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Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos

Article · January 2001

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Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas
Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences
vol. 37, n. 1, jan./abr., 2001

Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos

Rui Saltão e Francisco Veiga*


Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra, Coimbra, Portugal.

Unitermos:
No presente trabalho é feita breve revisão sobre ciclodextrinas e • Ciclodextrinas
seus derivados. Abordam-se aspectos relacionados à sua obtenção, • Lipossomas
estrutura e propriedades físico-químicas. São ainda focados • Nanopartículas
aspectos relacionados ao seu metabolismo e toxicidade e é posta • Micropartículas

em evidência a capacidade das ciclodextrinas de formarem


complexos de inclusão. A par da utilização clássica das
ciclodextrinas, nos últimos tempos elas têm sido utilizadas no
desenvolvimento de novos sistemas terapêuticos com a finalidade
* Correspondência:
F. Veiga
de aumentar a incorporação de fármaco, estabilizá-lo, modelar a
Faculdade de Farmácia de Coimbra liberação e até vetorizá-lo para determinada população celular.
Rua do Norte, 3000
Os lipossomas, as nanopartículas e micropartículas são sistemas
Coimbra (Portugal)
Tel. +351-239-837850 desenhados com estes propósitos, mas apresentam limitações
Fax: +351-239-837731 importantes que o uso de ciclodextrinas pode ajudar a ultrapassar.
Email: fveiga@ci.uc.pt

INTRODUÇÃO A adoção destes sistemas levantou, também, dificul-


dades, em especial no que diz respeito ao processo de fa-
O desenvolvimento de novas formulações farma- bricação, que resultam da baixa solubilidade dos
cêuticas tende a alterar em breve o conceito atual de me- fármacos, o que conduz também a taxa de incorporação de
dicamento. Assim, têm surgido nos últimos anos diversos princípio ativo igualmente baixa, ou a liberação incomple-
sistemas de administração de fármacos com a finalidade ta de fármaco. Para ultrapassar estas dificuldades alguns
de modelar a cinética de liberação, melhorar a absorção, autores têm usado ciclodextrinas.
aumentar a estabilidade do fármaco ou vetorizá-lo para Ao longo deste trabalho é feita pequena revisão so-
uma determinada população celular. bre ciclodextrinas naturais e sobre os seus derivados.
Os novos sistemas terapêuticos surgiram da neces- Numa segunda parte são apresentados exemplos de como
sidade de minimizar os problemas que se prendem com a a aplicação de ciclodextrinas pode contribuir para ultra-
administração das formas farmacêuticas tradicionais. To- passar algumas limitações dos novos sistemas
mando como exemplo a administração oral de medica- terapêuticos.
mentos é comum acontecer perda de atividade, conse-
qüência de destruição parcial do princípio ativo através do CICLODEXTRINAS
trato gastrintestinal (por variações de pH ou devido a de-
gradação enzimática) ou de má absorção (Duchêne, Ciclodextrinas naturais
Ponchel, Wouessidjewe, 1999).
É neste contexto que começam a surgir novos siste- As ciclodextrinas são oligossacáridos cíclicos, cons-
mas, como os lipossomas e as nano e micropartículas, tituídos por um número variável de unidades de glicose,
sistemas planejados para ultrapassar as dificuldades refe- que se obtêm por ação da enzima ciclodextrina-α-glicosil-
ridas. transferase (CGTase), sobre o amido (Szejtli, 1994). As
2 R. Saltão, F. Veiga

ciclodextrinas naturais mais comuns apresentam seis, sete natureza apolar, devido à formação de um anel de grupos
ou oito unidades de D(+)-glicopiranose unidas por liga- C-H (C3), de um anel composto por átomos de oxigênio
ções α(1,4) e denominam-se α-, β- e γ-ciclodextrinas, res- glicosídicos e, também, de um outro anel de grupos C-H
pectivamente. Estas moléculas são conhecidas desde fi- do carbono C5, que contrasta com o exterior hidrofílico.
nais do século XIX, tendo sido primeiramente Os membros mais comuns da família das ciclo-
identificadas por Villiers, em 1891. Contudo, no início do dextrinas são os de seis, sete e oito unidades de glicose.
século XX, foi Frank Schardinger que caracterizou este Por razões estereoquímicas, membros com menor núme-
produto como sendo mistura de oligossacarídeos cíclicos, ro de unidades não se formam e ciclodextrinas com mais
tendo também descrito processos para a sua obtenção e de oito unidades de glicose não parecem apresentar grande
purificação, razão pela qual as ciclodextrinas também são interesse, apesar de existirem estudos sobre as proprieda-
conhecidas na literatura por dextrinas de Schardinger des físico-químicas e a capacidade em formar complexos
(Duchéne et al., 1984), além de outras denominações. de inclusão da δ-ciclodextrina, o homólogo com nove
unidades de glicose (Szejtli, 1994; Miyazawa et al., 1995).
A cavidade das ciclodextrinas pode acomodar mo-
Obtenção, estrutura e propriedades físico-químicas léculas, ou parte de moléculas, no seu interior, sem que
haja o estabelecimento de ligações covalentes entre as
A obtenção das ciclodextrinas naturais segue con- duas entidades. A este fenômeno denomina-se
junto de passos que pode ser assim esquematizado: complexação e pode ocorrer quer em solução, quer no
- cultivo do microrganismo produtor da CGTase, estado sólido.
- separação e purificação da enzima, Algumas propriedades físico-químicas das
- degradação enzimática do amido em mistura de ciclodextrinas encontram-se enumeradas na TABELA I.
dextrinas e
- separação, purificação e cristalização das Derivados das ciclodextrinas
ciclodextrinas.
As ciclodextrinas naturais apresentam algumas limi-
Dos numerosos microrganismos que produzem tações quer devido à sua baixa solubilidade aquosa e em
CGTase, as espécies mais usadas são o Bacillus macerans, solventes orgânicos, quer à toxicidade que apresentam
Bacillus circulans e também Klebsiella pneumoniae quando utilizadas em preparações parenterais. As carac-
(Sicard, Sainez, 1987). terísticas de inclusão das ciclodextrinas naturais podem
São moléculas cristalinas, homogêneas, não ser alteradas pela introdução de substituintes nas
higroscópicas que apresentam estrutura tronco-cônica hidroxilas disponíveis. A dimetil-β-ciclodextrina normal-
(FIGURA 1) e se caracterizam por possuirem cavidade de mente apresenta melhores características de inclusão, es-
pecialmente no que diz respeito à dimensão da cavidade
apolar, do que a β-ciclodextrina. O uso de derivados
lipofílicos (etilados ou acetilados) permite que moléculas
hidrofílicas possam ser incluídas na cavidade das
ciclodextrinas a partir de solventes menos polares do que
o interior da cavidade (Uekama, Otagiri, 1987). Se atender-
mos à ciclodextrina natural mais usada (β-ciclodextrina),
o elevado número de grupos hidroxila que possui (sete
primários e quatorze secundários) são potenciais pontos
de reação, que permitem produzir modificações estrutu-
rais funcionalizando o anel macrocíclico. Surge, assim,
grande variedade de estruturas adaptadas ao desenvolvi-
mento de novos sistemas terapêuticos (Duchêne,
Wouessidjewe, 1996; Hirayama, Uekama, 1999).

FIGURA 1 – Representação esquemática da β- Obtenção, estrutura e propriedades físico-químicas


ciclodextrina e da unidade de glicopiranose. Hidroxilas
primárias ( ), hidroxilas secundários ( ) (Adaptado de Foi anteriormente referido que a β-ciclodextrina é a
Wouessidjewe et al., 1996) ciclodextrina mais usada na indústria farmacêutica. Não é,
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 3

TABELA I – Propriedades físico-químicas de ciclodextrinas naturais

α-CD β-CD γ-CD δ-CD


nº unidades glicose 6 7 8 9
massa molecular a 972 1135 1297 1459
sol. aquosa (g/100 mL a 25 °C) a 14,5 1,85 23,2 8,19
Diâmetro da cavidade (Å) a 4,7-5,3 6,0-6,5 7,5-8,3 10,3-11,2
volume da cavidade (Å3) 174 262 427 -
forma dos cristais lâminas paralelogramas prismas -
hexagonais monoclínicos quadráticos
pka 12,332 12,202 12,081 -
pto. fusão (°C) 275 280 275 -
tensão superficial (nM/m) a 73 73 73 72
vel. Hidrólise ácida (h-1) a 0,11 0,13 0,23 0,63
(Adaptado de Szejtli, 1994; a Miyazawa et al., 1995)

TABELA II – Propriedades físico-químicas de derivados da β-ciclodextrina

nº unidades peso solubilidade ponto de tensão diâmetro


glicose molecular aquosa fusão superficial da cavidade
(g/100 mL, 25 °C) (°C) (nM/m) (Å)
DM-βCD 7 1 331 57 295-300 62 6
TM-βCD 7 1 430 31 157 56 4-7
G1-βCD 8 1 297 97 - 71 -
(G1)2-βCD 9 1 459 140 - - -
G2-βCD 9 1 459 50 - 70 -
(G2)2-βCD 11 1 789 50 - 71 -
DE-βCD 7 1 527 0,005 - 52 -
TE-βCD 7 1 723 0,0018 - 53 -
Adaptado de Duchêne (1990) (DM – dimetil; TM – trimetil; G1 – glicosil; (G1)2 – diglicosil; G2 – maltosil; (G2)2 –
dimaltosil; DE – dietil; TE – trietil)

pois, de se estranhar que no que diz respeito à obtenção de hidroxietila, hidroxipropila, sacarídeos e por polime-
derivados seja sobre esta que incida a maior parte dos es- rização.
tudos disponíveis. Contudo, é comum seguir-se a via enzimática na
As alterações estruturais repercutem-se nas propri- produção de ciclodextrinas ramificadas, embora estas
edades físico-químicas das ciclodextrinas modificadas. possam, também, ser preparadas por síntese química.
Assim, estas apresentam diferentes valores de solubilida- A classificação habitualmente seguida (Uekama,
de e tensão superficial, que se encontram enumeradas na Irie, 1990) agrupa os derivados das ciclodextrinas em
TABELA II. hidrófilos, hidrófobos, hidrofílicos, hidrofóbicos e
A maior parte das alterações que ocorrem na estru- ionizáveis.
tura mãe tem lugar por síntese química. São reações de Há, no entanto, um subgrupo de derivados, perten-
substituição dos grupos hidroxila pelo grupo pretendido, cente ao grupo dos derivados hidrofóbicos, que tem mere-
recorrendo a estratégias de substituição regiosselectiva cido alguma atenção para a produção de novos sistemas
(Wouessidjewe et al., 1996) ou por reações de con- terapêuticos. Trata-se do subgrupo dos derivados anfifílicos
densação (ciclodextrinas hidroxialquiladas). Veiga das ciclodextrinas (FIGURA 2). Estes são sintetizados li-
(1996) referiu a obtenção dos derivados das gando cadeias alquílicas (via ligação eter, éster, amino ou
ciclodextrinas com grupos metila, etila, carboximetila, amida) às hidroxilas primárias de C6 - “medusa-like”- ou aos
4 R. Saltão, F. Veiga

secundários de C2 e C3 - “skirt-shaped” (Wouessidjewe et As ciclodextrinas não são hidrolisadas pela β-


al., 1996; Duchêne, Wouessidjewe, 1996). amilase, uma vez que não possuem grupos finais livres
suscetíveis de servir de substrato a esta enzima. Pelo con-
trário, a α-amilase tem capacidade de hidrolisar as
ciclodextrinas, embora o faça normalmente de forma lenta
(Szejtli, 1994). A velocidade com que o faz encontra-se
relacionada com o tipo de ciclodextrina (Irie, Uekama,
1997). A título de exemplo, a α-amilase presente no suco
pancreático e na saliva tem a capacidade de hidrolisar as
ciclodextrinas naturais, de acordo com a seguinte ordem
de reatividade α-CD< β-CD<< γ-CD. De uma forma ge-
FIGURA 2 – Esquema dos principais derivados anfifílicos ral, a introdução de substituintes nas hidroxilas da
de ciclodextrinas (a – lollipops; b – cup-and-ball; c – ciclodextrina leva a impedimentos estéricos, que não per-
medusa-like; d – skirt-shaped). mitem a aproximação da enzima ao substrato, o que leva
à diminuição da velocidade de degradação. Na hidrólise
Como mencionado anteriormente estes derivados ácida das ciclodextrinas naturais, a velocidade de abertu-
são insolúveis em água e apresentam a capacidade de se ra do anel aumenta com o aumento do número de unida-
auto-organizarem. Formam monocamadas de des de glicose (α-CD< β-CD< γ-CD< δ-CD).
“Langimuir-Blodgett”, quando colocados em água pura, Estudos de toxicidade mostram que se tratam de
ficando os grupos hidrofílicos orientados para a água e as moléculas seguras, quando administradas por via oral. Em
cadeias hidrocarbonatadas lipofílicas orientadas para fora doses superiores a 600 mg/kg a β-ciclodextrina não reve-
do meio aquoso. Estes derivados são solúveis em lou qualquer efeito adverso no peso corporal, no cresci-
solventes orgânicos. Contudo, quando atingem determina- mento, nos valores bioquímicos e hematológicos de ratos
da concentração, a tensão superficial dos di-ésteres dimi- e cães não se tendo também observado mutagenicidade ou
nui ligeiramente, como acontece com os tensoativos em teratogenicidade com doses inferiores a 400 mg/kg
solução aquosa, quando se atinge a concentração micelar (Szejtli, 1990).
crítica, sugerindo a formação de vesículas. Estas vesículas As alterações bioquímicas do sangue de ratos e co-
apresentam tamanhos no intervalo dos 500 aos 4000 nm. elhos após múltiplas administrações intravenosas de
maltosil-β-ciclodextrina (0,9 g/kg) foram comparadas
Metabolismo e toxicidade com as obtidas com a β-ciclodextrina na mesma dose, com
vistas a avaliar a toxicidade por via parenteral. Contrari-
As ciclodextrinas naturais, e alguns derivados como amente, os animais que receberam β-ciclodextrina, que
a hidroxipropil-β-ciclodextrina, são metabolizadas ao ní- apresentaram aumento do nitrogênio uréico e da
vel do cólon e do ceco pelas bactérias da flora intestinal, creatinina, indicador de alguma insuficiência renal, os
originando água e dióxido de carbono. Estes são também resultados obtidos com a maltosil- β-ciclodextrina foram
os produtos de degradação do amido. Estudos realizados idênticos aos obtidos com os grupos de controle, encon-
e reportados por vários investigadores (Marshall, Miwa, trando-se os valores dentro dos limites normais
1981; Uekama, Otagiri, 1987) demonstram que o que di- (Yamamoto et al., 1991).
fere é a velocidade a que o processo ocorre, sendo mais Na TABELA III temos resumidos alguns dados so-
rápido no amido do que nas ciclodextrinas. Após adminis- bre o metabolismo e a toxicidade de algumas ciclo-
tração oral de amido a ratos, marcado com 14C, a quanti- dextrinas e seus derivados.
dade máxima de 14CO2 exalado surge após uma hora, en-
quanto que, quando o mesmo procedimento foi aplicado Complexos de inclusão
usando a β-ciclodextrina com o mesmo marcador, o valor
máximo só se atingiu passadas nove horas. Uma vez que Os complexos de inclusão são compostos mole-
as ciclodextrinas não podem ser absorvidas intactas a par- culares com a estrutura característica de um aduto, em que
tir do trato gastrintestinal a fonte de 14C só poderá provir um composto (designado de hospedeiro) encerra no seu
dos metabólitos da glicose formados por ação das interior um outro (o hóspede).
amilases bacterianas da flora do cólon. Há, no entanto, As ciclodextrinas apresentam-se como ótimas
derivados que não são metabolizados, como é o caso da candidatas à formação de complexos de inclusão, uma vez
sulfobutileter-β-ciclodextrina. que possuem uma cavidade para o efeito. Há, no entanto,
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 5

TABELA III – Dados sobre metabolismo e toxicidade de


ciclodextrinas

CD Metabolismo DL50 oral rato DL50iv rato


(mg/kg) (mg/kg)
α cólon ≥ 10 000 500 - 750
β Cólon, cecum > 5 000 450 - 790
γ TGI superior >> 8 000 4 000
HP-β cólon - -
SBE-β não metabolizada - -
RM-β não metabolizada >> 8 000 1 500 - 2 100
Adaptado de Loftsson (1998) (HP – hidroxipropil; SBE –
éter sulfobutílico; RM – metilada ao acaso) FIGURA 3 – Esquema da formação de um complexo de
inclusão fármaco:ciclodextrina com uma estequeometria
de 1:1 e equação geral do equilíbrio descrito (Adaptado de
fatores que condicionam a formação de complexos de in- Rajewski, Stella, 1996).
clusão. O requisito mínimo para que se forme o comple-
xo é a compatibilidade de tamanhos e geometrias entre a Aplicações em tecnologia farmacêutica clássica
cavidade da ciclodextrina e o hóspede. Esta compatibili-
dade de tamanhos pode não corresponder à totalidade de Como foi referido, uma das características mais
molécula a incluir. Há casos em que apenas uma parte da importantes das ciclodextrinas é a presença de uma cavi-
estrutura do hóspede fica incluído na cavidade. A polari- dade que permite a formação de complexos de inclusão.
dade desse segmento é um fator condicionante da forma- Isto permite alterar a solubilidade de fármacos
ção do complexo. Temos, ainda, de considerar o caráter (Backensfeld, Müller, Kolter, 1991; Loftsson, Brewster,
hidrofóbico do hóspede (Uekama, Otagiri, 1987). 1996, Toros de Ilarduya et al., 1998), modelar a velocida-
As forças envolvidas no processo de formação dos de de dissolução (Becket, Schep, Tan, 1999), aumentar a
complexos são, ainda, objeto de discussão na comunida- estabilidade (Loftsson et al., 1993) e proteger as mucosas
de científica. Sabe-se que não se trata apenas de interação da irritação causada por determinados fármacos
apolar clássica. Estão envolvidas forças de Van de Walls, (Rainsford, 1990; Otero-Espinar et al., 1991).
ligações de hidrogênio, interações hidrofóbicas e alguns A liberação de fármacos num determinado órgão
autores apontam, também, a liberação de energia devido como o cólon (Villar-Lopez et al., 1999) faz parte da nova
à substituição de moléculas de água por outras menos abordagem que as ciclodextrinas têm proporcionado e que
polares e devido a alterações conformacionais, que contri- passa pela alteração da farmacocinética e biodispo-
buem para a formação e estabilização do complexo nibilidade de princípios ativos, que, embora dotados de
(Anguiano-Igea, 1992). ação farmacológica, apresentam limitações no que diz
A associação do fármaco à ciclodextrina (FIGURA respeito à estabilidade, aos efeitos colaterais indesejáveis.
3) é governada por uma constante de estabilidade (Km:n) Assim, sob a forma de complexo de inclusão, podem ser
em que F, C e FC representam, respectivamente, a molé- dissimulados e atingir a biofase sem que surjam problemas
cula hóspede, a ciclodextrina e o complexo de inclusão; x como a inativação do fármaco, a irritação da mucosa, ou
é a concentração molar do complexo e a e b são as concen- até absorção limitada, permitindo o uso de uma via de
trações iniciais da molécula hóspede e da ciclodextrina, administração mais cômoda (Veiga, Fernandes, Teixeira,
respectivamente; m representa a quantidade de hóspede e 2000).
n a quantidade de ciclodextrina. A constante de estabilida-
de assim definida funciona como um índice de alteração CICLODEXTRINAS EM NOVOS SISTEMAS
das propriedades físico-químicas de um composto após a TERAPÊUTICOS
inclusão. O método mais usado para a detecção da forma-
ção de complexos em solução é o método da solubilidade Como já foi referido no início deste trabalho de re-
de fases descrito por Higuchi e Connors (1965). visão, em que se abordaram os objetivos do mesmo, o con-
6 R. Saltão, F. Veiga

ceito de medicamento tem evoluído no sentido de permi- ciclodextrina) e fármacos pouco solúveis (desidro-epi-
tir obter parâmetros farmacocinéticos adequados à ação androsterona, retinol e ácido retinóico), que incorporaram
pretendida, melhorando, assim, a eficácia do fármaco, em lipossomas multilamelares. Estudaram o efeito do
prolongando o seu efeito ou aumentando o seu índice plasma na estabilidade dos lipossomas, quando estes vei-
terapêutico. Os medicamentos clássicos não se encontram culavam soluções de complexos. Estes investigadores
adequados para atingir estes objetivos. Tanto as membra- concluíram que é na fase aquosa dos lipossomas que os
nas biológicas quanto as propriedades físico-químicas de complexos vão se acomodar, não interferindo com a esta-
alguns dos fármacos usados na terapêutica são barreiras bilidade das vesículas. Observaram, ainda, que durante o
que é necessário contornar. Assim, surge a necessidade de processo de incorporação dos complexos ocorria a libera-
se desenvolverem em novos sistemas de cedência de ção de alguma quantidade de fármaco do interior da
fármaco ao organismo (Bibby, Davies, Tucker, 2000). ciclodextrina. Este processo de dissociação do complexo
As ciclodextrinas são conhecidas por permitirem a estará provavelmente dependente da sua constante de es-
encapsulação molecular de fármacos com características tabilidade e deve-se à competição que ocorre com os
hidrofóbicas, alterando-lhes a solubilidade, aumentando a lipídios da vesícula. As melhores condições para a incor-
estabilidade e, em alguns casos, melhorando a biodis- poração dos complexos é quando os fosfolipídios que
ponibilidade. Contudo, a capacidade destes sistemas fun- constituem os lipossomas apresentam ponto de fusão ele-
cionarem como sistemas de vetorização de fármacos por vado, ou quando existe colesterol em quantidades
si só é inexistente (Duchêne, Ponchel, Wouessidjewe, equimolares em relação aos fosfolipídios. Isto permite que
1999; Duchêne, Wouessidjewe, Ponchel, 1999). as vesículas permaneçam mais rígidas, não deixando que
Atualmente, tem-se observado tendência para con- os seus constituintes entrem em competição com as molé-
jugar as potencialidades das ciclodextrinas com novos culas de fármaco. Se tal fato ocorre, as vesículas ficam
sistemas terapêuticos, como lipossomas, nanopartículas e mais permeáveis e mais fluidas, liberando o fármaco para
micropartículas, na tentativa de resolver as limitações a superfície ou próximo da camada superficial, onde ten-
apresentadas por cada um deles. derá a associar-se com as proteínas plasmáticas
(McCormack, Gregoriadis, 1998).
Lipossomas Os mesmos autores referem que é possível alterar a
farmacocinética de moléculas pouco solúveis por meio do
Os lipossomas são, entre os novos sistemas uso deste novo sistema de transporte (complexos de inclu-
terapêuticos, aqueles que têm sido mais investigados para são em lipossomas), tirando partido da capacidade de au-
promover a vetorização de fármacos. Trata-se de vesículas mentar a solubilidade de fármacos mediante complexação
artificiais, constituídas por fosfolipídios e colesterol, que com ciclodextrinas e diminuir a perda de fármaco pela
podem veicular substâncias hidrofílicas ou hidrofóbicas. urina, devido à dissociação precoce do complexo, conse-
Apresentam boas características de biocompatibilidade, guindo aumentar a incorporação do fármaco pelos tecidos.
na medida em que os seus constituintes são, ou podem ser, No decorrer dos trabalhos, observaram que os lipossomas
os constituintes lipídicos das biomembranas. Os eram recolhidos pelo sistema reticuloendotelial (principal-
lipossomas podem ser produzidos com um largo interva- mente fígado e baço) e, ao contrário do que acontecia com
lo de tamanho (Zeng, Martin, Marriot, 1995) e podem ser os complexos binários de fármaco-ciclodextrina quando
vetorizados para diferentes órgãos ou tecidos por meio da colocados na circulação sanguínea, a dissociação não
ligação de moléculas apropriadas na camada externa da ocorria de forma tão rápida, provando assim a alteração da
membrana dos lipossomas (Gregoriadis, 1988). farmacocinética.
Apesar de ser possível incorporar fármacos Um outro campo que tem sido explorado ainda nesta
hidrofóbicos nos lipossomas, o êxito desta operação está área é o da estabilização de fármacos por meio da forma-
dependente da razão que existe entre a massa de fármaco ção de complexos de inclusão (Loftsson, Brewester,
e a massa de lipídio e das características do próprio 1996). Em passado recente, um grupo de investigadores
fármaco, uma vez que este tipo de moléculas vai se aco- procurou, com êxito, promover a estabilização de
modar na bicamada lipídica, que constitui a estrutura do fármacos fotossensíveis e sensíveis à oxidação foto-
lipossoma, podendo destabilizar toda a vesícula química, como a riboflavina e o ascorbato de sódio. Esta
(McCormack, Gregoriadis, 1994). Para comprovar este foi realizada por meio da incorporação de complexos de
problema McCormacK e Gregoriadis (1994) formaram inclusão com ciclodextrinas em lipossomas multi-
complexos de inclusão entre ciclodextrinas lamelares, que continham substâncias com capacidade de
(hidroxipropil–β-ciclodextrina e polímeros de β- absorver a luz, como por exemplo a oxibenzona e a
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 7

desoxibenzona, ou antioxidantes como o β-caroteno materiais, como misturas de triglicerídios de ácidos graxos
(Loukas, Jayasekera, Gregoriadis, 1995). saturados ou benzoato de benzila.
Conscientes das possibilidades desta nova aborda- As nanocápsulas apresentam como grande vanta-
gem, estes investigadores resolveram aplicar este sistema gem a capacidade de veicular fármacos hidrofóbicos no
à estabilização de fármacos sensíveis à hidrólise. Grande seu núcleo oleoso.
parte dos fármacos, quando em solução aquosa, encon- Numa nova abordagem a estes sistemas, um grupo
tram-se sujeitos a alterações na sua estrutura química, que de investigadores aplicou outros materiais na produção de
podem levar à diminuição, ou até à perda total da sua ati- nanocápsulas. Skiba et al. (1996c) usaram ciclodextrinas
vidade farmacológica. Mas não é só. A degradação pode para a produção da parede das nanocápsulas. A
levar à formação de novas entidades químicas tóxicas para ciclodextrina usada foi a β-ciclodextrina, mas foi quimi-
o organismo. Em estudo desenvolvido em 1998 (Loukas, camente modificada de forma a apresentar propriedades
Vraka, Gregoriadis, 1998), foi possível estabilizar a anfifílicas. As hidroxilas secundárias foram esterificadas
indometacina 75 vezes mediante complexação da molécu- com cadeias acílicas de 6, 12 ou 14 átomos de carbono
la com hidroxipropil-β-ciclodextrina e sua incorporação (Zhang et al., 1991). Foi estudada a influência do deriva-
em lipossomas multilamelares. Já em 1996, Loftson e do da β-ciclodextrina usado e da natureza da fase oleosa,
Brewster afirmavam que a complexação da indometacina bem como o efeito dos tensoativos e a capacidade de in-
com a hidroxipropil-β-ciclodextrina incrementava a esta- corporar fármacos, de natureza oleosa. O método proposto
bilidade do antiinflamatório 6 vezes, quando comparada apresenta-se simples e é vantajoso para a estabilidade dos
com a molécula em solução tampão de pH alcalino. O fármacos, podendo ser facilmente transposto de escala. É
recurso a lipossomas multilamelares vem, assim, possível encapsular grande quantidade de fármacos
potenciar a capacidade de estabilizar fármacos lábeis. lipófilos.

Nanopartículas Nanosferas

Sob a designação de nanopartículas, agrupa-se um Entre os transportadores coloidais, as nanosferas são


conjunto de novas formas farmacêuticas em que estão estruturas que melhor se adaptam à liberação controlada
incluídas as nanocápsulas e as nanosferas. Estes sistemas de fármacos em dose adequada e à velocidade pretendida.
apresentam, geralmente, tamanho inferior a 1 mm Trata-se de sistemas com estrutura polimérica estável, que
(Puisieux, 1985) e podem ser usados para veicular podem ser usados para vetorização de fármacos ou para
fármacos para o tratamento de infecções intracelulares e obter medicamentos com um perfil de liberação controla-
para a quimioterapia do cancro (Santos-Magalhães et al., do (Monza da Silveira et al., 1998).
2000). A produção de ciclodextrinas anfifílicas, conseguida
pela esterificação das hidroxilas secundárias das
Nanocápsulas ciclodextrinas naturais com cloretos de acila de compri-
mento de cadeia variável, veio dar contribuição importan-
As nanocápsulas são pequenas vesículas constituí- te na produção de nanosferas como novos sistemas trans-
das por um núcleo oleoso rodeado por uma parede de na- portadores de fármacos. Segundo Skiba et al. (1996a) o
tureza polimérica. Estes sistemas são, pelas suas dimen- tamanho das partículas obtidas pelo método de cristaliza-
sões (50 a 300 nm), classificados de transportadores ção esférica e nanoprecipitação depende de fatores como
coloidais, podendo ser administrados intravascularmente a razão solvente/água, temperatura e velocidade de evapo-
(Couvrer, 1985 ). ração do solvente. Dos trabalhos desenvolvidos posterior-
Grande variedade de materiais pode ser usada para mente, a caracterização morfológica assumiu interesse
a produção destes sistemas, entre os quais podem se des- particular, uma vez que foi o primeiro grupo a obter ima-
tacar os polímeros poli-(lático-glicólico), a poli-ε- gens do interior das partículas por meio de microscopia
caprolactona e alguns polímeros acrílicos, como a eletrônica de transmissão, após corte das esferas em
acrilamida ou o metacrilato de metila (Couvrer, 1985). criostato. Estes investigadores não encontraram relação
Recentemente, têm ganho crescente importância os deri- linear entre o tamanho das nanosferas formadas e o com-
vados anfifílicos de ciclodextrinas, particularmente aque- primento da cadeia alquílica que esterifica a hidroxila
les designados por “skirt-shaped” (Lemos-Sena, (Skiba et al., 1996b). Em trabalho de Chasteigner et al.
Wouessidjewe, Duchêne, 1996; Duchêne, Ponchel, (1996), em que é feito um estudo comparativo entre a as-
Wouessidjewe, 1999). Para os núcleos oleosos são usados sociação de itraconazol com transportadores coloidais, são
8 R. Saltão, F. Veiga

também produzidas nanosferas com derivados alquilados progesterona em nanosferas convencionais, conseguiram
de β-ciclodextrina. Os resultados obtidos revelam que apenas uma taxa de incorporação de 0,08% (p/p) e quan-
quanto maior o comprimento da cadeia alquílica menor do colocaram o complexo hidroxipropil-β-ciclodextrina/
será o tamanho da partícula e maior a quantidade de progesterona no meio de polimerização, a incorporação de
fármaco associado à nanosfera. Assim, usando cadeias progesterona subiu 50 vezes para valores da ordem dos
alquílicas longas é possível aumentar a incorporação de 4,5% (p/p).
itraconazol em nanosferas. A polimerização aniônica de cianoacrilatos de
Lemos-Sena et al. (1998b), consideram as nanos- alquila em meio aquoso requer a presença de estabili-
feras anfifílicas um sistema muito vantajoso: apresenta zadores estéricos, como o dextrano ou poloxâmeros, e a
características de biocompatibilidade e biodegradabi- sua influência nas características das nanopartículas for-
lidade dada a natureza dos materiais que o compõem e madas foi estudada por Lourenço e colaboradores (1996).
reconhecem-lhe capacidade de acomodar fármacos Monza da Silveira e colaboradores (1996) demonstraram,
hidrofílicos e hidrofóbicos. Devido à estrutura anfifílica também, que a hidroxipropil-β-ciclodextrina neste tipo de
destas ciclodextrinas há várias possibilidades de acomo- meio de polimerização, em concentrações adequadas,
dar o fármaco nas nanosferas: adsorvido à superfície da pode ser usada com esse fim, sendo também determinante
partícula, incorporado na matriz, ou, ainda, tirando parti- para o tamanho das partículas obtidas e para a carga super-
do da capacidade das ciclodextrinas de formar complexos ficial que apresentam. A localização da ciclodextrina nas
de inclusão. Nos seus trabalhos, foram preparadas nanopartículas pode ocorrer em vários locais: adsorvida à
nanosferas segundo o método da nanoprecipitação (Fessi superfície, ligada às cadeias do polímero, aprisionada na
et al., 1992) e avaliou-se a capacidade de incorporação de matriz ou, ainda, formando complexos de inclusão com as
um fármaco modelo (a progesterona) e as suas caracterís- cadeias de poli-(isobutilcianoacrilato). Em estudos poste-
ticas de associação. Concluíram que a progesterona se riores concluíram que o tamanho das partículas é mais
encontra associada molecularmente à superfície das influenciado pelo tensoativo (hidroxipropil-β-
nanosferas. Observaram que a liberação do fármaco ocor- ciclodextrina) do que pelo fármaco incorporado (Monza
ria de forma rápida e dependia da sua solubilidade no da Silveira, Duchêne, Ponchel, 2000). A incorporação da
meio, estando em jogo apenas um fenômeno de partição. ciclodextrina nas nanopartículas permite aumentar a quan-
Este perfil de liberação apenas tem interesse quando se tidade de fármaco na estrutura. A incorporação depende
pretende aumentar a biodisponibilidade do fármaco. Para da concentração de fármaco no meio e também do coefi-
conseguir a encapsulação do fármaco na matriz, este gru- ciente de partilha do fármaco entre o polímero e o meio de
po recorreu ao método da emulsificação e evaporação do polimerização. Neste trabalho os autores propõem um
solvente, método usado de forma comum para a prepara- mecanismo geral para a incorporação do fármaco: o com-
ção de microsferas biodegradáveis (Lemos-Sena et al., plexo fármaco/ciclodextrina contido no meio de
1998a). Este processo é complexo e as características fi- polimerização é parte de um equilíbrio dinâmico entre o
nais das nanosferas são afetadas por alguns parâmetros, complexo e as espécies dissociadas. Quando a poli-
como o tipo de solvente orgânico ou a mistura de merização ocorre, o equilíbrio é deslocado no sentido da
solventes, as interações entre solvente/polímero, a nature- dissociação. Depois, atendendo ao coeficiente de partição,
za dos agentes emulsificantes e a velocidade de evapora- o fármaco em solução migra para a rede polimérica. Con-
ção do solvente. Os resultados obtidos sugerem que a siderando-se que o fármaco e o polímero são de natureza
maior parte do fármaco se associa à superfície das partí- hidrofóbica, o complexo fármaco/ciclodextrina compor-
culas, mas a incorporação do mesmo na matriz das tα-se como reservatório solúvel, que alimenta o processo
nanosferas também ocorre quando se usa este método de de formação das nanopartículas. Não excluem, também, a
preparação. possibilidade de o complexo ser, ele mesmo, incorporado
Uma vez que a capacidade de incorporação de nas nanopartículas, mas atendendo à hidrofilicidade des-
fármacos em nanosferas é muito limitada tem-se recorri- sa estrutura, não é provável que isso ocorra.
do às ciclodextrinas para aumentar a quantidade de
fármaco a incorporar. Monza da Silveira e colaboradores Nanopartículas de lipídios sólidos
(1998), usando também a progesterona como fármaco
modelo, tiraram partido da formação de complexos de Até aqui abordaram-se, apenas, a utilização de
inclusão com a hidroxipropil-β-ciclodextrina para aumen- ciclodextrinas na produção e a otimização de nanosferas
tar a quantidade de fármaco a veicular em nanopartículas de natureza polimérica. Contudo, um novo tipo de
de poli-(isobutilcianoacrilato). Quando incorporaram a nanopartículas tem sido investigado nos últimos anos.
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 9

Trata-se de nanopartículas de lipídios sólidos, vulgarmen- hidrofilicidade relativa dos fármacos revela-se importante.
te designadas pela sigla de origem anglo-saxônica SLN, No caso da hidrocortisona, a liberação é mais rápida.
que apresentam capacidade de transportar moléculas Este estudo demonstrou ser possível aumentar a ca-
hidrofílicas ou lipofílicas (Müller, Mäder, Gohla, 2000). pacidade de incorporação de fármacos em nanosferas de
Cavalli e colaboradores (1999) estudaram a incorporação lipídios sólidos por meio da complexação com
em SLN de complexos de hidrocortisona e progesterona ciclodextrinas, particularmente daqueles que são menos
com β-ciclodextrinas e a forma como isso fazia variar a lipofílicos.
cinética de liberação dos fármacos. Avaliaram o diâmetro Abre-se, assim, mais uma porta para modelar a
médio das partículas produzidas com fármaco livre e cinética de liberação de fármacos, recorrendo ao uso de
complexado, observando apenas ligeiro aumento no tama- ciclodextrinas. Incorporando fármacos em SLN, que se
nho das partículas. Os estudos demonstraram que os dois encontrem na forma livre ou complexados, e balanceando
fármacos se encontram incorporados num estado amorfo, as proporções entre essas formas é possível modelar a li-
o que, segundo os autores, pode estar relacionado com o beração dos princípios ativos a partir de nanosferas de
método de preparação das nanopartículas, que conduz à lipídios sólidos.
dispersão das moléculas de fármaco na matriz lipídica. A
formação de complexos de inclusão favorece a incorpora- Micropartículas
ção da hidrocortisona, molécula mais hidrofílica do que a
progesterona. Com efeito, a quantidade de progesterona À semelhança do que foi descrito anteriormente,
incorporada na forma de complexo é muito similar à quan- como micropartículas agrupam-se as microcápsulas e as
tidade incorporada com o fármaco na forma livre, o que se microsferas. Estes sistemas são pequenas esferas ou cáp-
encontra relacionado com o coeficiente de partição da sulas com tamanho da ordem das centenas micrômetros
progesterona entre o meio que constitui a fase oleosa da (Puisieux et al., 1985). Pelas suas propriedades, as
partícula e o meio externo aquoso. micropartículas são muito usadas na terapia antitumoral
No que diz respeito à liberação dos fármacos, os com- (Utsuki et al., 1996; Sinisterra et al., 1999). Quando se
plexos permitem diminuir a velocidade com que ocorre a associam ciclodextrinas às micropartículas, consegue-se
cedência, quando se compara com as velocidades obtidas aumentar a eficiência de encapsulação, assim como o tem-
com os fármacos livres (FIGURAS 4 e 5). Também aqui, a po de circulação do fármaco no organismo.

FIGURA 4 – Percentagem de liberação de hidrocortisona (HC) vs tempo. (esquerda) Complexo com β-ciclodextrina;
(direita) complexo com hidroxipropil-β-ciclodextrina. ♦, hidrocortisona em solução; x, complexo de HC com β-CD;
…, 1SLN M contendo HC livre; *, 2SLN A contendo HC livre; +, SLN M contendo HC complexada; ◊, SLN A contendo
HC complexada. (Adaptado de Cavalli et al., 1999).
1
SLN M – nanopartículas de lipídios sólidos com fase interna constituída por uma mistura de Imwitor 900: ácido esteárico
(20:80, w/w).
2
SLN A – nanopartículas de lipídios sólidos com fase interna constituída por ácido esteárico (0,7 mmol).
10 R. Saltão, F. Veiga

FIGURA 5 – Percentagem de liberação de progesterona (P) vs tempo. (esquerda) complexo com β-ciclodextrina; (direita)
complexo com hidroxipropil-β-ciclodextrina. x, complexo de P com β-CD; …, SLN M contendo P livre; *, SLN A contendo
P livre; +, SLN M contendo P complexada; ◊, SLN A contendo P complexada. (Adaptado de Cavalli et al., 1999).
1
SLN M – nanopartículas de lipídios sólidos com fase interna constituída por uma mistura de Imwitor 900: ácido esteárico
(20:80, w/w).
2
SLN A – nanopartículas de lipídios sólidos com fase interna constituída por ácido esteárico (0,7 mmol).

Microcápsulas valor de 56% (FIGURA 6). Verificaram, também, que o


uso da ciclodextrina aumentava a incorporação da água de
Utsuki e colaboradores (1996) prepararam micro- forma mais rápida nas microcápsulas.
cápsulas de etilcelulose, nas quais incorporaram
carboplatina, um citostático ativo contra tumores cerebrais.
Uma das dificuldades que o tratamento deste tipo de tumo-
res apresenta refere-se à acessibilidade dos mesmos: além
de ser difícil introduzir o fármaco nas células tumorais, é
também difícil fazê-lo passar a barreira hemato-
encefálica. Estratégia comum é implantar no local da le-
são um polímero biodegradável impregnado de um
citostático após a remoção do tumor. Se os resultados são
positivos quando se usam fármacos lipofílicos, as dificul-
dades aumentam quando é necessário usar um fármaco
com as características de solubilidade aquosa (14 mg/mL)
da carboplatina. No trabalho estudaram a cinética de libe-
ração do complexo carboplatina/hidroxipropil-α-
ciclodextrina incorporado em microcápsulas de
etilcelulose. A preparação das microcápsulas seguiu a téc- FIGURA 6 – Perfis de liberação de carboplatina a partir de
nica de emulsificação com evaporação do solvente desen- microcápsulas contendo o fármaco só ({) e o fármaco
volvida por Huang e Ghebre-Sellassie (1989). Verificou- complexado com hidroxipropil-α-ciclodextrina (z) numa
se que na liberação da carboplatina, inicialmente tinha solução de NaCl 0,9% a 37 °C, sem agitação. (Adaptado
lugar um “burst” e que no fim do período de ensaio (110 de Utsuki et al., 1996).
dias) apenas 37% de fármaco haviam sido liberados.
Quando se usava o complexo com a hidroxipropil-α- Mediante a formação do complexo foi, também,
ciclodextrina, ao fim de apenas 40 dias já haviam sido li- possível estabilizar a carboplatina: a velocidade de degra-
berados 48% do fármaco atingindo-se no fim do ensaio o dação do fármaco em tampão fosfato diminui quando se
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 11

prepara o complexo com a hidroxipropil-α-ciclodextrina. ca dos dois componentes. As microsferas foram obtidas
Mais significativos do que os resultados dos estudos in por “spray-drying”, assim como o complexo. Este méto-
vitro são os obtidos in vivo em células cancerosas de cé- do é considerado simples, reprodutível e os autores assu-
rebro de rato. mem ser fácil a sua transposição de escala. Observaram-
O tratamento seguindo esta estratégia permite au- se bons níveis de encapsulação para todas as formulações.
mentar o tempo médio de vida em 109%. Contudo, o uso da ciclodextrina fazia baixar os níveis de
fármaco incorporado, o que foi atribuído à razão elevada
Microsferas de hidroxipropil-β-ciclodextrina/quitosana. A distribuição
de tamanhos das partículas segue padrão logarítmico-nor-
Outro sistema microparticular usado no desenvolvi- mal, com cerca de 70% das microsferas apresentando di-
mento de medicamentos de liberação controlada são as âmetro no intervalo de 1 a 3 mm, não sendo afetado de
microsferas. Estes sistemas podem ser produzidos a par- forma significativa pela forma como a substância é incor-
tir de diferentes materiais como a quitosana ou os porada. Foi usada a calorimetria exploratória diferencial
polímeros acrílicos. Filipovic-Grcic et al. (1996) vêm e a difração de raios X na elucidação da estrutura física das
desenvolvendo estudos nestes sistemas usando a microsferas. O estudo dos perfis de liberação revelou que
quitosana – um polissacarídio catiônico derivado por a liberação do fármaco ocorre de maneira mais rápida
desacetilação da quitina, que é hidrofílica, biocompatível quando a razão polímero/fármaco aumenta. No entanto, o
e biodegradável, apresentando, também, baixa toxicidade. perfil mais favorável é o obtido com o fármaco
O objetivo desse trabalho era aumentar a solubilidade do complexado (FIGURA 7). A liberação processa-se de
nifedipino, complexando-o com a hidroxipropil-β- forma controlada: 30 % nas primeiras duas horas e cerca
ciclodextrina, e conseguir formulação de liberação contro- de 50% ao fim de cinco horas.
lada por meio da microencapsulação. Para a produção das
esferas empregaram método que tem lugar em suspensão
e usaram como agente de reticulação o glutaraldeído.
Foram identificadas variáveis de produção e de formula-
ção que apresentaram impacto nas características finais
das esferas. Desde logo, o método de preparação afeta a
eficiência de encapsulação. O fato de se usar o complexo,
mais solúvel, ou o fármaco, de natureza mais lipofílica,
leva a diferentes graus de encapsulação. O tamanho das
partículas depende do método de preparação, sendo as
menores, com cerca de 10 mm, obtidas quando se veicu-
la o glutaraldeído em solução clorofórmica. Depende,
também, da velocidade de agitação, do grau de
reticulação, da quantidade inicial e do tipo de substância
incorporada. A liberação do fármaco é retardada quando
se usa o complexo incorporado nas microsferas. Os auto-
res supõem que o mecanismo de liberação envolve, pri- FIGURA 7 – Perfis de liberação de hidrocortisona (HC) a
meiramente, a dissociação do complexo com a saída do partir de microsferas de quitosana em PBS pH 7,4 a
nifedipino da cavidade da ciclodextrina, seguido da 37 °C. HC isolada ({), microsferas com o complexo HC-
passagem para fora das microsferas. Esta passagem é con- hidroxipropil β-ciclodextrina (†) e a mistura física entre
trolada pela permeabilidade da matriz e é possível que a HC e hidroxipropil β-ciclodextrina (Δ) (Adaptado de
formação de matriz do tipo ciclodextrina/quitosana, de na- Filipovic-Grcic et al., 2000).
tureza mais hidrofílica do que a quitosana, retarde a libe-
ração do fármaco lipofílico. A liberação é também afeta- Bibby e colaboradores (Bibby, Davies, Tucker,
da pelo grau de reticulação. 1998a; Bibby, Davies, Tucker, 1999a; Bibby, Davies,
Mais recentemente, Filipovic-Grcic e colaboradores Tucker, 1999b) trabalharam com polímeros de ácido
(2000) desenvolveram um sistema microparticular para poliacrílico conhecido por apresentar características
veicular acetato de hidrocortisona. Usaram matrizes de mucoadesivas, permitindo maior tempo de retenção da
quitosana, nas quais incorporaram o fármaco, o seu com- forma farmacêutica no local de administração. Tal fato
plexo com hidroxipropil-β-ciclodextrina ou mistura físi- contribui claramente extensa absorção do princípio ativo
12 R. Saltão, F. Veiga

para mais. Um problema dos sistemas que usam este e os grupos carboxílicas do polímero, levando à formação
polímero é a liberação rápida de fármaco que ocorre ini- de ésteres. Os estudos de liberação da β-ciclodextrina re-
cialmente. Para resolvê-lo, produziram microsferas de velam que ocorre um “burst” inicial, rápido, com libera-
ácido poliacrílico com β-ciclodextrina, com base em mé- ção incompleta da ciclodextrina, que os investigadores
todo de emulsificação água em óleo, com evaporação do atribuem à cedência do oligossacarídio não ligado para o
solvente, o que facilita a reação de condensação entre a meio. O fato de esta liberação ser incompleta pressupõe
β-ciclodextrina e o ácido poliacrílico (FIGURA 8). que ocorre a formação de ligações covalentes entre o
polímero e a β-ciclodextrina. Com o intuito de esclarecer
a natureza desta ligação, foram feitos estudos de RMN de
13
C. As conclusões tiradas apontam para a formação de
dois tipos de produtos: o resultante da esterificação entre
a β-ciclodextrina e o polímero e aquele que resulta da for-
mação de anidridos no próprio polímero e com a β-
ciclodextrina (Bibby, Davies, Tucker, 1999a).
O desenvolvimento deste sistema foi encarado com
a perspectiva de ser usado na administração ocular ou
nasal de fármacos. Assim, de acordo com os conhecimen-
tos colhidos nos trabalhos anteriores, foram produzidas
esferas de tamanho compreendido entre os 15 e os 25 mm,
com o intuito de investigar o potencial da β-ciclodextrina
como agente controlador da liberação de fármacos. Os
FIGURA 8 – SEM das microsferas referidas obtida após a
modelos usados foram a fenolftaleína e a rodamina B,
síntese (Adaptado de Bibby et al., 1998).
fármacos caracterizados por diferentes solubilidades e por
Procuraram elucidar o papel de três variáveis de possuírem diferentes constantes de associação com a β-
produção – velocidade de homogeneização, volume das ciclodextrina. A incorporação dos fármacos foi feita, com
fases aquosa e oleosa e o nível da razão β-ciclodextrina/ sucesso, colocando soluções saturadas de fármaco em
polímero – no tamanho das esferas, baseando-se num pla- contacto com as microsferas produzidas pelo método an-
nejamento fatorial. As esferas produzidas situam-se no teriormente desenvolvido. Os resultados, traduzidos em
intervalo de valores entre os 16 e os 150 mm. A análise perfis de liberação não mostram diferenças entre as formu-
ANOVA revela que as variáveis de produção estudadas lações efetuadas. Os autores concluem que o uso da β-
interferem no tamanho das esferas de forma complexa, ciclodextrina não permite alterar neste sistema a cinética
sendo a razão β-ciclodextrina/polímero a variável que de liberação destes dois fármacos. Apontam vários fato-
mais se faz sentir. Nível elevado deste parâmetro leva à res que podem ser determinantes pelo insucesso do pro-
formação de esferas de maior tamanho. Observaram-se cesso: um “cross-linking” limitado, do que resulta a rápida
interações de primeira ordem entre a velocidade de hidratação da matriz polimérica, a competição pela
homogeneização e a razão β-ciclodextrina/polímero, as- ciclodextrina entre o fármaco, o óleo e/ou resíduos de
sim como entre a velocidade de homogeneização e o vo- solvente orgânico e, ainda, devido a alterações
lume das fases aquosa e oleosa. Estes resultados podem conformacionais/impedimento estérico da cavidade da β-
ser explicados com base na viscosidade do sistema. Nos ciclodextrina, pelo fato de esta encontrar-se ligada de for-
sistemas que apresentam maior viscosidade (aqueles em ma covalente ao ácido poliacrílico (Bibby, Davies, Tucker,
que a fase oleosa é maior ou aqueles em que a quantida- 1999b).
de de β-ciclodextrina/polímero é elevada) a alta velocida- Sinisterra e colaboradores (1999), trabalharam no
de de homogeneização permite obter partículas de menor desenvolvimento de um sistema que permitisse a adminis-
tamanho, resultado da formação de emulsão mais fina. tração de um novo citostático pertencente ao grupo dos
Pelo contrário, em sistemas de baixa viscosidade não se metais de transição de segunda geração, o citrato de ródio
observa efeito algum no tamanho das esferas com a alte- II. Este fármaco caracteriza-se por apresentar mecanismo
ração da velocidade de homogeneização (Bibby, Davies, de ação que compreende a inibição da DNA polimerase α,
Tucker, 1998). A estrutura da matriz formada foi em vez de, como a maioria dos fármacos antineoplásicos,
investigada, também, por este grupo. O processo de fabri- atuar diretamente nos cromossomas. O citrato de ródio II é
cação permite criar condições para que ocorram reações molécula muito solúvel em água, o que significa que para
de condensação entre os grupos hidroxila da ciclodextrina se obter concentrações de fármaco ao nível tumoral, veicu-
Ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos 13

ladas de forma sistêmica, é necessário administrar altas PERSPECTIVAS FUTURAS


doses. Assim, para minimizar a toxicidade local e para pro-
longar a duração de ação, desenvolveram um sistema que Pelo que foi abordado ao longo deste trabalho, são
envolve a formação de um complexo de inclusão entre as aliciantes os caminhos que se abrem com a aplicação de
ciclodextrinas e o fármaco com a finalidade de alterar a sua ciclodextrinas em novos sistemas terapêuticos. Tratα-se
solubilidade e modelar-lhe a incorporação e liberação a de tema atual, que não se encontra esgotado e que tem des-
partir de microsferas poliméricas. O fármaco foi pertado grande interesse nos investigadores. Tal fato fica
complexado com a hidroxipropil-β-ciclodextrina, sendo a patente pelo elevado número de trabalhos publicados,
formação do complexo identificada por técnicas no provenientes de diferentes grupos de investigação.
infravermelho e análise termogravimétrica. Concluíu-se As micropartículas representam grupo com grande
que o citrato de ródio II complexado com a hidroxipropil- potencial para a aplicação em liberação controlada de
β-ciclodextrina, apresenta aumento significativo na estabi- fármacos e também na sua vetorização. São estruturas
lidade térmica, o que permite, se necessário, trabalhar em estáveis, que podem ser produzidas a partir de diferentes
condições drásticas de temperatura no processamento do materiais, e a conjugação destes com ciclodextrinas per-
polímero. As microsferas foram preparadas pelo método de mite aumentar de forma inequívoca a incorporação de
evaporação do solvente (O’Donnell e Mcginity, 1997) usan- fármaco. Duas estratégias podem ser estabelecidas: o uso
do co-polímeros de ácido poli-(lático-glicólico) e de das ciclodextrinas, e seus derivados, como agentes de
poli(1,3-bis(p-carboxifenoxi)-propano-co-sebácico) tendo complexação de fármacos ou como agentes de “cross-
sido incorporado o fármaco, ou o complexo, na fase aquo- linking” dos polímeros usados, o que permite modelar a
sa durante a preparação das microsferas. A encapsulação de solubilidade, a estabilidade e, como já foi referido anteri-
fármaco passou de 30 para 83%, com a formação do com- ormente, a eficiência de incorporação do fármaco, contri-
plexo com a hidroxipropil-β-ciclodextrina nas microsferas buindo para melhorar a biodisponibilidade e alterar a
de ácido poli-(lático-glicólico) e de 22 para 79% com o farmacocinética das substâncias ativas.
outro polímero. Esse aumento foi relacionado com a incor- A seleção dos materiais e métodos que melhor se
poração do fármaco na fase hidrofóbica do polímero, pelo adaptam à produção de um tipo de micropartículas, espe-
uso de um derivado mais lipofílico e menos rígido da β- cialmente microsferas, é desafio que se coloca aos
ciclodextrina. A liberação do complexo de citrato de ródio tecnologistas. Tal método dever-se-á apresentar simples,
II de ambos os sistemas revelou-se lenta e, em particular, no reprodutível, econômico e ser passível de sofrer transpo-
de ácido poli-(lático-glicólico), os valores encontrados fo- sição de escala. Dessa forma, a indústria poderá interessar
ram de 18% às 148 horas, não tendo sido possível contor- e, assim, dar expressão à produção destes sistemas
nar o “burst” inicial semelhante, com e sem formação de terapêuticos, investindo, por meio das suas unidades de
complexo (FIGURA 9). pesquisa e desenvolvimento (P&D) na otimização de pro-
cessos que permitam obter estruturas com ausência de
toxicidade e que cumpram todos os parâmetros exigíveis
de qualidade, segurança e eficácia.
Interessa, pois, desenvolver formas farmacêuticas
que apresentem o perfil de cinética de liberação adequa-
do, que apresentem a estabilidade desejada e que a sua
produção em escala industrial não represente custo mui-
to elevado, quer no que respeita à tecnologia de fabrica-
ção, quer no que concerne ao custo das matérias-primas.
Entre novos sistemas terapêuticos abordados ao lon-
go deste trabalho de revisão, os lipossomas são as estru-
turas que maiores problemas apresentam no que diz res-
peito à estabilidade. Têm, porém, vantagens claras para a
vetorização de fármacos. As nanopartículas, particular-
mente as que se obtêm com ciclodextrinas anfifílicas,
FIGURA 9 – Perfil de liberação de microsferas de PLGA apresentam custos materiais elevados em que pese o fato
contendo citrato de ródio II e o seu complexo com de estes sistemas mostrarem um grande potencial para a li-
hidroxipropil β-ciclodextrina. (Adaptado de Sinisterra et beração controlada de fármacos. Recentemente, a
al., 1999). nanopartículas de PLGA foram ligadas moléculas que
14 R. Saltão, F. Veiga

permitem a vetorização à semelhança do que ocorre com BACKENSFELD, T., MÜLLER, B., KOLTER, K. Interac-
os lipossomas (Arangoa et al., 2000). As micropartículas tion of NSA with cyclodextrins and hydroxipropyl
são sistemas que apresentam muito interesse na produção cyclodextrin derivatives. Int. J. Pharm., Amsterdam,
de formas farmacêuticas destinadas à via de administração v.74, p. 85-93, 1991.
intravascular e também às vias ocular e nasal. Contudo,
para alcançar a liberação controlada com este sistemas, BECKET, G., SCHEP, L., TAN, M. Improvement of the in
quando se usam polímeros hidrofílicos, existem, ainda, vitro dissolution of praziquantel by complexation with α,
alguns obstáculos tecnológicos para ultrapassar, entre os β-, and γ-cyclodextrins. Int. J. Pharm., Amsterdam,
quais se salientam o uso de determinados solventes orgâ- v.179, p. 65-71, 1999.
nicos ou o problema da extensão da reação entre o
polímero e a ciclodextrina. BIBBY, D., DAVIES, N., TUCKER, I. Preparation and
characterisation of β-cyclodextrin and poly(acrylic acid)
ABSTRACT microspheres. J. Microencapsulation, London, v. 15, n.
5, p. 629-637, 1998.
Cyclodextrins in new therapeutic systems
BIBBY, D., DAVIES, N., TUCKER, I. Investigations into the
Cyclodextrins are known to form inclusion complexes. They structure and composition of β-cyclodextrin/poly(acrylic
have been extensively applied in pharmaceutical technology acid) microspheres Int. J. Pharm., Amsterdam, v. 180, p.
to improve the solubility, dissolution, stability and 161-168, 1999a.
bioavailability of poorly water-soluble drugs. The present
work is a short revision about cyclodextrins and its derivates. BIBBY, D., DAVIES, N., TUCKER, I. Poly(acrylic acid)
We focus some aspects related with its production, structure microspheres containing β-cyclodextrin: loading and in
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metabolism and toxicity are also described. However, in the v.187, p. 243-250, 1999b.
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that purposes, but they have some limitations the use of
cyclodextrins can overcome. The main objective is to furnish CAVALLI, R., PEIRA, E., CAPUTO, O., GASCO, M. Solid
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