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Exercícios Resolvidos

Cálculo II/ERE4

Módulo 3: Integração Múltipla

Profa Lucelina Batista dos Santos (DMAT/UFPR)

20 de outubro de 2021

Sumário

1 Integral dupla em coordenadas cartesianas (retangulares) e


mudança na ordem de integração 3

2 Mudança de variável e integrais duplas em coordenadas po-


lares 5

3 Integral tripla em coordenadas cartesianas 11

4 Mudança de variável: integral tripla em coordenadas cilín-


dricas e esféricas 16

5 Área de superfícies 21

1
Orientações

(i) Nesta apostila você encontrará a resolução de alguns exercícios ref-


erentes ao módulo de Integração Múltipla. O estudo deste material não
é obrigatório mas é altamente recomendável; será particularmente útil para
…ns de introdução aos temas em estudo ou, ainda, para …xação de conceitos.
Os exemplos aqui tratados têm caráter INTRODUTÓRIO e, portanto, o es-
tudo deste material deve ser complementado com o estudo do livro-texto.
Os alunos com mais facilidade/familiaridade com os temas aqui tratados,
poderão estudar diretamente a teoria e resolver os exercícios do Capítulo 15
do livro-texto (J. Stewart, Cálculo, vol. 2, 7a Edição);
(ii) Recomenda-se MUITO FORTEMENTE que os cálculos (em partic-
ular, o cálculo das integrais) sejam feitos manualmente, empregando-se as
técnicas de primitivação estudadas no Cálculo I. E similarmente, se sugere
que os grá…cos também sejam esboçados manualmente. Entretanto, suge-
rimos a utilização de softwares para veri…cação dos resultados obtidos ou,
ainda, para agilizar a visualização geométrica;
(iii) Este material pode conter erros de digitação. Caso você detecte
algum, favor contactar a professora (e-mail: lucelina@ufpr.br) para que este
possa ser corrigido.

Bons estudos!

2
1 Integral dupla em coordenadas cartesianas (retangulares) e mudança na
ordem de integração
Exercício 1. Encontre o volume do sólido delimitado pelo parabolóide
z = 2 + x2 + (y 2)2 e pelos planos z = 1; x = 1; x = 1; y = 0; y = 4:
Solução: Observe que o sólido está abaixo da superfície z = 2+x2 +(y 2)2
e acima do retângulo [ 1; 1] [0; 4] em z = 1:

Logo, o volume é dado por


ZZ ZZ
V = dA (2 + x2 + (y 2)2 )dA
R R

onde R = [ 1; 1] [0; 4]: (Note que o volume total é a diferença entre dois
volumes: a primeira integral dupla representa o volume do sólido delimitado
inferiormente por R e superiormente pelo parabolóide e, a primeira repre-
senta o volume do paralelepípedo com delimitado por R e o plano z = 1)
Logo:
Z 1 Z 4 Z 1
2 2 y3
V = (x + y 4y + 5)dydx = 2y 2 + x2 y + + 5yj4y=0 dy
1 0 1 3
Z 1
28 4x3 28x 1 64
= (4x2 + )dx = + j = :
1 3 3 3 x= 1
3

(Observe que, pelo Teorema de Fubini, poderíamos ter calculado a integral

Z 4 Z 1
(x2 + y 2 4y + 5)dxdy
0 1
e obteríamos o mesmo valor.)

Exercício 2. Determine o volume do sólido limitado pelos planos coor-


denados e pelo plano 3x + 2y + z = 6:
Solução: O sólido cujo volume deve ser calculado é
E = f(x; y; z) 2 R3 : (x; y) 2 R e 0 z 6 3x 2yg
onde R é a projeção do sólido E no plano xy: Note que a projeção deste
sólido pode ser escrita
6 3x
R = f(x; y) 2 R2 : 0 x 2e0 y g:
2

3
(note que a projeção do sólido no plano xy; neste caso, é obtida tomando-se
z = 0 na equação do plano e considerando os limites em x e y informados
no enunciado).
Logo:
Z 2 Z 6
2
3x Z 2 6 3x
V = (6 3x 2y)dydx = (6y 3xy y 2 )jy=0
2

0 0 0
9x2 9x3 2
= 9x + j = 6:
2 12 x=0

Exercício 3. Esboce a região de integração e mude a ordem de inte-


gração
Z 2 Z ln x
f (x; y)dydx:
1 0
onde f é uma função contínua na região de integração.
Solução: Neste caso, a região de integração é
R = f(x; y) 2 R2 : 1 x 2; 0 y ln xg:
E um esboço desta região é dado:

Sendo y = ln x se e somente se x = ey ; esta mesma região pode ser rescrita


R = f(x; y) 2 R2 : 0 y ln 2; ey x 2g
e, portanto,
Z 2 Z ln x Z ln 2 Z 2
f (x; y)dydx = f (x; y)dxdy:
1 0 0 ex

R1R1 x
Exercício 4. Inverta a ordem de integração e calcule a integral 0 x
e y dydx:
Solução: A região de integração é dada por
f(x; y) 2 R2 : 0 x 1; x y 1g
cuja representação geométrica é

4
e que admite também a representação

f(x; y) 2 R2 : 0 x y; 0 y 1g:

E, portanto
Z 1Z 1 Z 1 Z y Z 1 Z 1
x x x
e y dydx = e y dxdy = ye y jyx=0 dx = y(e 1)dx
0 x 0 0 0 0
y2 1 e 1
= (e 1) jy=0 = :
2 2

R1R1
Exercício 5. Calcule 0 x
3y 4 cos(xy 2 )dydx:
Solução: Neste caso, a região de integração é

R = f(x; y) 2 R2 : 0 x 1; x y 1g

e cujo esboço é dado por

Note que que a inversão na ordem de integração facilitaria os cálculos (na


ordem dydx); pois a primeira integração é de um produto de duas funções
de y; e portanto, a integração deve ser feita usando a integração por partes.
Uma representação de R é

R = f(x; y) 2 R2 : 0 x y; 0 y 1g

e, integrando na ordem dxdy;

Z 1 Z 1 Z 1 Z y Z 1
4 2
3y cos(xy )dydx = 4
3y cos(xy )dxdy =2
3y 2 sin(xy 2 )jyx=0 dy
0 x 0 0 0
Z 1
= 3y 2 sin(y 3 )dy = cos(y 3 )j1y=0 = 1 cos 1:
0

2 Mudança de variável e integrais duplas em coordenadas polares


ZZ
cos(x y)
Exercício 1. Calcule a integral dupla sin(x+y) dA; sendo R o trapézio
R
f(x; y) : 1 x+y 2; x 0; y 0g

5
Solução: Vamos fazer a seguinte mudança de variável:

u=x y
v = x + y:
u+v v u
Após alguns algebrismos: x = 2 ; y= 2 : Portanto,

@(x; y) 1 1 1
= 2 2 = :
1 1
@(u; v) 2 2 2

Claramente, na região de integração, temos 1 v 2:


Entretanto o lado x = 0; na mudança de variável, se transforma em u = v
e a reta y = 0; pela mudança de variável se transforma na reta u = v: Logo,
nas variáveis (u; v); a região R se representa como

R:1 v 2; v u v:

Logo, fazendo a mudança de variável indicada, temos


ZZ Z 2Z v
cos(x y) 1 cos u
dA = dudv:
sin(x + y) 1 v 2 sin v
R

Mas, a integral interna é:


Z v
1 cos u 1 sin u v 1 (sin v sin( v)) 1 2 sin v
du = j = = =1
v 2 sin v 2 sin v u= v
2 sin v 2 sin v

e, portanto Z Z Z
2 v 2
1 cos u
dudv = 1dv = 1:
1 v 2 sin v 1
ZZ
cos(x y)
Logo, sin(x+y) dA = 1:
R

ZZ
Exemplo 2. Calcule a integral dupla (x + y)dA; sendo R o quadrado
R
de vértices ( 1; 0); (1; 0); (0; 1) e (0; 1):
Solução: Primeiro, observe que podemos escrever R como R = R1 [ R2 ;
sendo R1 e R2 como indicados na …gura abaixo.

6
ZZ ZZ ZZ
Logo, (x + y)dA = (x + y)dA + (x + y)dA:
R R1 R2

Mas:
ZZ Z 0 Z x+1
1
(x + y)dA = (x + y)dydx =
1 x 1 3
R1
ZZ Z 1 Z x+1
1
(x + y)dA = (x + y)dydx =
0 x 1 3
R2
ZZ
1 1
e, portanto (x + y)dA = 3 + 3 = 0:
R

Resolução alternativa: Faça a mudança de variável

v =x+y
u = y x:

Em R; temos: 1 u 1; 1 v 1:
u+v v u
Após algebrismos: x = 2 ; y= 2 : Calculando o determinante jacobiano,

@(x; y) 1 1 1
= 2 2 =
1 1
@(u; v) 2 2 2
e, portanto
ZZ Z 1 Z 1 Z 1 Z 1
1 v2 1
dA =
(x + y) |{z} v dvdu = j 1 du = 0du = 0:
| {z } 1 1 2 1 4 v= 1
1
R v 2 dvdu

(Vale observar que a mudança de variável pode simpli…car os cálculos da


integral dupla. Por exemplo, neste caso, com a mudança de variável não foi
necessário subdividir a região de integração).

Exercício 3. Calcule as seguintes integrais duplas usando coordenadas


polares.
R 1 R 1+p1+x2
(a) p xydydx
0 1 1 x2
RaRxp
(b) 0 0
x2 + y 2 dydx (onde a > 0)
ZZ
(c) xdA; sendo D a região do 1o quadrante compreendida entre os
D
círculos x2 + y 2 = 4 e x2 + y 2 = 2x:
Solução. (a)A região de integração é
p p
f(x; y) 2 R2 : 0 x 1; 1 1 + x2 y 1+ 1 + x2 g:
p
Note ainda: y = 1 + 1 + x2 =) (y 1)2 = 1 + x2 :

7
Além disso, em coordenadas polares:
(y 1)2 = 1 + x2 () (r sin 1)2 = 1 + (r cos )2
() r = 0 ou r = 2 sin
e, descartando a solução nula, a equação da circunferência (em coordenadas
polares) é r = 2 sin :
Geometricamente:

A região de integração, em coordenadas polares é:

R:0 ; 0 r 2 sin :
2

Assim sendo, escrevendo a integral dupla em coordenadas polares:


x = r cos ; y = r sin ; dxdy = rdrd
e, portanto,
Z Z p Z Z
1 1+ 1+x2 2 sin
2 cos 2
p xydydx = r3 drd :
0 1 1 x2 0 0 2
Mas:
Z 2 sin
cos 2 r4
r3 dr = cos 2 j2r=0
sin
= 4 sin5 cos
0 2 8
Z 2 sin6 2 2
4 sin5 cos d = 4 j =0 = :
0 6 3
R 1 R 1+p1+x2
Logo, 0 1
p
1 x2
xydydx = 23 :

(b) Neste caso, a região de integração é


R = f(x; y) 2 R2 : 0 x a; 0 y xg:

8
E, convertendo para coordenadas polares:

x = r cos ; y = r sin ; dxdy = rdrd :


a
Sendo 0 x a; temos 0 r cos ;0 4: Então:
Z a Z x p Z Z a Z Z
4 cos 4 a3 3 cosa a3 4
x2 + y 2 dydx = r2 drd = r jr=0 d = sec3 d
0 0 0 0 0 3 3 0
a3 1 1
= ( sec tan + ln jsec + tan j)j04
3 2 2
a3 p p
= ( 2 + ln( 2 + 1)):
6

(c) Note que x2 + y 2 = 2x () (x 1)2 + y 2 = 1: Logo, a região de


integração é

ZZ
Logo, podemos representar a integral dupla xdA como a diferença entre
D
duas integrais:

D1 = f(x; y) 2 R2 : x2 + y 2 4; x; y 0g
2 2 2
D2 = f(x; y) 2 R : x + y 2x; x; y 0g
ZZ ZZ ZZ
xdA = xdA xdA:
D D1 D2

Mas x2 +y 2 = 2x; em coordenadas polares, é equivalente a r = 2 cos : Logo:

D1 : 0 ; 0 r 2;
2
D2 : 0 ; 0 r 2 cos :
2
Portanto:
ZZ Z Z 2 Z Z
2 2 r3 2 8 8 8
xdA = r2 cos drd = cos j2r=0 d = cos d = sin j 2=0 =
0 0 0 3 0 3 3 3
D1
ZZ Z Z 2 cos Z Z
2 2 r3 2 8
xdA = r2 cos drd = cos j2r=0
cos
d = cos4 d
0 0 0 3 0 3
D2
8 1 3 3 24
= ( cos3 sin + + sin 2 )j 2=0 =
3 4 8 16 48

9
donde se conclui
ZZ ZZ ZZ
8 24 16 3
xdA = xdA xdA = = :
3 48 6
D D1 D2

Resolução alternativa: Note que a região é dada por 2x x2 + y 2


4 () 2r cos r2 4: Ou ainda: 2 cos r 2:
Logo, em coordenadas polares:

D:0 ; 2 cos r 2.
2
Portanto: ZZ Z Z 2 cos
2 16 3
xdA = r2 cos d = :
0 0 6
D

Exercício 4. Utilize coordenadas polares para combinar a soma


Z Z Z p Z Z Z p
1 x 2 x 2 4 x2

p xydydx + xydydx + p xydydx


1
p
2
1 x2 1 0 2 0

em uma única integral e calcule esta integral.


Solução. Denotemos:
Z 1 Z x
I1 = p xydydx
1
p
2
1 x2
Z p Z
2 x
I2 = xydydx
1 0
Z Z p
2 4 x2
I3 = p xydydx:
2 0

As regiões de integração são indicados na …gura seguinte.

A reunião das três regiões se representa como

R:0 ; 1 r 2
4

10
e, portanto
Z Z Z p Z Z Z p Z Z
1 x 2 x 2 4 x2 4 2

p xydydx + xydydx + p xydydx = r3 cos sin drd


1
p
2
1 x2 1 0 2 0 0 1
Z Z
4 r4 sin 2 2 4 15 15 cos 2 4 15
j d = sin 2 d = j =0 = :
0 4 2 r=1 0 8 8 2 8

Exercício 5. Considere uma pá quadrada de um ventilador, com lados


de comprimento igual a 2 e com o canto inferior esquerdo colocado na origem.
Se a densidade da pá for (x; y) = 1 + 0; 1x; é mais di…cil girar a pá em
torno do eixo x ou do eixo y?
Solução. Devemos calcular os momentos de inércia com respeito aos
eixos x e y: O maior momento de inércia corresponde ao eixo em que a
rotação se torna mais difícil. Calculando os momentos de inércia:
ZZ Z 2Z 2 Z 2 Z 2
2 2 2 17; 6
Ix = y (x; y)dA = y (1 + 0; 1x)dydx = y dy (1 + 0; 1x)dx =
0 0 0 0 3
D
ZZ Z 2 Z 2
18; 4
Iy = x2 (x; y)dA = x2 (1 + 0; 1x)dydx = :
0 0 3
D

Como Iy > Ix ; é mais difícil girarmos a pá ao redor do eixo y:

3 Integral tripla em coordenadas cartesianas


ZZZ
Exemplo 1. Calcule a integral tripla x2 dV; onde T é o tetraedro
T
sólido com vértices (0; 0; 0); (1; 0; 0); (0; 1; 0) e (0; 0; 1):
Solução: Para calcularmos a integral, faremos um esboço do sólido T e da
projeção D do sólido T no plano xy:

Note que podemos representar o sólido T por

T = f(x; y; z) : (x; y) 2 D e 0 z 1 x yg
= f(x; y; z) : 0 x 1; 0 y 1 x; 0 z 1 x yg:

11
E portanto:
ZZZ ZZ Z 1 x y ZZ ZZ
2 2 2 1 x y
x dV = x dz dxdy = x zjz=0 dxdy = x2 (1 x y)dxdy
0
T D D D
Z 1 Z 1 x Z 1 2
y 1 x
= (x2 x3 x2 y)dydx = (x2 y x3 y x2 )j dx
0 0 0 2 y=0
Z 1
x2 x3 x4 x5 1
= (x2 (1 x) x3 (1 x) (1 x2 ))dx = + j1x=0 =
0 2 6 4 10 60

Exercício 2. Use
p integrais triplas para calcular o volume do sólido dado
por x2 + y 2 z 4 3x2 3y 2 :
Solução: Primeiramente, fazemos um esboço do sólido:

Observe que o sólido é delimitado inferiormente


p pelo parabolóide z = x2 +y 2
e superiormente pelo elipsóide z = 4 3x 2 3y 2 :
Para determinar a projeção do sólido no plano xy deve calcular a intersecção
das duas superfícies:

p
z = 4 3x2 3y 2 (1)
z = x2 + y 2 : (2)
Substituindo x2 + y 2 = z na primeira equação:
z2 = 4 3x2 3y 2 = 4 3z
logo,
z 2 + 3z 4 = 0 () z = 1 ou z = 4:
Por considerações geométricas, descartamos a raiz negativa, obtendo z = 1;
o qual substituímos (em (2) ou (1)) e obtemos x2 + y 2 = 1; donde se conclui
que a projeção do sólido no plano xy é o círculo unitário centrado na origem,
que será denotado por D: Neste caso, o volume V deste sólido é dado por
ZZZ Z Z Z p4 3x2 3y2 ZZ p
4 3x2 3y 2
V = dV = ( dz)dxdy = zjx2 +y2 dxdy
x2 +y 2
Z ZT p D D

= ( 4 3x2 3y 2 (x2 + y 2 ))dxdy:


D

12
A integral dupla será calculada em coordenadas polares:
x = r cos ; y = r sin ; dxdy = rdrd
0 r 1; 0 2
Logo:
ZZ p Z 2 Z 1 p
( 4 3x2 3y 2 (x2 + y 2 ))dxdy = ( 4 3r2 r2 )rdrd :
0 0
D

Mas:
Z 1 p 19
( 4 3r2 r2 )rdr =
0 | {z } 36
u=4 3r 2 ; du= 6rdr
Z 2
19 19
d =
0 36 18
19
e, portanto o volume é 18 :

Exercício 3. Encontre o volume da região sólida limitada inferiormente


pelo plano z = 0; lateralmente pelo cilindro x2 + y 2 = 1 e acima pelo
parabolóide z = x2 + y 2 :
Solução: No que se segue faremos um esboço das superfícies para melhor
compreensão geométrica do problema.

Sejam T o sólido e D a projeção de T no plano xy: Note que o volume V


do sólido é
ZZZ Z Z Z x2 +y2 ZZ ZZ
x2 +y 2
V = dV = ( dz)dxdy = (zjz=0 dz)dxdy = (x2 +y 2 )dxdy:
0
T D D D

Para calcularmos a projeção do sólido no plano devemos determinar a in-


tersecção das superfícies

x2 + y 2 = 1
z = x2 + y 2

13
que é o círculo unitário de centro na origem. Por sua vez, a integral dupla
será calculada usando coordenadas polares:

x = r cos ; y = r sin ; dxdy = rdrd ;


0 r 1; 0 2 :

Logo,
ZZ Z 2 Z 1 Z 2 Z 2
r4 1 1
(x2 + y 2 )dxdy = r3 drd = j d = d
0 0 0 4 r=0 0 4
D
1 2 2
= j = =
4 =0 4 2
e o volume é 2:

Exercício 4. Um sólido tem a forma de um cilindro circular reto


de raio da base a e altura h: A densidade em um ponto P é diretamente
proporcional à distância de uma das bases a P: Ache a massa e o centro de
massa deste sólido.
Solução: O sólido em questão é representado a seguir:

(Note que o cilindro é x2 + y 2 = a2 ). Neste caso para alguma constante


k > 0; a função (x; y; z) = kz é a densidade de massa deste sólido e a
massa deste é dada por
ZZZ ZZZ
m= (x; y; z)dxdydz = kzdxdydz:
T T

Por outro lado, a projeção do sólido no plano é o círculo de raio a e centro


na origem, que denotaremos por D: Assim, a massa é

ZZZ ZZ Z h ZZ ZZ
z2 h h2
kzdxdydz = ( kzdz)dxdy = k j dxdy = k dxdy
0 2 z=0 2
T D D D
2 ZZ
h h2 2
= k dxdy = k a
2 2
D
| {z }
Área de D

14
2
e a massa do sólido é k h2 a2 : Observe que a função densidade de massa
depende apenas de x em portanto, o centro de massa está sobre o eixo z:
Por outro lado, a coordenada z do centro de massa é dada por
ZZZ
z (x; y; z)dxdydz
T
z=
m
Mas:
ZZZ ZZ Z h ZZ
kz 3 h
z (x; y; z)dxdydz = ( kz 2 dz)dxdy = j dxdy
0 3 z=0
T D D
ZZ ZZ
kh3 kh3 kh3 2
= dxdy = dxdy = a
3 3 3
D D
| {z }
Área de D

e, portanto,
kh3
3 a2 2
z= 2 = h:
k h2 a2 3
2
Logo, a massa é k h2 a2 e o centro de massa é (0; 0; 23 h):

Exercício 5. Calcule o volume do sólido que está sob a superfície z


x2 y 2 = 0; acima do plano xy e interior ao cilindro x2 + y 2 = 4x:
Solução: Para uma melhor visualização, segue, o esboço das superfícies.
Veja Fig. 1.

Fig. 1 Fig. 2

Sejam T o sólido cujo volume devemos calcular e V o volume de T . Se R é


a projeção deste sólido no plano xy; tem-se:

R = f(x; y) 2 R2 : x2 + y 2 4xg
ZZZ Z Z Z x2 +y2 ! ZZ ZZ
z=x2 +y 2
V = dV = dz dxdy = zjz=0 dxdy = (x2 + y 2 )dxdy:
0
T R R R

A integral dupla será calculada usando coordenadas polares. A projeção de


T sobre o plano xy é o círculo delimitado por x2 + y 2 = 4x (determinado
pelo cilindro). Ver Fig. 2.

15
Completando quadrados: x2 +y 2 = 4x () (x 2)2 +y 2 = 4 (circunferência
de centro (2; 0) e raio 2):
Em coordenadas polares:
x2 + y 2 = 4x () r = 4 cos
x2 + y 2 = r2
dxdy = rdrd
; 0 r 4 cos
2 2
e, portanto,

ZZ Z 2
Z 4 cos
(x2 + y 2 )dxdy = r3 drd = 24
2 0
R
e, portanto, o volume do sólido é V = 24 :

4 Mudança de variável: integral tripla em coordenadas cilíndricas e esféricas


ZZZ
Exercício 1. Calcule a integral tripla zdxdydz; onde W é o sólido
p W
limitado pelas superfícies z = 8 x2 y 2 e 2z = x2 + y 2 :
2 2 p
Solução: Se (x; y; z) 2 W; então x +y
2 z 8 x2 y 2 ; (x; y) 2 D;
onde D é a projeção de W no plano xy:

A projeção D é obtida a partir da intersecção do parabolóide e a esfera.


x2 + y 2 p p
z = ; z = 8 x2 y 2 =) x2 + y 2 = 2z =) z = 8 2z
2
=) z 2 = 8 2z =) z = 4 ou z = 2:

Descartando a raiz negativa, obtemos que as superfícies se interceptam se-


gundo a curva
x2 + y 2
2= () x2 + y 2 = 4
2
ou seja, a projeção D é delimitada pela circunferência de centro na origem
e raio 2: A integral tripla será calculada utilizando coordenadas cilíndricas:
x = r cos ; y = r sin ; z = z; dxdydz = rdrd dz;
0 r 2; 0 2 ;
x2 + y 2 r2 p p
= z 8 x2 y 2 = 8 r2
2 2

16
e portanto
ZZZ Z Z Z p Z Z
2 2 8 r2 2 2
r r4
zdxdydz = zrd dzdr = (8 r2 )d dr
0 0 r2
2 0 0 2 4
W
Z 2
28
= 14 dr =
0 3 3

ZZZ p 2 2 23
Exercício 2. Calcule a integral tripla e (x +y +z ) dxdydz; onde
W
W é o sólido no primeiro octanteqlimitado pela esfera x2 + y 2 + z 2 = 16 e
p 2 2
os cones z = 3(x2 + y 2 ) e z = x +y 3

Solução: Um esboço deste sólido é dado na …gura a seguir.

A integral tripla será calculada usando coordenadas esféricas.


Note que:
p
z = 3(x2 + y 2 ) () ' = ;
r 6
x2 + y 2
z = () ' =
3 3
e, portanto,

x = sin ' cos ; y = sin ' sin ; z = cos '


2
dxdydz = sin 'd d'd
' ; 0 ; 0 4:
6 3 2

17
Logo,
ZZZ p 2 2 23 Z 2
Z 3
Z 4
3
e (x +y +z ) dxdydz = 2
e sin 'd d d'
0 6 0
W
Z Z 3
2 3 e
= sin 'j4=0 d'd
0 6
3
Z Z
2 3 e64 1
= sin 'd'd
0 6
3
Z
e64
2 1
= cos 'j'=
3
d
0 3 6

Z 2 p !
1 e64 1 3
= d
0 3 2
p
= (e64 1)( 3 1):
12

Exercício 3. Mostre que


Z 1Z 1Z 1p
(x2 +y 2 +z 2 )
x2 + y 2 + z 2 e dxdydz = 2 :
1 1 1

(A integral imprópria tripla é de…nida como o limite da integral tripla sobre


uma esfera sólida quando o raio da esfera aumenta inde…nidamente)
Solução:
p Inicialmente, calcularemos a integral tripla da função F (x; y; z) =
2 2 2
x + y + z 2 e (x +y +z ) sobre a esfera sólida de raio R; denotada SR : (E
2 2

depois calcularemos o limite da integral quando R ! 1):


Em coordenadas esféricas, temos

x = sin ' cos ; y = sin ' sin ; z = cos '


2
dxdydz = sin 'd d'd
0 ' ; 0 2 ; 0 R

ZZZ p Z 2 Z Z R
(x2 +y 2 +z 2 ) 3 2
x2 + y 2 + z 2 e dxdydz = e sin 'd d'd
0 0 0
SR
Z 2 Z
1 2
2
= e ( + 1) sin 'jR=0 d'd
0 0 2
Z 2 Z
1 1 R2
= R2 + 1 e sin 'd'd
0 0 2 2
Z 2
1 1 R2
= + R2 + 1 e cos 'j'=0 d
0 2 2
Z 2
R2
= 1 R2 + 1 e d
0
R2
= 2 (1 R2 + 1 e ):

18
Deste modo:
Z 1 Z 1 Z 1 p
(x2 +y 2 +z 2 )
x2 + y 2 + z 2 e dxdydz
1 1 1
ZZZ p
(x2 +y 2 +z 2 )
= lim x2 + y 2 + z 2 e dxdydz
R!1
SR
R2
= lim 2 (1 R2 + 1 e )=2 :
R!1

Neste caso, a última igualdade segue de:

R2 R2 + 1 p or L´ Hospital 2R p or L´ Hospital
lim R2 + 1 e = lim 2 = lim = 0
R!1 R!1 eR R!1 2ReR2

ZZZ
sin(x+y z)
Exercício 4. Calcule a integral x+2y+z dxdydz; onde B é o
B
paralelepípedo

B = f(x; y; z) 2 R3 : 1 x + 2y + z 2; 0 x+y z e0 z 1g:


4

Solução: Façamos a mudança de variáveis: u = x + y z; v = x + 2y + z


e w = z: Temos:
8 8
< u=x+y z < x = 2u v + 3w
v = x + 2y + z () y = u + v 2w
: :
w=z z = w:

De fato: Resolvendo o primeiro sistema por escalonamento, se obtem


0 1 0 1
1 1 1 u 1 1 1 u
@ 1 2 1 v A~ ~@ 0 1 2 u+v A
0 0 1 w 0 0 1 w

ou seja: z = w; y = 2w u + v; x = 2u v + 3w:
Segue que o determinante jacobiano
0 @x @x @x 1 0 1
@u @v @w 2 1 3
@(x; y; z)
= det @ @u
@y @y
@v
@y A
@w
= det @ 1 1 2 A=1
@(u; v; w) @z @z @z
@u @v @w
0 0 1

e, portanto dxdydz = dudvdw: Calculando a integral tripla nas coordenadas


uvw; obtemos

x = 2u v + 3w; y = u+v 2w; z = w


0 u ; 1 v 2; 0 w 1
4
dxdydz = dudvdw

19
e, portanto
ZZZ Z 1 Z 2 Z Z 1Z 2
sin(x + y z) sin u 4 1
dxdydz = dudvdw = cos uju=0
4
dvdw
x + 2y + z 0 1 0 v 0 1 v
B
Z 1Z 2 p ! Z 1 p !
1 2 2
= 1 dvdw = 1 ln 2dw
0 1 v 2 0 2
p !
2
= 1 ln 2:
2

ZZZ p
Exercício 5. Calcule a integral x2 + y 2 + z 2 dxdydz; onde W
W
1 2 1
é o sólido limitado superiormente pela esfera x2 + y 2 + (z 2) = e
p 4
inferiormente pelo cone z = x2 + y 2 :
Solução: Abaixo temos um esboço do sólido W

e calcularemos a integral tripla usando coordenadas esféricas.


Temos: x = sin ' cos ; y = sin ' sin ; z = cos ' e substituindo estes
valores na equação da esfera, obtemos
1 2 1
x2 + y 2 + (z ) =
2 4
() 2
cos2 ' cos ' + 2 cos2 sin2 ' + 2
sin2 sin2 ' = 0
2
() cos ' = 0 =) = cos ':

Assim
p sendo, a esfera tem equação = cos ': Além disso, o cone z =
x2 + y 2 se representa, em coordenadas esféricas, como ' = 4 :
Neste caso, temos
p
x2 + y 2 + z 2 =
2
dxdydz = sin 'd d d
0 ' ; 0 cos '; 0 2
4

20
e, portanto
ZZZ p Z 2 Z 4
Z cos '
3
x2 + y 2 + z 2 dxdydz = sin 'd d'd
0 0 0
W
Z 2 Z 4 cos4 '
= sin 'd'd
0 0 4
Z 2
cos5 ' 4
= j d
0 20 '=0
Z 2 p
8 2
= d
0 160
p
8 2
= ( )2 :
160

5 Área de superfícies
p
Exercício 1. Encontre a área da superfície z = 4 x2 que …ca acima
do retângulo R do plano xy cujas coordenadas satisfazem 0 x 1 e
0 y 4:
p
Solução: Neste caso a superfície z = 4 x2 é um cilindro cujo grá…co
é:

Pede-se, pois, a porção deste cilindro, projetada no retângulo 0 x 1e


0 y 4: Seja S a área desejada. Então:
s
ZZ 2 2
@z @z
S = + + 1dA
@x @y
R
s
ZZ 2 Z 4Z 1
x 2
= p + 0 + 1dA = p dxdy
4 x 2 4 x2
0 0
R
Z 4 Z 4
1 4
= 2 arcsin x j1x=0 dy = 2 dy =
0 2 0 6 3

Exercício 2. Determine a área da porção da esfera x2 + y 2 + z 2 = 4


que está dentro do cilindro x2 + y 2 = 2x e acima do plano xy:

21
Solução: Na …gura abaixo, temos os grá…cos do cilindro e da esfera. V.
Fig. 1.

Fig.1 Fig. 2

p
Note que, para z 0 a esfera tem equação z = 4 x2 y 2 : Seja S a área
da superfície a ser calculada.
s
ZZ 2 2
@z @z
S= + + 1dA
@x @y
D

onde D é a projeção da superfície no plano xy: Esta projeção é calculada a


partir da equação do cilindro. V. Fig. 2.
Neste caso:
s
ZZ 2 2 ZZ s
@z @z x2 y2
+ + 1dA = + +1
@x @y 4 x2 y2 4 x2 y2
D D
ZZ r
4
= dA
4 x2 y2
D

A integral dupla será calculada em coordenadas polares. A equação da


circunferência projetada é:

x2 + y 2 = 2x () r2 = 2r cos () r = 2 cos
x = r cos ; y = r sin ; dxdy = rdrd
; 0 r 2 cos
2 2
Calculando a integral dupla:
ZZ r Z Z r Z
4 2 2 cos
4 2 p
2 cos
dA = rdrd = 2( 4 r2 )jr=0 d
4 x2 y 2 2 0 4 r 2
2
D
Z 2 p
2
= 4 | sin
{z } 1d
2
jsin j
Z Z !
0 2
= 4 ( sin 1)d + (sin 1)d
2 0

= 4 1 + 1 =4
2 2

22
Exercício 3. Encontrar a área da superfície cônica x2 = y 2 + z 2 que
está entre os planos x = 1 e x = 4:
Solução: Um esboço do cone é dada a seguir. Pede-se a área da super-
…cie que está os dois planos.

p
Note que, para x 0; podemos escrever x = y 2 + z 2 = f (y; z):
p
Sendo 1 x 4; 1 y 2 + z 2 4:
Seja D a projeção do sólido no plano yz: Então,
p
D = f(y; z) 2 R2 : 1 y2 + z2 4g

Neste caso, se S é a área da superfície,


s
ZZ 2 2
@f @f
S = + + 1dA
@y @z
D
v !2 !2
ZZ uu
t y z
= p + p + 1dA
y2 + z2 y2 + z2
D
ZZ s 2 p ZZ p
2y + 2z 2
= 2 2
dydz = 2 dydz = 2:Área (D):
y +z
D D

p
Mas, Área (D) = 16 = 15 e, portanto, S = 15 2 :

23
Considerações …nais
Agradecimento: Agradeço à aluna Bianca de Assis, monitora da dis-
ciplina, que elaborou as …guras desta apostila. Obrigada pelo capricho,
Bianca!

Seguem algumas sugestões para complementar seus estudos neste módulo:

Bibliogra…a adicional:
1. H. L. Guidorizzi. Um curso de Cálculo, vol. 3.
2. D. Pinto, M. C. F. Morgado: Cálculo Diferencial e Integral de Funções
de Várias Variáveis.
3. M. A. Vilches, M. L. Correa: Cálculo II, vol. II
(disponível para download: https://www.ime.uerj.br/download/calculo-diferencial-
e-integral-ii-calculo-ii-vol-2/ )
4. G. B. Thomas et al. Cálculo, vol. 2.

Aplicativos:
1. Geogebra: Aplicativo para plotar grá…cos 2D e 3D.
Versões online:
Geogebra classic (plotar grá…cos 2D)
https://www.geogebra.org/classic?lang=pt
Geogebra Calculadora 3 D (plotar grá…cos 3D)
https://www.geogebra.org/3d?lang=pt
Na loja de aplicativos Play Store, você encontra estes aplicativos para dis-
positivos Android. São gratuitos:
Calculadora grá…ca Geogebra (para grá…cos 2D)
Calculadora 3D (para grá…cos 3D)
Suite Geogebra Calculadora (para ambos, 2D e 3D)
2. Wolfram: Site para calcular derivadas e integrais (e para muitas outras
coisas!)
https://www.wolframalpha.com/

3. Symbolab: Muito similar ao Wolfram, mas com uma interface mais


enxuta. (Eu gosto muito para resolver sistemas lineares!)
https://pt.symbolab.com/solver

24
Vídeoaulas
(Recomendo cautela: existem, no You Tube, várias com qualidade mediana
ou ainda menos...)
Sugiro os canais dos professores Cláudio Possani (canal UNIVESP ) e
Renan Lima (canal Matemática Universitária). São aulas de indiscutível
qualidade. Super recomendo!

Listas de exercícios
No site do Instituto de Matemática e Estatística da Unicamp, você encontra
listas de exercícios, alguns deles, com resposta.
https://cursos.ime.unicamp.br/disciplinas/ma211-calculo-ii/

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