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Centro Universitário INTA – UNINTA

Bacharelado em Medicina Veterinária T-23

Disciplina de Reprodução Animal, ministrada pela professora

Emmanuelle Figuerêdo

INSEMINAÇÃO INSTRUMENTAL EM ABELHAS Apis mellifera

Setembro, 2020
SÁVIO DE SOUSA MARTINS

INSEMINAÇÃO INSTRUMENTAL EM ABELHAS Apis mellifera

Trabalho de pesquisa, sobre


Inseminação Artificial em Abelhas, da
disciplina de Reprodução Animal,
ministrada pela professora Emmanuelle
Figuerêdo, do Centro Universitário
INTA – UNINTA, como quesito
avaliativo para AP1.

Setembro, 2020
INSEMINAÇÃO INSTRUMENTAL EM ABELHAS Apis mellifera
Sávio de Sousa Martins

INTRODUÇÃO

As abelhas melíferas Apis melífera são insetos sociais, no interior de suas colônias podemos
encontrar três tipos de indivíduos (rainha, operárias e zangões), que possuem funções bem
definidas para a sobrevivência e manutenção do enxame. Conhecida como abelha doméstica, a
espécie é considerada um dos insetos mais estudados no mundo. O mel produzido por estas abelhas
faz parte do cardápio no mundo moderno, outros produtos apículas como pólen, própolis, geleia
real e cera também são úteis ao homem, embora talvez não sejam de caráter essencial para toda a
humanidade.

Além disso, as abelhas possuem relevante função ecológica em todo o ecossistema.


Considerada como principal polinizador tanto em ambientes naturais quanto em plantações
comerciais, é responsável pela manutenção de populações selvagens de plantas e por aumentar a
produção de alimento nos ambientes agrícolas. Apesar de toda sua importância esse indispensável
inseto encontra-se ameaçado em várias regiões do mundo.

A inseminação instrumental é uma técnica na qual se transfere instrumentalmente esperma


do macho para o sistema reprodutivo das fêmeas e amplamente praticada em vertebrados para
criação de animais com fins econômicos ou para conservação biológica. Diferentes métodos de
controle reprodutivo podem aumentar a taxa de melhoramento genético, associado a uma maior
endogamia, o que não acontece com a inseminação instrumental de uma maneira geral, que pode
manter a taxa de endogamia a níveis aceitáveis.

Em um programa de melhoramento genético de abelhas melíferas, é necessário o uso de


ferramentas como a inseminação instrumental que permite aumentar os níveis produtivos sem usar
os métodos quantitativos tradicionais. Essa ferramenta é essencial tanto para o pesquisador, que
precisa de cruzamentos específicos, quanto para o apicultor envolvido em um programa de
melhoramento produtivo. As diferentes contribuições de especialistas e cientistas, nos últimos 60
anos, possibilitaram o aperfeiçoamento da técnica.

Assim, a inseminação permite a seleção, o desenvolvimento e a manutenção de


características, sejam elas produtivas, comportamentais, de tolerância e/ou de resistência a
enfermidades. Dessa maneira, a indústria apícola se beneficiaria, caso desejasse manter as
linhagens "resistentes" que estão em desenvolvimento, o que justifica a incorporação dessa
tecnologia aos programas comerciais de criação de abelhas.
PROCEDIMENTO DA INSEMINAÇÃO INSTRUMENTAL

A inseminação é uma ferramenta valiosa que quando utilizada no melhoramento facilita a


seleção de características desejáveis. Permite tipos de acasalamentos que não são possíveis
naturalmente, como a fecundação por poucos ou com um só macho e mesmo o cruzamento
controlado com indivíduos mutantes. Em casos excepcionais pode-se até fecundar uma rainha
virgem com os seus próprios filhos. Desde a descoberta que a rainha acasala no ar, o controle do
acasalamento foi uma meta para o melhoramento da abelha, o controle absoluto de acasalamento
só foi alcançado por meio da inseminação artificial.

O procedimento geral de inseminação instrumental é anestesiar e imobilizar uma rainha,


abrir a câmara do ferrão com o auxílio de dois ganchos milimetricamente movidos, e injetar o
sêmen coletado de zangões no orifício vaginal da rainha com uma seringa. Para o seu sucesso é
necessário o domínio dessa técnica.

COLHEITA DO SÊMEN

Previamente os zangões são coletados nas colônias selecionadas e mantidos presos em uma
gaiola e devem ser transportados rapidamente à sala onde será realizada a inseminação, que deverá
estar com temperatura adequada para a sobrevivência dos zangões. Para expor o sêmen, o endófalo
do zangão é prontamente evertido à mão, por meio de estímulo (Fig. 1). A avaliação da maturidade
do zangão e a qualidade do sêmen devem ser determinadas imediatamente. Qualquer zangão que
não everter corretamente ou não apresentar sêmen suficiente no bulbo deve ser descartado, cada
zangão fornece em média 1 µl, sendo, no entanto, necessários 8 µl de esperma para assegurar a
vida reprodutiva da rainha.

Na maioria das ocasiões o sêmen de cor marrom claro fica aglomerado na parte superior
do muco que tem uma cor branca, mas em algumas vezes fica espalhado no muco ou em alguma
outra parte do endófalo. Para a coleta de forma correta do sêmen o aparelho reprodutor deve estar
completamente evertido e posicionado próximo da ponta do capilar e com muita firmeza, mas de
forma suave o sêmen deve ser coletado (Fig.2). Bolhas de ar e muco não deverão ser sugadas para
o interior do capilar, as primeiras afetam a mobilidade do sêmen no sistema e o segundo entope
rapidamente a ponta do capilar. Entre cada coleta a ponta do capilar deve ser umedecida com
solução salina, para evitar o ressecamento. Este processo é repetido até se coletar a quantidade
necessária de sêmen.
Figura 1. (A) Eversão parcial do órgão reprodutor do zangão.
(B) Eversão total, mostrando na extremidade o muco e o
sêmen respectivamente. Figura 2. Colheita do sêmen.

PROCEDIMENTO DE INSEMINAÇÃO

As rainhas não devem ter nenhum defeito anatômico e já devem ter atingido a maturidade
sexual, o que ocorre entre o 6º e 13° dia após o nascimento. A inseminação é iniciada regulando o
fluxo de gás carbônico conectado através de um tubo diretamente ao suporte que segura a rainha.
(Fig. 3). O dióxido de carbono (CO2) é usado para anestesia-la, durante o procedimento, bem
como para estimular a postura. Após a contenção da rainha, são utilizados dois ganchos para abrir
a câmara do ferrão. Em alguns casos quando a rainha adormece expõe o ferrão, o que facilita o
trabalho de prendê-lo com o fórceps. Quando tal fato não ocorre o fórceps é primeiramente usado
como um gancho dorsal puxando suavemente pela parte interna do dorso da rainha e com um
gancho adicional o ferrão é levantado para prendê-lo com o fórceps (Fig.4). Desta forma, é possível
o acesso à válvula vaginal e os ovidutos. Uma vez que a rainha está na posição certa, a ponta do
capilar é cuidadosamente inserida, mais dorsalmente possível permitindo a passagem da válvula
na entrada do conduto vaginal. Posteriormente, um movimento dorso ventral é realizado para
permitir que o capilar seja novamente introduzido. Em seguida giramos suavemente o êmbolo da
seringa que controla a introdução do sêmen. Se a solução salina na ponta do capilar descer sem
nenhuma obstrução ou refluxo, são introduzidos 8 µl de sêmen em cada uma das rainhas
inseminadas. A seguir a rainha é retirada do suporte, marcada e uma asa é cuidadosamente cortada,
essa técnica tem como finalidade impedir que elas façam o voo nupcial.

Após a inseminação a rainha é introduzida na respectiva colônia e 24 horas após a


inseminação, é levada novamente para o laboratório com o objetivo de dar um choque de gás
carbônico por aproximadamente 5 minutos. Isto estimulará a migração espermática e o início da
postura.
Figura 4. Abertura da rainha com o auxílio do
gancho ventral e fórceps dorsal para facilitar a
Figura 3. (A) Estereoscópico e equipamento entrada da ponta do capilar no canal vaginal.
de inseminação. (B) Equipamento de inseminação
e (C) Suporte para fixação da rainha.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• CAMARGO, S. C. et al. (2015). Abelha rainha Apis mellifera e a produtividade da colônia.


Scientia Agraria Paranaensis. Marechal Cândido Rondon, v. 14, n. 4, out./dez., p. 213-220,
2015.
• MARTINEZ, Omar Arvey; DE SOUZA, Jairo; BEZERRA-LAURE, Marcela A. F.;
SOARES, Ademilson Espencer Egea. A inseminação instrumental em abelhas Apis
mellifera como ferramenta no melhoramento genético. Mensagem Doce, São Paulo, n. 122,
p. 2-6, 2013. Disponível em: < http://apacame.org.br/mensagemdoce/122/artigo.htm >.
• MARTINEZ, Omar Arvey; Melhoramento genético e seleção de colmeias para aumento
da produção de própolis verde na apicultura comercial, in Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Departamento de Genética. 2012, Universidade de São Paulo.: Ribierão
Preto, São Paulo. p. 138.
• MARTINEZ, Omar Arvey; SOARES, Ademilson Espencer Egea. Melhoramento genético
na apicultura comercial para produção da própolis. Revista Brasileira de Saúde e Produção
Animal. vol.13, n.4, Salvador Oct./Dec. 2012.
• MENDES, Alexandra Maria Carmona; Inseminação Artificial em Abelhas Rainhas.
Revista da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de C. Branco Quinta da Srª de
Mércules. Junho, 2008.

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