (TGI) de aves possui uma população heterogênea


e complexa, que se constitui de inúmeras espécies bacterianas sofrendo ação de vários fatores
(SAVAGE, 1997).

A dominância da microbiota desejável pode ser intensificada quando os microrganismos


se fixam no epitélio intestinal, ocorrendo rápida multiplicação e menor eliminação pelo
peristaltismo intestinal, a exemplo, tem-se os Lactobacillus e Enterococcus (SILVA, 2000).

Os parâmetros intestinais são importantes para a compreensão dos mecanismos


associados à ação dos probióticos, onde se investiga principalmente seus efeitos sobre a altura
das vilosidades e profundidade de cripta Manafi et al. (2018).

A manutenção da mucosa intestinal pode acarretar diversos fatores. O uso de probióticos


em dietas para frangos de corte podem reverter a estrutura prejudicada vilosidade-cripta de aves
estressadas pelo calor, através do controle do nível de corticosterona (LEI et al., 2013).

5 EFEITO DO USO DE PROBIÓTICOS EM RAÇÕES DE FRANGO DE CORTE


SOBRE O DESEMPENHO PRODUTIVO

Os probióticos proporcionam diversos benefícios às aves, levando-se em consideração


alguns fatores como idade dos animais, tipo de probiótico, viabilidade do microrganismo no
momento de serem agregados às rações, cepas utilizadas, condições de armazenamento,
condições de manejo (nível de estresse) e sanidade (FURLAN; MACARI; LUQUETTI, 2004).
Meurer et al. (2010) utilizaram o probiótico Bacillus subtilis (1010 ufc/g), e obtiveram
bons resultados em relação a dieta controle, onde os autores concluíram que o probiótico
Bacillus subtilis, na concentração acima mencionada é um substituto eficiente ao uso de
antibióticos.

Pesquisas com probióticos podem ser contraditórias quanto à sua eficiência. Tal
informação, ocorre devido a diferenças nos tipos de probióticos utilizados, na idade dos animais
avaliados e no momento no qual o probiótico é fornecido via ração (ARAÚJO et al., 2007;
RAMOS et al., 2011).

Os benefícios do uso desse aditivo são descritos por pesquisas e disponibilizados na


literatura. Abdel-Hafeez et al. (2017) citaram que os aditivos biológicos podem ser
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rotineiramente adicionados às dietas de frangos de corte, especialmente quando um programa


de restrição alimentar é seguido, podendo ser recomendado restringir a ração e adicionar
probiótico para aumentar o peso, melhorar a taxa de conversão alimentar e reduzir o custo de
produção da ração.

Estudos usando diferentes doses de compostos probióticos relataram variação nas


respostas do desempenho e parâmetros de carcaça, sugerindo que a concentração ótima de
probióticos em ração de frangos varia com os microrganismos utilizados na composição do
produto (POURAKBARI et al., 2016).

No geral, Machado et al. (2019) descreveram maior ganho de peso quando alimentaram
frangos de corte com inclusão de probióticos às dietas. Gadde et al. (2017) observaram
resultados semelhantes quando incluíram Bacillus subtilis como probióticos em rações de
frangos de corte, melhorando o desempenho e modulando beneficamente as atividades
imunológicas.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de probióticos pode melhorar o ganho de peso e conversão alimentar de


frangos de corte, prevenir infecções, além de manter e proporcionar a manutenção dos índices
de produtividade do plantel avícola conforme preconizado para cada linhagem. Contudo existe
a necessidade de maiores estudos e pesquisas relacionadas à suplementação com probiótico nas
dietas das aves em razão de diversos fatores que podem influenciar o processo de ação do
probiótico na fisiologia do animal, analisando as diferentes dosagens, cepas e fases de produção
das aves.

REFERÊNCIAS

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