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Emmanuelle Figuerêdo
Setembro, 2020
SÁVIO DE SOUSA MARTINS
Setembro, 2020
INSEMINAÇÃO INSTRUMENTAL EM ABELHAS Apis mellifera
Sávio de Sousa Martins
INTRODUÇÃO
As abelhas melíferas Apis melífera são insetos sociais, no interior de suas colônias podemos
encontrar três tipos de indivíduos (rainha, operárias e zangões), que possuem funções bem
definidas para a sobrevivência e manutenção do enxame. Conhecida como abelha doméstica, a
espécie é considerada um dos insetos mais estudados no mundo. O mel produzido por estas abelhas
faz parte do cardápio no mundo moderno, outros produtos apículas como pólen, própolis, geleia
real e cera também são úteis ao homem, embora talvez não sejam de caráter essencial para toda a
humanidade.
COLHEITA DO SÊMEN
Previamente os zangões são coletados nas colônias selecionadas e mantidos presos em uma
gaiola e devem ser transportados rapidamente à sala onde será realizada a inseminação, que deverá
estar com temperatura adequada para a sobrevivência dos zangões. Para expor o sêmen, o endófalo
do zangão é prontamente evertido à mão, por meio de estímulo (Fig. 1). A avaliação da maturidade
do zangão e a qualidade do sêmen devem ser determinadas imediatamente. Qualquer zangão que
não everter corretamente ou não apresentar sêmen suficiente no bulbo deve ser descartado, cada
zangão fornece em média 1 µl, sendo, no entanto, necessários 8 µl de esperma para assegurar a
vida reprodutiva da rainha.
Na maioria das ocasiões o sêmen de cor marrom claro fica aglomerado na parte superior
do muco que tem uma cor branca, mas em algumas vezes fica espalhado no muco ou em alguma
outra parte do endófalo. Para a coleta de forma correta do sêmen o aparelho reprodutor deve estar
completamente evertido e posicionado próximo da ponta do capilar e com muita firmeza, mas de
forma suave o sêmen deve ser coletado (Fig.2). Bolhas de ar e muco não deverão ser sugadas para
o interior do capilar, as primeiras afetam a mobilidade do sêmen no sistema e o segundo entope
rapidamente a ponta do capilar. Entre cada coleta a ponta do capilar deve ser umedecida com
solução salina, para evitar o ressecamento. Este processo é repetido até se coletar a quantidade
necessária de sêmen.
Figura 1. (A) Eversão parcial do órgão reprodutor do zangão.
(B) Eversão total, mostrando na extremidade o muco e o
sêmen respectivamente. Figura 2. Colheita do sêmen.
PROCEDIMENTO DE INSEMINAÇÃO
As rainhas não devem ter nenhum defeito anatômico e já devem ter atingido a maturidade
sexual, o que ocorre entre o 6º e 13° dia após o nascimento. A inseminação é iniciada regulando o
fluxo de gás carbônico conectado através de um tubo diretamente ao suporte que segura a rainha.
(Fig. 3). O dióxido de carbono (CO2) é usado para anestesia-la, durante o procedimento, bem
como para estimular a postura. Após a contenção da rainha, são utilizados dois ganchos para abrir
a câmara do ferrão. Em alguns casos quando a rainha adormece expõe o ferrão, o que facilita o
trabalho de prendê-lo com o fórceps. Quando tal fato não ocorre o fórceps é primeiramente usado
como um gancho dorsal puxando suavemente pela parte interna do dorso da rainha e com um
gancho adicional o ferrão é levantado para prendê-lo com o fórceps (Fig.4). Desta forma, é possível
o acesso à válvula vaginal e os ovidutos. Uma vez que a rainha está na posição certa, a ponta do
capilar é cuidadosamente inserida, mais dorsalmente possível permitindo a passagem da válvula
na entrada do conduto vaginal. Posteriormente, um movimento dorso ventral é realizado para
permitir que o capilar seja novamente introduzido. Em seguida giramos suavemente o êmbolo da
seringa que controla a introdução do sêmen. Se a solução salina na ponta do capilar descer sem
nenhuma obstrução ou refluxo, são introduzidos 8 µl de sêmen em cada uma das rainhas
inseminadas. A seguir a rainha é retirada do suporte, marcada e uma asa é cuidadosamente cortada,
essa técnica tem como finalidade impedir que elas façam o voo nupcial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS